Há 'pacemakers' que podem ser reutilizados sem prejuízo para o doente Publicado às 11.37 O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu, esta quarta-feira, que há pacemakers de "preço muito elevado" que podem ser reutilizados sem qualquer prejuízo para o doente e permitindo poupanças no sistema de saúde. foto MANUEL CORREIA/ARQUIVO JN Bastonário da Ordem dos Médicos "Há pacemakers de preço muito elevado que podem ser perfeitamente 'reesterilizados' e utilizados, embora isso fira as regras europeias, mas parece-nos que há situações em que essas regras foram condicionadas pelas empresas que produzem esses aparelhos", disse à Agência Lusa José Manuel Silva. Para o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), as normas que existem atualmente devem ser reanalisadas sob o ponto de vista científico "sem qualquer influência dos 'players' comercialmente interessados no processo". Falando à Lusa a propósito dadenúncia do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) de tentativas de reutilização de materiais que não são reutilizáveis em serviços como a diálise ou a cardiologia, o bastonário afirmou que "não há nenhuma razão científica" para não se reutilizarem os pacemakers. "Nós vivemos numa era em que transplantamos órgãos e se transplantamos órgãos, transplantamos tecidos, portanto não há nenhuma razão científica para não se poderem transplantar também os aparelhos que são 'reesterilizáveis' como foram esterilizados a primeira vez antes de serem utilizados", defendeu. Para José Manuel Silva, a reutilização dos aparelhos "pode introduzir uma poupança significativa no sistema sem que haja qualquer perda de qualidade e sem riscos para os doentes". "É uma forma de racionalizar custos com base científica", reiterou, sublinhando que este tema "já tem sido afrontado em algumas reuniões de cardiologistas e deve ser considerado pelas autoridades regulamentares". Explicou ainda que nem sequer é necessária terapêutica imunossupressora como se faz no transplante de órgãos. Relativamente às denúncias do SEP, José Manuel Silva afirmou que não tem conhecimento dessas situações. "Não me foram reportadas, o que não quer dizer que não existam situações que possam ultrapassar o limite do cumprimento das regras técnicas para cada uma das situações descritas", adiantou. O bastonário apelou ao SEP para dizer onde estão a acontecer esses casos para que sejam analisados e para "não estigmatizar todas as instituições".