CALL LITERATURA BRASILEIRA PROFESSORES: ANA CLAUDIA DUARTE E MARCO AURÉLIO Utilize o texto a seguir para responder aos testes 1 e 2. Infantil O menino ia no mato e a onça comeu ele. Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino e ele foi contar para a mãe. A mãe disse: mas se a onça comeu você, como é que o caminhão passou por dentro do seu corpo? É que o caminhão só passou renteando meu corpo e eu desviei depressa. Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia. Eu não preciso de fazer razão. (Manoel de Barros) 1. Considere as seguintes afirmações sobre o poema: I. Nos quatro primeiros versos, apresenta-se uma situação que remete ao universo de fantasia da criança. II. No diálogo entre o menino e sua mãe, é flagrante o contraste entre a lógica do adulto e a capacidade imaginativa da criança. III. A fala final do menino permite associar o poder de livre criação comum às crianças à liberdade criativa própria do discurso poético. É correto o que se afirma (a) apenas em I. (b) apenas em I e II. (c) apenas em I e III. (d) apenas em II e III. (e) em I, II e III. 2. A fala do menino nos versos “É que o caminhão só passou renteando meu corpo e eu desviei depressa” está corretamente transformada em discurso indireto em (a) Era que o caminhão só passou renteando o corpo dele e ele desviara depressa – disse o menino. (b) O menino disse: É que o caminhão teria passado renteando meu corpo e eu desviara depressa. (c) É que, depressa, ele desviara seu corpo quando o caminhão passou rente ao seu corpo. (d) O menino disse que o caminhão só passara renteando seu corpo e ele desviara depressa. (e) Como o caminhão passou depressa! Disse o menino à mãe. Utilize os textos abaixo para responder ao teste 3 (www.custodio.net) Poema de Sete Faces Quando nasci um anjo torto desses que vive na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche1 na vida. As casas espiam os homens Que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul Não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: Pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. (Carlos Drummond de Andrade) 1 A palavra francesa (pronuncia-se “gôche”) era uma gíria usada por jovens da classe média urbana para rotular indivíduos tidos como arredios, esquisitos, inadaptados. 3. A respeito do jogo intertextual estabelecido entre a tirinha e o poema, considere estas afirmações: I – Os três primeiros quadrinhos ilustram o conteúdo expresso nos versos da segunda estrofe do poema de Drummond. II – Como a tirinha faz uma citação do poema, é possível caracterizá-la como pertencente ao mesmo gênero do texto de Drummond. III – O silêncio da personagem, presente no último quadrinho da tira, ilustra o conteúdo expresso na última estrofe do poema. Está(ão) correta(s): (a) Apenas I. (b) Apenas II. (c) Apenas I e II. (d) Apenas III. (e) Apenas I e III. Textos para as questões 4 e 5 Texto I Bucólica Agora vamos correr o pomar antigo Bicos aéreos de patos selvagens Tetas verdes entre folhas E uma passarinhada nos vaia Num tamarindo Que decola para o anil Árvores sentadas Quitandas vivas de laranjas maduras Vespas. Oswald de Andrade. Pau Brasil. 2.ª ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 132. Texto II O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras... As primaveras de sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal... Intermitentemente... Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo Cantabona! Cantabona! Dlorom... Sou um tupi tangendo um alaúde! Mário de Andrade. Poesia reunida. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005, p. 83. 4-Os textos acima exemplificam a estética da poesia modernista de 1922, cuja característica marcante foi A) o sentimentalismo ufanista e lírico-amoroso como fundamento da ação do sujeito poético. B) a valorização dos temas relacionados à sociedade paulista. C) o despojamento formal e temático, por meio do qual foi problematizada a tradição literária brasileira. D) a acentuada tendência ao hermetismo, que permeou os temas nacionais, desenvolvidos de forma idealista. E) a ironia, recurso adequado à representação do povo brasileiro como povo sem história. 5-Com base nos textos I e II, assinale a opção correta. A) Nos dois poemas, destaca-se a ironia, representada a partir dos títulos, que geram expectativas que não se realizam no conteúdo expresso nos versos. B) O primeiro verso do poema Bucólica — “Agora vamos correr o pomar antigo” — e o último verso do poema O trovador — “Sou um tupi tangendo um alaúde!” — revelam os anseios de construção de uma poesia voltada para o passado indianista. C) O corte abrupto nos versos caracteriza a poesia de Oswald de Andrade como futurista. D) Nesses dois poemas, os versos foram construídos por enjambement. E) Ambos os autores utilizaram metáforas para caracterizar o trabalho do poeta.