A FORMAÇÃO INICIAL ATRAVÉS DA PESQUISA-AÇÃO: PERCEPÇÕES DOS
ESTUDANTES DOS CURSOS DE BIOLOGIA E PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE ALAGOAS
Elizete Santos Balbino
Milena Silva Magalhães
Lyciane Maria Vasconcelos Lima
Wanderson Luã Alves Santos
Resumo
Atualmente, torna-se cada vez mais complexo acompanhar de forma crítica e reflexiva todas as
mudanças que ocorrem na nossa sociedade. Cientes disso, os cursos de licenciaturas têm a
difícil missão de buscar meios para formar os futuros professores com as habilidades e
condições necessárias para que estes possam refletir e contribuir parauma formaçãodocenteque
seja capaz de compreender as mudanças do seu cotidianoo que, consequentemente, poderá
ajudar a modificar e/ou melhorar a qualidade da educação básica. Nesse contexto, pensar sobre
a inserção da pesquisa-ação, desde a formação inicial nos remete e requer uma reflexão de
caráter crítico sobre a práxis de todos os envolvidos no processo de formação docente, ou seja,
alunos e seus formadores. Desse modo, ainvestigação em pauta apresenta a seguinte questão
norteadora: Como os estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Universidade Estadual
de Alagoas – Uneal percebem a importância da pesquisa-ação para sua formação acadêmica?
Frente à questão colocada essapesquisa, em andamento, tem como objetivo analisar as
contribuições da pesquisa-ação para a formação inicial dos estudantes dos cursos de Biologia e
Pedagogia da Uneal, a partir da percepção dos próprios estudantes. Com uma abordagem de
natureza eminentemente qualitativa, o estudo foi desenvolvido com a participação de dezesseis
estudantes, sendo oito do curso de Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos
de coleta de dados foram utilizados entrevistas semiestruturadas. No referencial teórico usamos
as obras de Brasil (2001), Ghedin; Franco (2008); Franco (2005); Libâneo; Pimenta (1999);
Pimenta (2006); Thiollent (2008) dentre outras. Os resultados sinalizaram que os estudantes
apesar de não conhecerem profundamente a pesquisa-ação, reconhecem a importância da
reflexão sobre a prática que esta pesquisa, entre outros pressupostos, permite. Os dados
apontaram ainda, para a necessidade da construção do conhecimento, veiculando desde o início
do processo formativo dos alunos, a relação entre a teoria-prática epesquisar-formar.
Palavras-Chave: Estudantes. Formação inicial. Pesquisa-ação.
Introdução
A formação inicial dos professores com ênfase na pesquisa-ação surge nessa
pesquisa como consequência das diversas transformações pelas quais a atividade
docente vem sofrendo ao longo dos tempos.
Com esse entendimento, o estudo apresenta a seguinte questão norteadora:
Como os estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Universidade Estadual de
Alagoas – Uneal percebem a importância da pesquisa-ação para sua formação
acadêmica? Frente à questão colocada essa pesquisa, em andamento, tem como objetivo
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analisar as contribuições da pesquisa-ação para a formação inicial dos estudantes dos
cursos de Biologia e Pedagogia da Uneal, a partir da percepção dos próprios estudantes.
No referencial teórico usamos as obras de Brasil (2001), Ghedin; Franco (2008);
Franco (2005); Libâneo; Pimenta (1999); Pimenta (2006); Thiollent (2008) dentre
outras.
Com uma abordagem de natureza eminentemente qualitativa, o estudo foi
desenvolvido com a participação de dezesseis estudantes, sendo oito do curso de
Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos de coleta de dados foram
utilizados entrevistas semiestruturadas.
Para fundamentar o que estamos propondo, o referido artigo faz algumas
reflexões sobre a formação docente e traz para a discussão a pesquisa como elemento
essencial na formação dos professores com uma ênfase na inserção da pesquisa-ação na
formação inicial desses profissionais. Nos resultados e discussões, ressaltamos quatro
temáticas que afloraram na etapa qualitativa desse estudo: o conhecimento teórico e
prático, a contribuição e o papel da pesquisa-ação na formação do futuro professor. Na
conclusão ficou evidente que os estudantes percebem e reconhecem a importância da
pesquisa-ação como um instrumento que pode ajudar a melhorar a prática docente.
A formação inicial: algumas reflexões
A formação docente é um assunto recorrente no meio acadêmico-científico,
apesar disso é um tema que não se esgota e que vem sendo discutido com grande
frequência desde o momento em que foi percebida a preocupação e necessidade de um
investimento maior na formação do professor, visto que no início o professor teria que
apresentar necessariamente métodos religiosos, visando atender a demanda imposta
pelas igrejas.
Segundo Imbernón (2009, p.11-12):
Alguns poderiam argumentar que a preocupação por formar
professores, a formação inicial, é muito mais antiga e já vem de
séculos. E é verdade, a formação inicial de mestres foi exercida de
uma forma ou outra desde a Antiguidade, desde o momento que
alguém decidiu que outros educariam seus filhos e alguém teve de se
preocupar por fazê-lo.
Atualmente, a questão da formação dos professores vem sendo cada vez mais
posta em discussão, por considerar que esta deve acompanhar os processos de mudanças
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que a sociedade globalizada exige como forma de garantir a formação de um novo
sujeito capaz de responder aos inúmeros desafios presentes na educação básica.
Como consequência dessas mudanças, Libâneo; Pimenta (1999, p.258) salientam
que a atividade docente também vem se modificando em decorrência de transformações
nas concepções de escola e nas formas de construção do saber, resultando na
necessidade de se repensar a intervenção pedagógico-didática na prática escolar.
Desse modo, os cursos de licenciaturas vêm sentindo a necessidade de unir a
teoria e a prática, considerando que os acadêmicos em sua etapa de formação inicial
percebem e reconhecem essa realidade. Sobre isso, Ortega; Ribeiro (2013, p.02)
comentam que: “Aliar teoria e prática é importante, ainda que não seja um processo tão
simples, fazendo-se necessário que o conhecimento teórico possa ser utilizado em
diferentes situações, e que a teoria torne sustentáveis as modificações na prática”.
Frente a isso, é necessário que a teoria e a prática estejam interligadas para que o
profissional em sua formação, não enfrente tantas dificuldades na sua atuação. Para
tanto é necessário que ele vá além dos processos de aprendizagem teórica, buscando
novas formas de complementar o seu currículo.
Libâneo e Pimenta (1999) destacam ainda, que as modalidades de formação em
nosso país e em vários outros já demonstraram historicamente seu esgotamento, então o
aprimoramento do processo de formação de professores requer muita ousadia e
criatividade para que construam novos e mais promissores modelos educacionais
necessários a melhoria de qualidade do ensino no país.
Sabemos que, boa parte dos cursos de licenciatura já aproxima os futuros
professores da sua realidade escolar a partir, por exemplo, dos vários programas da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes que existem
com essa finalidade. Assim, a formação inicial vem ganhando com essa aproximação e
oferecendo aos futuros professores a possibilidade de colocar as teorias estudadas na
prática, deixando de lado a ideia de que durante a formação inicial a prática só acontece
com o estágio curricular supervisionado.
Assim pensando, a formação inicial deve ser vista como um processo capaz de
gerar modificações/transformações, fazendo com que o licenciando e seus formadores
adquiram conhecimentos que os levem a refletir sobre a sua prática docente.
Libâneo; Pimenta (1999, p. 260-261), consideram que: “As transformações das
práticas docentes só se efetivam na medida em que o professor amplia sua consciência
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sobre a própria prática, a da sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe
conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade.”
Portanto, vale lembrar que é a partir da formação inicial que podemos refletir
sobre novas e urgentes formas de exercer os saberes necessários para o futuro professor
e assim poder combater algumas defasagens que permeiam a prática docente.
A pesquisa como elemento essencial na formação inicial dos professores
A prática docente exige do profissional, bem mais do que os seus
conhecimentos, exige ainda, que o mesmo investigue e reflita sobre tal prática,
buscando nos problemas os resultados, e tornando-se além de professor, um
pesquisador, aprimorando seus conhecimentos, sua prática e construindo dessa forma
um perfil mais reflexivo.
Entretanto, observamos que nos cursos de licenciatura existe segundo Ortega;
Ribeiro (2013, p.02):
[...] um grande distanciamento entre a teoria e a prática, situações que
os acadêmicos não vivenciam durante a formação inicial, mas que
podem se deparar na prática docente. Assim sendo, diante da realidade
escolar brasileira, é imprescindível se fazer um trabalho diferenciado
de discussões sobre diversos temas que envolvem toda a sociedade, de
forma a complementar o currículo de formação de professores e o
desempenho desses profissionais nas escolas.
Seguindo a linha do pensamento do mesmo autor, estamos diante de um cenário
em que a prática da pesquisa destaca-se, propondo-se como uma alternativa capaz de
aproximar o universo acadêmico e a realidade escolar, evidenciando com mais
coerência as reais necessidades e dificuldades enfrentadas no âmbito educacional,
tornando o processo educativo mais eficaz (ORTEGA; RIBEIRO, 2013).
Com o interesse de melhorar essa realidade a pesquisa na educação ocupa um
lugar de destaque por compreendermos que é através da investigação que o
pesquisador/professor redescobre um mundo diferente do que está a sua frente e,
consequentemente, passa a refletir e a agir sobre as diversas situações presentes no seu
cotidiano.
Fica evidente a indiscutível contribuição da perspectiva da reflexão no exercício
da docência para a valorização da profissão docente, dos saberes dos professores, do
trabalho coletivo destes e das escolas enquanto espaço de formação contínua. Isso
porque assinala que o professor pode produzir conhecimento a partir da prática, desde
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que na investigação reflita intencionalmente sobre ela, problematizando os resultados
obtidos com o suporte da teoria. E, portanto, como pesquisador de sua própria prática
(PIMENTA, 2006).
Sobre isso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores
da Educação Básica afirma que:
A pesquisa (ou investigação) que se desenvolve no âmbito do trabalho
de professor refere-se, antes de mais nada, a uma atitude cotidiana de
busca de compreensão dos processos de aprendizagem e
desenvolvimento de seus alunos e à autonomia na interpretação da
realidade e dos conhecimentos que constituem seus objetos de ensino
(BRASIL, 2001, p. 35).
Sendo assim, constatamos o quanto é positivo a inserção da pesquisa desde a
formação inicial do professor, visando a produção, a construção e a contribuição de
novos saberes para a sua prática docente. Sem a pesquisa o trabalho docente fica
seriamente comprometido, uma vez que é através da pesquisa que encontramos o
caminho promissor para criar uma nova postura frente ao grande desafio da busca pelo
conhecimento.
A pesquisa-ação na educação
A necessidade da transformação que surge por meio da investigação não é algo
novo e nem uma prática desconhecida, porém somente em 1946, com os trabalhos de
Kurt Lewin, foi possível reconhecer como um método de pesquisa, a pesquisa-ação. Se
tratando de uma prática já existente e antiga, ao certo não se sabe o inventor, por isso
muitos atribuem ao Lewin esse mérito.
A pesquisa-ação é o ato de investigar empiricamente uma realidade ou situação e
de acordo com os resultados planejar e promover uma ação em cima dela. Para Xavier
(2014, p. 47), a pesquisa-ação “é aquela em que o pesquisador faz intervenções diretas
na realidade social que se apresenta com algum problema. Ele interage de forma intensa
com os sujeitos pesquisador e com a realidade que o cerca.’’
Para a pesquisa-ação, se supõe uma ação esquematizada de maneira ampla. A
sua aplicação como forma metodológica autoriza os envolvidos a investigar suas
práticas de forma crítica e reflexiva.
Baldissera (2001, p. 7) afirma que, a pesquisa-ação como método agrega várias
técnicas de pesquisa social. Utiliza-se de técnicas de coleta e interpretação dos dados, de
intervenção na solução de problemas e organização de ações, bem como de técnicas e
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dinâmicas de grupo para trabalhar com a dimensão coletiva e interativa na produção do
conhecimento e programação da ação coletiva.
Pesquisa-ação é um termo que hoje é utilizado em vários campos de pesquisa,
em âmbitos diversos, como aplicações em áreas que envolvendo várias áreas como a
saúde, educação e outras. Para Thiollent (2008, p.20):
A pesquisa ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
É considerado um método de pesquisa que vem se destacando por sua forma
participativa, reflexiva e ativa que, além disso, promove uma intervenção em cima de
problemas que foram identificados e/ou pontuados durante a investigação.
Sendo a pesquisa-ação um tipo de investigação-ação, ela compõe um ciclo
básico de quatro fazes, que são: planejar, agir, monitorar e avaliar (TRIPP, 2005). Esse
ciclo faz atingir uma maior reflexão, exercendo pontos que se quer chegar de forma
clara e objetivada onde as ações são realizadas compartilhadas, discutida e
redirecionadas a todos através de diálogo e combinações que motivem um saber comum
todos os envolvidos do campo pesquisado.
Notamos que a grande diferença entre a pesquisa-ação e os outros tipos de
pesquisa é seu papel transformador, pois não existe outro tipo de pesquisa que além da
observação e investigação, possibilitando uma promoção de forma deliberada de uma
intervenção no problema e, ainda, faça uma transformação. Essa característica é uma
prerrogativa da pesquisa-ação.
Prestes (2014, p. 29) diz que “[...] Ela busca resolver e/ou esclarecer a
problemática observada, não ficando em nível de simples ativismo, mas objetivando
aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o nível de consciência dos pesquisados”.
Diferentemente dos outros tipos de pesquisa, a pesquisa-ação permite o
conhecimento da realidade investigada, determina a reflexão e posteriormente uma ação
na situação alvo do problema. Ghedin; Franco (2008, p. 141) reforça que esse
conhecimento da realidade se apresenta como:
[...] resultado de uma reflexão sistemática, rigorosa e de conjunto
acerca da própria prática, de sua construção, atinge o sujeito,
diretamente, no mais intimo de seu ser. Pelo conhecimento ele se
deixa envolver, distancia-se da realidade justamente para poder
compreendê-la em sua significação mais profunda, pois ela o toca em
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todos os níveis. O real, quando objetivo sistemático de estudo atinge
intimamente e questiona radicalmente os preconceitos oriundos de um
fazer-ser sobre o qual não se refletiu.
O conhecimento torna-se algo produzido de forma refletida, analisada,
permitindo ao pesquisador poder mudar a realidade investigada, adquirindo e
produzindo novos conhecimentos.
A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o
desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas
pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos.
(TRIPP, 2005).
Com a pesquisa-ação os envolvidos são estimulados a participar e se envolver
nos seus métodos, e simultaneamente vai encontrar neles uma disparidade de respostas
que até então eram emitidas por terceiros de forma pronta e acabada. Assim, na
pesquisa-ação o individuo é criador do seu próprio conhecimento e lança os mesmos de
forma coletiva e abrangente.
Por fim, a pesquisa-ação aplicada à educação tem por objetivo levar o educando
e o próprio educador a descobrir novos meios, a mudar conceitos prévios, lançar os
olhos ao vasto campo de possibilidades e, principalmente, aos desafios que devem ser
enfrentados para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça da melhor forma
possível.
Procedimentos metodológicos
O estudo se propõe a investigar a formação inicial através da pesquisa-ação na
percepção dos estudantes dos cursos de biologia e pedagogia da Universidade Estadual
de Alagoas e para isso escolhemos fazer uma investigação de natureza eminentemente
qualitativa.
A escolha pela abordagem qualitativa foi motivada pelo fato dessa abordagem
ter como foco de estudo o processo vivenciado pelos sujeitos. Assim, as investigações
qualitativas crescem em número, como um modo de produção de conhecimento capaz
de responder à necessidade de compreender emprofundidade alguns fenômenos da
prática que se deseja investigar. (QUEIROZ et al, 2007).
Participaram desse estudo dezesseis estudantes, sendo oito do curso de
Biologia e oito do curso de Pedagogia. Como instrumentos de coleta de dados foram
utilizados entrevistas semiestruturadas, por acreditarmos segundo Marconi; Lakatos
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(2010) que a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas
obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional.
Na análise dos dados, as informações coletadas foram organizadas de forma a
nos permitir entender a percepção dos estudantes sujeitos dessa pesquisa e, assim,
elegemos alguns eixos que serviram de base para uma compreensão da temática
proposta.
Resultados e discussões
Com as entrevistas destacamos quatro temáticas importantes, a saber: O
conhecimento acerca da pesquisa-ação; o uso da pesquisa-ação na formação inicial; a
contribuição da pesquisa-ação para a formação inicial do professor e o papel da
pesquisa-ação. Com base nas temáticas elencadas podemos compreender a percepção
dos participantes acerca da presença da pesquisa-ação na formação inicial dos
professores.
Na primeira temática, que versou sobre o conhecimento acerca da pesquisa-ação
a maioria dos estudantes demonstraram que sabiam sobre esse tipo de pesquisa.
Destacamos as seguintes falas:
[...] a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa que é essencial para a
estimulação da observação do ambiente e que através dela é possível
analisar e observar o ambiente em que a pessoa está inserida e poder
assim, intervir na realidade [...] (LAURA, 2014).
A pesquisa-ação [...] é ir em busca de algum problema, depois você
voltar com a ação para melhorar aquilo que você diagnosticou
anteriormente com a pesquisa (ALINE, 2014).
É um tipo de pesquisa que envolve a investigação e também a ação,
após a investigação você vai ter que procurar um método de solução
do problema investigado (ROBERTO, 2014).
Os depoimentos descritos corroboram com Engel (2000) quando ele afirma que
a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o
conhecimento e a compreensão como parte da prática. É, portanto, uma maneira de se
fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja
melhorar a compreensão desta. A pesquisa-ação é situacional, pois procura diagnosticar
um problema específico numa situação também específica, com o fim de atingir uma
relevância prática dos resultados.
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Na segunda temática, o uso da pesquisa-ação na formação inicial, os
entrevistados colocaram aqui as suas percepções:
Não, já usei a pesquisa participativa na qual eu estudando percebi que
tinha um pouco de pesquisa-ação, porque nessa pesquisa participativa
que eu fiz interagi diretamente com eles e quando obtive os resultados
criei intervenções para trabalhar com os alunos (MARIANA, 2014).
Sim, num projeto de extensão. Primeiro a gente fez um levantamento
na área da educação sobre o uso dos laboratórios de ciências no ensino
de biologia, como esse laboratório estava sendo usado e depois a partir
desse projeto [...] desenvolvemos uma ação [...]e o laboratório foi
reativado (ALINE, 2014).
Sim, em um trabalho onde tivemos que fazer uma pesquisa na escola
sobre como andava o desenvolvimento dos alunos e as condições
físicas e estruturais da mesma (REBECA, 2014).
Nesse aspecto, percebemos que poucos estudantes usaram a pesquisa-ação no
seu processo formativo, entretanto os que já utilizaram compreendem o objetivo dessa
modalidade de pesquisa.
Vários autores defendem a compreensão de que o professor formador e seus
alunos devem assumir a postura crítica e não apenas de reproduzir conhecimentos,
como também buscar entender e colocar em prática o que aprende na sala de aula.
Essa compreensão é importante, uma vez que segundo Pimenta; Lima (2005) A
profissão docente é uma prática social, ou seja, como tantas outras, é uma forma de se
intervir na realidade social, no caso, por meio da educação que ocorre, não só, mas
essencialmente nas instituições de ensino.
Em seguida, foi questionado aos estudantes sobre a contribuição da pesquisaação para a formação inicial do professor e as respostas foram as seguintes:
[...] analisar um problema na sala de aula e a partir da pesquisa-ação,
promover alguma coisa para que haja uma solução ou melhoria nesse
problema [...] (JULIA, 2014).
A pesquisa-ação auxilia o professor a buscar novas metodologias e
também a olhar diferente a sala de aula, os problemas existentes para
poder solucionar com a ajuda da gestão e dos outros professores
também (LUANA, 2014).
[...] a ação reflexiva, a pesquisa-ação age justamente nessa ação, por
que através dela o professor vai ter o potencial de ser um pesquisador,
não somente um docente, ele vai atuar na pesquisa e assim articular a
sua teoria vivenciada na sala de aula a prática que ele está vivenciando
no trabalho (LAURA).
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A pesquisa-ação tem o potencial de contribuir fundamentalmente para o refazer
da escola como instituição, melhorando suas relações com a comunidade e promovendo
uma educação de alta qualidade para todas as crianças, jovens e adultos. Por isso,
defendemos a legitimidade e a importância de os professores e os formadores de
professores controlarem suas próprias práticas em vez de os políticos, os profissionais
de gestão escolar e educacional e os administradores externos fazerem isso
(ZEICHENER; DINIZ-PEREIRA, 2005).
Na última temática abordada nos referimos ao papel da pesquisa-ação na
formação do professor e os estudantes colocaram o seguinte:
Eu acredito que o papel da pesquisa-ação é justamente dar
possibilidades ao professor para que ele tenha uma prática mais
consciente, reflexiva e avaliativa. Além do professor construir essa
prática mais reflexiva ela vai estar ajudando para melhorar os
resultados no contexto pesquisado (MARIANA, 2014).
A pesquisa-ação vem com parceria para o professor para que ele não
fique em sala de aula só falando ou chegue com material pronto, mas
que o professor traga os alunos para construir com ele (LARISSA,
2014).
[...] desenvolver métodos que auxiliam nos problemas que às vezes
são básicos e que nós não investigamos, não damos tanta atenção e as
vezes são desprezamos (PAULO, 2014).
Como se percebe, as ações elencadas pressupõem o que já reafirmamos, ou seja,
as ações do pesquisador devem caminhar dentro de um paradigma de ação
comunicativa, com foco na garantia de espaço de expressão e participação aos práticos e
foco também na garantia da intencionalidade de uma pesquisa-ação (FRANCO, 2005).
Assim, ainda, de acordo com Franco (2005, p.19): “[...] a pesquisa-ação pode e
deve funcionar como uma metodologia de pesquisa, pedagogicamente estruturada,
possibilitando tanto a produção de conhecimentos novos para a área da educação, como
também formando sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos.”
Conclusão
Apesar das inúmeras pesquisas publicadas sobre a formação docente e sua
relação com a pesquisa, esse assunto ainda se constitui um tema relevante e,
principalmente, se falamos sobre a inserção da pesquisa-ação na formação inicial dos
professores.
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Ao considerar o que foi exposto até o momento através da literatura consultada e
dos depoimentos colhidos, nas entrevistas realizadas, podemos dizer que a pesquisaação de uma forma geral é compreendida pela maioria dos estudantes entrevistados.
Entretanto, ficou evidente a necessidade de um aprofundamento maior e de utilização
desse tipo de pesquisa desde o inicio do processo formativo dos professores.
Essa constatação advém do caráter prático e reflexivo que a pesquisa-ação impõe
aos pesquisadores/professores que fazem opção por trabalhar e/ou estudar com uma
modalidade de pesquisa que tem como um dos seus princípios a preocupação de
investigar a realidade do seu cotidiano e com isso o professor terá condições de melhor
intervir e melhorar a sua práxis.
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