UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA A CIÊNCIA
E O ENSINO DE MATEMÁTICA
RICARDO DESIDÉRIO DA SILVA
Educação em Ciência e Sexualidade: o professor como mediador das atitudes e crenças
sobre sexualidade no aluno
Maringá
2009
RICARDO DESIDÉRIO DA SILVA
Educação em Ciência e Sexualidade: o professor como mediador das atitudes e crenças
sobre sexualidade no aluno
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação para a Ciência e o Ensino
de Matemática do Centro de Ciências Exatas da
Universidade Estadual de Maringá, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática.
Área de concentração: Ensino de Ciências e
Matemática.
Orientadora – Profa. Dra. Ana Maria Teresa
Benevides-Pereira
Coorientador – Prof. Dr. Ourides Santin Filho
Maringá
2009
Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca
Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
S586e
Silva, Ricardo Desidério da.
Educação em ciência e sexualidade : o professor como mediador das atitudes
e crenças sobre sexualidade no aluno / Ricardo Desidério da Silva. – Maringá,
2009.
123 f : il.
Orientador: Ana Maria Teresa Benevides Pereira.
Co-orientador: Ourides Santin Filho.
Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática)
− Universidade Estadual de Maringá, Centro de Ciências Exatas, Programa de
Pós-Graduação em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática, 2009.
Inclui bibliografia.
1. Sexualidade – Teses. 2. Educação sexual – Teses. 3. Psicologia social –
Teses I. Pereira, Ana Maria Teresa Benevides. II. Santin Filho, Ourides. III. Universidade Estadual de Maringá, Centro de Ciências Exatas, Programa de PósGraduação em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática. IV. Título.
CDU 613.88
RICARDO DESIDÉRIO DA SILVA
Educação em Ciência e Sexualidade: o professor como mediador das atitudes e crenças
sobre sexualidade no aluno
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática,
Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de
Maringá, como requisito parcial para a obtenção do titulo
de Mestre em Educação para a Ciência e o Ensino de
Matemática.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Profa. Dra. Ana Maria Teresa Benevides-Pereira
Universidade Estadual de Maringá – UEM
__________________________________________
Prof. Dr. Ourides Santin Filho
Universidade Estadual de Maringá – UEM
__________________________________________
Profa. Dra. Eliane Rose Maio Braga
Universidade Estadual de Maringá – UEM
_________________________________________
Prof. Dr. Cesar Aparecido Nunes
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Maringá, 26 de janeiro de 2009.
Dedico este trabalho
Aos meus pais, Luiz Edson e Ione, por permitirem sonhar e buscar
meus ideais, pela compreensão das ausências, pelo amor e exemplo
de vida.
Às minhas sobrinhas, Dayane e Heloisa.
Aos meus amigos, em especial ao Felipe Raphael Salgado, pelo
companheirismo e escuta durante esta caminhada, principalmente
nos momentos de cansaço, dúvida e insegurança.
À Profa. Dra. Mary Neide Damico Figueiró, por todas as suas
contribuições, pelos seus ensinamentos, pelo carinho, amizade e
pelo convite para fazer parte do CiPESS – Círculo de Pesquisa em
Educação Sexual e Sexualidade.
AGRADECIMENTOS
Chegar ao final de um trabalho não é uma tarefa tão simples. Entretanto, muitos são os que
contribuíram para a realização desta dissertação. Aqui, quero deixar registrado, a essas
pessoas mais do que especiais, todo o meu agradecimento:
À Profa. Dra. Ana Maria Teresa Benevides-Pereira, pelas suas valiosas orientações, pelo
carinho, interesse, incentivo, apoio e sabedoria desde o nosso primeiro contato, bem como,
por sua disponibilidade e paciência, que puderam transformar um sonho em contribuição
científica.
Ao Prof. Dr. Ourides Santin Filho, pela coorientação, atenção, disponibilidade, ao longo desta
caminhada, e, principalmente, pelas discussões que só vieram a enriquecer, ainda mais, este
trabalho.
Aos colegas do Mestrado, em especial à Luciana e à Daliana, pela amizade que demonstraram
durante os dois anos em que estivemos juntos. Que esta amizade possa crescer a cada dia.
Aos professores do Mestrado, pelas contribuições científicas que proporcionaram.
À Tânia Regina Gasparelo, secretária do programa, pelos momentos agradáveis e
descontraídos que tivemos e, principalmente pelo seu profissionalismo.
À Profa. Dra. Luzia Marta Bellini, pela sua competência e pelas contribuições iniciais em meu
projeto de pesquisa.
À Profa. Dra. Ana Tiyomi Obara, pelas suas brilhantes contribuições no parecer do meu
projeto de pesquisa.
Aos estagiários e integrantes do GEES/UEL/Londrina-PR – Grupo de Estudos sobre
Educação Sexual, pela acolhida.
Aos professores envolvidos nesta pesquisa, por relatarem partes de suas vivências escolares;
aos diretores, que permitiram o meu acesso aos seus respectivos estabelecimentos de ensino; e
a todos os alunos, por responderem ao questionário.
À Profa. Dra. Eliane Rose Maio Braga, pelas contribuições, pelo carinho e amizade e por
aceitar participar da banca examinadora.
Ao Prof. Dr. César Nunes, pelo seu parecer no exame de qualificação e participação na banca
examinadora, pelos e-mails enviados, pois tenho muita admiração pelos seus brilhantes
trabalhos.
À Profa. Dra. Paula Regina Costa Ribeiro, pelo envio de sua tese e por algumas indicações
bibliográficas, além do envio de dois de seus livros organizados.
Às Profas. Dras. Guacira Lopes Louro, Maria Amélia Azevedo e Maria Helena Palma de
Oliveira, pelas sugestões de leitura enviadas ao meu e-mail.
À Profa. Dra. Maria Luiza Macedo de Araújo, pelas sugestões e pelo texto enviado.
Ao Prof. Dr. Mauro Romero Leal Passos, pela gentileza de emprestar e enviar ao meu
endereço uma dissertação e pela atenção a cada e-mail enviado.
À Profa. Dra. Cláudia Ribeiro, pela sua competência, carinho e amizade.
Aos meus alunos, por compreenderem as minhas ausências durante as aulas.
Ao Kleber Arantes, pelo excelente trabalho de transcrição das gravações das entrevistas desta
dissertação.
Aos meus familiares, por estarem sempre ao meu lado.
Aos invejosos e pessimistas, pelo meu crescimento e incentivo.
A todos aqueles que possibilitaram, direta ou indiretamente, a realização desta pesquisa.
A Deus, pela minha vida.
“Ninguém vive bem sua sexualidade numa sociedade tão restrita, tão hipócrita e
falseadora de valores; uma sociedade que viveu a experiência trágica da
interdição do corpo com repercussões políticas e ideológicas indiscutíveis; uma
sociedade que nasceu negando o corpo. Viver plenamente a sexualidade sem que
esses fantasmas, mesmo os mais leves, os mais meigos, interfiram na intimidade
do casal que ama e que faz amor, é muito difícil. É preciso viver relativamente
bem a sexualidade. Não podemos assumir com êxito pelo menos relativo, a
paternidade, a maternidade, o professorado, a política, sem que estejamos mais
ou menos em paz com a sexualidade”
Paulo Freire
Educação em Ciência e Sexualidade: o professor como mediador das atitudes e crenças
sobre sexualidade no aluno
RESUMO
Na medida em que se tem ponderado a necessidade da discussão sobre o tema sexualidade nas
escolas, nota-se com frequência, a fragilidade, por parte dos professores, em abordá-lo em
sala de aula. Boa parte dos professores sente-se despreparada para falar abertamente sobre a
questão, entretanto, é impossível omitir-se, pois comportamentos de ansiedade e curiosidade
em relação à sexualidade vêm se tornando cada vez mais comuns nas escolas. O professor
desempenha um papel muito importante na abordagem desse assunto, já que a escola constitui
um espaço enriquecedor para o esclarecimento e para a discussão sobre sexualidade.
Considerando-se a diversidade humana e a importância do ensino da sexualidade nas escolas,
os educadores não podem se limitar a tratar o tema apenas a partir de seus aspectos
biológicos. Assim, aqueles que estiverem dispostos a desenvolver uma Educação Sexual que
envolva a aprendizagem sobre sexualidade humana, que esteja inserida dentro de um contexto
histórico-cultural e que permita a busca por sentimentos, valores, emoções e atitudes frente à
vida sexual, devem refletir sobre a maneira como os temas deverão ser tratados com os
alunos. Nesta pesquisa, apresenta-se uma análise das principais atitudes e crenças sobre a
temática sexualidade manifestadas por 10 (dez) professores de escolas estaduais do ensino
fundamental e médio, dos quais, 03 (três) haviam participado de um Grupo de Estudos sobre
Educação Sexual, 04 (quatro) estavam cursando o mesmo grupo e 03 (três) nunca tinham
participado. Empregou-se entrevistas diretas, semiestruturadas, que foram submetidas a uma
análise de conteúdo, a partir dos pressupostos da modalidade denominada Temática, conforme
salienta Bardin (2007) e um questionário semiestruturado, junto a 241 alunos do ensino
fundamental e médio. Após a tabulação, os dados foram analisados com auxílio do programa
estatístico SPSS-14, procurando observar se as atitudes e crenças expressas pelos docentes
dos dois grupos coincidiam ou divergiam. Os resultados denotaram que os docentes, apesar de
considerarem importante lidar com o assunto sexualidade em sala, manifestaram dificuldade
em falar sobre o tema, indicando, inclusive algumas concepções equivocadas, que foram
percebidas pelos alunos. Entre estes, também se observou um discurso médico-biologista da
sexualidade, tal qual o de seus professores. Este estudo manifesta a necessidade de uma
formação continuada, já que se notou mudanças de algumas concepções entre os docentes
participantes de um Grupo de Estudos sobre Educação Sexual/UEL/Londrina-PR, mesmo
que, para alguns, estas estejam apenas em nível intelectual, não tendo ainda sido integradas ao
modo de sentir e agir.
PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade. Atitudes. Crenças. Professores. Alunos. Educação
Sexual.
Science and Sexuality Education: the teacher as the mediator of the attitudes and beliefs
about the student's sexuality.
ABSTRACT
Although teachers need to discuss sexuality in school, there is frequently a certain fear in
approaching the subject in the classroom. Most teachers feel themselves unprepared to talk
openly about the issue which is impossible to discard. In fact, anxiety and curiosity with
regard to sexuality are rather high in schools. The teacher has an important role towards the
approach of the issue since the school is an extremely viable space to explain and discuss
sexuality. Considering the human diversity and the importance of teaching the facts of life in
the schools, educators cannot limit themselves to deal with the subject from its exclusively
biological aspects. Consequently, teachers who are available for the development of Sexual
Education that comprise learning on human sexuality, that is inserted inside a cultural and
historical context and taking into account of feelings, values, emotions and attitudes towards
sexual life, should reflect on the manner these themes have to be studied with their students.
Current research analyzes the main attitudes and beliefs of sexuality shown by ten teachers of
the lower and upper primary government schools. Three had already participated in the Study
Group on Sexual Education; four were still participating in the above-mentioned group; the
other three had never participated in the group.Therewhere used the direct half-structured
interviews employed underwent to a content analysis involving the Thematic modality as
referred by Bardin (2007), a half-structured questionnaire was instructed to 241 students of
the lower and upper primary government schools. Tabulated data were analyzed by SPSS-14
statistic program to investigate whether there were coincidences or divergences in the
attitudes and beliefs expressed by teachers of both groups. Results showed that teachers had
difficulties in talking on the theme and even had mistaken concepts, readily perceived by the
students, even though the former considered important dealing with the sexual issue in the
classroom. Similar to the teachers’, a medical and biological discourse on sexuality emerged
from the students’ questionnaire. Current investigation shows the need for continual training
since changes in certain concepts among the teachers participating in the Study Group on
Sexual Education/State University of Londrina, Londrina PR Brazil could be perceived.
However, in certain cases these concepts lie merely at the intellectual level and have yet to be
integrated within the feeling and acting mode.
Keywords: Sexuality. Attitudes. Beliefs. Teachers. Students. Sexual Education.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características do grupo de professores entrevistados .................................
47
Tabela 2 – Faixa etária dos alunos .................................................................................. 73
Tabela 3 – Considera-se uma pessoa informada sobre sexualidade ...............................
73
Tabela 4 – Acha importante conversar sobre sexualidade na escola ..............................
74
Tabela 5 – Conversa sobre sexualidade com os professores ..........................................
75
Tabela 6 – Aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informação sobre sexualidade
......................................................................................................................... 75
Tabela 7 – Como se dá a Educação Sexual na Escola ..................................................... 76
Tabela 8 – Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores
e não o fez? .................................................................................................... 77
Tabela 9 – Justificativa por não conversar com seus professores ................................... 77
Tabela 10 – Se o (a) professor (a) tem facilidade em transmitir as informações sobre
sexualidade ................................................................................................... 78
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Faixa etária dos alunos .................................................................................. 73
Gráfico 2 – Considera-se uma pessoa informada sobre sexualidade ............................... 74
Gráfico 3 – Acha importante conversar sobre sexualidade na escola .............................. 74
Gráfico 4 – Conversa sobre sexualidade com os professores .......................................... 75
Gráfico 5 – Aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informação sobre sexualidade
........................................................................................................................ 75
Gráfico 6 – Como se dá a Educação Sexual na Escola ..................................................... 76
Gráfico 7 – Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores
e não o fez? .................................................................................................... 77
Gráfico 8 – Justificativa por não conversar com seus professores ................................... 78
Gráfico 9 – Se o (a) professor (a) tem facilidade em transmitir as informações sobre
sexualidade ................................................................................................... 79
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------- 14
Sobre a origem deste estudo ------------------------------------------------------------------- 17
2. DEFININDO ATITUDES E CRENÇAS ---------------------------------------------------- 20
2.1 Atitudes
------------------------------------------------------------------------ 20
2.1.1 Psicologia Social e Atitude ------------------------------------------------------------- 20
Crenças
------------------------------------------------------------------------ 23
3. DISCORRENDO SOBRE SEXUALIDADE ----------------------------------------------- 26
3.1 Breve recorte da história da sexualidade ------------------------------------------------ 26
3.2 A Sexualidade e a Educação Sexual ----------------------------------------------------- 30
Educação Sexual e/ou Orientação Sexual --------------------------------------------------- 38
A Educação Sexual e seus objetivos --------------------------------------------------------- 39
3.3 A sexualidade e a diversidade sexual ---------------------------------------------------- 40
4. MÉTODO----------------------------------------------------------------------------------------- 43
4.1 Procedimento de coleta de dados--------------------------------------------------------- 43
4.2 Análise dos Dados ------------------------------------------------------------------------ 44
5 RESULTADOS----------------------------------------------------------------------------------- 46
5.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa------------------------------------------------- 46
5.1.1 GEES- Grupo de Estudos sobre Educação Sexual ---------------------------------- 48
5.1.2 Unidades Temáticas --------------------------------------------------------------------- 48
5.2 Unidade Temática 1: Informação sobre o tema sexualidade ------------------------- 49
5.2.1. A sexualidade como processo natural ------------------------------------------------ 49
5.2.2. Percebendo mudanças nas suas próprias atitudes----------------------------------- 50
5.2.3. A sexualidade relacionada ao ato sexual --------------------------------------------- 51
5.2.4. O sexo como parte integrante da sexualidade --------------------------------------- 52
5.3. Unidade Temática 2: Dificuldade em falar sobre sexualidade ---------------------- 55
5.3.1. A Educação Sexual como facilitadora da dificuldade------------------------------ 56
5.3.2. A repressão sexual como consequência da dificuldade ---------------------------- 57
5.3.3. Insegurança na utilização das palavras ----------------------------------------------- 58
5.3.4. A Formação Continuada como facilitadora------------------------------------------ 60
5.4 Unidade Temática 3: Lidando com a diversidade sexual ----------------------------- 60
5.4.1. Desmistificando o preconceito -------------------------------------------------------- 61
5.4.2. Aprendendo a conviver com homossexuais ----------------------------------------- 62
5.4.3. Lidando com o preconceito em sala -------------------------------------------------- 63
5.4.4. A homossexualidade presente no contexto escolar --------------------------------- 65
5.5. Unidade Temática 4: A importância do tema sexualidade--------------------------- 66
5.5.1. Falta de iniciativa na família----------------------------------------------------------- 66
5.5.2. Grande interesse por parte dos alunos ------------------------------------------------ 68
5.6. Unidade Temática 5: Manifestando nossa sexualidade ------------------------------ 69
5.6.1. Masturbação------------------------------------------------------------------------------ 69
5.6.2. Do natural ao constrangimento/omissão --------------------------------------------- 70
5.7 Análise dos questionários dos alunos---------------------------------------------------- 72
6. DISCUSSÕES
------------------------------------------------------------------------ 80
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------ 88
REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 91
APÊNDICES ---------------------------------------------------------------------------------------- 96
13
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ----- 97
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SÓCIO DEMOGRÁFICO ------------------------- 98
DADOS ACADÊMICOS E PROFISSIONAIS ------------------------------------------------ 98
APÊNDICE C - ESTRUTURA DA ENTREVISTA COM OS PROFESSORES----- 99
APÊNDICE D - Termo de autorização aos pais------------------------------------------- 100
APÊNDICE E - Questionário para os Alunos --------------------------------------------- 102
APÊNDICE F - Transcrições das entrevistas ---------------------------------------------- 104
APÊNDICE G - Questionários_alunos ----------------------------------------------------- 105
14
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
1. INTRODUÇÃO
Todos defrontam-se com questões ligadas à sexualidade em sua vida cotidiana, porém, o
assunto ainda é considerado, por muitos, como um desafio, principalmente pelos educadores.
Mas, afinal, por que abordar este tema não é uma tarefa fácil?
Para Nunes (2005, p.13) essa abordagem não é simples porque existe “um certo
estranhamento do sujeito humano com sua própria sexualidade”. Essa sexualidade se encontra
envolta em valores morais, que determinam comportamentos, usos e costumes sociais.
Alves e Chaves (2007) descreveram, em um estudo sobre as necessidades e as
dificuldades da Educação Sexual, na visão dos professores de Ciências de Porteirinha-MG,
que as barreiras encontradas por eles são: falta de recursos didáticos específicos,
incompreensão dos pais sobre o assunto, existência de preconceitos, além de questões
religiosas, timidez e até insegurança para debater o tema.
Entretanto, conforme Nunes (2005) vive-se em um ambiente sexualizado que obriga a
uma reflexão. As últimas décadas provocaram enormes mudanças na forma de se
compreender e viver a sexualidade, mudanças estas que acabaram por refletir nos valores,
nos comportamentos, na linguagem, no modo de vestir, nas músicas, nos filmes e nos
relacionamentos dos dias atuais.
A proposta curricular da Secretaria da Educação e do Desporto (BRASIL,1997, p.17),
do município de Florianópolis-SC, mostra que a sexualidade “se constitui numa elaboração
histórica e cultural, que se explica e se compreende no contexto” das relações sociais. Neste
sentido, a sexualidade não se reduz apenas às questões biológicas e tampouco pode ser
confundida com o ato sexual reprodutivo.
Segundo Figueiró (2006) este tema ultrapassa a dimensão biológica e as questões
trabalhadas na escola precisam envolver reflexões individuais e coletivas. Este exercício
permitirá ao aluno reconhecer-se enquanto sujeito de sua própria sexualidade e o levará a
construir práticas positivas e saudáveis para o desenvolvimento de sua vida.
Falar sobre este assunto é preparar o indivíduo para a vida, capacitando-o para amar e
para sentir a felicidade de amar. É necessário salientar, também, que não se nascem homens
ou mulheres, mas sim, machos e fêmeas da espécie humana. Acabam, entretanto, produzindose enquanto homens e mulheres na relação com outros seres humanos. São, então, capazes de
dar sentido e significado, de atribuir valores, de desenvolver regulamentos e de normatizar os
15
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
relacionamentos afetivos, amorosos e sexuais, pois cada um, em cada tempo e lugar, cria,
recria e busca formas para viver e expressar a sexualidade. (BRASIL, 2001).
Neste sentindo, é fundamental apaixonar-se por esta vivência e expressão da
sexualidade. De acordo com Alves (2008) a paixão é o segredo do sentido da vida. O êxito da
atuação do educador depende, fundamentalmente, do amor e da paixão como esta é
desenvolvida.
Figueiró (2006) utiliza a expressão de Alves (2008) “acordar o educador”, pois
acredita que ao se investir na formação continuada do professor, não basta repassar apenas as
informações técnicas de como ensinar, mas é preciso despertar o educador que existe dentro
de cada um, pois isso garantirá comprometimento e paixão, além da competência técnica.
Para Alves (2008) no sujeito que assume a tarefa de ensinar, duas são as dimensões
presentes: a de educador e a de professor. O educador habita em um mundo onde as pessoas
definem-se por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos, enquanto o professor é
um funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas, ou seja, administrado
o tempo todo.
Logo, ao se propor que a escola trate as questões da sexualidade, numa perspectiva
dos direitos do cidadão e sob os princípios da equidade, insere-se, imediatamente, a discussão
do professor como Educador Sexual.
Os cursos de formação de professores, na sua quase totalidade e a tradição familiar
carecem de discussão sobre este tema. Desta forma, modelos de disciplinamento, censura e
conservadorismo reproduzem-se, pela falta de uma discussão crítica, pautada em bases
fidedignas e pela omissão destas instâncias. Assim sendo, faz-se necessária a abordagem da
Educação Sexual nas escolas, pois nela pode-se compreender que os fenômenos sócioculturais atingem a sociedade e, mesmo existindo casos específicos e individuais, as
discussões sobre sexualidade devem extrapolar o âmbito pessoal. Ao se resgatar a construção
histórica traz-se, à tona, as verdades, atingindo as pessoas em uma dada sociedade e cultura
(FURLANI, 2007). Furlani também nos adverte sobre a “tradição familiar” ao discutir este
tema.
Segundo Werebe (1998), a Educação Sexual Informal, realizada no âmbito da
família, tem uma importância particular para o desenvolvimento da criança e para a formação
de ideias sobre a família, sobre o amor e a sexualidade, o que influencia a visão de mundo do
indivíduo quando adulto, que, a partir dessas concepções, passa a construir uma imagem de si
mesmo. Esta Educação Sexual é determinada pela organização familiar, pelas condições de
16
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
vida da mesma e pelas relações entre seus membros. Os pais desempenham o papel de
educadores no domínio da sexualidade e, muitas vezes, de forma inconsciente, assumem
medidas e atitudes nas questões, direta ou indiretamente, ligadas à vida sexual, sem uma
preocupação com a conduta tomada, educando mais pelo que fazem do que pelo que dizem.
Werebe (1998, p. 149) também afirma que “nem sempre os pais oferecem aos filhos
informações sobre a sexualidade, seja porque não possuem os conhecimentos para fazê-lo,
seja porque se sentem constrangidos para tratar do assunto”.
Segundo Caridade (1997) a escola precisa continuar o trabalho de Educação Sexual
repensando dimensões esquecidas, visões distorcidas ou negadas da sexualidade sem,
contudo, substituir a família. A interação família-escola torna-se fundamental para que esta
questão não se torne alvo da duplicidade de discursos e de atitudes em seu processo
educacional.
Para Werebe (1998, p.149) “a escola desempenha um papel importante na Educação
Sexual dos alunos, independente das intervenções formais que possa lhes oferecer neste
campo”.
A escola constitui, hoje, um espaço privilegiado para: a implantação de ações que
promovam o fortalecimento da autoestima e do auto cuidado; a preparação para a cidadania; o
estabelecimento de relações interpessoais mais respeitosas e solidárias; a qualidade de vida,
que é estar de bem consigo mesmo, com a vida e com as pessoas queridas. Enquanto isso, na
escola, todos os professores, independente da sua área de formação, podem desempenhar o
papel de Educadores Sexuais.
Figueiró (2006) parte do princípio de que todos somos Educadores Sexuais: os pais,
os professores, os demais profissionais e a comunidade em geral, uma vez que, no contato
com crianças, adolescentes e jovens, acabam passando mensagens, mesmo sem perceber,
contribuindo, assim, para que os educandos construam suas ideias, seus valores e seus
sentimentos.
Conforme Werebe (1998), todo professor, seja qual for a disciplina que lecione,
desempenha, consciente ou inconscientemente, ações no campo da Educação Sexual. Estas
ações são representadas pela maneira de ser, vestir e agir, pelas ideias e valores que transmite
e até mesmo pelo tratamento que dispensa aos alunos de ambos os sexos.
Desta forma, uma grande preocupação no que diz respeito à Educação Sexual, é
como as atitudes, os posicionamentos e as condutas dos professores apresentando-se aos
alunos.
17
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Apesar de saber que a Educação Sexual pode ajudar a reduzir o índice de gravidez
na adolescência e auxiliar na prevenção de DST, é de especial importância levar os
educadores a entenderem que o conhecimento do próprio corpo e da sexualidade faz parte de
todo trabalho nas escolas, além de ser um direito de toda criança e adolescente (SIMONETTI,
1994).
Guimarães (1995) destaca, também, que a Educação Sexual apresenta o grande risco
de se tornar essencialmente repressiva, caso seja realizada sem o devido planejamento e sem o
preparo dos professores, pois pode se transformar em doutrinação.
Sobre a origem deste estudo
Considerando a vivência de seis anos como educador de ciências e matemática,
observando que, independentemente da disciplina ministrada, os alunos buscam, junto ao
professores com os quais se sentem mais próximos (ou se identificam), respostas às suas
dúvidas sobre sexualidade. Por outro lado, por comentários destes estudantes e de colegas de
profissão, pode-se verificar que muitos professores manifestam dificuldades em abordar o
assunto ou mesmo estes apresentam concepções equivocadas e/ou preconceituosas. Sendo
assim, a questão de como os professores estão lidando com temas relacionados à sexualidade,
com seus alunos, tem intrigado sobremaneira, pois a maior preocupação é se esta Educação
Sexual, inserida dentro de um contexto histórico-cultural, que possibilita a busca por
sentimentos, valores, emoções e atitudes frente à vida sexual, está sendo realizada por
professores despreparados.
A Educação Sexual, considerada por muitos professores como um desafio, exige,
além do conhecimento, um comprometimento que contemple aspectos mais amplos e
sedimentados através da reflexão, e não apenas informações sobre aspectos biológicos.
Nota-se com muita frequência:
-
A necessidade de uma Educação Sexual contínua, sistemática,
abrangente e integrada;
-
A falta de incentivo por parte da direção da escola ou, principalmente, o
desinteresse entre os próprios profissionais;
-
A dificuldade do professor em abordar as questões referentes à
sexualidade;
18
O professor como mediador da sexualidade no aluno
-
Desidério Silva, R.
A não compreensão e aceitação do ensino de Educação Sexual por
alguns pais;
-
A omissão de algumas escolas nos assuntos relacionados à sexualidade.
Assim, a lacuna deixada pela escola faz com que os alunos demonstrem
comportamentos de ansiedade e curiosidade, que são expressos por meio de piadas, desenhos
provocativos, bilhetes, recados apelativos nos banheiros, entre outros. Tais manifestações
podem ser a expressão de desejo, por parte dos alunos, de que os professores conversem
abertamente sobre o assunto.
Diante deste quadro, frequentemente questionava, não apenas sobre o conteúdo que
estaria sendo veiculado, mas, principalmente, de que forma isto se dava. Buscando
compreender melhor como têm sido as aulas de Educação Sexual nas escolas, este estudo
procurou investigar as atitudes e crenças de professores sobre sexualidade.
Em um levantamento do Portal Capes, no período de 1999 a 2006 constataram que,
são poucas as pesquisas sobre “atitudes e crenças” em relação à sexualidade, e dentre elas
foram identificadas as seguintes produções científicas: Ahmed (1999), Freitas (2006), Malta
(2005) e Oliveira (2003).
Ahmed (1999) propôs avaliar as crenças, as atitudes e o nível de informação sexual
de adolescentes masculinos e femininos, residentes em uma pequena ilha na Baía de
Guanabara, próxima à cidade do Rio de Janeiro, com a finalidade de identificar possíveis
relações com o comportamento sexual referente à prevenção de DST.
Freitas (2006) investigou a problemática da prevenção do HIV/AIDS em populações
específicas da Amazônia - mulheres no garimpo. Utilizou o referencial de vulnerabilidade de
forma transversal, pelo enfoque relacional de gênero e classe, buscando compreender como se
estruturam interfaces de condições de vida, trabalho e sexualidade feminina, por meio da
observação da existência de estratégias, por parte das mulheres, capazes de minimizar sua
susceptibilidade frente às DST/HIV/Aids.
No estudo realizado por Malta (2005), foram realizadas duas pesquisas qualitativas
em municípios do sul do Brasil: Foz do Iguaçu e Itajaí, cidades importantes na rota do tráfico
de cocaína que apresentam uma ativa cena de prostituição. Muitos usuários, devido ao uso
contínuo e repetitivo da droga, acabam adotando comportamentos de maior risco frente ao
HIV/AIDS e demais infecções sexualmente transmissíveis.
Oliveira (2003) utilizou, como embasamento teórico-metodológico de sua
investigação, a Teoria da Ação Racional (TAR), que busca identificar os fatores
19
O professor como mediador da sexualidade no aluno
determinantes
do
comportamento
conscientemente
Desidério Silva, R.
intencional,
para
analisar
dois
comportamentos: primeiro – usar camisinha durante as relações sexuais (sexo masculino) e
segundo – solicitar ao parceiro para usá-la (sexo feminino). O desenvolvimento da pesquisa
ocorreu em duas etapas. Na primeira, foram identificadas crenças comportamentais e
normativas relacionadas aos comportamentos citados e as fontes de informação sobre a
importância do uso da camisinha. Investigou, também, o conhecimento dos adolescentes
sobre as formas de contágio e de prevenção contra o HIV/AIDS. Na segunda, o autor analisou
a influência dos componentes atitudinais e normativos sobre os comportamentos estudados.
Neste sentido, este estudo justifica-se pela necessidade de se investigar de que modo
se dá essa abordagem, entre docentes e seus alunos, através da análise das atitudes e crenças
manifestadas pelos mesmos.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
2. DEFININDO ATITUDES E CRENÇAS
2.1 Atitudes
“Atitude” é um termo derivado da palavra latina aptitudinem, que, traduzida,
significa “postura” ou “posição física” e , de uma forma geral, indica o tipo de ação que uma
pessoa adotaria em relação a algo. Entretanto, a palavra “atitude”, hoje, refere-se a uma
posição mental ou a uma avaliação de algo por uma pessoa (WILKIE, 1994).
O estudo das atitudes tem sido considerado de grande importância por parte de
vários autores em todos os tempos, pois a riqueza do seu significado coloca-o como
mediadora “entre a forma de agir e a forma de pensar dos indivíduos” (RAMOS, 2003, p.41).
2.1.1 Psicologia Social e Atitude
O conceito de atitude é, talvez, o mais antigo e discutido da Psicologia Social, o que
pode ter contribuído para dar uma identidade a mesma, pois esta articula a psicologia
individual com a sociologia, o que possibilita identificar o posicionamento de um indivíduo
face à realidade social. (LIMA, 1996).
A Psicologia Social é o estudo das manifestações comportamentais de caráter
situacional, provocadas entre os indivíduos em interação ou simplesmente em expectativa de
interação. Assim, a interação social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro
social são objetos de investigação desta área da Psicologia. (RODRIGUES, 1976).
Considerando que as atitudes formam e se desenvolvem a partir das interações
sociais, Vargas (2005) analisa que não só o comportamento aparente, mas tudo aquilo que
pode ser logicamente induzido a partir do comportamento externo, constitui-se como objeto
de estudo psicológico. Logo, as atitudes podem ser consideradas objetos de investigação
típicos e comuns da Psicologia Social.
Braghirolli (1994) afirma que o comportamento de uma pessoa está diretamente
ligado as suas atitudes e que o fato de conhecer a atitude de alguém a respeito de algo pode
não só auxiliar a compreender as ações que uma pessoa pode ter, como também, até certo
ponto, predizer suas ações em relação a este algo. Além disso, as atitudes podem servir para
organizar a compreensão do mundo e dos fatos que nos cercam, auxiliando a posicionar, de
forma mais ou menos coerente, em relação a eles.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Thurstone foi o responsável pela primeira pesquisa em Psicologia Social que enfoca
a questão da atitude, publicada na década de 1920. A partir daí, outros estudos foram
desenvolvidos, sendo que a década de 1930 caracterizou-se pela preocupação dos estudiosos
com a identificação dos fatores que levavam as pessoas a exibirem tal ou qual atitude
(RODRIGUES, 1976).
Mesmo amplamente estudado, o termo atitude ainda não possui um significado
preciso, e, nas últimas décadas, numerosas definições foram propostas pelos autores.
Rodrigues (1976) conceitua atitude como uma organização duradoura de crenças e
cognições em geral, dotada de forte carga afetiva, pró ou contra um objeto social determinado,
que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto.
Este autor salienta diversas concepções de estudiosos da área, como:
- Secord e Backman (1964)1 para os quais as atitudes são certas regularidades nos
sentimentos, pensamentos e predisposições para a ação, do indivíduo, em relação a algum
aspecto de seu ambiente;
- Jones e Gerard (1967)2 definem atitudes como, essencialmente, valores derivados
de outros valores, que são mais básicos e foram internalizados, anteriormente, no processo de
desenvolvimento;
- Triandis (1971)3 afirma que atitude é uma ideia carregada de emoção, que
predispõe a um conjunto de ações e a um conjunto particular de situações sociais.
Krech, Ballachey e Crutchfield (1975) para os quais as atitudes são consideradas
como um sistema duradouro de avaliações positivas e negativas, sentimentos e tendências pró
ou contra a respeito de um objeto social.
De forma geral, as definições adotadas pelos psicólogos sociais a respeito deste tema
podem ser sintetizadas na noção de que existe sempre uma atitude em relação a um objeto,
objeto este que pode ser uma ideia, um fato, uma pessoa etc. e, nesta atitude, estão incluídos
os componentes cognitivos, afetivos e comportamentais (BRAGHIROLLI, 1994).
a) Componente Cognitivo
Segundo Rodrigues (1976) para haver uma atitude em relação a um objeto, é
necessária alguma representação cognitiva do mesmo.
1
SECORD, P.F. e BACKMAN, C. W., Social Psychology, New York: McGraw-Hill, 1964.
JONES, E. E. e GERARD, H., Foundations of Social Psychology, New York: John Wiley & Sons. Publishers,
1967.
3
TRIANDIS, H.C., Attitudes and Attitude Change, New York: Wiley, 1971.
2
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Assim, para que exista uma carga afetiva pró ou contra um objeto social definido,
faz-se necessária uma representação cognitiva deste mesmo objeto. As crenças e demais
noções intelectuais relativas ao objeto de uma atitude constituem o componente cognitivo da
atitude.
Na visão de Harrison (1975) o componente cognitivo, também denominado
componente perceptual, informativo ou estereotípico, constitui o aspecto intelectual das
atitudes e consiste no que a pessoa vê, sabe ou raciocina sobre o objeto da atitude.
b) Componente Afetivo
Whedall (1976) afirma que o componente afetivo, também denominado componente
emocional, relaciona-se aos sentimentos de inclusão ou aversão da pessoa em relação a um
objeto de atitude, ou seja, não se refere ao que a pessoa pensa sobre o objeto, mas ao que
sente em relação a ele. Este autor ainda afirma que o julgamento de gostar versus não gostar,
aprovar versus desaprovar, ou de atração versus a repulsa, é influenciado pelos valores de
uma pessoa e suas concepções de como deve ou não reagir.
O componente afetivo, definido como pró ou contra um determinado objeto social, é
o único característico das atitudes sociais, segundo Fishbein e Ajzen (1975). Nesta pesquisa,
consideramos este componente como sendo fundamental e indispensável para qualquer
atitude social, conforme os autores.
c) Componente Comportamental
De acordo com os psicólogos sociais, as atitudes possuem um componente ativo,
instigador de comportamentos coerentes com as cognições e afetos relativos aos objetos
atitudinais. A relação entre atitudes e comportamento constitui um dos motivos pelos quais as
atitudes sempre merecem atenção especial dos psicólogos sociais. Tais considerações parecem
justificar o fato de, em 1918, Thomas e Znaniecki definirem Psicologia Social como o estudo
científico das atitudes, segundo Vargas (2005).
Para Newcomb (1965, apud RODRIGUES, 1976), as atitudes humanas são
componentes favoráveis de um estado de prontidão que, se ativado por uma motivação
específica, resultará em um determinado comportamento.
O componente comportamental, ou comportamento conativo, refere-se à ação, à
prontidão para reagir frente ao estímulo atitudinal, ou seja, revela uma tendência do indivíduo
para um movimento ou uma ação na direção do objeto de atitude. Esse comportamento pode
se dar em um nível verbal ou não-verbal ( (WHEDALL, 1976).
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Para Bock, Furtado e Teixeira (2002) as informações com forte carga afetiva, que
predispõem o indivíduo para uma determinada ação (comportamento), são denominadas de
atitudes.
Assim, a partir da percepção que se dá no meio social, cada indivíduo vai
organizando as informações, relacionadas com os afetos, sejam eles positivos ou negativos, e
desenvolve uma predisposição para agir de forma favorável ou desfavorável em relação às
pessoas e aos objetos presentes nesse meio social, indicando, deste modo, bons preditores de
comportamentos (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2002).
Segundo Triadis (1971 apud RODRIGUES, 1976) é necessário entender que as
atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem e como elas gostariam de comportar-se
em relação ao objeto atitudinal.
As atitudes são aprendidas e, desde muito cedo, na infância, sob a influência da
família, elas vão sendo formadas. Mas, segundo Braghirolli (1994), além da família, que é
considerada o maior agente formador de atitudes, o professor também terá uma parcela de
influência nesse processo, além da mídia e a sociedade em geral.
Crenças
Segundo Ajzen e Fishbein (1980), as crenças são estruturas cognitivas básicas sobre
as quais as atitudes se fundamentam. Assim, pode se dizer que elas são essenciais para a
promoção de mudanças de atitudes já estabelecidas. Para os autores, a atitude é composta por
crenças, afetos, intenções comportamentais e comportamento. Fishbein e Ajzen (1975)
afirmam que as crenças são mais ligadas ao componente cognitivo, enquanto as atitudes são
mais carregadas de componente emocional.
As crenças representam a informação que a pessoa tem sobre o objeto da atitude
(FREITAS e BORGES-ANDRADE, 2004). A crença vincula um objeto a um atributo. O
objeto da crença pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas, uma instituição, um
comportamento ou um evento, por exemplo. O atributo associado ao objeto pode ser outro
objeto, um traço, uma propriedade, uma qualidade, uma característica, um resultado ou um
evento. A crença pode ser medida por um procedimento que coloque a pessoa ao longo de
uma dimensão de probabilidade subjetiva e que envolva um objeto e um atributo relacionado
a ele.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Quanto ao afeto, os mesmos autores, este se refere aos sentimentos da pessoa em
relação a um objeto, pessoa ou evento. No conceito de atitude, o afeto é considerado como
parte essencial. Uma atitude pode ser compreendida como a quantidade de afeto em relação a
um objeto, enquanto a intenção comportamental indica a probabilidade subjetiva de a pessoa
desempenhar um comportamento e esta pode ser medida por um procedimento que coloque a
pessoa ao longo de uma dimensão de probabilidade subjetiva e que envolva a relação entre ela
mesma e a ação.
Para Fishbein e Ajzen (1975) e Ajzen e Fishbein (1980) o comportamento é o
resultado das crenças individuais e sociais do sujeito e estas se formam a partir de sua
interação com o meio ambiente interno e externo. O comportamento refere-se a fatos
observáveis e representa o que a pessoa efetivamente faz. A medida advém do próprio
comportamento da pessoa.
As crenças individuais são formadas após a percepção interna ou externa do mundo
ao redor. Estas crenças formarão atitudes positivas ou negativas, em relação a algum objeto
ou comportamento.
Estes autores vão mais além e identificam as crenças normativas, que são aquelas
formadas pelos referentes sociais (pai, mãe, irmãos, amigos, religião, meios de comunicação e
tudo mais que a sociedade e a cultura informam). Esses referentes sociais são importantes,
pois irão formar a norma subjetiva que, junto com as atitudes, formarão uma intenção, a qual
dará origem a um comportamento consequente.
A família, sendo o primeiro contato social da criança, constitui a base da formação
de suas crenças. Estas crenças se organizarão num sistema psicológico e, não necessariamente
lógico, que formará o sistema de crenças individual de cada sujeito (ROCKEACH, 1981).
Para Marías (1971) a sexualidade também é formada de crenças e valores absorvidos
e percebidos a partir de tudo o que cerca o indivíduo e de tudo que ele vivencia. Portanto,
embora as primeiras crenças sejam formadas na família, esta não é sua única fonte de
aquisição.
Assim, dizem que as diversas crenças estão organizadas de uma forma peculiar para
cada pessoa e com diferentes configurações (ARAÚJO, 1997).
Para Araújo (2007) quando se aborda, especificamente, o sistema de crenças e
valores sexuais, é importante salientar que é na família que a criança vivenciará as primeiras
experiências de carinho, afeto, toque, amor, compreensão, ou então, rejeição, distanciamento,
desamor. Cada família é um microcosmo que é afetado pelas vivências de seus constituintes –
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
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uma criança, ao nascer, pode trazer felicidade, alegria, preocupação, decepção, enfim, em
cada família pode haver muitos sentimentos, por vezes opostos, de forma manifesta ou
latente, que interferem e influenciam o ambiente que a recebe. Assim, cada pessoa formará
seu sistema de crenças e valores de acordo com o que lhe for passado, mas absorvendo tudo
de modo totalmente subjetivo e característico conforme a sua personalidade.
McCARY (1978) afirma que as crenças se perpetuam não apenas ao passar de uma
pessoa para outra, mas, também, por meio dos responsáveis pela educação dessas pessoas.
Para o autor, a ausência de conhecimento em relação ao tema sexualidade só será dissipada
quando houver, a disposição de todos, uma “adequada instrução sexual”(p.ix).
O significado atribuído a atitude nesta pesquisa, terá como base o enfoque
apresentado por Rodrigues (1976) que a considera como sendo: uma organização duradoura
de crenças e cognições; uma carga afetiva pró ou contra; uma predisposição à ação em direção
a um objeto social.
E ainda, concebendo atitude como sendo pertencente a três domínios, os quais
contribuem de diferentes maneiras, e em diferentes graus, para a sua construção, conforme
proposto por Braghirolli (1994): cognitivo (conhecimento sobre o objeto da atitude); afetivo
(sentimentos em relação ao objeto de atitude); comportamental ou conativo (predisposição
para agir de certa maneira em relação ao objeto de atitude), enquanto que neste estudo, as
crenças referem-se às informações básicas que as pessoas têm, sobre as quais as atitudes se
fundamentam, conforme afirmam Ajzen e Fishbein (1980).
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
3. DISCORRENDO SOBRE SEXUALIDADE
3.1 Breve recorte da história da sexualidade
Compreender a história da sexualidade ao longo dos séculos é fundamental, pois ela
faz parte dos padrões morais, sexuais, enfim, culturais.
Nunes (2005) considera importante retomar alguns recursos metodológicos ao
propor falar sobre sexualidade, entre eles, a história, a antropologia, a moral e a evolução
social. Concorda-se com o autor, ao ponderar que não se deve falar da sexualidade de forma
fragmentada, dividida, pois, sendo ela construída historicamente, a partir dos mais diversos
valores, vigentes em diferentes épocas, não deve ser restringida a apenas um ponto de vista.
Para Foucault (1997) as manifestações da sexualidade surgiram e permaneceram
livres desde o século XVI. A partir dos séculos XVI e XVII a sociedade ocidental testemunha
uma multiplicação de discursos sobre o sexo, os quais, ao investigá-lo e defini-lo, acabaram
por ocultá-lo. O sexo passa a ser reprimido e proibido e o simples fato de falar sobre ele, ou
até mesmo da sua repressão, já o determinava como pecado, ênfase dada ao discurso ainda
hoje em dia.
Foucault (1997) diz, claramente, que existiu a partir de então, um projeto de
iluminação de todos os aspectos do sexo, do seu esquadrinhamento. Criou-se, neste momento,
um dispositivo de sexualidade que, ao multiplicar os discursos sobre o sexo, visava a produzir
verdades sobre ele.
Os médicos, nessa época, produziam crescentes verdades sobre o sexo, mas, quando
se referiam a ele, nos discursos, tinham que pedir desculpas, por reterem a atenção de seus
leitores em assuntos tão baixos e tão fúteis.
No século XVII, referir-se ao sexo seria mais difícil e custoso, segundo Foucault
(1997). Contudo, entende-se que as maneiras de expressar a sexualidade não passavam de
discursos. Por volta do século XVIII, nasce uma incitação política, econômica e técnica, a
falar de sexo. Para o autor, deve-se falar de sexo, e falar publicamente, de uma maneira que
não se limite entre o certo e o errado.
Desse modo, a sexualidade passa a ser regulada por meio de discursos úteis e
públicos e não mais pelo rigor de uma proibição. Assim, pela primeira vez, pelo menos de
maneira constante, uma sociedade afirma que seu futuro e sua fortuna estão ligados, não
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
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somente ao número, a virtude, as regras e a organização familiar, mas, também, a maneira
como cada qual usa o seu sexo (FOUCAULT, 1997).
Em sua obra, Foucault (1997) assevera que, desde o século XVIII, o sexo não cessou
de provocar uma espécie de erotismo discursivo generalizado e tais discursos não se
multiplicaram fora do poder, ou contra ele, mas, onde este era exercido, tornando-se, até
mesmo, um meio para o seu exercício. Criaram-se, em todos os cantos, incitações para se
falar, dispositivos para se ouvir e registrar e procedimentos para que se observasse,
interrogasse e formulasse sobre o tema.
Assim, o interesse incontestável sobre o tema sexo não se prende ao fato de que há
um estímulo natural para se falar sobre ele, ou mesmo porque ele tenha se tornado um tabu e
permanecido no anonimato e reprimido por séculos, mas pelo fato de ele ser julgado como um
segredo (FOUCAULT, 1997).
Na história da sexualidade, o autor opõe dois conceitos, o de ars erotica e o da
scientia sexualis. Ele observa que em quase todas as culturas existe uma arte erótica (ars
erotica), isto é, formas de iniciação de prazer e de satisfação sexual. Na arte erótica, a verdade
é extraída do próprio prazer, encarado como prática e recolhido como experiência, e não por
referência a uma lei absoluta do permitido e do proibido. Em contrapartida, nossa cultura
cristã, europeia e ocidental deu origem a algo insólito: uma ciência sexual (scientia sexualis),
curiosidade e vontade de tudo saber sobre o sexo para melhor controlá-lo. Nossa sociedade
carrega o emblema do sexo que fala e que pode ser, afinal, interrogado e surpreendido,
contraído e volúvel, ao mesmo tempo.
Werebe (1998) em seu livro Sexualidade, Política e Educação, fornece uma análise
da história da investigação científica sobre a vida sexual humana e busca evidenciar os
obstáculos que os pesquisadores enfrentaram, em todos os tempos e por toda parte,
decorrentes dos interesses políticos e sociais em jogo, bem como, das barreiras culturais que
existiram e, até certo ponto, ainda existem neste domínio.
Segundo Werebe (1998) a pesquisa científica no campo da sexualidade humana teve
início na Europa, em particular, nos países anglo-saxões e germânicos, salientando-se os
trabalhos de Krafft-Ebing (1886), de Havelock Ellis (1896–1928), de Magnus Hirschfeld (que
realizou vários estudos a partir de 1930 e fundou o Instituto de Sexologia de Berlin) e Freud,
que tiveram uma grande repercussão internacional e deram origem a inúmeros estudos e
escolas em quase todos os países, sobretudo nos Estados Unidos.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Estes primeiros estudos sobre a sexualidade humana, segundo a autora, foram
desenvolvidos por clínicos e se basearam na observação de pacientes e não da população em
geral, isto é, de pessoas consideradas comuns. No entanto, a contribuição que ofereceram para
o conhecimento da vida sexual foi das mais importantes, muito maior do que a apresentada
pelos primeiros trabalhos, na década de 1920 e mesmo depois, que se basearam em inquéritos
sobre homens e mulheres da população geral, salvo a pesquisa realizada, mais tarde, por
Kinsey, Pomeroy e Martin (1948) considerada como o mais importante inquérito já realizado
sobre o comportamento sexual humano.
Outros trabalhos destacados por Werebe (1998) são o de Malinowski (1970), sobre a
vida sexual de algumas sociedades, ditas primitivas, e as importantes contribuições de Reich
(1978), sobre as dimensões político-ideológicas da vida sexual.
Após um início promissor na Europa, a pesquisa científica sobre a
sexualidade humana foi interrompida principalmente depois da terceira
década do século XX. O ‘stalinismo’ instalado na União Soviética pôs um
termo aos estudos no campo, neste país, passando a vida sexual dos
soviéticos a ser regida por uma moral estreita e severa. Por sua vez, o
nazismo pôs fim ao desenvolvimento da pesquisa sexual na Alemanha, onde
trabalhos importantes tinham sido realizados. Os países europeus, ocupados
pelos alemães, também foram influenciados pelo ‘puritanismo’ veiculado
pela ideologia nazista. Na França de Vichy, o aborto, que era considerado
delito desde 1923, tornou-se um crime de acordo com a lei promulgada em
1942. Além desses fatores, os problemas sociais e econômicos
determinados pela guerra perturbaram também o desenvolvimento da
pesquisa científica em geral (WEREBE, 1998, p.8)
A autora afirma que, em meio a tantas limitações, os Estados Unidos não sofreram
as mesmas restrições financeiras impostas aos demais países em guerra, e seus pesquisadores
puderam se beneficiar de recursos importantes. Consequentemente, as investigações no
campo da sexualidade humana receberam um grande impulso naquele país, em particular,
depois da Segunda Grande Guerra.
Segundo Werebe (1998) foi nos Estados Unidos que se realizaram, nas últimas
décadas, as pesquisas mais audaciosas sobre a sexualidade humana, dentre as quais, destacamse: o célebre inquérito de Kinsey, já mencionado, e os trabalhos de Masters e Johnson4
(1968). Inspiradas nesses estudos, muitas investigações foram realizadas, talvez com menor
alcance do que as de seus precursores. Foi também nos Estados Unidos que a obra de Freud
encontrou melhor acolhida e teve um desenvolvimento notável.
4
MASTERS, William e JOHNSON, Virgínia E. Les Reactions Sexuelles. Paris, Ed. Robert Laffont, 1968.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Assim sendo, tendo em vista a intervenção dos fatores ideológicos na sexualidade
humana, não se pode estudá-la fora do contexto sociocultural em que se insere. Para a autora,
todo indivíduo nasce em um dado momento da história e cultura e todos os seus desejos,
emoções e relações interpessoais são formados pela influência dessa cultura. Em cada
sociedade, são estabelecidas práticas sexuais que são adequadas ou inadequadas, morais ou
imorais, saudáveis ou não, legais ou ilegais, que acabam, também, impondo diferenciações
entre os sexos, cujo prejuízo recai, principalmente, sobre as mulheres. Portanto, cada
sociedade organiza a divisão social e sexual do trabalho, a distribuição dos empregos para a
população, a regulamentação das uniões conjugais, as responsabilidades paternas e as funções
domésticas. Desta forma, fixam-se os papéis sexuais. (WEREBE, 1998).
Em seu livro, Werebe (1998) relata, ainda, que, nos últimos cem anos, em particular,
nos países do Ocidente, observa-se a tendência no sentido de regulamentar a sexualidade por
um modo menos religioso e mais por influência da Medicina, da Psicanálise, da Psicologia, da
Sociologia, da Educação e das mudanças sociais e econômicas ocorridas nestes países.
Para ela, nas últimas décadas, houve uma verdadeira explosão de publicações sobre
questões ligadas, direta ou indiretamente, à sexualidade. Em sua obra, apresenta os principais
trabalhos dos antropólogos sobre sexualidade humana, destacando, neste conjunto:
H. Ellis (1936), um dos precursores da corrente antropológica, ocupou-se em
classificar as práticas sexuais que escapavam aos ditames morais, fato este que o levou a
desprender-se do moralismo sexual da época.
Malinowski (1970) realizou um estudo sobre os selvagens do noroeste da Melanésia
que se tornou uma obra clássica. Observou que os adolescentes trobriandeses (povo de ilhéus
na Oceania), dos dois sexos, iniciavam-se, na vida heterossexual, muito cedo, sem manifestar
sentimentos de vergonha ou de culpa.
Ford e Beach (1951) realizaram um estudo em 32 sociedades “permissivas”, 47
sociedades semirrestritivas e 14 restritivas, onde, nas primeiras, a expressão sexual infantil era
livre, e nas demais, as brincadeiras eróticas das crianças existiam, mas eram mais ou menos
punidas.
Christensen (1970) conduziu estudos interculturais sobre as atitudes face às relações
pré-conjugais, em culturas permissivas, moderadas e repressivas. Chegou à conclusão, que
não constitui uma “revelação”, de que há menos culpa acompanhando os comportamentos
sexuais quando são mínimas as diferenças entre estes comportamentos e o que a sociedade
permite.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Martin e Voorhies (1975) autores de um estudo sobre várias tribos de índios
americanos, puseram em questão a ideia de que existem, invariavelmente, em todas as
sociedades humanas, dois fenótipos sexuais, os quais corresponderiam a dois estatutos sexuais
que levam a supor que as expressões “inversão” do papel sexual e “distúrbios”, na formação
da identidade sexual, recobrem certo conformismo em relação aos papéis sexuais tradicionais,
bem como, preconceitos contra a homossexualidade.
Estes trabalhos colocaram em evidência as interações entre o biológico e o social, na
explicação destas condutas, assim como, a relatividade da noção de normalidade no campo da
sexualidade. Observa-se a influência destes aspectos, até hoje, em nossa cultura, o que
determina a prática pedagógica de boa parte de nossos docentes.
3.2 A Sexualidade e a Educação Sexual
A sexualidade, no universo escolar, é um tópico polêmico, considerando-se a
multiplicidade de visões, crenças e valores dos diversos atores (alunos, pais, professores e
diretores, entre outros). No entanto, consideram importantíssima a abordagem deste tema em
sala de aula. Para Figueiró (2001), é fundamental estar bem com a própria sexualidade e esta
conquista não se dá de forma isolada, ou apenas com o parceiro, tampouco separada de uma
cultura. “Pelo contrário, a vivência pessoal da sexualidade é influenciada, contaminada,
afetada pelas conquistas ou entraves que vêm emergindo da contínua construção da mesma
cultura na qual estão inseridos os indivíduos” (p.107).
Mas, afinal, o que é sexualidade?
Segundo Figueiró (2006) é uma dimensão exclusivamente humana, sendo que seu
sentido e vivência são determinados pela natureza, própria de cada ser humano, e,
principalmente, pela cultura, num processo histórico e dialético.
Nunes (1996) também a considera essencialmente humana e ressalta que nela estão
inseridos valores da comunidade, da história social, da economia, da cultura e até da
espiritualidade, conceitos estes conquistados na construção da identidade de cada ser, ao
longo de sua trajetória histórica.
É, pois, através desses significados, identificados por Nunes (1996) e Figueiró
(2006), que vinculamos este trabalho, uma vez que não se pode limitar a abordar os
conhecimentos relacionados apenas aos aspectos biológicos e de forma fragmentada, pois a
sexualidade deve ser compreendida em sua totalidade, como uma construção social, inserida
em diferentes momentos históricos, econômicos, políticos e sociais.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Para compreender melhor o significado da sexualidade, tomando como referência as
cinco abordagens identificadas por Nunes (1996), entre os discursos sobre Sexualidade e
Educação, que constituíram influentes núcleos de ações educacionais, no campo da Educação
Sexual, durante os anos 80:
- o discurso médico-biologista, que se fundamenta numa visão biológica e enfoca a
sexualidade em sua dimensão procriativa, retirando dela “sua significação essencial, ou seja, a
significação histórica-ontológica, ética e cultural” (p.139);
- a concepção terapêutico-descompressiva, para a qual a sexualidade está centrada
como fonte de prazer e gratificação, numa visão psicologista-terapêutica, descompressiva e
massificante;
- a abordagem normativo-institucional, onde predomina “uma compreensão da
sexualidade calcada sobre os critérios da ordem e da conservação institucional” (p.171) tendo
a família como a primeira instância normativa.
- a concepção consumista e quantitativa, para a qual a sexualidade transforma-se em
produto, “alienando-se e extrojetando-se na quantificação e na deserotização do corpo”
(p.198);
- a abordagem emancipatória, segundo o qual a sexualidade é parte integrante do ser
humano e está engajada num processo pessoal e social, de que este participa ativamente. “[...]
é aquela que dá condições de compreender a dinamicidade, a complexidade, a riqueza única
da sexualidade humana” (p.227).
Para Nunes (1996), as quatro primeiras abordagens estão muito mais na realidade
prática do que nos discursos de Educação Sexual, normatizando a sociedade de acordo com
um determinismo biológico e, em nenhuma dessas abordagens, vendo o ser humano como
ativo e resolvido, projetando-se para o futuro, para além das coisas prontas e estabelecidas.
Segundo o autor, também não é possível ver a sexualidade sem compreender estas
dimensões, todas entrelaçadas:
A visão ou a compreensão emancipatória não confere um egocêntrico
direito de decisão subjetivista, pelo contrário, a emancipação ou a
intervenção emancipatória só é possível no mundo de homens igualmente
livres e emancipados, capazes de trocas gratificantes e significativas, de
homens e mulheres que compreendem a dinamicidade do seu ser, e só se
empenham e se reconhecem nos outros, na alteridade, na amplitude da
vivência coletiva e ampliada. (NUNES, 1996, p.228)
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Desidério Silva, R.
A dimensão emancipatória, para Nunes (1996), também supõe normas e limites,
moldados a sujeitos plenos, e não sanções, pecados e medos, pois não existe sociedade sem
normas sobre sexualidade. Entretanto, as normas não são parciais e únicas, pelo contrário,
propõem a autonomia e o equilíbrio entre as contradições e, assim, uma superação dinâmica,
arbitrária e dramática, no dia-a-dia, em condições reais da existência. Mesmo que a
sexualidade não deva ser restrita a um conjunto de normas, devem apontar que as ausências
dessas acabariam negando o homem como ser político e social.
Considerando-se que este trabalho concorda com as posições de Nunes (1996) e
Figueiró (2006) e fazendo uma análise dos dados bibliográficos obtidos sobre o tema
sexualidade, acredita-se ser importante aprofundar o entendimento do mesmo. Para isso,
apresentam algumas concepções de estudiosos da área da sexualidade humana.
Foucault (1997) afirma que sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo
histórico, que estimula os corpos, intensifica os prazeres, incita ao discurso, ao conhecimento,
ao reforço dos controles e das resistências, unindo uns aos outros, segundo algumas
estratégias de saber e poder.
Para Abramovay, Castro e Silva (2004) a sexualidade humana envolve gênero,
identidade sexual, orientação sexual, erotismo, emoções, amor e reprodução e é
experimentada ou expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores,
atividades, práticas, papéis e relacionamentos. Assim, a sexualidade refere-se não somente às
capacidades reprodutivas do ser humano, como também, ao prazer. Ela é a própria vida, pois
envolve, além do corpo, a história, os costumes, as relações afetivas e a cultura.
Gonzales Labrador, Miyar Pieiga e Gonzalez Salvat (2002) também consideram que
a sexualidade não pode ser interpretada apenas do ponto de vista biológico, pois existem
vários fatores, de todos os tipos, que interferem nesse processo e, em nossa sociedade, sexo
não é só a capacidade de reprodução, pois detém, em seu cerne, a identidade, a
individualidade e o ser.
Duarte (1996), Giddens (1992) e Helborn (1999) apud Abramovay, Castro e Silva
(2004) apontam que o conceito de sexualidade só foi possível ser construído no momento em
que, na Idade Moderna, a focalização na individualidade estruturou-se como constituinte da
organização da sociedade capitalista. Essa constituição do indivíduo, por um lado, possibilitou
o surgimento de um sujeito político, livre, portador de direitos de cidadania e, por outro, a
eleição da subjetividade como tema central para a constituição da identidade.
33
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Chauí (1984) considera que não foi por acaso que os dicionários tenham registrado,
tardiamente, o surgimento da palavra sexualidade, pois isto ocorreu somente no momento em
que o sexo passa a ter um sentido mais amplo, especialmente quando os estudiosos
começaram a distinguir e diferenciar necessidade (física, biológica), prazer (físico, psíquico) e
desejo (imaginação, simbolização), possibilitando que o sexo deixasse de ser encarado apenas
como função biológica ou como fonte de prazer e desprazer, e a ser encarado de uma forma
mais ampla, presente em toda a existência, seja através dos gestos, palavras, sonhos, humor,
erros, entre outros, que até então não estavam ligados diretamente a questão sexual.
Segundo Jagstaidt, (1987) a sexualidade é algo exclusivo, parte da pessoa e
perpassa os limites do ato sexual, sendo uma forma de expressão do ser humano, que se
descobre enquanto sujeito inserido em um contexto que abrange aspectos biológicos,
psicológicos, sociais e culturais.
Considerada, também, em suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural,
conforme o que dispõem os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), a
sexualidade relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental dos seres humanos.
[...], é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do
nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do
desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída ao longo da
vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência,
assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com
singularidade em cada sujeito. (BRASIL, 2001, p.117)
Egypto (2005) considera a sexualidade como sendo muito importante na vida de
todas as pessoas, bem como, parte integrante e decisiva da identidade, ou seja, daquilo que
define como indivíduos, por meio da qual se reconhecem e relacionam com os outros.
Para o autor, nascem machos ou fêmeas para se tornarem homens ou mulheres, cada
um com sua história e características particulares, mas pertencentes a um mundo masculino
ou feminino, com maneiras diferentes de pensar, sentir, relacionar-se e encarar a vida, assim,
a sexualidade humana expressa-se em cada atitude e em cada gesto do dia-a-dia, pois é
inerente.
Percebe-se que os autores, preocupados em investigar a sexualidade, defendem suas
ideias de forma bastante expressiva. Segundo Costa (1994), sexualidade é o termo que se
refere ao conjunto de fenômenos da vida sexual, sendo o aspecto central da personalidade, por
meio da qual relacionam com os outros, conseguindo amar, ter prazer e procriar.
34
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Freire (1992) afirmou, brilhantemente, que foi um homem para quem a sexualidade
não apenas existiu, mas era importante. O autor comparou, ainda, a sexualidade, com os livros
que escreveu: um amor à vida. Refletia que no momento em que se sentisse faltoso da
sexualidade, algo que para ele aconteceria um dia, então já estaria absolutamente preparado
para isto, pois, no fundo, “a sexualidade, sem querer chegar a nenhum reducionismo, tem
muito de centro de nós mesmos” (FREIRE, 1992, p.6).
Melo (2004) aponta que a sexualidade reafirma-se como dimensão histórica,
processual e em constantes mudanças, pois é o ser no mundo, no convívio com outros seres.
Para a autora, a sexualidade é o eixo que integra a construção do ser em todos os processos da
vida, sendo, também, dialético, eficaz, original e criativo.
Na concepção de Freire (2000), se há uma referência à sociedade, a questão sexual
não pode ser desvinculada da transformação social, que precisa ser percebida como processo,
numa perspectiva dialética, ou seja, num contexto em que verdades, ideias, visões de mundo,
experiências e vivências não são absolutas. Assim, uma proposta de Educação Sexual é toda
ação que envolve uma aprendizagem sobre sexualidade humana, que esteja inserida em um
contexto histórico-cultural e que permita a busca por sentimentos, valores, emoções e atitudes
frente à vida sexual.
Vasconcelos (1971) resume, de forma interessante e clássica, uma verdadeira
Educação Sexual:
é pois abrir possibilidades, dar informações sobre os aspectos fisiológicos
da sexualidade, mas principalmente informar sobre as suas interpretações
culturais e suas possibilidades significativas, permitindo uma tomada lúcida
de consciência. É dar condições para o desenvolvimento contínuo de uma
sensibilidade criativa em seu relacionamento pessoal. Uma aula de
Educação Sexual deixaria então de ser apenas um aglomerado de noções
estabelecidas de biologia, de psicologia e de moral, que não apanham a
sexualidade humana naquilo que lhe pode dar significado e vivência
autênticas: a procura mesmo da beleza interpessoal, a criação de um
erotismo significativo do amor. Uma educação estética cobriria
perfeitamente essa lacuna. Afinal, quando uma Educação Sexual
conseguisse efetuar a passagem de uma motivação pornográfica da
sexualidade para uma motivação em que busca da beleza sensível fosse um
estimulante mais poderoso que a obscenidade, ela já teria colocado as bases
necessárias para que o indivíduo, daí por diante, resolvesse humanamente
sua sexualidade. (VASCONCELOS, 1971, p.111, grifo nosso).
Para Werebe (1998) a Educação Sexual sempre existiu, mesmo que em um sentido
amplo, não intencional, em todas as civilizações, seja ela consciente ou não, objetiva ou não, e
35
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
compreende todas as ações que se sobrepõem a um indivíduo, desde o seu nascimento, a fim
de repercutir, de forma direta ou indireta, nos seus costumes, comportamentos, opiniões e
valores ligados à sexualidade.
Barroso e Bruschini (1982) acreditam na importância deste tipo de trabalho, tanto
entre alunos quanto entre professores, não restringindo seus objetivos apenas às questões de
reprodução, devendo-se, assim, incluir um significado mais amplo da sexualidade para o
indivíduo e para a sociedade.
A Educação Sexual, desse modo, “deve ser definida, sobretudo, como uma forma de
engajamento pessoal nos esforços coletivos pela transformação de padrões de relacionamento
sexual e social” (FIGUEIRÓ, 2006, p. 39).
Segundo Goldberg (1988) o indivíduo precisa educar-se sexualmente e, para isso,
necessita desenvolver sua autonomia quanto a valores e atitudes ligados ao comportamento
sexual, bem como, a sua capacidade de denunciar situações repressoras. Neste contexto,
comprometida com a transformação social, a Educação Sexual é denominada também como
emancipatória, política ou combativa.
Isto significa que o tratamento deste tema permite ao aluno encontrar, na instituição
educativa, um espaço de informação e formação (COUTO e VALE, 2002).
Para Caridade (1997) a tarefa da Educação Sexual torna-se emocionalmente custosa
para os professores pertencentes a esta cultura marcada pela “Scientia sexualis”, pois estes
nem sempre se sentem disponíveis, tranquilos e maduros frente a própria sexualidade. Mesmo
assim, geralmente, a escola acaba sendo o único espaço mais aberto, onde crianças e
adolescentes fazem seus questionamentos e o diálogo torna-se a ferramenta básica desse
processo de educar para a sexualidade, pois sabe-se que alguns alunos questionam muito,
enquanto outros nada perguntam e necessitam de uma “abertura” para que possam se
encorajar para exercer este questionamento.
Ao propor uma Educação Sexual, é importante entender que a sexualidade é uma
dimensão exclusivamente humana e, portanto, deve ser abordada com a mesma importância
de outros aspectos da vida, tanto individuais como sociais.
Figueiró (2006) afirma que deve-se entender: com que tipo de educação vão se
comprometer ao conduzir um trabalho de Educação Sexual?; qual é a concepção de educação
e de homem que estará norteando o trabalho?; a quem vai estar direcionado o trabalho que se
pretende desenvolver?; qual o papel do educador sexual?; assim como, por que e para que
colocar em prática estes programas?.
36
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Figueiró (1995) em seu trabalho de Mestrado identificou, ainda, que, nas
publicações acadêmico-científico-brasileiras existem várias abordagens de Educação Sexual:
religiosa, médica, pedagógica e política ou emancipatória.
A religiosa pode ser considerada como tradicional e/ou liberadora. Na primeira, o
sentido fundamental está na formação do cristão e o sexo, ligado ao amor pelo parceiro, ao
casamento e à procriação, enquanto na libertadora, mesmo havendo uma preocupação com a
formação cristã, o amor, o respeito mútuo e a justiça estão em primeiro plano.
As abordagens médica e pedagógica enfatizam assegurar a saúde sexual do
indivíduo e da coletividade e valorizam, principalmente, as ações desenvolvidas pelos
programas preventivos de saúde pública. Na pedagógica, o foco central é o ensinoaprendizagem dos conteúdos de sexualidade. Enquanto que a emancipatória ou política,
mesmo considerando importante a vivência saudável e positiva da sexualidade, percebe, na
Educação Sexual, um compromisso com a transformação social, evidenciando as questões que
envolvem as relações de poder, a aceitação das diferenças e o respeito pelas minorias, temas
levados para as discussões.
Conforme os PCN (BRASIL, 2001), a Educação Sexual, denominada, no
documento, como Orientação Sexual5, deve ser compreendida como um processo de
intervenção pedagógica que transmitirá informações e problematizará questões ligadas à
sexualidade, abrangendo posturas, crenças, tabus e valores, possibilitando, assim, discussões
de vários pontos de vista, sem impor determinados valores sobre outros.
A Educação Sexual, contemplada nos PCN enquanto tema transversal, vislumbra a
sexualidade como assunto importante e contínuo, que deve ser exposto, esclarecido,
questionado, socializado e contextualizado social e culturalmente.
Nesta pesquisa, defendendo a abordagem do ensino da sexualidade como tema
transversal, conforme preconizada nos PCN, mesmo porque, por meio desta, acredita-se na
possibilidade da inclusão oficial da Educação Sexual nas escolas, pois dinâmicas
institucionais que favorecem e permitem a formação dos profissionais que atuarão junto aos
alunos, já vêm ocorrendo em alguns estabelecimentos de ensino. Além deste aspecto,
considera-se que esta abordagem
aproxima de uma Educação Sexual emancipatória,
conforme salientam Nunes e Silva (2000).
Em 2003, iniciou-se, no Paraná, um processo de discussão coletiva objetivando a
produção de novas Diretrizes Curriculares, pois, na LDB no 9394/96, que estabeleceu as
5
O próprio documento não deixa claro e nem justifica a opção “orientação” adotada.
37
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, foram produzidos os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) que, na avaliação da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (BRASIL,
2008a), desvalorizaram o Currículo Básico ao contribuir para a perda de identidade da
disciplina de Ciências, na medida em que parte de seus conteúdos mais tradicionais foram
englobados pelos Temas Transversais.
Pelo documento, os PCN abarcaram tudo que fosse passível de aprendizagem na
escola, para ser considerado como conteúdo curricular:
Neste momento histórico, houve a supervalorização do trabalho com
temas, como por exemplo, a questão do lixo e da reciclagem, das drogas,
da sexualidade, do meio ambiente, entre outros. Entretanto, os conceitos
científicos escolares que fundamentam o trabalho com esses temas não
eram enfatizados, ficavam em segundo plano. A ênfase no
desenvolvimento de atitudes e valores, bem como no trabalho pedagógico
com os temas transversais enfraqueceram o ensino dos conteúdos na
disciplina de Ciências. (BRASIL, 2008a, p.13, grifo nosso).
Na sua primeira versão, em 2006, as Diretrizes Curriculares de Ciências do Paraná
apresentavam, como conteúdos estruturantes: Corpo Humano e Saúde; Ambiente; Matéria e
Energia; e Tecnologia. Desta forma, neste primeiro conteúdo, temas como a higiene e os
cuidados com o corpo, a sexualidade, os problemas relacionados ao uso de drogas e à
prevenção, dentre outros, poderiam ser abordados, mesmo marcados por uma visão médicobiologista.
Hoje, já reformulada a Diretriz Curricular de Ciências, os conteúdos estruturantes
são: Astronomia; Matéria; Sistemas Biológicos; Energia; e Biodiversidade. Assim, o tema
sexualidade deixa de ser contemplado, pois, em sistemas biológicos, aborda-se:
[...] a constituição dos sistemas orgânicos e fisiológicos, bem como suas
características específicas de funcionamento, desde os componentes
celulares e suas respectivas funções até o funcionamento dos sistemas que
constituem os diferentes grupos de seres vivos, como por exemplo, a
locomoção, a digestão e a respiração. (BRASIL 2008a, p.20)
Desta forma, observa-se que, no Paraná, estabelece-se, como objeto de estudo, o
conhecimento que resulta da investigação da Natureza, entendida, na visão científica, como
todos os elementos constituintes do Universo. No que se refere à concepção humana,
enfocam-se as relações entre os elementos fundamentais, como: tempo, espaço, matéria,
movimento, força, campo, energia e vida.
38
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Assim, a partir de 2007, a Secretaria de Estado da Educação passou a contar com a
coordenação dos Desafios Educacionais Contemporâneos, que faz parte do Departamento da
Diversidade (DED). Com isso, as questões relacionadas à sexualidade deixam de ser incluídas
“no currículo, de forma transversal” (FIGUEIRÓ, 2006, p.54), como já defendido nesta
pesquisa, e passam pelo currículo somente como um problema a ser enfrentado pela escola.
Logo, se a escola assumir para si mais demandas além das prioritárias, possivelmente
secundarizará o seu papel essencial: o compromisso com a emancipação humana, através da
assimilação dos conhecimentos produzidos historicamente. (BRASIL, 2008b). De tal modo,
se os PCN, que sustentam a transversalidade de conteúdos, deixaram de ser adotados no
Estado, resta saber:
•
Se antes o professor sentia-se despreparado ou abordava o assunto apenas em
seus aspectos biológicos, agora, como isto se dá?
•
O tema sexualidade deixou de fazer parte das discussões nas escolas
paranaenses?
•
O ensino de sexualidade, como um tema transversal, não seria uma forma de
incluir, oficialmente, a Educação Sexual nas escolas paranaenses? como
salientado anteriormente.
Educação Sexual e/ou Orientação Sexual
Destacando que “Orientação Sexual” é a expressão utilizada nos PCN, conforme já
comentado anteriormente, porém, nesta pesquisa, a expressão “Educação Sexual” é a mais
indicada, pois ela designa a prática educativa sobre sexualidade. A Educação Sexual envolve,
por meio de um processo ensino-aprendizagem, discussões e reflexões sobre sentimentos,
valores, emoções, atitudes e crenças, procurando manter a valorização do corpo e a
autoestima para uma vida saudável.
Figueiró (1995, p.59) propõe que seja padronizado o uso do termo Educação Sexual,
por considerá-lo mais adequado, uma vez que, entre outros motivos, diferentemente de outros
termos, implica que o educando seja considerado sujeito ativo no processo de aprendizagem e
não mero receptor de conhecimentos, informações e/ou orientações.
Alguns educadores, porém, utilizam a expressão “Orientação Sexual”, que, como
também aponta Werebe (1998) presta-se a ambiguidades, podendo ser interpretada como a
orientação que a pessoa imprime a sua sexualidade: heterossexual, homossexual ou bissexual.
39
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Hoje, a expressão “Educação Sexual” já é consagrada e usada em praticamente todos
os países (WEREBE, 1998). No Brasil, esta conceituação é utilizada por vários estudiosos,
entre os quais destacam-se Figueiró (1995, 1999, 2001, 2006, 2007), Goldberg (1988),
Guimarães (1995), Melo (2004), Nunes (1996, 2005) e Werebe (1998).
A Educação Sexual e seus objetivos
Uma autêntica Educação Sexual deve estar centrada na criança e no jovem e ter,
como ponto de partida e de chegada, suas necessidades, suas indagações, suas aspirações e
desejos. (WEREBE 1998). Esta autora afirma que o educando deve ser o próprio sujeito da
educação, na medida em que deverá aprender a se conhecer diretamente e não apenas de
forma indireta, por meio, apenas, de referências literárias, históricas, artísticas, morais e
religiosas. Para ela, a Educação Sexual “deve oferecer-lhe os elementos para conhecer o
próprio corpo, aceitando-o como ele é, além do seu funcionamento, suas exigências” (p. 178).
É necessário, também, conhecer o lugar e a significação da sexualidade e suas
manifestações, compreendendo as dimensões afetivas da mesma, aceitando-a como fonte de
prazer e satisfação, além de conhecer e compreender os comportamentos sexuais comuns em
cada idade, para os dois sexos, o desenvolvimento da identidade sexual e as questões ligadas à
masculinidade e feminilidade, aprendendo a respeitar o outro sexo, seus direitos e deveres.
É fundamental aceitar a igualdade de direitos, rejeitando a discriminação em relação
aos dois sexos, bem como, as diversas etnias e nacionalidades, conhecendo e compreendendo
as orientações sexuais6 e aprendendo a respeitá-las. Deve-se, ainda conhecer e compreender
os distintos valores culturais e morais ligados a sexualidade e adotar decisões próprias em
relação à opção, em matéria de vida sexual e afetiva, com base nos conhecimentos adquiridos
e nos valores culturais, morais e/ou religiosos.
Também, nas relações afetivas e sexuais, é necessário que se respeite os parceiros,
suas necessidades, desejos, opções e valores, assim como, que se assuma comportamentos
responsáveis, em relação à sua saúde sexual, à contracepção e à prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis.
Werebe (1998) afirma, ainda, que, nas intervenções de Educação Sexual, deve-se
respeitar o direito a palavra e, para isso, é preciso criar condições para que as crianças e os
6
Orientação que a pessoa imprime sobre a sua sexualidade: heterossexual, homossexual ou bissexual.
(WEREBE, 1998)
40
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
jovens possam exprimir suas dúvidas, inquietações e curiosidades a respeito da sexualidade
em geral e da sua própria, em particular, assim como, é preciso discutir questões
controvertidas, como a homossexualidade, o aborto, a virgindade, entre outras, além das
normas sexuais vigentes.
3.3 A sexualidade e a diversidade sexual
Numa perspectiva mais abrangente, a sexualidade vem adquirindo seu espaço, mas
ainda continua sendo um dos aspectos mais conflituosos do ser humano.
Segundo Figueiró (2007) desde que nasce, aprende-se que existe o homem (tendo
um pênis) e a mulher (tendo uma vulva) e também que eles sentem atração sexual7 um pelo
outro, acasalam-se e têm filhos, sendo esta a única forma de duas pessoas se relacionarem.
Este pensamento, como é de nosso conhecimento, ainda se faz presente até os dias de hoje,
em nossa sociedade. Assim, a autora apresenta a maneira como o mundo vem mostrar a
questão da atração sexual, ou melhor, do desejo sexual, e esta maneira vem perpetuando-se
ao longo de gerações.
O desejo sexual não se dá unicamente da forma como se aprende, pois há pessoas
que sentem atração afetivo-sexual por pessoas do sexo oposto, outras que sentem atração por
pessoas do mesmo sexo e existem também pessoas que sentem atração por ambos os sexos. A
diversidade sexual apresenta a orientação sexual, ou seja, as diferentes formas do desejo
sexual, que podem ser a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade.
Outro aspecto da diversidade sexual diz respeito a identidade sexual e a identidade
de gênero. A identidade sexual é a identificação psicológica, como homem ou mulher,
desenvolvida pelo indivíduo, enquanto identidade de gênero nada mais é do que a maneira
como cada um se comporta frente as outras pessoas e a sociedade como um todo.
(FIGUEIRÓ, 2007)
Assim, essas duas identidades e a orientação sexual constituem a “identidade
pessoal”, ou seja, a diversidade sexual envolve pessoas heterossexuais, homossexuais,
bissexuais e transgêneras (travestis e transexuais). Os heterossexuais são homens ou mulheres
que se sentem atraídos por alguém do sexo oposto.
Segundo Couto (1999), por definição, o homossexual é aquela pessoa que, sabendo
pertencer a um sexo, seja masculino ou feminino, procura outra pessoa do mesmo sexo como
7
Entende-se como “atração sexual” toda forma de carinho, desejo, afeto, companheirismo que pode existir em
uma relação.
41
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
objeto erótico. Porém, o homossexual não tem o desejo de mudar de sexo, nem o discrimina,
apenas tem prazer em usar a sua genitália8.
Os bissexuais são indivíduos que se relacionam afetiva e sexualmente com pessoas
de qualquer sexo.
Atualmente, tanto os travestis, quanto as transexuais são denominadas de
transgêneros, que, segundo Mott (2003), “incluem todas as pessoas que assumem socialmente
o papel de gênero oposto ao sexo biológico de seu nascimento” (p.15).
Os travestis são pessoas que adotam modos de se comportar, ou de comunicar,
semelhantes ao do outro sexo. O travesti, quando homem, realiza-se vestindo e apresentandose como mulher e, eventualmente, fazendo alteração no corpo, como aplicações de silicone,
mas não costuma alterar seus órgãos genitais. Diversamente de algumas concepções, o
travesti nem sempre visa a se relacionar sexualmente com outrem ou busca a prostituição. O
mesmo vale para a mulher que se traveste, embora seja menos frequente (EGYPTO, 2005).
A transexual, ainda segundo Egypto (2005, p. 71), “é uma pessoa que acredita que
seu corpo não corresponde sua identidade psíquica. A pessoa se sente mulher num corpo de
homem ou homem num corpo de mulher”, chegando até a realizar operações de
transgenitalização ou adequação genital, autorizadas no Brasil desde 1997 (MOTT, 2003).
Enquanto, para alguns autores, a diversidade sexual envolve pessoas heterossexuais,
homossexuais e bissexuais, Costa (2002, p.21) também acredita que existam pessoas que
sentem “diversos tipos de atração erótica ou de se relacionar fisicamente de diversas maneiras
com outros do mesmo sexo biológico” (p.22), porém, prefere “a noção de homoerotismo a de
‘homossexualismo’”, justificando-a por três razões:
•
a primeira diz respeito a clareza do próprio termo, pois, para o autor, a noção
de homoerotismo afastaria e excluiria “toda e qualquer alusão a doença,
desvio, anormalidade, perversão etc., que acabou por fazer parte do sentido
da palavra ‘homossexual’”COSTA (2002, p.22-23);
•
a segunda justifica-se por negar a ideia de existir algo que é denominado por
ele como “uma substância homossexual”(p.22), comum a todos aqueles com
tendências homoeróticas;
8
Deve-se tomar esta definição apresentada por Couto (1999) apenas para fins didáticos, pois compreendemos a
homossexualidade uma realidade ontológica.
42
O professor como mediador da sexualidade no aluno
•
Desidério Silva, R.
e a terceira, porque considera que o termo “não possui a forma substantiva
que indica identidade, como no caso do ‘homossexualismo’, de onde
derivou o substantivo ‘homossexual’”(p.22).
Todavia, em todo trabalho de Educação Sexual se faz necessário discutir as questões
pessoais, sociais e culturais que são fundamentais num processo emancipatório. E, ao abordar
temas que envolvam a diversidade sexual, possibilitar reflexões e discussões sobre pontos que
abarquem as relações de poder, o respeito e a aceitação pelas diferenças, entre outros tópicos
de especial relevância neste processo.
43
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
4. MÉTODO
A presente pesquisa trata de um estudo empírico e transversal, sobre atitudes e
crenças a respeito da sexualidade, expressas por professores do ensino fundamental e médio
da cidade de Londrina no Estado do Paraná. Procurou-se também investigar a forma como os
alunos destes mesmos docentes descreviam e entendiam as aulas relativas a tais temas. Foi
empregado, para tanto, uma abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa. A coleta de
dados foi realizada de maio a agosto de 2008.
4.1 Procedimento de coleta de dados
Após análise e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da UEM, realizou-se um
contato prévio com o chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, solicitando a
permissão de acesso às escolas. Logo após, solicitamos à direção da escola, o horário de horaatividade de cada professor, para um primeiro encontro. Também, no início do mês de maio
de 2008, foi realizado um encontro com a coordenadora do GEES – Grupo de Estudos sobre
Educação Sexual, da Universidade Estadual de Londrina, quando foi proposto fazer uma
investigação junto a alguns professores do GEES, tanto dos que entraram na edição deste ano,
como de anos anteriores. Após a aceitação da proposta pela coordenadora, passou-se a
apresentação da pesquisa aos professores, em uma reunião, da qual todos os presentes foram
convidados a participar, sendo que, como requisito fundamental, havia a obrigatoriedade de
que deveriam estar atuando em sala de aula. Os quatro professores interessados foram
esclarecidos sobre os objetivos e a forma como se processaria o estudo.
Com a finalidade de verificar se o instrumento estava claro para os sujeitos e se este
permitia o levantamento das informações desejadas, foi realizado um estudo-piloto, junto a
três professoras, que apresentavam disponibilidade para a realização da entrevista.
O estudo-piloto mostrou a necessidade de se fazer maiores questionamentos durante
as entrevistas, o que possibilitou uma abordagem mais aprofundada e com maior riqueza de
conteúdos juntos a estes professores que, posteriormente, apresentaram-se para a pesquisa.
A investigação aconteceu por meio de entrevistas individuais, que foram gravadas e
depois transcritas literalmente. Os encontros aconteceram, com duração aproximada de
cinquenta minutos cada. Após os cumprimentos habituais, os participantes foram novamente
informados sobre os objetivos da investigação, momento em que lhes era solicitado o
44
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
preenchimento do “Termo de Consentimento Livre Esclarecido” e, posteriormente, do
“Questionário Sócio Demográfico” (APÊNDICES A e B). Em seguida, dava-se início a
entrevista propriamente dita, apresentando as questões constantes no Apêndice C.
Em relação aos estudantes, após combinar com seus professores, foram agendadas as
datas para um primeiro contato. Assim, aleatoriamente, foram entregues, em sala, o Termo de
Consentimento para que fosse levado para casa e assinado por um representante legal
(APÊNDICE D). Para cada entrevistado, foram convidados 30 alunos. No entanto, como, no
início, alguns alunos voltavam com os termos em branco, resultando um número abaixo do
esperado, percebeu-se a necessidade de entregar uma quantidade maior entre eles. Entretanto,
como o número de questionários respondidos não foi uniforme entre os professores
(APÊNDICE E), a amostra prevista de 300 (trezentos) alunos viu-se reduzida. Outro
contratempo ocorrido, que influiu na redução do número de questionários, deveu-se ao fato de
serem detectados estudantes com mais de 18 anos. Por considerar que os maiores apresentam
outras vivências e concepções em relação à sexualidade, o que poderia introduzir um viés na
amostra, optou-se pela eliminação dos mesmos (N= 38). A amostra total ficou constituída de
241 (duzentos e quarenta e um) alunos dos cursos fundamental e médio, na faixa etária entre
11 (onze) e 18 (dezoito) anos.
As transcrições das entrevistas foram realizadas por uma pessoa com experiência
profissional neste tipo de atividade e, posteriormente, foram conferidas e analisadas pelo
pesquisador.
4.2 Análise dos Dados
[...] tudo o que é dito ou escrito é susceptível de ser submetido a uma
análise de conteúdo.
Hanry e Moscovici (1968) apud Bardin (2007, p.28)
Após a transcrição das entrevistas, os dados foram submetidos à Análise de
Conteúdo, empregando-se, como abordagem fundamental, o referencial de Bardin (2007),
entre outros autores, tais como Minayo (2004), Gomes (2001), Rodrigues e Leopardi (1999).
Os questionários sociodemográficos (APÊNDICE B) e os questionários dos alunos
(APÊNDICE E) foram tabulados e analisados, descritivamente, com o programa estatístico
SPSS-14 Statistical Package of Social Science. Para as questões discursivas, também adotouse o método de análise de conteúdo.
45
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
De acordo com Bardin (2007, p.37), análise de conteúdo é
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Para Minayo (2004, p.203), a análise de conteúdo “articula a superfície dos textos
descrita e analisada com os fatores que determinam suas características: variáveis
psicossociais, contexto e processo de produção da mensagem”.
Gomes (2001) assevera que se pode destacar duas funções na aplicação dessa
técnica: a primeira, que seria a verificação das hipóteses, e a segunda, que seria a busca de
respostas para as questões formuladas, objetivando a “descoberta do que está por trás dos
conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado” (p.74)
Para Rodrigues e Leopardi (1999), a análise de conteúdo vem sendo privilegiada,
dentre as formas atuais de investigação, na área da saúde, porque consegue explicitar
elementos do processo do viver e adoecer que são invisíveis por meio das metodologias
tradicionais, pois ela visa a tornar “evidentes e significativamente plausíveis à corroboração
lógica os elementos ocultos da linguagem humana, além de organizar e descobrir o
significado original dos seus elementos manifestos”. (p.19)
Dentre as técnicas propostas por Bardin (2007), optou-se pela modalidade Temática
que, como o próprio nome diz, fundamenta-se no tema. Para a autora, “tema é uma unidade de
significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios relativos à
teoria que serve de guia a leitura” (BARDIN, 2007, p.99).
Para Minayo (2004), realizar uma análise temática consiste em descobrir os núcleos
de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou frequência pode significar
alguma coisa para o objeto analítico escolhido.
A Análise Temática organizou-se em torno de três polos cronológicos: a pré-análise,
a exploração do material e o tratamento dos resultados e a interpretação.
Pré-análise
A pré-análise é a fase de organização propriamente dita e corresponde a um período
de intuições, mas tem como objetivo tornar operacional e sistematizar as ideias iniciais, de
46
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num
plano de análise.
Exploração do material
É a fase mais longa, pois pode haver a necessidade de várias leituras de um mesmo
material. Consiste em operações de codificação, enumeração, comparação e outros. Nesta
fase, é importante ter em mente que o dado não existe por si só, mas é construído a partir de
um questionamento, através de uma leitura exaustiva e repetida dos textos para a identificação
do que é relevante e da elaboração de categorias.
Tratamento dos resultados e interpretação
Momento em que os dados são tratados de forma a se tornarem significativos e
válidos. A partir desses dados, o pesquisador pode propor intervenções e adiantar
interpretações a propósito dos objetivos previstos. Os tipos de inferências alcançados, em
contato com as questões de pesquisa e com o corpo teórico do trabalho, podem levar a
descobertas inesperadas e a uma nova linha de ação, em torno de novas dimensões teóricas.
Gomes (2001, p. 76) expõe que, nesta fase, “devemos tentar desvendar o conteúdo
subjacente ao que está sendo manifesto”. O pesquisador deve buscar “ideologias, tendências e
outras determinações características dos fenômenos que estamos analisando” (p.76).
A partir das questões (APÊNDICE C) de caráter aberto que fizeram parte da
entrevista (Corpus de análise), procede-se à organização das respostas em torno dos temas de
cada questão, organizando-as em categorias e subcategorias, de forma a agrupar e estruturar
as ideias oferecidas pelos professores. Quanto às respostas dos alunos, após a tabulação dos
dados com o programa estatístico SPSS-14 (Statistical Package for the Social Sciences), as
mesmas foram analisadas e observadas se as atitudes e crenças expressas pelos docentes
coincidiam ou divergiam das apresentadas pelos alunos, sobre o tema.
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa
Os participantes deste estudo foram 10 (dez) professores do ensino fundamental e
médio de escolas públicas jurisdicionadas ao Núcleo Regional de Educação de Londrina –
PR, descritos na tabela 1, a partir de dados obtidos durante as entrevistas com os mesmos e
47
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
seus respectivos alunos, diferenciados quanto ao número da amostra, o que já foi justificado
neste trabalho. O tamanho amostral de 10 (dez) professores foi aleatório e considerado
suficiente para a obtenção dos objetivos descritos, considerando-se o método de análise
empregado.
Tabela 1 – Características do grupo de professores entrevistados
Nome*
Idade
Sexo
Disciplina
Tempo de
Docência**
Horas/Aula
semanais
GEES***
Ciências e
18
40
Não
Biologia
Química, Física,
Tânia
45
Feminino Biologia e
23
40
Sim
Matemática
Gabriela 28
Feminino História
2
40
Não
Gilberto 45
Masculino Matemática
24
20
Sim
Soraya
51
Feminino Geografia
14
40
Sim
Ciências e
Rebeca
38
Feminino
17
40
Sim
Biologia
Janaína
37
Feminino História
14
40
Sim
Mário
48
Masculino Sociologia
24
23
Não
Ciências e
Cleonice 39
Feminino
18
27
Sim
Biologia
Ciências e
Nathália 30
Feminino
6
40
Sim
Biologia
Legenda: * Nomes fictícios; ** Tempo em anos; *** GEES - Grupo de Estudos sobre Educação Sexual
Elisa
47
Feminino
As entrevistas com os professores deram-se nas escolas onde estes trabalhavam, ou
nas residências dos mesmos, no período entre maio a agosto de 2008. Como é comum ocorrer
na carreira docente, a maioria dos professores (N=8; 80%) é do sexo feminino, assim como,
tem uma carga horária de 40 horas semanais na área da educação (N=7; 70%). Quatro deles
(Tânia, Gilberto, Soraya e Rebeca) recém começaram a frequentar o GEES (Grupo de Estudos
sobre Educação Sexual) e outras três (Janaína,Cleonice e Nathália) já participaram de edições
anteriores do grupo. Apenas duas integrantes lecionam há menos de 10 anos.
Entre os alunos, as aplicações dos questionários deram-se nas escolas, em dois dias,
sendo o primeiro para a apresentação do estudo e entrega dos termos, e o segundo, para a
aplicação dos questionários somente aos alunos que estavam com os termos assinados pelos
pais, no período de maio a agosto de 2008.
48
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
5.1.1 GEES- Grupo de Estudos sobre Educação Sexual
Desde 1995, o Grupo de Estudos sobre Educação Sexual (GEES) acontece no
espaço da UEL – Universidade Estadual de Londrina, coordenado pela Profa. Dra. Mary
Neide Damico Figueiró, que é auxiliada por estagiários da 5ª série do Curso de Psicologia.
Cada Grupo de Estudo é formado por, no máximo, 20 participantes de várias
instituições, com encontros realizados semanalmente, de maio até o final de novembro de
cada ano, perfazendo um total de 22 encontros.
O GEES pretende, a cada ano, oportunizar aos participantes o conhecimento da
fundamentação teórico-científica da Educação Sexual e uma reflexão sobre seus próprios
valores, atitudes e sentimentos ligados às questões sexuais, com vistas ao exercício de
superação de possíveis sentimentos negativos, tabus e preconceitos, entre outros.
Entre os participantes do GEES, estão presentes: professores, equipe pedagógica e
administrativa, dos vários níveis de ensino, além de profissionais cuja atuação esteja ligada à
área da Educação, da Saúde ou do Serviço Social.
Todos os anos, estes participantes são convidados a participarem do Grupo através
de convites enviados as suas respectivas instituições e os interessados realizam suas inscrições
nos períodos estabelecidos pelo programa.
5.1.2 Unidades Temáticas
Abaixo, os temas e as categorias que foram elaborados a partir das leituras dos dados
obtidos nas entrevistas:
Unidade Temática 1: Informação sobre o tema sexualidade
A sexualidade como processo natural;
Percebendo mudanças nas suas próprias atitudes;
A sexualidade relacionada ao ato sexual;
O sexo como parte integrante da sexualidade.
Unidade Temática 2: Dificuldade em falar sobre sexualidade
A Educação Sexual como facilitadora da dificuldade;
A repressão sexual como consequência da dificuldade;
Insegurança na utilização das palavras;
A Formação Continuada como facilitadora.
Unidade Temática 3: Lidando com a diversidade sexual
Desmistificando o preconceito;
Aprendendo a conviver com homossexuais;
Lidando com o preconceito em sala;
A homossexualidade presente no contexto escola.
49
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Unidade Temática 4: A importância do tema sexualidade
Falta de iniciativa na família;
Grande interesse por parte dos alunos.
Unidade Temática 5: Manifestando nossa sexualidade
Masturbação;
Do natural ao constrangimento/omissão.
Quadro 1 – Temas e categorias identificados nas entrevistas
5.2 Unidade Temática 1: Informação sobre o tema sexualidade
Nesta unidade, procedeu-se à análise dos depoimentos, observando a forma como os
professores compreendem a sexualidade e como são tratadas as discussões em sala de aula.
Para facilitar a leitura da exposição a seguir o nome dos professores que
participaram ou participam do GEES foi sublinhado no texto e ainda como o mesmo intuito
foi utilizado o negrito para ressaltar trechos da fala considerados importantes, evidenciando o
seu conteúdo, e a transcrição foi literal
5.2.1. A sexualidade como processo natural
Quando perguntado aos professores o que é sexualidade, Elisa diz que a considera
como um processo natural, que faz parte de todo ser humano: “eu acho que a sexualidade,
você nasce com ela, porque são todos os seus sentimentos, suas angústias, suas alegrias, a
felicidade, a tristeza [...], são sonhos, as metas que você tem. Isso pra mim é sexualidade [...].
A sexualidade é natural”.
Gabriela também acredita ser algo natural e próprio de cada um: “O fato de a pessoa
ter a sexualidade é algo natural, algo próprio do ser humano, algo intrínseco [...]. Não tem
influência externa, não tem influência do meio, é algo que a pessoa já tem, já vem dela”.
Para Gilberto, a sexualidade poderia ser substituída pela palavra “vida”, pois ela está
presente em todas as atitudes humanas:
É uma das partes, uma manifestação de uma das partes da vida, e ela
permeia toda nossa vida, toda a existência, desde a tenra infância até à
velhice. Então, sexualidade é vida. [...]. Seja, por exemplo, a maneira de se
vestir, de se comportar, uma maneira de você passar um batom, uma
maneira de você ver um penteado diferente. Então, tudo isso pra mim é
sexualidade.
50
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Para este professor, a sexualidade manifesta-se através de gestos no dia-a-dia: “É no
dia-a-dia, é um olhar, é um carinho, uma atenção, um abraço, um afeto, uma afinidade – é
um bem-querer”.
Gilberto, particularmente, gosta muito de abordar essas questões com os alunos, na
medida em que elas surgem, porém, acredita que, muitas vezes, nem é necessário tocar no
assunto, pois os próprios alunos já trazem algumas concepções, sejam elas errôneas ou não:
“Então, [...], não precisa nem falar; eles falam primeiro, eles estão querendo informação,
eles estão buscando de uma maneira mais explícita ou menos explícita”.
Notou-se que para esses professores a sexualidade é algo natural e que esta
afirmação nos evidencia a um preconceito ou conservadorismo entre cada um deles, assim
como nos é apresentado por Nunes (2005).
Destacando também que para a professora Gabriela a sexualidade não tem influência
externa, mas Melo (2004), Nunes (2005), Figueiró (2006) e Louro (2007) denotam tratar-se
de um equívoco, ao afirmarem que a sexualidade é construída e não só se trata de uma
questão pessoal, como também social e política.
5.2.2. Percebendo mudanças nas suas próprias atitudes
Para Tânia, só depois que começou a
participar do Grupo de Estudos sobre
Educação Sexual é que a sua visão de sexualidade começou a mudar: “Depois do curso que
estou fazendo, é tudo o que está relacionado, realmente, à expressão no dia-a-dia [...]. O
gesto, o dia-a-dia, a convivência, o amor e até mesmo o diálogo entre duas pessoas”.
A professora [Tânia] alega que, depois que começou a fazer o curso, considera a
sexualidade como algo natural, algo que se vai conquistando e aprendendo no dia-a-dia, no
entanto, sua fala denota que ainda apresenta uma visão relacionada ao sexo:
Hoje eu vou falar um pouquinho, mesmo, o que é o sexo em si, o que a
gente tem que fazer. Hoje eu sou diferente do que eu era há 10 ou 15 anos
atrás, com certeza, e com esse curso aí, realmente, vou falar pra eles o que
realmente precisa ter que sexo é coerente, [...]. Eu não vou ficar mais
vermelha como ficava há 20, 30 dias antes de entender um pouquinho
mais.
Observa-se, também, que, para Tânia, este curso de formação é de fundamental
importância, pois ela manifesta que houve algumas mudanças notórias em suas atitudes, em
sala de aula, quando o tema é sexualidade:
51
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
[...] hoje eu vejo que é importante; Eu até pequei em algumas aulas, por
ficar brava. [...]. Inclusive, é curioso: eu corrigi uma prova e até eu vou
lembrar de levar no curso pro pessoal ver. Eu fui corrigir e às, vezes, eu
risco atrás da prova, porque era uma prova mais dissertativa essa – fala
mais um pouquinho, né? O moço fez [um] pênis. E aí eu circulei com
vermelho e coloquei uma interrogação, mas o dia em que eu levar essa
prova e entregar, eu vou perguntar o que ele quis expressar, eu vou
conversar com ele, porque às vezes ele... ou não sabia o que fazer na prova
e achou que a gente, que eu nem ia ver; ou o que ele quis expressar com
aquilo. Eu vou bater um papo de perto. Se fosse outro dia, eu ia pegar
aquela prova e ia levar pra orientação. Agora, eu vou fazer diferente, eu
vou conversar com ele pra ver o que ele quis expressar.
No entanto, apesar do curso, verifica-se a dificuldade em abordar a questão,
principalmente quando se refere ao desenho do pênis como “aquilo”. Soraya, também
participante do mesmo curso, relata: “É... então, na verdade, esse assunto, querendo ou não,
a gente ainda tem uma certa reserva, um pouco de medo, assim, às vezes, de falar um
pouco sobre o assunto”.
Para Janaína, mesmo que tenha participado do Grupo de Estudos sobre Educação
Sexual, trabalhar o tema não faz parte dos seus planos, só mesmo quando surge o assunto
durante as aulas:
Quando eu fui fazer o GEES [Grupo de Estudos sobre Educação Sexual] eu
pensei mesmo em trabalhar a questão de sala de aula, de surgir dúvidas, de
você poder falar, de uma menina que chega. [...] Então, foi mais pra
resolver esses tipos de problema, do que me propor a trabalhar a
sexualidade. Não é uma coisa que eu pretendo.
5.2.3. A sexualidade relacionada ao ato sexual
Soraya acredita que a sexualidade envolve emoção e que não está relacionada ao ato
sexual, porém, afirma que todo esse sentimento conduz a isto: “Pra mim, a sexualidade ela
envolve toda uma emoção, primeiro. No meu pensamento, a sexualidade não é o ato sexual
em si – eu acho que envolve muito mais, um relacionamento, o afeto, o carinho, pra ver, pra
chegar nessa parte”.
Os docentes também foram perguntados sobre o fato de os alunos fazerem piadinhas
e gracejos quando se propõem a abordar sexualidade. Nesta questão, Elisa respondeu que
tenta explicar a eles que sexualidade não é só o ato sexual, mas que envolve, também, toda
uma questão de sentimentos:
52
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Então, quando você diz, vamos falar em sexualidade, já vem pergunta
assim: “Professora, e aula de laboratório”? Eles já levam pra esse lado.
[...]. Só que daí, no caso, eu já explico pra eles que sexualidade não é isso.
Já explico todo esse afeto, inclusive de uma estrutura familiar. [...]. Daí eu
explico pra eles que sexualidade não é só o ato sexual, vagina e pênis, e daí
eles começam a entender.
Chauí (1984) destaca a importância de não encarar a sexualidade apenas como
função biológica ou como fonte de prazer e desprazer, como apresentado pelas professores
Soraya e Elisa, e sim, que esta se trata de algo muito mais amplo, presente em nossa
existência, seja através dos gestos, palavras, sonhos, humor, erros e outros até então, que não
estão diretamente ligados a questão sexual.
5.2.4. O sexo como parte integrante da sexualidade
Para Rebeca, a sexualidade é algo mais amplo, mas, em sua exposição, nota-se um
direcionamento ao sexo, principalmente ao ato sexual:
Sexualidade, na minha opinião, é tudo o que envolve corpo, mente,
emoção, prazer; tudo, na realidade. [...] É a descoberta das partes que
causam o prazer, a descoberta da maneira das pessoas se posicionarem, a
maneira dela ser conquistada e conquistar a pessoa, a visão que ela tem,
também, sobre a vida sexual que ela poder ter mais no futuro. [...] Não vai
envolver só sexo, a transa, né? Não só a transa, mas o conjunto todo que
vai, depois, terminar com a relação sexual.
Janaína também a considera como algo amplo e, para ela, o sexo é parte integrante
da sexualidade:
Bom, envolve um pouco a questão do corpo, do sexo em si, de como você se
comporta em relação ao sexo – coisas assim. A forma de você reagir,
porque sexualidade não precisa ser, necessariamente, o sexo. É seu desejo,
sua vontade – coisas assim. [...] Na verdade, o sexo é uma parte da
sexualidade. Tem todo um antes: desejo, vontade, conselho; e todo um
depois, na forma como se expressa.
No relato de Mário, observa-se que sexo e sexualidade se confundem e que o
assunto é encarado sob um prisma prioritariamente biológico. Ele dá a entender que o
preconceito deve ser superado, respeitando-se a diversidade. Entretanto, fica a impressão de
que ele prega a superação do preconceito sem ainda conseguir tê-lo superado.
Bem, além da informação sobre o sexo, aí entra tudo: a maneira correta
entre aspas, a maneira como se deve para se evitar doenças, uma série de
53
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
coisas. Eu já diria mais reEducação Sexual, [...] Quando você coloca
sexualidade aí, você engloba uma série de coisas; desde o como fazer, o
que não fazer, as doenças, o que é até o comportamento
fidelidade/casamento – tudo, né? E aí hoje, abrangendo as opções de sexo
de cada um. Saber respeitar. Eu tenho salas que eu tenho [pausa] Lésbicas,
tem gays – de tudo você acha.
Para ele [Mário], falar de sexo não é suficiente, deve-se falar sobre
responsabilidades “não é só transar, porque você tem, depois, as responsabilidades [...]
Então, tudo isso eu coloco, porque eles têm o conhecimento até onde vai. Não é fazer e
deixar no mundo”.
Para a professora Cleonice, a sexualidade é tudo que está relacionado ao sexo,
devendo ser abordado de várias formas.
Pra mim, sexualidade aborda vários fatores, mas a primeira ideia que eu
tenho é um estudo, uma abordagem sobre todos os temas relacionados ao
sexo, e não só o sexo prático, mas o sexo assim, as formas de ser, as
formas de se expressar das pessoas, as formas como elas têm as relações
amorosas, as relações afetivas. Não necessariamente o ato sexual em si,
mas todas as relações de... Onde parte afinidade entre as pessoas. [...]
Entrevistador: Então, seria algo mais amplo?
Eu creio que sim. Não dá pra por uma definição pra mim; eu não
conseguiria uma definição, mas é uma abordagem bem ampla, um estudo
bem... E a sexualidade não é só as relações harmônicas, como as
desarmônicas também. Eu acredito muito nisso, né? [...] Sexualidade é
muito mais que isso. Não só prazer e amor; nem sempre.
Para ela, a ambiguidade entre sexo e sexualidade é muito frequente entre os alunos e
os próprios professores acabam passando isso a eles:
Sempre! [...] Eles pensam que já se vai falar sobre sexo. Na verdade, nós
sempre passamos sobre isso, né, quando a gente começa a falar,
principalmente em Biologia. Daí eu falo assim pra eles: É, mas não só isso
de sexo. Nós vamos falar, sim, sobre o pênis, a vagina, sobre relação
sexual... [...] Surgindo isso, eu falo: Sim, nós vamos estudar sexo, sim, mas
não só o sexo na prática. Daí eu já começo a falar com eles, né, de amor,
de sexo de relação, de formas de carícias.
Para Nathália, isso deve ser encarado de uma forma normal e ela assegura que o
tema, obviamente também engloba a relação sexual. Ela destaca que o “assunto é, muitas
vezes, levado para malícia e safadeza” por parte de alguns alunos. “Ah! Mas isso é comum.
Ué a gente vai falar de sexo mesmo! É um ato corporal entre duas pessoas. Isso é normal,
54
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
entendeu? A gente tem que levar de uma maneira normal, porque está muito presente na
vida”.
Ainda, segundo ela, a sexualidade:
[...] Tem a parte fisiológica, né, do corpo, onde a gente fala do sexo
masculino, do sexo feminino, e tem a parte da sexualidade onde a pessoa
tem as atitudes em si, os relacionamentos sexuais. Eu acho que
sexualidade é uma junção porque você tem a parte do organismo, igual a
questão hormonal, e tem a parte onde a pessoa vai ter um sentimento por
outra, e aí, independente do sexo que ela tenha, que vai ser uma questão
pessoal, né?
Gabriela afirma que quando os alunos acabam confundindo sexualidade com sexo,
ela não deixa de falar sobre sexo. Nota-se, porém, que a própria professora tem dificuldade
em fazer a diferenciação:
[...] nós vamos, sim, falar de sexo, mas que nós vamos fazer
esclarecimentos. Se eu for trabalhar sexualidade com os alunos vai ser
sempre tentando esclarecer pra eles como trabalhar com isso, tentar
quebrar tabus. Nós não vamos falar do ato sexual em si, mas sim de como
eles lidam com a sexualidade, que existem várias maneiras de sexualidade.
[...] Eu tentaria separar assim e falar pra eles: uma coisa é o ato sexual e
cada um pra si, outra coisa é sexualidade, a maneira como cada pessoa
lida com o sexo. Então, a gente vai falar disso: como a pessoa lida com o
sexo.
Esta dificuldade de diferenciação entre sexo e sexualidade poderia ser superada por
meio de um trabalho que envolvesse algumas dinâmicas ou diálogos9.
Soraya relata que os alunos realmente levam para o lado da malícia, admite ter
dificuldades em abordar o tema sexualidade e alega desconhecer termos mais adequados, mais
científicos, porque estes não fazem parte de sua área de estudos. Ela também evidencia a
relevância que atribui aos aspectos biológicos, em sua apreensão sobre sexualidade.
É... então, na verdade, esse assunto, querendo ou não, a gente ainda tem
uma certa reserva, um pouco de medo, assim, às vezes, de falar um pouco
sobre o assunto, porque, na verdade, a nossa preocupação é assim de
falar sobre o assunto, [...], procurar falar com o aluno de uma maneira,
assim, mais simples, que eles entendam que aquilo não é uma coisa
pecaminosa. [...]. Eles levam um pouco pro lado da malícia. Mas eu
confesso que tenho um pouco de dificuldade de falar sobre o assunto,
9
Como exemplo de dinâmica: “Sexualidade é...” cujo objetivo é possibilitar a discussão de diversas
representações e o que entende-se por sexualidade. Descrito em RIBEIRO, P.R.C; QUADRADO, R. P. (Orgs.).
Corpos, gêneros e sexualidades: questões possíveis para o currículo escolar. Rio Grande: Editora da FURG,
2007.
55
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
porque, por exemplo, na minha área em que eu trabalho, eu não tenho
muito, assim, esclarecimento de parto, de genitais, de falar o nome
científico, vamos dizer assim.
Rebeca relata que diferenciaria a sexualidade de sexo com os alunos. No entanto, em
seu relato, não se apreende uma distinção precisa entre uma coisa e outra.
[...] eu acho que falaria que sexualidade ia envolver também o sexo, mas é
uma coisa muito mais complexa que, aos poucos, eles iam descobrindo e
dando um outro sentido, na verdade, do que eles, precariamente, pensam. A
sexualidade não é só o fazer, o transar, o momento do ato sexual; é uma
coisa muito mais ampla, é uma descoberta. [...] falaria que sexo não é a
mesma coisa que sexualidade. O sexo, daí, na realidade, vai ser a ação
mesmo, o resultado final de um conjunto de descobertas.
Janaína também não deixaria passar a possibilidade de falar sobre sexo, mas, antes
de abordar essas questões, menciona a necessidade de se organizar para tal:
Eu vou dizer pra eles que nós vamos falar de sexo também, mas todo... É
lógico que, se fosse fazer uma aula, eu ia preparar. Nós vamos falar sobre
o desejo, tabus, vamos falar do que vocês consideram certo, errado.
Consequentemente, nós vamos falar de sexo, mas não é só isso.
Nunes e Silva (2000) apresentam uma diferenciação entre o conceito de “sexo” e
“sexualidade”. Para os autores, o sexo é marca biológica, entendido como a caracterização
genital e natural e que constitui-se da evolução da espécie humana como animal. Enquanto a
sexualidade é um conceito cultural, essencialmente humano, e quando se reduz a uma
dimensão animal, natural ou reprodutiva, oculta-se sua dimensão mais cara e significativa.
Para eles “tratar a sexualidade na escola requer o alicerce de uma concepção científica e
humanista desta sexualidade, superando o senso comum, que é o nível primário do
conhecimento” (p.74).
5.3. Unidade Temática 2: Dificuldade em falar sobre sexualidade
Nesta unidade, procedeu-se a análise dos depoimentos sobre as dificuldades que os
professores apresentam em relação ao tema.
56
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
5.3.1. A Educação Sexual como facilitadora da dificuldade
Em relação à dificuldade em abordar assuntos relativos a sexualidade em sala de
aula, Elisa apresentou-se segura no tratamento a essas questões “Eu, particularmente, não.
Não tenho dificuldade nenhuma em falar sobre isso”. Apesar de não ter tido informação na
própria família, teve oportunidade de contar com uma vizinha que, mais experiente e com
mais facilidade de lidar com o assunto, esclareceu-lhe sobre o tema. Entretanto, acredita que o
fato de ter filhos e netos seja algo que capacite uma pessoa a entender sobre a sexualidade.
[...] Eu não recebi isso da minha mãe. A minha mãe passou pra mim que se
eu beijasse eu ficaria grávida, e quando eu arrumei o primeiro namorado,
pra beijar, de jeito nenhum era permitido porque eu ia engravidar. Eu tive
que aprender isso daí... eu procurei uma vizinha minha, que tinha filhos,
que era uma senhora assim que tinha uma certa cultura, e tinha uma
maneira de criar os filhos diferente. Ao invés de procurar na rua, também,
eu já procurei numa outra mãe, aquilo que minha mãe não passou pra mim.
Eu também creio que eu aprendi a verdade, por ter filhos e por eu ter
netos também.
Gilberto acredita que a sua facilidade para abordar o tema com os alunos deve-se,
principalmente, ao bom relacionamento que tem com eles:
Eu tenho um bom envolvimento com as turmas. Então, isso é algo que eu
consigo através da experiência um pouco, através da minha metodologia de
trabalho, eu tenho um vínculo muito grande de afeto, de carinho, de
atenção, além da questão profissional. [...] Mas eu, de uma maneira geral,
eu me sinto à vontade até, porque é um tema que eu gosto, né?
Janaína atribui a boa educação que recebeu em casa a facilidade em discorrer sobre
sexualidade em seu trabalho, assim como, ao curso do qual participou. Ela relata ter tabus (ora
ela diz que sim, ora diz que não). Todavia, afirma que os mesmos não a influenciam quando
tem que discorrer sobre o assunto. Alega que a sexualidade, para ela, não foi passada como
uma coisa feia e, mesmo achando que os seus pais eram rígidos, relata que, no curso do qual
participou, pôde perceber que eles não eram:
Não, não tenho dificuldade. Eu procuro não passar meus tabus, mas se o
assunto é abordado eu falo tranquilamente, eu converso. Se eles tentam me
encabular, eu tiro de letra. Eu me preparei, eu tive uma boa educação em
casa, uma boa base, eu fui fazer o curso. Então, não é uma coisa que eu
tenho dificuldade. [...], quando você faz o GEES, daí eles perguntam como
a coisa foi trabalhada em casa e, de repente, eu percebo que não foi como
57
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
era em casa. Eu achava que meus pais eram rígidos, mas minha mãe
conversou, meu pai conversou. É lógico, não penso igual minha mãe,
porque ela é mais velha, mas muitas coisas, as pessoas só aprenderam na
rua, que vieram aprender... Minha mãe sempre conversou, meu pai...; até
meu pai falava. [...] Sexualidade é uma coisa tranquila, não tenho tabus,
assim. Não foi falado, não foi colocado em minha cabeça aquela coisa
feia. Foi falado que não era pra eu fazer, é lógico, meus pais são pais
antigos. Mas eles não chegaram e disseram: Não faz e pronto! Meu pai
sempre falou que tem que estudar, tem que trabalhar, não vai engravidar,
você vai se cuidar... Então, a coisa é tranquila.
É importante observar que Janaína diz: “Foi falado que não era pra eu fazer, ...”
porém, será que falar de sexo é falar para não fazer?
5.3.2. A repressão sexual como consequência da dificuldade
Tânia admite que tem dificuldade: “Sim, tenho sim, a gente tem dificuldade”, mas
diz que reconhece que sua percepção está se modificando, no sentido de poder superá-las
“Hoje eu consigo ver diferente, [...], mas eu sentia assim uma barreira”. Ela acredita que
suas dificuldades se devem à forma como foi educada pelos pais:
É... eu achava que era pecado... Porque a forma como a gente foi educada
foi assim. Infelizmente, meu pai e minha mãe são muito conservadores e
isso foi passado pra gente, queira ou não. Eu não me lembro de ter feito
alguma pergunta assim durante minha infância, minha adolescência pra
eles diretamente. [...] Por mais que a gente lê, que a gente sai, parece que a
gente vê assim como um bloqueio.
Para Soraya, discorrer sobre este tema ainda lhe causa constrangimento, e ela atribui
esta sua atitude às suas vivências familiares. Acredita que, apesar da maturidade, o que
aprendeu no passado influencia a sua conduta, na medida em que alega que não havia o
mesmo diálogo com os pais, como se tem hoje:
É assim, né, na verdade, a gente, tudo o que ia falar sobre sexo era pecado.
Então, você já teve aquela formação, e de uma certa forma, a gente tem um
pouco de receio, ainda, né, de falar no assunto. [...]Então, hoje eu procuro,
assim, é, entrar na deles, procurar conversar um assunto, assim, de forma
mais amigável com eles para que a gente não crie essa barreira que eu tive
na época em que eu tive essas dúvidas, né? Não foi bem esclarecido isso
pra mim. [...]. Por isso que eu acho que eu tenho essa dificuldade, hoje,
devido a esse motivo. A gente não tinha essa abertura pra conversar com
o pai e com a mãe.
58
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Observa-se que a professora procura superar e não reproduzir o mesmo modelo, mas
confirma não se tratar de tarefa fácil.
Werebe (1998) salienta que a Educação Sexual Informal, realizada no âmbito
familiar, tem uma importância particular para o desenvolvimento da criança e para a formação
de ideias sobre a família, sobre o amor e a sexualidade, o que influencia a visão de mundo do
indivíduo quando adulto.
Da mesma forma Vasconcelos (1971) nos deixa claro sobre a importância de uma
Educação Sexual e que focar-se num aglomerado de noções estabelecidas de biologia, de
psicologia e de moral, não centraliza a sexualidade humana naquilo que lhe pode dar o
verdadeiro significado e uma autêntica vivência: “[...] a procura mesmo da beleza
interpessoal, a criança de um erotismo significativo do amor”(p.111).
5.3.3. Insegurança na utilização das palavras
Para Gabriela, falar sobre o tema não é tarefa difícil, mas a sua maior dificuldade é
encontrar uma linguagem adequada para utilizar com os alunos, pois, segundo ela, “O
problema é como falar sem chocar,...”. Foi perguntado se, este medo de chocar os estudantes
seria dos próprios alunos ou dela. Será que este seu receio não provém de bloqueios ainda
pouco elaborados? A professora, em sua fala, mesmo demonstrando segurança ao ser
entrevistada, revela-se insegura na abordagem do tema:
Falar, pra mim, não tem problema. O problema é como falar sem chocar,
sem... Dependendo, parece até agressivo pra eles, né, pode até ser
assustador. Então, é tomar cuidado com isso, e isso é o que me trava.
Rebeca exprime autoconfiança para falar sobre o assunto e há também a relevância
na forma como isto se dá. No entanto, revela que esta confiança pode vir a ser abalada caso
seja interpelada por algum questionamento imprevisto, do qual desconheça a resposta, como
se tivesse que suprir todas as expectativas dos alunos, quando discorre sobre este aspecto.
Com os alunos eu tento passar o que eu sei. Eu não tenho dificuldade, mas
por exemplo, assim, de repente, podem me pegar de surpresa, de repente,
podem me fazer uma pergunta que eu não saiba responder.[...] Porque, às
vezes, a gente pode pecar inconsciente, porque é complicado trabalhar a
sexualidade, drogas, e tudo. Porque, dependendo do que a gente fala e
como fala, você pode induzi-los a caminhos bem adversos do que a gente
queria. Eles podem interpretar de uma maneira errada, às vezes, porque a
59
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
gente, inconscientemente, passou de uma maneira errada. Não digo
errada, às vezes, a maneira de passar por não saber. Sabe, é um pecado
inconsciente. Você tentando ajudar, você, de repente, complica, entendeu?
Pode-se observar que a professora, mesmo dizendo ter facilidade, expressa o seu
problema em relação ao sexo.
Mário relata ter dificuldades, apesar de sempre buscar informações:
Sempre tenho. Por mais informações que você busca, sempre tem um
que... Têm uns que fazem, e que você percebe que está tentando ver até
onde você conhece pra que você... Eu tenho por hábito, limpo... Não fico
enrolando palavra... É o que é. Porque tem gente que fica... Eu já cansei de
falar: Não estou falando com criança; eu estou falando com pessoas que, a
grande maioria, já praticou ali dentro.
Nathália acha legal quando os alunos perguntam, pois ela considera que é uma
maneira de se aproximar deles para sanar uma dúvida, mas acaba não respondendo à pergunta
e ainda demonstra certo desinteresse pelo assunto:
Olha, o que eu percebo, assim, que me abordam muito, é a questão da
prevenção, muito a questão do anticoncepcional, como é que usa. Mas,
assim... Como é a pergunta mesmo? (Entrevistador refaz a pergunta). Eu
acho legal quando eles perguntam. Porque quando eles perguntam, é uma
maneira da gente tentar sanar uma dúvida deles. Tentar orientar, sabe,
porque eles não têm, assim... Muitos não têm orientação de pai e mãe; às
vezes, conseguem a orientação com os amigos; muitas vezes, informações
erradas.
O professor Gilberto também tem dificuldade para encontrar palavras adequadas
para falar com o aluno, pois estas devem ser diferentes das que emprega com os amigos:
Agora, algumas palavras, algumas situações, porque... é diferente quando
a gente lida com um aluno e, numa conversa informal, por exemplo, entre
homens, ou um grupo de amigos, a gente tem que saber dosar, a
ponderar, a ver qual é o melhor caminho, quais as melhores palavras, o
que é que a gente está querendo por trás disso, né? Porque não é
simplesmente falar aquilo que o aluno quer. Nós temos que tentar fazer
algo mais que é a valorização do corpo, da pessoa. Ver o que tem por trás
da sexualidade.
Para Nunes (2005) não existe linguagem para a sexualidade. Para o autor tem-se de
um
lado
uma
“linguagem
tradicional,
depreciativa,
estereotipada,
estigmatizada,
freqüentemente de baixo nível; e, de outro, a linguagem sexual mais humanizada, afetiva e
significativa” (p.15).
60
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
5.3.4. A Formação Continuada como facilitadora
Cleonice considera sexualidade um tema bastante agradável de se abordar e diz que
ter participado do grupo de estudos sobre Educação Sexual facilitou-lhe ainda mais:
Não, e eu gosto de conversar com eles sobre isso. Não sinto dificuldade.
[...], eu sempre abordei esses assuntos, sempre fez parte dos meus
programas, e não necessariamente numa aula predeterminada. [...] Mas,
obviamente, depois que eu comecei a ler mais sobre o assunto, e eu
participei do grupo em Londrina, do GEES, ficou mais claro ainda, sabe?
Ficou mais claro pra mim, ficou mais fácil ainda, apesar de que eu não via
nenhuma restrição quanto a isso. Eu nunca senti nenhum empecilho pra
falar sobre isso.
As professoras Tânia e Janaína também consideram que esta formação propiciada
pelo GEES seja importante, pois acreditam que este grupo de estudos pôde aprimorar seus
conhecimentos,
assim
como,
possibilitar
algumas
mudanças
de
concepções
e
comportamentos.
Figueiró (2006) faz um alerta de mesmo que seja uma necessidade real, a formação
de educadores carece de algumas reflexões que precisam ser conduzidas entre todos:
•
•
•
•
•
com que tipo de educação vão estar comprometidos;
qual é a concepção de educação e de homem que estará norteando
seu trabalho;
a quem vai estar servindo o trabalho de Educação Sexual que se
pretende desenvolver;
qual é o papel do educador sexual;
por que e para que colocar em prática programas de Educação
Sexual. (FIGUEIRÓ, 2006, p.81)
Nunes (2005) também acredita que nesse falar sobre sexualidade, muitos discursos
podem surgir e salienta a importância da “necessidade de se buscar elementos, significações,
para a sexualidade humana” (p.115)
5.4 Unidade Temática 3: Lidando com a diversidade sexual
Foi apresentado, a cada um dos entrevistados a seguinte situação: supondo, agora,
que você esteja falando de algum assunto relacionado a sua disciplina e, do nada, um aluno
faz a revelação de que é homossexual. Imediatamente, surgem diversos comentários dos
61
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
demais alunos, risos, agitação geral na sala. Abaixo, é apresentado como os entrevistados
acreditam que lidariam com a Diversidade Sexual, em sala de aula:
5.4.1. Desmistificando o preconceito
Elisa narra que, no momento em que surge qualquer piada em relação aos alunos
homossexuais, ela simplesmente faz uma piada sobre heterossexuais. Segundo o que expressa,
ela procura colocar, no mesmo nível, tanto homossexuais como heterossexuais, para tentar
levar os estudantes a refletirem sobre o que estão manifestando, para que se deem conta do
preconceito.
Eu simplesmente jogo uma piada em cima de um heterossexual. Daí eu
começo a expor o ser humano em si, e quem é ser humano, se ele é mais ou
se ele é menos porque ele é homossexual, [...] Então eu começo a explicar
pra eles e colocar eles a par. Não sei se é certo, mas é isso que eu faço.
Procurar resgatar isso aí, o ser humano e o valor do ser humano, da
pessoa e não da opção sexual dela, mas do valor do ser humano.
Observou-se, a partir da fala de Elisa, o emprego da expressão “opção sexual”,
muito utilizada por uma grande parte dos entrevistados. Para os mesmos, a homossexualidade
é uma escolha, como ficou evidenciado em suas falas.
Suplicy (1983) e Figueiró (2005) afirmam que a homossexualidade não é opção,
pois ninguém optou por sua heterossexualidade.
Rebeca relata perceber tendências homossexuais em alguns alunos e considera
normais as piadinhas, pois segundo ela “[...] isso é natural deles”. A professora ainda utiliza,
em sala, uma expressão do cantor Falcão e acredita que a homossexualidade é causada por
influências de terceiros ou por uma questão biológica mesmo:
Eu tenho alunos que têm [pausa] a gente já nota a tendência do
homossexualismo e quando eu toco nesse ponto, eu sempre comento ou
surge alguma piadinha, porque fazem mesmo, e isso é natural deles,
criticar ou alguma coisa assim. Eu sempre vou pro lado do respeito,
porque tem a parte da “viadagem adquirida” e até comento essa frase em
sala; a “viadagem adquirida”, como diz o Falcão, um dia ele disse
“viadagem adquirida” – sabe aquele Falcão, cantor brega? Ele fala,
assim, da “viadagem adquirida”, que eu acho, assim, que é uma
influência do meio, é um trauma, um modismo, é um incentivo, de repente,
de amigo, de televisão, de mídia, ou alguma coisa. Mas, como também tem
aquele que é nato, é o biológico mesmo, e aí eu entro na questão do
respeito, não é porque ele é... gosta de mulher, ou mulher gosta de mulher,
ou homem gosta de homem, que deixa de ter sentimento, que deixa de ter
62
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
respeito perante os outros, é uma pessoa como outra qualquer, que tem o
direito de escolher o que gosta ou não gosta.
Mott (2003) faz um lembrete muito importante ao afirmar que a aparência externa
não justifica, necessariamente, as fantasias e práticas sexuais, pois existem efeminados que
não são gays.
A professora admite ser este um aspecto que ainda tenta superar e acredita que o fato
de ter pouco contato com homossexuais, embora tenha afirmado notar alunos que o sejam,
interfere em sua aceitação mais plena dos mesmos:
[...] Então, nessa parte eu me olho e eu me vejo tentando vencer essa parte
de preconceito. Eu não digo que eu sou totalmente sem preconceito, porque
falar é fácil. A gente está falando, eu cito os exemplos, eu comento, eu falo
pra eles assim, mas eu, na verdade, nunca convivi com situações, de perto,
de homossexualidade.
Rebeca ainda utiliza-se da palavra “homossexualismo”, que perdeu o sufixo “ismo”,
relacionado diretamente à doença, desde 1985, o Conselho Federal de Medicina retirou da
relação de doenças a homossexualidade e o Conselho Federal de Psicologia, por sua vez,
confirmou, em 1999, a orientação homossexual, utilizando-se da palavra “homossexualidade”.
Percebe-se a necessidade de uma Educação Sexual emancipatória, que possibilite o
compromisso com a transformação social, na busca pelos direitos e por uma convivência
respeitosa em relação à diversidade sexual.
5.4.2. Aprendendo a conviver com homossexuais
Tânia não se considera tão preconceituosa como antes, em relação à
homossexualidade, mas tem consciência da necessidade de mudança, até mesmo por conviver
ao lado de homossexuais:
Olha, eu era contra, pra ser sincera, eu não gostava, não tinha amizade e,
de repente, eu me vi em situação que eu preciso acostumar com a ideia,
porque, queira ou não, eu tenho uma pessoa em minha convivência, não é
homem, é uma mulher, e que eu tenho que conviver e aprender a superar.
Para Soraya, a existência de homossexuais em sala de aula é muito comum, mas
nota-se certa dificuldade para lidar com a situação, até mesmo pelo próprio preconceito
relatado pela professora, principalmente quando esta fala “e não procuro ficar
fazendo...tentar a minha opinião, assim, ser contra aquilo”:
63
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Dentro da sala de aula, a gente lida muito com isso, né? Inclusive, quase
todas a salas que a gente tem, que eu tenho, têm alunos que são
homossexuais, e eles são assumidos assim, né? Então, eu procuro, assim,
tentar fazer com que os outros alunos ajam... que não ridicularizem aquilo,
que não fiquem debochando do outro, né? Então, a gente procura manter o
respeito com eles dentro da sala de aula. E eu trato, assim, normal, né, e
não procuro ficar fazendo... tentar a minha opinião, assim, ser contra
aquilo. [...] Então, eu acho que pra mim, é normal, é natural coisas que,
agora, eu penso assim, mas antes eu não pensava.
Para a professora essa mudança de pensamento está acontecendo devido o passar do
tempo, porém, observa-se que, ao dizer “aquilo”, demonstra dificuldade em proferir a palavra
homossexualidade:
Eu acho, assim: conforme vai passando, eu acho que o conhecimento que a
gente vai adquirindo, você vai vendo que aquilo, querendo ou não, são
situações que você vai ter que enfrentar, que é uma realidade. Então, não
adianta você ser contra aquilo; [...] Então, eu estou procurando me
corrigir e aceitar melhor isso, porque eu sei que é uma falha minha [...].
5.4.3. Lidando com o preconceito em sala
Para Gabriela, essa situação [o aluno se declarar homossexual] só a deixaria
preocupada em saber a motivação que levou o estudante a professar, publicamente, a sua
orientação sexual, pois, no que se refere a esta, para ela é algo normal.
Na minha opinião, não faria a menor diferença em relação ao aluno. Eu
iria conversar com ele e perguntar por que ele resolveu fazer essa
revelação assim, bombástica, praticamente, no meio da sala de aula, ou
por que ele não me chamou pra conversar. [...] Eu ia também sentar e
conversar com os alunos, falar que é uma coisa natural, que não tem nada
de mais, que é uma pessoa igual a qualquer outra, só que com uma
orientação sexual diferente, [...] Eu vou falar: Vocês têm que aprender a
lidar com essa diversidade sexual, porque vocês vão lidar com ela no
trabalho, na vida e em qualquer outro lugar. Se ele está se assumindo aqui,
vocês têm que, no mínimo, respeitá-lo.
Gilberto relata jamais permitir piadinhas em sala, mas acredita ser fundamental que
cada um se dê o respeito primeiro, para ser respeitado:
[...] eu, numa sala de aula, jamais deixaria que ficasse com gozação, com
brincadeira, com alguma maldade. Agora, em contrapartida, o aluno, a
aluna ou a pessoa tem que se dar o respeito e se valorizar, porque, muitas,
vezes, o revide vem porque houve uma provocação, uma manifestação
explícita de algo a mais.
64
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Janaína dá aulas no Ensino Fundamental, de forma que, como os alunos são mais
jovens, diz não ser frequente a ocorrência de um fato dessa natureza. Sobre a
homossexualidade, diz que não tem preconceitos e acredita que se viesse a surgir este assunto
em sala, ela conversaria com os alunos sem constrangimentos.
Bom... Eu nunca passei por isso, até porque, eu acho que eles têm um
pouco de dificuldade de se assumir com essa idade que eu trabalho. Eu
trabalho mais com o Ensino Fundamental, e estou trabalhando com o
Ensino Médio,[...] Bom [pausa] mesmo antes do curso, eu já me revelei não
ter muitos preconceitos, e acho que a orientação sexual... É lógico, a gente
vai conversar sobre... Foi a orientação dele... É lógico, vou falar pra ele:
Não é o momento pra você se auto-revelar, a gente está trabalhando... Se a
sala tirar sarro, eu vou conversar. [...] A gente sempre fala que preconceito
é crime; você está errado; você está julgando pela orientação dele; você
pode ser julgado pelas suas atitudes também; é crime, está na lei. Se você
não aceita, você, pelo menos, tem que respeitar.
A professora relata, ainda, que, muitas vezes, o preconceito não está só entre os
alunos, mas entre os próprios colegas de trabalho:
E não é entre os alunos, não; é entre os próprios professores. [...] E é uma
coisa complicada porque tem um professor que também não aceita. [...] Ele
falou assim que ele era do tempo em que a família era homem e mulher... E
ele acha um absurdo, porque ele foi num barzinho e tinham dois homens
namorando e isso é uma coisa horrível.
Nathália, diante de uma situação como esta, alega que procuraria aliviar a situação e
lidar com a questão da diversidade e do respeito.
Eu tentaria, primeiro, acalmar eles, né? E claro... a sociedade é muito
preconceituosa, e isso existe muito. Eu tentaria conversar com a turma, eu
acho, no sentido de que, assim, de que as pessoas, elas têm direito de
escolher, de ter sua opção sexual, e que, independente de ela não ser o
padrão dentro da sociedade, ela é uma pessoa como outra qualquer. A
gente tem, também, que tentar respeitar a opinião do outro, porque a gente
tem que pensar que a pessoa tem, também, o direito dela, né? A gente tem o
nosso limite; o nosso direito vai até onde começa o direito do outro.
Para a professora, uma das causas dessa revelação seria a necessidade de chamar a
atenção dos outros, e os alunos, ela diz notar um preconceito maior entre os meninos:
[...] Por que ele fez isso? Primeiro, pra chamar a atenção, né? Ele estaria
chamando a atenção. [...] alguns casos em que eles chegam a atrapalhar
a aula, assim, com algumas atitudes, com algumas falas dentro da sala de
65
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
aula. Então, assim, está bem aflorado, e a gente percebe que está meio
indefinido, quer assumir, mas a questão da discriminação. [...] As meninas
têm mais facilidade, né? Eles se relacionam melhor com as meninas, né?
Os meninos debocham, tiram sarro, mas não tem, assim, represália; não
tem, uma assim... Ah! Eles ficam tirando sarrinho, dão risada, mas não há
uma discriminação direta, assim; não agride.
5.4.4. A homossexualidade presente no contexto escolar
Mário afirma que esta é uma situação comum e que o respeito deve fazer parte desse
contexto para que haja algumas mudanças de concepções entre os alunos:
Já me aconteceu mais que uma vez, porque eu tenho mais de uma sala em
que eu tenho gays, homo, ou como se coloca, porque cada um tem uma
colocação. A primeira coisa é saber respeitar. Você tem que chamar quem
fez a brincadeirinha e colocar: É a opção dele? É! [...] Primeira coisa: é
saber respeitar. É opção da pessoa? Respeite. Daí você busca, porque o
respeito não é só... O ser humano em geral. Geralmente, você acaba
colocando que, principalmente, nessa questão, saber respeitar. E aí você
leva até fazer o cara entender que a opção dele e ponto final.
Para o professor, a homossexualidade é algo que parece ter aumentado hoje em dia,
porém, na verdade, a demonstração da homossexualidade que é maior, devido ao fato de que
passou-se a agir mais naturalmente, ou seja, a evidenciar algo que antes era escondido.
[...] hoje, a cada dia está mais e mais, as pessoas demonstrando com
naturalidade e tudo o mais. Então, isso vem crescendo, né? Não que está
crescendo o número de pessoas, mas eles estão agindo mais naturalmente.
Só faziam na surdina e agora fica às claras, de dia, de noite, em qualquer
horário.
Entrevistador: Professor Mário como é hoje a relação dos alunos quando há um
homossexual na sala?
Sempre tem aqueles que fazem gozação. Tem aluno que ele é e ele faz
questão em fazer muito trejeito; ele provoca os outros. E aí, depois, da
aquela descarga: Professor! Aqui... Mas daí, às vezes, você nota que é um
cara provocando também. Daí você fala: Você também não pode porque
você também não está agindo com respeito para com os outros. Se você
quer respeito, respeite seu próximo. Aí você obtém. Agora, no momento em
que um cara força a barra. E, de vez em quando, você tem que parar a aula
e ficar um tempão dando lição de moral pra poder sossegar a criançada.
Criançada é modo de dizer, né?
66
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Cleonice também acredita que hoje em dia é muito comum homossexuais em sala de
aula e isso se deve a vários fatores:
Isso, inclusive, já aconteceu. Em vários anos tem acontecido. Não sei se é a
aula, se é o professor, a professora, mas agora está cada vez mais
transparente a parte de homossexualidade, né? São mais visíveis, e acho
que devido ao constrangimento ser menor, eu acho que ficou mais fácil de
conversar sobre isso.
Alguns professores relatam que, hoje em dia, a homossexualidade é muito mais
frequente. No entanto, pode-se dizer que, atualmente, está mais visível, provavelmente, pela
maior aceitação da diversidade sexual em algumas culturas. Para Werebe (1998), Mott (2003),
Nunes (2005), Pedrosa (2006), Toniette (2007), na história da humanidade, em todos os seus
períodos, sempre se registrou a existência da homossexualidade.
5.5. Unidade Temática 4: A importância do tema sexualidade
Nesta unidade temática, procede-se a análise da questão: Os professores acreditam
que é importante abordar temas relativos à sexualidade com os alunos? Veja como se
manifestam os docentes diante dessa questão:
5.5.1. Falta de iniciativa na família
Para Elisa, a escola é o melhor espaço para se discutir essas questões, já que, na
família, o assunto não é abordado “porque em casa, não são todos os pais que esclarecem
isso daí. Eu penso que [é melhor] você aprender em casa ou aprender com um professor,
na escola, que consegue tratar bem o assunto, a aprender na rua, se o pai não fala, é
melhor aprender na escola”.
Já para Gilberto, é extremamente importante abordar essas questões. O professor
também relatou que, recentemente leu o livro Educação Sexual no dia-a-dia10, no qual pôde
perceber muitas coisas que ele não imaginava que faziam parte da Educação Sexual, o que
facilitou o seu trabalho com o tema:
Eu pude comprovar um pouco mais a necessidade, porque nos relatos que
ela conta no livro, eu tive um pouco mais de contato com coisas que, talvez,
10
FIGUEIRÓ, M. N. D. Educação Sexual no dia-a-dia: 1ª coletânea. Londrina: [s.n], 1999
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
eu não imaginava que se tratava, exatamente, da tal da Educação Sexual.
Então, eu acredito que em decorrência de pais e mães estarem muito
ausentes de suas famílias... [...] eu acho que a escola quer queira quer não
queira é onde vai se manifestar todas as necessidades de uma maneira boa
ou de uma maneira ruim, seja ela de uma maneira agressiva ou passiva.
Então, eu acredito que precisamos abordar.
Rebeca considera esse trabalho muito importante, pois suas aulas têm sido focadas
na questão biológica. A professora também relata que o seu interesse em abordar essas
questões deve-se, principalmente, a repressão sexual exercida pelos seus pais, o que a
motivou a passar as informações aos alunos:
Eu acho! Eu acho muito, porque, eu parti pro lado de Ciências e venho
buscando leituras, livros e coisas sobre esse assunto, porque eu não tive
uma orientação sexual formal, [...] A gente recebeu uma Educação Sexual
informal, que é a da repressão, e isso me motivou buscar, a ser curiosa a
ponto de cutucar, ler, descobrir por mim mesma o que era menstruação, o
que era tudo, porque minha mãe não contou nada. E hoje, eu sinto isso em
muitos alunos, e, por isso, que, às vezes, ou muitas vezes, eu tento até
puxar o assunto, porque muitos deles não têm diálogo com os pais.
A professora ainda relata que, quando o assunto é abordado em sala, os alunos ficam
muito atentos às informações:
E quando a gente toca no assunto, nas aulas, é uma delícia. Nossa! A gente
vê os olhinhos, assim, prestando atenção àquilo. Os mais bagunceiros
brigam com os outros que, às vezes, surgem pra ouvir: Escuta lá o que a
professora está falando! Então, eles têm necessidade, porque, às vezes, não
têm informação em casa, né? E eu tento, da minha maneira, passar o que
eu sei, de uma maneira natural. Não sei se eu consigo. [...] Mas eu gosto e
tenho muita vontade de me aprofundar pra ser o mais natural possível, pra
conseguir ajudar, porque eles têm muita dúvida. Coisas, às vezes, muito
simples, e coisas que você não imagina que eles vão perguntar, às vezes.
Janaína acha importante esse trabalho, mas diz que seria mais tranquilo se
acontecesse com os alunos como aconteceu com ela: em casa, pois, muitas vezes, esse
trabalho, na escola, não é reconhecido:
Eu acho que todos os grilos que eu não tenho, vem da tranquilidade com
que foi trabalhada na minha casa. [...]A gente enfrenta vários problemas
de coisas que não são trabalhadas em casa. Mas como eu disse, não foi
trabalhado em casa, e um pouco na escola, também. Mas você sabe que tem
problemas, têm pais que não aceitam, têm escolas que não aceitam, têm os
próprios alunos que não aceitam. Aí, se você vai falar de sexualidade, eles
dizem que aquele professor não dá aula, só fala de sexo. Então, é
complicado. Ele não aceita, ele conta pro pai, o pai reclama pra direção, a
68
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
direção chama sua atenção, que você está fugindo de seus conteúdos... Aí
você tem alunas grávidas, homossexuais sofrendo preconceito.
Para Nathália, a falta de Educação Sexual nas famílias facilita a aproximação dos
alunos com ela, mas não se deve assumir toda a responsabilidade:
[...] eu acho, também, que isso é um pouco da família, né? Não que eu acho
que a gente deveria assumir essa função. A gente orienta dentro do nosso
conteúdo. Lógico, sempre tem alguma coisa que passa aí fora, do conteúdo
que a gente está, do universo que a gente está trabalhando ali, sempre sai.
Mas, eu acho importante a gente sempre estar trabalhando isso; a gente
colabora, a gente auxilia, a gente ajuda o pai a complementar...
Caridade (1997) assevera que a escola precisa continuar o trabalho de Educação
Sexual repensando dimensões esquecidas, visões distorcidas ou negadas da sexualidade sem,
contudo, substituir a família.
5.5.2. Grande interesse por parte dos alunos
Gabriela acredita que a sua disciplina (História) acaba favorecendo a abordagem
dessas questões, porém, observa-se um grande direcionamento em relação ao sexo:
É até difícil não falar de sexualidade na minha disciplina, porque eu falo de
história e a gente está falando de cultura e sexo faz parte de cultura, e a
maneira como a pessoa lida com o sexo. [...] A hora em que você vai falar
sobre a sexualidade, como eles lidam com o sexo, quais eram os tabus,
como as coisas vão mudando, eles ficam interessadíssimos.
Para Soraya, o maior mérito em se falar sobre o tema é o interesse dos alunos, pois
“Há necessidade; realmente tem, porque é o assunto que eles gostam (risos) e isso chama a
atenção”.
Mário relata que falar sobre esse assunto sempre foi importante, pois os alunos estão
envolvidos com uma série de questões relacionadas ao tema.
Segundo Cleonice, sempre que surge uma brecha, ela fala, pois também considera
muito importante “[...] eu acho muito oportuno falar sobre isso; nós precisamos; nossos
alunos precisam. Não só os alunos, todos!”.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
5.6. Unidade Temática 5: Manifestando nossa sexualidade
Nessa pesquisa, procurou-se colocar o professor diante de situações bastante
peculiares. Vejam como eles se comportam diante de uma situação aguda em sala de aula: Se,
ainda no contexto da sala de aula, em um dado momento, você percebesse que um aluno está
se masturbando e, ao se direcionar a ele, a sala toda começasse a comentar o fato, de que
forma você reagiria?
5.6.1. Masturbação
Elisa relata que essa situação já aconteceu com uma outra professora na escola em
que ela trabalhava. O aluno se masturbava e se limpava na cortina e só depois de acontecer
umas duas ou três vezes a professora comunicou à direção, que, por sua vez, comunicou à
supervisão, “E daí jogaram pra quem? Joga pro professor de Ciências e Biologia,
infelizmente”.
Primeiro eu conversei com o menino sobre o porquê ele fazia isso em sala
de aula, que se ele devia ou não, não era eu que ia falar isso pra ele, mas
que ali não era o lugar adequado, podia não ser a hora adequada, que isso
é uma falta de respeito com as outras crianças que estão ali, porque ele era
um pouco maior, mas tinha crianças maiores. Às vezes, isso daí poderia ser
normal pra ele, mas pras outras crianças, isso daí não é normal. Depois de
falar com ele, eu falei com a sala, só que ele não quis ficar dentro de sala
de aula. A sala viu, mas só que ninguém falou nada, ninguém comentou e
não sei se porque o menino era maior. [...] Daí eu cheguei pra sala e falei,
comentei com eles que ali não era o lugar adequado.
A professora também relatou que, logo após falar com a turma, começaram a surgir
as perguntas e ela acabou comentando algo que ouviu falar:
Daí já veio as perguntas se era pecado se masturbar, se dava espinha se
masturbar, e todas aquelas perguntas. Daí eu fui explicando pra sala que
não é pecado, que não dá espinhas, mas o porquê não deve se masturbar,
porque segundo eu fiquei sabendo, tanto a mulher como o homem, se
começarem a se masturbar, pode trocar o homem pela masturbação, no
caso da mulher, e o homem trocar a mulher, porque ele sabe o ponto dele,
mas que não era pecado e eles aceitaram numa boa.
Pode-se observar que Elisa manifesta, claramente, a crença, apresentada por Furlani
(2007) em seu livro “Mitos e Tabus da Sexualidade Humana”, de que “quem muito se
masturba não tem interesse em praticar sexo com parceiro (a)” (p.136). Crer que o
70
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
fundamental seria explicar que o autoerotismo se faz em ambientes privados, salientando a
importância da privacidade, de forma que o aluno não seja reprimido por sua atitude. É
fundamental mostrar que a questão é o local, que não é apropriado para isto, e não o fato de
ocorrer o autoerotismo, como afirma Figueiró (2008).
5.6.2. Do natural ao constrangimento/omissão
Os outros professores confessaram não ter passado por uma situação como esta, mas
Tânia acredita que ela iria se assustar e tentaria falar sobre o assunto. Quanto às piadas, ela
considera natural acontecerem, desde que sem preconceitos:
Eu vou me assustar, mas mesmo assim eu vou criar coragem, vou quebrar
minhas barreiras e vou falar sobre o assunto. [...] Bom [pausa], eu acho
que eu vou dar uma bronca, mas uma bronca pra acalmar, e depois a gente
vai tentar solucionar e explicar que não é motivo pra dar risada... É... pode
até dar risada; uma coisa decente, contar umas piadinhas. Mas aí, tem
que realmente... porque só ficar bravo, também não vai funcionar. Tem
mais que se posicionar pra falar da importância mesmo, que pode ter e
depois falar o assunto real...
A professora Gabriela disse que comentaria, em classe, que se trata de uma coisa
normal, apesar de admitir que, para ela, não é algo totalmente normal, revelando uma possível
ambivalência neste aspecto “Eu ia falar que é uma coisa normal. Pra mim não chega a ser
uma coisa completamente normal, faz parte de descobrir a sexualidade”. A professora
também acredita que iria ficar constrangida, “Eu ia ficar encabulada, eu ia ficar
constrangida pelo local em que ele está fazendo, mas não pelo ato”.
Para Soraya, mesmo sendo uma situação bastante constrangedora, ela acredita que
saberia lidar com ela. “É... eu acho assim, na hora a gente vai ficar assim um pouco
constrangida, mas eu acho que eu vou ter suporte pra controlar a situação”.
Gilberto acredita que, mesmo se tratando de um tema que envolve sexualidade, essa
situação poderia chocá-lo:
[...] por mais que eu esteja aberto, por mais que eu goste de tratar do
assunto, por mais que qualquer outra coisa, é uma cena que choca
qualquer um, seja homem seja mulher, o professor, ou mesmo os que
estiverem à sua volta.
Quando perguntado se ele fingiria não ver o aluno se masturbando, ele responde:
Se for uma coisa, vamos dizer, um toque esporádico, de repente, o cara
resolveu lá coçar o pênis, ou a menina, de repente, resolveu se tocar ou
71
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
coisa parecida. Se a gente ver que é uma vez ou outra, dependendo do
grau de exposição, às vezes, a gente tem que ficar até quieto, porque, às
vezes, a gente tem que ter certeza das coisas antes de agir. Então, se a
gente não vê maldade, se a gente vê que aquilo não está extrapolando uma
coisa que possa ferir o direito dos outros, em alguns casos a gente pode até
ser um pouco neutro. Agora, se a gente perceber que aquilo ali está
extrapolando, que está sendo feito com maldade, com uma certa malícia,
com a intencionalidade de, de repente, agredir os demais, aí é certo que
nós temos que agir.
A professora Rebeca não saberia reagir diante da situação, mas tentaria conversar
com o aluno e com a turma:
Com o aluno, de repente, eu acho que chegaria e falaria: Olha, aqui não é
o lugar apropriado pra fazer isso. A masturbação é uma coisa saudável, é
uma descoberta de seu próprio corpo, que você se toca, você sente prazer,
mas há um lugar pra fazer isso. [...] e falaria pra turma que é uma coisa
natural, não dá pelo na mão, porque existe um monte de tabu, e que esses
tabus, ainda, saem em sala de aula. Apesar de tudo, essa informação que
eles recebem de um pro outro, tem muita coisa errada, né? Aí a
necessidade da gente passar coisas que é o certo.
Janaína pediria para que o aluno saísse da sala, buscando, assim, minimizar
(postergar) a situação de mal-estar. Porém, se a sala não percebesse o fato, ela deixaria passar
também: “Se eu ver e ninguém mais ver, eu deixo quieto. Se os outros alunos viram, eu peço
pra ele sair”. Em relação às piadas que poderiam surgir na sala, ela relata que não tem como
proibi-las.
Para Mário, tudo vai depender do momento e do seu próprio estado de humor, o que
evidencia que há ocasiões em que o educador tem maior controle sobre as suas emoções e
consegue lidar melhor com situações inusitadas e difíceis. Entretanto, sob pressão de outras
circunstâncias, pode vir a ter uma conduta mais alterada, inadequada. Pondera, também, que
sua atitude pode variar de acordo com a idade do aluno em questão:
Vai depender muito, eu acredito, do momento. Se você pegar num
momento de tranquilidade, você até consegue. Agora, se está num dia não
muito bom, que, como o aluno, né, você tem que respeitar todo o dia em
que não está bom, o professor também tem dia que, é à noite já, ele teve
um dia cheio, de repente, ele estoura. Você tem que tomar um cuidado
enorme. Você faz de tudo pra manter a calma e conseguir. Aí você tem que
olhar até que aluno. Se for um aluno menor, é um tratamento; se é um
aluno maior, é outro. [...] Nunca me aconteceu, mas aí não teria nem o que
fazer. Teria que ter calma pra conseguir contornar a situação. Agora, a
calma, eu acho que depende do momento.
72
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
A professora Cleonice usaria a discrição e se aproximaria do aluno para conversar.
Caso surgisse alguma piadinha na sala, ela conversaria com os alunos de uma maneira bem
natural.
Caso eu detectasse, eu teria que ir ali meio pertinho, próximo ao aluno.
Falaria: Dá licença, só um pouquinho: Você quer... Tem que ser mais
discreto, aqui não é um local muito oportuno; você não quer dar uma
saidinha? Pra que não ocorresse, assim... Porque é um local público a sala
de aula. Então, não seria um local adequado para essas situações. [...]
Caso surgissem algumas piadas quanto a isso, o que eu faria? Eu falaria:
Calma, gente! Isso aí é uma coisa que nós podemos passar por essas
situações, só que nós deveríamos escolher os locais mais apropriados pra
que não se tornem muito público.
A professora também argumenta que se o fato acontecesse de uma forma muito sutil,
ela até fingiria não ter visto acontecer nada, caso contrário, ela agiria:
Depende, né, depende da situação, se têm poucos alunos, se foi uma coisa
muito sutil, de relance, que não se tenha visto mais. [...] Bom... passou,
passou! Agora, se continua uma cena dessas, eu acho que teria que agir
pra não tornar uma coisa muito alarmante naquele lugar, né, não muito
apropriado.
Nathália também procuraria não constranger o aluno. Num primeiro momento,
tentaria tirá-lo do foco e, num segundo, conversaria com ele de perto, mas fora da sala e longe
dos outros. Caso necessitasse, “a gente tem a parte de apoio pedagógico dentro da escola,
que também ajuda nesse trabalho de estar conversando com o aluno”.
Logo, será possível uma escola sem um trabalho de Educação Sexual? Segundo
Aratangy (1998) a sexualidade está por toda parte, “nas conversas de corredor, na ansiedade
da sala dos professores, nas grafites dos banheiros” (p.14). Omitir é possível? Afinal, a
sexualidade se aprende, sempre, em todo lugar, segundo Aratangy (1998). Para a autora, em
cada gesto de afeto, em cada emoção vivida, em cada vínculo a sexualidade se faz presente.
5.7 Análise dos questionários dos alunos
Foram submetidos a este instrumento 241 (duzentos e quarenta e um) alunos das seis
escolas pesquisadas, todos matriculados e frequentando regularmente o Ensino Fundamental
ou Médio. Os dados obtidos através dos questionários respondidos por estes alunos foram
tabulados, servindo de base para a confecção e análise das tabelas, a seguir.
73
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Tabela 2 – Faixa etária dos alunos
Faixa Etária
11
12
13
14
15
16
17
18
Total
Frequência
2
17
40
14
36
61
46
25
241
Porcentagem
0,8
7,1
16,6
5,8
14,9
25,3
19,1
10,4
100,0
0,80%
10,40%
11 anos
7,10%
12 anos
16,60%
19,10%
13 anos
5,80%
25,30%
14,90%
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
18 anos
Gráfico 1 – Faixa etária dos alunos
Dos 241 alunos que responderam ao questionário, foi constatado que a faixa etária
predominante concentra-se em torno de 16 anos, o que corresponde a 25,3% dos alunos
entrevistados.
Ao todo, 83,4 % (N=201) dos alunos consideram-se bem informados sobre
sexualidade (Tabela 3), revelando que a maioria dos participantes deste estudo acredita que
seus conhecimentos sobre o assunto é suficiente. Como era de se esperar, os alunos de 15
anos ou mais eram a maioria (N=146: 87,4%) em relação aos de menor idade (N=55; 76,4%).
Tabela 3 – Considera-se uma pessoa informada sobre sexualidade
Sim
Não
Brancos
Total
Frequência
201
38
2
241
Porcentagem
83,4
15,8
0,8
100,0
74
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Dos 15,8% (N=38) que não se sentiam esclarecidos sobre sexualidade, 4,2% (N=10)
eram alunos de Soraya, seguidos de 3,3% (N=8) de Janaína, 2,1% (N=5) de Rebeca, 1,3%
(N=3) de Cleonice e Nathália, seguidos de outros 0,8% de cada um dos demais professores.
0,8
15,8
83,4
SIM
NÃO
BRANCOS
Gráfico 2 – Considera-se uma pessoa informada sobre sexualidade
É interessante observar que, apesar de 90,5% (N=218) dos entrevistados considerar
que é importante conversar sobre sexualidade na escola (Tabela 4), apenas 26,6% (N=64)
abordou este assunto com seus professores (Tabela 5). Ao que parece, os alunos prefeririam
que esta informação fosse fornecida de forma geral, durante as aulas ou em palestras e
atividades, mas que acontecesse na escola.
Tabela 4 – Acha importante conversar sobre sexualidade na escola
Frequência
218
23
241
Sim
Não
Total
Porcentagem
90,5
9,5
100,0
9,5
90,5
SIM
NÃO
Gráfico 3 – Acha importante conversar sobre sexualidade na escola
75
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Tabela 5 – Conversa sobre sexualidade com os professores
Sim
Não
Brancos
Total
Frequência
64
176
01
241
Porcentagem
26,6
73,0
0,4
100,0
0,4
26,6
73
SIM
NÃO
BRANCOS
Gráfico 4 – Conversa sobre sexualidade com os professores
Observa-se, também, que, mesmo o tema sendo de grande interesse por parte dos
alunos, não há aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informá-los sobre o assunto.
Apenas os alunos de Nathália e Soraya afirmaram ter aulas de Educação Sexual, sendo 5,5%
(N=13) e 12,7% (N=30), respectivamente, dos 36,1% (N=87) entre os 237 alunos que
responderam a esta questão. Porém, verifica-se que os alunos (Tabela 7) afirmam receber as
informações nas aulas de Ciências e/ou Biologia, mas Soraya é professora de Geografia.
Tabela 6 – Aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informação sobre sexualidade
Sim
Não
Brancos
Total
Frequência
87
150
04
241
Porcentagem
36,1
62,2
1,7
100,0
1,7
36,1
62,2
SIM
NÃO
BRANCOS
Gráfico 5 – Aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informação sobre sexualidade
76
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Segundo
as
informações
fornecidas
Desidério Silva, R.
pelos
entrevistados,
a
maioria
dos
conhecimentos sobre sexualidade, que lhes chega pela escola, dá-se nas aulas de Ciências e/ou
Biologia (N=69; 28,6%), sendo que a segunda via mais utilizada são as palestras, os debates
ou a leitura de livros (N=12; 5%). Sete estudantes (2,9%) alegaram que, por vezes, o assunto é
abordado quando surge em sala de aula ou com amigos (Tabela 7). Dois alunos, mesmo tendo
assinalado que recebiam Educação Sexual na escola, não relataram como esta se dava.
Tabela 7 – Como se dá a Educação Sexual na Escola
Palestras, debates e/ou livros
Nas aulas de Ciências e/ou
Biologia
Há poucas aulas sobre Educação
Sexual
Quando o assunto aparece ou
com amigos
Brancos
Total
Frequência
Porcentagem
12
5,0
69
28,6
01
0,4
07
2,9
152
241
63,1
100,0
Palestra, debates e/ou livros
Nas aulas de Ciências e/ou Biologia
Há poucas aulas sobre Educação Sexual
Quando o assunto aparece ou com amigos
Brancos
5
28,6
63,1
2,9
0,4
Gráfico 6 – Como se dá a Educação Sexual na Escola
Nota-se que o pouco trabalho existente acontece, prioritariamente, nas aulas de
Ciências ou Biologia ou se desenvolve por meio de palestras e debates.
Entre os alunos que responderam a questão, 77,5% disseram que a Educação Sexual
é realizada nas aulas Ciências e/ou Biologia. Destes, 30,3% (N=27) são alunos de Soraya, que
leciona Geografia. Assim, para os alunos, esta professora não desenvolve trabalhos sobre
sexualidade ou não discorre sobre sexualidade em suas aulas; ou a que ministra a disciplina de
Ciências destaca-se a ponto de os estudantes se recordarem apenas desses momentos.
77
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Com relação às conversas sobre sexualidade, 27,8% (N=67) dos entrevistados
relataram que já tiveram vontade de falar com seus professores, mas não o fizeram, enquanto
que 169 dos 241 respondentes não vivenciaram esta situação (Tabela 8).
Tabela 8 – Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores e não o fez?
Sim
Não
Brancos
Total
Frequência
67
169
5
241
Porcentagem
27,8
70,1
2,1
100,0
2,1
27,8
70,1
SIM
NÃO
BRANCOS
Gráfico 7 – Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores e não o fez?
Ao analisar os motivos pelos quais os alunos deixaram de conversar com os seus
professores sobre sexualidade, verifica-se que 28,5 % (N=43) deles se sentem envergonhados
para abordar esta questão (Tabela 9). O fato de não haver aulas específicas para se tratar do
assunto (N=29; 19,2%) e a falta de privacidade ou oportunidade para tal também foram
citados pelos participantes (N=20; 13,2%). A pouca intimidade ou o não ansiar por
informações deste gênero foi apontado por 29 dos entrevistados (N=19,2%).
O despreparo dos docentes para abordar este tema foi indicado, espontaneamente,
por 5 alunos (3,3%).
Tabela 9 – Justificativa por não conversar com seus professores
Frequência
Por não ter aulas específicas
29
O (a) professor (a) já esclareceu
18
Vergonha
43
Porcentagem
19,2
11,9
28,5
Pela falta de oportunidade/privacidade, melhor falar em família
20
13,2
Não sente vontade/intimidade
29
19,2
Os (as) professores (as) estão despreparados (as)
05
3.3
Não vejo necessidade e/ou não interessa a eles minha sexualidade
07
4,6
Total
241
100,0
78
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Por não ter aulas específicas
O (a) professor (a) já esclareceu
Vergonha
Pela falta de oportunidade/ privacidade, melhor falar em família
Não sente vontade/ intimidade
Os (as) professores (as) estão despreparados (as)
Não vejo necessidade e/ou não interessa a eles minha sexualidade
3,3
4,6
19,2
19,2
11,9
13,2
28,5
Gráfica 8 – Justificativa por não conversar com seus professores
Dentre os alunos, 49,8% (N=106) afirmaram que seus professores têm facilidade
para direcionar as informações sobre sexualidade em sala de aula e consideraram as aulas
muito dinâmicas (Tabela 10), sendo que 13 deles relataram ser as mesmas muito bem
explicadas, onde, inclusive, transmitiam-se os movimentos realizados em um ato sexual
(6,1%). Para 27 dos participantes (12,7%), seus professores ainda sentem vergonha ou
constrangimento ao falar sobre o tema. Para 31,5% (N=67) dos respondentes, os professores
não mencionam ou não comentam o assunto.
Tabela 10 – Se o (a) professor (a) tem facilidade em transmitir as informações sobre sexualidade
Não tocam/comentam sobre o assunto
Sim, em uma aula dinâmica e pela vivência deles
O (a) professor (a) tem bastante entendimento e/ou transmitem até a
prática dos movimentos sexuais
Os (as) professores (as) têm vergonha/constrangimento e/ou
dificuldade
Total
Frequência
67
106
Porcentagem
31,5
49,8
13
6,1
27
12,7
241
100,0
79
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Não tocam/comentam sobre o assunto
6,1
12,7
31,5
Sim, em uma aula dinâmica e pela vivência deles
49,8
6
O (a) professor (a) tem bastante entendimento e/ou transmitem
até a prática dos movimentos sexuais
Os (as) professores (as) têm vergonha/constrangimento e/ou
dificuldade
Gráfico 9 – Se o (a) professor (a) tem facilidade em transmitir as informações sobre sexualidade
Quando foi perguntado o que eles entendem por sexualidade, observa-se que o sexo
está diretamente ligado a sexualidade: “eu entendo que é um homem e uma mulher que fazem
um negócio com a camisinha ou sem a camisinha”; “é uma forma de ter filhos, prazer e,
para os homens, uma forma de relaxar”; “é um caso muito sério porque engravidar uma
menina tão cedo vai estragar a vida da menina” e não a deles, o que demonstra o
descomprometimento masculino com o fato, ao se atribuir a responsabilidade e as
consequências apenas ao sexo feminino.
Verifica-se, também, que há uma preocupação com as Doenças Sexualmente
Transmissíveis, caso não haja a prevenção: “a sexualidade, eu entendo que a gente tem que
se prevenir com a camisinha porque pode pegar doenças”; “eu entendo que sexualidade se
refere à preservação das duas pessoas como usar preservativo, pírulas, anticoncepcional,
etc, para ter um sexo seguro”; “a professora falou que na hora de fazer sexo, devemos usar
camisinha para não pegar doenças e evitar a gravidez”. Desta forma, como já havia sido
apontado na introdução, observa-se que a sexualidade é percebida como algo exclusivamente
biológico, o que, corrobora a suposição de, apesar do passar dos anos e dos alertas de vários
estudos, nas escolas, a Educação Sexual é fragmentada e, frequentemente, relegada às aulas
de Ciências ou Biologia.
80
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
6. DISCUSSÕES
Considerando alguns dos aspectos mais relevantes que surgiram ao longo deste
estudo e o que se refere às atitudes dos professores face à sexualidade, conclui-se que os
mesmos tendem a mostrar:
a) uma atitude favorável e positiva em relação a Educação Sexual e formação
continuada nesta área, como ficou claro, por exemplo, pelas falas das professoras Cleonice,
Tânia e Janaína;
b) uma atitude tolerante, como é caso de Tânia, que se vê na situação de conviver
com uma pessoa homossexual, o que a obriga a ser mais complacente e a aprender a superar;
c) uma atitude de bloqueio, ligada à crença do sexo como pecado. A mesma
professora [Tânia] afirma que, por mais informação que esteja buscando, parece que ainda se
vê com dificuldade para falar sobre sexualidade.
Elisa, Gabriela, Gilberto e Tânia consideram a sexualidade como algo natural.
Entretanto, tal discurso pode ser evidenciado como uma atitude, por vezes, preconceituosa ou
conservadora, como assinala Nunes (2005, p.18):
Muitas vezes o argumento do “natural” é a forma mais cabal do preconceito
ou do conservadorismo. Pois se poderá afirmar que são “naturais” o poder,
o domínio e a brutalidade no homem, como a “meiguice e ternura” são
dotes “naturais” da mulher. É preciso rejeitar este simplismo.
Ainda, conforme Chauí (1984), de uma forma geral, em nossa sociedade, verifica-se
o que denomina de “fenômeno curioso”, onde algo biológico e natural (sexo) passa por
mudanças quanto ao seu sentido, a sua função e a sua regulação, ao ser deslocado do plano da
natureza para o da sociedade, da cultura e da história.
Entendeu-se como a diferença dos termos sexo e sexualidade, sendo o primeiro,
entendido nesta pesquisa como o aspecto biológica e animal, enquanto que a sexualidade,
como a dimensão humana, cultural, histórica, econômica, política e até religiosa quando
necessário ou conveniente. Entretanto, alguns professores afirmaram que os alunos
confundem sexo e sexualidade, porém, esta compreensão não é consenso entre os próprios
docentes. Apesar de apontarem a diferença, por vezes, algumas falas destes indicavam não
haver distinção.
Embora os participantes não sejam idosos e, portanto, nasceram e cresceram após a
chamada “Revolução Sexual”, e tenham tido a oportunidade de acesso a um curso
81
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
universitário, isto não os liberou das dificuldades quanto à abordagem deste tema. Mesmo
passados 50 anos dos trabalhos de Kinsey e de todos os pesquisadores que o sucederam,
notou-se que sexualidade ainda é um assunto difícil de ser abordado, sendo tratado de forma
equivocada pelos docentes. São apresentadas, a seguir, algumas das crenças evidenciadas nas
entrevistas:
a) Crença: A homossexualidade como opção
Observou-se que a professora Rebeca utiliza, com frequência, a palavra
“homossexualismo”, que perdeu o sufixo “ismo”, relacionado diretamente a doença. Desde
1985, o Conselho Federal de Medicina retirou da relação de doenças a homossexualidade e o
Conselho Federal de Psicologia, por sua vez, confirmou, em 1999, a orientação homossexual,
utilizando-se da palavra “homossexualidade”. Notamos que Elisa, Nathália e Mário utilizam
também, com muita frequência, a expressão “opção sexual”, referindo-se as diferentes formas
do desejo sexual de cada aluno. Porém, sabe-se que ninguém escolhe ser homossexual. Optase por uma camisa, por uma cor de carro, por um tênis, mas não pela orientação sexual.
Suplicy (1983) costuma destacar que a homossexualidade não é opção, pois ninguém
optou por sua heterossexualidade. Para o antropólogo Dr. Luiz Mott, presidente do Grupo
Gay da Bahia (GGB), “simplesmente, a criança ou o jovem começa a sentir atração afetiva
e/ou sexual por pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto, ou pelos dois sexos, atração que
pode ser extensiva também ao cachorrinho, a uma galinha ou até a uma bananeira” (2003,
p.68).
Figueiró (2005, p.02) também destaca que:
[...] não é uma questão de opção; a pessoa não escolhe ser homossexual. Faz
parte da personalidade. É uma questão de sentimento: ela sente atração
afetivo-sexual por uma pessoa do mesmo sexo e não sabe dizer porque, da
mesma forma que nós, heterossexuais, não sabemos dizer porque nos
apaixonamos por alguém de outro sexo.
82
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
b) Crença: Homossexualidade adquirida
Outro ponto importante a se destacar é que Mário, Cleonice, Receba e Soraya
“percebem” a presença de homossexuais em sala, até mesmo pela maneira como eles [os
alunos] se comportam.
Mott (2003, p.15-16), ao apresentar os tipos de homossexuais, faz um lembrete
muito importante:
[...] a aparência externa não traduz necessariamente as fantasias e práticas
sexuais individuais, pois há efeminados que não são gays, e machões que na
cama viram “fobonecas”. Há muitos estilos de vida, várias formas de viver
suas preferências sexuais. Todos têm direito de viver como querem, desde
que respeitem a liberdade alheia. Temos que aprender a conviver com a
diversidade, aceitar o pluralismo, respeitar o diferente. Cada qual se assume
quando e o quanto quiser. Em questão de sexualidade não há receita única,
nada é completamente certo ou errado. O único limite à nossa liberdade
sexual é a liberdade alheia. Cada qual na sua e todo mundo numa boa.
Para a professora Rebeca, a homossexualidade é influenciada por terceiros (amigos,
novelas, programas de TV, em geral, entre outros) e isso a possibilita “perceber” muitos
alunos homossexuais em sala de aula. Todavia, o que deve ser destacado e melhor conhecido
é que a homossexualidade sempre existiu e que ninguém influencia na decisão de ser ou não
ser homossexual.
Para Werebe (1998), Mott (2003), Nunes (2005), Pedrosa (2006) e Toniette (2007),
na história da humanidade, em todos os seus períodos, sempre se registrou a existência da
homossexualidade. Cremos que a homossexualidade ganhou visibilidade a partir do momento
em que se deu o reconhecimento da sociedade no que diz respeito ao direito à diversidade
sexual, direito este que vem sendo exercido, gradualmente, pelos homossexuais, que, aos
poucos, vêm ampliando os seus espaços.
Pode-se, também, observar que alguns professores se surpreenderam com o fato de
um aluno se revelar homossexual em sala de aula, não entendendo o porquê, quando, na
verdade, eles estão se questionando, pois não sabem como agir diante de tal situação.
Mott (2003) apresenta algumas medidas de como o educador deve agir, dentre elas,
destaca-se: “A primeira atitude é não se surpreender nem fazer escândalo: homoerotismo
sempre existiu, sobretudo entre adolescentes. O estranho seria a ausência de estudantes com
tendências ou conduta homossexual”. (2003, p.74).
83
O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
c) Crença: Sexualidade intrínseca
A professora Gabriela relatou, durante a entrevista, que a sexualidade não tem
influência externa e que esta [a sexualidade] faz parte de cada um, é inerente a cada pessoa,
porém sabe-se que ela é construída desde o nascimento até nossa morte.
Louro (2007) faz perceber tal equívoco, ao afirmar que não se trata apenas de uma
questão pessoal, mas também social e política; [...], pois a “sexualidade é ‘aprendida’, ou
melhor, é construída, ao longo de toda a vida, de muitos modos, por todos os sujeitos” (p.11).
Esta autora argumenta que muitas pessoas consideram ser esta
algo que todos nós, mulheres e homens, possuímos “naturalmente”.
Aceitando essa ideia, fica sem sentido argumentar a respeito de sua
dimensão social e política ou a respeito de seu caráter construído. A
sexualidade seria algo “dado” pela natureza, inerente ao ser humano. [...].
No entanto, podemos entender que a sexualidade envolve rituais,
linguagens, fantasias, representações, símbolos, convenções... Processos
profundamente culturais e plurais. Nessa perspectiva, nada há de
exclusivamente “natural” nesse terreno [...]. (LOURO, 2007, p.11).
d) Crença: Masturbação leva ao sexo solitário
Quanto à masturbação, pode-se observar que o tema ainda é descrito como algo
“assustador”, tendo como objeto mobilizador duas situações: a masturbação em si e o fato
dela poder ocorrer em sala de aula.
Para Furlani (2007), a masturbação não deve ser encarada “com o preconceito
repressor que vem sendo conferido, principalmente, às crianças e jovens que a praticam”
(p.135). Segundo a autora, uma das ideias que constituem a crendice sobre masturbação é a de
que “quem muito se masturba não tem interesse em praticar sexo com parceiro(a)” (p.136).
Pode-se observar que a professora Elisa manifestou, claramente, esta crença, ao comentar
como reagiria com seus alunos caso viesse a se defrontar com tal situação.
Furlani argumenta que, em relação a esta crença
[...] pode-se considerar que, de um modo geral, há uma preferência em se
praticar o sexo com um (a) companheiro (a). contudo, sabemos que não se
trata apenas de uma questão de preferência e sim de oportunidade. Optar
por masturbar-se pode independer da vontade, uma vez que a necessidade
orgânica pelo sexo (o extravasar sexual) é uma realidade tanto para os
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
homens como para as mulheres, podendo ocorrer, portanto, em qualquer
época da vida. (2007, p.137)
Egypto e Egypto (1990) também consideram um mito dizer que “a pessoa que
aprende a desfrutar de um tipo de prazer sozinha teria dificuldade de encontrar prazer com um
companheiro ou companheira” (p.31):
Há várias formas e vários graus de prazer e não se pode medi-los. A mesma
pessoa é capaz de sentir tipos e graus diferentes de prazer, sozinha ou
acompanhada, conforme esteja mais disposta ou cansada, preocupada ou
mais satisfeita. [...] Também as pessoas que têm vida sexual regular com
parceiros podem recorrer e recorrem à masturbação, seja porque desfrutam
de um tipo diferente de prazer, seja para aliviar tensões, seja porque está
impossibilitado ou ausente. (EGYPTO e EGYPTO, 1990, p.31-32)
Em relação à masturbação em sala de aula, Figueiró (2008) afirma que, em primeiro
lugar, é natural que todos toquem em seus genitais e que possam descobrir que isso dá prazer
e é bom, além de não ser necessário desviar a atenção da criança para alguma atividade, desde
que não haja outras pessoas no mesmo ambiente. Porém, como em sala de aula, sempre há
outras crianças, se o professor observar algum aluno ou aluna praticando o autoerotismo, é
importante explicar que isso se faz em ambientes privados, não havendo necessidade de se
chamar os pais, pois o próprio professor pode conversar e esclarecer sobre a importância da
privacidade. É fundamental que o aluno não seja reprimido por sua atitude, pois o importante
é mostrar que o local não é apropriado para isto e não o autoerotismo.
A autora também alerta que se o aluno ou aluna repete o ato muitas vezes, o
educador deve ter uma conversa particular, pois pode haver uma irritação nos genitais e
consequentemente, a mãe/o pai ou o responsável deverá ser comunicado para levar o filho ao
médico.
e) Crença: A necessidade de uma linguagem para se falar sobre sexualidade
Nesta investigação, pode-se observar que os professores consideram importante
abordar questões relativas à sexualidade com os alunos, principalmente porque acreditam que
eles têm muito interesse pelo tema, além de ser um assunto de que eles gostam. Entretanto,
fica evidente que há dificuldade em se falar sobre o tema. Gilberto, Soraya e Janaína, por
exemplo, justificavam-se pela necessidade de conhecer termos científicos para, então, falarem
sobre o assunto com os alunos.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Alguns docentes afirmam não encontrar uma linguagem adequada para utilizar com
os alunos, como foi relatado pela professora Gabriela. Para Nunes (2005, p.15):
Não temos “linguagem” para a sexualidade. Temos sim, de um lado,
linguagem tradicional, depreciativa, estereotipada, estigmatizada,
freqüentemente de baixo nível; e, de outro, a linguagem sexual mais
humanizada, afetiva e significativa. É mister construí-la, recriá-la...
Outros consideram normal abordar estas questões, mas, diante das situações
apresentadas, sentiram-se encabulados ou chocados, muitas vezes apresentando uma atitude
de bloqueio, que está diretamente ligada à crença do sexo como pecado.
Muitos professores acreditam que a dificuldade exista pela falta de uma formação
específica e de uma Educação Sexual Informal que, segundo Figueiró (1999, p.3), são “ações
não planejadas, acontecidas no dia a dia”, ou até mesmo em consequência de uma educação
repressiva que receberam dos pais.
Furlani (2007) adverte-nos quanto a essa “tradição familiar” e acredita que as
ausências de discussões sobre a temática somam-se aos modelos de disciplinamento, censura
e conservadorismo. Para a autora, este seria, então, o momento em que a abordagem da
Educação Sexual reveste-se de forte importância nas escolas.
f) Crença: Saber sobre sexualidade pelo fato de ter filhos
Elisa relatou, durante as entrevistas, que, apesar de não ter tido informação na
própria família, teve oportunidade de contar com uma vizinha que, mais experiente e com
mais facilidade de lidar com o assunto, esclareceu-lhe sobre o tema. Entretanto, ela acredita
que o fato de ter filhos e netos seja algo que a capacite a entender sobre a sexualidade, o que
nos deixa claro que, para ela, a experiência da maternidade, vinculada à experiência sexual,
deu-lhe capacidade para saber sobre sexualidade, o que não é verdade.
Nunes (2005) apresenta que “nesse falar de sexo existe uma diversidade de discursos
que se confundem, antagonizam e aumentam ainda mais a necessidade de se buscar
elementos, significações, para a sexualidade humana, [...]”. (p.115). Acredita-se, assim, que,
nesta busca por elementos e significações, faz-se necessária uma formação continuada entre
os professores, num processo de Educação Sexual emancipatória. Isto, asseguraria que este
tema não estaria sendo realizado por docentes despreparados, como já havia justificado a
preocupação para a concretização desta pesquisa.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Entre os alunos, observou-se que os mesmos consideraram serem bem informados
sobre sexualidade e também demonstraram uma atitude favorável e positiva em relação à
Educação Sexual, assim como seus respectivos professores.
Um aluno manifestou uma atitude machista em relação à gravidez precoce, pois,
para ele, uma adolescente, quando engravida, perde totalmente a liberdade, o que não
acontece com eles [os meninos]. Isto demonstra um descomprometimento com o fato, pois
atribui a responsabilidade e as consequências somente ao sexo feminino.
Os alunos de Nathália e Soraya disseram que as aulas de Educação Sexual são
realizadas nas aulas de Ciências e/ou Biologia, o que confere o discurso médico-biologista,
uma das abordagens identificadas por Nunes (1996), entre os discursos sobre Sexualidade e
Educação. Esta abordagem pôde ser percebida entre os alunos e as professoras. O que chama
atenção é que os alunos de Soraya afirmaram receber estas informações nas aulas de Ciências
e/ou Biologia, porém esta professora leciona Geografia. Pelo que se pode apreender, para
estes, a mesma não está passando as informações sobre o tema, ou a própria não está
desenvolvendo um trabalho de Educação Sexual na escola de fato.
Para alguns estudantes, o fato de não haver aulas específicas de Educação Sexual, ou
mesmo a vergonha em estar falando sobre o tema, talvez possa justificar a ocorrência da baixa
frequência de perguntar sobre sexualidade a seus professores. Dos duzentos e quarenta e um
alunos entrevistados, vinte disseram que a falta de privacidade pode ser o motivo de não se
falar sobre sexualidade com eles, demonstrando assim uma atitude de bloqueio, ligada à
crença do sexo como pecado e mesmo que eles se considerem informados pelo assunto,
parece que ainda se veem com dificuldades para falar sobre o mesmo.
Entre os docentes participantes do GEES, observou-se que o Grupo oportunizou para
aqueles que o haviam concluído o conhecimento a respeito da fundamentação teóricocientífica referente a Educação Sexual, bem como uma reflexão sobre seus próprios valores,
atitudes e sentimentos ligados a estas questões. Os não concluintes recém haviam começado
suas atividades no Grupo, o que provavelmente justifique algumas concepções pouco claras e
equivocadas. No entanto, foi observado que estes o consideravam como de grande relevância.
Tal fato pode ser constatado pela professora Tânia que relatou que depois que começou a
participar do GEES é que sua visão de sexualidade começou a mudar. Porém mesmo
percebendo esta mudança, a professora apresentou uma atitude de bloqueio, ligada à crença
do sexo como pecado.
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Desidério Silva, R.
Janaína atribuiu sua facilidade em discorrer sobre sexualidade em seu trabalho a boa
educação que recebeu em casa, assim como, ao curso do qual participou. Para Cleonice, ter
participado do Grupo de Estudos facilitou ainda mais a abordagem do tema em sala de aula.
Porém, como já apresentado nesta pesquisa, Figueiró (2006) faz um alerta de mesmo
que seja uma necessidade real, a formação de educadores necessita de algumas reflexões que
precisam ser conduzidas entre todos: com que tipo de educação vão se comprometer ao
conduzir um trabalho de Educação Sexual?; qual é a concepção de educação e de homem que
estará norteando o trabalho?; a quem vai estar direcionado o trabalho que se pretende
desenvolver?; qual o papel do educador sexual?; assim como, por que e para que colocar em
prática estes programas?.
Entre os professores não participantes do Grupo [Elisa, Gabriela e Mário] a
importância de se buscar elementos e significações sobre a sexualidade humana, conforme
nos aponta Nunes (2005), é importante, pois possibilitará rever algumas concepções, atitudes
e crenças apresentadas. Figueiró (2006) já salienta este aspecto cuja relevância se apreende
inclusive a partir do título de seu livro, Formação de Educadores Sexuais: adiar não é mais
possível.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados indicam que a abordagem do tema sexualidade é favorável entre os
professores, embora muitos obstáculos tenham sido observados. A maioria destes acredita ser
relevante falar sobre este assunto, mas, evidencia a necessidade de uma formação específica,
pois se considera, muitas vezes, despreparada para discorrer sobre o tema.
Observa-se
algumas contradições entre a teoria e a prática com os alunos, mas, em algumas situações
apresentadas, os professores declararam que se sentem constrangidos.
Outro aspecto a ser estimado são as dificuldades apontadas pelos docentes devido a
falta de uma Educação Sexual na infância e adolescência ou, muitas vezes, a repressão sexual
exercida por seus pais, o que tem desencadeado práticas pedagógicas com uma visão pautada
em crenças, valores e preconceitos, procedentes de suas trajetórias singulares, inscritas em
contextos culturais e históricos determinados, como comenta Beiras e Toneli (2005).
Este estudo enfatiza a necessidade de uma formação continuada, pois observa-se
mudanças de concepções entre os professores participantes dos grupos de estudos sobre
Educação Sexual. Foi constatado, porém, que, para alguns, tais mudanças se deram apenas em
um nível intelectual, racional, não tendo sido integradas ao seu modo de agir e sentir.
De qualquer forma, um grupo de estudos sobre esta temática possibilitaria a estes
professores uma ampliação da compreensão sobre o assunto, o que lhes permitiria uma
revisão de suas atitudes, crenças e valores, propiciando-lhes uma postura profissional
consciente, tendo, como ponto de partida e de chegada, suas necessidades, suas indagações,
suas aspirações e seus desejos.
Neste estudo, percebeu-se, também, que o tema sexualidade ainda é estabelecido por
regras e normas, o que acaba por conduzir um trabalho de Educação Sexual, nas escolas,
muitas vezes, de forma fragmentada, voltado mais para o discurso médico-biologista e sendo
encarado como um problema, principalmente no Estado do Paraná, que, desde 2003,
estabeleceu suas próprias Diretrizes, fazendo com que os temas transversais deixassem de
fazer parte do Currículo Básico.
Todos esses aspectos nos fazem refletir sobre a necessidade de compreendermos que
a sexualidade é parte integrante do ser humano, participante ativo de uma linha político social,
como ser sexuado e que esta Educação Sexual precisa ser compreendida como toda ação que
envolve uma aprendizagem sobre sexualidade humana, que esteja inserida em um conjunto de
representações, valores, vivências e regras, pertencentes a todo gênero humano. Para isto, faz-
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
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se necessário que os educadores, possam desenvolver diretrizes e princípios filosóficos, éticos
e políticos emancipatórios, a partir da consideração da ação de resistência e afirmação de
novas culturas e valores presentes na sociedade brasileira atual, com o reconhecimento de que
há uma marcha de cidadãos e cidadãs em busca de seus direitos e identidades, dando
condições para compreender e viver positivamente a sexualidade.
Deve-se compreender, também, a sexualidade em sua totalidade, como uma
construção social inserida em diferentes momentos históricos, econômicos, políticos e sociais,
o que possibilitaria vivenciar uma Educação Sexual emancipatória, comprometida com a
transformação social. Isto permitiria destacar a importância da inclusão da Educação Sexual
no currículo, de forma permanente, vinculada a todo contexto escolar, e não simplesmente de
forma casual, possibilitando uma atitude mais digna em relação aos direitos humanos e uma
vivência feliz e saudável da sexualidade.
Afinal, o sexo apenas sob o aspecto físico determina uma Educação Sexual
descritiva, genital, biológica comumente encontrada nas escolas, o que não deixa de ser
importante, mas que não é suficiente para criar referências humanas éticas, estéticas e
políticas fundamentais para todos.
Camargo e Ribeiro (1999, p.141) lembram que se deve dispensar uma atenção
especial, em prática educativa, ao abordar o tema sexualidade: “[...] incitamos? Desviamos?
Facilitamos? Dificultamos? Ampliamos? Limitamos? E por quê? E tantas outras perguntas
que surgem: para quê? Para quem? Com quem? Onde? Como? Quando?”.
Neste sentido, Louro (2003, p.131) afirma:
As questões referentes à sexualidade estão, queira-se ou não, na escola. Elas
fazem parte das conversas dos/as estudantes, elas estão nos grafites dos
banheiros, nas piadas e brincadeiras, nas aproximações afetivas, nos
namoros; e não apenas aí, elas estão também de fato nas salas de aulas –
assumidamente ou não – nas falas e atitudes das professoras, dos
professores e estudantes.
Finalmente, propõe-se que, a partir desta pesquisa, o trabalho de Educação Sexual na
escola seja adequado a um planejamento e às ações pedagógicas efetivas, o que poderá
possibilitar um espaço no currículo escolar, que é de fundamental importância, pois foi
observado que muitas escolas acreditam desenvolver uma Educação Sexual pelo simples fato
de que algumas palestras são feitas, de forma isolada, ou em semanas pedagógicas de
atividades voltadas para esta finalidade. A contrapartida para esta proposta envolve estudo e
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
uma preparação contínua dos educadores, com a participação de todos os profissionais, afinal,
todos somos Educadores Sexuais.
O trabalho precisa, também, contar com a participação dos pais, os quais devem ser
informados sobre os objetivos da Educação Sexual, o que pode ser feito através de reuniões
na própria escola. Acreditar que a compreensão dos pais e responsáveis sobre a importância
de uma Educação Sexual emancipatória na escola fortalece não só este trabalho, como
possibilita abrir novas perspectivas de diálogo na própria família... Afinal, tem que
perseverar!
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro ter recebido do professor Ricardo Desidério da Silva, aluno do curso de Mestrado em
Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática da Universidade Estadual de Maringá, os
esclarecimentos sobre os objetivos, condições de realização, manutenção de anonimato,
direito de deixar de participar a qualquer momento da pesquisa sem que isso incorra em
qualquer ônus para as minhas atividades educacionais ou pessoais, bem como sobre os
procedimentos utilizados para a realização da pesquisa; “O PROFESSOR COMO
MEDIADOR DAS ATITUDES E CRENÇAS SOBRE SEXUALIDADE NO ALUNO”.
Concordo livremente em participar das atividades da pesquisa. Concordo também, que o
produto das discussões e propostas de ações sejam utilizados no documento final da pesquisa,
podendo ser divulgado oralmente ou em publicações pelo pesquisador, desde que seja
mantido o sigilo de minha identidade.
Londrina, ________ de ___________________ de 2008
Assinatura do participante: _____________________________________
RG: __________________________
Mestrando: Ricardo Desidério da Silva
RG: 7.287.852-3 – Fone (043) 3344-6085
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Teresa Benevides-Pereira
Endereço: Bloco F56
RG: 4.784.095 – Fone (44) 8804-1999
Co-orientador: Prof. Dr. Ourides Santin Filho
Endereço: Av. Colombo, 5790 – DQI/UEM
RG: 11.321.516 – Fone: (044) 3261-3656
Qualquer dúvida ou esclarecimento, procurar um dos membros da equipe do projeto ou o
Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da
Universidade Estadual de Maringá – Sala 01; Bloco 010 – Campus Central – fone: (44) 32614444.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SÓCIO DEMOGRÁFICO
DADOS PESSOAIS:
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: _____ anos
DADOS ACADÊMICOS E PROFISSIONAIS
Curso de Graduação: __________________________________________________________
Instituição: __________________________________________________________________
Pós-Graduação: ______________________________________________________________
Especialização [ ], Mestrado [ ], Doutorado [ ]
Atua há quanto tempo no Ensino: ____________________
Total de horas semanais (aproximadas) dedicadas ao trabalho no ensino: _________________
Instituição (ões) em que trabalha: ________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Tempo de serviço na (s) atual (is) instituição (ões) __________ anos e __________ meses
__________ anos e __________ meses
__________ anos e __________ meses
Outras ocupações que exerce:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE C - ESTRUTURA DA ENTREVISTA COM OS PROFESSORES
QUESTÃO 01: O que você entende por sexualidade?
QUESTÃO 02: Você sente que tem dificuldade em abordar as questões da sexualidade com
os alunos? Relate uma situação.
QUESTÃO 03: Você acha que é importante abordar temas relativos à sexualidade com os
alunos? Por quê?
SITUAÇÕES-PROBLEMA
01- Imagine a seguinte situação: “Em sala de aula você diz que vai trabalhar com o tema
sexualidade. Em seguida, escuta alguns alunos dizendo: ‘Uauuuuuuuuuuuuuuuu,
vamos falar de SEXO!!!!!!’. O que dizer a eles?”
02- “Não sei se você já passou por esta situação ou algo semelhante, mas suponha que
esteja falando de algum assunto relacionado à sua disciplina e, do nada, um aluno faz
a seguinte revelação: ‘sou homossexual’. Imediatamente surgem diversos comentários
dos demais alunos, risos, agitação geral na sala. Qual a sua opinião sobre isso? O que
você faria?”
03- “Ainda no contexto de sala de aula, em dado momento você percebe que um aluno
está se masturbando e, ao se direcionar a ele, a sala toda começa a comentar sobre o
fato. Como reagir diante disto?”
Obs.: Combinar ao final da entrevista: “Vou ouvir a gravação e caso eu venha a ter alguma
dúvida podemos nos encontrar novamente?”
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE D - Termo de autorização aos pais
Título do projeto: O professor como mediador das atitudes e crenças sobre sexualidade no
aluno.
Seguem, abaixo, os esclarecimentos necessários aos responsáveis pelo(a) aluno(a) que
participará da pesquisa:
Pedimos a autorização para que seu(sua) filho(a) participe de uma pesquisa com o objetivo de
investigar atitudes e crenças que permeiam o tema sexualidade entre professores das escolas
públicas de Londrina, bem como, de que forma seus filhos apreendem o que estes docentes
transmitem a respeito deste assunto. O envolvimento do(a) seu(sua) filho(a) se limitará ao
preenchimento de um questionário com questões relativas a como eles apreendem as atitudes
e crenças expressas por seus professores sobre este tema.
Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, tanto antes, como
durante ou depois da realização deste estudo, a respeito de quaisquer dúvida ou
procedimentos relativo ao mesmo. Para tanto, caso necessite de mais alguma elucidação, por
favor, entre em contato com um dos membros da equipe responsável, indicada no verso deste
documento. Ainda, neste documento, queremos garantir alguns aspectos importantes sobre a
participação de seu(sua) filho(a) neste estudo: a) que durante o desenvolvimento do mesmo
o(a) senhor(a) tem toda a liberdade para recusar ou retirar a autorização sem qualquer
penalização ou ônus de sua parte; b) que a identidade do(a) seu(sua) filho(a) será preservada,
garantindo assim total sigilo e privacidade de seus dados pessoais, c) que as informações
coletadas serão estritamente utilizadas para responder aos objetivos da pesquisa.
Assim sendo, caso esteja de acordo, solicitamos o preenchimento e a entrega, na escola, de
uma das vias da declaração a seguir:
Eu,
_______________________________________________,
aluno(a)_______________________________________________,
responsável
pelo(a)
após
tomado
ter
conhecimento sobre os objetivos e procedimentos a serem realizados e tido esclarecimento de
todas as minhas dúvidas, referentes a este estudo que será realizado pelo professor e pósgraduando Ricardo Desidério da Silva, CONCORDO VOLUNTARIAMENTE que o(a)
meu(minha) filho(a) participe do mesmo.
________________________________________ Data: ___/___/_____
Assinatura do responsável
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
Equipe Responsável:
Mestrando: Ricardo Desidério da Silva - Fone (043) 3344-6085
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Teresa Benevides-Pereira
Endereço Completo: UEM, Avenida Colombo, Bloco F67 – Secretaria PCM
Tel do PCM: (44) 3261-4827
Co-orientador: Prof. Dr. Ourides Santin Filho
Endereço Completo: UEM, Avenida Colombo, Bloco F67 – Secretaria PCM
Tel do PCM: (44) 3261-4827
Qualquer dúvida ou esclarecimento, procurar um dos membros da equipe do projeto ou o
Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPED) da
Universidade Estadual de Maringá – Sala 01; Bloco 010 – Campus Central – fone: (44) 32614444.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE E - Questionário para os Alunos
Caro (a) estudante
Você está fazendo parte de uma pesquisa sobre “O professor como mediador das atitudes e
crenças sobre sexualidade no aluno”. Não é preciso se identificar, colocando seu nome.
Escreva apenas o nome da sua escola: ____________________________________________
___________________________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
1) Qual a sua idade? __________ anos.
2) Você se considera uma pessoa informada sobre sexualidade? ( ) Sim ( ) Não
3) Você conversa sobre sexo com os seus (suas) professores (as)? ( ) Sim
4) Você acha importante conversar sobre sexualidade na escola? ( ) Sim
( ) Não
( ) Não
5) Na sua escola há aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informar os alunos
sobre sexualidade? ( ) Sim ( ) Não
6) Caso a resposta anterior tenha sido afirmativa, como é realizada a Educação Sexual na
sua escola?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7) Você tem alguma crítica ou sugestão quanto à forma como o professor fala ou se
refere a este assunto?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8) Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores e não o fez?
( ) Sim ( ) Não
9) Por quê? ______________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
10) Na sua opinião, o(a) seu (sua) professor (a) tem facilidade em transmitir as
informações sobre sexualidade?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
11) Para finalizar o que você entende por sexualidade?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Obrigado pela sua colaboração!
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE F - Transcrições das entrevistas
As entrevistas foram transcritas integralmente, porém preservadas pelo autor desta pesquisa.
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O professor como mediador da sexualidade no aluno
Desidério Silva, R.
APÊNDICE G - Questionários_alunos
LEGENDAS
Escolas
1 Colégio Estadual A1
2 Colégio Estadual A2
3 Colégio Estadual A3
4 Colégio Estadual A4
5 Colégio Estadual A5
6 Colégio Estadual A6
Perguntas
A- Você se considera uma pessoa informada sobre sexualidade?
B- Você conversa sobre sexualidade com os (as) seus (suas) professores (as)?
C- Você acha importante conversar sobre sexualidade na escola?
D- Na sua escola há aulas de Educação Sexual, ou outra forma de informar os alunos
sobre sexualidade?
1- Sim
2- Não
E/F – Caso a resposta anterior tenha sido afirmativa, como é realizada a Educação Sexual
na sua Escola?
1 palestras, debates e/ou livros
2 nas aulas de biologia e/ou ciências
3 não existem ou poucas aulas de Educação Sexual
4 quando o assunto aparece e/ou com amigos
G- Você tem alguma crítica ou sugestão quanto a forma como o professor fala ou se
refere a este assunto?
1 passam de forma clara
2 é algo inovador nas escolas e/ou devem interagir mais com os alunos
3 os professores ficam envergonhados/constrangidos
H- Você já teve vontade de conversar sobre sexualidade com seus professores e não o
fez?
1 – Sim
2 - Não
I- Por quê?
1. ficar mais informado e/ou por não ter aulas específicas
2.a professora já esclareceu
3. vergonha
4. pela falta de oportunidade e/ou privacidade, melhor conversar com a família
5. não sente a vontade e/ou intimidade
6. os professores estão despreparados
7. não vejo necessidade de falar com os professores e/ou nao interessa a eles a
minha sexualidade
J- Na sua opinião, o (a) seu (sua) professor (a) tem facilidade em transmitir as
informações sobre sexualidade?
1. não tocam/comentam sobre o assunto
2. sim, em uma aula dinâmica e pela vivência deles
3. professor tem bastante entendimento e/ou transmitem até a prática dos
movimentos sexuais
4. os professores têm vergonha/constrangimento e/ou dificuldade
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Para finalizar o que você entende por sexualidade?
é muito importante para nossa sobrevivência, pois sem ela não estaríamos aqui
sexualidade não é apenas a relação sexual, mas também quando a pessoa começa
a descobrir, os adolescentes percebem as diferenças de meninos e meninas e nos
dias atuais, essas descobertas devem ser acompanhadas de muita conversa, para
evitar uma gravidez indesejada, por exemplo
entendo que deveria ser uma relação entre casais, um relacionamento de amor e
também prazer, com todas as informações que temos sempre usando camisinha,
para ter uma relação sexual sem problemas
que cada um tem sua opção de sexo, e que é importante usar preservativos
é um tipo de relação que envolve corpo, mente, alma, etc, mas também representa
o sexo da pessoa, que muitas vezes é ocasionado a mudar
que é a relação sexual entre as pessoas
um tipo de relação
sexualidade e o sexo da pessoa, que envolve tudo, corpo e atitude
penso que o sexo é visto de duas maneiras, uma maneira é responsável (uma certa,
com todo um cuidado para evitar doenças como a Aids) já a outra maneira a tem as
seguintes características: sexo sem preservativo, em qualquer lugar, na pressa,
fazer tal ato com pessoas nunca vistas, assim acabando com a vida por bobeira
as pessoas estão iniciando sua vida sexual cada vez mais cedo, não é errado e
também não é pecado, mas um ato que deve ser feito com amor e consciência,
evitando transmitir DSTs e gravidez precoce ou indesejada
depende, pode ser expresso de diversas maneiras, como sua orientação sexual,
satisfação sexual e desejos eróticos
é algo indispensável em relacionamento
prefiro não comentar…. (obrigado)
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a sexualidade está no nosso dia-a-dia, ela se demonstra através de nós, por atos,
vontades, olhares, conversas e muito mais. A sexualidade é uma auto-estima.
Devemos ter sabedoria de como se prevenir e se cuidar e ter uma vida a dois
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falar sobre sexualidade nos dias de hoje é muito comum e é muito bom, pois
aprendemos mais sobre doenças e sobre contaminação que existem nesse ato,
devemos saber também que o uso da camisinha é muito importante
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hoje em dia falar sobre sexualidade é muito importante, pois precisamos estar
informados, principalmente sobre doenças e forma de contaminações, apesar de ser
um assunto normal nos dias de hoje, existem várias pessoas que ainda não sabem
muito sobre o assunto
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entendo que a sexualidade é uma ferramenta muito importante na vida do
adolescente, pois por mais evoluído que está o sexo, no dia-a-dia, ainda muitos tem
receio e não sabem as respostas para suas dúvidas
tudo que é referente a sexo
orientação sexual, desejos eróticos e satisfação sexual, tudo depende da
interpretação de cada pessoa
é um tipo de relação entre pessoas que devido o grau de intimidade é pouco
discutida e acontece bastante problema devido a falta de informação
entendo que sexualidade não é só fazer sexo, mas sim ser completado
nada
é a relação entre um homem e uma mulher, uma coisa mais íntima
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sexualidade envolve vários sentidos, há troca de carinho entre indivíduos, sexo,
amor, prazer, onde também se pode conhecer mais o indivíduo, com quem você
está se relacionando, sem esquecer das doenças que podemos pegar e também
transmitir, sexualidade é uma "coisa" que muitas pessoas não entendem, mas
sabem, etc., eu mesmo não me considero uma pessoa adequada para falar sobre
isso, pois sei muito pouco sobre o assunto, gostaria muito de saber mais, mas não
temos apoio para isso, pensam, que isso devemos aprender com a vida, isto é uma
iguinorância, pois quanto mais sabemos melhor será, créu... créu
eu entendo que é um ato de amor e prazer entre duas pessoas que se atraem
é o contato mais íntimo que duas pessoas podem ter
uma relação íntima de casais, que é digna de cuidados e respeito
você deve ter cuidado, com o que está fazendo e usar sempre preservaticos
que é um meio de vida assim tanto como prazer e é um direito de todos
quase nada, na verdade mais ou menos
eu entendo que o sexo pode transmitir várias doenças
é uma relação entre duas pessoas
eu entendo que a sexualidade seria também muito importante na escola para a
gente aprender mais
o que eu entendo mais ou o que eu entendo é quando a uma relação entre duas
pessoas
quase nada, porque ouço muito pouco sobre esse assunto
eu entendo que é um homem e uma mulher que fazem um negócio com a
camisinha ou sem a camisinha
uma forma de sentir prazer
é quando você está excitado você tem vontade de fazer sexo, quando você faz
sexo, e coloca o pênis na vagina da mulher
pra mim a sexualidade é importante, desde de que o casal faça com camisinha,
além de ter a parte da preocupação, tem o lado do prazer, que a pessoa se sente
mais disposta, etc.
é uma forma de ter filhos, prazer e para os homens uma forma de relaxar
que na sexualidade tem bastante doenças transmissíveis que agora eu não lembro
nome só de uma que eu lembro Aids
é o movimento íntimo entre o homem e a mulher
nada
se previnir para não pegar doença
entendo que é uma forma de ter intimidade com seu par
é uma forma de se reproduzir
eu entendo que é uma coisa que tem que ser consciente e não malícias, porque
uma coisa norma. Você tem que saber os riscos que se corre ao praticar o sexo
que faz filhos ou faz sexo apenas como diversão
sexualidade masculina, feminina, fazer sexo, gerar filhos
é um tema muito importante, faz parte da vida, do crescimento, precisamos nos
conscientizar sobre este assunto
entendo que tipo é preciso um dia fazer isso aí sei lá
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pouca coisa
sexualidade é o ato de sexo, para que as pessoas tenham prazer e ter filhos para
que construam sua família
é um ato de amor que você faz com uma pessoa que você gosta e também uma
forma de sentir prazer e excitação; com isso você aprende mais sobre o corpo
humano
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algo que é bom, mas ao mesmo tempo algo que inspira cuidados. É preciso ter
muita atenção quando praticado. Envolve "duas" pessoas que fazem algo que
gostam…
toda vez que entro nesse assunto primeira coisa que vem na cabeça é se prevenir,
porque hoje em dia tem muita doença sexualmente transmissível e principalmente
para evita filhos na adolescência
há quando eu falo isso com meus pais, pois é eles que falam mais na minha
cabeça, eles falam pra mim se cuidar, usar preservativos e tal
te explicar eu não sei porque eu não sei muito bem sobre esse assunto kkkk… eu
sei que fazer amor é gostoso, mas tem que se prevenir
isso é um meio de comunicar as pessoas sobre o que é sexo e quais as
providências a ser tomadas para não correr o risco de doença e evitar filhos e ter
um bom relacionamento
a sexualidade é um tema pouco abordado pelas pessoas por motivo de
constrangimento, mas na minha opinião não deveria haver este constrangimento,
pois a sexualidade é um ato saudável entre duas (ou mais) pessoas de se relacionar
ah, eu entendo sobre transa, e usar camisinha que é mais importante, um lance de
amor e amizade
entendo que o sexo é normal também, é uma forma para ser mais humano, sexo é
amor
ter uma relação sexual com outra pessoa, se prevenindo com camisinhas
é ter relação sexual com outra pessoa, sempre usar camisinha ou um outro método
para não pegar um tipo de doença
eu entendo que a sexualidade é algo que as pessoas tem vergonha de falar, mais
que é algo fundamental nas vidas da pessoa, que ao fazer sexo as pessoas não tem
noção das doenças que podem pegar, mais que na hora ninguém pensa
eu acho que não é só diversão e sim nós temos que tomar muito cuidado para não
pegar nenhuma doença sexualmente transmissível, ingravidar na adolescência, etc
bom assim finalizar o que se entende por sexualidade eu não saberia responder
que é uma coisa bem séria e normal, mas tem os seus riscos, por isso a gente tem
que ter muito cuidado, para que não aconteça nada de ruim. É uma
responsabilidade, porque você vai ter que ter muito cuidado
entendo que é uma coisa muito criticada e que pra mim é puramente normal e bom!
(nada) uma forma de expressar sua vontade ou algo que você sente pelo seu
parceiro
sei lá, doenças sexualmente transmissíveis, como se previnir um pouco de cada
coisa, mas ainda não sei tudo sobre sexualidade
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eu entendo que tudo tem sua hora! Independente sobre sexualidade… ah, eu
entendo sobre sexualidade, mas na hora de explicar é meio complicado!
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um ato no qual dois indivíduos se cruzam para fazer amor. Sexo é melhor forma de
demonstrar amor
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é um ato em qual dois indivíduos se cruzam pra fazer sexo
na verdade eu não sei nada pois eu sou virgem. Mas eu não sei explicar nada
é a maneira de se reproduzir
quando duas pessoas sentem atração uma pela outra e juntas essas pessoas se
satisfazem sexualmente
é tudo que tem o assunto de sexo
eu sei sobre doenças transmissíveis, mas ainda não sei tudo
tem que ter muito cuidado com quem você vai fazer sexo, porque é muito perigoso,
pode pegar alguma doença e quando for fazer sexo com alguém use camisinha e
tome muito cuidado
bom, eu entendo que é algo muito bom, mas precisa ter cuidado, como usar
camisinha ou até mesmo tomar anticoncepcioniais, tomar precauções, porque isso
não é brincadeira, sexo é sério e precisa se cuidar
eu entendo que é sexo
acho que é algo muito importante na vida de cada um, e muito bom, mas feito na
hora certa
uma maneira de gerar filhos ou só por prazer
é o estudo dos sexos, é por onde os professores tentam nos passar mais
conhecimento sobre o sexo e o comportamento
eu entendo que sexualidade se refere a preservação das duas pessoas como usar
preservativo, pírulas, anticoncepcional, etc, para ter um sexo seguro
é o seu relacionamento na vida com outra mulher que acaba num casamento e até
um filho
quando você começa entender a sexualidade você começa a ter mais
responsabilidade
eu entendo que temos que nos cuidar para não engravidar, pegar doenças, depois
da primeira vez passar pela ginecologista e etc
um ato sexual de duas ou mais pessoas
eu entendo que é uma coisa que quase todos os pais, os namorados praticam e é
muito bom, mas tem que tomar cuidado
falando sério não entendo nada mesmo que na minha resposta eu tenho dito que
sim blz!
um "ritual" entre duas espécies diferente
sexualidade eu entendo como sexo quando fala sobre sexualidade todo mundo já
pensa em sexo mais nem sempre é assim pode entender como outra coisa
entendo que é um ato que também depende de muito amor e respeito mútuo, que
não deve ser levada apenas como diversão. Deve ser preservada a sexualidade
antes de qualquer coisa. É uma coisa bastante séria
a sexualidade é coisa que não é brincadeira, ela pode até transmitir doenças
é como gesto de amor, mas ele tem que ser seguido corretamente e com
responsabilidade
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é o ato sexual entre dois parceiros do sexo oposto, onde se transmite carinho, amor
e prazer, mas nem para todos é assim
eu entendo por ser um método de permanência na nossa espécie e como um prazer
na minha opinião a sexualidade é uma coisa importante, tanto quanto para um
relacionamento amoroso e também como um meio de reprodução
o sexo é uma forma de reprodução, onde se não se prevenir pode causar doenças
sexualmente transmissíveis, além da gravidez.
é uma coisa íntima, de uma pessoa e que tem que ter respeito e se prevenir
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um conhecimento necessário pras pessoas e importante no desenvolvimento
pessoal
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eu entendo que se não usar camisinha se a pessoa tiver alguma doença, com HIV,
ela transmite para a outra. Também o uso do anticoncepcional é muito importante
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eu acho que é um negócio de segurança, confiança até mesmo amizade entre duas
pessoas. Também é um negócio que todos sabem, só que tem alguns que não
sabem se expressar tão bem, já quanto outras pessoas já sabem falar direito o que
é sexualidade
tem muitos modos de se prevenir, pode pegar doença, engravidar
tem muitos modos de se prevenir, pode pegar doença, engravidar
é amor que Deus uniu para os casados com respeito e lealdade um com outro
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sexualidade é um meio de carinho (amor) entre duas pessoas que se amam ou
pode ser também um meio de ganhar dinheiro (Puta)
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eu entendo que, sempre tem que usar a camisinha para não pegar doença ou uma
gravidez indesejada, se quiser também pode tomar remédio, mas nunca se
esquecer do principal a camisinha.
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acho que é algo muito importante na vida de todos, mas tem que ter certos cuidados
bem, sexualidade é algo vivo em todos, existe suas adversidades mais todos
queremos como lidar com isso, não existe falta de informação, existe falta de
vergonha na cara!
assim, tem que usar camisinha, Ir no médico e são essas coisas, você entende?
é um assunto onde trata das relações íntimas entre um homem e uma mulher e
deve ser tratada como um assunto normal e não como um problema
eu entendo tudo aquilo que os professores e os pais falam que não é muita coisa
muitas coisas mais isso eu acho que não devo falar! Prefiro não comentar
sexualidade é uma coisa que todo mundo tem que saber, pois todos nós não
aprendemos isso a qualquer momento
uma forma de se expressar um sentimento que sentimos por alguém
bem, sexualidade para mim é ter conhecimento sobre doso ou quase todos
assuntos referentes a sexo, não só o sexo como também as doenças sexualmente
transmissíveis
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nem tudo é sexo, pra mim sexo é importante, mas nem toda hora, alguns seres
vivos não precisam de outros para se reproduzir
a sexualidade tem sua hora e seus limites
fazer amor
em primeiro lugar para fazer amor, prevenir a saúde usando preservativo
(camisinha)
é o ato de fazer sexo
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eu entendo uma coisa que tem tempo, hora e seus limites
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é a definição de uma coisa muito importante para o futuro que deve ser ensinado
desde criança
não sei muito bem explicar
quase nada
eu entendo que sexualidade é fazer amor com sua parceira e isso é sexualidade
sexualidade é uma coisa íntima, que todos precisa, tem muitos cuidado com as
doenças e é uma coisa que da prazer mas prazer não é se deixar de se cuidar
acho que tem o tempo certo para entender sobre a sexualidade
eu acho que sexual é só depois do casamento
que cada um tem o seu sexo e que não tem diferença se é homem, mulher, gay, …
seja qual for não a discrimininalidade alguma para mim
é uma coisa que tem que ter amor, não alguns que faz por dinheiro
a sexualidade é muito íntimo, tem que fazer com a pessoa certa, na hora certa. E só
com a pessoa que você ama
sexualidade é uma maneira diferente de se falar sobre sexo
que não é tão simples quanto parece, que devemos tomar cuidado, que não é a
hora que quiser, cada hora tem sua coisa que devemos fazer na hora certa
é um caso muito sério porque engravidar uma menina tão cedo vai estragar a vida
da menina
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a sexualidade já tem vários casos que passam na televisão, as meninas começam a
ter relação sexual antes do tempo, a professora falou para ter uma relação nós
temos que usar sempre a camisinha
eu sei que o sexo pode transmitir doenças, engravidar e algumas pessoas tem
relações sexuais só para terem prazer
eu entendo que tem que pensar antes de agir, não é sair transando com todo
mundo, até por causa das doenças e tem que se prevenir
é uma maneira de aumentar a comunidade e ter prazer e relaxar
não muita coisa, apenas que tem que ter responsabilidade de seus atos, se
prevenir, não sair com qualquer um
a sexualidade é se amar, ao próximo, usar camisinha, quem ama cuida, para não
pegar doença, fazer sexo é muito gostoso
saber falar de sexo
para mim, quando pensar em sexo pense também em camisinha para não dar
nenhum tipo de doença, tipo AIDS… quando pensar em sexo, pense na camisinha
sinceramente eu não entendo quase nada
a professora falou que na hora de fazer sexo, devemos usar camisinha para não
pegar doenças e evitar a gravidez
bom, eu entendi muita coisa boa sobre sexo
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entendi que a mulher com o homem faz sexo aí o espermatozóide fecunda o óvulo
da mulher e surge uma vida. Muitos não fazem isso para surgir uma vida, mas
muitos fazem isso por prazer
experiência e inexperiência, amor ou puro prazer, cuidados a serem tomados e
responsabilidade
é você manter relação com alguém
eu acho importante por quem não sabe com as matérias e livro explica
a sexualidade eu entendo que a gente tem que se prevenir com a camisinha porque
pode pegar doenças
entendo que tem que cuidade muito bem porque se uma menina engravida e for
muito nova o bebê pode correr risco de nascer com problema
que é uma coisa importante e que tem que ser na hora certa se não vai ser uma
coisa estranha e não vamos ter entendimento de nada
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a relação sexual deve ser feita com amor e usar camisinha se não a mulher pode
engravidar sem camisinha você pode pegar uma doença como a aids, a mulher
pode ficar grávida, quando o pênis penetra na vagina, o pênis solta o
espermatozóide que penetra no óvulo, assim a mulher fica grávida
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sexualidade é nossa identificação, é o que somos, temos que ter a sexualidade
definida, seja ela heterossexual ou homossexual. Sexo faz parte de nossas vidas, é
muito importante saber sobre você mesmo
é a identidade de cada um
que a sexualidade faz parte de nossas vidas, porque já nascemos com ela em
nossas vidas desde menorzinhos até maiores
sexualidade é a origem da pessoa como ela é e ela está presente nas nossas vidas
desde a nossa origem até os dias de morrermos
é a nossa identidade, e temos que saber o que estamos fazendo, pois temos que
respeitar o nosso corpo e a nossa vida
sexualidade é como a nossa identidade, temos que estar ciente do que fazemos, e
com quem fazemos, pois é um respeito com nosso corpo e com nós mesmos
todos temos que saber sobre sexualidade seja ela qual você escolher, o sexo faz
parte de nossas vidas, não podemos fugir disso?
que é importante para a vida das pessoas, mas com a pessoa certa, com que você
realmente ame seja homem ou mulher
que é bom saber sobre sexualidade, mas também se conter porque vai chegar uma
oportunidade de esclarecer suas dúvidas de saber porque e por quem devemos nos
abrir sobre o assunto, sem constrangemento
sexualidade é uma coisa que cada um deve optar, não devemos se entrometer na
vida dos outros
é normal, pois todo o ser humano tem vontade, é uma coisa normal entre nós!
uma pessoa que se relaciona com a outra intimamente
normal
são duas pessoas que se unem, se penetram e fazem filhos, se não usar camisinha,
eu sou virgem, hehehe
sexo
vida a dois
eu entendo que existem vários métodos de prevenção e que o melhor métodos é
não fazer
saber se prevenir contra doenças, conhecer os métodos contraceptivos
eu entendo que na sexualidade há riscos e benefícios porque para um casal há uma
possibilidade de engravidar e para uns de engravidar ou pegar doenças tipo vírus do
HIV sem saber quem tem
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eu entendo que antes de tudo devemos pensar antes de praticar, e também eu acho
interessante porque quando o assunto é falado com adulto, os jovens levam a sério,
e quando com jovens é tudo sobre malícia
entendo como um ato de amor, carinho e afeto que um sente pelo outro, e acho que
tem que ser feito no momento certo
é uma coisa que cada um faz a hora que quer; mais no meu ponto de vista, sexo só
depois do casamento
como amor e prazer
como um ato de amor e prazer
nossa identificação temos que ser da forma que queremos ser e não que o mundo
julga ser certo
normal
eu sei que precisa muito se preservar. Na minha mente, eu acho que isso tem tudo
a sua hora
eu acho uma que é uma coisa normal que todo mundo faz é uma coisa do ser
humano mais cada um pensa de um feito. O mais importante é se preservar
sei, que devemos nos prevenir, de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis
sei que temos que nos prevenir não só pela gravidez precosse, mas também, pelas
doenças que são transmitidas
sexo é uma forma de amor, prazer, mas temos que nos prevenir contra doenças,
gravidez
um relacionamento íntimo
é normal, pois todo o ser humano tem vontade, é uma coisa normal entre nós!
é bom, alivia a alma e o corpo, e dá fome
é uma relação entre homens e mulheres, quando sente tesão um pelo outro e amor,
desejo e carinho…
é intimidade entre duas pessoas
é uma relação entre duas pessoas, quando um não quer dois não faz.
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