UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUAÇÃO QUALITTAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Lato Sensu DEFESA E VIGILÂNCIA SANITÁRIA ANIMAL PERFIL DO CONSUMO DE LEITE E DERIVADOS LÁCTEOS NO MUNICÍPIO DE COLATINA-ES NÚBIA BROETO MILLER 2008 NÚBIA BROETO MILLER PERFIL DO CONSUMO DE LEITE E DERIVADOS LÁCTEOS NO MUNICÍPIO DE COLATINA-ES Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Especialização Latu Sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal, pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação QUALITTAS e sob orientação do Prof. Ms Gabriel Domingos Carvalho. Vitória, ES Abril de 2008. Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor. Goethe ii AGRADECIMENTOS A Deus por estar sempre presente e indicando o melhor caminho a seguir. Ao Instituto Qualittas pela oportunidade e ao meu orientador Dr. Gabriel Domingos Carvalho, pelo exemplo profissional, dedicação, confiança, idéias e ensinamentos. “O que faz andar o barco não é à vela enfunada, mas o vento que não sê vê” (Platão). A minha família, pelos ensinamentos, acima de tudo “ser” antes de “ter”. Ao Giovani, por todo amor e carinho ao longo desses anos. “O amor não se vê com os olhos mas com o coração” (William Shakespeare). As amigas Dora, Ingrid, Lid, Ana, Pauli e Karol. A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você. Aos amigos da pós-graduação: Karina Garcia, Lívia Alves, Denise, Sheila, Goreth, Bruno, Nézio, Felipe, Leandro, Wallace, Bruno Miranda e demais que tive o prazer de conviver ao longo deste ano. Aos professores do curso de Defesa e Vigilância Sanitária Animal – Instituto Qualittas, em especial a Marta pela alegria e ensinamentos, ao Dr. Valdecir pelas excelentes aulas dadas e ao professor Clayton Gitti pelos agradáveis quatro módulos de convivência. “O talento limita-se a indicar a profundidade do caráter numa certa direção” (Henry Thoreau). As pessoas que ajudaram de alguma forma na realização da pesquisa, em especial ao Daniel, Lilia, Daniel Araújo, Carlos Pretti, Tadeu Pazoline e demais. Aos 1000 entrevistados que participaram gentilmente desse trabalho. A todos muito obrigada!!! iii BIOGRAFIA NÚBIA BROETO MILLER, filha de Mery Margareth Broeto Miller e Antonio Luiz Miller, nascida em 14 de agosto de 1979, é natural da cidade de Colatina, Espírito Santo, Brasil. Graduada em Medicina Veterinária no ano de 2006, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) na qual iniciou a graduação no ano de 2001, cursando-a no Centro de Ciências Agrárias da UFES (CCAUFES), na cidade de Alegre-ES. Durante a graduação foi bolsista de Iniciação Científica do PIBIC/UFES, bolsista CNPq de Projeto de Pesquisa – Tuberculose Bovina e Iniciação Tecnológica Industrial, além de monitora de diversas disciplinas. Em dezembro de 2006 iniciou a Pós-Graduação em Defesa e Vigilância Sanitária Animal, pelo Instituto Qualittas – Universidade Castelo Branco, Campinas-SP. iv SUMÁRIO Página Lista de Figuras e Tabelas.......................................................................... vii RESUMO..................................................................................................... viii ABSTRACT.................................................................................................. ix 1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 01 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 03 2.1. A Importância e a Qualidade do Leite................................................ 03 2.2. Legislação para produtos lácteos...................................................... 06 2.3 Características Econômicas da Produção de Leite............................ 09 2.4 O Mercado do Leite Informal no Brasil............................................... 12 2.5. O Comércio Informal em Colatina...................................................... 13 2.6. O Governo e o Leite Informal............................................................. 13 2.7. Educação em Saúde.......................................................................... 15 2.7.1. Fatores Relacionados ao Consumo Informal de Derivados 15 Lácteos................................................................................................... 2.7.2. A Necessidade da Educação Alimentar....................................... 16 2.7.3. A Educação Sanitária no Consumo dos Produtos Lácteos......... 17 2.8. Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA)...................................... 18 2.8.1. Riscos de contaminação do leite................................................. 19 2.8.2. Contaminantes comuns do leite.................................................. 20 2.8.3. Bactérias aeróbias mesófilas...................................................... 21 2.8.4 Bactérias aeróbias psicrófilas....................................................... 21 2.8.5. Bactérias aeróbias termofílicas.................................................... 23 2.8.6. Alguns patógenos encontrados no leite e derivados lácteos....... 23 2.8.6.1. Coliformes no leite.................................................................. 23 2.8.6.2. Escherichia coli....................................................................... 24 2.8.6.3. Staphilococcus sp................................................................... 25 2.8.6.4. Salmonella sp......................................................................... 26 2.8.6.5. Listeria spp............................................................................. 28 2.8.6.6. Mycobacterium sp.................................................................. 29 2.8.6.7. Brucella sp.............................................................................. 30 2.8.6.8. Campylobacter jejuni.............................................................. 32 2.8.6.9. Yersinia enterocolitica............................................................ 32 v 2.8.6.10. Bacillus cereus.................................................................... 33 2.8.6.11. Fungos e leveduras no leite................................................. 34 2.9. Resíduos Químicos no Leite.............................................................. 35 3. OBJETIVOS............................................................................................. 39 4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 40 4.1. Amostragem....................................................................................... 40 4.2. Elaboração do Questionário.............................................................. 40 4.3. Aplicação do Questionário................................................................. 41 4.4. Análise dos Dados............................................................................. 42 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 43 6. CONCLUSÕES........................................................................................ 56 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 58 8. ANEXOS................................................................................................. 72 vi LISTA DE FIGURAS E TABELAS Página Tabela 1. Classificação dos principais países produtores de leite. Tabela 2. Número de consumidores e freqüência de consumo de produtos lácteos no município de Colatina-ES, no período de maio de 2007 a fevereiro de 2008. Figura 1. Comparação entre o tipo produto lácteo consumido pelos entrevistados no município de Colatina-ES e suas respectivas profissões. 10 49 45 Figura 2. Caracterização dos entrevistados sobre o consumo de produtos lácteos, formais ou informais, e suas rendas familiares. 47 Figura 3. Caracterização dos consumidores de leite informal quando ao modo de consumo do leite (fervido ou não fervido). 48 Figura 4. Caracterização dos entrevistados sobre o consumo de produtos lácteos, formais ou informais, e seus respectivos locais de compras. Figura 5. Principais doenças citadas pelos consumidores de produtos lácteos, formais ou informais, entrevistados no município de Colatina-ES. Figura 6. Características observadas pelos consumidores nas embalagens dos produtos lácteos, no ato da compra. Figura 7. Caracterização dos entrevistados o conhecimento dos Serviços de Inspeção de produtos de origem animal (SIF, SIE e SIM). vii 51 52 54 55 RESUMO MILLER, Núbia Broeto, Instituto Brasileiro de Pós-Graduação Qualittas, Abril de 2008. Perfil do Consumo de Leite e Derivados Lácteos no município de Colatina-ES. Orientador: Gabriel Domingos Carvalho. O leite é um dos alimentos mais completos que se conhece e sua importância está associada ao seu elevado valor nutricional, com riqueza de proteínas, vitaminas, gorduras, carboidratos, sais minerais, além de alta digestibilidade. Esses fatores também são relevantes para considerá-lo um excelente meio de cultura para a maioria dos microrganismos. O processo de pasteurização é necessário e eficiente, e tem por finalidade reduzir o número de microrganismos presentes no leite e eliminar os agentes patogênicos. O objetivo deste trabalho foi estabelecer associações entre as características dos consumidores de produtos lácteos, enfocando na preferência pelo produto lácteo industrializado (formal) ou não industrializado (informal), as razões para essa preferência, os principais produtos lácteos consumidos, o hábito de fervura do leite dentre os consumidores de produtos informais, o desconhecimento sobre as doenças transmitidas pelo leite e seus derivados e o significado dos selos dos Serviços de Inspeção (Federal, Estadual ou Municipal). Realizou-se um levantamento utilizando-se um questionário com 23 questões, aplicado a 928 consumidores de leite e derivados, em diferentes pontos do município de Colatina-ES, no período de agosto de 2007 a março de 2008. Os resultados mostraram associação entre o consumo do produto informal e as características do consumidor (grau de escolaridade, local de moradia na zona rural, renda familiar de até um salário mínimo, local de compra do produtor e o conhecimento sobre a possibilidade desses produtos de causar doença). Os dados deste trabalho podem servir de base para ações futuras de intervenção para a redução do consumo de produtos lácteos informais. Palavras-chave: produtos lácteos, leite, consumidor. viii ABSTRACT MILLER, Núbia Broeto, Instituto Brasileiro de Pós-Graduação Qualittas, April of 2008. Profile of milk and dairy products consumer in the city of Colatina-ES. Adviser: Gabriel Domingos Carvalho. Milk is a very complete food and its importance is associated with its high level of nutritional value, wealth in proteins, vitamins, fats, carbohydrates, minerals, beyond high digestibility. These factors also are excellent to consider it an excellent culture medium for the majority of the microorganisms. The pasteurization process is necessary and efficient, it has for purpose to reduce the number of microorganisms in milk and eliminate the pathogenic agents. The objective of this work was to establish associations between the characteristics of the consumers of dairy products, focusing in the preference for the industrialized (formal) product or not industrialized (informal) product, the reasons for this preference, the main dairy products consumed, the habit of boil the milk amongst the consumers of informal products, the knowledge on the illnesses transmitted for the milk and its derivatives and the meaning of the stamps of the Services of Inspection (Federal, State or Municipal). A research was made using a questionnaire with 23 questions, applied for 928 consumers of milk and derivatives, in different points of the city of Colatina-ES, during the period from August of 2007 to March of 2008. The results had shown one association between the consumption of the informal product and the characteristics of the consumer (scholar degree, place of housing (in the agricultural zone), familiar gains (until one minimum salary), place of purchase of the producer and the unknowledge about the possibility of these products to cause illness). The data of this work can serve as base for future actions of intervention for the reduction of the consumption of informal milk and dairy products. Key -words: dairy products, milk, consumer. ix 1. INTRODUÇÃO A pecuária leiteira é um dos segmentos do agronegócio mais significativos para o nosso país. A atividade é praticada em todas as regiões, sendo representada por mais de um milhão de propriedades rurais e gerando somente no segmento primário, mais de três milhões de empregos diretos (SCALCO, 2005). Assim a qualidade da atividade leiteira tornou-se fundamental para o desenvolvimento e consolidação dos laticínios no Brasil. O consumo de leite e derivados informais causam inúmeros prejuízos à saúde da população, porém esses dados são inconstantes e, na maioria das vezes, não divulgados. O conhecimento dos principais patógenos existente no leite cru, desde as etapas iniciais de produção, é de extrema importância para a Saúde Pública, uma vez que a partir desses dados seria possível a criação de políticas de controle de possíveis enfermidades causadas por esses agentes (SCALCO, 2005). O número crescente e a gravidade das doenças transmitidas por alimentos em todo o mundo têm aumentado consideravelmente o interesse da população neste assunto (LEITE et al., 2002). Muitos casos 1 de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) poderiam ter sido evitadas se os manipuladores de alimentos fossem mais educados e mais treinados em manipulação segura de alimentos e os consumidores fossem mais bem informados sobre o alimento que estão consumindo. A prevenção das DTAs requer um desempenho de todos: governo, órgãos de saúde e população em geral. A estratégia de prevenção compreende medidas regulamentares, atividades educacionais, vigilância de DTAs e monitoramento de contaminantes (WHO, 2000). A higiene do leite e derivados lácteos tem como objetivo básico assegurar a inocuidade dos produtos e saúde dos consumidores. A presença de certos microrganismos e suas toxinas constituem as causas mais freqüentes de problemas sanitários relacionados aos produtos lácteos. O leite e seus derivados, consumidos por muitos, não sofrem qualquer tipo de tratamento térmico como a esterilização e a pasteurização, podendo conter grandes quantidades de toxinas e microrganismos capazes de causar intoxicações alimentares. Tal fato deve ser levado em consideração, principalmente porque os maiores consumidores de leite são crianças e idosos. Assim, este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento do perfil dos consumidores de produtos lácteos, formais (industrializados) e informais (clandestinos), do município de Colatina-ES, levando-se em consideração características socioeconômicas, local de compra dos produtos, conhecimento sobre doenças transmissíveis pelo leite e derivados, conhecimento sobre a segurança dos produtos inspecionados e papel dos órgãos fiscalizadores, municipais, estaduais e federais, além de conhecer as razões pelas quais os consumidores optam pelo produto formal ou informal, considerando-se o grau de percepção de segurança alimentar dos entrevistados. 2 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. A Importância e a Qualidade do Leite Apesar do desenvolvimento tecnológico de alguns laticínios, aliados a alta produção, ainda há graves problemas que depreciam a matéria-prima e impedem o beneficiamento para consumo ‘in natura” ou tornam o produto beneficiado impróprio para o consumo humano, mesmo nas regiões onde a pecuária leiteira é tradicional (FONSECA, 1998; FREITAS et al., 2002; NADER-FILHO et al., 1997). Os procedimentos higiênicos dispensados durante a obtenção e a manutenção do leite até sua entrada no estabelecimento de beneficiamento determinam o tipo e a quantidade desses contaminantes. A saúde do rebanho leiteiro, as boas práticas durante o processamento, a conservação do leite em baixa temperatura são fundamentais para evitar o desenvolvimento de microrganismos responsáveis pela sua deterioração. Esses cuidados são indispensáveis, já que o leite é usado como matéria-prima (PONSANO et al., 1999). O leite é definido como o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (BRASIL, 2002). É um dos alimentos mais completos da natureza e sua importância é baseada em seu elevado valor nutritivo, 3 como riqueza em proteínas, vitaminas, gorduras e sais minerais (ALMEIDA et al., 1999; TAMANINI et al., 2007), cálcio, altos teores de tiamina, niacina e magnésio (GARCIA et al., 2000; PASCHOA, 1997) além da alta digestibilidade. Atualmente o seu consumo cresce progressivamente, principalmente com os derivados lácteos como o iogurte e o queijo, entre outros. Durante muito tempo o leite foi consumido diretamente por quem produzia, devido principalmente a sua rápida deterioração (LEITE et al., 2006). Com a descoberta da pasteurização por Pasteur, em 1863, pode-se empregar esse processo no beneficiamento do leite. A pasteurização não foi empregada imediatamente no leite, para isso foi necessário o desenvolvimento da refrigeração. Assim, a combinação da pasteurização com a refrigeração industrial, no final do século XIX, pode disponibilizar o leite de maneira mais eficiente em relação à conservação (LEITE et al., 2006; (ALMEIDA et al., 1999). Os produtos lácteos são importantes fontes nutricionais, muito importantes na alimentação de crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas (TAMANINI et al., 2007). Um litro de leite por dia supre toda a necessidade diária de cálcio em uma criança (COSTA et al., 1995). Além de suas propriedades nutricionais, o leite oferece elementos anticarcinogênicos presentes na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β caroteno, vitaminas A e D (SANTOS & FONSECA, 2002). Em função de seu alto consumo, a qualidade do leite assume destacada importância do ponto de vista da Saúde Pública. Através de várias pesquisas, foram desenvolvidos diversos métodos para sua conservação e eliminação de patógenos e o processamento em diferentes subprodutos. Por ser tão rico em nutrientes, o leite é suscetível ao ataque de um grande número de microrganismos do meio ambiente, do próprio animal, do homem e dos utensílios utilizados na ordenha (GONÇALVES & FRANCO, 1998; FRANCO et al., 2000; NICOLAU et al., 2004). Assim, o 4 leite deve ser manuseado de forma correta desde a ordenha até a chegada ao consumidor final (LEITE et al., 2002). No Brasil, o leite é obtido sob condições higiênico-sanitárias deficientes e em conseqüência apresenta elevados números de microrganismos, o que constitui um risco à saúde da população, principalmente quando consumido sem tratamento térmico, sendo freqüentemente encontrar produtos lácteos inseguros, elaborados a partir de leite cru, a venda no comércio de todo o território nacional, ameaçando a saúde da população (CERQUEIRA et al., 1995). Ao obter o leite oriundo da vaca, o mesmo já contém alguns microrganismos, mas pode contaminar-se posteriormente durante as operações que seguem até o consumo. Durante o processo de produção, elaboração, transporte, armazenamento e distribuição, qualquer alimento está sujeito à contaminação por substâncias tóxicas ou por bactérias patogênicas, vírus e parasitos. O leite, devido à sua riqueza nutritiva, constitui um excelente meio de cultura para o desenvolvimento de diversos microrganismos, sendo veículo de transmissão de importantes zoonoses para o homem (FRAZIER, 1993). Há uma grande variedade de microrganismos que degradam os constituintes do leite, reduzindo o seu valor para a industrialização e o consumo. Os efeitos prejudiciais vão desde a redução do tempo de prateleira, aumento da rancificação e redução da estabilidade. Os custos decorrentes com essas perdas impactam no custo final do produto (SCHIMITT, 2007). Diversos microrganismos patogênicos podem ser encontrados contaminando o leite, dentre eles podem-se destacar Escherichia coli e L. monocytogenes (RIEDEL, 1992). 5 2.2. Legislação para produtos lácteos Em 1950 foi criada a lei nº 1283 (RIISPOA) que dispõe sobre a inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal, tornando-a obrigatória, logo o leite entra no setor formal de industrialização e comercialização regulamentos (BRASIL, técnicos 1950). para Posteriormente melhores foram esclarecimentos criados sobre a industrialização e comercialização dos produtos de origem animal. Em 1952 a lei nº 1283 é regulamentada através do decreto nº 30.691, onde são estabelecidas normas que regulam a inspeção industrial e sanitária de todos os produtos de origem animal. O regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal fixa padrões físicoquímicos e microbiológicos para o leite destinado ao consumo, considerando como impróprio àquele que esteja em desacordo com os mesmos critérios de avaliação (BRASIL, 1980). Na década de 80 surgem os primeiros conflitos entre os setores tecnificado e o tradicional de produção de leite. Nos anos 90 inicia o movimento para a regulamentação do setor primário que estabelece critérios para uma divisão entre o formal e o informal em nível de propriedade agrícola. Até a Constituição de 1988 só existia o sistema federal de inspeção de leite, embora os maiores municípios também tivessem algum sistema de regulamentação. Assim, os laticínios que não enquadram no Serviço de Inspeção Federal (SIF) ou na habilitação municipal, faziam parte do setor informal de produção. Com a descentralização da Constituição, sistemas estaduais e municipais de inspeção foram elaborados e implementados (LEITE et al., 2006). Em 1989 surge nova legislação, a lei nº 7889, dando competência aos estados e municípios para criarem seus serviços de inspeção. Os laticínios com SIF podem comercializar os produtos para o estado e para outros estados e dependendo, para exportação. Os laticínios com Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e Serviço de Inspeção Municipal (SIM) têm a 6 fronteira de seus mercados determinadas respectivamente pelo Estado e pelo município onde operam (BRASIL, 1989). Considerando as evidências da baixa qualidade do leite produzido e consumido no Brasil (BELOTI et al., 2002; PEREIRA et al., 2001; FRANCO et al., 2000; LOURENÇO et al., 2000; BELOTI et al., 1999; POIATTI et al., 1999; BELOTI et al., 1988; CERQUEIRA et al., 1996; MOURA et al.,1993; NADER FILHO & ROSSI JÚNIOR, 1997; SILVEIRA et al., 1989), o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) iniciou há alguns anos a discussão nacional envolvendo os setores científicos e econômicos da área leiteira, buscando alternativas para qualificar esse produto. Essa discussão resultou na Portaria nº166 que estabeleceu um grupo de trabalho que propôs um programa de medidas visando o aumento da competitividade e a modernização do setor leiteiro no país (BRASIL, 1998). Esse grupo desenvolveu uma versão do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL), projeto que já vinha sendo desenvolvido desde 1996, e o submeteu à consulta pública pela Portaria nº 56 (BRASIL, 1999). A versão definitiva das novas normas de produção leiteira foi publicada na Instrução Normativa nº51, que determina novas normas na produção, identidade e qualidade de leites tipos A, B, C, pasteurizado e cru refrigerado, além de regulamentar a coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel (BRASIL, 2002). A implantação da Instrução Normativa nº51 foi modificada em termos da qualidade do leite, e isso implicou em demora na implantação do programa. Foi assinada em 14 de setembro de 2002 e vigorada a partir de 2005. O programa também obriga os estabelecimentos com SIF a implantarem as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e o APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) na indústria de laticínios (BRANDÃO & REIS, 1995). Com a preocupação para que não houvesse a exclusão social, devido à falta de recursos dos pequenos produtores de leite em se adaptar a nova legislação, a Comissão Nacional de Pecuária de Leite da 7 Confederação Nacional de Agricultura (CNA) encaminhou ao MAPA uma proposta de incentivo aos pequenos produtores, a fim de melhorar a qualidade da produção leiteira que posteriormente foi incentivada pelas cooperativas e pelos governos estaduais. Esse incentivo à modernização da produção leiteira no Brasil ocorreu em 2003, pela Resolução nº308 (BRASIL, 2003). A principal razão de todas essas medidas foi à necessidade de adequação das normas publicadas no RIISPOA (BRASIL, 1952) às atuais realidades de produção e consumo de leite no Brasil. Dentre as modificações preconizadas pela IN51, pode ser citada a permissão de comercialização de leites pasteurizados tipos A e B com diferentes percentagens de gordura (integral, padronizado, semidesnatado e desnatado), visando atender um mercado consumidor exigente. Entretanto, uma das principais alterações diz respeito ao leite tipo C; até então, o leite cru destinado ao beneficiamento desse tipo de leite pasteurizado não possuía parâmetros microbiológicos de qualidade. De acordo com as novas normas, esse leite passou a ser denominado “leite cru refrigerado” e deve ser refrigerado já na propriedade, além de possui ruma contagem de aeróbios mesófilos máximos de 106UFC/mL, objetivo a ser atingido em diferentes prazos de acordo com a localização geográfica da região produtora. Esses novos critérios de qualidade representam um importante auxílio na tentativa de se melhorar a qualidade do leite produzido e consumido no Brasil. Mesmo com tantos incentivos, ainda há falhas no sistema produtivo através da persistência do produto clandestino. Na tentativa de regulamentar o setor informal, surgiu o Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Animal, o SUASA, através da lei nº 9782 (BRASIL, 1999), com a finalidade da integração entre os serviços de defesa e inspeção federal, estadual e municipal. O SUASA tem por finalidade atender a lei nº 9712, de 1998 (BRASIL, 1998), que favorece a agricultura familiar. Esse serviço ainda esta sendo regulamentado e os estados e municípios estão aderindo ao programa lentamente. 8 2.3 Características Econômicas da Produção de Leite A produção leiteira brasileira está em contínua expansão, sendo o Brasil o 6º país em produção mundial de leite (Tabela 1) (ZOCCAL, 2008). Em janeiro de 2008 foram exportados US$ 40,6 milhões, valor 205,2% maior do que os US$ 13,3 milhões, exportados em janeiro de 2007. A produção brasileira de leite sob inspeção oficial aumentou 9,88%, de janeiro a dezembro de 2007, em comparação ao mesmo período de 2006, de acordo com o Índice de Captação de Leite, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), sendo que nos últimos dez anos a meta de aumento registrada foi de 6,6% (ZANELA et al., 2004). A produção de leite é alta no país, embora a produção por rebanho leiteiro seja baixa. Essa baixa produtividade está relacionada com os manejos nutricional, sanitário e reprodutivo inadequados. No Brasil a baixa produção ocorre principalmente por causa das mastites subclínicas, de difícil controle e diagnóstico (FONSECA, 2000; SANTOS, 1999). Sabese que essa patologia da glândula mamaria diminui significativamente a produção de leite (ZANELA et al., 2004) e que as perdas econômicas estão relacionadas com assistência veterinária e medicamentos necessários ao tratamento dos animais acometidos. Porém as perdas econômicas significativas são devido a desvalorização do leite por causa das altas contagens de células somáticas (CCS) e a redução do peso do leite produzido pelos animais acometidos (TEIXEIRA et al., 2008). Embora haja o crescimento formal, a produção de leite informal também cresceu. Estima-se que entre 1997 e 2000 a produção de leite clandestino cresceu entre 28 a 29% (FARINA et al., 2000). Este incremento no mercado informal do leite está associado principalmente às crenças populares de que este leite possui mais nutrientes, é fresco e puro. O crescimento do consumo dos produtos lácteos informais é bastante acentuado entre a população de baixa renda. Isso indica que a 9 população esta, cada vez mais, consumindo produtos de baixa qualidade e que podem comprometer a saúde (QUADROS, 2008). Tabela 1. Classificação dos principais países produtores de leite. Produção de Leite Percentual do Países (mil t) 2006 Total Acumulado 1º Estados Unidos 82.463 15.0 15.0 2º Índia 39.775 7.2 22.2 3º China 32.249 5.7 27.9 4º Rússia 31.074 5.7 33.6 5º Alemanha 28.453 5.2 38.8 6º Brasil 25.333 4.6 43.4 7º França 24.195 4.4 47.8 8º Reino Unido 14.577 2.7 50.5 9º Nova Zelândia 14.498 2.6 53.1 10º Ucrânia 12.988 2.4 55.5 11º Polônia 11.982 2.2 57.7 12º Itália 11.012 2.0 59.7 13º Países Baixos 10.532 1.9 61.6 14º Austrália 10.250 1.9 63.5 15º México 10.029 1.8 65.3 16º Turquia 10.026 1.8 67.1 17º Paquistão 9.404 1.7 68.8 18º Japão 8.133 1.5 70.3 19º Argentina 8.100 1.5 71.8 20º Canadá 8.100 1.5 73.3 Outros Países 146.521 26.7 TOTAL 549.694 100,0 100,0 Fonte: FAO. Elaborado por R. ZOCCAL - Embrapa Gado de Leite. 2007. A produção de leite no país é caracterizada em sua maioria por pequenas propriedades com produção muito baixa, cerca de 50 a 100L. Devido a falta de incentivos dos governos, a qualidade do produto final é muito baixa, já que essas pequenas propriedades rurais não tem acesso a 10 assistência técnica qualificada. Isso resulta em um produto final de baixa qualidade (TEIXEIRA et al., 2008). Com o incremento na produção de leite, o consumo de derivados lácteos também aumentou muito. Contudo, o consumo per capita nacional é de 136 litros/habitante/ano, abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 200 litros/habitante/ano (QUADROS, 2008). As importações ainda são bastante altas, prejudicando o desenvolvimento do mercado interno. As importações são principalmente de leite em pó para suprir a necessidade das indústrias lácteas no período entressafra de produção (OLIVEIRA et al., 1996). A indústria leiteira passou por um período de intensa transformação, com uma tendência à diferenciação no pagamento ao produtor por entregar um leite de melhor qualidade, aumentando as exigências por parte das indústrias, com a preocupação dos consumidores em relação a segurança alimentar (SOUSA, 2005). A qualidade do leite cru que chega à plataforma da indústria deve ser garantida através da ordenha higiênica de animais sadios e bem alimentados, imediata refrigeração do leite na propriedade e seu transporte a granel em tanque isotérmico (BOOR, 1997). O sistema agro-industrial do leite, devido a sua enorme importância social, é um dos mais importantes do país. A atividade é praticada em todo o território nacional em mais de um milhão de propriedades rurais e, somente na produção primária, gera acima de três milhões de empregos e agrega mais de seis bilhões ao valor da produção agropecuária nacional. Três importantes fatores marcaram o setor leiteiro nacional, principalmente na última década: o aumento da produção, a redução do número de produtores e o decréscimo dos preços recebidos pelos produtores (VILELA et al., 2002). 11 2.4 O Mercado do Leite Informal no Brasil Embora o crescimento da produção possa ter aumentado e a legislação vigente, de certa forma, incentive a produção, o mercado informal ainda possui grande relevância. NERO et al. (2003) afirmam que apesar de ilegal, a venda de leite cru representa uma importante atividade comercial uma vez que, embora muitos desconheçam os riscos, a demanda também é grande. Inúmeras pesquisas discutem a permanência do leite informal e citam o fato dos consumidores serem tão exigentes com produtos industrializados e consumirem leite e queijos informais PONSANO et al. (2001). O consumo de leite informal está associado há hábitos culturais, como “produto artesanal” ser fresco, mais forte, saudável, isento de substâncias químicas (GOMES, 2000). Porém, sabe-se que a qualidade do alimento está diretamente relacionado com o status sanitário do produto, desde a matéria-prima ate chegar ao consumidor (SILVA et al., 2000). Portanto, para a adoção de medidas que evitem o consumo e a comercialização de leite cru depende do perfil do consumidor, que é quem exige esse tipo de produto, além de ser necessária à busca de opções para o destino dessa produção informal (NERO et al., 2003). SANTOS et al, (2002) e VILELA et al. (2002) comentam que a produção de leite informal é muito resistente a crise por ter um mercado consumidor fiel, porém esse mercado tem dificuldade de desenvolver. Para os produtores que realizam desta prática, o desconhecimento técnico e a falta de recursos financeiros para o investimento no estabelecimento, além da ausência de fiscalização são fatores que permitem 100% do aproveitamento dos produtos que seriam passíveis de condenação (GERMANO, 2003). No Brasil, embora não haja estatísticas bem definidas sabe-se que existem diversos casos de intoxicações alimentares causadas pelo consumo de leite sem tratamento térmico adequado ou de derivados 12 processados com leite contaminado. Grande parte dos casos de intoxicações alimentares resulta da associação entre o consumo de alimentos que sofreram manipulação inadequada e as más condições de armazenamento e distribuição, que permitam a exposição direta ao ambiente, propiciando a contaminação e posterior veiculação de agentes de natureza infecciosa aos consumidores (RODRIGUES et al., 2004). O leite deve ser manuseado de forma correta desde a ordenha até chegar a indústria e ao consumidor final (FARINA, 1999). 2.5. O Comércio Informal em Colatina O município de Colatina, situado na região norte do Estado do Espírito Santo, possui cerca de 106.000 habitantes (IBGE, 2008) e, possui um Serviço de Inspeção Municipal implantado desde 2003 pela lei nº 4784 (COLATINA, 2003) e embora haja fiscalização, a venda de leite cru e de queijos ocorre nas propriedades, quando os consumidores vão até lá comprar ou através de vendedores ambulantes, como que vendem diretamente para o consumidor, para estabelecimento comercial principalmente na periferia do município. 2.6. O Governo e o Leite Informal Embora muitos os governos federal, estaduais e municipais tenham a ciência de que é preciso fazer algo para prevenir e eliminar o comércio informal do leite e dos derivados lácteos, pouco se tem feito durante os últimos anos. SANTOS et al, (2002) e VILELA et al. (2002) citam a demora em as instituições públicas atuarem de forma a modernizarem a legislação para trazer esses pequenos produtores para o mercado formal. 13 GERMANO (2003) acredita que é de fundamental importância a realização, por meio dos governos, de programas e campanhas de educação em saúde visando conscientizar a população no que se refere à informalidade do leite e de seus derivados. PONSANO et al. (2001) salientam que sendo o comércio informal de leite um problema de saúde pública, faz-se necessário o estabelecimento de programas de orientação ao pequeno produtor de leite e aos consumidores, bem como, a intensificação das atividades de fiscalização desse comércio, uma vez que a melhoria da qualidade do leite só pode ser obtida através da conscientização e atuação conjunta de produtores, beneficiadores, técnicos, auditores competentes e do consumidor. Embora o governo tenha criado leis e programas que atendam as grandes empresas, através das BPF e APPCC, é preciso incentivar as empresas a adotarem de forma mais intensificadora esses programas. DORNELLES (2005) afirma ser necessário ao poder público acompanhar o dinamismo da iniciativa privada em adotar esses programas. É evidente a necessidade da integração dos serviços fiscalizadores que atuam nos diversos elos da cadeia agroindustrial de produção, e para isso foi criada a lei nº 9712 (BRASIL, 1998) para definir a nova defesa agropecuária, e que foi reforçada pela lei nº 9782 (BRASIL, 1999) que define o novo sistema agropecuário. A promoção da saúde deve ser fortalecida das pessoas no exercício de seus direitos e responsabilidades. É papel do Estado emitir leis, fiscalizar e educar, assim como, cabe as organizações privadas instituir programas e implantar sistemas que atendam a legislação e propiciem a melhoria da qualidade, com ênfase nas atividades de capacitação de recursos humanos GERMANO (2003). GERMANO (2003) cita que o homem precisa de água e alimento para viver, em quantidade suficiente para suprir as necessidades básicas de nutrientes e com quantidade higiênico-sanitária satisfatória; porém, anualmente, milhares de pessoas morrem pela ingestão de alimentos contaminados. Afirma ser urgente trazer a discussão sobre os alimentos 14 para o âmbito das ações promotoras da saúde, agilizando atividades educativas que contemplem esta temática, sobretudo no âmbito das organizações. 2.7. Educação em Saúde A melhoria da qualidade do alimento é fundamental para a prevenção de DTA. A educação do consumidor é de fundamental importância uma vez que este consciente pode estreitar o circulo de cobrança proporcionando melhor eficiência no controle da DTAs na cadeia de alimentos. Um maior incentivo para a indústria de alimentos, treinar seus funcionários em segurança alimentar e exigir matéria-prima de boa qualidade e a reação do consumidor relutante em comprar alimento de locais que estão sem higiene ou que tem ma reputação em segurança alimentar (WHO, 2000). 2.7.1 Fatores Relacionados ao Consumo Informal de Derivados Lácteos Apesar dos riscos existentes associados ao consumo de produtos de origem animal crus, as pessoas o fazem devido a hábitos culturais arraigados ou devido a uma resistência em abdicar de algo que elas vêem com prazeroso. Embora especialistas alertem dos riscos para esse consumo exarcebado de alimentos crus, o público, em geral, associa o consumo alimentar a hábitos culturais, crenças, experiência pessoal ou influencia da mídia (WHO, 2000). Entre os produtos de origem animal, os derivados lácteos, em especial o queijo minas ou padrão é o principal produto comercializado 15 informalmente, e isso é muito preocupante, uma vez que o queijo é um produto pronto para consumo (GERMANO, 2003). É necessário dar atenção especial para os consumidores desses produtos e também aos manipuladores de alimentos, uma vez que, os hábitos culturais perpetuam sobre as reais necessidades de higiene alimentar. É muito difícil mudar hábitos culturais e isso só deve ser tentando se um efeito claro e positivo de saúde pude esperar (WHO, 2000). Em países como Kênia, 90% do leite consumido é de produção informal. Estudos mostram que a entrega em domicilio e os preços baixos influenciam bastante os consumidores. Associado a esses graves fatores está o habito cultural, principalmente no que diz respeito a associação do consumo de produtos fresco e saudáveis (OMORE et. al. 2002). 2.7.2. A Necessidade da Educação Alimentar A prevenção para as doenças transmitidas por alimentos deve-se fundamentar necessariamente na educação em saúde. O esclarecimento e a educação em saúde do consumidor devem estreitar-se para melhor cobrança na qualidade do alimento consumido. O maior incentivo para as indústrias alimentícias treinarem seus funcionários em segurança alimentar e exigir matéria-prima de boa qualidade é a reação do consumidor relutante em comprar alimento de locais que estão sem higiene ou que têm má reputação em segurança alimentar. A segurança alimentar é o consumo do alimento sem contaminantes em níveis causadores de determinadas patologias como diarréias, vômitos, náuseas. Todos, independentes, se preparam ou consomem, fazem parte da cadeia alimentar. Portanto, dividem responsabilidades com o governo, a indústria alimentícia ou o comercio na garantia da segurança alimentar. Todavia, as pessoas só podem ser responsabilizadas pela segurança 16 alimentar se elas receberem treinamentos antes. As autoridades sanitárias não podem garantir os alimentos preparados em domicílios. As inspeções e fiscalizações nos estabelecimentos comerciais não são tão freqüentes para garantir o alimento seguro. Diante disso faz-se necessário à educação em segurança alimentar através de treinamentos, cursos e palestras. A queda das doenças transmitidas por alimentos em alguns países latinos, está associada com associada com atividades de educação sanitária implantadas na década de 90, quando houve epidemias de cólera (WHO, 2000). 2.7.3. A Educação Sanitária no Consumo dos Produtos Lácteos A OMS preconiza que a educação em saúde para a segurança alimentar deve ser empregada de acordo com os hábitos culturais. Deve levar em consideração as características econômicas, sociais, tecnológicas e de saúde. Os programas em educação em saúde devem levar em consideração as necessidades de cada grupo social. Assim é preciso levar em consideração a informação técnica e práticas que geram doenças transmitidas por alimentos, levando em consideração os fatores socioculturais e econômicos que influenciam a segurança alimentar (WHO, 2000). Programas de segurança alimentar realizados em países industrializados mostram que procedimentos simples de higiene de manipulação, como lavar as mãos após ir ao banheiro, o que previne a contaminação cruzada. Entretanto, a observação das praticas atuais de manipulação de alimentos e investigações epidemiológicas, seguindo incidentes de DTAs, continuam a mostrar que hábitos deficientes persistem entre manipuladores de alimentos. Para se ter uma mudança 17 no comportamento é preciso entender as razões e principalmente os hábitos culturais. A educação em saúde deve ser baseada na epidemiologia das doenças e dos patógenos, nos comportamentos, e nos fatores sociais e culturais que geram esse comportamento. A seleção do comportamento a ser modificado deve basear-se em fatos científicos. Modificá-lo deve causar um impacto significativo na saúde (GERMANO, 2003). 2.8. Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são causadas por diversos agentes, os quais penetram no organismo através da ingestão de água ou alimento contaminados. Os agentes causadores podem ser químicos, como pesticidas e metais tóxicos ou biológicos, como microrganismos patogênicos. Outras doenças causadas pela ingestão de plantas tóxicas e micotoxinas são também consideradas DTAs. Alimentos contaminados por agentes biológicos são a maior causa das enfermidades, sendo os episódios mais comuns resultado do consumo de alimentos como frutos do mar, produtos de origem animal crus ou mal cozidos, ou alimentos contaminados com toxinas de ocorrência natural. Normalmente os alimentos contaminados apresentam características sensoriais (AMSON et al., 2006). A população mundial tem se preocupado cada vez mais com o consumo do alimento seguro, embora ainda ocorram milhares de casos do DTA. Nos EUA, estima-se que ocorra cerca que nove milhões de casos pro ano (ALTEKRUSE et al., 1996). Os países em desenvolvimento são afetados por uma grande variedade de DTAs. O perfil epidemiológico das DTA no Brasil ainda é pouco conhecido. Muitos casos de enfermidades transmitidas pro alimentos não são notificados, pois seus 18 sintomas são geralmente parecidos com gripes ou discretas diarréias e vômitos (AMSON et al., 2006). Dentre os sinais e sintomas mais comuns tem-se dor de estômago, náusea, vômito, diarréia e febre por período prolongado (FORSYTHE, 2000). Diversos casos de doenças transmitidas pelo leite ocorreram devido ao consumo de leite cru por crianças em visitas das escolas às fazendas. Infelizmente, a tendência ao consumo dos chamados “alimentos saudáveis” já induziu muitas pessoas a consumir leite cru, sem saber dos riscos que estavam correndo (WHO, 2000). NERO et al. (2004) afirmam que os dados a respeito das DTAs causados pelo leite cru, no país, são inconscientes e que pouca informação esta disponível sobre a ocorrência de patógenos no leite cru brasileiro, assim como, desconhece-se seu envolvimento em surtos de doenças transmitidos pelo leite. 2.8.1. Riscos de contaminação do leite Devido a sua riqueza em diversos nutrientes, torna-se suscetível ao ataque de uma grande variedade de microrganismos (LEITE et al., 2002), provenientes de fontes diversas de contaminação, desde o animal, o homem, utensílios utilizados durante a ordenha e ate mesmo durante o processamento. É considerado um meio de cultura natural e favorável à reprodução ativa de bactérias (GONÇALVES & FRANCO, 1998). Considerando o potencial de se multiplicarem, as bactérias do leite podem causar alterações químicas (COUSIN, 1982) e microbiológicas, tornando o leite impróprio para o consumo. O leite é um produto muito perecível e por isso passível de contaminações por microrganismos. Durante a obtenção do leite ate sua chegada na indústria de beneficiamento o leite passa por etapas criticas de produção que podem facilitar a sua contaminação. Desde a ordenha 19 ate seu beneficiamento constituem etapas criticas que permitem a facilitação de proliferação de microrganismos. A ordenha seja ela manual ou mecânica deve seguir padrões higiênicos evitando assim sua contaminação. Alguns autores citam que alta velocidade da ordenha e grande diâmetro do canal galactífero facilite a contaminação do leite. Ainda cita que a proximidade do canal galactífero com o solo ou mesmo as contaminações existentes nos tetos facilitem a contaminação do leite ordenhado. Mesmo em boas condições, o leite possui carga de microrganismos que são mínimas, mas que devido às condições como clima, manipulação, podem aumentar significativamente produzindo aumento de microrganismos (RADOSTITIS, 2002). 2.8.2. Contaminantes comuns do leite O leite possui em sua microflora, contaminantes comuns, expressos em pequena quantidade, sendo os principais: Micrococcus, Streptococcus e Corynebacterium, alem de alguns lactobacilos saprófitas presentes no canal galactífero (RADOSTITIS, 2002). MENDONÇA et al., (2008) relatam que um dos grandes problemas do leite está relacionados com a quantidade de microrganismos, sendo que alguns desses estão presentes no momento da ordenha, outros são incorporados pela falta de higiene do ordenhador, utensílios mal higienizados e mesmo pelo próprio ambiente. As bactérias têm maior expressão no que se refere à contaminação do leite, sendo leveduras e fungos menos comuns. Dentre os contaminantes estão às bactérias láticas, coliformes, Micrococcus, Staphilococcus, enterococos, Bacillus, esporos de Clostridium e bastonetes gram-negativos. Em condições normais de temperatura predominam as bactérias gram-positivas (PASCHOA, 1997). 20 2.8.3. Bactérias aeróbias mesófilas As bactérias mesofílicas são as que multiplicam na faixa de temperatura entre 20 a 45ºC, tendo como temperatura ótima de crescimento 32ºC e, portanto, crescem bem em ambientes com o clima mais quente como o de nosso país. Esse grupo de bactérias é importante pois nele está a maioria dos contaminantes dos alimentos. É considerado um bom indicador de qualidade microbiológica do leite. Fermentam a lactose do leite e produzem ácido láctico, que eleva a acidez do leite e causa a coagulação da caseína. Por isso é comum fazermos testes que detectam a acidez do leite nas plataformas de recepção e podem determinar a rejeição do leite pelos laticínios. Para controlar o nível das bactérias mesófilas é preciso que o leite seja resfriado imediatamente após a ordenha (AUCURI et al., 2006). A contagem em placas é um método de avaliação de escolha para esses microrganismos. Contagens microbianas elevadas de mesófilos no leite pasteurizado podem indicar uma matéria-prima excessivamente contaminada ou permanência excessiva em temperatura ambiente, e ate mesmo manipulação inadequada ou manipulação deficiente (VIEIRA, 1976; ROGICK, 1987). O método de contagem em placas é eficiente para determinação da presença ou ausência de contaminação dos microrganismos. O método mais usado é através do Agar padrão para contagem (PCA). Esse método detecta o numero de bactérias aeróbias ou facultativas e mesofílicas, presentes no leite (HADJDENWUERCEL, 1998). 2.8.4 Bactérias aeróbias psicrófilas De modo geral as bactérias psicrófilas são aquelas que tem crescimento ótimo entre 0 a 15ºC (SANTOS, 1999). A microbiota 21 psicrotrófica contaminante do leite inclui espécies de bactérias Gramnegativas dos gêneros Pseudomonas, Achromobacter, Aeromonas, Serratia, Alcaligenes, Chromobacterium e Flavobacterium e bactérias Gram-positivas dos gêneros Bacillus, Clostridium, Corynebacterium, Streptococcus, Lactococcus, Leuconostoc, Lactobacillus e Microbacterium spp (PINTO et al., 2006). Bactérias do gênero Pseudomonas têm sido isoladas com maior freqüência do leite e de produtos lácteos refrigerados, pois apresentam maior capacidade de crescimento em ambiente refrigerado em relação aos outros microrganismos gram-negativos (SANTOS, 1999) embora não representem mais do que 10% da microbiota do leite cru recémordenhado (ANDRADE, 1998). Esse gênero inclui espécies que apresentam um tempo de geração curto, entre 0°C e 7°C, e uma temperatura mínima de crescimento baixa, de até -10°C (SANTANA, 2001). Apesar de serem facilmente destruídas pela pasteurização, suas enzimas proteolíticas e lipolíticas são termorresistentes e promovem alterações físicas e organolépticas no leite e seus derivados (SANTOS, 1999; ANDRADE, 1998; SANTANA, 2001), que poderiam afetar o produto se o tempo de refrigeração e prateleira fosse superior aos estabelecidos pela legislação (MORAES et al., 2005). A contaminação dos produtos lácteos por bactérias psicrotróficas pode originar-se do suprimento de água de qualidade inadequada, deficiências de procedimentos de higiene e mastite. Portanto, procedimentos de higienização empregados na cadeia produtiva do leite constituem pontos críticos para a obtenção de uma matéria-prima de alta qualidade PINTO et al., 2006). 22 2.8.5. Bactérias aeróbias termofílicas As bactérias termofílicas são definidas como aquelas cuja temperatura ótima de crescimento esta entre 55 a 65ºC. O leite cru, normalmente contem, poucas bactérias termofílicas, embora com capacidade de se desenvolverem no leite quando mantido a temperaturas elevadas, podendo atingir grandes números desses microrganismos no produto. Essas bactérias constituem problemas no leite pasteurizado quando algumas porções são mantidas, por algum tempo, entre 50 a 70ºC (SILVEIRA, 1998). 2.8.6. Alguns patógenos encontrados no leite e derivados lácteos 2.8.6.1. Coliformes no leite Os coliformes são muito difundidos e encontrados em muitos alimentos, mas não indicam necessariamente uma contaminação fecal. A presença desses microrganismos no leite cru é freqüentemente atribuída as praticas precárias de higiene durante a ordenha (MORENO et al., 1999). Os testes para organismos coliformes em leite têm a finalidade de avaliar as condições sanitárias da produção, determinar a ocorrência de infecção no úbere e avaliar a eficiência da pasteurização, uma vez que este grupo de microrganismos é considerado um indicador das condições de higiene da produção e beneficiamento do leite pasteurizado (OLIVEIRA & CARUSO, 1996) Os coliformes totais (CT), ou coliformes a 30ºC, são microrganismos pertencentes à família Enterobacteriaceae representados pelos gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella, que apresentam a capacidade de fermentar lactose produzindo ácido e gás 23 quando incubadas a 35-37ºC (FRANCO & LANGRAF, 1996). Estes microrganismos indicam o nível de contaminação ambiental que o alimento agregou, alem de identificar as más condições higiênicas do produto, indica, também, a possibilidade de transferência de patógenos pertencentes aos grupos EPEC, ETEC, EIEC, EAEC e EHEC (FRANCO et al., 1985; ERNANDEZ & HOFER, 1987; LEVINE et al., 1987; NASCIMENTO et al., 1988; SABIONI et al., 1988; JAKABI & FRANCO, 1991). Esses microrganismos são sensíveis à temperatura de pasteurização e sua presença em produtos tratados termicamente indica contaminação após processo. Estão presentes normalmente no trato gastrointestinal do homem e dos demais animais homeotérmicos (SIQUEIRA, 1995). Coliformes termotolerantes (CTT) ou coliformes a 45ºC, correspondem aos coliformes totais que continuam fermentando a lactose com produção de gás quando incubados a 45º C. A presença de CTT indica uma possível contaminação de origem fecal, assim como eventual ocorrência de enteropatógenos (FRANCO & LANGRAF, 1996). 2.8.6.2. Escherichia coli Escherichia coli é um microrganismo gram-negativo, oportunista que coloniza normalmente o trato gastrointestinal do homem e dos animais e eventualmente produz doenças. Porém é importante citar que o desenvolvimento de doença está diretamente relacionado com a idade do paciente, imunidade e o estado geral (QUINN et al., 2005). Constitui o melhor fator de indicação para possíveis contaminações fecais que se conhece. Nas fezes, cerca de 95% dos coliformes presentes são E.coli (SILVA et al., 2000). A presença da identificação da dessas bactérias é importante pois há cepas patogênicas para o homem e animais (FRANCO & LANGRAF, 1996). 24 2.8.6.3. Staphilococcus sp. Os estafilococos são cocos gram-positivos, isolados ou agrupados em cachos de uvas, pares ou tétrades. São anaeróbios facultativos, não esporogênicos, produtores usuais de catalases e imóveis (QUINN et al., 2005). São bactérias mesofílicas e crescem em temperatura entre 7 e 48ºC, sendo as enterotoxinas produzidas na faixa de temperatura entre 10 a 46ºC. Seu habitat natural é o organismo animal, estando presente na saliva, mucosa nasal, pele e tudo digestivo. Importante nas patologias humana e animal. No homem, além de ocasionar infecções, que podem variar de pequenos furúnculos na pele até septicemia grave (RADDI et al., 1988.), produz freqüentemente infecções assintomáticas (WILSON, 1977) e gastroenterirtes. A proporção de portadores desta bactéria varia entre 30% e 60% dos examinados (SABIONII et al., 1988), sendo mais comum entre trabalhadores de hospitais (TRABULSI et al., 1999). O Staphilococcus aureus é o agente mais comum nas infecções patogênicas causadas por este gênero, além de causar vários tipos de intoxicações alimentares. É o principal agente causador da intoxicação estafilocócica, que ocorre devido à ingestão de alimentos contendo a toxina pré-formada. Essas toxinas são camadas enterotoxinas sendo diferenciadas em cinco tipos (A, B, C, D e E) (FRANCO & LANGRAF, 1996). As enterotoxinas possuem a propriedade de serem termorresistentes, logo são capazes de interferirem na qualidade do alimento, uma vez que podem persistir no produto final, após prévio tratamento térmico (PEREIRA et al., 2002). Os surtos de intoxicação alimentar são freqüentemente relatados, pois havendo no alimento condições favoráveis à sua multiplicação, em poucas horas, certas cepas produzem as toxinas termoestável que são responsáveis pelo quadro clínico (SABIONII et al., 1988). O quadro clínico observado na intoxicação 25 estafilocócica cursa com diarréia e vomito. Náusea, calafrios, dores abdominais e prostração ocorrem usualmente e o estado febril é de rara ocorrência (PEREIRA et al., 2002). Os sintomas, que aparecem dentro de 1-6 horas após a ingestão do alimento. Em casos severos, muco e sangue são observados no vômito e nas fezes. A intoxicação estafilocócica pode ser fatal para recém-nascidos e pessoas idosas (WILSON, 1977). Esse microrganismo pode ser encontrando em uma grande variedade de alimentos como carnes bovina, frango congelado e cozido, lagosta, camarão, caranguejo, peixe, presunto, leite, queijo, creme de leite, sorvete, embutidos e produtos de confeitaria recheados com creme têm sido também relacionados a surtos de intoxicação alimentar estafilocócica. Embora o S. aureus seja rapidamente destruído pela pasteurização e por processos de cozimento, sua toxina é muito resistente ao calor, sendo destruída gradualmente pela fervura em 30 minutos (SABIONII et al., 1988). Além disso, falhas na pasteurização ou na refrigeração também contribuem significativamente para a ocorrência de surtos de intoxicação. Falhas na manipulação associada a má conservação dos alimentos também representa grande risco para a ocorrência de surtos de intoxicações (OLIVEIRA , 2005). Deve-se ainda considerar o cozimento insuficiente ou o descongelamento inadequado, além do uso de equipamentos contaminados (SILVA et al., 1999). 2.8.6.4. Salmonella sp. Salmonelose é uma doença infecciosa provocada por um grupo de bactérias do gênero Salmonella, que pertencem à família Enterobacteriaceae, existindo muitos tipos diferentes desses germes. A Salmonella é conhecida há mais de 100 anos e o termo é uma referência ao cientista americano chamado Salmon, que descreveu a doença 26 associada à bactéria pela primeira vez. As salmonelas tem a forma de bastonete curto, são gram-negativas, não esporulam, são moveis por meio de flagelos, anaeróbias facultativas, mas que podem crescer em meio comum na presença de oxigênio e são produtoras de catalases. São microrganismos mesofílicos, crescem entre 5 a 47ºC, com crescimento ótimo entre 35 a 37ºC (QUINN et al., 2005). As Salmonelas são transmitidas ao homem através da ingestão de alimentos contaminados com fezes animais. É muito freqüente a contaminação de alimentos crus de origem animal. O cozimento de qualquer destes alimentos contaminados elimina a Salmonella (ÁVILA & GALLO 1996). A manipulação de alimentos por pessoas contaminadas, pode causar sua contaminação (PADILHA et al., 2001). A maior parte das pessoas infectadas com Salmonella apresenta diarréia, dor abdominal (dor de barriga) e febre. Estas manifestações iniciam de 12 a 72 horas após a infecção. A doença dura de 4 a 7 dias e a maioria das pessoas se recupera sem tratamento (QUINN et al., 2005). Muitas doenças podem causar as mesmas manifestações que a salmonelose, sendo o diagnóstico, na maior parte das vezes, associado à história alimentar recente. A comprovação de que as manifestações clinicas são causadas pela Salmonella só pode ser feita pela identificação do germe nas fezes da pessoa infectada e é útil somente nos casos mais graves, em que a administração de antibiótico se faz necessária. Este teste usualmente não é realizado em um exame comum de fezes, sendo necessário uma instrução específica ao laboratório para a procura do germe nas fezes. Sendo os alimentos de origem animal uma das principais fontes de contaminação por Salmonella, ovos, carne e galinha não devem ser ingeridos crus, mal-passados ou não completamente cozidos (LEITE et al., 2002). 27 2.8.6.5. Listeria spp. Listeria spp. é um cocobacilo Gram-positivo, não esporulado, nãoprodutor de ácidos, aeróbio e anaeróbio facultativo, de ampla distribuição ambiental, com caráter ubiquitário, tendo sido isolado de águas superficiais, de esgotos domésticos, águas residuárias de indústrias de laticínios e de abatedouros, de solos, de insetos, de adubo orgânico e em fezes de animais e de humanos (NOJIMOTO et al., 1997). Pode também ser isolada em diversos produtos alimentícios sejam crus ou após tratamentos térmicos ou químicos (FRANCO & LANGRAF, 1996). Na microbiologia de alimentos vem sendo estudada, nos últimos anos, a presença de Listeria spp. Com predominância da espécie L. monocytogenes, assim como a diversidade de espécies do gênero. Contribuem para este estudo, um maior conhecimento destes patógenos nos seus aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais através do desenvolvimento de meios de cultura mais seletivos que favoreceram seu isolamento e identificação FRANCO & LANGRAF, 1996). L. monocytogenes é patogênica para o homem e diversos animais, e sua ampla distribuição ambiental, igual às outras espécies, é favorecida pela sua capacidade de se desenvolver entre 0°C e 44°C e, embora sua faixa ótima seja entre 30°C e 37°C, pode sobreviver em alimentos congelados. Tolera pH extremos de 5 e 9, baixa atividade da água e concentrações de NaCl de 10% e até superiores. Este conjunto de características faz com que Listeria spp. e L. monocytogenes, em especial, sejam um patógeno emergente de grande interesse na área de alimentos e explica o destaque que estes microrganismos vêm ocupando nos últimos anos no controle de qualidade na indústria de alimentos, visto as dificuldades de sua eliminação, assim como, a possibilidade de causar uma doença grave no consumidor (LANDGRAF, 1997; NOJIMOTO et al., 1994; PEREIRA & ROCOURT, 1993). 28 No Brasil, existem vários registros da presença de L. monocytogenes em leite e derivados (FURLANETTO et al., 1996; SILVA, 1999; VAN DENDER, 1995). SILVA et al. (2000) pesquisando a contaminação em queijos produzidos no Rio de Janeiro, encontraram 19,6% das amostras positivas para L. monocytogenes e, ainda, as mesmas amostras foram também positivas para L. innocua e L. grayi. A grande freqüência de casos de listeriose, veiculada por queijos, evidencia a importância desse alimento e de outros derivados do leite na cadeia epidemiológica de transmissão de Listeria spp. (RIEDEL, 1992). 2.8.6.6. Mycobacterium sp. A tuberculose é uma doença de grande espectro de infecciosidade, ocorrendo em todos os mamíferos domésticos (CORREA & CORREA, 1973), tendo aspecto granulomatoso, crônica e contagiosa. O agente causador da tuberculose pertence ao gênero Mycobacterium, sendo as espécies causadoras de doenças: Mycobacterium bovis, Mycobacterium avium e Mycobacterium tuberculosis (ROXO, 1996). A tuberculose bovina é considerada uma zoonose, pois pode ser transmitida ao homem e atualmente vem ganhando destaque assumindo caráter de doença profissional, mais freqüente entre os indivíduos que lidam diretamente com animais infectados ou com produtos provenientes destes, como tratadores, magarefes, veterinários e laboratoristas, manifestando-se não somente na forma clássica de tuberculose intestinal ou escrofulose (transmitida por alimentos), mas, principalmente, na forma pulmonar (transmitida por aerossóis) (RADOSTITIS et al., 2002). Essa doença continua a desempenhar um papel preponderante entre as doenças infecto-contagiosas com grave impacto nas populações, levando a grandes prejuízos econômicos e sociais, além de ser uma doença de caráter profissional, ainda sabe-se que ocorre, e não tão 29 incomum, a transmissão através do leite não pasteurizado (ABRAHÃO, 1998). A exploração leiteria tem grande importância na distribuição da tuberculose devido ao contato entre o homem e o animal, além da ingestão de leite não pasteurizado constituir uma das principais formas de infecção para o homem pelo Mycobacterium bovis (MODA et al., 1996; MONTEIRO et al., 2004). Além disso, não é possível observar diretamente em populações humanas a prevalência da infecção pelo M. bovis, uma vez que nem o teste tuberculínico, e nem qualquer método de investigação populacional pode distinguir essa infecção daquela causada pelo M. tuberculosis (ABRAHÃO, 1998). Para os pecuaristas, a tuberculose bovina gera conseqüências econômicas desastrosas, devidas em grande parte à aquisição de animais doentes, como a redução da produção de leite e carne; desvalorização comercial do animal infectado pela rejeição de sua carcaça. No caso da tuberculose, este fato é muito importante, pois alguns produtores de gado de leite e de corte, com altos índices de condenação por tuberculose, enviam seus animais para serem abatidos em locais sem controle sanitário. Além disso, é bastante freqüente a distribuição clandestina do leite proveniente de pequenas propriedades rurais (ANDRADE et al.,1998; CERQUEIRA et al., 1994; ABRAHÃO, 1998). 2.8.6.7. Brucella sp. Brucella são pequenas bactérias gram-negativas, cocobacilares e imóveis. São aeróbicas, capnofílicas e catalase-positivas. São microrganismos com predileção por órgãos sexuais de animais adultos (QUINN et al., 2005). 30 A Brucella abortus acomete bovinos e tem disseminação considerável e, com freqüência muito rápida pela progressiva intensificação da produção leiteira e de corte, assim como, pela concentração das criações bovinas, sempre que não sejam tomadas as medidas apropriadas de proteção e de combate (QUINN et al., 2005). A entrada do agente em criações não infectadas é produzida em primeiro lugar, pela estabulação das fêmeas gestantes infectadas, ainda sem manifestações clínicas. Também é possível mediante a compra de vacas clinicamente sadias, mas já infectadas, que abortaram ou pariram um feto morto anteriormente (BEER, 1988). Os humanos são suscetíveis á infecção por B. abortus, B. suis, B. melitensis e, raramente, B. canis (QUINN et al., 2005). É uma zoonose de caráter profissional, em que estão mais sujeitos a infectar-se as pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados (tratadores, proprietários e veterinários) ou aqueles que trabalham com produtos e subprodutos de origem animal (funcionários de matadouros, laticínios e laboratórios) (RIET-CORREA et al., 1998). As rotas de entrada incluem lesões de pele, inalação e ingestão (SIEGMUND et al., 1981). Com relação a saúde humana, a doença é importante porque o agente pode causar a febre ondulante no homem. O leite cru e o os produtos feitos com leite não pasteurizado são importantes fontes de infecção. A importância de enfermidade no ser humano justifica amplamente sua erradicação. A infecção ocorre em bovinos de todos as idades, porém persiste mais comumente em animais sexualmente maduros. Embora os cães de fazenda não sejam, de um modo geral, considerados como o principal reservatório da Brucella abortus, o microorganismo é isolado destes animais que vivem em fazendas onde vários bovinos são sorologicamente positivos para brucelose (BLOOD & RODOSTIT, 1983). 31 2.8.6.8. Campylobacter jejuni Campylobacter é um gênero formado por bacilos gram-negativos, curvos e móveis. As espécies de Campylobacter são encontradas nos tratos intestinais e genitais de animais domésticos. Têm ampla distribuição geográfica. São causadores de infecções intestinais, apresentando-se como diarréia, ou genitais, causando infertilidade ou aborto (QUINN et al., 2005). Campylobacter jejuni coloniza intestino das aves, o que pode acarretar contaminação fecal em cursos d’água e em alimentos. Constitui causa freqüente de intoxicação alimentar em alguns países. Além do C. jejuni, Campylobacter coli e C. lari também podem estar envolvidos (QUINN et al., 2005). Essas infecções zoonóticas são geralmente transmitidas por alimentos. A carne de aves doméstica é a principal fonte de infecção para humanos. Febre, dor abdominal e diarréia são as manifestações comuns dessas infecções entéricas. O consumo de leite bovino não pasteurizado também tem sido responsabilizado por surtos isolados de campilobacteriose intestinal na Inglaterra e Estados Unidos. A resistência a antimicrobianos é uma das principais preocupações em saúde pública (RIET-CORREA et al.., 1998). 2.8.6.9. Yersinia enterocolitica Yersinia enterocolitica é uma bactéria Gram-negativa, da família Enterobacteriaceae, é um patógeno emergente que está se disseminando ultimamente em todo o mundo. A espécie é muito heterogênea do ponto de vista bioquímico, sorológico, níveis de patogenicidade e repartição geográfica (QUINN et al., 2005). Os suínos são considerados reservatórios de Y. enterocolitica porque os sorotipos patogênicos para o homem são freqüentemente 32 encontrados na orofaringe e fezes desses animais (QUINN et al., 2005). Também existem portadores humanos, sãos ou doentes (MENDONÇA et al., 1994). Y. enterocolitica tem a propriedade de se desenvolver a 4oC, o que permite sua multiplicação nos alimentos refrigerados (vegetais crus, leite e derivados, carne e derivados) provocando surtos de diarréia (QUINN et al., 2005). Também pode se multiplicar em bolsas coletoras de sangue, a partir de doadores portadores-assintomáticos e acarretar acidentes sépticos pós-transfusionais (MENDONÇA et al., 1994). 2.8.6.10. Bacillus cereus O gênero Bacillus é formado de bactérias em forma de grandes bacilos gram-positivos, produtores de esporos, catalase-positvas, anaeróbias facultativas ou aeróbias (QUINN et al., 2005). Bacillus cereus causa mastite em bovinos e tem destaque na saúde pública. Na indústria alimentícia como agente causador de toxinfecção alimentar, além de provocar grandes prejuízos econômicos por ser um potencial deteriorante de alimentos. É um microrganismo produtor de dois tipos de toxinas: a diarréica (termo-lábil) e emética (termo-estável). A gastroenterite diarréica ocorre em decorrência da ingestão de alimentos contaminados com os esporos de Bacillus cereus, sendo mais comuns os vegetais crus ou cozidos, produtos cárneos, leite e derivados, massas e outros alimentos à base de amido e farinhas. A síndrome emética é causada por alimentos que já possuem a toxina produzida pela bactéria. (COSENTINO et al., 1997). Por ser um microrganismo ubíquo e formador de esporos, é continuamente isolado de alimentos lácteos. A presença de B. cereus no leite é devida tanto à resistência do microrganismo ao tratamento térmico, 33 quanto à contaminação do alimento após o tratamento. (REZENDE et al., 2000; VIDAL-MARTINS et al.l, 2005). 2.8.6.11. Fungos e leveduras no leite Os fungos são organismos comuns na natureza, estando presentes em ambientes aquáticos, terrestres e aéreos (QUINN et al., 2005). O crescimento destes microrganismos pode determinar doenças infecciosas ou tóxicas, em animais e no homem. A simples presença do fungo não é fator determinante de doença (TRABULSI, 1999). Os reservatórios habituais dos fungos que infectam o homem e o animal podem ser o próprio homem e o animal, ou um sítio da natureza. A contaminação dos equipamentos da ordenha por estes microrganismos pode levar à ocorrência de infecções em um grande número de animais (mastites), embora normalmente os casos de mastite micótica ocorram de maneira isolada. As medidas higiênico-sanitárias não conduzidas adequadamente podem facilitar a contaminação do leite por microrganismos indesejáveis, os quais podem causar alterações físico-químicas no mesmo, limitando sua durabilidade e de seus derivados, além de determinar problemas econômicos e de saúde pública (ANDRADE, 2001). O leite cru consumido “ao pé da vaca” (imediatamente após a ordenha) ou proveniente de tanques de refrigeração mal conservados permite o crescimento de microrganismos provenientes de úberes infectados (acometidos por mastite infecciosa), da superfície dos úberes e/ou dos tetos ou do equipamento de ordenha. Deve-se considerar que o leite e seus derivados lácteos contaminados com microrganismos, como fungos micelianos e leveduras, podem constituir em potenciais vias de transmissão de zoonoses a eles relacionados (TRABULSI, 1999). 34 2.9. Resíduos Químicos no Leite Apesar de microrganismos patogênicos serem os agentes mais relacionados a enfermidades veiculadas por alimentos (ANDERSON et al., 2004), a presença de resíduos de substâncias químicas nesses produtos é bastante comum. Essas substâncias podem contaminar os alimentos desde as fases iniciais de produção até fases finais de beneficiamento e consumo. Vários metais, drogas e outras substâncias químicas são administrados aos animais na alimentação para propósitos nutricionais e terapêuticos. Já foi relatada a presença de arsênico em cama de frango, material usualmente utilizado como ração para gado bovino e que, quando ingerida, pode se acumular no fígado dos animais (HAAPAPURO et al., 1997). Os antibióticos são fármacos utilizados em animais destinados à produção de alimentos, com finalidade terapêutica, profilática ou como promotores de crescimento. A presença de resíduos de substâncias antimicrobianas é freqüentemente detectada em alimentos de origem animal, devido à utilização desses no tratamento de várias enfermidades dos animais (CANA BRAVA et al., 2002; STILWELL & GONÇALVES, 2002). Os possíveis riscos à saúde humana decorrentes do emprego de medicamentos veterinários em animais produtores de alimentos podem estar associados aos resíduos dos mesmos em níveis acima dos limites máximos recomendados (LMR’S). Isto pode ocorrer quando a administração desses produtos não segue as Boas Práticas de Uso de Medicamentos Veterinários, em especial as especificações de uso. Em gado leiteiro, o tratamento de infecções no úbere dos animais resulta na presença de resíduos de antibióticos no leite quando não é respeitado o período de carência indicado para o medicamento utilizado. Esse prazo depende do tipo de medicamento utilizado e do regime de tratamento adotado (FONSECA & SANTOS, 2000). A presença de resíduos de 35 antibióticos é comum no leite cru produzido em diferentes regiões do Brasil (FARIAS et al., 2004; NASCIMENTO et al., 2001). O conhecimento da dimensão da exposição da população a esses compostos químicos é de fundamental importância para nortear as ações de controle visando à proteção do consumidor (ANVISA, 2003). Os limites máximos permitidos para resíduos de drogas para uso veterinário em alimentos são determinados pelo Codex Alimentarius da FAO e da OMS, sendo pontos de referência para o comércio internacional de alimentos (FONSECA & SANTOS, 2000). A presença de resíduos de antibióticos em leite pode ocasionar vários efeitos indesejados, como seleção de cepas bacterianas resistentes, no ambiente e no consumidor, hipersensibilidade e possível choque anafilático em indivíduos mais sensíveis, desequilíbrio da flora intestinal, além de efeito teratogênico (NASCIMENTO et al., 2001; COSTA, 1996; ALBUQUERQUE et al., 1996). Além desses problemas, a presença dessas substâncias em leite pode causar inibição na multiplicação de sua microbiota, interferindo assim nos resultados de análises laboratoriais de controle de qualidade bem como na fabricação de derivados, como queijos e iogurtes (VAN SCHAIK et al., 2002; NASCIMENTO et al., 2001). Dessa forma, a presença de antibióticos em leite, mesmo em baixa freqüência, não pode ser considerada menos importante que a presença de patógenos, devido aos efeitos indesejados mencionados e por não serem tolerados legalmente nesse produto (BRASIL, 2001). Considerando-se a alta porcentagem de pessoas alérgicas à penicilina e seu amplo uso nas propriedades leiteiras, os resíduos de penicilina constituem a maior preocupação, com relação aos riscos oferecidos aos humanos (LARANJA & MACHADO, 1994). Pesticidas, em especial organofosforados e carbamatos, são bastante utilizados no controle de pragas em plantações e de parasitas em animais. Quando aplicados de forma inadequada na lavoura, essas 36 substâncias podem contaminar cursos de água além de gerarem resíduos em produtos agrícolas. Tanto as fontes de água como esses produtos agrícolas podem ser destinados ao consumo desses mesmos animais, e através de seu metabolismo, essas substâncias se depositam na gordura e músculos, podendo ser encontrados também no leite (ROTHWELL et al., 2001). Da mesma forma que para antibióticos, a aplicação de pesticidas em animais deve obedecer aos prazos de carência determinados para cada produto utilizado. Quando esses períodos não são respeitados, é possível a detecção de resíduos dessas substâncias nos produtos originados desses animais, como carne e leite (ROTHWELL et al., 2001). Em vários países é relatada a presença de resíduos de pesticidas em leite e derivados, sempre os relacionando a potenciais perigos à saúde pública (BATTU et al., 2004; MALLATOU et al., 1997; MARTÍNEZ et al., 1997; LOSADA et al., 1996). O Brasil é um dos maiores consumidores de defensivos agrícolas no mundo, tendo participado com 7% no consumo mundial dessas substâncias em 1995 (BRASIL, 1998). Segundo a Organização Mundial de Saúde, que estima que para cada caso notificado existam cerca de 50 não notificados, calcula-se que em 1993 o Brasil teve cerca de 300.000 casos de intoxicações por defensivos agrícolas (BRASIL, 1998). Segundo classificação do Ministério da Saúde, organofosforados e carbamatos se enquadram na classe de pesticidas inibidores de colinesterases (BRASIL, 1998). Essas substâncias causam um acúmulo de acetilcolina nas sinapses nervosas. Diferentemente dos organofosforados, os carbamatos são inibidores reversíveis das colinesterases, porém as intoxicações podem ser igualmente graves (ESCÁMEZ et al., 2004). Atualmente os organofosforados são os pesticidas mais utilizados no mundo (cerca de 30%), por isso há grande preocupação com seus resíduos em alimentos e freqüentes casos de intoxicação (RUBI et al., 2004; BENEDICO, 2002). Essas substâncias são responsáveis por cerca de 80% das intoxicações por defensivos agrícolas que requerem 37 tratamento médico, e por 75% das mortes causadas por pesticidas (RUBI et al., 2004). Além do perigo químico que essas substâncias químicas podem representar, elas também podem interferir nas metodologias de detecção de microrganismos em alimentos. No caso de microrganismos patogênicos, por exemplo, as metodologias analíticas são divididas em várias etapas que têm como objetivo reverter o estresse do patógeno alvo da análise causado pelas condições desfavoráveis no ambiente. Durante essas etapas, o alimento em análise é semeado em diferentes meios de cultura e a presença de alguma substância química pode inibir o desenvolvimento do patógeno pesquisado. Antibióticos sabidamente interferem na multiplicação microbiana (VAN SCHAIK et al., 2002; NASCIMENTO et al., 2001; COSTA, 1996; ALBUQUERQUE et al., 1996). 38 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Verificar a relação de consumo dos produtos lácteos formais (industrializados) e informais (clandestinos), caracterizar o perfil do consumidor desses produtos, identificar os produtos informais mais consumidos e as razões da escolha entre os produtos, formal ou informal, no município de Colatina/ES. 3.2. Objetivos Específicos 1) Caracterizar o local de compra desses produtos. 2) Caracterizar o perfil socioeconômico dos consumidores. 3) Estabelecer qual o nível de conhecimento do consumidor sobre: a) doenças transmissíveis pelo leite e derivados; b) conhecimento sobre a segurança dos produtos inspecionados; c) importância do papel dos órgãos fiscalizadores. 39 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Amostragem O procedimento metodológico adotado foi a realização de um estudo analítico-descritivo das características dos consumidores de produtos lácteos formais e informais, por meio de um questionário estruturado, com a realização de entrevistas a cidadãos do município de Colatina-ES, no período agosto de 2007 a março de 2008. A amostragem foi feita aleatoriamente e apenas as pessoas abordadas que se dispuseram a responder o questionário foram entrevistadas. 4.2. Elaboração do Questionário O método de entrevista utilizado foi baseado na aplicação de um questionário estruturado em 23 perguntas (modelo em Anexo), dentre as quais constavam a idade e o grau de escolaridade dos entrevistados, sua ocupação funcional, local onde mora (zona rural ou urbana), renda 40 mensal da família e número de pessoas na mesma, de forma a caracterizar o perfil socioeconômico dos consumidores entrevistados. Com relação às perguntas específicas sobre produtos lácteos, primeiramente questionou-se se o indivíduo consumia tais produtos. Em casos de respostas positivas seguia-se a aplicação do questionário, perguntando-se com qual freqüência ele fazia uso dos mesmos, bem como o local onde esse produto era adquirido, além de algumas características dos produtos. Também foi argüido ao entrevistado se ele tinha conhecimento de que o consumo de leite e derivados pode causar alguma doença, e se sim, quais seriam essas doenças. Da mesma forma, buscou-se saber também se o entrevistado, ou alguém de sua família já havia ficado doente após ingerir algum produto lácteo. Buscando-se avaliar o nível de conhecimento do entrevistado sobre os produtos lácteos que ele consome, perguntou-se se durante a compra de um produto industrializado se ele tem o habito de observar a embalagem. Também foi perguntado ao entrevistado de ele conhecia o significado das siglas SIF, SIE e SIM. 4.3. Aplicação do Questionário As entrevistas foram realizadas por três auxiliares de pesquisa, devidamente treinados. As perguntas foram realizadas de forma inteligível, claras e objetivas, utilizando-se um vocabulário adequado à situação, de maneira que o entrevistado ficasse à vontade para o diálogo, valorizando sua participação sem qualquer tipo influência do entrevistador nas respostas. O trabalho não se limitou somente ao plano de perguntas, os entrevistadores também estavam atentos às observações relevantes feitas pelos entrevistados. 41 4.4. Análise dos Dados Para se avaliar os resultados obtidos nas entrevistas empregou-se o método de descrição analítica para se discutir os resultados obtidos, sendo os valores numéricos expressos em percentagem. Para correlacionar alguns dados construíram-se gráficos para se comparar os resultados. 42 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas 980 entrevistas, dentre as quais, 928 (94,7%) dos entrevistados eram consumidores de produtos lácteos e 52 (5,3%) não os consomem por diversos motivos como alergias, intolerância a lactose, enxaquecas, controle de doenças metabólicas como colesterol elevado, por falta de hábito, por causa dos custos ou simplesmente por que não gostam de produtos lácteos. NERO et al. (2003) também verificaram em seu trabalho que 95,51% dos entrevistados possuíam o hábito de consumir leite. Como o objetivou deste trabalho teve como foco os consumidores de produtos lácteos, os dados apresentados a seguir referem-se apenas aos 928 entrevistados consumidores de produtos lácteos. Dos consumidores de produtos lácteos entrevistados, 607 (65,41%) consomem apenas lácteos industrializados, enquanto 321 (34,59%) consomem algum produto de origem informal. Esses dados são significativos quando comparados com outros trabalhos realizados, como o de SOUSA (2005), que encontrou que os consumidores de produtos informais representam 29,3% e OLIVAL et al. (2002) demonstraram que 24% dos consumidores consomem queijo minas do tipo informal. 43 Quanto a variável idade, os entrevistados foram divididos por faixa etária em quatro grupos: I - até 20 anos (92 entrevistados); II - de 21 a 40 anos (423 entrevistados); III - de 41 a 65 anos (302 entrevistados); IV mais de 65 anos (111entrevistados). Desses, 72,82% (I - 67), 68,55% (II - 290), 72.51% (III - 219) e 73,87% (IV - 82), relataram consumir apenas produtos industrializados. Esses valores indicam que não há diferença significativa entre os grupos de faixa etária diferente, no que se diz respeito a preferência por consumir produtos de origem industrializada, sendo que em todos os grupos, mais de 68% têm preferências por esses produtos. Do total dos consumidores de produtos lácteos (928), 38 (4%) declararam ser analfabetos, 232 (25%) tinham o ensino fundamental incompleto, 250 (27%) o ensino fundamental completo, 139 (15%) já concluíram o ensino médio, 131 (14,11%) cursam o ensino médio, 87 (9,37%) cursaram o ensino superior, enquanto que 51 (5,49%) possuem o ensino superior completo. Desses 65,78% (25/38), 69,39% (161/232), 68,4% (171/250), 77,4% (209/270), 68,1% (94/138), respectivamente, alegaram consumir apenas produtos industrializados. Enquanto, 34,21% (13/38), 30,61% (71/232), 31,6% (79/250), 26,7% (72/270), 31,9% (44/138) compram produtos lácteos informais. Com relação ao grau de escolaridade e o consumo de produtos lácteos, pode-se inferir que a maioria dos entrevistados opta por produtos formais, industrializados, sendo que a maior porcentagem de consumidores de produtos informais, não industrializados, se encontra no grupo das pessoas declaradas analfabetas, seguidas daquelas que cursaram o ensino médio. Apesar de indivíduos com o nível superior, supostamente terem um nível de conhecimento mais elevado, isto não parece influenciar sobre o conhecimento desses indivíduos, pois observou-se que a porcentagem de indivíduos com o grau de escolaridade mais elevado (ensino superior) que consomem produtos informais (68,1%) é muito próximo daqueles que 44 também os consomem, porém tem um nível menor de escolaridade (ensino fundamental) (68,4%). Todavia, deve-se ressaltar a importância de esclarecer melhor os consumidores sobre o tipo de produtos que eles estão consumindo, uma vez que a simples transmissão de informação educacional escolar não foi suficiente para resultar em mudanças de hábitos por parte do consumidor, conforme os dados obtidos neste estudo. Na Figura 1 pode-se observar uma comparação entre os consumidores de produtos lácteos formais e informais e suas profissões declaradas no momento da aplicação do questionário. 700 autonômo/liberal 607 600 comerciante funcionário público 500 setor industrial 400 321 300 200 doméstica professor(a) 196 estagiário(a) 124 100 85 45 73 40 58 35 69 6 19 26 36 22 34 4 23 33 0 Consumidores de produtos lácteos formais dependente de outro familiar aposentado/pensionista Consumidores de produtos lácteos informais Figura 1. Comparação entre o tipo produto lácteo consumido pelos entrevistados no município de Colatina-ES e suas respectivas profissões. Do total dos entrevistados que consomem leite (928), 2% (18/928) não eram do município de Colatina-ES, 18,15% (168) residem na zona rural e 79,89% (742/928) na zona urbana do município. Os resultados referentes ao local de moradia dos indivíduos influenciou em muito no 45 quesito consumo de leite informal. Do total de entrevistados residentes na zona rural (168), 53,57% (90/168) consumem derivados lácteos informais. Para os consumidores do perímetro urbano (742), 27,08% (201/742) preferem consumir derivados lácteos informais como o queijo minas frescal, muito produzido no município de Colatina, porém sem qualquer tipo de fiscalização. O maior consumo de produtos informais foi constatado entre as pessoas residentes na zona rural do município. O percentual das pessoas que residem na zona rural e consumem derivados informais (53,57 %), está associado diretamente com a proximidade da fonte produtora, uma vez que a maioria deles relatou produzir o queijo ou compram de vizinhos. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000) relata o fato dos moradores da zona rural terem limitado acesso às informações, no que se referem à educação em saúde e doenças transmitidas por alimentos, fato que também pode contribuir nos hábitos desses moradores em consumirem, significativamente, os produtos informais. Quando considerada a variável renda familiar, esta também influenciou no consumo de produtos informais. As pessoas que recebem até um salário mínimo 27,8% do total de entrevistados (258/928) têm preferência por produtos lácteos informais, cerca de 67,82% (173/258) responderam que consomem produtos informais. Das pessoas que recebem dois salários míninos 35,23% (327/928), cerca de 52,9% (172/327) responderam preferir produtos industrializados e 47,1% (155/327) preferem os produtos vindos diretamente do produtor, os informais. Dos entrevistados que recebem entre três e quatro salários mínimos 35,34% (128/928), 60,9% (78/128) responderam que preferem produtos industrializados. Dos consumidores que recebem até sete salários mínimos 13,57% (126/928), 64,28% (81/126) consomem produtos lácteos formais, enquanto que 35,7% (45/126) não os consomem. Dos entrevistados com renda superior a sete salários mínimos (89/928), apenas 23,07% (20/89) têm preferência por lácteos informais. Como se 46 pode observar, o consumo de produtos lácteos está diretamente relacionado à renda familiar (Figura 2). A maioria dos entrevistados que recebe um salário mínimo prefere os produtos informais, ao passo que as pessoas que com renda acima de sete salários mínimos disseram preferir somente produtos industrializados. 300 250 200 consumidores de produtos lácteos formais 150 consumidores de produtos lácteos formais 100 50 0 até 1 de 1 a 2 de 3 a 4 de 5 a 7 acima de salário salários salários salários 7 salários mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos Figura 2. Caracterização dos entrevistados sobre o consumo de produtos lácteos, formais ou informais, e suas rendas familiares. Quando questionados sobre os hábitos de consumir leite, 31,6% (121/382) dos consumidores de leite informal responderam consumir o leite in natura sem ferver ou que eventualmente o fervem (Figura 3). NERO et al. (2003) observaram que a maioria dos consumidores de leite cru (97,89%) possuíam o hábito de fervê-lo antes da utilização o que contrasto como os dados deste trabalho, onde apenas 68,4% (261/322) dos entrevistados tem o hábito de ferver o leite. 47 Ambos 7,6% Não ferve 24% Ferve 68,4% Figura 3. Caracterização dos consumidores de leite informal quando ao modo de consumo do leite (fervido ou não fervido). Esses dados são preocupantes, uma vez que a simples fervura do leite cru somente minimiza o risco de transmissão de patógenos, não o excluindo totalmente. O processo de fervura elimina a microbiota vegetativa patogênica e, a distribuição de calor pode não atingir a relação tempo/temperatura desejada, e de maneira não uniforme, comprometendo a eficácia do processo, e ainda, o tempo de permanência do leite fervido no ambiente para esfriá-lo, o que pode comprometer o produto ainda mais. Além de não garantir a destruição de todos os microrganismos, deve-se considerar ainda a possibilidade da produção prévia de toxinas bacterianas termoestáveis, como as enterotoxinas produzidas por Staphylococcus aureus, microrganismo presente em leite cru, as quais também não são inativadas pelo processo de fervura (BOOR, 1997). Dos entrevistados que consomem leite industrializado (546/742), a maioria (73,58%) relatou que prefere consumir este produto por ser mais prático e mais saudável. Para as pessoas que consomem leite informal 48 (382/928) muitos foram os argumentos, como: ser mais forte, mais saudável, não conter conservantes, ser um produto fresco, ser mais saboroso, o preço ser bom entre outros. Entre outros relatos, 16 pessoas relataram que consumem o leite industrializado por não conseguirem comprar o leite informal. Dos 651 consumidores de queijo minas, 41,78% (272/651) preferem comprar o queijo minas informal. Mesmo dentre os que compram leite industrializado, muitos preferem consumir o queijo minas informal. Cerca de 55,8% (156/272) dos consumidores de queijo minas clandestino, consomem leite fluido industrializado. Diversos são os motivos, entre os mais citados estão as preferências por um produto fresco, “mais saudável” e de preço ais acessível, entre outros. A Tabela 2 mostra os principais produtos lácteos (formais e informais) consumidos no município de Colatina-ES, bem como o número de entrevistados que os consomem e a freqüência com que a fazem (diária, semanal ou mensal). Tabela 2. Número de consumidores e freqüência de consumo de produtos lácteos no município de Colatina-ES, no período de maio de 2007 a fevereiro de 2008. PRODUTO Mais de uma vez ao dia Leite Uma vez ao dia Semanal Quinzenal Mensal TOTAL 220 616 55 18 9 918 8 12 27 83 121 251 Manteiga 114 544 38 19 0 715 Queijo Minas 86 358 104 66 37 651 Queijo Frescal 16 23 46 46 51 182 Muçarela 9 37 61 102 82 291 Provolone 0 2 5 8 44 59 Queijo Prato 1 8 21 33 39 102 Iogurte 49 O número de consumidores de leite informal esta na ordem de 33,77% (310/918), do total de consumidores de leite (918/928). Embora haja o consumo de manteiga informal na região, esse número não é tão expressivo como o consumo do queijo minas ou do leite in natura, que está em torno de 7,15% (51/715), do total de consumidores de manteiga (715/928). Entre os consumidores de queijo muçarela (291/928), 11,68% compram esse produto sem inspeção, embora alguns consumidores alegaram encontrar tais produtos em supermercados da região expostos a venda, mesmo sem os selos de inspeção. Quando os consumidores foram questionados sobre o local de compra do leite e dos seus derivados, 70,79% (657/928) disseram comprar os produtos lácteos em supermercados, 8,29% (77/928) compram de vendedores ambulantes, 7,11% (66/928) compram em padarias, 7% (65/928) em feiras livres, 1,18% (10/928) no mercado municipal e 5,63% (53/928) compram os produtos diretamente do produtor rural. Foi observada uma forte associação entre a aquisição de leite e derivados em supermercados e o consumo de produtos lácteos formais (Figura 4). Dentre os consumidores de produtos lácteos que compram em supermercados, 90,86% (597/657) preferem os produtos industrializados. Dentre as justificativas citadas para esta preferência estão a facilidade e a segurança alimentar que esses produtos oferecem. Em Colatina-ES, ainda existem alguns estabelecimentos que comercializam paralelamente derivados lácteos formais e informais, o que reforça a necessidade de fiscalização por parte do Serviço de Vigilância Sanitária Municipal, uma vez que esses estabelecimentos comerciais não poderiam vender produtos informais, os quais não apresentam os selos de inspeção. 50 Consumidor de produtos lácteos informais Consumidor de produtos lácteos formais 48 Direto do produtor 5 Feira livre 6 Mercado municipal 5 5 59 6 Padaria 60 71 Ambulante 6 132 Supermercado 525 0 100 200 300 400 500 600 Figura 4. Caracterização dos entrevistados sobre o consumo de produtos lácteos, formais ou informais, e seus respectivos locais de compras. Dos 928 entrevistados, apenas 37,96% (352/928) reconheceram que os produtos lácteos podem causar algum tipo de doença. Desses, 31,81% (112/352) tinham preferência por produtos informais e 68,19% (240/352) por produtos formais. Esses dados estão compatíveis com os encontrados por SOUSA (2005), que cita que 40,7% dos entrevistados sabem que o leite pode transmitir alguma doença, o que ainda é preocupante, pois menos de 50% das pessoas que consomem esses produtos sabem que eles são uma possível fonte de transmissão de doenças. Um número relevante dos entrevistados, 62,04%, desconhecem os riscos que os produtos informais representam. Tais dados coincidem com os de NERO et al. (2003) que verificaram que grande parte dos consumidores de leite cru (65,20%) desconhecia os possíveis riscos que esse produto podia oferecer. Embora 37,96% saibam que o leite e seus derivados podem transmitir alguma doença, apenas 26,98% (95/352) souberam dizer alguma doença veiculada a esses produtos. As doenças mais citadas 51 pelos entrevistados foram: diarréia e/ou “dor de barriga”, por 51,57% (49/95); tuberculose, por 29,47% (28/95); brucelose, por 17,89% (17/95) e febre aftosa, por 1,07% (1/95) (Figura 5). Embora no trabalho de de SOUSA (2005), a febre aftosa tenha sido citada com certa freqüência, entre e 10,5% e 27,7% respectivamente, vemos que no presente trabalho essa doença não teve tanta representatividade, talvez porque doenças como tuberculose e brucelose sejam mais significativas na região, com a ocorrência ainda de alguns casos. Embora a febre aftosa tenha sido citada, mesmo que por um entrevistado, sabe-se que é uma zoonose menor e por isso de pouca importância na transmissão para o homem (RADOSTITIS et al.,, 2002). consumidor de produtos lácteos formais consumidor de produtos lácteos informais 35 31 30 25 20 21 18 15 12 10 7 5 5 1 0 Diarréia Tuberculose Brucelose Febre aftosa Figura 5. Principais doenças citadas pelos consumidores de produtos lácteos, formais ou informais, entrevistados no município de Colatina-ES. Ainda bastante freqüentes na região, a tuberculose e a brucelose foram bem lembradas por algumas pessoas, 28 e 17 entrevistados respectivamente. A menção a essas doenças também pode estar associada com a divulgação do Programa Nacional de Controle e 52 Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – PNCEBT/MAPA (BRASIL, 2001). A brucelose é uma doença de grande importância para a saúde publica, uma vez que pode ser veiculada pelo leite cru. É uma bactéria bastante resistente ao ambiente podendo sobreviver por ate seis dias em leites fermentados, cerca de quatro meses em cremes e manteigas, conservados a 10º C e, ate seis meses, em queijos, sendo que o animal portador pode eliminar a bactéria juntamente com o leite, durante sete anos consecutivos (QUEIROZ, 1994). Dos 352 entrevistados que responderam saber que o leite e seus derivados podem transmitir algum tipo de doença, apenas 6,81% (24/352) disseram conhecer alguém que já ficou doente após o consumo de leite e/ou derivados, sendo esses também consumidores de produtos informais. Os sintomas mais comuns relatados por esses entrevistados foram diarréia 35,78% (34/95), “dor de barriga” 24,21% (23/95), vômito 18,94% (18/95), febre 5,26% (5/95), dor de cabeça 5,26% (5/95), cólica 2,1% (2/95) e 8,42% (8/95) disseram outros sintomas, dentre os quais foram citados gastrite, indisposição e catarro no peito. Quando questionado se no ato da compra o consumidor observava a embalagem do produto industrializado, 94,39% (876/928) dos entrevistados disseram observar a embalagem dos produtos comprados. A data de validade foi o item citado por 85,73% (751/876) das pessoas que observam a embalagem dos produtos que compram. Aspectos como embalagem amassada, suja, rasgada e a cor do produto foram citados por 8% (70/876), enquanto que a composição do produto foi citado por somente 4,9% (43/876) (Figura 6). Ainda houve respostas como “não sei” e “tudo” que juntas somam quase 1,5%. É importante ressaltar que nenhuma das pessoas entrevistadas mencionou observar o selo de fiscalização e o registro do produto em algum órgão de inspeção. 53 Consumidor de produtos lácteos formais Consumidor de produtos lácteos informais 600 500 498 400 300 253 200 58 100 12 29 6 0 1 1 0 0 Data de validade Aspecto (amassado, sujo, rasgado, cor) Composição "Não sei" " Tudo" Figura 6. Características observadas pelos consumidores embalagens dos produtos lácteos, no ato da compra. nas Quando perguntadas sobre as siglas SIF, SIE e SIM, apenas 9,15% (85/928) dos entrevistados souberam dizer o significado de algumas das três siglas (SIF, SIE ou SIM), sendo que destes, 79 são consumidores de produtos lácteos formais e 6 consomem laticínios informais (Figura 7). Dentre os disseram já terem visto uma das três siglas estão 22 pessoas, embora nenhuma delas souberam dizer o significado delas. Apenas três pessoas souberam dizer corretamente o significado de todas as siglas. Essa questão reflete significativamente a falta de conhecimento por parte da população sobre os órgãos fiscalizadores dos produtos de origem animal, municipais, estaduais e federais. 54 Consumidor de produtos lácteos formais Consumidor de produtos lácteos informais 600 500 507 400 320 300 200 79 100 6 0 não conhecem conhecem 20 2 já viram Figura 7. Caracterização dos entrevistados o conhecimento dos Serviços de Inspeção de produtos de origem animal (SIF, SIE e SIM). Dos entrevistados que conhecem alguma das siglas, apenas 32 pessoas disseram procurar a sigla nos produtos que compram. Dado muito preocupante para a Saúde Publica, uma vez que, para a maioria dos entrevistados neste trabalho, as siglas dos órgãos de fiscalização parecem ter pouca ou nenhuma importância para os consumidores de produtos lácteos. Esses dados demonstram um grande desconhecimento da população sobre as atividades desenvolvidas pelos governos, em esforço conjunto com as indústrias de alimentos, visando oferecer produtos seguros aos consumidores. 55 6. CONCLUSÕES O consumo de produtos lácteos informais ocorre independentemente do sexo, idade, fonte de renda e escolaridade. Entretanto, o consumo de produtos informais é mais freqüente entre as pessoas que moram na zona rural e entre famílias com a renda entre um e três salários mínimos, embora existam pessoas com renda superior que também fazer o consumo desses produtos. O conhecimento de que o produto lácteo pode transmitir doenças ao homem não é motivo suficiente para mudar o hábito dos consumidores ao optar por lácteos informais, onde o risco é eminentemente maior. O consumo de produtos formais foi mais observado entre os consumidores que compram esses produtos em estabelecimentos comerciais maiores e mais sujeitos a fiscalização, como os supermercados. Os produtos lácteos informais mais consumidos (leite fluido, queijo minas, queijo frescal e iogurte) são aqueles cuja inocuidade depende diretamente da pasteurização do leite e das Boas Práticas da Fabricação, embalagens adequadas 56 e armazenagem refrigerada. Portanto, os consumidores de produtos informais estão diretamente expostos ao risco de contrair algum tipo de doença. Os consumidores de produtos lácteos informais consideram esse tipo de produto como sendo um produto mais saudável, que contém conservantes, ser um produto fresco e mais saboroso, tem um preço mais acessível, entre outros fatores. Frente a esses relatos, é preciso que as autoridades sanitárias, juntamente com o setor formal industrial, realizem campanhas de esclarecimento sobre as reais diferenças entre leite e os produtos lácteos industrializados e os informais, esclarecendo assim a população do risco ao qual ela está exposta. É importante ressaltar que há um considerável desconhecimento da população no que se refere aos órgãos de fiscalização dos produtos de origem animal. Portanto, os dados deste trabalho indicam que a população consumidora de produtos lácteos do município de Colatina-ES está exposta a um risco tão inestimado quanto inaceitável no que se refere à segurança alimentar. 57 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHÃO, R.M.C.M. Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais. São Paulo; 1998. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. ALBUQUERQUE, L.M.B.; MELO, V.M.M.; MARTINS, S.C.S. Investigações sobre a presença de resíduos de antibióticos em leite comercializado em Fortaleza. Revista Higiene Alimentar, v.10, n.41, p.29-32, 1996. ALMEIDA, A.C.; SILVA, G.L.M.; SILVA, D.B.; FONSECA. Y.M.; BUELTA, T.T.M.; FERNANDES, E.C. 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ANEXOS Questionário de Entrevista Individual Idade: ________________________________________________Nº___________ Grau de escolaridade: ( ) analfabeto ( ) fundamental incompleto ( ) fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo ( ) superior incompleto ( ) superior 3. Trabalha? ( ) sim ( )não 4. Em caso de positivo, em que trabalha?__________________________________________ 5. Em caso negativo, como se mantém?___________________________________________ 6. Local onde mora? ( ) perímetro urbano ( ) zona rural ( ) mora em outra cidade 7. Renda familiar:_____________Quantas pessoas são em sua família?__________________ 8. Você consome leite e derivados? ( ) sim ( ) não 9. Em caso negativo, por que?___________________________________________________ 10. Em caso positivo, quais são suas preferências? Produto Mais de 1 vez ao dia Diária Semanal Quinzenal Mensal Outro leite iogurte manteiga queijo frescal queijo minas muçarela provolone prato outro 11. Onde compra esses produtos? ( ) supermercado ( ) feira ( ) mercado municipal ( ) padaria ( ) direto do produtor ( ) outro meio, qual?____________________________________________________ 12. Você prefere comprar leite do produtor ou industrializado? ( ) industrializado, por que?__________________________________________ ( ) diretamente do produtor, por que?__________________________________ 13. Você prefere comprar derivados do leite do produtor ou industrializado? 1. 2. 72 ( ) industrializado, por que?__________________________________________ ( ) diretamente do produtor, por que?__________________________________ 14. Você consome leite: ( ) sem ferver ( ) fervido ( ) pasteurizado 15. Na sua opinião o consumo de leite e derivados pode causar alguma doença? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 16. Em caso positivo, quais doenças você conhece?__________________________ 17. Você ou alguém de sua casa já ficou doente após beber leite ou comer derivado do leite? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 18. Quais os sintomas? ( ) dor de barriga ( ) cólica ( ) vomito ( ) dor de cabeça ( ) diarréia ( ) febre ( ) outros?________________________________________________________ 19. Quando você compra produto industrializado você observa a embalagem? ( ) sim ( ) não 20. Você conhece a sigla SIF? ( ) sim ( ) não O que significa?________________________ 21. Você conhece a sigla SIE? ( ) sim ( ) não O que significa?________________________ 22. Você conhece a sigla SIM? ( ) sim ( ) não O que significa?_______________________ 23. Você procura uma dessas siglas na embalagem de leite ou derivados? ( ) sim ( ) não 73