Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores Títulos Trabalho Completo ESTÁGIO SUPERVISONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL: SEMELHANÇAS E DISTANCIAMENTOS ENTRE DUAS REDES PÚBLICAS MUNICIPAIS NA BAIXADA FLUMINENSE/RJ. Sandra Regina De Oliveira Faustino, Debora Martins Silva, Flavia Miller Naethe Motta, Vaniele De Oliveira Silva Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica - Relato de Experiência - Apresentação Oral Propomos um diálogo entre duas experiências ocorridas, em 2013, durante o Estágio Supervisionado na Educação Infantil (EI) em instituições que oferecem esta modalidade de ensino em duas diferentes redes municipais da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro – uma na cidade de Mesquita e a outra na cidade de Belford Roxo. Nossas reflexões são descritas a partir de semelhanças e distanciamentos observados por três estagiárias de Pedagogia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRRJ). Chamaremos a Creche Municipal de Belford Roxo de Creche A e a Creche Municipal de Mesquita de Creche B.. No período dedicado ao estágio nossas vivências nos proporcionaram problematizar as práticas educativas presentes nas duas unidades escolares, contextualizando-as à luz da bibliografia recomendada pelas disciplinas de Estágio Supervisionado na Educação Infantil e Prática de Ensino na Educação Infantil. Refletimos que os direitos infantis são violados a partir de práticas pedagógicas desenvolvidas em espaços inadequados e, inclusive, a inexistência de PPP na Creche B o que nos preocupa quanto às metas a serem perseguidas para a qualidade da educação e quanto futuras educadoras. Vimos, também, que o período da regência é a oportunidade que temos de entender, compreender e analisar cada passo na prática pedagógica. Em geral, as semelhanças e os distanciamentos se confundem quando analisamos a teoria e prática destas instituições, pois há precariedade de infraestrutura e materiais pedagógicos são comuns e interferem na educação dos infantes. Palavras-chave: Educação Infantil; Estágio Supervisionado; Creches municipais. 0522 Ficha Catalográfica ESTÁGIO SUPERVISONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL: SEMELHANÇAS E DISTANCIAMENTOS ENTRE DUAS REDES PÚBLICAS MUNICIPAIS NA BAIXADA FLUMINENSE/RJ. Sandra Regina de Oliveira Faustino; Debora Martins Silva; Vaniele de Oliveira Silva; Professora Adjunta Flávia Miller Naethe Motta. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Introduzindo nosso relato Este texto propõe um diálogo entre duas experiências ocorridas, em 2013, durante o Estágio Supervisionado na Educação Infantil (EI) em unidades escolares de duas redes municipais da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro. Propomos aqui reflexões a partir de semelhanças e distanciamentos observados por três estagiárias de Pedagogia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRRJ). Chamaremos a Creche Municipal de Belford Roxo de Creche A e a Creche Municipal de Mesquita de Creche B.. Estas vivências nos proporcionaram problematizar as práticas educativas presentes, contextualizando-as à luz da bibliografia recomendada pelas disciplinas de Estágio Supervisionado na Educação Infantil e Prática de Ensino na Educação Infantil. Pensando o estágio enquanto espaço da práxis, observamos que há uma lacuna enorme entre o prescrito e a realidade. Entretanto, os momentos vividos nos serviram como um ponto de partida para fazermos comparações entre a teoria e a interação com o mundo da prática. Recortes dos Universos dos Estágios • A Creche A – Belford Roxo Durante o estágio a análise da Proposta Pedagógica da Instituição de Educação Infantil articulada aos Indicadores de Qualidade e às Diretrizes foi imprecisa, pois o Projeto Politico Pedagógico (PPP) disponível para ser analisado era do ano de 2011, apresentando uma realidade passada. No entanto, o acesso a todos os documentos possibilitou a verificação da transparência do trabalho desenvolvido por todos os funcionários que atuam nesta unidade. Como, também, a formação dos professores e dos profissionais que atuam com o alunado, esta, definida no 6º Indicador de Qualidade da Educação Infantil: Um dos fatores que mais influem na qualidade da educação é a qualificação dos profissionais que trabalham com as crianças. Professoras bem formada, com salários dignos, que contam com 1 0523 o apoio da direção, da coordenação pedagógica e dos demais profissionais – trabalhando em equipe, refletindo e procurando aprimorar constantemente suas práticas – são fundamentais na construção de instituições de educação infantil de qualidade. (BRASIL, 2009, p. 54). A formação é um pré-requisito para a contratação pela prefeitura municipal, que exige o Ensino Médio para professores (antigo curso Normal), um ponto citado nos Indicadores de Qualidade na Educação Infantil acima. E, ainda, incentiva a formação no curso superior de Pedagogia. Consideramos ser necessário descrevemos a infraestrutura dos espaços da creche, iniciaremos pela sala de aula: os murais ficam ao alcance das crianças, no entanto, as atividades fixadas são pinturas em folhas A4 muito parecidas. Em alguns murais são colocados na figura de saquinhos os respectivos nomes das crianças em outros a chamada, que nem sempre é utilizada. Os brinquedos ficam dispostos no chão, porém sua utilização só pode ser feita quando a professora permite. Quanto ao trabalho pedagógico, as propostas para o letramento pelas professoras são em folhas com atividades para cobrir ou colar. Ou, ainda, são voltadas para questões práticas, como: observação de alguns tópicos, outro olhar sobre diferentes tipos de materiais. No entanto, as atividades utilizadas com crianças que ainda não estão no préescolar não têm o intuito de alfabetizar, o objetivo é de mostrar o mundo para desenvolver o raciocínio, o respeito e o carinho para com o outro. No que se refere aos ambientes coletivos, a sala de leitura também é utilizada como sala de vídeo com alguns livros, mesas e cadeiras ao alcance das crianças. O parquinho é composto por alguns brinquedos de plásticos. As crianças brincam sozinhas, sem a intervenção ou direcionamento de um adulto, correndo de um lado pro outro, chutam a bola sem um objetivo, enfim, brincam livremente. Merece destaque a organização da comemoração do dia das avós no “sábado” letivo, as professoras faziam cartazes e ensaiavam músicas com as crianças para esta festa. • Creche B– Mesquita Infelizmente, a Creche B não tem um Projeto Político Pedagógico (PPP) que defina sua identidade e ações concretas para nortear os caminhos que instrumentalizem a avaliação da qualidade da instituição por meio de um processo participativo e aberto a toda a comunidade. E, o mais grave: não há perspectiva de construção de um PPP. Está 2 0524 nítida a violação do direito infantil e de tudo que está relacionado à proposta pedagógica estabelecida para a Instituição Educativa. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil: A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve garantir que elas cumpram plenamente sua função sociopolítica e pedagógica: • Oferecendo condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; • Assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; • Possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; • Promovendo a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; • Construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico racial, de gênero, regional, linguística e religiosa (BRASIL, 2010). Infelizmente, estas observações não correspondem à realidade que a creche atualmente vive. A Creche B tem infraestrutura mediana com espaços amplos, contendo: secretaria acoplada ao gabinete da diretora; sala de recepção e sala dos professores dividem o mesmo espaço; biblioteca inoperante; sala de vídeo/atividades sem arejamento com porquíssima ventilação; copa/cozinha/lavanderia acopladas sem divisórias; almoxarifado e depósito em um anexo externo; salas de aula (seis) que possuem quatro ventiladores, quatro mesas e dezesseis cadeiras, dois armários e uma estante; dois banheiros grandes que possuem lavatório com três torneiras e espelho grande, três vasos sanitários e três boxes com chuveiros (água fria) e horta orgânica externa com cultivo para consumo interno. Quanto ao trabalho pedagógico, a maior parte era realizado em folha A4 através de atividades de pintura com lápis cera ou lápis de cor. Raramente, usava-se colagem com barbante, papel picado dentre outros. Algumas vezes as crianças recebiam folhas de ofício em branco para fazer desenhos que representassem algum conto ou para se expressarem livremente e as professoras sempre os parabenizavam pelo que haviam feito, não atentando para a real forma dos desenhos. Havendo um incentivo a criatividade. Já as práticas desenvolvidas de leitura e escrita davam ênfase a números de um (1) a dez (10), letras iniciais ou nomes completas das crianças, modelagem de letras com massa, etc. 3 0525 Cabe ressaltar a organização para a festa do dia dos pais, em um “sábado” letivo. Não houve consenso a respeito da data para a comemoração, nem na confecção de cartazes e no ensaio da música que as crianças apresentariam. Semelhanças e Distanciamentos entre as Creches A e B Ao realizarmos o diálogo entre as duas unidades escolares de Educação Infantil durante nossas experiências como estagiária refletimos que: as semelhanças entre as instituições tem início a partir da sua localidade que abarca uma enorme exclusão socioeconômica, a Baixada Fluminense. Entretanto, observamos que uma (Creches A) dispõe de um PPP com metas para serem atingidas no já decorrido ano de 2011 e outra nem isso, o que nos deixou muito preocupadas enquanto futuras profissionais da EI que, possivelmente, poderemos atuar em instituições que não busquem coletivamente alcançar metas para a qualidade de ensino. No entanto, para exemplificar melhor e captar os significados dos ambientes procuramos observar a disposição dos objetos nas instituições. Segundo Barbosa (2006, apud KRAMER, 2009, p.93), a organização dos espaços, em especial das creches, baseia-se no argumento higienista da Puericultura que considera o “arejamento, tipo de iluminação, tamanho das salas, limpeza, higiene, saúde e resguardo do corpo são dimensões fundamentais”. No entanto, os enfoques nos ambientes registrados nas fotografias revelam o descuidado com os espaços fotografados que negam a valorização da identidade infantil, o zelo na higiene e reforçam práticas educativas de modelo escolar ultrapassado. Para tanto, escolhemos algumas fotografias: Figura 1 – Sala (Creches A). 4 0526 Figura 2 – Sala (Creches A). Figura 3 – Sala (Creches B). Nas salas de aulas de ambas as creches, visualizamos: armários e estantes que guardam amontoados e desorganizados materiais utilizados nas atividades cotidianas, toalhas de banho das crianças, mesas e cadeiras, canto de leitura, chamadas penduradas e alguns murais nas paredes que servem de suporte para atividades com números, letras e formas estereotipadas característico de um modelo escolar. A organização das mesas e cadeiras da Creche A é disposta isoladamente dando inteira liberdade de escolha para criança. Já na Creche B, as mesas e cadeiras, são arrumadas verticalmente em uma única fileira, como se fosse uma única mesa, cercada por cadeiras apropriadas ao tamanho das crianças e, as mesmas tinham liberdade de escolherem onde queriam se sentar. Estes mobiliários remetem a incorporação salas das pré-escolas e escolas de Ensino Fundamental. Os brinquedos, muitos danificados, acondicionados dentro de balde ou sacos de lixo e o chão sem revestimento com mofo é ofertado como 5 0527 espaço alternativo para o sono ou, obrigatoriamente, para o descanso na hora de dormir, mostram o desleixo com que é tratado este espaço (KRAMER; GUIMARÃES, 2009). Os trabalhos feitos pelas crianças são pouco criativos e limitados a desenhos para colorir em folhas de papel A4, em ambas as creches. Motta (2009) reflete que, inicialmente, as crianças desenham de memória o que conhecem e não o que veem, “as crianças são muito mais simbolistas do que realistas e não estão de maneira alguma preocupadas com a similaridade completa e exata contemplando-se com indicações apenas superficiais’’ (VIGOTSKI, 1998, p.127 apud MOTTA, 2009)”. Observamos que as práticas improvisadas são repetidamente desenvolvidas pelas educadoras e há um conflituoso relacionamento interpessoal entre os profissionais da Creche B. Figura 4 – Trabalhos das crianças nas creches. No pátio das creches havia alguns brinquedos, como: velocípedes, um túnel de plástico, quatro cavalinhos de gangorra e uma casinha em material plástico. De acordo com Kramer e Guimarães (2009, p. 93) “tais equipamentos são padronizados em todas as instituições. O homogêneo e o frio do plástico contrastam com o calor e a humanidade das brincadeiras e da afetividade das crianças”. Entretanto, eram raros os dias em que as crianças iam para esse espaço muito amplo que dava para as crianças brincarem e se divertirem e, ao mesmo tempo, aproveitar para saírem do espaço fechado que era a sala. Mas, quando iam brincavam livremente sem a interferência de adultos. Figura 5 – Brinquedos dispostos nos pátios das creches. 6 0528 Palavras Finais As experiências vindas do Estágio Supervisionado contribuíram com a nossa formação e nos fizeram refletir sobre o respeito aos direitos infantis e o papel da escola, da família e do professor no desenvolvimento integral da criança, entre outros. Faz-se necessário que a Creches B, junto a seus professores e demais profissionais, priorize a elaboração do PPP visando à melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas nesse espaço. Compreendemos a importância desse momento para a construção da formação avaliativa, lembrando que o nosso objetivo não foi avaliar as ações da criança, mas sim as práticas pedagógicas que são oferecidas nos espaços das creches. Vimos, também, que o período da regência é a oportunidade que temos de entender, compreender e analisar cada passo na prática pedagógica, concebendo assim a teoria e a prática vivenciada na escola. Em geral, as semelhanças e os distanciamentos se confundem quando analisamos a teoria e prática destas instituições, pois há precariedade de infraestrutura e materiais pedagógicos são comuns e interferem na educação dos infantes. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para-aeducacao-basica>. Acesso em: 10 set 2013. BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria da Educação Básica – Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para-aducacao-basica>. Acesso em: 10 set 2013. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. In: KRAMER, Sonia. Retratos deum desafio: crianças e adultos na educação infantil. São Paulo: ática, 2009, p. 82-94. KRAMER, Sonia; GUIMARÃES, Daniela. Nos espaços e objetos das creches, concepções de educação e práticas com crianças de 0 a 3 anos. In: KRAMER, Sonia. Retratos deum desafio: crianças e adultos na educação infantil. São Paulo: ática, 2009, p. 82-94. Vigotski, L. S. (1998). A formação social da mente. MOTTA, Flávia Miller Naethe. Salada de Crianças: a roda de conversa como prática dialógica. In: KRAMER, Sonia; ROCHA, 7 0529