Encefalite límbica por HHV-6 em paciente pós TCPH
alogênico: relato de caso
M.R Schirmer, Lilia R. P. O. Fernandes da Silva, Marta C. Nogueira, Jorge L. R. da Matta, Jacques Kaufnan, Marco A. S. Dantas, Rita C. B. Tavares, Décio Lerner,
Luiz F. S. Bouzas
Centro de Transplante de Medula Óssea (CEMO) - Instituto Nacional de Câncer (INCA), Rio de Janeiro, Brazil
INTRODUÇÃO
O herpesvirus humano 6 (HHV-6) pode permanecer latente mas a imunossupressão do TCPH alogênico favorece a reativação e desenvolvimento de
síndromes clínicas.
OBJETIVO
Apresentar evolução clínica de um caso de encefalite por HHV-6 (vírus herpes humano tipo 6).
MATERIAL E MÉTODOS
Revisão de prontuário, estudo de caso. Identificação de HHV-6 no líquor por amplificação de DNA viral através da técnica da reação em cadeia da
polimerase (PCR).
Paciente com diagnostico de LLA ph + recaida submetido a TCPH nao aparentado de sangue de cordão. Condicionamento TBI + Ciclofosfamida + ATG.
Evoluiu com neutropenia febril tratrada com antibióticos e aspergilose pulmonar (tres nodulos pulmonares associado a galactomana positiva) tratada
inicialmente com voriconazol (início de vorico D+15). Profilaxia DEVH com CSA e Micofenolato. No dia seguinte surgiu exantema concomitante com sinais
de recuperação medular (N = 150/mm3) sendo iniciado no D+18 Metilprednisolona 2 mg/kg na hipotese de DEVH da pele e TGI e G-CSF para acelerar a
recuperação neutrofilica. Evoluiu com dor lombar com necessidade de Fentanil transdérmico. No D+23 recuperação neutrofilica (N = 1304/mm3), melhora
do exantema e diarréia, porem evoluiu com agitação psicomotora e sudorese intensa sendo reduzido SMD 1 mg/Kg, inicado diazepam e suspenso
Fentanil. No dia seguinte apresentava-se com apatia, confusão mental, tremores extremidades, hiperestesia em dorso e hipotermia e mantinha
episódios de sudorese intensa. Colhidas hemoculturas (todas negativas), suspenso ciclosporina e trocado voriconazol por anfotericina em complexo
lipídico (ABCL) para afastar possíveis reações adversas (toxicidade CSA e Vorico). RNM crânio foi pouco significativa, com presença de hemangioma
cerebelar e discreta atrofia cortical . Suspenso diazepam (D+25) devido possível associação com hipotermia. Desmame corticoide devido resolução rash
cutâneo. Mantendo quadro neurologico (D+28) avaliação pela neurologia clínica e prescrito quetiapina (antipsicótico). Realizado EEG que foi normal e
punção lombar (D+ 30) com evidencia de LCR de celularidade e bioquimica normal, mas após 7 dias obtivemos resultado positivo para HHV-6 e negativo
para Herpes simplex e citomegalovirus. Devido permanencia do quadro neurologico D+37 foi suspenso aciclovir e iniciado foscarnet. Apresentando
melhora progressiva do quadro neurologico (ausência hipotermia, melhora da agitação, ainda com periodos de sudorese). Tratado por 21 dias com
foscarnet e 42 dias com ABCL. Paciente recebeu alta para acompanhamento ambulatorial com prednisona 5 mg/dia, com micofenolato e profilaxias
padrão. Recuperou-se sem sequelas ao longo dos 90 dias pós transplante. Mantendo acompanhamento clínico sem defict neurológico, sem reativação de
doença de base, sem imunodepressão intensa 16 meses pós TCPH.
Figura 1. Ressonância nuclear magnética de crânio (T1) sem alterações significativas em paciente com sintomas
neurológicos sugestivos de acometimento do sistema límbico e amplificação de DNA positiva por HHV-6
CONCLUSÃO
HHV-6 deve ser investigada em pacientes com sintomas neurológicos pós TCPH alogênicos, mesmo com poucos sinais na
RNM ou TC cerebral.
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Encefalite límbica por HHV-6 em paciente pós TCPH alogênico