Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 UTILIZAÇÃO DE MODELOS DIDÁTICOS NO ENSINO-APRENDIZADO EM IMUNOLOGIA Fernanda Pires Corpe (Universidade Federal do Ceará – Bolsista PID- UFC) Erika Freitas Mota (Professora Adjunta do Departamento de Biologia- Universidade Federal do Ceará e Coordenadora do PIBID-Biologia-UFC) RESUMO Diariamente, os professores se deparam com a dificuldade na aprendizagem e com a desmotivação dos alunos. Para ultrapassar as diversas barreiras, os modelos didáticos são excelentes alternativas. Esse trabalho objetivou a confecção e aplicação de dois modelos didáticos, na disciplina de Imunologia do Curso de Ciências Biológicas da UFC-CE. Os dois modelos didáticos priorizaram os conteúdos considerados complexos e de difícil compreensão pelos alunos. Para a confecção do primeiro modelo, foram utilizadas cartolina, barbante, fita adesiva, tesoura e canetinhas coloridas. Já para o segundo modelo, usou-se E.V.A. Esses modelos constituíram importantes ferramentas para melhorar a aprendizagem da Imunologia e possibilitaram a construção de novos saberes a partir da prática lúdica e interativa. Palavras-chave: Modelos didáticos, Ensino de Biologia, Imunologia Introdução Ao se pensar na realidade em sala de aula, os professores se deparam com a dificuldade na aprendizagem e na desmotivação dos alunos. As práticas pedagógicas vivenciadas que não apresentam nenhuma relação com o cotidiano do aluno despertam pouco sua curiosidade, privilegiando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas vigentes na sociedade passados de forma conteudista e desarticulada, resultando no desinteresse do aluno que não percebe o sentido daquilo que está sendo ensinado (BEHAR, PASSERINO & BERNARDI, 2007). Muito se tem questionado sobre como ultrapassar as diversas barreiras impostas pelo sistema tradicional de educação. Diante dessas barreiras e entraves em sala de aula, é de fundamental importância que os educadores desenvolvam métodos pedagógicos diferenciados que promovam o aprimoramento das aulas. 2070 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Um dos métodos muito difundido nas instituições de ensino consiste na utilização de modelos didáticos visando contribuir no ensino-aprendizado por parte dos professores e alunos. A utilização de estímulos visuais é abordada por Piaget em sua teoria a respeito do desenvolvimento da inteligência, fazendo-se o uso da imagem mental e da memória no processo de construção intelectual (AMORIM, 2013). Para Cavalcante e Silva (2008), os modelos didáticos permitem a experimentação, dando oportunidade aos estudantes de correlacionarem a teoria com a prática. Propiciando a compreensão dos conceitos, o desenvolvimento de habilidades e competências. Almeida (2003) apud Orlando (2009, p.13) enuncia que o rendimento dos estudantes aumenta de forma significativa quando se trabalha de forma interativa e participativa. Logo, o envolvimento dos estudantes nas atividades que utilizam modelos didáticos e ilustrações promove uma melhor assimilação dos conteúdos e aquisição do conhecimento por parte dos estudantes. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivos a confecção e aplicação de dois modelos didáticos, nas aulas da disciplina de Imunologia, para alunos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Ceará (UFC). Material e métodos Foram elaborados dois modelos didáticos, intitulados “Modelo do rearranjo dos receptores de células T e anticorpos” e “Modelo do processamento e apresentação de antígenos”. O primeiro modelo vem sendo aplicado com êxito em turmas da disciplina de Imunologia desde 2010. O segundo modelo foi elaborado, aplicado e avaliado pela turma de Imunologia, do curso de Ciências Biológicas, no primeiro semestre de 2014, cujo conteúdo programático aborda esses assuntos. Nesse semestre de 2014, após a aplicação dos dois modelos didáticos, os estudantes responderam questionários. Esses modelos priorizaram os principais conteúdos da disciplina considerados complexos e de difícil compreensão pelos alunos. 2071 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 O modelo do rearranjo consistiu basicamente em simular os principais eventos de rearranjo somáticos que ocorrem para a geração do repertório de diversidade dos receptores de células T e anticorpos (imunoglobulinas). Os receptores de células T e os anticorpos são proteínas, e portanto, precisam passar pelo processo de tradução, antecedido pelo processo de transcrição dos genes contidos no DNA dos linfócitos T e B. Essas proteínas possuem cadeias leves e pesadas, as quais apresentam domínios de regiões variáveis e regiões constantes, sendo a região variável constituída por segmentos gênicos separados (segmento V, D e J), unidos por recombinação somática para formar um exon completo da região variável. Para que a união desses segmentos ocorra, há a necessidade de enzimas específicas que promovam esse processo, denominadas proteínas RAG 1 e RAG 2, que juntas formam um complexo ativo. Outra fração da diversidade dos receptores advém dos processos de diversidade juncional. Os processos de junção consistem na inserção aleatória de nucleotídeos P e N e por deleção de alguns nucleotídeos nas extremidades dos segmentos gênicos, catalisados pela enzima específica desoxinuleotidil terminal (TdT). O processo de recombinação somática envolve além das enzimas já descritas, outras que auxiliam os eventos para a formação das regiões variáveis, como a enzima Artemis e Dna ligase (ABBAS et al, 2008). Levando em consideração esses aspectos do conteúdo, para a confecção desse modelo, foram utilizados materiais de fácil obtenção, como cartolina, barbante, fita adesiva, tesoura, canetinhas coloridas e um roteiro (Figura 1). Figura 1: Modelo do rearranjo de receptores de células T e anticorpos. Fonte: arquivo pessoal As cartolinas simularam os segmentos gênicos envolvidos no processo de rearranjo, constituindo os segmentos V, D e J para as cadeias pesadas e segmentos 2072 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 gênicos V e J para as cadeias leves dos receptores de antígenos. As cartolinas foram aderidas a um barbante, simulando a sequência da região genômica na cadeia de DNA. Após a sua confecção, os alunos puderam realizar os eventos necessários para a geração dos receptores. A tesoura simulou a ação endonucleásica do complexo RAG, que promove um corte nas ligações fosfodiéster dos segmentos gênicos de DNA, deixando uma hidroxila livre que reage formando um grampo na extremidade codificadora. A ação da enzima Artemis, juntamente com outras proteínas, promoveu a abertura do grampo formado, permitindo a criação de extremidades diversas através da adição de nucleotídeos pela TdT. As extremidades foram ligadas pela enzima Dna Ligase, simulada pela fita adesiva. O modelo de processamento e apresentação dos antígenos aos linfócitos foi confeccionado a partir de folhas de E.V.A. com diferentes cores (Figura 2). Esse modelo possibilitou demonstrar a interação entre duas células, a que processa o antígeno e o apresenta às células T (célula apresentadora de antígeno- APC) e a célula T que o reconhece especificamente com seus receptores (TCR) e efetua mecanismos que possibilitam a eliminação dos patógenos. O modelo funciona basicamente como um jogo de quebra-cabeças, no qual os estudantes precisam encaixar cada elemento na sequência adequada para o processamento dos antígenos e sua apresentação. Três situações foram propostas aos estudantes, as quais consistiam na captura e processamento de antígenos extracelulares; no processamento de antígenos intracelulares e secreção de anticorpos pelas células B. Figura 2: Modelo do processamento e apresentação de antígenos. Fonte: arquivo pessoal Para a primeira situação e segunda situação, o quebra-cabeça consistiu em elementos fundamentais que representavam a captura e processamento de antígenos 2073 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 extracelulares. Esse processo envolve desde a fagocitose dos peptídeos antigênicos, seu processamento por proteases específicas em vesículas endossômicas, com concomitante síntese do complexo de histocompatibilidade principal de classe II (MHC-II), responsável por apresentar o peptídeo antigênico na superfície celular da APC. Ou ainda o processamento de peptídeos antigênicos intracelulares pelo proteassoma e seu transporte ao retículo endoplasmático por proteínas específicas denominadas TAP e ligação ao MHC de classe I (MHC-I). Além dessa sequência de eventos, os estudantes tiveram que correlacionar o MHC apropriado para a apresentação, bem como identificar a sua estrutura, que consistia em duas cadeias polimórficas alfa e beta, com uma cauda citoplasmática para cada cadeia, encaixando-as de modo a formar a fenda de ligação ao peptídeo adequado ou ainda uma cadeia polimórfica alfa e não polimórfica beta-2microglobulina. O complexo MHC-peptídeo pôde ser reconhecido pelo receptor de célula T (TCR). Esse também é formado por duas cadeias, uma alfa e outra beta; e em algumas células T por cadeias gama e delta, com uma cauda citoplasmática curta, em cada cadeia. Além desses elementos, existem proteínas que juntamente com o TCR formam o complexo TCR, que são as cadeias zeta e as CD3, responsáveis pela transdução de sinais que culminam na ativação da célula T. Outros elementos também foram confeccionados e apresentam grande importância nesse processo, os correceptores, CD4 (em células T que se ligam ao MHC II) e CD8 (em células T que se ligam ao MHC I); bem como co-estimuladores, CD28 e CD2 que auxiliam na estimulação dos linfócitos (ABBAS et al, 2008). Todos esses receptores foram representados na confecção do quebra-cabeça. Para a terceira situação, a síntese de anticorpo consistia na secreção do anticorpo apropriado pelas células B e que levariam à neutralização do patógeno ou de toxinas solúveis. Os estudantes tiveram que montar e identificar a estrutura desses anticorpos, constituídos basicamente por duas cadeias leves (kappa ou lambda) e duas cadeias pesadas (alfa, delta, gama, mu ou épsilon), constituídas por regiões variáveis e constantes; bem como as porções responsáveis pela ligação ao antígeno (Fab) e a porção cristalizável (Fc), responsável pelos mecanismos efetores. Foram elaborados dois questionários semi-estruturados e os mesmos foram respondidos pelos alunos após a aplicação dos modelos, a fim de avaliar a opinião dos 2074 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 mesmos quanto à aplicabilidade e aprendizagem. Os questionários continham 10 perguntas (Quadros 1 e 2). As respostas foram analisadas e discutidas. Quadro 1: Questionário sobre “Modelo do rearranjo de receptores de células T e anticorpos ” “Modelo do rearranjo de receptores de células T e anticorpos ” 1. Você assistiu à aula teórica sobre o rearranjo de células T e anticorpos? ( ) SIM ( ) NÃO 2. Você estudou previamente esse assunto antes da aplicação do modelo? ( ) SIM ( ) NÃO 3. A prática com o modelo ajudou na compreensão do conteúdo? ( ) SIM ( ) NÃO 4. Como você classifica o nível de dificuldade do conteúdo em questão? ( ) FÁCIL ( ) RAZOÁVEL ( ) DIFÍCIL 5. Antes da aplicação do modelo, como você classifica o seu nível de aprendizado sobre o conteúdo abordado? ( ) BOM ( ) SATISFATÓRIO ( ) INSATISFATÓRIO 6. Após a aplicação do modelo, como você avalia o seu nível de compreensão? ( ) BOM ( ) SATISFATÓRIO ( ) INSATISFATÓRIO 7. Você acha importante a confecção de materiais, como o modelo aplicado, para o aprendizado na disciplina? ( ) SIM ( ) NÃO 8. No geral, o modelo auxiliou no seu aprendizado? ( ) SIM ( ) NÃO 9. Que sugestões você daria para melhorar o modelo aplicado? 10. Dos assuntos abordados até agora, que sugestão de modelo(s) você daria para que fosse(m) aplicado(s) nas próximas aulas? Quadro 2: Questionário sobre “Modelo do processamento e apresentação de antígenos” “Modelo do processamento e apresentação de antígenos” 1. Você assistiu à aula teórica sobre o processamento e apresentação de antígenos? ( ) SIM ( ) NÃO 2. Você estudou previamente esse assunto antes da aplicação do modelo? 2075 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 ( ) SIM ( V Enebio e II Erebio Regional 1 ) NÃO 3. A prática com o modelo ajudou na compreensão do conteúdo? ( ) SIM ( ) NÃO 4. Antes da aplicação do modelo, como você classifica o seu nível de aprendizado sobre o conteúdo abordado? ( ) BOM ( ) SATISFATÓRIO ( ) INSATISFATÓRIO 5. Após a aplicação do modelo, como você avalia o seu nível de compreensão? ( ) BOM ( ) SATISFATÓRIO ( ) INSATISFATÓRIO 6. Você acha importante a confecção de materiais, como o modelo aplicado, para o aprendizado na disciplina? ( ) SIM ( ) NÃO 7. No geral, o modelo auxiliou no seu aprendizado? ( ) SIM ( ) NÃO 8. Que sugestões você daria para melhorar o modelo aplicado? 9. Dos assuntos abordados até agora, que sugestão de modelo(s) você daria para que fosse(m) aplicado(s) nas próximas aulas? Resultados e discussão O Ensino da Imunologia é, em geral, tradicional, centralizando-se na simples memorização e repetição de nomes, vias de ativação, siglas de receptores, totalmente desvinculados do dia-a-dia e da realidade em que os alunos se encontram. A Imunologia, nessa situação, torna-se muitas vezes uma disciplina maçante e monótona, fazendo com que os próprios estudantes questionem o motivo pelo qual ela lhes é ensinada. Por outro lado, quando o estudo da Imunologia apresenta a relação entre os organismos e aproxima do cotidiano, ressaltando a importância dessa área de estudo que permite ao nosso organismo sobreviver frente a vários desafios e participa juntamente com os sistemas nervoso e endócrino do controle e da homeostase do nosso organismo, o estudante passa a ter um maior interesse pelo assunto, quando lhes são dadas condições de perceber e discutir situações relacionadas ao conteúdo. Uma das maiores dificuldades enfrentadas na disciplina é que o estudante precisa trazer consigo aprendizado de outras disciplinas como Biologia Celular, Bioquímica, Biologia Molecular, Genética, dentre outras áreas correlacionadas. Ademais, as práticas 2076 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 experimentais muitas vezes tendem a não ser executadas por serem na maioria práticas que exigem materiais caros e sofisticados que não são disponibilizados pela Universidade. Dessa forma há um desafio a ser superado para se ensinar a Imunologia e torná-la atrativa para os estudantes, uma ideia é fazer com que o estudante participe de atividades lúdicas e se envolva com o desenvolvimento do conteúdo de uma forma interativa. Desse modo os dois modelos intitulados “Modelo do rearranjo dos receptores de células T e anticorpos” e “Modelo do processamento e apresentação de antígenos” foram elaborados objetivando suprir essa carência de práticas relacionadas e buscando atingir os alunos de forma não conteudista. Com a análise das respostas ao questionário sobre modelo do processamento e apresentação de antígenos, observou-se que 100% dos avaliados afirmaram que a prática com o modelo ajudou na compreensão do conteúdo. Chama atenção que 87,5% dos alunos responderem já ter assistido às aulas teóricas referentes ao conteúdo abordado e ainda apresentavam dificuldade na compreensão do mesmo. Além disso, 100% dos alunos afirmaram importante a utilização de materiais didáticos para o aprendizado na disciplina. Embora 62,5% dos alunos afirmarem não ter estudado previamente os assuntos abordados, antes da aplicação do modelo, os mesmos responderam que após a aplicação do modelo, seu nível de aprendizado foi satisfatório. Ausubel (1980, p. 282, apud VINHOLI JUNIOR, 2010) afirma que o aprendizado é fruto também do esforço pessoal dos educandos, ancorado aos conhecimentos prévios dos mesmos. O mesmo autor afirma também que ideias e conceitos já existentes entre os alunos são importantes para a construção de significados, contribuindo na assimilação de uma nova informação. Com a análise do questionário sobre o modelo do rearranjo, foi observado que 100% dos estudantes tinham assistido às aulas teóricas referentes ao assunto em questão, porém 50% desses responderam não ter estudado o conteúdo previamente à aplicação do modelo. De todos os avaliados, 87,5% responderam como difícil o conteúdo apresentado. No entanto, todos responderam como satisfatório o seu nível de compreensão após a aplicação do modelo. Segundo Miranda (2001), as atividades lúdicas promovem um maior aprendizado, devido à motivação dos alunos observada numa prática entusiasmante e nova. Portanto, a utilização de recursos visuais se torna efetiva no tocante à motivação e entusiasmo pelos estudantes, conferindo aos 2077 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 professores, alternativas para o ensino. Os estudantes mostraram interesse em participar da aplicação do modelo (Figura 3). Figura 3: Participação dos alunos na atividade com os modelos. Fonte: arquivo pessoal Aprender e ensinar brincando, enriquece as visões do mundo e as possibilidades de relacionamento e companheirismo, de socialização e troca de experiências, de conhecimento do outro e respeito às diferenças e de reflexão sobre as ações (CABRERA & SALVI, 2005). Vale ressaltar que os modelos didáticos são representações teóricas da realidade, confeccionadas a partir de material concreto que representem processos e estruturas biológicas (MATOS et al, 2009). Um dos grandes desafios da utilização dos modelos didáticos seria mostrar aos estudantes o quanto o modelo científico difere do processo biológico real e que nenhum modelo é uma representação perfeita da realidade. A partir daí, poderiam surgir interpretações errôneas dos processos, comprometendo o aprendizado. Melo e Neto (2012) afirmam que o articulador ou professor deve promover discussões com os estudantes sobre essas diferenças para que o aprendizado se torne mais efetivo. Ainda assim, o modelo didático, caracterizando-se como um recurso lúdico, é um importante instrumento de trabalho no qual o mediador, no caso o professor, deve oferecer possibilidades para a elaboração do conhecimento, respeitando as diversas singularidades, dando oportunidade para interlocução de saberes, a socialização e o desenvolvimento pessoal, social e cognitivo. Ademais o uso de modelos torna possível uma relação plural entre docente e discentes, condição básica para a constituição de uma prática educativa de qualidade (SANTANA & REZENDE, 2007). 2078 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 No final dos questionários, os estudantes foram instigados a sugerir a confecção de novos modelos e modificações necessárias aos modelos já apresentados. Houve sugestão para confecção de modelos associados com a migração celular, sistema complemento, etc. Tendo em vista que os dois modelos didáticos apresentaram boa aceitação pelos estudantes, pode-se pensar na confecção de novos modelos, jogos e outras formas lúdicas para estimular o aprendizado. Considerações finais Apesar das limitações existentes nos modelos didáticos, os materiais elaborados constituíram-se como importantes ferramentas para auxiliar o ensino-aprendizado da Imunologia. Esses recursos possibilitaram a construção de novos saberes a partir da prática lúdica, prazerosa e interativa. Referências Bibliográficas ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILAI, Shiv. Imunologia Celular e Molecular. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. AMORIM, A.dos S. A influência do uso de jogos e modelos didáticos no ensino de biologia para alunos do ensino médio. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Universidade Estadual do Ceará, 2013. BEHAR, P. A.; PASSERINO, L.; BERNARDI, M. Modelos pedagógicos para educação à distância: pressupostos teóricos para a construção de objetos de aprendizagem. RENOTE. Revista novas tecnologias na educação. v. 5, p. 25-38. 2007. CABRERA, W. B.; SALVI, R. A ludicidade no ensino médio: Aspirações de pesquisa numa perspectiva construtivista. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 5. Atas, 2005. CAMPOS, L.M.L.; BORTOLOTO, T. M.; FELÍCIO, A. K. C. 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