III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. HISTÓRICO, AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA FIBROSE CÍSTICA (1) (1) (1) (1) SILVA, Andrea G. ; FUJIHARA, Bárbara ; FUZIOKA, Pamela U. ; MAGALDI, Tainah ; (2) CROZARA, Marisa. (1) (2) Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. [email protected] Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP Palavras-chave: Fibrose cística. Tratamento da fibrose cística. Assistência ao mucoviscidótico. INTRODUÇÃO A fibrose cística (FC) foi reconhecida, nos últimos 70 anos, como uma doença genética, comum em populações caucasianas, com alto grau de letalidade. O seu gene foi clonado e sequenciado para elucidar os mecanismos da sua fisiopatogenia, favorecendo avanços no diagnóstico e tratamento. Na década de 30 a fibrose cística foi descrita, sendo considerada uma doença da infância com baixa expectativa de vida, onde uma grande parcela dos pacientes afetados falecia no primeiro ano de vida. Estudos brasileiros no período de 1979-1989 constataram que a média de sobrevida era de aproximadamente 6,4 anos e nos anos de 1970 a 1994 essa média aumentou para 12,6 anos. Entre 1990 e 2000 observou-se que a mediana da sobrevida saltou para 18,4 anos de idade. Nas últimas 3 décadas os avanços no diagnóstico e na terapêutica possibilitaram elevar a expectativa de vida da maioria dos pacientes, porém a sobrevida após os 30 anos de idade ainda é rara. A FC é uma doença crônica e multissistêmica, que afeta as glândulas exócrinas, podendo ocorrer em diversas células epiteliais e seus principais sintomas são a obstrução intestinal ou diarréia, tosse crônica com secreção, transpiração excessiva com a presença de suor hipertônico, problemas respiratórios e deformidade nos dedos e unhas. Atualmente são empregados alguns exames para o diagnóstico como o doseamento da tripsina imunorreativa, exames pulmonares, teste do suor e a pesquisa genética. Apesar dos avanços científicos, o tratamento para a FC ainda não é específico e deve ser realizado em centros de referência com uma equipe multidisciplinar. Alguns medicamentos como antibióticos, antiinflamatórios, broncodilatadores, mucolíticos e terapias como a oxigenoterapia, fisioterapia, avaliação nutricional, consultas psicológicas e transplantes são utilizados para o tratamento da FC. OBJETIVO Elucidar o histórico da fibrose cística, bem como os avanços no diagnóstico e os tratamentos atuais. METODOLOGIA Para o presente trabalho foram realizadas revisões bibliográficas em livros e em artigos que constam nas bases de dados Scielo e PubMed. O período de realização da pesquisa foi de Fevereiro a Abril de 2015. DESENVOLVIMENTO Ao longo dos anos, a expectativa de vida de pacientes com FC elevou-se consideravelmente para aproximadamente 30 anos. Esse aumento da sobrevida se deve aos avanços científicos, diagnóstico precoce e tratamento multidisciplinar. A fibrose cística é uma doença hereditária, caracterizada por acometimento pulmonar progressivo, insuficiência pancreática exócrina, doença hepática, problemas na motilidade intestinal, infertilidade e alta concentração de eletrólitos nas glândulas sudoríparas como resultado de hiperviscosidade. O gene da fibrose cística codifica a proteína CFTR (regulador da condutância da transmembrana da fibrose cística), responsável pela regulação dos canais de íons de células que revestem as vias aéreas e outros epitélios. Mutações no gene da FC afetam o CFTR, resultando em fluxo iônico anormal, ocorrendo desidratação intraluminal e acúmulo de secreções viscosas. Os órgãos primários como pulmões, pâncreas e Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. intestinos são afetados. Cerca de 1.000 mutações causadoras da FC foram identificadas, dentre elas a mutação F508 é a mais comum. Quando cada um dos pais possui um gene para a fibrose cística, em cada gestação, o risco de nascer um filho com a doença é de 25% e sem é de 75% e a probabilidade de nascer um filho saudável, porém com gene para FC, é de aproximadamente 50%. A FC é diagnosticada pela presença de pelo menos um achado fenotípico, história familiar de FC ou triagem neonatal positiva, acompanhada de evidência laboratorial. Realiza-se o teste do suor, coletando-se o suor corporal para analisar a concentração de cloreto e sódio, auxiliando no diagnóstico. A diferença de potencial nasal (DPN), que detecta anormalidades no transporte iônico no epitélio respiratório, em associação com quadro clínico positivo, fundamenta o diagnóstico da FC. A identificação e análise de mutações causadoras de FC nos genes da CFTR também auxiliam no diagnóstico. Alguns exames são utilizados para complementar o diagnóstico, como a avaliação da função pulmonar por radiografias ou pelo teste de esforço, azoospermia obstrutiva e pela dosagem da tripsina imunorreativa, um marcador da insuficiência pancreática que auxilia na triagem neonatal e teste de "Screenning", realizado junto com o teste do pezinho. Atualmente, poucos países, como Austrália, França, Áustria, Estados Unidos e Inglaterra, possuem um programa Nacional de Triagem Neonatal. No Brasil, a triagem para FC foi implantada em 2001 pelo Ministério da Saúde e apenas os estados do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais fazem o exame no primeiro mês de vida. Devido a demora para realizar o diagnóstico, o prognóstico torna-se desfavorável para o fibrocístico. Devese estabelecer um programa de tratamento individualizado, visando a profilaxia das infecções e das complicações. Quando o tratamento é precoce, pode-se retardar a progressão das lesões pulmonares, melhorando o prognóstico e aumentando a expectativa de vida. Os objetivos gerais do tratamento abrangem a educação continuada e apoio psicológico para pacientes e familiares, profilaxia das infecções, fisioterapia respiratória, apoio nutricional e monitoramento da progressão e das complicações. Estudos recentes demonstram que a terapia com antibióticos traz muitos benefícios aos pacientes, pois é frenquente o acometimento do trato respiratório por bactérias como S. aureus. O uso de antiinflamatórios auxilia nos processos inflamatórios, retardando a deterioração pulmonar, entretanto, devido aos efeitos colaterais, não é recomendado o seu uso por tempo prolongado. Os broncodilatadores favorecem o clearence mucociliar e a resistência das vias aéreas e o uso de mucolíticos pode ser eficaz na melhoria da função pulmonar. Em decorrência das alterações respiratórias hipoxêmicas, é necessário indicar também a oxigenoterapia. O tratamento cirúrgico deve ser realizado de acordo com a necessidade individual, analisando sempre os riscos e os benefícios para cada paciente. Devido à desnutrição, ressecção intestinal, perda de sais e ácidos biliares, refluxo gastresofágico e inflamação, se fazem necessárias intervenções nutricionais adequadas para prevenir e tratar déficits nutricionais. É necessário realizar a fisioterapia para o aparelho respiratório, com o objetivo de liberar o muco que obstrui os brônquios, melhorando a capacidade respiratória do paciente. O apoio psicológico também é necessário e importante, uma vez que os pacientes podem desenvolver problemas emocionais que influenciam diretamente no tratamento. Estudos afirmam que algumas terapias serão desenvolvidas com foco na alteração ou substituição de genes defeituosos por genes normais. CONCLUSÃO No passado, crianças com fibrose cística não ultrapassavam a adolescência, porém novos tratamentos, o diagnóstico precoce, os transplantes e terapias permitem que os pacientes vivam mais, favorecendo a redução da letalidade e melhorando suas vidas em termos de qualidade e de produtividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACAM - Associação Catarinense De Assistência Ao Mucoviscidótico. Fibrose Cística. Santa Catarina, 2015. Disponível em: <http://acam.org.br/fibrose-cistica> Acesso em: 10 mar. 2015. Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. COTRAN, Robbins. Fundamentos de Patologia. Volume único. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2006. p. 386-388. DALCIN, Paulo de Tarso Roth; SILVA, Fernando Antônio de Abreu. 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