A FORMAÇÃO INICIAL ATRAVÉS DA PESQUISA-AÇÃO: PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE BIOLOGIA E PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS Elizete Santos Balbino Milena Silva Magalhães Lyciane Maria Vasconcelos Lima Wanderson Luã Alves Santos Resumo Atualmente, torna-se cada vez mais complexo acompanhar de forma crítica e reflexiva todas as mudanças que ocorrem na nossa sociedade. Cientes disso, os cursos de licenciaturas têm a difícil missão de buscar meios para formar os futuros professores com as habilidades e condições necessárias para que estes possam refletir e contribuir parauma formaçãodocenteque seja capaz de compreender as mudanças do seu cotidianoo que, consequentemente, poderá ajudar a modificar e/ou melhorar a qualidade da educação básica. Nesse contexto, pensar sobre a inserção da pesquisa-ação, desde a formação inicial nos remete e requer uma reflexão de caráter crítico sobre a práxis de todos os envolvidos no processo de formação docente, ou seja, alunos e seus formadores. Desse modo, ainvestigação em pauta apresenta a seguinte questão norteadora: Como os estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas – Uneal percebem a importância da pesquisa-ação para sua formação acadêmica? Frente à questão colocada essapesquisa, em andamento, tem como objetivo analisar as contribuições da pesquisa-ação para a formação inicial dos estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Uneal, a partir da percepção dos próprios estudantes. Com uma abordagem de natureza eminentemente qualitativa, o estudo foi desenvolvido com a participação de dezesseis estudantes, sendo oito do curso de Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados entrevistas semiestruturadas. No referencial teórico usamos as obras de Brasil (2001), Ghedin; Franco (2008); Franco (2005); Libâneo; Pimenta (1999); Pimenta (2006); Thiollent (2008) dentre outras. Os resultados sinalizaram que os estudantes apesar de não conhecerem profundamente a pesquisa-ação, reconhecem a importância da reflexão sobre a prática que esta pesquisa, entre outros pressupostos, permite. Os dados apontaram ainda, para a necessidade da construção do conhecimento, veiculando desde o início do processo formativo dos alunos, a relação entre a teoria-prática epesquisar-formar. Palavras-Chave: Estudantes. Formação inicial. Pesquisa-ação. Introdução A formação inicial dos professores com ênfase na pesquisa-ação surge nessa pesquisa como consequência das diversas transformações pelas quais a atividade docente vem sofrendo ao longo dos tempos. Com esse entendimento, o estudo apresenta a seguinte questão norteadora: Como os estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas – Uneal percebem a importância da pesquisa-ação para sua formação acadêmica? Frente à questão colocada essa pesquisa, em andamento, tem como objetivo 2 analisar as contribuições da pesquisa-ação para a formação inicial dos estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Uneal, a partir da percepção dos próprios estudantes. No referencial teórico usamos as obras de Brasil (2001), Ghedin; Franco (2008); Franco (2005); Libâneo; Pimenta (1999); Pimenta (2006); Thiollent (2008) dentre outras. Com uma abordagem de natureza eminentemente qualitativa, o estudo foi desenvolvido com a participação de dezesseis estudantes, sendo oito do curso de Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados entrevistas semiestruturadas. Para fundamentar o que estamos propondo, o referido artigo faz algumas reflexões sobre a formação docente e traz para a discussão a pesquisa como elemento essencial na formação dos professores com uma ênfase na inserção da pesquisa-ação na formação inicial desses profissionais. Nos resultados e discussões, ressaltamos quatro temáticas que afloraram na etapa qualitativa desse estudo: o conhecimento teórico e prático, a contribuição e o papel da pesquisa-ação na formação do futuro professor. Na conclusão ficou evidente que os estudantes percebem e reconhecem a importância da pesquisa-ação como um instrumento que pode ajudar a melhorar a prática docente. A formação inicial: algumas reflexões A formação docente é um assunto recorrente no meio acadêmico-científico, apesar disso é um tema que não se esgota e que vem sendo discutido com grande frequência desde o momento em que foi percebida a preocupação e necessidade de um investimento maior na formação do professor, visto que no início o professor teria que apresentar necessariamente métodos religiosos, visando atender a demanda imposta pelas igrejas. Segundo Imbernón (2009, p.11-12): Alguns poderiam argumentar que a preocupação por formar professores, a formação inicial, é muito mais antiga e já vem de séculos. E é verdade, a formação inicial de mestres foi exercida de uma forma ou outra desde a Antiguidade, desde o momento que alguém decidiu que outros educariam seus filhos e alguém teve de se preocupar por fazê-lo. Atualmente, a questão da formação dos professores vem sendo cada vez mais posta em discussão, por considerar que esta deve acompanhar os processos de mudanças 3 que a sociedade globalizada exige como forma de garantir a formação de um novo sujeito capaz de responder aos inúmeros desafios presentes na educação básica. Como consequência dessas mudanças, Libâneo; Pimenta (1999, p.258) salientam que a atividade docente também vem se modificando em decorrência de transformações nas concepções de escola e nas formas de construção do saber, resultando na necessidade de se repensar a intervenção pedagógico-didática na prática escolar. Desse modo, os cursos de licenciaturas vêm sentindo a necessidade de unir a teoria e a prática, considerando que os acadêmicos em sua etapa de formação inicial percebem e reconhecem essa realidade. Sobre isso, Ortega; Ribeiro (2013, p.02) comentam que: “Aliar teoria e prática é importante, ainda que não seja um processo tão simples, fazendo-se necessário que o conhecimento teórico possa ser utilizado em diferentes situações, e que a teoria torne sustentáveis as modificações na prática”. Frente a isso, é necessário que a teoria e a prática estejam interligadas para que o profissional em sua formação, não enfrente tantas dificuldades na sua atuação. Para tanto é necessário que ele vá além dos processos de aprendizagem teórica, buscando novas formas de complementar o seu currículo. Libâneo e Pimenta (1999) destacam ainda, que as modalidades de formação em nosso país e em vários outros já demonstraram historicamente seu esgotamento, então o aprimoramento do processo de formação de professores requer muita ousadia e criatividade para que construam novos e mais promissores modelos educacionais necessários a melhoria de qualidade do ensino no país. Sabemos que, boa parte dos cursos de licenciatura já aproxima os futuros professores da sua realidade escolar a partir, por exemplo, dos vários programas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes que existem com essa finalidade. Assim, a formação inicial vem ganhando com essa aproximação e oferecendo aos futuros professores a possibilidade de colocar as teorias estudadas na prática, deixando de lado a ideia de que durante a formação inicial a prática só acontece com o estágio curricular supervisionado. Assim pensando, a formação inicial deve ser vista como um processo capaz de gerar modificações/transformações, fazendo com que o licenciando e seus formadores adquiram conhecimentos que os levem a refletir sobre a sua prática docente. Libâneo; Pimenta (1999, p. 260-261), consideram que: “As transformações das práticas docentes só se efetivam na medida em que o professor amplia sua consciência 4 sobre a própria prática, a da sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade.” Portanto, vale lembrar que é a partir da formação inicial que podemos refletir sobre novas e urgentes formas de exercer os saberes necessários para o futuro professor e assim poder combater algumas defasagens que permeiam a prática docente. A pesquisa como elemento essencial na formação inicial dos professores A prática docente exige do profissional, bem mais do que os seus conhecimentos, exige ainda, que o mesmo investigue e reflita sobre tal prática, buscando nos problemas os resultados, e tornando-se além de professor, um pesquisador, aprimorando seus conhecimentos, sua prática e construindo dessa forma um perfil mais reflexivo. Entretanto, observamos que nos cursos de licenciatura existe segundo Ortega; Ribeiro (2013, p.02): [...] um grande distanciamento entre a teoria e a prática, situações que os acadêmicos não vivenciam durante a formação inicial, mas que podem se deparar na prática docente. Assim sendo, diante da realidade escolar brasileira, é imprescindível se fazer um trabalho diferenciado de discussões sobre diversos temas que envolvem toda a sociedade, de forma a complementar o currículo de formação de professores e o desempenho desses profissionais nas escolas. Seguindo a linha do pensamento do mesmo autor, estamos diante de um cenário em que a prática da pesquisa destaca-se, propondo-se como uma alternativa capaz de aproximar o universo acadêmico e a realidade escolar, evidenciando com mais coerência as reais necessidades e dificuldades enfrentadas no âmbito educacional, tornando o processo educativo mais eficaz (ORTEGA; RIBEIRO, 2013). Com o interesse de melhorar essa realidade a pesquisa na educação ocupa um lugar de destaque por compreendermos que é através da investigação que o pesquisador/professor redescobre um mundo diferente do que está a sua frente e, consequentemente, passa a refletir e a agir sobre as diversas situações presentes no seu cotidiano. Fica evidente a indiscutível contribuição da perspectiva da reflexão no exercício da docência para a valorização da profissão docente, dos saberes dos professores, do trabalho coletivo destes e das escolas enquanto espaço de formação contínua. Isso porque assinala que o professor pode produzir conhecimento a partir da prática, desde 5 que na investigação reflita intencionalmente sobre ela, problematizando os resultados obtidos com o suporte da teoria. E, portanto, como pesquisador de sua própria prática (PIMENTA, 2006). Sobre isso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica afirma que: A pesquisa (ou investigação) que se desenvolve no âmbito do trabalho de professor refere-se, antes de mais nada, a uma atitude cotidiana de busca de compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus objetos de ensino (BRASIL, 2001, p. 35). Sendo assim, constatamos o quanto é positivo a inserção da pesquisa desde a formação inicial do professor, visando a produção, a construção e a contribuição de novos saberes para a sua prática docente. Sem a pesquisa o trabalho docente fica seriamente comprometido, uma vez que é através da pesquisa que encontramos o caminho promissor para criar uma nova postura frente ao grande desafio da busca pelo conhecimento. A pesquisa-ação na educação A necessidade da transformação que surge por meio da investigação não é algo novo e nem uma prática desconhecida, porém somente em 1946, com os trabalhos de Kurt Lewin, foi possível reconhecer como um método de pesquisa, a pesquisa-ação. Se tratando de uma prática já existente e antiga, ao certo não se sabe o inventor, por isso muitos atribuem ao Lewin esse mérito. A pesquisa-ação é o ato de investigar empiricamente uma realidade ou situação e de acordo com os resultados planejar e promover uma ação em cima dela. Para Xavier (2014, p. 47), a pesquisa-ação “é aquela em que o pesquisador faz intervenções diretas na realidade social que se apresenta com algum problema. Ele interage de forma intensa com os sujeitos pesquisador e com a realidade que o cerca.’’ Para a pesquisa-ação, se supõe uma ação esquematizada de maneira ampla. A sua aplicação como forma metodológica autoriza os envolvidos a investigar suas práticas de forma crítica e reflexiva. Baldissera (2001, p. 7) afirma que, a pesquisa-ação como método agrega várias técnicas de pesquisa social. Utiliza-se de técnicas de coleta e interpretação dos dados, de intervenção na solução de problemas e organização de ações, bem como de técnicas e 6 dinâmicas de grupo para trabalhar com a dimensão coletiva e interativa na produção do conhecimento e programação da ação coletiva. Pesquisa-ação é um termo que hoje é utilizado em vários campos de pesquisa, em âmbitos diversos, como aplicações em áreas que envolvendo várias áreas como a saúde, educação e outras. Para Thiollent (2008, p.20): A pesquisa ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. É considerado um método de pesquisa que vem se destacando por sua forma participativa, reflexiva e ativa que, além disso, promove uma intervenção em cima de problemas que foram identificados e/ou pontuados durante a investigação. Sendo a pesquisa-ação um tipo de investigação-ação, ela compõe um ciclo básico de quatro fazes, que são: planejar, agir, monitorar e avaliar (TRIPP, 2005). Esse ciclo faz atingir uma maior reflexão, exercendo pontos que se quer chegar de forma clara e objetivada onde as ações são realizadas compartilhadas, discutida e redirecionadas a todos através de diálogo e combinações que motivem um saber comum todos os envolvidos do campo pesquisado. Notamos que a grande diferença entre a pesquisa-ação e os outros tipos de pesquisa é seu papel transformador, pois não existe outro tipo de pesquisa que além da observação e investigação, possibilitando uma promoção de forma deliberada de uma intervenção no problema e, ainda, faça uma transformação. Essa característica é uma prerrogativa da pesquisa-ação. Prestes (2014, p. 29) diz que “[...] Ela busca resolver e/ou esclarecer a problemática observada, não ficando em nível de simples ativismo, mas objetivando aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o nível de consciência dos pesquisados”. Diferentemente dos outros tipos de pesquisa, a pesquisa-ação permite o conhecimento da realidade investigada, determina a reflexão e posteriormente uma ação na situação alvo do problema. Ghedin; Franco (2008, p. 141) reforça que esse conhecimento da realidade se apresenta como: [...] resultado de uma reflexão sistemática, rigorosa e de conjunto acerca da própria prática, de sua construção, atinge o sujeito, diretamente, no mais intimo de seu ser. Pelo conhecimento ele se deixa envolver, distancia-se da realidade justamente para poder compreendê-la em sua significação mais profunda, pois ela o toca em 7 todos os níveis. O real, quando objetivo sistemático de estudo atinge intimamente e questiona radicalmente os preconceitos oriundos de um fazer-ser sobre o qual não se refletiu. O conhecimento torna-se algo produzido de forma refletida, analisada, permitindo ao pesquisador poder mudar a realidade investigada, adquirindo e produzindo novos conhecimentos. A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos. (TRIPP, 2005). Com a pesquisa-ação os envolvidos são estimulados a participar e se envolver nos seus métodos, e simultaneamente vai encontrar neles uma disparidade de respostas que até então eram emitidas por terceiros de forma pronta e acabada. Assim, na pesquisa-ação o individuo é criador do seu próprio conhecimento e lança os mesmos de forma coletiva e abrangente. Por fim, a pesquisa-ação aplicada à educação tem por objetivo levar o educando e o próprio educador a descobrir novos meios, a mudar conceitos prévios, lançar os olhos ao vasto campo de possibilidades e, principalmente, aos desafios que devem ser enfrentados para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça da melhor forma possível. Procedimentos metodológicos O estudo se propõe a investigar a formação inicial através da pesquisa-ação na percepção dos estudantes dos cursos de biologia e pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas e para isso escolhemos fazer uma investigação de natureza eminentemente qualitativa. A escolha pela abordagem qualitativa foi motivada pelo fato dessa abordagem ter como foco de estudo o processo vivenciado pelos sujeitos. Assim, as investigações qualitativas crescem em número, como um modo de produção de conhecimento capaz de responder à necessidade de compreender emprofundidade alguns fenômenos da prática que se deseja investigar. (QUEIROZ et al, 2007). Participaram desse estudo dezesseis estudantes, sendo oito do curso de Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados entrevistas semiestruturadas, por acreditarmos segundo Marconi; Lakatos 8 (2010) que a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. Na análise dos dados, as informações coletadas foram organizadas de forma a nos permitir entender a percepção dos estudantes sujeitos dessa pesquisa e, assim, elegemos alguns eixos que serviram de base para uma compreensão da temática proposta. Resultados e discussões Com as entrevistas destacamos quatro temáticas importantes, a saber: O conhecimento acerca da pesquisa-ação; o uso da pesquisa-ação na formação inicial; a contribuição da pesquisa-ação para a formação inicial do professor e o papel da pesquisa-ação. Com base nas temáticas elencadas podemos compreender a percepção dos participantes acerca da presença da pesquisa-ação na formação inicial dos professores. Na primeira temática, que versou sobre o conhecimento acerca da pesquisa-ação a maioria dos estudantes demonstraram que sabiam sobre esse tipo de pesquisa. Destacamos as seguintes falas: [...] a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa que é essencial para a estimulação da observação do ambiente e que através dela é possível analisar e observar o ambiente em que a pessoa está inserida e poder assim, intervir na realidade [...] (LAURA, 2014). A pesquisa-ação [...] é ir em busca de algum problema, depois você voltar com a ação para melhorar aquilo que você diagnosticou anteriormente com a pesquisa (ALINE, 2014). É um tipo de pesquisa que envolve a investigação e também a ação, após a investigação você vai ter que procurar um método de solução do problema investigado (ROBERTO, 2014). Os depoimentos descritos corroboram com Engel (2000) quando ele afirma que a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática. É, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. A pesquisa-ação é situacional, pois procura diagnosticar um problema específico numa situação também específica, com o fim de atingir uma relevância prática dos resultados. 9 Na segunda temática, o uso da pesquisa-ação na formação inicial, os entrevistados colocaram aqui as suas percepções: Não, já usei a pesquisa participativa na qual eu estudando percebi que tinha um pouco de pesquisa-ação, porque nessa pesquisa participativa que eu fiz interagi diretamente com eles e quando obtive os resultados criei intervenções para trabalhar com os alunos (MARIANA, 2014). Sim, num projeto de extensão. Primeiro a gente fez um levantamento na área da educação sobre o uso dos laboratórios de ciências no ensino de biologia, como esse laboratório estava sendo usado e depois a partir desse projeto [...] desenvolvemos uma ação [...]e o laboratório foi reativado (ALINE, 2014). Sim, em um trabalho onde tivemos que fazer uma pesquisa na escola sobre como andava o desenvolvimento dos alunos e as condições físicas e estruturais da mesma (REBECA, 2014). Nesse aspecto, percebemos que poucos estudantes usaram a pesquisa-ação no seu processo formativo, entretanto os que já utilizaram compreendem o objetivo dessa modalidade de pesquisa. Vários autores defendem a compreensão de que o professor formador e seus alunos devem assumir a postura crítica e não apenas de reproduzir conhecimentos, como também buscar entender e colocar em prática o que aprende na sala de aula. Essa compreensão é importante, uma vez que segundo Pimenta; Lima (2005) A profissão docente é uma prática social, ou seja, como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação que ocorre, não só, mas essencialmente nas instituições de ensino. Em seguida, foi questionado aos estudantes sobre a contribuição da pesquisaação para a formação inicial do professor e as respostas foram as seguintes: [...] analisar um problema na sala de aula e a partir da pesquisa-ação, promover alguma coisa para que haja uma solução ou melhoria nesse problema [...] (JULIA, 2014). A pesquisa-ação auxilia o professor a buscar novas metodologias e também a olhar diferente a sala de aula, os problemas existentes para poder solucionar com a ajuda da gestão e dos outros professores também (LUANA, 2014). [...] a ação reflexiva, a pesquisa-ação age justamente nessa ação, por que através dela o professor vai ter o potencial de ser um pesquisador, não somente um docente, ele vai atuar na pesquisa e assim articular a sua teoria vivenciada na sala de aula a prática que ele está vivenciando no trabalho (LAURA). 10 A pesquisa-ação tem o potencial de contribuir fundamentalmente para o refazer da escola como instituição, melhorando suas relações com a comunidade e promovendo uma educação de alta qualidade para todas as crianças, jovens e adultos. Por isso, defendemos a legitimidade e a importância de os professores e os formadores de professores controlarem suas próprias práticas em vez de os políticos, os profissionais de gestão escolar e educacional e os administradores externos fazerem isso (ZEICHENER; DINIZ-PEREIRA, 2005). Na última temática abordada nos referimos ao papel da pesquisa-ação na formação do professor e os estudantes colocaram o seguinte: Eu acredito que o papel da pesquisa-ação é justamente dar possibilidades ao professor para que ele tenha uma prática mais consciente, reflexiva e avaliativa. Além do professor construir essa prática mais reflexiva ela vai estar ajudando para melhorar os resultados no contexto pesquisado (MARIANA, 2014). A pesquisa-ação vem com parceria para o professor para que ele não fique em sala de aula só falando ou chegue com material pronto, mas que o professor traga os alunos para construir com ele (LARISSA, 2014). [...] desenvolver métodos que auxiliam nos problemas que às vezes são básicos e que nós não investigamos, não damos tanta atenção e as vezes são desprezamos (PAULO, 2014). Como se percebe, as ações elencadas pressupõem o que já reafirmamos, ou seja, as ações do pesquisador devem caminhar dentro de um paradigma de ação comunicativa, com foco na garantia de espaço de expressão e participação aos práticos e foco também na garantia da intencionalidade de uma pesquisa-ação (FRANCO, 2005). Assim, ainda, de acordo com Franco (2005, p.19): “[...] a pesquisa-ação pode e deve funcionar como uma metodologia de pesquisa, pedagogicamente estruturada, possibilitando tanto a produção de conhecimentos novos para a área da educação, como também formando sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos.” Conclusão Apesar das inúmeras pesquisas publicadas sobre a formação docente e sua relação com a pesquisa, esse assunto ainda se constitui um tema relevante e, principalmente, se falamos sobre a inserção da pesquisa-ação na formação inicial dos professores. 11 Ao considerar o que foi exposto até o momento através da literatura consultada e dos depoimentos colhidos, nas entrevistas realizadas, podemos dizer que a pesquisaação de uma forma geral é compreendida pela maioria dos estudantes entrevistados. Entretanto, ficou evidente a necessidade de um aprofundamento maior e de utilização desse tipo de pesquisa desde o inicio do processo formativo dos professores. Essa constatação advém do caráter prático e reflexivo que a pesquisa-ação impõe aos pesquisadores/professores que fazem opção por trabalhar e/ou estudar com uma modalidade de pesquisa que tem como um dos seus princípios a preocupação de investigar a realidade do seu cotidiano e com isso o professor terá condições de melhor intervir e melhorar a sua práxis. Referências BALDISSERA, A. Pesquisa-ação: uma metodologia do “conhecer” e do “agir” coletivo. Sociedade em debate. Pelotas, v.7, p. 5-25, 2001. Disponível em: < www.rle.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/download/570/510 >. Acesso em: 16 de set de 2014, 20:25:20. BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Conselho Nacional de Educação. Ministério da Educação: Brasília, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf>. Acesso em: 10 de out 2014, 10:34:15. ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Educar, Curitiba: Editora da UFPR, n.16, 2000, p. 181191. Disponível em <http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_16/irineu_engel.pdf> Acesso em: 04 de Out 2014, 16:27:10. FRANCO, M. A. S. Pedagogia da Pesquisa-Ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez. 2005. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf> Acesso em: 02 de Out de 2014, 14:17:13. GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. Questões de métodos na construção da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez Editora, 2008. IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências, São Paulo: Cortez, 2009. LIBÂNEO, J. C.; PIMENTA, S.G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Revista Educação & Sociedade, ano XX, nº 68, Dezembro/99. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/es/v20n68/a13v2068.pdf>. Acesso em 04 de out. 2014, 20:45:09. 12 MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010. ORTEGA, J. M.; RIBEIRO, E.S.Aprática da pesquisa na formação docente: O que pensam os professores do curso de licenciatura em Matemática do Campus da UNIR/JIPARANÁ. Disponível em: <http://sbem.esquiro.kinghost.net>. Acesso em: 04 de out de 2014, 14:15:06. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis -Volume 3, Números 3 e 4, pp.5-24, 2005/2006. Disponível em: <http://www.cead.ufla.br/sisgap/cadSelecao/editais/outros/Estagio%20e%20docencia:% 20diferentes%20concepcoesEdital062013_2.pdf>. Acesso em: 10 de out 2014, 16:10:09. PIMENTA, S. G. Pesquisa-ação crítico-colaborativa: construindo seu significado a partir das experiências na formação e na atuação docente. PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. (Orgs.). Pesquisa em educação: alternativas investigativas com objetos complexos. São Paulo: Edições Loyola, 2006. PRESTES, M. L. de M. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 4. ed. São Paulo: Réspel, 2014. QUEIROZ, D. T. et al. Observação Participante na Pesquisa Qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. Revista Enferm UERJ, Rio de Janeiro, abr./jun. 2007. Disponível em: <http://www.facenf.uerj.br/v15n2/v15n2a19.pdf> Acesso em: 05 de out de 2014, 10:28:13. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 18.ed. São Paulo: Cortez Editora, 2008. TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e pesquisa, São Paulo, v.31, n.3, set/dez, 2005, p.443-466. . Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.pdf>. Acesso em: 14. de out. 2014, 14:10:02. XAVIER, A. C. Como fazer e apresentar trabalhos científicos em eventos acadêmicos: ciências humanas e sociais aplicadas: Artigo, resumo, resenha, monografia, tese, dissertação, TCC, projeto, slide. Recife: Editora Réspel, 2014. ZEICHNER, K. M.; PEREIRA, J. E. D. Pesquisa dos educadores e Formação Docente voltada para a transformação social. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, p. 63-80, maio/ago. 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n125/a0535125.pdf> Acesso em: 08 de Out de 2014, 11:15:14.