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Humanos
Empregados dão aulas em curso
técnico após jornada de trabalho
F OTOS A LUISIO S OUZA
Engana-se quem pensa
que a jornada de trabalho
termina quando o horário
do expediente na Empresa
chega ao fim. Para
muitos, ainda há outros
desdobramentos que
exigem muito mais do que
competência. Dedicação
é a palavra-chave para o
sucesso desse “segundo
turno”.
São ao todo 18 empregados e exfuncionários do Centro Técnico de Ensaios e Medições (CTE.O) e divisões
localizadas em regiões próximas à Usina de Furnas que, todas as noites, das
18h às 22h25, seguem para a Escola
Estadual de FURNAS, localizada em
São José da Barra, Minas Gerais, para
ministrarem aulas no Curso Técnico
em Eletrotécnica. O curso, com duas
turmas de 36 alunos de 17 a
24 anos, e duração de um
ano e meio, é “reconhecidamente, um dos melhores do
estado, aprovando diversos alunos em vários concursos públicos”, relata com orgulho Enio
Humberto de Souza, assistente
de Administração. Enio está há
sete meses dando aulas e atesta, sem hesitar, que “poder
multiplicar o conhecimento, é
recompensador”. E que em sala
de aula, “estamos sempre apren22
• outubro 2003 • Linha Direta nº 301
Empregados são professores voluntários no Curso de Eletrotécnica, na Escola Estadual
de FURNAS (MG)
dendo”. O pouco tempo para ficar com
a família não impede a sua presença
em classe. “Minha esposa, às vezes, se
sente sozinha. Mas sabe que a sala de
aula me realiza. Então, ela me apóia
incondicionalmente”, conta Enio.
Cíntia Aparecida Ferreira, técnica de nível médio, conta que os parentes, às vezes, reclamam a sua
ausência à noite, mas dá a dica: “o
tempo bem administrado
permite saborear tanto o prazer de ser
professor como
o aconchego do
lar”. E revela:
“apesar do cansaço, das decepções, é enriquecedor saber
que um pedacinho seu está sendo distribuído em
outros tantos pe-
daços, por outras tantas pessoas”.
Tempo é algo que esses mestres
sabem administrar como poucos. Depois de anos e anos de dedicação à
Empresa, quando a grande maioria
pensa em se aposentar, alguns divergem em apenas um detalhe: parar de
trabalhar somente se for para se
“doar”. Foi assim que procedeu Altamiro Manoelino Garcia Rosa. “Dar aulas
no curso é um hobby para mim; vou
com a maior alegria e prazer”.
Encerrando esta “jornada”, César
Luiz da Silva, técnico de nível médio,
deixa uma mensagem que serve a todos: “é importante plantar sementes
boas em terras férteis, para que possamos garantir um futuro de colheitas
fartas e sadias. Numa profissão como
esta, há a oportunidade de se alcançar
esse objetivo e, com o conhecimento
transferido, é possível deixar partes
suas com os outros e levar consigo
partes deles”.
César Luiz da Silva
Altamiro Manoelino Garcia Rosa
Cíntia Aparecida Ferreira
Enio Humberto de Souza
A Escola Estadual de FURNAS...
...oferece ensino fundamental, médio e técnico. O curso técnico recebe alunos
de diversas cidades da região e também de Planura, Itumbiara e Fronteira. Vários
alunos, ao se formarem, são absorvidos por empresas da grandeza de FURNAS
como, por exemplo, Eletronuclear, Petrobras, Transpetro e Cemig.
Vejam o quem pensam os talentosos dessa edição sobre as alegrias e
frustrações de lecionar em período noturno:
☺ Alegrias
Enio
FOTO J OSÉ G ABRIEL R. B. F ILHO
Frustrações
“A certeza de que esse curso vai servir
“Sou apaixonado pelo magistério.
para mudar para melhor a vida dos meus
O prazer de lecionar é tanto, que nada me frustra”.
alunos é a maior recompensa que posso ter”.
Cíntia
“Saber que agora faço parte da história
“A falta de incentivo. Ver que alguns não possuem as
profissional de cada um dos meus alunos”.
ferramentas necessárias para disseminar todo o seu
conhecimento nas aulas práticas”.
Altamiro
“O prazer e a alegria de passar um pouco
“Descobrir que determinado aluno não está dando
da experiência adquirida ao longo de mais
importância ao curso que está fazendo”.
de 30 anos de trabalho na área técnica”.
César
“A criação de um ambiente de amizade
“Certas situações incomodam, mas, felizmente, são
propício ao desenvolvimento de todos”.
deixadas de lado pois, frente às dimensões do curso,
se tornam insignificantes”.
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