Câncer e Meio Ambiente – Uma Avaliação Recente Luiz Prado [email protected] www.luizprado.com.br http://www.portaldomeioambiente.org.br/colunistasda-rebia/luiz-prado.html Painel Presidencial Sobre Câncer • O Painel foi criado em 1971 • Nos vários últimos anos, os relatórios têm mencionado os fatores ambientais de riscos • O último relatório concentrou-se nesses fatores Último Relatório – Publicado em 2010 • 45 especialistas de vários setores • 4 encontros em setembro de 2008 e janeiro de 2009, com os seguintes temas: 1. Exposição Industrial e Ocupacional 2. Exposição na Agricultura 3. Poluição do ar (interior e exterior) e da água 4. Nuclear, Radioatividade, Campos Eletromagnéticos Números Globais • Em 2009, cerca de 1,5 milhão de novos casos de câncer e 562.000 mortes pela doença • 41% dos cidadãos terão um diagnóstico de câncer em algum ponto de suas vidas e 21% morrerão de câncer • Custos de US$ 243,4 bilhões, dos quais US$ 99 bilhões em custos médicos diretos Causas Estimadas • Menos de 5% dos casos de câncer podem ser atribuídos a um único gene; • Um percentual desconhecido pode decorrer de processos endógenos (detoxificação celular gerando radicais livres e envelhecimento com danos à reprodução do material genético) • O restante se deve a fatores exógenos (ao corpo), alguns controláveis. Doll & Peto e Outros – Elementos Largamente Subestimados do Peso Relativo de Fatores Ambientais • O relatório critica a metodologia utilizada por Doll & Peto em 1981 e outras similares: saúde ocupacional com 4%, poluição com 2%, produtos industriais < 1%, procedimentos médicos 1%. Doll & Peto resumiram-se à estudos epidemiológicos na grande indústria e desconsideraram sinergias, entre outros fatores. • “A combinação da exposição aos fatores de risco pode ter efeitos sinérgicos, sequenciais ou cumulativos. Além disso, hoje já se sabe que as pessoas são mais suscetíveis em alguns períodos da vida, como a fase pré-natal, a infância e a puberdade. A suscetibilidade genética pode fazer com que a exposição a fatores de risco seja potencializada e a cada dia fica mais evidente que os fatores de risco podem afetar múltiplas gerações”. Exposições que Aumentam os Riscos • Hormônios e substâncias químicas sintéticas que agem como estrogênios – a exposição a doses maiores de estrogênio por períodos maiores aumentam os riscos de cânceres ligados aos hormônios • Outras substâncias químicas que afetam o sistema endócrino são precursoras de cânceres – aumentam as evidências entre as EDCs – endocryne disruptive chemicals e os cânceres de mama e outros. • Substâncias que causam inflamação/irritação de tecidos são conhecidas como causadoras ou precursoras de câncer do sistema respiratório – asbestos, cigarros, fumaça de queima de combustíveis. Danos ao DNA por Radiação e Substâncias Químicas • Substâncias químicas podem causar a supressão da expressão do gene ou a sua super-expressão, até em gerações subsequentes: o caso dyethylstilbestrol (DES), amplamente utilizado como medicamento entre 1938 e 1971, com mal formação do sistema reprodutivo e tipos raros de câncer cervical e vaginal (as filhas do DES) • A mortalidade decorrente do câncer vem diminuindo, mas o aumento no número de casos não pode ser atribuído apenas ao desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas de detecção, como a ultrassonografia e a ressonância magnética. Curva Ajustada da Incidência de Câncer em Menores de 20 Anos Fatores Genéticos? Limitações Orçamentárias para a Pesquisa Epidemiológica • O orçamento para pesquisa epidemiológica e sobre fatores ambientais é nitidamente limitado: apenas 14% dos US$ 4,83 bilhões do Instituto Nacional de Câncer dos EUA (há outras fontes fora do Governo, como a American Cancer Society) • Dificuldades metodológicas para avaliação de risco: do “homem de referência ao teste de substâncias individualmente” (já se sabe que o “o homem de referência” representa apenas uma pequena fração da população e já se sabe que a exposição da mulher às mesmas doses de radiação tem risco 50% mais elevado). • Os EUA não usam padrões internacionais e a OSHA usa padrões “economicamente viáveis” para o ambiente ocupacional. • O relatório propõe novas metodologias e novos laboratórios, além de uma “química verde”. Inconsistências Regulatórias • As diferenças nas metodologias levam a resultados muito diferentes: US NTP X IARC; • Até abril de 2009, a IARC havia analisado 950 substâncias e compostos – 108 identificados como carcinogênicos para humanos, 63 como prováveis carcinogênicos, 248 como possivelmente carcinogênicos, e 515 não puderam ser avaliados por falta de evidências ou de pesquisas suficientes. • GHS – Globally Harmonized System da ONU, em desenvolvimento Epidemiologia? “Atualmente, os dados sobre o número de trabalhadores expostos às substâncias carcinogênicas mais conhecidas são de 20 e até 30 anos atrás. Assim, realmente não sabemos o que está acontecendo com a nossa força de trabalho” Paul Schulte Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional Abordagem Regulatória – Princípio da Precaução • Requer evidências incontroversas antes de ações preventivas; • Cabe à sociedade demonstrar que um composto é danoso; • Não há considerações relativas a impactos sobre a saúde e o meio ambiente no desenvolvimento de novas tecnologias; • Desencoraja a participação pública nos processos decisórios sobre novas tecnologias, substâncias químicas e níveis de exposição.... • Mas... É possível mudar isso? Será Possível Desenvolver um Método “Científico”? Enzimas podem catalisar vários milhões de reações químicas por segundo. Um composto que tem uma meia vida de 78 milhões de anos – orotidine 5’-monofosfato – pode ser decarboxilado em 25 mili-segundos na presença de orotidine 5’ – decarboxilase de fosfato. • Sistema de avaliação de substâncias individuais X sistema de avaliação de feitos sinérgicos com níveis de exposição variáveis....