Descartes e seus múltiplos discursos
Carmel da Silva Ramos
PPGLM/UFRJ
Esta apresentação parte do postulado de que não há distinção entre forma e conteúdo
para propor uma dupla investigação. Cumpre dar conta, por um lado, do estilo adotado
por Descartes em pelo menos duas de suas obras (Meditações Metafísicas e Discurso do
Método) e, por outro, das consequências destas opções expositivas para seu
pensamento. Sabendo que tanto o gênero meditativo quanto o autobiográfico não são
novos na história das ideias, uma vez que já figuram na literatura medieval
predecessora, qual a originalidade de Descartes ao se apropriar deles? Ainda, é possível
ensinar o método ou, como nos revela a primeira parte do Discurso, pode-se apenas
fornecer um exemplo determinado do percurso para conquistá-lo? Nossa solução
caminha na direção de afirmar que a abundância de gêneros discursivos no
cartesianismo tem a ver com uma preocupação pedagógica não só de um ponto de vista
histórico, isto é, substituir a filosofia aristotélica nas escolas; mas também de uma
definição mesma de filosofia caracterizada não tanto pela doutrina acabada, mas pelo
processo autônomo de invenção da mesma.
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