Conversando com os pais E para quem diz que esse assunto “não é papo de criança?” Certamente você já ouviu, ou mesmo disse, que esse assunto “não é papo de criança!”. Pai e mãe, geralmente, acham que seus filhos são sempre pequenos quando o assunto é sexo. Mesmo que os pimpolhos já estejam na adolescência. Eu entendo vocês, só que chega uma hora em que não podemos adiar essa conversa tão importante para o desenvolvimento saudável das crianças, como se “empurrássemos a poeira para debaixo do tapete”. Além disso, uma criança informada terá melhores condições de se proteger. A minha sugestão, de início, é que vocês conversem entre si. Talvez esse seja um bom momento para pai e mãe falarem das suas dificuldades, do que os deixa constrangidos e qual a melhor hora e como começar a conversar sobre sexo com os filhos. Essa conversa do casal certamente vai ajudar – e muito! – na relação dos dois entre si. Conhecendo um pouco mais um ao outro e sabendo o que pensam sobre o assunto, vão saber qual o melhor caminho na educação sexual dos filhos, quando chegar a hora. E também será importante para que os dois tenham o mesmo discurso. Dizer “fala com seu pai” e “sua mãe é que resolve” com certeza não vai contribuir em nada e só dificulta o aprendizado do filho. Quando os dois falam linguagens diferentes, o prejuízo maior será da criança que tem em pai e mãe – ou em quem a cria – uma referência, um modelo importante para o desenvolvimento da personalidade e da sexualidade. Procure ficar mais atento à sexualidade dos filhos e ao que estão perguntando. Esse é um momento importante de aproximação, para estabelecer vínculo e mostrar que, na sua casa, esse assunto pode ser conversado naturalmente. E você saberá o momento certo de iniciar essa conversa. O escritor Guimarães Rosa diz que “mestre não é aquele que sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Esse pensamento aplicado dentro da nossa casa significa que, se essa relação é aberta, os filhos também contribuem satisfatoriamente para o crescimento dos pais. Mas só informar não basta! É fundamental ter uma atitude positiva em relação ao sexo, na qual as crianças, desde pequenas, percebam a sexualidade como algo bonito e prazeroso. Educando desse jeito, os filhos terão maiores chances de crescerem tendo uma vida afetiva e sexual mais tranquila, saudável e sem tabus. Tudo adequado à faixa etária em que eles se encontram, sem antecipar etapas. A gente sabe que a sexualidade mudou muito de uns tempos pra cá. Essas mudanças deixaram muitos pais perdidos, porque eles vêm de uma geração onde tudo era proibido. E agora, tudo pode! Deparam-se com uma liberdade que a cada dia começa mais cedo. Soma-se a esse turbilhão a internet, que aproxima a criança de um mundo que talvez devesse ser apresentado mais tarde. Com isso, muitos ficam na dúvida: - Não permitir nada e não falar sobre o assunto, ou “liberar geral”? Eu acredito que nem uma coisa, nem outra. Pai e mãe devem usar o bom senso. Respeitando seus valores internos e da família, sem se deixar levar apenas porque “aquele educador” falou, ou porque leu num livro e, com isso, ferindo seus sentimentos e princípios. Não precisa ter tanta pressa assim. Numa época de transição como a que estamos vivendo, construir um pensamento sobre os valores sexuais é muito difícil, porque o que é errado num momento pode ser absolutamente normal em outro. Hoje é muito difícil ter um consenso. Até numa mesma família é difícil encontrar todos os membros pensando do mesmo jeito quando o assunto é sexo. Por isso, buscar essa base de valores em casa é fundamental. Acredito numa educação pautada na ética, nos valores, no respeito por si mesmo e pelo outro, no princípio da igualdade entre as pessoas, sem preconceito ou discriminação, que vai caminhar com seu filho a vida toda. ➢