MARIANNE LUCAS SILVA CARVALHO Qualidade de Vida no Trabalho dos profissionais de Secretariado Executivo das diretorias da FIAT Automóveis S.A. Betim MG MONOGRAFIA Universidade Federal de Viçosa Viçosa – MG Brasil Julho - 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS Qualidade de Vida no Trabalho dos profissionais de secretariado executivo das diretorias da FIAT Automóveis S.A. Betim - MG Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como exigência da Disciplina LET 499 - Monografia - e como requisito para a conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, tendo como orientador o professor Odemir Vieira Baêta. Marianne Lucas Silva Carvalho Viçosa –MG Brasil 2007 2ii A monografia intitulada Qualidade de Vida no Trabalho dos profissionais de Secretariado Executivo das diretorias da FIAT Automóveis S.A. Betim - MG elaborada por Marianne Lucas Silva Carvalho como exigência da Disciplina LET 499 – Monografia – e como requisito para conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, foi aprovada por todos os membros da Banca Examinadora. Viçosa, 6 de julho de 2007. ________________________ Prof. Odemir Vieira Baêta (DLA/UFV) Orientador ________________________ Prof.ª Ana Carolina Gonçalves Reis (DLA/UFV) _________________________ Prof.ª Rosália Beber de Souza (DLA/UFV) Nota _______ 3iii Agradeço e dedico este trabalho A Deus que me iluminou os caminhos, espalhando ao longo deles pessoas generosas como: Meus maravilhosos pais, José Márcio da Silva Carvalho e Maria Imaculada Lucas Carvalho, que, através do exemplo, ensinaram-me a amar e respeitar o próximo e a acreditar em mim mesma, Minha irmã, Marialice Lucas Rezende Carvalho, que dividiu comigo os sonhos desde a infância e que mesmo distante geograficamente me incentivou na busca pelo crescimento profissional, Minha amiga-irmã Lesllye Gomes, pela atenção, apoio e compreensão dispensados, que me ajudaram conceber a presente monografia, Meus avós, tias e primos, que acreditam que a ousadia e o erro são caminhos para as grandes realizações, Professor Odemir Vieira Baêta, cuja orientação, mesmo à distância, mostrou-se contínua e segura. Sua dedicação, ética e criatividade são motivo para mim de grande orgulho e admiração. E a todos os que acreditam que o espírito é eterno, e que nossa vida neste mundo não se resume senão a um estágio de aprendizado rumo à perfeição. Minha gratidão por tudo o que representam para mim!! 4iv SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO................................................................................................................. 7 2 – OBJETIVOS....................................................................... ............................................... 9 3 – METODOLOGIA ............................................................................................................ 10 3.1 – AMOSTRA .............................................................................................................. 11 3.2 – MÉTODO E TÉCNICA DE COLETA DE DADOS .................................................... 11 3.2.1 – QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO ........................................................ 11 3.2.2 – OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE...................................................................... 12 3.2.3 – ENTREVISTA ESTRUTURADA ....................................................................... 13 3.3 – ANÁLISE DE CONTEÚDO...................................................................................... 15 4 – DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 16 4.1 – O SIGNIFICADO DE TRABALHO ........................................................................... 16 4.2 – QUALIDADE DE VIDA ............................................................................................ 17 4.3 – QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .................................................................. 20 4.3.1 – MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO ..................................................................... 2628 4.3.2 – HORÁRIOS SENSATOS .................................................................................. 27 4.3.3 – REMUNERAÇÃO ............................................................................................. 28 4.3.4 – ESTRESSE ...................................................................................................... 29 5 – PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SECRETÁRIADO EXECUTIVO ............................. 31 6 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 34 6.1 – IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................... 34 6.2 – ASPECTOS RELACIONADOS AO TRABALHO............................................... ....... 36 7 – CONCLUSÃO ................................................................................................................ 55 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 58 9 – BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 61 10 – APÊNDICE .................................................................................................................. 62 10.1 – QUESTIONÁRIO........................................................................................ ....... ......63 10.2 – ENTREVISTA....................................................................................... ................. ..67 11 – ANEXO ........................................................................................................................ 68 5v LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS QUADRO 1 – ORIGENS DA QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHO................ .................22 QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QVT................. ...........................................25 QUADRO 3 – ESTADO CIVIL................................................... .............................................35 QUADRO 4 – FORMAÇÃO ACADÊMICA............................... ..............................................35 GRÁFICO 1 – TEMPO DE SERVIÇO NA FIAT.................. ...................................................36 GRÁFICO 2 – NÚMERO DE DIAS POR SEMANA TRABALHADOS ALÉM DO EXPEDIENTE................................................................. ................ .......................37 GRÁFICO 3 – RECONHECIMENTO NO MERCADO DE TRABALHO.................... .............38 GRÁFICO 4 – GRAU DE IMPORTÂNCIA.......................................... ....................................39 GRÁFICO 5 – SENTIR-SE PARTE DA FIAT..................................... ....................................40 GRÁFICO 6 – VISÃO SISTÊMICA DO SETOR............................. ........................................40 GRÁFICO 7 – CONVIDADAS A DAR SUGESTÕES......................... ....................................41 GRÁFICO 8 – OFERTA DE TREINAMENTO................................... .....................................42 GRÁFICO 9 – RECEBIMENTO DE FEEDBACKS......................... ........................................42 GRÁFICO 10 – REMUNERAÇÃO..................................................... .....................................43 GRÁFICO 11 – MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO.......................... ..................44 GRÁFICO 12 – DESENVOLVIMENTO DE UM TRABALHO OU UMA PROFISSÃO QUE O ENRIQUECE HUMANAMENTE.................................................... ............45 GRÁFICO 13 – AUTONOMIA EM RELAÇÃO AO TRABALHO DESEMPENHADO ........ .....45 GRÁFICO 14 – SEGURANÇA E ESTABILIDADE NO EMPREGO................................. ......46 GRÁFICO 15 – TRATAMENTO AUSENTE DE PRECONCEITO.. ........................................47 GRÁFICO 16 – RECONHECIMENTO DO TRABALHO PELA ORGANIZAÇÃO. .......... .......47 GRÁFICO 17 – REALIZAÇÃO PESSOAL PELO TRABALHO DESENVOLVIDO........... ......48 GRÁFICO 18 – GARANTIA E RESPEITO PELOS DIREITOS TRABALHISTAS............ ......49 GRÁFICO 19 – NÍVEL DE ESTRESSE............................................ .....................................50 GRÁFICO 20 – INCENTIVO A PRÁTICA DE ATIVIDADES PARA O CONTROLE DO STRESSE................ ...............................................................................................51 GRÁFICO 21 – FORMA COMO OCUPA O TEMPO LIVRE..... .............................................52 vi 6 1 – INTRODUÇÃO Após o grande avanço tecnológico que atingiu o mundo, as empresas perceberam que seu grande ativo é o capital humano. Quanto melhores as condições de trabalho para os profissionais, mais lucrativas e competitivas as organizações se tornariam. Assim como buscam pessoas competentes para sua equipe, estas tão bem qualificadas, também procuram uma organização que mostre preocupação com a segurança, saúde mental e física de seus colaboradores. Toda esta modificação que a cultura mundial vem sofrendo enfoca a valorização do ser humano e de suas necessidades. Por isso, o tema Qualidade de Vida no Trabalho – QVT –, está cada vez mais presente nas empresas, exigindo a atenção de seus dirigentes e a adoção de medidas capazes de melhorar as condições de vida de seus funcionários. Segundo SAMPAIO (2004), no resumo de seu livro: Nos últimos trinta anos, multiplicaram-se as interrogações sobre o bem estar do homem no trabalho. Psicologia, administração, economia, medicina e outras disciplinas da área de saúde, sociologia e ciências políticas transcenderam o credo míope do eterno taylorismo, que insiste em ver o trabalho como um meio para o homem e o homem como um meio para o trabalho. Estas disciplinas têm se aproximado, o 7 que possibilita o surgimento de trabalhos transdisciplinares, que contribuem de forma mais efetiva na compreensão do complexo fenômeno humano. Entende o taylorismo, segundo CARVALHO e SERAFIM (1995), que, quanto mais dividido fosse o trabalho, mais eficiente seria a empresa. Tal concepção, ainda, acredita em um alto grau de centralização das decisões. Percebe-se, nessas idéias, um sentido mecanicista, não valorizando os aspectos humanos da organização e desconsiderando o capital intelectual como um ser social, com desejos, necessidades e expectativas. Como afirma BOM SUCESSO (1998), a compatibilização das expectativas individuais com as necessidades organizacionais é um processo desafiador e, quando vencido, leva a um equilíbrio entre os interesses dos empregados e os do empregador, propiciando que ambas as partes se beneficiem de um ambiente de trabalho adequado tanto aos anseios dos profissionais, de desempenhar seu trabalho com motivação, quanto aos objetivos da empresa, de aumentar a produtividade e obter bons resultados. Tendo em vista que as pessoas passam a maior parte de suas vidas no ambiente de trabalho e que tal ambiente é capaz de refletir positiva ou negativamente nas diversas esferas de sua existência, o estudo da QVT revela-se de extrema importância. Não somente por possibilitar um estudo acerca dos reflexos causados na vida profissional e pessoal dos funcionários de uma empresa, mas também por se relacionar com os resultados obtidos por meio das atividades desenvolvidas pela própria companhia. Tal relação se explica pelo fato de estes indivíduos, quando trabalham em um ambiente agradável, com horários sensatos, remuneração satisfatória, oportunidades de crescimento, motivados e com baixo nível de estresse, desempenham melhor suas funções e, conseqüentemente, são mais produtivos, o que se reflete nos ganhos da empresa. 8 A fim de proceder à análise proposta, o presente estudo apresenta-se dividido em capítulos, nos quais serão abordados os seguintes temas: Significado de Trabalho, Qualidade de Vida – QV, QVT (remuneração satisfatória, horários sensatos, motivação e nível de estresse). 9 2 – OBJETIVOS Este trabalho tem o objetivo geral de verificar a QVT dos profissionais de secretariado executivo das diretorias da FIAT Automóveis S.A. Em termos específicos, busca-se identificar o nível atual da QVT e seus desdobramentos: Verificar se os horários são sensatos; Examinar se a remuneração é satisfatória; Apresentar o grau de motivação de tais colaboradores; Mostrar o nível de estresse dos profissionais a serem entrevistados; Averiguar se os funcionários da FIAT consideram que o ambiente de trabalho onde atuam tem QV e Relacionar as referidas variáveis de QVT apresentadas. 10 3 – METODOLOGIA Para análise do presente trabalho, optou-se pelo estudo de caso, que tem caráter de profundidade e detalhamento e pode ser realizado por meio de pesquisa de campo, considerada uma estratégia abrangente. Segundo YIN (2005), trata-se de uma forma de pesquisa social empírica a investigação de um fenômeno atual dentro de seu contexto de vida real, em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e onde múltiplas fontes de evidências são usadas. Tal importância dá-se pela variedade de resultados que podem ser alcançados pela utilização deste método. Para LAKATOS e MARCONI (2001), este estudo pode ser classificado como uma pesquisa bibliográfica que abrange todo o material já publicado acerca do assunto, por exemplo periódicos, consultas à internet, onde foi possível encontrar textos atualizados e que apresentam diferentes pontos de vista, bem como uma literatura complementar sobre o tema. Foram utilizados livros de autores renomados sobre o assunto relevante ao estudo, com temas afins e métodos para enriquecer a pesquisa. 11 3.1 – AMOSTRA A amostra foi constituída por dez Secretárias Executivas da Diretoria da FIAT Automóveis S.A. – Betim – MG –, que atuam nos seguintes setores: Superintendência, Diretoria Administrativa Financeira, Comercial, Compras, Comunicação Corporativa, Engenharia do Produto, Qualidade, Jurídico, Industrial, Desenvolvimento de Negócios Mercados Externos, Relações Institucionais, Planejamento e Estratégia de Produto A.L. Embora totalize doze diretorias,a população é formada, apenas, por dez secretárias, já que duas delas assessoram duas diretorias. Segundo LAVILLE e DRONNE (1999), devido à natureza do estudo considerase esta amostragem típica, pois foram escolhidos os indivíduos a serem analisados. Pretendia-se pesquisar, na totalidade, dez profissionais de Secretariado Executivo, mas apenas oito profissionais colocaram-se a disposição. 3.2 – MÉTODO E TÉCNICA DE COLETA DE DADOS 3.2.1 – QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO Tendo em vista que este tipo de pesquisa ainda não foi realizado na empresa citada, serão utilizados dados primários, coletados através da técnica de questionários semi-estruturados, que abrangem tanto questões abertas como fechadas. Para VERGARA (2005), assim como todos os métodos de pesquisa, esta metodologia utilizada apresenta vantagens e desvantagens. Embora o pesquisador não possa ajudar o informante em questões mal compreendidas, justifica-se a escolha 12 de tal método pela economia de tempo, pelos menores riscos de distorção e por sua natureza impessoal, fatores que permitirão uma maior uniformidade na coleta de dados. Mais especificamente, o processo de elaboração do questionário dependerá da observância de normas precisas, a fim de aumentar sua eficácia e validade. Por ser mais conveniente que os informantes respondessem os questionários em um ambiente tranqüilo, foi solicitado que estes fossem preenchidos fora do ambiente de trabalho. A aplicação e recebimento duraram duas semanas, correspondentes dos dias vinte e um a trinta e um de maio de dois mil e sete. 3.2.2 – OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Apesar de o ambiente a ser analisado ser familiar à pesquisadora, segundo MAY (2004), a técnica de observação participante permite evidenciar dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários e ajuda na percepção dos fatos cotidianos como, por exemplo, algo discrepante. MAY (2004), também, afirma que o conhecimento do mundo social vem da experiência e da realização de investigações detalhadas e meticulosas, por meio das quais são gerados os entendimentos. Pode-se verificar com tal técnica atitudes incomuns, comportamentos inesperados, problemas no desempenhos de determinadas funções, aspectos positivos, e a vivência e confirmação de dados vistos anteriormente na teoria dada em sala de aula durante o período de graduação da pesquisadora. Este método foi aplicado entre os meses de setembro de 2006 e março de 2007, período em que a pesquisadora realizou o Estágio Supervisionado na diretoria da Engenharia do Produto, Compras e Comunicação Corporativa da referida empresa. As interpretações e a aplicação contínua de novos conhecimentos pelas pessoas nos 13 seus ambientes sociais como um processo permanente, bem como as mudanças de comportamento e atitudes percebidas neste intervalo foram anotadas à medida que os acontecimentos surgiam. Esta parte da pesquisa exigiu reflexões e alterações no foco das observações de acordo com os desdobramentos das informações já obtidas. De acordo com VINTEN¹ (1994:30) “Ao se imergir no evento a ser analisado, o pesquisador espera estar em uma posição para obter informações melhores e com mais profundidade de conhecimento do que seria possível para quem estivesse de fora”. VINTEN (1994) também afirma que a observação participante é a única forma de ter acesso a certos tipos de comportamentos organizacionais que são mantidos em segredo para quem está fora daquele ambiente de trabalho. 3.2.3 – ENTREVISTA ESTRUTURADA Foi utilizada também a aplicação de uma entrevista mais aprofundada, que permitiu aos entrevistados relatar os dados e acontecimentos que não foram englobados no questionário e que são considerados importantes para a validação dos resultados da pesquisa. Segundo LAKATOS e MARCONI (2001:195): “Esta técnica é utilizada na investigação social para coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema”. E tem como objetivos principais: Descobrir se as pessoas que estão de posse de certas informações as compreendem; Averiguar o que as pessoas pensam ou acreditam que os fatos sejam; Descobrir quais fatores podem ou não interferir em sua opinião e conduta e 14 ___________________ ¹ Participant observation: a model for organizational investigation? Journal of Managerial Psychology, 1994. Artigo Científico. Traduzido pela pesquisadora. Entender o comportamento atual para vislumbrar possíveis condutas que a pessoa terá no futuro. Uma das vantagens deste método consiste no oferecimento de maiores oportunidades para se avaliar atitudes e condutas, permitindo que o entrevistado seja observado naquilo que diz e em como diz. Além disso, pode ser utilizado em todos os segmentos da população, apesar de o entrevistado poder reter alguns dados importantes receando que sua identidade seja revelada e poder ser influenciado, consciente ou inconscientemente, pelo questionador. Segundo MAY (2004:145): “As entrevistas geram compreensões ricas das biografias, experiências, opiniões, valores, aspirações, atitudes e sentimento das pessoas”. Utilizou-se da técnica de entrevista estruturada. Para MAY (2004), neste método a pergunta é feita da mesma maneira para todos os entrevistados, de modo que qualquer diferença entre as respostas são consideradas reais, e não resultado da situação de entrevista. A entrevista, por sua vez, é um contato social e não apenas um meio de obter informações e, como todo contato social, é orientada por regras, e as partes trazem consigo expectativas quanto ao seu conteúdo e quanto ao papel que devem desempenhar. O entrevistador motiva o seu entrevistado, no sentido de que ele sinta que sua contribuição com as respostas são muito relevantes para a validação dos dados coletados. Logo, a investigação triangulada permite uma comparação da entrevista estruturada, observação participante e questionário semi-estruturado. Foi entrevistada a totalidade da população que aceitou participar, dividida em números de 1 a 8. 15 A aplicação das entrevistas durou entre dez e quinze minutos, durante as duas primeiras semanas do mês de junho, do dia primeiro ao décimo quinto do referido mês, devido à não disponibilidade de tempo da população pesquisada. No momento das entrevistas gravou-se o que foi dito pelas Secretárias Executivas e comportamentos relevantes foram relatados em um bloco de notas pela pesquisadora. Todo o material obtido nas entrevistas foi transcrito e, posteriormente, encaminhado para as entrevistadas para verificação para, finalmente, possibilitar a interpretação e análise dos dados. Este método foi utilizado para reforçar os resultados obtidos pelo questionário. 3.3 – ANÁLISE DE CONTEÚDO Segundo VERGARA (2005), a análise de conteúdo apóia-se em procedimentos estatísticos, interpretativos ou em ambos. Este método presta-se tanto aos fins exploratórios – descobertas –, quanto aos de verificação, confirmando ou não as hipóteses ou suposições preestabelecidas. Consiste em seleção de material e definição de categorias pertinentes ao trabalho – isolar elementos e depois agrupá-los. Foram analisadas as variáveis relacionadas com o indivíduo em si, sua educação, seus hábitos, aspectos do seu trabalho, através do questionário, da observação participante e da entrevista. A interpretação das informações das entrevistas deu-se ao número ou não de respostas iguais ou parecidas e os comportamentos durante a aplicação da mesma. Obtidos os resultados, coube à pesquisadora retornar as suposições formuladas e confirmá-las ou não, conferindo as devidas explicações a cada item proposto. 16 17 4 – DESENVOLVIMENTO 4.1 – O SIGNIFICADO DE TRABALHO Segundo BOOG et al (2002), os últimos vinte anos da História brasileira foram marcados por uma profunda transição nas empresas que aqui atuavam. O fim da década de 1980 foi marcado por uma grande mudança do regime político com a eleição de Tancredo Neves. Estas mudanças que ocorreram na sociedade civil, o fim do autoritarismo e a rejeição do modelo mecanicista proposto por Taylor, refletiram nos modelos organizacionais. A partir de então, o Brasil inseriu-se no mercado global e a relação de trabalho também se modificou. Para CARVALHO e SERAFIM (1995:137): “O trabalho deve ser uma fonte de prazer para o indivíduo”. Daí a importância de o profissional ter as funções bem definidas e bem traçadas e os seus objetivos pessoais e profissionais claramente delineados, contribuindo para uma vida mais equilibrada. Verifica-se então que o significado do trabalho na QV do ser humano não se refere apenas ao valor monetário, mas também ao prazer pelo próprio trabalho. 18 Novas teorias propondo a participação como forma de compromisso e satisfação vêm tentando substituir o termo “trabalhador” por “colaborador” ou “parceiro”. Segundo BOM SUCESSO (1998), mais importante do que a adoção de novos termos é dar ao trabalhador uma convivência sadia para contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Outra afirmação de BOM SUCESSO (1998:18) seria de que “Mais do que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho”. O trabalho ocupa um importante espaço na vida dos homens, visto que é na atividade laboral que estes passam a maior parte de seu tempo, durante os melhores e mais produtivos anos de suas vidas. Quando o tempo passado no trabalho é constituído de bons momentos e é vivido de forma digna, o homem sente-se mais feliz e acaba por transmitir esse sentimento para as mais diversas esferas de sua existência. Por outro lado, problemas e angústias que afligem o homem em seu ambiente de trabalho refletem negativamente nos mais diversos aspectos de sua vida (familiar, social, físico, dentre outros). Já a visão de VIANNA (1997), sobre o trabalho, acentua que muitas pessoas pensam que trabalhar seriamente significa não rir, não ser feliz nem ter prazer no que se faz. Entretanto, trabalhar seriamente significa respeitar prazos, tornar a convivência com os colegas de trabalho agradável, ter seriedade e responsabilidade no desempenho de suas funções, ser pró ativo, eficiente e eficaz. 4.2 – QUALIDADE DE VIDA – QV No período da Revolução Industrial, os focos eram a lucratividade e a produtividade máxima, dando-se pouca importância às condições de vida do homem 19 no trabalho, uma vez que o operário era visto como uma máquina, um instrumento utilizado para que a fábrica cumprisse suas metas. Atualmente, verifica-se uma maior preocupação com as condições de trabalho do homem e com a maneira com que essas condições, satisfatórias ou não, refletem em sua Qualidade de Vida, como bem postula VIANNA (1997:35): “Cada vez mais os colaboradores das empresas brasileiras elegem, como item fundamental de suas escalas de motivação, aliar o sucesso profissional à felicidade pessoal”. Isso significa que os seres humanos querem transformar seu ambiente de trabalho em fonte de crescimento pessoal, não considerando somente a compensação financeira no final do mês. De acordo com a definição de PETRONE (1994), QV é entendida no sentido de satisfação da vida, como realização das aspirações, dos desejos, e também, das externalizações parciais dos impulsos emocionais, dos quais se é consciente ou não. A concepção de QV, segundo a Associação Brasileira de Qualidade de Vida – ABQV¹: É o conjunto de percepções individuais da posição de vida das pessoas no contexto dos sistemas de cultura e de valores em que se vivem e em relação a metas, expectativas, padrões e preocupações que criam e desenvolvem. Incorpora a saúde física, o estado psicológico, o nível de dependência, as relações sociais, as crenças pessoais e o relacionamento com o meio ambiente. Para BERGAMINI² et al (2005:305) apud PEIXOTO (1999:15) afirma que: Qualidade de Vida tem a ver com a busca contínua da realização integral do ser humano através de estímulos adequados à plena utilização de sua capacidade mental, física e psíquica. Tem tudo a ver com equilíbrio e com a experimentação intensa de todas as dimensões de sua realização pessoal. _________________ ¹ Fundada em 26/04/1995, a ABQV é uma entidade sem fins lucrativos e que tem como missão promover a interação e desenvolvimento de profissionais multidisciplinares voltados para atuação em Qualidade de Vida. http://www.abifa.com.br/qualidade_de_vida.php?mes=1&ano=2007 20 ² Trabalho ou lazer? Transforme sua empresa. In http://www.aedb.br/seget/artigos05/354_TRABALHO_OU_LAZER[1].art.resende.2.pdf Com efeito, o tema em estudo não se restringe a algumas esferas da vida humana, mas se relaciona com um conjunto de aspectos que, quando equilibrados, possibilitam um alto nível de QV. BOM SUCESSO (1998) afirma também que o mais forte desafio tem sido viver com qualidade em um mundo de alto desenvolvimento tecnológico e baixo desenvolvimento humano e, com isso, os lares e os relacionamentos fora do ambiente de trabalho não têm sido modelos de convivência como nos velhos tempos. De fato, para que se possa ter Qualidade de Vida, devemos nos atentar para as diversas esferas que compõem a vida humana. Não se tem QV quando, apesar de uma carreira de sucesso construída no trabalho, não se dispõe de tempo suficiente para o lazer ou para manter relações saudáveis no ambiente familiar. Além do que foi exposto, devemos destacar que Qualidade de Vida é algo que depende de cada indivíduo, enquanto pessoa dotada de características, interesses e objetivos próprios, como bem acentua BOM SUCESSO: O termo Qualidade de Vida tem sido utilizado tanto para avaliar as condições de vida urbana, incluindo transporte, saneamento básico, lazer e segurança, quanto para se referir a saúde, conforto, bens materiais. Embora fazendo parte do cotidiano, os parâmetros para definição do que é viver com qualidade são múltiplos e resultam das expectativas e interesses individuais. (1998:29) Desse modo, entende-se que o conceito de QV molda-se à realidade de cada indivíduo, enquanto pessoa única, detentora de particularidades. BOM SUCESSO (1998) também afirma que um dos fatores que nos diferencia dos demais é o modo como distribuímos o nosso tempo, dentre os vários setores que compõem o nosso cotidiano: profissional, conjugal, familiar, social e educacional. Para que seja alcançado o equilíbrio necessário, é de fundamental importância que os aspectos citados recebam a atenção devida e que o indivíduo se 21 aprofunde no autoconhecimento, compreendendo seus limites e necessidades, para que possa buscar o verdadeiro significado de QV em sua própria realidade. Na realidade, a QV deve ser entendida como algo que vem de dentro para fora, isto é, não basta que a pessoa coma bem, tenha saúde e um emprego com um bom salário. É preciso que saiba vencer os obstáculos e as armadilhas da vida cotidiana, por meio de ferramentas internas, recursos que serão encontrados dentro de cada indivíduo e não apenas em fatores externos. Segundo BOGG et al (2002) apud LIPOSWISKI (1970) o ser humano não se divide, toda manifestação é complexa e interligada, por isso resgata a visão integrada, holística. Portanto, fatores da esfera biológica (metabolismo, resistências e vulnerabilidade de órgãos e sistemas), da esfera psicológica (processos racionais, afetivos ou emocionais) e da esfera social (valores e crenças) consideram o homem um complexo biopsicossocial. 4.3 – QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – QVT O tema QVT não passou a ser estudado pelos pesquisadores atuais. Na realidade, o homem tem buscado maneiras de tornar mais amena a sua luta pela sobrevivência desde os primórdios da civilização, sempre procurando mecanismos capazes de minimizar os desgastes decorrentes do trabalho e, ou que o tornem mais prazeroso. Entretanto, foi com a Revolução Industrial, ocorrida nos séculos XVIII e XIX, e com a sistematização dos métodos de produção que as condições de trabalho e sua influência sobre a produção e sobre os trabalhadores passaram a ser estudadas cientificamente, como menciona MOTTA (1980). 22 O estudo do trabalho humano ganhou uma nova dimensão com o início da chamada “Administração Científica”. Daí passou-se a estudar, detalhadamente, o trabalho realizado pelo homem, suas potencialidades e seu relacionamento com o ambiente, com o objetivo de serem obtidos os melhores resultados possíveis por meio dos esforços dos trabalhadores. Tal modelo, referente à “Administração Científica”, que tinha como focos a produtividade, a superação de metas, a liderança frente à concorrência e a garantia e aumento dos lucros, ao promover uma excessiva fragmentação do trabalho e transformar o ser humano numa mera peça do sistema de produção, acabou provocando uma generalizada insatisfação na classe trabalhadora, devido ao elevado número de acidentes de trabalho, doenças, alienação e absenteísmo, o que resultou em manifestações explícitas de descontentamento. Tendo em vista o aumento do grau de conscientização da classe trabalhadora e a crescente mobilização sindical, pesquisadores interessados em maiores esclarecimentos a respeito de questões concernentes ao indivíduo e às organizações lançaram-se ao estudo de métodos aptos a corrigir o rigor da “Administração Científica”. Nesse contexto e tendo em vista as mudanças que ocorreram no pensamento mundial no que se refere à relação do homem com sua atividade laboral, as empresas passaram a ter preocupações com o ser humano no ambiente de trabalho, principalmente depois dos estudos e teorias de Maslow. Para MAXIMIANO (2000), a teoria de Maslow mostra as necessidades internas que orientam e determinam o comportamento humano. A partir dessa idéia, desenvolve uma classificação hierárquica entre tais necessidades, dividindo-as em cinco níveis básicos: necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de auto-estima e de auto-realização. Considerando-se a primeira como a necessidade mais básica e a última como a mais elevada. Para que os indivíduos se interessem pelas necessidades de níveis mais elevados, devem estar com as de níveis inferiores 23 razoavelmente satisfeitas. Dessa maneira, somente quando as necessidades fisiológicas, como a de alimento, por exemplo, estivessem sob controle, é que os indivíduos passariam a se preocupar com segurança e abrigo. Do mesmo modo, sendo tais necessidades satisfeitas, as pessoas passariam a sentir falta de relacionamentos interpessoais. Posteriormente, necessitariam de estima pessoal, reconhecimento e prestígio e, finalmente, seriam movidas pela necessidade de alcançar a plenitude de seu potencial como seres humanos. Fazendo um apanhado da evolução de QVT no âmbito mundial, RODRIGUES (1994) relata que, na década de setenta, com a influência exercida pelo sucesso industrial japonês, aparecem os primeiros movimentos e aplicações estruturadas e sistematizadas da QVT no interior das organizações. A partir de então, cresce rapidamente o número de trabalhos no campo da QVT e, no início da década de oitenta, com o acirramento da concorrência internacional, o crescente avanço tecnológico e a busca desenfreada, por parte das empresas, de melhorias na competitividade e produtividade, iniciou-se uma nova, e atual, fase de estudos nesse campo. QUADRO 1 – ORIGENS DA QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHO NATUREZA DO PROBLEMA SINTOMA DO PROBLEM A AÇAO PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA INDICADORE S PROPOSTAS Cooperação. Divisão dos Econômico(1850 União dos Insatisfação Injustiça lucros. ) trabalhadores Greves Participação nas decisões Trabalho autosupervisionado Insatisfação . Conselho de Político (1950) Insegurança Posições políticas Greves trabalhadores. Participação nas decisões Psicológico Agentes de Desinteresse Enriqueciment Alienação (1950) mudanças Absenteísmo o de tarefas Autodesenvolviment Ausência de Métodos sócioSociológico Anomia¹ o significação do técnicos 24 trabalho Absenteísmo e turnorver² aplicados aos grupos. Fonte: RODRIGUES (1994:88). ____________________ ¹ É o enfraquecimento das normas sociais de um povo ou grupo social; a desorganização que enfraquece a integração dos indivíduos, deixando-os sem saber como agir, ficando sem uma regulamentação por um período de tempo, indeterminado ou determinado ² Rotatividade O referido quadro apresenta um apanhado geral com relação à origem da natureza dos problemas relacionados a QVT e seus desdobramentos, com relação ao porquê do descontentamento e medidas assertivas para a diminuição ou correção dos impactos gerados por eles. Segundo BOM SUCESSO: Na década de 90, o termo qualidade de vida invadiu todos os espaços, passou a integrar o discurso acadêmico, a literatura relativa ao comportamento nas organizações, os programas de qualidade total, as conversas informais e a mídia em geral. (1998:29) O acirramento da concorrência e a busca por melhorias na produtividade, estabeleceram um ritmo de vida alucinante para as pessoas, com excesso de horas de trabalho e uma pressão muito forte para serem cada vez mais produtivas. O lado profissional adquiriu tanta importância, que o ser humano sentiu-se forçado a ser um superprofissional, o que provocou problemas em várias esferas da vida das pessoas. Isso demonstra a necessidade de se discutir a QV e, mais especificamente, a QVT. Em decorrência das novas exigências do mercado, os profissionais têm dedicado cada vez menos tempo para o lazer, em virtude da necessidade de se buscar um constante aperfeiçoamento. Ademais, é de conhecimento comum que despendemos a maior parte de nosso tempo com ações direta ou indiretamente relacionadas ao trabalho. 25 De acordo com o pensamento de FERNANDES (1996), QVT é a gestão dinâmica e contingencial de fatores tecnológicos, físicos e socio-psicológicos, que refletem tanto no bem-estar dos trabalhadores quanto na produtividade das empresas. Na conformidade deste conceito, a QVT é dinâmica, porque as organizações e as pessoas estão em constante modificação; e depende da realidade da empresa, do contexto em que está inserida. Ademais, aspectos sociológicos e psicológicos interferem na satisfação dos indivíduos em relação ao trabalho, além de fatores físicos e tecnológicos. Segundo a ABQV, enfocar QVT significa desenvolver cada colaborador, estimulando-o a buscar um estado de bem estar para criar e manter um clima organizacional solidário, estimulante e sadio. Para FERNANDES (1996:43), não existe uma definição consensual sobre a expressão QVT, porém, nos diferentes enfoques, observa-se algo em comum no que se refere à “conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa”. Numa abordagem feita por BOM SUCESSO (1998), QVT enfoca os efeitos que a sociedade de organizações exerce sobre o bem estar das pessoas, do prisma emocional e profissional, atentando-se para as conseqüências do trabalho sobre a pessoa e seus efeitos na organização. Esta autora também enumera alguns fatores para medir a QVT, tais como: renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais; orgulho pelo trabalho realizado; vida emocional satisfatória; auto-estima; imagem da empresa/instituição junto à opinião pública; equilíbrio entre trabalho e lazer; horários e condições de trabalhos sensatos; oportunidades e perspectivas de carreira; possibilidade de uso do potencial; respeito aos direitos e justiça nas recompensas. BOOG et al (2002), por sua vez, utiliza um outro termo para se referir à QVT, denominando-a Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho – GQVT –, que abrange 26 fatores como boas condições laborais, remuneração e benefícios justos, tarefas desafiadoras e um estilo de gestão que garanta a participação e desenvolvimento de pessoas, comprometimento com as metas da equipe e a planificação das escolhas de bem-estar para e durante o trabalho. Independentemente do termo utilizado para referir-se ao tema, entende-se que os estudos sobre QVT trouxeram uma visão mais complexa no que se refere à forma de perceber a relação entre homem e trabalho, englobando temas como: motivação, remuneração, horários sensatos e estresse. Atualmente, uma maior atenção tem sido dada à QVT, com o intuito de promover motivação e comprometimento no ambiente de trabalho, fatores capazes de criar um clima mais propício para o aumento da produtividade, da lucratividade e da qualidade dos resultados da empresa, como bem acentua MOLLER (1993:3): “Um número crescente de empresas reconhece hoje que o investimento em qualidade é um dos mais lucrativos que elas podem fazer. Não fazer nada custa muito mais caro”. Afirma ainda que “A qualidade pessoal inicia uma rede em cadeia de melhoramentos na qualidade – um processo de desenvolvimento da qualidade”. Isso significa que a qualidade pessoal é a base dos outros tipos de qualidade que podem ser encontrados em uma companhia, isto é, o desempenho do indivíduo e suas atitudes constituem o melhor ponto inicial para o desenvolvimento da qualidade como um todo em uma empresa. QUADRO 2- EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QVT CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DO QVT 1 - QVT como uma variável (1959 a 1972) 2 - QVT como uma abordagem (1969 a 1974) 3 - QVT como um método (1972 a 1975) CARACTERÍSTICAS OU VISÃO Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a QVT para o indivíduo. O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional, mas, ao mesmo tempo tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção. Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo 27 e mais satisfatório. QVT era vista como um sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica. Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as reações dos trabalhadores com a organização. Os termos – administração participativa e democracia industrial – eram freqüentemente ditos como ideais do movimento QVT. Como remédio contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, queixas e outros problemas organizacionais. No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de apenas um “modismo” passageiro. 4 - QVT como um movimento (1975 a 1980) 5 - QVT como tudo (1979 a 1982) 6 - QVT como nada (futuro) Fonte: FERNANDES (1996:40) apud NADLER e LAWLER (1983). O quadro refere-se as diferentes abordagens dada ao conceito de QVT no que tange o passado, o presente e o futuro, de acordo com a evolução no pensamento humano. Qualidade de Vida no Trabalho é fator determinante da saúde, da felicidade e da longevidade, indispensáveis para o ser humano. Estes conceitos de QVT são utilizados para fazer com que a satisfação das necessidades individuais passe a ser alcançada no próprio ambiente de trabalho. Apesar das diferenças das preferências humanas, LEVERING (1997), depois de entrevistar centenas de empregados, percebeu que as características que as pessoas apontavam como importantes em uma organização de trabalho convergiam para um grupo de características semelhantes. Empregados de diferentes empresas citavam termos como confiança, orgulho, liberdade, família, tratamento justo e compreensão quanto ao cometimento de algum engano, como elementos a serem considerados na avaliação da empresa. 4.3.1 – MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO 28 Para LEVERING (1997:76), do ponto de vista de um empregado, um excelente local de trabalho é: “Aquele em que você confia na pessoa pra quem trabalha, tem orgulho pelo que faz e gosta das pessoas com quem está trabalhando”. Para CARVALHO e SERAFIM (1995), motivar é um instrumento fundamental no sentido se persuadir quem é liderado. VIANNA (1997:50) considera algumas atitudes e ações que motivam no ambiente empresarial: Oportunidade de crescimento é uma maneira de motivar funcionários, não somente criando condições de ascensão hierárquica vertical bem como troca de funções para desenvolver diferentes habilidades; Planos de remuneração também são vinculados a atitudes que contribuem para a manutenção da motivação dentro das organizações como, por exemplo, participação nos lucros; Transparência e honestidade na comunicação; Desenvolvimento do aspecto humano dos colaboradores, valorizando suas diferenças e particularidades. Isso evidencia a difusão do tema em várias áreas, com objetivo de atender às necessidades psicossociais dos trabalhadores, a fim de elevar seus níveis de satisfação no trabalho. 4.3.2 – HORÁRIOS SENSATOS Segundo DELGADO (1998), faz-se necessária a distinção de três termos referentes ao trabalho, para que se possa avaliar a razoabilidade dos horários de expediente. 29 A duração do trabalho compreende todo o período decorrente do contrato de trabalho, inclusive repouso semanal, feriados e até mesmo férias. A expressão jornada de trabalho refere-se ao tempo que o empregado tem de se colocar disponível para o seu empregador, referente ao dia, semana ou mês. Citaremos alguns critérios englobados por esta questão: Tempo efetivamente trabalhado; Tempo a disposição; Tempo de deslocamento (residência – trabalho – residência). Para complementar, DAL ROSSO¹ diz que a duração da jornada de trabalho tem ___________________ ¹ Jornada de trabalho: duração e intensidade. Ciência e Cultura, vol.58, nº 4. São Paulo, 2006. In: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000967252006000400016&lng=pt&nrm=iso diversas implicações, tais como: Afeta a qualidade de vida, pois interfere na possibilidade de usufruir ou não de mais tempo livre; define a quantidade de tempo durante o qual as pessoas se dedicam a atividades econômicas; estabelece relações diretas entre as condições de saúde, o tipo e o tempo de trabalho executado. (2006:31) Uma outra distinção também feita com relação ao trabalho é horário de trabalho, que traduz o espaço temporal entre o início e o final de uma jornada diária. Este fator merece destaque, pois os profissionais de Secretariado Executivo, ao contrário dos de outras profissões, têm uma flexibilidade de horários muito grande, quase sempre com hora fixa para o início do expediente e não para o fim, já que devem se adequar aos horários da pessoa assessorada. 4.3.3 – REMUNERAÇÃO 30 Segundo DELGADO (1998), salário seria o preço atribuído à força de trabalho. Não se pode esquecer que as pessoas esperam mais que uma remuneração justa pelo seu trabalho. Na sua equação de eqüidade observamos que, mais que a remuneração. Segundo DEEPROSE: Elas procuram outros retornos que justifiquem o tempo, a energia e o esforço mental e emocional que dedicam à empresa. A eqüidade requer que a empresa contribua para satisfazer as necessidades de auto-estima, criatividade, crescimento profissional e socialização dos funcionários na mesma medida em que eles contribuem para o alcance dos objetivos da empresa. (1999:69) Funcionários felizes nem sempre são aqueles que ganham mais; em geral, são aqueles que gostam do que fazem e são reconhecidos pelos resultados alcançados. Segundo FERNANDES: [...] entre tantos outros fatores que são apontados por interferirem na Qualidade de Vida no Trabalho, os mais relevantes foram: realização no trabalho, oportunidade de aprender, informação científica para realizar o trabalho, equipamentos para o trabalho, segurança no emprego e proporções justas na compensação. (1996:87) Para CHIAVENATO (1998), o salário pode ser considerado o pagamento pelo trabalho, o valor que um indivíduo tem perante uma organização e mostra o status de uma pessoa dentro de uma empresa. Afirma, também, que a possibilidade de elevar o salário motiva os empregados a aumentarem seu valor, aprimorando suas qualificações pessoais e contribuições à companhia. 4.3.4 – ESTRESSE 31 Segundo MOLLER (1993:84), o estresse pode ser definido como "a maneira pela qual o seu corpo reage - a energia que ele mobiliza – quando você é exposto a algo que o faz sentir-se pressionado". Mais especificamente, FRANÇA e RODRIGUES (1997), abordando o termo estresse ocupacional, relacionam-no às situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador de suas necessidades de realização pessoal e profissional e, ou da sua saúde física ou mental, prejudicando a integração desta com o trabalho e com o seu próprio ambiente, na medida em que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não conte com recursos adequados para enfrentar tais situações. Diante do exposto, consideramos também que o estresse profissional é uma realidade observada nas mais diferentes áreas e setores do mercado de trabalho. Não apenas nas grandes organizações, mas também nas pequenas e micro, estando presente nos mais distintos níveis hierárquicos e se intensificando à medida que aumentam as responsabilidades, cobranças, pressão, competitividade e sobrecarga na jornada de trabalho, características típicas do mundo globalizado. Uma abordagem interessante feita por FRANÇA e RODRIGUES (1997), referindo-se a HANS SELYE¹, utiliza o termo estresse para denominar aquele conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige um esforço para adaptação. Segundo DELBONI (1997), o estresse representa um alto custo para as empresas, uma vez que milhões de dias de trabalho são perdidos por ano devido a outras doenças e incapacidades por ele desencadeadas. Combater o estresse é reaprender a interagir com pessoas e reagir saudavelmente diante dos problemas da vida. A preocupação com o material humano traz um enorme retorno no que tange a qualidade e a produtividade para a empresa. A 32 tranqüilidade física e emocional das pessoas é sinônimo de crescimento organizacional. Entretanto, apesar dos malefícios do estresse, entende-se, como bem defendem CARVALHO e SERAFIM (1995:140) que “Dependendo do nível, o estresse é fator positivo, servindo até como impulsionador na vida das pessoas, levando o indivíduo a ser criativo, produtivo, favorecendo o seu crescimento”. Nesse sentido, quando na medida certa, o estresse apresenta-se como algo favorável ao desenvolvimento humano, motivando os indivíduos a potencializarem suas habilidades. Fazendo uma correlação do que foi exposto com a realidade dos profissionais de Secretariado Executivo, percebe-se que tudo induz a um alto nível de estresse, pois as cobranças são intensas, o volume de dados é grande, o gerenciamento de informações do seu chefe e para o seu chefe é contínuo e a necessidade de guardarse certas informações em total sigilo também contribuem para o aumento das pressões sobre este profissional. _________________________ ¹ Professor e diretor do Instituto de Medicina Experimental e Cirurgia da Universidade de Montreal – Canadá. Autor de 28 livros e 1.400 artigos científicos sobre o tema Estresse 33 5 – PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SECRETARIADO EXECUTIVO Para MEDEIROS e HERNANDES (1999), a Secretária também se comunica por gestos, expressões corporais e vestuário, sendo que o exagero em qualquer forma de comunicação não verbal não contribui para a imagem positiva da secretária. Para SANTANA (2005), anteriormente, o perfil dos anúncios de vagas para profissionais do Secretariado Executivo recrutava mulheres com boa aparência, que soubessem atender ao telefone e tivessem prática de datilografia e de tirar xérox. Agora, estes mesmos anúncios solicitam que a Secretária Executiva seja multifuncional. E ser multifuncional, também segundo SANTANA (2005) engloba: Ser capaz de pensar estrategicamente e não ser uma cumpridora eficiente e rápida de ordens e solicitações; Ter uma postura pró-ativa, executando ações eficientes e em tempo real, pensando junto ou até antes dos executivos que assessora; Conseguir compreender a dinâmica de todos os projetos com os quais o executivo esteja comprometido; Agregar conhecimento por meio da educação continuada, como em MBA e alternativas de extensão universitária; 34 Estabelecer sinergia com o executivo que assessora, pensando nos objetivos da empresa; Manter a impessoalidade diante de situações subjetivas; Discrição e respeito por tudo que deve ser mantido em sigilo; Além das habilidades genéricas que a profissão exige, deverá adquirir os conhecimentos da área do executivo. O Secretário moderno deve orientar-se e despertar interesse por este perfil, sabendo selecionar e desempenhar as mais variadas funções em seu trabalho e podendo, assim, obter êxito em sua carreira. Deve ser dotado, sobretudo, de docilidade e compreensão para aceitar tarefas adicionais. Percebemos que o ensino também se modificou ao longo dos anos. No passado, priorizava-se a formação de um profissional técnico; atualmente, as universidades buscam formar pessoas que saibam comandar, gerir, propor, anteciparse e apresentar soluções em vez de problemas. Segundo BOM SUCESSO (1998), vem aumentando o número de profissionais recém-formados que desempenham funções sem relação direta com a sua formação acadêmica. Mesmo assim, muitas universidades ainda insistem na formação especializada, enquanto as empresas buscam generalistas versáteis e polivalentes. Observa-se que a tecnologia impulsionou a modernização, agilizando a comunicação no mundo e proporcionando um crescimento assustador da competitividade nas organizações. Mediante essa situação afirma-se que, para tornarse um profissional de futuro e do futuro, o Secretário Executivo deve assimilar a evolução tecnológica e estar qualificado para competir no mercado em qualquer parte do mundo, conectando-se ao novo perfil mercadológico. Afirma TEIXEIRA (1995:1) que “A secretária é a profissional, numa posição de assessoramento, que monta a infra-estrutura de atuação do chefe imediato”. Para MEDEIROS e HERNANDES (1999) a importância das relações humanas dentro de uma empresa deve ajudar tais profissionais a compreenderem e aceitarem 35 seu mundo pessoal para tornarem-se mais tolerantes com o comportamento das outras pessoas. A competência de uma Secretária também se dá com a capacidade de lidar com pessoas. Segundo MEDEIROS e HERNANDES: As funções de uma secretária não se resumem apenas no perfeito desempenho de suas tarefas. Sua posição proporciona-lhe certa liderança, e ela deverá conquistar, mediante esforço de participação, simpatia e cordialidade, a cooperação espontânea do grupo. (1999:98) Para a empresa, umas das principais qualidades desejáveis de uma Secretária é sua capacidade de relacionar-se positivamente com as pessoas com quem ela trabalha. Deve demonstrar lealdade, confiabilidade e bom-senso. 36 6 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta seção, os dados que foram coletados junto às oito funcionárias da FIAT Automóveis S.A. foram tabulados e são apresentados em forma de gráficos e comentários. As respostas obtidas nos questionários foram complementadas pelas entrevistas e pela observação participante. Desta forma, têm-se, a seguir, os pontos mais significativos resultantes do estudo. 6.1 – IDENTIFICAÇÃO Foram entrevistadas oito profissionais de Secretariado Executivo das diretorias da FIAT, o equivalente a 80% da população total, sendo 100% desta do sexo feminino. Verificou-se quanto ao estado civil das entrevistadas que 37,5% são casadas e 62,5% são solteiras. 37 Quadro 3 - Estado civil Entrevistadas Casadas Solteiras 37,5% 62,5% Fonte: Dados da pesquisa Identificou-se que 50% das entrevistadas possuem curso superior completo e que 50% possuem curso superior em andamento. Questionou-se, ainda, se alguma das entrevistadas estava ou está fazendo algum curso de especialização, de mestrado, de doutorado, de línguas estrangeiras ou uma segunda graduação, mas nenhuma delas demonstrou interesse pela educação continuada a curto prazo. Entrevistada nº 1: “Não tenho mais disposição para enfrentar sala de aula, estou com outras prioridades, talvez daqui a uns 5 anos...”. Percebe-se que elas só se reciclam ou se aprimoram quando a empresa fornece algum tipo de curso ou treinamento. Isto mostra que estas profissionais precisam conscientizarem-se da importância da extensão universitária ou outra forma de educação continuada para manterem-se atualizadas e valorizadas pelo concorrido mercado de trabalho. Quadro 4 – Formação acadêmica Entrevistadas Superior completo Superior em andamento 50% 50% Fonte: Dados da pesquisa No gráfico abaixo, observou-se que 25% das profissionais de Secretariado Executivo trabalham na empresa entre 11 e 15 anos, outros 25% há mais de 15 anos e 50% há menos de 5 anos. Dessa forma, 25% estão na função atual entre 11 e quinze anos, 25% entre 6 e 10 anos e 50% há menos de 5 anos. Nesse estudo, não se considerou há quanto tempo esses profissionais da área trabalham, mas sim, há quanto tempo elas trabalham nesta função na FIAT. 38 Gráfico 1 – Tempo de serviço na FIAT 25% 50% Menos de 5 anos Entre 6 e 10 anos Entre 11 e 15 anos 25% Fonte: Dados da pesquisa 6.2 – ASPECTOS RELACIONADOS AO TRABALHO Verificou-se que a média de horas trabalhada por dia é de aproximadamente 9,25 horas. A maioria das secretárias, 62,5%, ficam além do expediente todos os dias, 12,5% ficam pelo menos 1 vez por semana e 25% 3 vezes por semana. Com o avanço da tecnologia, esperava-se obter mais tempo de lazer para o trabalhador, pois os serviços repetitivos e monótonos seriam executados por outros mecanismos no lugar do homem. Entretanto, o desenvolvimento tecnológico libertou os trabalhadores de muitos esforços físicos, mas tornou-os escravos de um trabalho que exige cada vez mais empenho mental e intelectual. A carga de trabalho tornou-se mais pesada, os prazos mais curtos e os contatos humanos tornam-se cada vez mais impessoais. Como menciona BOM SUCESSO (1998), o maior desafio tem sido viver em um mundo de alto desenvolvimento tecnológico e baixo desenvolvimento humano. 39 Gráfico 2 – Número de dias por semana trabalhados além do expediente 70 62,5 60 50 1 vez por semana 40 30 3 vezes por semana 25 20 12,5 5 vezes por semana 10 0 1 vez por semana 3 vezes por semana 5 vezes por semana Fonte: Dados da pesquisa A totalidade das entrevistadas disse que a opção profissional corresponde às suas expectativas iniciais. Este fator é muito importante, uma vez que QV também pode ser entendida como realização das aspirações, segundo PETRONE (1994). A partir dos questionários, percebeu-se que a maior parte das secretárias, 50%, considera que o profissional de Secretariado Executivo é mais reconhecido no mercado de trabalho por sua capacidade de antecipar e resolver problemas; 12,5% por ser ele uma pessoa que toma iniciativa e 37,5% por sua habilidade em gerenciar situações delicadas, sigilosas e de alto risco. SANTANA (2005) reafirma essas características, tais como: ser multifuncional, postura pró-ativa, pensar estrategicamente e sinergia com o executivo. 40 Gráfico 3 – Reconhecimento no mercado de trabalho 37,5% Capacidade de 50%antecipar e resolver problemas Tomada de iniciativa 12,5% Habilidade em gerenciar situações delicadas e sigilosas Fonte: Dados da pesquisa Quando questionadas sobre a importância da motivação no trabalho, a média foi 4, o que indica um nível elevado, pois o índice variava de 1 a 5 de acordo com o grau de importância. Com relação à remuneração satisfatória, também foi alto o grau importância, média 4. Já o nível de estresse apresentou importância média, 3,15, e os horários de trabalhos sensatos tiveram importância entre média e alta, 3,75. Esses dados confirmam os relatos da leitura, segundo a qual fatores como motivação, remuneração satisfatória, horários sensatos e estresse são importantes para medir a qualidade de vida no ambiente de trabalho, como afirma BOM SUCESSO (1998). A ausência de respostas com pontuações baixas como 1 e 2 demonstram o reconhecimento da importância exercida por tais fatores quando analisada a QVT em uma empresa. 41 Gráfico 4 – Grau de importância 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 4 3,75 4 3,15 Motivação Motivação Remuneração satisfatória Remuneração satisfatória Nível de estresse Horários sensatos Nível de estresse Horários sensatos Fonte: Dados da pesquisa Um dos resultados da pesquisa mostrou que 62,5% das Secretárias Executivas estão satisfeitas por se sentirem parte da FIAT, conhecer sua missão, sua visão, seus valores e princípios. E 12,5% estão muito satisfeitas. Já 12,5% mostraram-se muito insatisfeitas e os outros 12,5%, insatisfeitas. Vale ressaltar que 50% profissionais entrevistadas possuem menos de 5 anos na organização pesquisada, o que pode ter influenciado na porcentagem dos resultados com relação à insatisfação, (ver Gráfico 1), apesar de as análises da observação participante terem demonstrado que a maioria sente-se parte integrante e importante do ambiente de trabalho. 42 Gráfico 5 – Sentir-se parte da FIAT 12,5% Satisfeitas 12,5% Muito satisfeitas 12,5% 62,5% Muito insatisfeitas Insatisfeitas Fonte: Dados da pesquisa Verificou-se que 50% das profissionais estão satisfeitas em relação à visão sistêmica do setor onde trabalham. Nesse caso, 37,5% estão muito satisfeitas e apenas 12,5% dizem estar insatisfeitas. Ter uma visão sistêmica significa entender o setor aonde se trabalha como um todo e suas particularidades. Conhecer os problemas, os pontos positivos e sempre tomar atitudes que pensando numa melhorara coletiva. Para SANTANA (2005) a função de uma Secretária também é conseguir compreender a dinâmica de todos os projetos com os quais o executivo esteja comprometido. Gráfico 6 – Visão sistêmica do setor 12,5% Satisfeitas 50% Muito satisfeitas 37,5% Insatisfeitas 43 Fonte: Dados da pesquisa Percebeu-se que 50% raramente são convidadas a dar sugestões quando os seus setores enfrentam algum problema e são raramente incentivadas pelos seus superiores a contribuírem para atingir as metas; 12,5% nunca são convidadas nem incentivadas; já 37,5% dizem ser freqüentemente convidadas a opinar e incentivadas a cumprir as metas do seu setor. Segundo estas observações, poderíamos dizer que a realidade das secretárias executivas da FIAT não está em conformidade com os princípios da ABQV, que diz que as empresas devem estimular os profissionais a criar e manter um clima organizacional solidário, um ambiente estimulante e saudável, pois estes profissionais que não se sentem a vontade para opinar e contribuir para a melhoria da equipe acabam sentindo-se desestimulados a tomar qualquer atitude assertiva que vá além das suas obrigações formais. Gráfico 7 – Convidadas a dar sugestões 37,5% 50% Freqüentemente Nunca Raramente 12,5% Fonte: Dados da pesquisa Cerca de 37,5% das Secretárias Executivas sempre recebem treinamento como forma de aprendizado e aprimoramento; 37,5% recebem freqüentemente; entretanto, 25% raramente o fazem. Agregar conhecimento por meio da educação continuada é fator determinante parar o sucesso de uma profissional da área de Secretariado Executivo, como diz SANTANA (2005), mas isto pode ser alcançado por 44 meio de cursos e treinamentos proporcionados pela empresa, como extensão universitária. Cabe a cada profissional escolher a maneira de aprimorar e reciclar os seus conhecimentos. Gráfico 8 – Oferta de treinamento 25% 37,5% Freqüentemente Sempre 37,5% Raramente Fonte: Dados da pesquisa Verificou-se que 37,5% raramente recebem feedbacks (elogios ou críticas) referentes às atividades que exercem, enquanto 37,5% recebem freqüentemente. Outros 25% dizem receber sempre. Curiosamente, o resultado deste item surpreendeu a pesquisadora que, por meio da observação participante, pôde perceber que, mesmo quando algum profissional solicitava um feedback, raras foram as vezes que os superiores mostravam-se interessados em repassar o que pensavam. Gráfico 9 – Recebimento de feedbacks 45 25% 37,5% Freqüentemente Sempre Raramente 25,0% Fonte: Dados da pesquisa A totalidade das entrevistadas diz conhecer os seus limites. Esta questão pode ser entendida como uma auto-avaliação perigosa se o trabalho for considerado tão essencial pelos indivíduos a ponto de não conseguirem impor limites em seu ritmo de trabalho, considerando-o normal e gratificante. Notou-se que 50% das profissionais de Secretariado Executivo dizem estar satisfeitas com o salário, quando comparado com as funções e atividades desempenhadas; 12,5% estão muito satisfeitas; 12,5% afirmaram estar insatisfeitas e 25% muito insatisfeitas. Quando comparado o salário ao que outras empresas oferecem, obtivemos as mesmas respostas. Dessas duas análises constatou-se com as entrevistas estas porcentagens. Segundo a entrevistada nº 8: “A gente nunca acha que é bem recompensada”. Já a entrevistada nº 2: “Minha remuneração é satisfatória. Tenho condições de pagar minhas próprias despesas e ainda sobra um pouco para passear e comprar umas coisinhas”. E para a entrevistada nº 7: “Não tenho do que reclamar, pois a empresa subsidia o almoço e o transporte, então sobra mais dinheiro para as minhas despesas”. Apesar de a maioria dizer que a remuneração é satisfatória, ainda existe uma parcela considerável insatisfeita, o que prejudicará na análise final com relação ao nível de QVT, pois segundo BOM SUCESSO (1998), este é um fator importante para tal avaliação. 46 Gráfico 10 – Remuneração Satisfeitas 12,5% Muito satisfeitas 25% 50% Muito insatisfeitas Insatisfeitas 12,5% Fonte: Dados da pesquisa Da leitura da tabela referente à motivação em seu ambiente de trabalho, 50% acreditam ser sempre motivadas; 50% consideram ser freqüentemente motivadas. Esta maioria satisfeita contribui para uma boa relação entre líderes e subordinados, uma vez que um ambiente em que os profissionais se sintam motivados é um instrumento ideal de persuasão, como relata CARVALHO e SERAFIM (1995). Gráfico 11 – Motivação no ambiente de trabalho 50% 50% Freqüentemente Sempre Fonte: Dados da pesquisa Observou-se que 50% das Secretárias Executivas concordam parcialmente que desenvolvem um trabalho ou uma profissão que as enriquece humanamente; 37,5% concordam totalmente; 12,5% discordam parcialmente desta afirmação. 47 Estes números podem ser indicadores de que fatores de QVT como, o desenvolvimento de pessoas e a planificação das escolhas de bem-estar, citados por BOOG et al (2002), não têm sido considerados importantes na empresa pesquisada. Gráfico 12 – Desenvolvimento de um trabalho ou uma profissão que o enriquece humanamente 12,5% Concordam Parcialmente 50% 37,5% Concordam totalmente Discordam parcialmente Fonte: Dados da pesquisa Notou-se que 50% das profissionais de Secretariado Executivo freqüentemente têm autonomia em relação ao trabalho desempenhado; 12,5% sempre têm e 37,5% raramente. Vale considerar, também, nesta questão, há quanto tempo estas funcionárias trabalham na FIAT (ver Gráfico 1), pois confiança e credibilidade são adquiridas e conquistadas através das atitudes e com o decorrer do tempo. Gráfica 13 – Autonomia em relação ao trabalho desempenhado 48 Freqüentemente 37,5% 50% Sempre Raramente 12,5% Fonte: Dados da pesquisa Cerca de 62,5% das Secretárias Executivas estão satisfeitas com a segurança e com a estabilidade no emprego; 12,5% estão muito satisfeitas; enquanto 25% estão insatisfeitas. Para FERNANDES (1996), fatores como segurança no emprego e proporções justas nas compensações foram apontados em suas pesquisas como relevantes para se medir a QVT. Gráfico 14 – Segurança e estabilidade no emprego 25% Satisfeitas 12,5% 62,5% Muito satisfeitas Insatisfeitas Fonte: Dados da pesquisa Entre as participantes da pesquisa 50% estão muito satisfeitas com o tratamento ausente de preconceito e as outras 50% estão satisfeitas quanto ao tratamento. Percebe-se que opções como insatisfeitas ou muito insatisfeitas não foram 49 assinaladas, o que demonstra, como afirma MEDEIROS e HERNANDES (1999), que a competência de uma Secretária também se dá com a capacidade em lidar com pessoas. Não só ser tratada ausente de preconceito como principalmente tratar a todos da mesma maneira. Gráfico 15 – Tratamento ausente de preconceito 50% 50% Satisfeitas Muito satisfeitas Fonte: Dados da pesquisa A maior parte das funcionárias, 62,5%, considera que freqüentemente seus trabalhos são reconhecidos pela organização; 12,5% dizem sempre; já 25% afirmam que seus trabalhos nunca são reconhecidos. Como diz MAXIMINIANO (2000), referindo-se à teoria de Maslow, o trabalho tem que ser prazeroso, uma atividade que atenda não somente às necessidades de subsistência mas também às de realizações, de auto-estima e do ego do ser humano. 50 Gráfico 16 – Reconhecimento do trabalho pela organização 25% Freqüentemente 12,5% 62,5% Sempre Nunca Fonte: Dados da pesquisa Percebeu-se que 62,5% das profissionais de Secretariado Executivo sentem-se satisfeitas quanto à realização pessoal pelo trabalho desenvolvido; 12,5% sentem-se muito satisfeitas e 25% demonstraram insatisfação. Este alto índice se satisfação é muito favorável para a empresa, segundo FERNANDES (1996), ao melhorar a satisfação do colaborador, melhora-se a produtividade da empresa. Gráfico 17 – Realização pessoal pelo trabalho desenvolvido Satisfeitas 25% Muito satisfeitas Insatisfeitas 12,5% 62,5% Fonte: Dados da pesquisa 51 Verificou-se que 62,5% das Secretárias Executivas estão muito satisfeitas com a garantia e o respeito pelos direitos trabalhistas, enquanto 37,5% estão satisfeitas. Um sistema organizacional flexível e voltado aos anseios de seus recursos humanos preocupa-se em ter um ambiente no qual se sobreponham o respeito pelo próximo, o espírito de equipe e o respeito pelos direitos trabalhistas, como afirma Bom SUCESSO (1998). Características essas que foram encontradas facilmente na FIAT através da observação participante. Gráfico 18 – Garantia e respeito pelos direitos trabalhistas 37,5% Satisfeitas Muito Satisfeitas 62,5% Fonte: Dados da pesquisa Observou-se que 50% encontram-se freqüentemente estressadas; 37,5% sempre estão estressadas contrastando-se com os outros 12,5% que raramente estão estressadas. Este alto nível de estresse mostra que tais profissionais devem 52 desenvolver uma habilidade para lidar com situações estressantes, as quais ocorrem constantemente em sua rotina em razão de serem as Secretárias Executivas também cumpridoras eficientes e rápidas de ordens e solicitações, como relata SANTANA (2005). Complementando com o que é proposto por FRANÇA e RODRIGUES (1997) o estresse ocupacional refere-se a demandas excessivas de trabalho, o que torna o ambiente ameaçador, contribuindo para a diminuição no nível da QVT. Gráfico 19 – Nível de estresse 13% Freqüentemente 50% 37% Sempre Raramente Fonte: Dados da pesquisa Neste gráfico, notou-se que 25% das Secretárias Executivas concordam totalmente que a FIAT estimula atividades para o controle do estresse, 25% dizem 53 concordar parcialmente; outros 25% afirmam discordar parcialmente e 25% declaram desconhecer qualquer tipo de prática neste sentido. Segundo anotações referentes à observação participante, a empresa pesquisada não fornece nem estimula nenhum tipo de atividade para controle do estresse, o que pode contribuir para parte de suas despesas, como a afirmativa de DELBONI (1997), o estresse representa um alto custo para empresa, uma vez que dias de trabalho são perdidos devido a este fator. Gráfico 20 – Incentivo à prática de atividades para o controle do estresse Concordam parcialmente 25% 25% 25% 25% Concordam totalmente Discordam totalmente Desconhecem Fonte: Dados da pesquisa A partir das entrevistas, foram relatadas as atitudes e as atividades mais motivadoras no ambiente de trabalho, tais como: poder ajudar aos outros; ter contato 54 com diversas pessoas (ambiente interno e externo), ter orgulho do próprio trabalho, estar em contato com a informação a todo o momento, haver respeito entre os colegas e um bom clima organizacional. A entrevistada nº 7 revelou: “O ambiente de trabalho é muito bom e os colegas de trabalho também são muito prestativos e atenciosos”. Este item evidencia a teoria na prática, pois LEVERING (1997) utilizava a confiança na pessoa para quem se trabalha, orgulho pelo que faz e boa convivência com o grupo como exemplos de fatores motivacionais. Outro item questionado foi com relação às atividades estressantes. Apesar da multifuncionalidade das funções as quais desempenham as Secretárias Executivas, observou-se , na sua totalidade, tarefas estressantes, como: excesso de tarefa, volume de ligações, prazos e imprevistos, trabalho além do expediente. Ressalta a entrevistada nº 1: “Mesmo os aparelhos telefônicos terem identificador de chamada, às vezes sabemos que certa pessoa já ligou várias vezes e somos obrigadas a atender para evitar problemas futuros. Mesmo sabendo que ela fará a mesma pergunta e não poderemos ajudá-la....”. Sabe-se que o estresse sempre será parte integrante da vida, mesmo assim deve-se procurar equilibrar trabalho e vida pessoal, para evitar que um interfira no outro. Como afirma BOGG et al (2002) o ser humano não divide, portanto deve-se procurar um equilíbrio entre as suas diversas esferas, psicológica, biológica e social. Questionadas sobre estarem satisfeitas com relação a forma com que ocupam o tempo livre 50% das Secretárias Executivas responderam sim, já a outra metade, 50%, não demonstrou total insatisfação, mas gostariam de disponibilizar mais tempo para o lazer. Afirmou a entrevistada nº 3: “Gostaria de fazer mais coisas, como passear, mas não tenho muito tempo livre porque além de trabalhar, estudo e tenho tarefas na igreja que freqüento”. O dever do trabalho está tão incutido em nossa cultura que quando não se está trabalhando, praticamente não se consegue relaxar. Assistir a um bom filme, ouvir uma boa música e até mesmo dormir são gestos prazerosos e aos quais geralmente 55 não se permite usufruir alegando falta de tempo. Esquece-se que são esses momentos que permitem o surgimento de novas idéias e pensamentos e o despertar da criatividade. Gráfico 21 – Forma como ocupa o tempo livre 50% 50% Satisfeitas Insatisfeitas Fonte: Dados da pesquisa Foi citado pelas profissionais aspectos relacionados à QVT aspectos como o cumprimento das obrigações sem a necessidade de permanência diária além do expediente e um ambiente estável, sadio, respeitoso e produtivo para realização das tarefas. Esses são fatores essenciais para garantir o mínimo de qualidade. Como frisa a entrevistada nº 5: “O respeito pelos horários de começar a trabalhar, almoço e terminar o expediente, são cruciais, pois a maioria das secretárias trabalha 24 horas por dia, pelo celular, e-mails, etc., além dos fins de semana”. Em uma outra abordagem interessante sobre o assunto, afirmou a entrevistada nº 6: “Para mim, este termo Qualidade de Vida no trabalho funciona apenas como uma desculpa para que não fiquemos mais tempo com nossa família. Tendo um bom ambiente de trabalho, conseqüentemente, você passa mais tempo trabalhando”. Segundo a entrevistada nº 4, QVT significa: “Ter condições de trabalho favoráveis para o desenvolvimento de minhas atividades rotineiras, ser bem tratada pelos superiores e ter os benefícios necessários como auxílio à saúde e à 56 alimentação”. Para a entrevistada nº 4, é: “Ter respeito e ser respeitado, acredito ser um bom começo”. Também sobre a QVT, a entrevistada nº 2 diz: “Não tenho motivos para reclamar do meu salário e o relacionamento com os colegas é bom. Também me sinto bem dentro da Fiat, acho uma empresa muito boa para trabalhar. Mas às vezes me estresso um pouco com a quantidade de telefonemas para atender e outras coisas do tipo”. Para MOLLER (1993), um dos investimentos mais lucrativos que uma empresa pode fazer é com relação à QVT. Percebe- se que a FIAT, segundo os resultados tem tido atitudes em direção à melhoria das condições de trabalho, como por exemplo: café-da-manhã setorial toda sexta-feira, investimento em novas tecnologias, material de escritório e.intercâmbio de mão-de-obra e conhecimento com a sede na Itália. Contudo ainda existem muitas coisas a serem mudadas, adaptadas, atualizadas e melhoradas. Observou-se que os comentários com relação aos horários foram bastante frisados tanto nos questionários como nas entrevistas como forma desabafo. Segundo a observação participante, este foi um dos fatores que mais se sobressaiu. Não só com relação aos profissionais de Secretariado Executivo, mas, de uma forma geral, todos na empresa sempre chegam antes do expediente e saem depois e como o volume de trabalho é muito grande, quase nunca se respeita o horário de almoço, marcado sempre compromissos inadiáveis para este horário. Para DAL ROSSI (2006), a duração da jornada de trabalho afeta não só a QVT como também a QV, pois interfere na possibilidade de usufruir ou não do tempo livre. Em outra parte da entrevista, ao se pedir a estas profissionais dessem sugestões para melhorara a QVT na FIAT, foram obtidas respostas como: respeitar o horário de trabalho, criar uma sala de descanso e contratar profissionais especializados para que alongamentos sejam feitos regularmente durante a jornada de trabalho afim de se prevenir doenças. Também estabelecer uma maior divisão das 57 tarefas. Sugere a entrevistada nº 5: “Poderíamos ter um tempo para malhar, isso não comprometeria nosso horário de trabalho e acredito que melhoraria nosso animo e rendimento”. E, para a entrevistada nº 6: “No meu caso específico, que assessoro mais de um diretor, sugiro a contratação de mais secretárias, pois futuramente não sei se agüentarei este ritmo de trabalho”. Espera-se ainda com esse trabalho, poder transformar o contexto no qual a pesquisadora esteve inserida, durante o seu estágio supervisionado e conseqüentemente a observação participante, pois acredita-se que pessoas e instituições geralmente tendem a rever suas posições, quando questionadas por estudos sérios e pertinentes, que visem melhorar as relações sociais, afetivas, profissionais de todos os seus envolvidos. 58 7 – CONCLUSÃO Percebe-se, com as mudanças que ocorreram no pensamento mundial acerca da relação homem versus trabalho, que as organizações passaram a se preocupar não somente com a lucratividade e produtividade da empresa, mas também com o ser humano na relação de trabalho. QV e QVT passaram a ser assuntos amplamente discutidos e estudados, o que refletiu a tendência de valorização do homem em seu ambiente de trabalho, benéfica tanto para o desenvolvimento humano quanto para os resultados da empresa. Com o objetivo geral de identificar o nível de QVT dos profissionais de Secretariado Executivo das diretorias da FIAT Automóveis S.A., foi realizada uma análise para verificar se os horários são sensatos e examinar se a remuneração é satisfatória, além de apresentar o grau de motivação e mostrar o nível de estresse das entrevistadas. Observou-se, neste trabalho, por meio da realização do estudo de caso proposto, que a QV dos profissionais da área de Secretariado Executivo das diretorias da FIAT apresenta-se em níveis satisfatórios. Os resultados encontrados na triangulação dos dados do questionário, entrevista e observação participante não foram os esperados pela pesquisadora, que 59 supunha obter dados que comprovassem, em sua maioria, um nível insatisfatório de QVT. Observou-se que os horários de trabalho não são cumpridos, constituindo um dos elementos mais desgastantes na relação trabalhador-empresa. Aprender e entender o significado de se impor limites resultará em um melhor aproveitamento da vida pessoal e profissional. Apesar de a maior parte das entrevistadas alegar que a remuneração é satisfatória, ao examinar este fator percebeu-se que ainda existe uma parcela considerável insatisfeita, o que prejudicou a análise final com relação ao nível de QVT. O grau de motivação apresentou-se como um dos fatores mais positivos dentro do ambiente de trabalho da empresa pesquisada, enquanto o nível de estresse mostrou-se alto e sem nenhuma medida preventiva ou remediadora. Averiguou-se, portanto, que as Secretárias Executivas das diretorias da FIAT consideram que o ambiente de trabalho onde atuam tem QV, o que não quer dizer que não possa e não deva ser melhorado, e que sugestões não tenham sido feitas. Atualmente, as pessoas acabam sentindo-se pressionadas a tornarem-se superprofissionais para que consigam seu espaço no mercado. Para ser secretário executivo, assim como qualquer outro profissional, demanda-se muito estudo e treino. Este deve-se preparar, intelectual e emocionalmente, para crescer profissionalmente e alcançar seus objetivos. Ainda que a empresa desenvolva métodos capazes de elevar os índices QVT de seus empregados, nada mudará se os próprios indivíduos não promoverem mudanças internas e mostrarem-se comprometidos e interessados. Para que sejam concretizadas tais mudanças, os profissionais de Secretariado Executivo da FIAT devem buscar uma melhor qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho, procurar ter atitudes preventivas, perceber o mundo de forma positiva, manter a harmonia na empresa, ter orgulho pela tarefa desempenhada, repensar as prioridades de vida, aproveitar a organização para poder crescer, 60 equilibrar razão e emoção, ter maior flexibilidade para lidar com as diferenças, estabelecer metas para a vida. Em relação ao estudo realizado podemos dizer que não foi conclusivo nem esgota o assunto. Foi um importante contato inicial, um momento de reflexão acerca do tema proposto, que nos permitiu perceber que, em virtude das mudanças que ocorreram ao longo da história no pensamento mundial no que se refere à relação homem versus trabalho e de muito se falar sobre a importância da QVT, atualmente, encontramos grandes organizações mais conscientes, preocupadas em desenvolver modelos estruturais capazes de conferir a seus empregados níveis satisfatórios e equilibrados entre QV e QVT, uma vez que o ambiente de trabalho é o local onde as pessoas passam a maior parte de seu tempo e, portanto, exerce grande influência em todos os aspectos da vida humana. Assim, esta pesquisa atingiu os objetivos propostos ao verificar como a QVT nas diretorias da FIAT Automóveis S.A. se encontra e, conseqüentemente, apresentar para os profissionais da área de Secretariado Executivo um exemplo do ambiente de trabalho secretarial. 61 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Qualidade de Vida – ABQV. In: Capturado em 10.05.2007. BERGAMINI, D.; MASIERO, R. C.; VILAS BOAS, A. A. Trabalho ou lazer? Transforme sua empresa. In http://www.aedb.br/seget/artigos05/354_TRABALHO_OU_LAZER[1].art.resende.2.pdf. Capturado em: 20.05.2007. BOM SUCESSO, Edina de Paula. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya, 1998. BOOG, Gustavo G. et al. Manual de gestão de pessoas e equipes: estratégias e tendências. Volume 1. São Paulo: Editora Gente, 2002. CARVALHO, A. v. de; SERAFIM, O. C. G. Administração de recursos humanos, volume II.São Paulo: Pioneira, 1995. CHIAVENATO, I. Remuneração, benefícios e relações de trabalho. 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Cristina; RODRIGUES, Avelino. Stress e trabalho: guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 1997. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M de Andrade. Fundamentos da metodologia de pesquisa científica. 4ªedição. São Paulo: Editora Atlas S. A., 2001. LAVILLE, C; DRONNE, J. A construção do saber : manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. LEVERING, R. Um Excelente Lugar Para se Trabalhar. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 1997. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 2000. MAY, Tim. Pesquisa social: questões, métodos e processos. Traduzido por Carlos A. S. N. Soares. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2004. MEDEIROS, J. B.; HERNANDES, S. Manual da secretária. 7ª edição. São Paulo. Editora: Atlas, 1999. MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade. São Paulo: Pioneira, 1993. MOTTA, F. C. P. Teoria geral da administração: uma introdução. 8ª edição. São Paulo: Pioneira, 1980. PETRONE, Luigi. 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Traduzido por OP Traduções. São Paulo: Editora Best Seller, 1990. SHUMPETER, Joseph A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 65 10 – APÊNDICE 66 10.1 – QUESTIONÁRIO UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES Prezado(a) Profissional de Secretariado Executivo, Conto com a sua colaboração para responder o questionário abaixo sobre “Qualidade de Vida no Trabalho dos profissionais de secretariado das diretorias da FIAT Automóveis S.A.”, cujo objetivo é o desenvolvimento de minha monografia na UFV. Ao final da pesquisa, estarei enviando a tabulação dos dados coletados. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguro o sigilo absoluto sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Por acreditar que sua participação é importante para o melhor entendimento da proposta da pesquisa, aguardo o seu breve retorno. Obrigada, Marianne Lucas Silva Carvalho Secretária Executiva Trilíngüe Contatos: (31) 9822-9516 e [email protected] Gostaria que levasse em conta os seguintes aspectos: Marque apenas uma opção; Verifique cada seção para ter certeza que respondeu todos os itens; Não resolva seu questionário no ambiente de trabalho. Ao responder as perguntas, procure fazê-lo da maneira que você está sentindo e não da maneira como você acha que seria a resposta correta. 67 1 - Sexo: ( ) Feminino 2 - Faixa etária: ( ) até 25 anos ( ) mais de 45 anos ( ) Masculino ( ) de 26 a 35 anos 3 – Estado civil: ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) divorciado/desquitado Qual?_____________________ ( ) de 36 a 45 anos ( ) casado/amigado ( ) outros. 4 – Instrução: (obs: pode-se marcar mais de uma opção) ( ) superior completo ( ) superior em andamento ( ) superior incompleto ( ) Pós-graduação latu sensus ( ) mestrado ( ) doutorado ( ) curso de línguas 5 – Você pretende continuar os estudos? Daqui a quanto tempo? _____________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 6 – Há quanto tempo você trabalha nesta empresa? ( ) menos de 5 anos ( ) entre 6 e 10 anos ( ) entre 11 e 15 anos ( ) mais de 15 anos 7 - Há quanto tempo você está na função atual? ( ) menos de 5 anos ( ) entre 6 e 10 anos ( ) entre 11 e 15 anos ( ) mais de 15 anos 8 - Está satisfeita com a forma que ocupa seu tempo livre? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 9 - Quantas horas diárias você trabalha? _________________________________ 10 - Quantas vezes por semana você fica além do expediente? ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( ) todos os dias 11 - Você tem que trabalhar aos fins de semana? ( ) sim ( ) não 12 - Quantas vezes por mês? ( )1 ( )2 ( )3 ( ) todos os finais de semana 13 - Em quantos locais você trabalha? ____ Por quê?__________________________________________________________ 14 – Atualmente, a sua opção profissional corresponde às suas expectativas iniciais? ( ) sim ( ) não 68 15 – Em sua opinião o profissional de secretariado é mais reconhecido no mercado de trabalho por: ( ) ser uma pessoa que toma iniciativa ( )sua capacidade de antecipar e resolver problemas ( ) sua habilidade em gerenciar situações delicadas, sigilosas e de alto risco Aponte uma alternativa para cada afirmação que você julga compatível com a sua percepção e vivência a respeito das variáveis de acordo coma escala: 0. não sei / sem resposta 1. discordo totalmente / nunca/ muito insatisfeito 2. discordo parcialmente / raramente/ insatisfeito 3. concordo parcialmente / freqüentemente/ satisfeito 4. concordo totalmente / sempre/ muito satisfeito Nº 16 – Sente-se parte da FIAT por conhecer sua missão, visão, valores e princípios 17 – Possui uma visão sistêmica do setor aonde trabalho 18 – É convidado a dar sugestões quando seu setor enfrenta algum problema 19 – Recebe treinamento regularmente como forma de reciclagem e aprimoramento 20 – É incentivado pelos seus superiores para contribuir para atingir as metas do seu setor 21 – Recebe um feedback (elogios ou críticas) referente às atividades que exerce 22 – Conhece os seus limites 23 – Salário justo quando comparado com as funções e atividades que desempenha 24 – Salário justo quando comparado ao de outras empresas 25 – É motivado em seu ambiente de trabalho 26 – Desenvolve um trabalho ou uma profissão que o enriquece humanamente 27 – Autonomia em relação ao trabalho desempenhado 28 – Segurança e estabilidade no emprego 29 – Tratamento ausente de preconceito 30 – Reconhecimento de seu trabalho pela organização 31 – Realização pessoal pelo trabalho desenvolvido 32 – Garantia e respeito pelos direitos trabalhistas 33 – Você se sente estressado 34 – A FIAT estimula atividades para o controle do estresse 35 – Estabeleça notas de 1 a 5, sendo 1 a menor e 5 a maior, aos fatores a seguir de acordo com a importância que representam para você: ( ) motivação ( ) horários de trabalho sensatos ( ) remuneração satisfatória ( ) nível de estresse 69 36 – Em sua opinião o profissional de secretariado é mais valorizado no mercado de trabalho por: ( ) ser uma pessoa que toma iniciativa ( ) sua capacidade em resolver problemas ( ) sua habilidade em registrar e gerenciar problemas 70 10.2 – ENTREVISTA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 1 – O que mais lhe motiva em seu trabalho? 2 – Cite três atividades profissionais, exercidas por você, consideradas estressantes: 3 – Comente sobre a sua remuneração. 4 – Para você, o que significa Qualidade de Vida no Trabalho? 5 – Você considera ter Qualidade de Vida em seu ambiente de trabalho?Por quê? 6 - Dê sugestões para melhorar a Qualidade de Vida no ambiente de trabalho da FIAT: 71 10 – ANEXOS 72 Razão Social: FIAT Automóveis S.A. Área de atuação: Indústria Automobilística. Localização: Rodovia Fernão Dias, km 429 – Betim-MG, Brasil 32530-000. Número de colaboradores na fábrica: Aproximadamente 9000 funcionários e 9500 terceirizados. Formação acadêmica dos funcionários: Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Eletrônica e Elétrica, bem como Administração, Direito, Contabilidade, Economia, Relações Públicas, Marketing, dentre outras áreas afins. 11.1.1 – HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA ORGANIZAÇÃO Inicialmente, as atividades do Grupo FIAT englobavam desde a produção de automóveis, veículos industriais, agrícolas a ambulâncias, locomotivas, metralhadoras e até motores submarinos. Mas essa diversidade toda não era lucrativa, foi então que decidiram priorizar e investir mais na fabricação de carros e vender algumas das fábricas de produtos que não tinham muita ligação com o setor automobilístico. O centro de suas atividades está na Itália, porém existem subsidiárias em 61 países, com 1063 unidades que empregam aproximadamente, 223.000 pessoas, sendo 111 mil fora da Itália. Possui hoje fábricas na Turquia, China, Polônia, Argentina, África do Sul e Índia, ainda em expansão, onde se produz modelos adaptados aos mercados locais e à exportação. 73 11.1.2 – HISTÓRICO NO BRASIL A FIAT Automóveis iniciou a sua história em nosso país desde a década de 70, com o objetivo de criar um pólo industrial em Minas Gerais. Desde o princípio de sua construção, em 1974, a FIAT – Fabbrica Italiana Automobili Torino, colocou em perfeitas condições de funcionamento uma área coberta de 350 mil metros quadrados (2.245.000 metros quadrados de área total). Em sua inauguração, a fábrica causou uma verdadeira revolução no mercado, indicando tendências, tecnologias e processos até então disponíveis apenas em países avançados. Atualmente, a FIAT Automóveis S.A. possui 613.800 metros quadrados cobertos com uma capacidade de produção instalada de 2.440 veículos por dia. Sua produção é de 1.860 veículos por dia. Possui 18.500 empregados, sendo 9.000 diretos e 9.500 indiretos. Possui também cerca de 260 fornecedores de componentes e autopeças. Em 30 anos a empresa fez uma revolução e mudou conceitos da indústria, principalmente na automobilística brasileira, com o pioneirismo e a capacidade de inovar, sendo a primeira montadora a se instalar fora do eixo Rio – São Paulo e capaz de conseguir mercado de norte a sul do país. Com padrões de vendas e pós-vendas com qualidade crescente, a rede de concessionárias FIAT é uma das responsáveis pelo sucesso da marca junto ao público e representa um dos melhores exemplos da prática de parceria pela empresa. São 285 concessionárias e 254 pontos de atendimento em todo o País, o que permite à Fiat maior proximidade do consumidor e a oferta de melhores serviços. Segundo o presidente da FIAT no Brasil, Cledorvino Belini: “A Fiat é uma empresa plenamente identificada com o Brasil, não só pela forte empatia existente entre as culturas italiana e brasileira, mas também pela 74 capacidade que tivemos de entender o mercado e o nosso consumidor, oferecendo a eles produtos com alta identificação com suas necessidades e expectativas”. Quanto aos fornecedores, estes também são parceiros estratégicos da organização, na busca da competitividade em todos os elos da cadeia produtiva. Com um movimento de cerca de R$ 4 bilhões em compras anuais, a FIAT busca o desenvolvimento de seus componentes em conjunto com as empresas fornecedoras, ao mesmo tempo em que estimula a nacionalização de peças, reduzindo custos com importação e aumentando o volume de negócios no País. Nesta mesma linha, ela exerce papel importante na abertura de mercado externo para seus fornecedores, seja através da exportação de veículos já prontos ou no fornecimento de peças para outras fábricas da FIAT no mundo. A presença da fábrica e seus fornecedores ajudaram a cidade de Betim a ter o segundo maior Produto Interno Bruto – PIB de Minas Gerais, divulgado pelo IBGE em 2005. O constante investimento da montadora no Brasil é evidente, pois a capacidade de produção passou de 200 mil veículos para 650 mil atuais, o que a coloca no ranking das principais empresas exportadoras da indústria brasileira. 75 11.1.3 – MISSÃO, VISÃO, VALORES E PRINCÍPIOS 76 77 A cidadania é um exercício permanente, tanto dentro da fábrica quanto junto à sociedade. Na área ambiental, a FIAT expressa o seu respeito pelos recursos naturais com seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA) dentro dos parâmetros da Norma ISO 14001, tornando-se a primeira montadora a obter esta certificação. O SGA absorveu investimentos de US$ 90 milhões desde 1990 e permite, entre outras conquistas, a recirculação de 92% da água utilizada no processo de produção – o maior índice entre as montadoras no país. Só esta economia representa o abastecimento de uma cidade com 20 mil habitantes por ano. Outra medida da responsabilidade ambiental foi a redução da geração de resíduos por veículo produzido, para 270 quilos, dos quais 92% são destinados à reciclagem. Compromissada também com a educação, a FIAT desenvolve programas de educação para o trânsito, de estímulo à brasilidade e de inclusão social que, ao longo de sete anos, já beneficiaram cerca de 22 milhões de brasileiros, a maioria jovens em idade escolar, com investimentos de R$ 32 milhões. Ela criou em sua fábrica o Complexo Ecológico que simboliza um esforço para a melhoria do desempenho ambiental de suas atividades. São diversos projetos, como a reciclagem de materiais e estações de tratamentos de água e poluentes atmosféricos, diminuindo de maneira significativa a emissão de resíduos no meio ambiente. Assim, ela demonstra respeito à natureza em seus processos industriais. 78 11.1.4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS DIRETORIAS 79