A FORMAÇÃO DOCENTE PARA A GESTÃO DO PROCESSO INCLUSIVO
NAS ESCOLAS DE ALUNAS E ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
CAGGIANO, Viviane Borba – Mestrado em Educação – PUC-PR
[email protected]
Resumo:
Este artigo tem como objetivo delinear o processo de inclusão de alunas e alunos com deficiência na
escola e apresentar o papel do professor de ensino superior, na formação de docentes e no próprio
processo inclusivo. É necessário, então, avaliar historicamente a trajetória de pessoas deficientes ao
longo dos tempos, perpassando por várias áreas do conhecimento, mais especificamente a área da
Educação, no intuito de compreender as necessidades que hoje fazem emergir a inclusão de deficientes
no campo educacional. Somente no fim da década de 40 que inicia a história da legislação que ampara
as pessoas deficientes, no Brasil. A Educação tem um papel importante na desmistificação das
necessidades das pessoas como um pré-requisito a fazer parte da sociedade. A nova forma de pensar,
agir e acreditar nos alunos com necessidades educacionais especiais começa abrir caminhos para o
processo de inclusão que, cada vez mais, tem ganhado importância no cenário educacional e social.
Esta mudança desenvolve com o professor um novo olhar em torno do processo ensino-aprendizagem,
currículo e avaliação. Profissionais em constante reflexão sobre sua prática pedagógica, onde a
avaliação e reavaliação, bem como os questionamentos, são permanentes e possíveis de compartilhar
com seus colegas. Assim, apresenta-se a escola inclusiva como um processo gradual de inserção do
deficiente no ensino regular onde respeita a diversidade e diferença das pessoas.
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1- Introdução
A falta de entendimento das diferenças entre os seres humanos no decorrer da existência das
civilizações fez com que os diferentes fossem tratados de forma agressiva e confusa, por vezes,
rotulados , segregados, discriminados e excluídos.
Os valores culturais e normas sociais fazem o diferente estar cada vez mais longe dos “padrões”
de comportamento e desenvolvimento tidos como esperados seja na dimensão social, médica,
psicológica ou educacional.
O diferente é apresentado à sociedade como pessoa com deficiência, com limitação e potencial
a ser estimulado e trabalhado para alcançar sua independência.
Na medida em que, em várias áreas o deficiente é estudado, começou a ficar mais visível a
presença do mesmo na sociedade provocando diversos debates e apresentações de Leis sobre seus
direitos e deveres. A partir destas Leis, a pessoa com deficiência, começa ser inclui na sociedade que
um dia a excluiu pelas suas diferenças.
Um dos direitos básicos que conquistaram foi o acesso dos deficientes à educação que tem
como uma de suas diretrizes estabelecerem mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social e a
inclusão escolar dos deficientes.
A proposta deste estudo é delinear o processo de inclusão de alunas e alunos com deficiência
na escola e apresentar o papel do professor de ensino superior, na formação de docentes e no próprio
processo inclusivo. A intenção não é apresentar uma conceituação final, mas sim de contribuir para
esse debate, o qual cada vez mais tem ganhado importância no cenário educacional e social .
2- Desenvolvimento
Excluir uma pessoa, não importa sua condição ou circunstância, do conjunto das disposições
sociais que constituem os meios para o desenvolvimento humano, implica ferir o seu direito mais
elementar à dignidade e à liberdade substantiva e real.
Mittler (2003 p.79) relata para a sociedade que
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A exclusão social começa muito cedo, muito antes do bebê nascer. A exclusão social tem raízes na
pobreza, na moradia inadequada, na doença crônica e no longo período de desemprego.... Algumas delas
enfrentam obstáculos adicionais por causa do seu gênero, da sua raça, da sua religião ou de sua
deficiência.
Em verdade, a exclusão das pessoas por causa de deficiências ocorre pela falta de conhecimento
e interesse em responder às necessidades das pessoas e constitui um problema cultural de difícil
abordagem e solução. Cabe aqui enfatizar um princípio de justiça que inspira a nossa luta em favor das
pessoas com deficiências: “de cada um segundo sua possibilidade, para cada um segundo sua
necessidade”. Respeitar e entender o potencial e o limite imposto por cada deficiência nos permite
aceitar as diferenças entre as pessoas com deficiência e aquelas consideradas ‘normais’ ou, dizendo
melhor, ‘sem deficiência’ .
A partir do momento em que as pessoas são esclarecidas a respeito do problema da exclusão, de
suas circunstâncias e condições, passando a dar um tratamento adequado às pessoas com deficiência,
elas desenvolvem a consciência de uma sociedade para todos, respeitando a diversidade de cada pessoa.
Nos primórdios da civilização humana, as pessoas com alguma deficiência básica ou cognitiva,
eram conhecidas como portadoras de maus espíritos e representavam um castigo dos deuses, e a família
as recebia como uma maldição, dívida ou herança de algum erro cometido no passado, as tratavam
como pessoas sem nenhum valor para a sociedade, daí a expressão ‘os inválidos’.
No período de 500 a.C. e 400 d.C., na Grécia e em Roma vivia - se o estado de guerra constante,
tornando necessários homens com a imagem de corpos fortes para o combate. Acreditava - se que os
que retornavam da guerra amputados deveriam ser honrados com heróis, os demais homens e as
crianças que nasciam imperfeitas eram assassinadas. Neste período ainda persistia a superstição de
maus espíritos.
No início do Cristianismo (400 -1500 d.C.) os ensinamentos religiosos levaram a uma
compreensão da pessoa deficiente, mantendo-a “guardada” em porões, casas protegidos pelos padres.
Como a idéia de possessão demoníaca ainda persistia, terminavam com longas sessões de
exorcismo.(DEPAUW E GAVRON, 1995 apud CIDADE 2002, p.14).
Nos séculos XVI e XVII os estudos científicos iniciaram, mas esta influência não minimizou as
perseguições em pessoas com deficiência física e torturas em pessoas com doença mental.
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O tratamento das pessoas deficientes só iniciou no século XVIII, porque foi influenciado pela
transição das formas de pensar, passando da superstição e hostilidade para a compaixão e
pena.(JANSMA;FRENCH,1994 apud CIDADE,2002, p.14).
No século XIX, iniciou-se um período de reformas sociais, surgindo interesses governamentais
em assunto referente às pessoas deficientes.
Em meados de 1960, alterou-se a forma de reconhecê-los, porém ainda foi mantido o estigma de
‘incapacitados’ ou ‘defeituosos’. O termo significava de início, “indivíduos sem capacidade” e mais
tarde passaram a significar “indivíduos com capacidade residual”, utilizado para designar pessoas com
deficiência de qualquer idade, sendo um avanço da sociedade em reconhecer. Uma variação foi o termo
“os incapazes”, que significava “indivíduos que não são capazes” de fazer alguma coisa por causa da
deficiência que tinham, considerando que a deficiência reduzia a capacidade da pessoa em todos os
aspectos: físico, psicológico, social, profissional. Na década de 60, surgiram os termos “defeituosos
referindo os indivíduos com deformidade (principalmente física)”, ‘deficiente’ termo que significava
indivíduos com deficiências físicas, mentais, auditivas, visuais ou múltiplas que levam às limitações
das funções básicas da vida como andar, sentar, correr, escrever, tomar banho etc. e ‘excepcional’
termo que significava “indivíduos com deficiência mental”. Mais tarde este último termo também foi
utilizado para pessoas super dotadas, hoje conhecido como pessoas com altas habilidades, por estarem
na outra ponta da curva da inteligência humana.
Nesta época apresenta-se uma legislação falando sobre o processo de inclusão de pessoas com
necessidades especiais, reafirmando o direito à educação, pública e gratuita . A LEI de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB), nº. 4024/61 – Brasil (1984), faz referência à pessoa com deficiência, já que
se pretendendo nesta época, enquadrá-la, dentro do possível na educação regular, garantindo-se de
outro lado o apoio financeiro às instituições particulares que se mostrassem eficientes para atuar na
Educação Especial. (KASSAR, 1988).
Na LDB nº. 5.692/71 –(EEFUSP,1984), destinou mais um artigo à Educação Especial,
referindo-se a pessoas com deficiências físicas ou mentais, e deixou explicito que estas pessoas
deveriam receber tratamento especial (artigo 9º).
Segundo Ferreira (1998, apud ZAMBONI, 1998, p.7), descreve que nas duas leis citadas
anteriormente não se dava muita importância para essa modalidade educacional. Na Lei 4.024/61
destacava-se o descompromisso do ensino público; e na Lei 5.692/71, o texto apenas indicava um
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tratamento especial a ser regulamentado pelos Conselhos de Educação – processo que se estendeu ao
longo da época.
Daí se entende que o registro legal, por si, não assegura direitos para as pessoas deficientes, se
trata de fazer cumpri-las.
Embora desde 1961 se propusesse o atendimento da pessoa com deficiência no sistema regular
de ensino, as medidas tomadas não atenderam a este anseio, como também acontecia ao redor do
mundo, gerando debates e promovendo ações em direção a pretendida inclusão destas pessoas em todas
as escolas, já reivindicada pelas Nações Unidas, desde 1975 (The United National 1975 declaration).
A ementa constitucional nº12/78–(EEFUSP,1984) assegurou legalmente às pessoas com
deficiência, melhorias nas condições socioeconômicas mediante educação especial e gratuita, proibindo
discriminação, inclusive quanto à empregabilidade e possibilitando o acesso aos edifícios públicos.
Na década de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU), através da AIPD (Associação
Internacional de Portadores de Deficiência), adotou a expressão “pessoa deficiente”, e a UNICEF,
através da Organização Mundial de Saúde (OMS),lançou a Classificação Internacional de
‘impedimento’, ‘deficiência’ e ‘incapacidade’, mostrando que estas três dimensões existem
simultaneamente em cada pessoa com deficiência. Segundo a OMS (1980 apud CIDADE,2002,p.10
grifo nosso) impedimento é “um dano psicológico, fisiológico ou anatômico, permanente ou
transitório, ou uma anormalidade de estrutura e função”; deficiência se refere a “qualquer restrição ou
perda na execução de uma atividade, resultante de um impedimento, na forma ou dentro dos limites
considerados como normais para o ser humano”; e incapacidade é atribuída a “uma deficiência que
constitui uma desvantagem para uma determinada pessoa, porque limita ou impede o desempenho de
uma função que é considerada normal dependendo da idade, sexo, fatores sociais e culturais para
aquela pessoa”.
Em 1988, surge a terminologia ‘pessoas portadoras de deficiência’, termo que utilizado em
paises de língua portuguesa foi proposto para substituir o termo “pessoas deficientes” alegando que ele
sinaliza que a pessoa inteira é deficiente, o que é inaceitável para eles. O termo foi adotado nas
Constituições federais e estaduais referente ao campo das deficiências.
A partir de 1990, no artigo 5º da resolução CNE/CEB nº 2, de 11/09/01 Sassaki (2003, p. 1216), explica que
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as necessidades especiais decorrem de três situações, uma das quais envolvendo dificuldades
vinculadas a deficiências e dificuldades não-vinculadas a uma causa orgânica. “O termo
“pessoas com necessidades especiais” surgiu primeiramente para substituir “deficiência” por
necessidades especiais”, daí a expressão “portadores de necessidades especiais”. Depois este
termo passou a ter significado próprio sem substituir o nome “pessoas com deficiência”.De
inicio representava apenas um novo termo e depois, com a vigência da resolução nº. 2,
“necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com deficiência quanto
a outras pessoas. “Na mesma época surgiram expressões com “crianças especiais”, “alunos
especiais”, “pacientes especiais” numa tentativa de amenizar a contundência da palavra
deficiente” . O termo “pessoas especiais” apareceu com forma reduzida da expressão “pessoas
com necessidades especiais”.
Nesta época apresentaram-se outros questionamentos em relação ao termo “portador de”, pois
se entende que a expressão é imprópria, já que “necessidades não se portam”.(MAZZOTTA, 1993)
Apesar de ganhar uma discussão mais forte sobre inclusão na década de 90 e início do século
XXI, houve muitas lutas e conquistas no que se refere à inclusão, citados nas Leis, Decretos e
Declarações que fizeram este movimento ser apresentado a sociedade.
A Declaração Mundial Sobre a Educação para Todos, produzido na Conferência de Jomtien
(1990), trata dos objetivos e metas, princípios de ação e definição de políticas para melhoria da
Educação, rumo a sociedade inclusiva. Nela, em seu artigo 3º se propõem a universalização do acesso à
Educação e Promoção da Eqüidade, e no item 5, cita a necessidade de uma atenção especial às pessoas
portadoras de deficiências com medidas a garantir “Educação” aos portadores de qualquer tipo de
deficiência, como parte do sistema educativo. Neste ano, foi aprovado o estatuto da criança e do
adolescente, lei nº. 8.069/90- Brasil (1990) o qual no seu artigo 54, estabelece atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência na rede regular de ensino.
A Nações Unidas, (The United National 1975 declaration) propôs, através da Resolução 45/91
uma mudança no foco de seu programa sobre as deficiências, passando da conscientização para a ação
com o propósito de se concluir com êxito uma sociedade para todos por volta do ano de 2010.
Somente a partir de 1994 passou-se a enfatizar a ‘educação inclusiva’, com a Declaração de
Salamanca (junho/94), na educação registra-se a necessidade educativa especial e se discute também,
este ser humano com necessidades especiais no trabalho, lazer enfim no seu dia-a-dia.
A Declaração de Salamanca (1994), até hoje como documento de referência, serve para se
entender as ações que estão sendo geradas em todo o mundo relativas a esta questão. Ela provém de
uma conferência mundial sobre necessidades educativas especiais e pode ser considerada uma carta
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magna da política da inclusão. Esta se divide em: - novas concepções sobre necessidades educativas
especiais, - diretrizes para a ação em nível nacional: política e organização; fatores escolares;
recrutamento e treino de pessoal docente; serviços externos de apoio; áreas prioritárias; perspectivas
comunitárias; recursos necessários.
Na educação, atualmente fazer-se referência às pessoas com algum tipo de deficiência como
“pessoas com necessidades educativas especiais”.
Fora do ambiente escolar, deve-se utilizar a
expressão “pessoas com deficiência“, termo preferido por um número cada vez maior de adeptos, boa
parte constituído por pessoas com deficiência, que nos encontros conclamaram o público a adotar este
termo já que não são “portadores de deficiência” e assim não querem ser chamados.
Dentro deste contexto mundial de debates sobre a inclusão social de pessoas com deficiência, o
Brasil aprovou LDB nº. 9.394/96 – Brasil (1998) que trata em seu capítulo V, da Educação Especial,
definindo-a por modalidade da educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para Pessoa com Necessidades Educacionais Especiais, prevendo serviços de apoio
especializado na escola regular, embora possibilite a oferta de educação especial em escolas
especializadas para os casos em que não seja possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
Asseguram-se aos educandos com necessidades especiais, através de leis, currículo, materiais e
conteúdos específicos juntamente professores especializados no atendimento da escola e a capacitação
continuada no ensino regular. Vale ressaltar que a realidade está muito aquém das referencias de leis
que asseguram o aluno inclusivo.
O Conselho Nacional de Educação (2001),resolução CNE/CEB nº. 02/2001 instituiu que:
As Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais
especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades, deliberando que os
sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizarem-se para o
atendimento a este tipo de educando, assegurando as condições necessárias para uma educação
de qualidade para todos. Deve-se constituir e fazer funcionar um setor responsável pela
educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem e dêem
sustentação ao processo de construção da educação inclusiva.
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Para Rodrigues (2001), dentro da educação algumas escolas apelam para a educação para todos
e outras para uma escola seletiva, ou seja, há conflito entre eficiência/deficiência, rapidez/lentidão,
negociação/imposição ou simplesmente inclusão ou seleção.
A Educação tem um papel importante na desmistificação das necessidades das pessoas como
um pré-requisito a fazer parte da sociedade. Não devemos apresentar preconceito de pessoas diferentes,
hoje aqui chamadas de pessoa com deficiência.
Sassaki (2001) destaca a importância de conhecermos o sentido social da inclusão, explicando
que:
Inclusão social será o processo pelo qual a sociedade se adaptará para incluir as pessoas com
necessidades educacionais especiais (PNEE), que por sua vez deverão preparar-se para assumir
suas posições na sociedade. Assim, a inclusão é um processo bilateral onde os excluídos e a
sociedade busca uma igualdade de oportunidades.
Cremos que a inclusão também é um processo, implicando em dinamismo, mudanças de
atitudes e muitas reflexões em torno de sua operacionalização na escola e na sociedade.
Na vida educacional, o que vai mudar daqui para frente é o paradigma pelo qual deverá ser vista
a inserção escolar de pessoas com deficiência nos níveis pré-escolar, infantil, fundamental, médio e
superior. Esse paradigma é o da inclusão social - as escolas (tanto as comuns como as especiais)
precisam ser reestruturadas para acolherem todo o espectro da diversidade humana representada pelo
alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com
qualquer grau de severidade dessas deficiências, pessoas sem deficiência e pessoas com outras
características atípicas etc. É o sistema educacional adaptando-se às necessidades de seus alunos
(escolas inclusivas), mais do que os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas).
Inclusão, como podemos ver, não é simplesmente um fato, é um processo. Como todo processo
tem etapas e deve ser avaliado em todas elas, com responsabilidade e com olhos críticos, para a
qualificação do mesmo. (SILVA e MACIEL, 2005, p.2)
Se percebermos que a inclusão é um direito de acesso e permanência na escola para uma
educação de qualidade dentro da diversidade de cada aluno, começamos a entender o real significado
da escola inclusiva.
A partir da explanação sobre inclusão, ela começa a ser observada por dois prismas: a educação
como um direito e a diversidade como um valor educativo essencial para a transformação da escola.
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No processo inclusivo, o aluno não deve ser o único a ser ajudo, precisamos ter um olhar
atencioso no professor, o qual é o mediador do processo ensino-aprendizagem, apoiando-o no sentido
de oferecer oportunidades de discussão em grupo para repensarem nos currículos e em suas adaptações
e no processo avaliativo com seus alunos. Mittler (2003, p.34-35) diz que a inclusão implica que todo
professor tem o direito de esperar e de receber preparação apropriada na formação inicial em educação
e desenvolvimento profissional continuo durante sua vida profissional.
A escola requer uma
capacitação constante dos professores e das pessoas que a integram.
Sem dúvida, a inclusão é uma forma de encarar o mundo com outros olhos. É abrir-se para
buscar respostas aos questionamentos da sociedade ou do momento em que se vive. É uma adaptação
que se constrói no saber construído coletivamente, na cultura escrita dia-a-dia.
Dessa forma, todos necessitam ser auxiliados nesse processo.
Por isso, é preciso pensar na formação do professor, dispensar um olhar atencioso ao mediador
do processo ensino-aprendizagem, apoiando-o no sentido de oferecer oportunidades de discussão em
grupo para repensarem nos currículos e em suas adaptações e no processo avaliativo com seus alunos.
Mittler (2003, p.34-35) diz que a inclusão implica que todo professor tem o direito de esperar e
de receber preparação apropriada na formação inicial em educação e desenvolvimento profissional
continuo durante sua vida profissional.
Segundo, Freitas e Castro (2005) a capacitação efetiva de docentes para atuar nessa perspectiva
inclusiva, tem como finalidade levar esse profissional à reflexão sobre sua prática pedagógica, onde a
avaliação e os questionamentos são permanentes, revendo a prática e compartilhando novas idéias. Os
conhecimentos teóricos não bastam, é necessária a participação nas mudanças sociais, como agente de
transformação. E ainda, colocam que a formação do professor deve ser continuada, diferenciada e vista
como uma ação que vise ampliar as competências, a fim de desenvolver as potencialidades do
profissional em todas as dimensões.
Mas, é preciso que primeiramente haja uma transformação nas instituições de ensino, com a
articulação de seus princípios, seus projetos e seus professores.
Porém, só isso não basta. Há de se desenvolver com o professor um novo olhar em torno da
prática de sala de aula, uma nova reflexão para que ocorra um currículo integrado, pois a organização
escolar pela inclusão implica mudanças no fazer pedagógico.
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Esse novo olhar deve partir de uma construção da prática no saber ensinar para se saber
aprender, para que de fato ocorra o desenvolvimento humano em sua totalidade.
O papel do professor é criar contextos, dando condições aos educandos da consciência, da
capacidade das atividades intelectuais, do saber conhecer e utilizar-se de sua cultura, nos reveses que a
vida apresenta.
Nesta proposta trata-se de possibilitar o desenvolvimento integral do aluno, na busca de ampliar
suas argumentações, percepções e possibilidades de criação, através de novas ações didáticas que
abram espaço para este trabalho.
Acima de tudo, a inclusão requer uma tomada de consciência da comunidade escolar como um
todo, principalmente dos Profissionais da Educação, para uma nova era de ensinar e aprender. As
necessidades que hoje se enfrentam e que o mundo impõe são argumentos suficientes, deixando-se para
trás os rituais escolares e partindo para uma dinâmica de transformação, de entendimento da vida.
Necessitamos de professores encorajados a buscar, analisar e refletir alternativas no processo
ensino-aprendizagem, na avaliação e, principalmente, na reestruturação do currículo tão necessário
neste processo inclusivo.
ZEICHNER (1992 apud PIMENTA, 2005, p. 30) diz:
neste contexto, as práticas reflexivas não podem limitar-se ao bom senso e experiência
pessoal.O profissional precisa de saberes que não pode reinventar sozinho, e a reflexão deverão
estar assentada de forma em que haja uma cultura no âmbito das ciências humanas. É
necessário reconhecer o professor e valorizá-lo enquanto ser inacabado é necessário
ressignificar os processos educativos, admitindo na tendência de formação reflexiva [...] uma
estratégia para melhorar a formação de professores, uma vez que pode aumentar sua capacidade
de enfrentar a complexidade, as incertezas e as injustiças na escola e na sociedade.
A capacitação efetiva de docentes para atuar nessa perspectiva inclusiva, que vise ao
desenvolvimento do sujeito autônomo, tem como finalidade levar esses profissionais a uma constante
reflexão sobre sua prática pedagógica, onde a avaliação e reavaliação, bem como os questionamentos,
são permanentes, a fim de que possam rever esta prática e compartilhar experiências e novas idéias
com seus colegas, pondo fim na prática individualista da formação e do exercício profissional.
Compartilhar experiências é fundamental para a formação continuada em educação, pois os
conhecimentos teóricos somente não bastam, é necessária a participação nas mudanças sociais, como
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agente de formação e não apenas transmissor de conhecimentos, cabendo-lhe aprimorar-se pessoal e
profissionalmente. A formação do professor deve ser continuada, diferenciada e vista como uma ação
que vise ampliar as competências, a fim de desenvolver as potencialidades do profissional em todas as
dimensões.
Leite (1999, p.28) finaliza:
Os educadores devem estar dispostos às mudanças e estar constantemente revisando seus
conceitos, ideologias e valores, para atuar como elemento facilitador no processo de
conscientização da construção de sua cidadania. Esse processo de construção deve partir da sua
prática e dos conhecimentos prévios que esta prática possibilita. Os professores devem ser
colocados em um contexto de aprendizagem e aprender a fazer fazendo: errando, acertando,
tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo,
argumentando, tomando decisões, pesquisando.
A educação inclusiva é o processo de inserção de pessoas com necessidades especiais, ou
distúrbio de aprendizagem, na rede regular de ensino, em todos os seus níveis, onde a escola é quem
deve adequar-se aos seus alunos, visando, sempre, à inserção na sociedade.
A educação inclusiva também envolve um processo de preparação do professor que considera
as diferenças e as dificuldades dos alunos na aprendizagem escolar como fontes de conhecimento sobre
como ensinar e como aperfeiçoar as condições de trabalho nas salas de aula (Brasil, 1995, p.17).
Vivenciar-se-á uma escola inclusiva quando toda a sociedade estiver preparada e ciente que a
educação inclusiva é um processo gradual da inserção dos alunos com necessidades especiais e que o
professor , juntamente com a família e a própria sociedade, é a melhor forma de romper este paradigma
da inclusão.
O futuro da escola inclusiva é eliminar o espaço que separa as crianças e jovens com
necessidades educacionais especiais em risco, ou pertencentes a minorias étnicas, dos seus iguais
(Hallahan e Kauffman,1994).
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3- Considerações Finais
Em sua mais simples definição, incluir significa inserir, compreender, abranger. Para entender
esse processo que hoje se evidencia tão fortemente no âmbito social e educacional, levou-se a crer que
a sociedade está voltada para a formação humana, adequando-se ao processo de desenvolvimento de
cada indivíduo e das condições necessárias que o fazem sentir-se parte do mundo, analisando, dentro de
várias situações, a que se refere à inclusão, no que concerne aos deficientes.
A situação das pessoas deficientes no Brasil e no mundo nem sempre foi discutida e aceita
como nos tempos atuais. As pessoas deficientes tiveram uma trajetória um tanto quanto dolorosa na
conquista de seu espaço na sociedade. Tiveram que lutar para que as Leis fossem estudadas,
construídas e promulgadas, para despertar em todos a importância da aceitação, da solidariedade e da
colaboração para com as pessoas deficientes.
Estas Leis apurou o processo de transformação da realidade, o pardigma da inclusão. Então,
torna-se especialmente relevante a formação dos professores no momento que a ação docente passa a
fazer parte de uma educação inclusiva.
O desafio da educação inclusiva passa pela educação desses alunos, ocorrendo necessariamente
uma ressignificação nos processos de formação inicial de professores, contemplando os conhecimentos
sobre as necessidades educacionais especiais dos alunos, pela formação continuada dos professores do
ensino regular, pelos espaços apresentados aos alunos, recursos para o atendimento especializado nas
salas ou nos centros especializados, pela informação e participação da família e pela ampla
sensibilização da comunidade e outros meios que apóiem a inclusão.
A Educação Inclusiva é acima de tudo uma nova forma de olhar, pensar e agir perante os
deficientes. Não podemos acreditar que não estamos preparados para a inclusão porque não somos
especializados, temos que saber que este processo ocorre juntamente com o aluno e com a escola.
Se entendermos que o processo ensino-aprendizagem depende da parceria, respeito e trabalho em
conjunto com o professor, aluno, família e sociedade, estaremos preparados para os desafios impostos
pela inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais e ao mesmo tempo garantindo o
acesso e permanência do aluno no processo educacional
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REFERÊNCIAS
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Documentos Internacionais. Brasília. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp
CIDADE, Ruth E.A. Introdução à educação física e ao desporto para pessoas portadoras de
deficiência. Curitiba: Ed. UFPR, 2002.
MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Trabalho docente e formação de professores de educação
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MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais . Porto Alegre: Artemed, 2003.
Moreira, Laura Cerreta. In (ex) clusão na universidade: o aluno com necessidades educacionais
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www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2005/01/a3.htm
SASSAKI, Romeu K. Vida Independente: história, movimento, liderança, conceito, filosofia e
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SASSAKI, Romeu. Como chamar as pessoas que têm deficiência? São Paulo: 2005.
SILVA, Karla Fernanda Wunder da e MACIEL, Rosângela Von Mühlen. Inclusão escolar e a
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www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2005/02/a11.htm
ZAMBONI, Ernesta (coord.). A nova LDB e as necessidades educativas especiais. Cadernos CEDES
46. Campinas, SP.ano XIX,n 46, 1998.
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