Toxicidade das águas da Lagoa da Porteira, Palmares do Sul, RS, relacionada à floração de algas Milena Gedoz1; Taísa F. Maffazzioli; Aline G. da Silva; Rosane Lanzer2; Universidade de Caxias do Sul, Centro de Ciências Agrárias e Biológicas, Laboratório de Toxicologia e Limnologia. BIT/Inovação ¹[email protected] , ²[email protected] Introdução e Objetivo Resultados As lagoas costeiras do Rio Grande do Sul, por suas características ecológicas, são ecossistemas vulneráveis. A Lagoa da Porteira localizada no município de Palmares do Sul (Fig. 1), tem superfície de 18,7 km² e uma profundidade máxima de 4,5 m. As águas da lagoa são utilizadas para irrigação do arroz, além da pesca, turismo e lazer. A eutrofização das águas da Lagoa da Porteira tem como consequência a frequente floração de algas. Essas florações são, muitas vezes, dominadas por cianobactérias que produzem toxinas. Para avaliar os riscos do uso dessas águas à saúde, foram realizados ensaios de toxicidade crônica. No período de floração, ambos os ensaios evidenciaram diferenças significativas na reprodução dos organismos em relação ao controle (Tab. 1). Efeito sobre a sobrevivência foi verificado somente para C. dubia. A análise do fitoplâncton identificou a presença dos gêneros Anabaena, Chrococcus, Microcystis e Coelomoron de cianobactérias. Tabela 1. Resultados de toxicidade nos ensaios realizados com as amostras bruta e filtrada em época de floração e sem floração de algas na Lagoa da Porteira, Palmares do Sul, RS. Efeito/ Amostra Mortalidade Filtrada Reprodução Crescimento Bruta Filtrada Bruta Filtrada Bruta C. dubia D. magna Não avaliado Não avaliado ___ C. dubia C. dubia Com Floração C. dubia C. dubia C. dubia D. magna Sem Floração ___ ___ C. dubia Na amostra de inverno, D. magna não apresentou diferença estatística em relação ao controle para os parâmetros avaliados. C. dubia mostrou diferença significativa no crescimento para as amostras bruta e filtrada, e na reprodução apenas para a amostra filtrada. A avaliação do fitoplâncton não detectou a presença de cianobactérias. Foto: Alois Schäfer Figura 1. Localização do município de Palmares do Sul com destaque para a Lagoa da Porteira. Discussão Metodologia As amostras foram coletadas em 2012, no verão (durante a floração) e no inverno (em período sem floração de algas). Nos testes foram utilizados os organismos-teste Ceriodaphnia dubia (ABNT 13373/2005) (Fig. 3) e Daphnia magna (OECD 211/2008) (Fig. 4). Os ensaios foram realizados com a amostra bruta e filtrada (0,45μm) (Fig. 2), sendo avaliados os parâmetros de reprodução e mortalidade. O crescimento foi acompanhado na amostra de inverno. Esses resultados podem ser explicados pela difícil degradação de alguns tipos de cianotoxinas (FUNASA, 2003; BRANDÃO et al., 2006), que permanecem na água por longos períodos após as florações. A ausência de efeito sobre a reprodução na amostra bruta ocorreu possivelmente pela maior quantidade de recursos alimentares disponíveis em comparação à amostra filtrada (BARROS, 2001). Considerações Finais A evidência de toxicidade nas águas da lagoa pode significar risco à saúde humana, especialmente para pescadores e banhistas. Figura 3. Ceriodaphnia dubia. Figura 2. Esquema mostrando como os ensaios foram desenvolvidos. Figura 4. Daphnia magna. Patrocínio Referências Bibliográficas FUNASA – Fundação Nacional de Saúde (2003). Cianobactérias tóxicas na água para consumo humano na saúde pública e processos de remoção em água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 56p. BARROS, P. A. G. (2001). Efeitos tóxicos de cianobactérias em cladóceros. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto, 131p. BRANDÃO, L. H. & DOMINGOS, P. (2006). Fatores ambientais para a floração de cianobactérias tóxicas. Saúde & Ambiente em Revista, 1(2): 40-50. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-13373 (2005). Ecotoxicologia aquática – Toxicidade crônica – Método de Ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustácea, Cladocera). Rio de Janeiro. 15p. OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development, 211 (2008). Guideline for the Testing of Chemicals. Daphnia magna Reproduction Test. 23p. Projeto: LACOS II www.projetolacos.blogspot.com www.ucs.br/site/lacos2