Deficiência Intelectual Realidade e Ação 1 Secretaria de Estado da Educação de São Paulo CAPE – Centro de Apoio Pedagógico Especializado Diretoria de Ensino-Região de Adamantina O caminhar da Deficiência Intelectual para o entendimento das dificuldades escolares 2 Levantamento de Conhecimento Prévio a) O que você entende por Deficiência Intelectual? b) Que características são observadas na Deficiência Intelectual? c) Qual a concepção que fundamenta a sua conceituação de Deficiência Intelectual? 3 Vamos pensar sobre... Sinópse: O filme conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro morador de rua, vindo de um lar destruído, que é ajudado por uma família branca que acredita em seu potencial. Com a ajuda do treinador de futebol de sua escola e de sua nova família, Oher terá de superar diversos desafios a sua frente, o que também mudará a vida de todos a sua volta. 4 Deficiência Intelectual: cronologia AAIDD (2010) Concepção ecológica Funcionalidade Sistemas de Apoio AAMR (1983) Julgamento Clínico Declaração de Montreal (2004) Mensuração Padronizada Deficiência Mental para Deficiência Intelectual Doll (1941) Um estado de incompetência social Herber (1961) Um funcionamento intelectual geral abaixo da média Deficiências no comportamento adaptativo Tredgold (1908) Um estado de defeito mental 5 Deficiência Intelectual: conceito O estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média, associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competência doméstica, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. Associação Americana de Retardo Mental (AAMR/2002) e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV/2002) 6 Funcionamento Intelectual Habilidades Intelectuais A inteligência é concebida como capacidade geral, incluindo “raciocínio, planejamento, solução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de idéias complexas, rapidez de aprendizagem e aprendizagem por experiência” (LUCKASSON, 2002). *Déficits Específicos em: operações e/ou funções do processo cognitivo (dificuldade em generalizar, transferir e aplicar estratégias já aprendidas em situações e problemas diferentes em que foram adquiridas). 7 Funcionamento Adaptativo Habilidades Conceituais, Sociais e Práticas O comportamento adaptativo é definido como o “conjunto de habilidades conceituais, sociais e práticas adquiridas pela pessoa para corresponder às demandas da vida cotidiana” (LUCKASSON, 2002). *Habilidades Conceituais: aspectos acadêmicos, cognitivos e de comunicação. *Habilidades Sociais: competências sociais. *Habilidades Práticas: exercício da autonomia. 8 Habilidades Adaptativas 1. Comunicação: diz respeito às habilidades para compreender e expressar informações por meio de comportamentos simbólicos ou não simbólicos. 2. Auto cuidado: refere-se às habilidades que asseguram higiene pessoal, alimentação, vestuário, uso de sanitário, etc. 3. Vida do lar: diz respeito às habilidades para uma adequada funcionalidade no lar (ALMEIDA, 2004). 9 Habilidades Adaptativas 4. Habilidades Sociais: dizem respeito às trocas sociais com outros indivíduos. 5. Desempenho na Comunidade: habilidades relacionadas ao uso apropriado dos recursos da comunidade. 6. Auto direção: se refere às habilidades de fazer escolhas; cumprir planejamento; tomar iniciativas; resolver problemas familiares ou em situações novas; autoadvocacia (ALMEIDA, 2004). 10 Habilidades Adaptativas 7. Saúde e Segurança: dizem respeito às habilidades para cuidar as saúde em termos de alimentação, identificação de tratamento e prevenção de doenças, cuidar da própria segurança, etc. 8. Habilidades Acadêmicas funcionais: habilidades cognitivas relacionadas à aprendizagem dos conteúdos curriculares (foco na aquisição). 9. Lazer: diz respeito às habilidades para desenvolver interesses e participar de atividades de entretenimento individual e coletivo. 10. Trabalho: refere-se às habilidades para manter um trabalho em tempo parcial/total; autogerenciamento (ALMEIDA, 2004). 11 Sistemas de Apoios Os apoios são recursos e estratégias que visam promover o desenvolvimento, a educação, os interesses e o bem-estar de uma pessoa, e que melhoram o funcionamento individual (AAMR, 2002). Habilidades Intelectuais Comportamento Adaptativo Participação, Interações, Papéis Sociais Funcionamento APOIOS Individual Saúde Contexto 12 Intensidade dos Apoios O apoio se efetua apenas quando necessário. Caracteriza-se por sua Intermitente (Episódico) natureza episódica, com duração limitada, ou seja, nem sempre a pessoa necessita de apoio, mas durante momentos, em determinados ciclos da vida. Apoios intensivos caracterizados por duração contínua, por tempo Limitado (Consistente) limitado, mas não intermitente. Como por exemplo, o treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios durante o período entre a escola, a instituição e a vida adulta. Trata-se de um apoio caracterizado pela regularidade, normalmente Extensivo (Contínuo) diária em pelo menos em alguma área de atuação, tais como na vida familiar, social ou profissional. Nesse caso não existe uma limitação temporal para o apoio, normalmente se dá em longo prazo. Permanente (Constante) É o apoio constante e intenso, necessário em diferentes áreas de atividade da vida. Estes apoios exigem mais pessoal e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado. (AAMR, 2002) “...mais do que conhecer as patologias dos alunos e os limites de seu desenvolvimento, a avaliação deve enfatizar, seu nível de competência curricular, principalmente nesse momento em que vivenciamos o processo de inclusão pontuado como um novo paradigma educacional” (OLIVEIRA, 2002). Roteiro de Avaliação Pedagógica Habilidades O que avaliar? Que recursos utilizar? Como fazer? (Procedimentos) O que foi observado? Comunicação Oral Leitura Comunicação Escrita Comportamento Sócio-Afetivo Atenção e Concentração Sensorial: Percepção Auditiva Sensorial: Percepção Visual 15 Roteiro de Avaliação Pedagógica Habilidades O que avaliar? Que recursos utilizar? Como fazer? (Procedimentos) O que foi observado? Sensorial: Percepção Gustativa Sensorial: Percepção Olfativa Sensorial: Percepção Tátil Motora: Equilíbrio Corporal Motora: Preensão Motora: Apreensão 16 Roteiro de Avaliação Pedagógica Habilidades O que avaliar? Que recursos utilizar? Como fazer? (Procedimentos) O que foi observado? Memória Visual Memória Auditiva Raciocínio LógicoMatemático Expressão Criativa Orientação Especial Orientação Temporal AVD 17 Lista de Escolas- Quadro Diagnóstico 2013 Protocolo E-mail EE Alfredo Machado EE Benjamin Constant ( NÃO TEM ALUNOS) X EE Dom Bosco X EE Dom Lúcio Antunes X X X EE Durvalino Grion EE Elmoza Antonio João EE Ferdinando Ienny X EE Fleurides C. Menechino X X EE Geraldo Pecorari (Apenas DF) X X EE Guilherme Buzinaro EE Hans Wirth X EE Helen Keller X EE Idene Rodrigues dos Santos X EE Iraldo Antonio Martins de Toledo EE Isac Pereira Garcez * X EE Jacinto Pernas Gomato X EE João Bernardi X X EE João Brásio X X EE Joel Aguiar X X EE José Edson Moysés X X EE Julieta Guedes de Mendonça X X EE Maria Aparecida Lopes X X EE 9 de Julho X X EE Orlando Guirado Braga X X X X X X EE José Firpo EE Ministro Oscar Pedroso Horta EE Osvaldo Martins EE Pércio Gomes Gonzales EE Salvador Ramos de Moura EE Taieka Takahashi Gimenes EE Tupi Paulista EE Waldomiro Sampaio X X X 18 CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ENSINO-APRENDIZAGEM COLABORATIVO O SUCESSO DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM COLABORATIVO NA NOSSA REALIDADE ESCOLAR DEPENDE DE TODA A COMUNIDADE ESCOLAR; SOMOS DESAFIADOS A CRIAR SITUAÇÕES COLABORATIVAS DE APRENDIZAGEM QUE VALORIZEM OS PROCESSOS DE MEDIAÇÕES PEDAGOGICAS ; Avaliação Pedagógica • Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001): Para a identificação das necessidades educacionais • especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e aprendizagem, contando, para tal com: I • – a experiência de seu corpo docente, diretores, coordenadores, orientadores e supervisores educacionais; • II – o setor responsável pela educação especial do respectivo sistema; • III – a colaboração da família Avaliação Pedagógica A avaliação tem como objetivo identificar habilidades dos alunos com necessidades educacionais, para viabilização de ações na elaboração de propostas que permitam a equalização aprendizagem de e oportunidades para para inclusão realmente aconteça. que a a Instrumentos para Avaliação Pedagógica • Anexo I (Resolução SE 11/2008) • Relatório de Coleta de Dados • Entrevista com Pais,Professores e Alunos • Roteiro de Avaliação Pedagógica • Registro 22 Roteiro Avaliação Pedagógica • • • • • • Habilidades O que avaliar? Que recursos utilizar? Como fazer? (Procedimentos) O que foi observado? HABILIDADES:-Comunicação Oral ; Leitura; Comunicação Escrita; Comportamento Sócio-Afetivo; Atenção e Concentração; Sensorial: Percepção Auditiva; Percepção Visual; Percepção Gustativa; Percepção Olfativa; Percepção Tátil;Motora: Equilíbrio Corporal; Preensão; Apreensão ; Memória Visual; Auditiva; Raciocínio Lógico-Matemático ;Expressão Criativa; Orientação Especial e O Temporal; Atividade de Vida Autônoma e Social. Sugestão Estudo de evidências; Dividir em grupos; Plenária; (tempo 30 minutos). Os transtornos funcionais específicos relacionam-se com deficiência intelectual? Distúrbios/Transtornos Dificuldades de aprendizagem Na visão de Moojen (1999), são utilizados, aleatoriamente, com o mesmo significado, os termos distúrbios, transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem para quadros diagnósticos diferenciados. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil,2008), entre os transtornos funcionais específicos estão: Dislexia – transtorno de leitura; Disgrafia - Disortografia – transtorno de escrita; Discalculia- habilidades matemáticas; TDAH - transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. • • • Segundo SHAYWITZ a dislexia do desenvolvimento é hereditária, sendo que geneticistas demonstraram que há mais de 50°/° de probabilidade de um menino ser disléxico se o pai também for, enquanto essa porcentagem cai para 40/° se a mãe for disléxica; Assim , o histórico familiar constitui-se em um dos mais importantes fatores na identificação da dislexia; De acordo com SNOWLING (1998), a prevalência da dislexia na primeiras séries é de 5,6°/°, sendo que ocorre maior prevalência em meninos que em meninas ( 4 para 1). O encaminhamento médico • • • O encaminhamento médico pode identificar clinicamente os distúrbios que interferem, mas é necessário que a educação trabalhe com processos de desenvolvimento histórico e social; Ao ensinar é necessário considerar o sujeito como referência, com seu percurso histórico, a partir das relações produzidas em casa e na escola, e no que ele tem de mais particular; A área médica pode apontar o que ocorre com o aluno clinicamente, mas os caminhos da reflexão sobre as formas de aprendizagem devem ser um percurso repensado pela escola. Para Garcia (1998, p.141-2), cinco perguntas devem ser feitas para tomada de decisões: • • • • • O que ensinar - objetivo Avaliação inicial Quando ensinar Como ensinar Avaliação somatória DEFICIÊNCIA INTELECTUAL- DA FAMÍLIA Á ESCOLA Elisabeth Kubler-Ross (1991) diz que o processo de aceitação assemelha-se ao luto que podem ser divididos por cinco estágios: Negação e isolamento; Raiva; Barganha; Depressão; Aceitação. CARACTERÍSTICAS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUALCandidatos portanto a frequentar uma sala de recursos. • • Dificuldades de compreensão, análise e síntese e retenção das informações Dificuldades de explorações espontâneas Dificuldade em aprender ( quando esgotado todos os recursos) • Dificuldade para utilizar e relacionar informações • Dificuldade de resolução de problemas ( de acordo com a faixa etária) • Dificuldade de compreensão de comandas • Dificuldade em expressar de maneira lógica ideias e pensamentos • Desenvolvimento mental Jean Piaget Quatro períodos fundamentais: Sensório motor; Pré operatório; Operações concretas – (uma criança com DI terá dificuldades em ultrapassar essa fase); Operações formais. Estratégias para auxiliar o professor não especializado na construção de uma rotina de desenvolvimento pedagógico dos alunos com necessidade educacional especial Tratar o aluno de maneira natural, não adotando atitudes superprotetoras, infantilizada ou de rejeição; Respeitar sua idade cronológica, oferecendo atividades compatíveis relacionadas ao que está sendo ensinado aos demais alunos; Incentivar a autonomia na realização das atividades; Estabelecer objetivos, conteúdos,metodologia, avaliação e temporalidade de acordo com a necessidade do aluno; Dividir as instruções em etapas, olhando nos olhos do aluno; Respeitar o ritmo de aprendizagem, oferecendo desafios constantes; Repetir as instruções/atividades em situações variadas, de forma diversificada; Estabelecer uma rotina na sala de aula, dizendo o que e como vai acontecer; Estabelecer regras junto com o grupo de alunos, procurando ressaltar as qualidades de cada; Reforçar comportamentos adequados; Apresentar os espaços físicos construindo referências eu os tornem mais familiares. “A escola tem que ser esse lugar em que as crianças tem a oportunidade de ser elas mesmas e onde as diferenças não são escondidas, mas destacadas.” (Mantoan) Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. A. Apresentação e análise das definições de deficiência mental propostas pela AAMR - Associação Americana de Retardo Mental de 1908 e 2002. Revista de educação PUC – Campinas, n. 6, p. 33-48, 2004. AAMR – American Association on Mental Retardition. Retardo Mental: definição, classificação e sistemas de apoio. Porto Alegre: Artmed, 2006, 288 p. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para educação especial na educação básica. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001. ______. Ministério da Educação. Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais. 2.ed. Secretaria de Educação Especial. Brasília:MEC/SEESP, 2006. COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento Psicológico e educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 3v. 367 p. OLIVEIRA, A.A.S. de; OMOTE, S.; GIROTO, R.M. Inclusão Escolar: as contribuições da Educação Especial. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, Marília: Fundepe Editora, 2008, 208 p. 37 ...Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer... (Pra não dizer que não falei das flores Geraldo Vandré)