CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA CRISTIANE PAULA AMORIM DA SILVA DIMAS XAVIER DOS SANTOS CUSTOS DE OPERAÇÕES DE COLHEITA DE CANA MECANIZADA LINS/SP 1º SEMESTRE/2013 SANTOS, D. X. SILVA, C. P. A.; COLHEITA DE CANA MECANIZADA CUSTOS DE OPERAÇÕES DE 2013 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA CRISTIANE PAULA AMORIM DA SILVA DIMAS XAVIER DOS SANTOS CUSTOS DE OPERAÇÕES DE COLHEITA DE CANA MECANIZADA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de Lins para obtenção do Título de Tecnólogo em Logística. Orientador: Prof. Dr. André Ricardo Ponce dos Santos LINS/SP 1º SEMESTRE/2013 S586 Silva, Cristiane Paula Amorim da Custos de operações de colheita de cana mecanizada / Cristiane Paula Amorim da Silva e Dimas Xavier dos Santos. – Lins, 2013. 49 f. : il. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em Logística) – Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra, 2013. Orientador: Prof. Dr. André Ricardo Ponce dos Santos 1.Cana-de-açúcar. 2.Custos. 3.Modelos de gestão de custos. I.Santos, Dimas Xavier dos. II.Santos, André Ricardo Ponce dos. III.Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antônio Seabra. IV.Título. CDD 658.78 Ficha elaboradora pela Biblioteca da Faculdade de Tecnologia de Lins CRISTIANE PAULA AMORIM DA SILVA DIMAS XAVIER DOS SANTOS CUSTOS DE OPERAÇÕES DE COLHEITA DE CANA MECANIZADA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de Lins, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Tecnólogo em Logística sob a orientação do Prof. Dr. André Ricardo Ponce dos Santos. Data da aprovação:_____/______/______ ___________________________________ Prof. Dr. André Ricardo Ponce dos Santos ___________________________________ Prof. Msc. Silvio Ribeiro ___________________________________ Prof. Msc. Sandro da Silva Pinto DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus que renovou as minhas forças, permitindo que eu conquistasse essa vitória. À minha mãe Sandra Amorim por me ensinar o valor do conhecimento e por me fazer prometer não desistir. À minha irmã Priscila Amorim e meu cunhado Fernando Ceballos por me apoiarem e incentivarem quando mais precisei. Muito obrigada! Cristiane Paula Amorim da Silva Dedico esse projeto aos meus pais Joselita Novais dos Santos e Amadeu Xavier dos Santos. Dimas Xavier dos Santos AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos os professores que nos acompanharam durante a graduação, em especial ao nosso orientador Prof. Dr. André Ricardo Ponce dos Santos por seu apoio e paciência. Muito obrigado por tudo. Cristiane Paula Amorim da Silva Dimas Xavier dos Santos RESUMO A cultura da cana-de-açúcar tem significativa participação na economia do agronegócio brasileiro. Seus subprodutos são utilizados para a geração de energia elétrica, produção de combustível, matéria-prima para a indústria química e alimentação. Na produção de cana a colheita é considerada como uma das operações mais importantes, pois deve atender a demanda de matéria-prima requerida pela usina, com qualidade e a custo competitivo. Porém, o desempenho operacional e econômico da colheita é influenciado por inúmeras variáveis interrelacionadas sistemicamente. Esse fato dificulta prever os efeitos de alterações individuais nas variáveis durante a operação. Tendo em vista essa dificuldade, o objetivo desse trabalho foi analisar o desempenho operacional e assim elaborar um modelo de gestão de custos que verifica a viabilidade econômica do processo de colheita de cana mecanizada. A metodologia utilizada foi a observação sistêmica da rotina de uma frente de colheita, através da coleta de dados em planilha eletrônica, onde levantou-se os custos operacionais das máquinas e veículos, por hora trabalhada ou quilômetro rodado. Durante este trabalho, foram enfatizados os custos operacionais e a criação de um modelo de gestão, que auxiliasse os gestores na tomada de decisão para redução de custos e aumento da competitividade. Com base nos dados levantados, concluiu-se que o modelo permite ser aplicado no processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar, para auxiliar os gestores em sua tomada de decisão. Por fim, conclui-se que o modelo proposto indicou o resultado operacional que aponta a receita mínima a ser alcançada para obtenção de lucro. Palavras-chave: Cana-de-açúcar. Custos. Modelo de gestão de custos. ABSTRACT Cane sugar culture has a significant participation in the in brazilian agribusiness economy. Its subproducts are used for eletric energy generation, fuel production, raw matter for chemical industry and food. The cane sugar harvesting in the production is considered as one of the most important operations, because it has to attend the required demand of raw matters by factory, with quality and competitive cost. However, the operational and economic performance of the harvest is influenced by numerous variables that are interrelated systemically. This fact makes it harder to predict the effects of changes in individual variables during operation. In face of this difficulties, this research has as goal to analyze the operational performance and so, to elaborate a cost managing model that verifies the economic viability of the mechanized cane sugar harvesting process. The methodology used was an sistemic observation of the routine facing the harvesting, through the data collection with an eletronic spread sheet, where has been raised operational costs of machinery and vehicles per hour worked or kilometer. During this research, it was emphasized the operational costs and the creating a management model, which would help managers on making decisions for reducing costs and increasing competitiveness. Based on the data collected in this sugarcane company, it was concluded that this model allows to be applied in the mechanized harvesting process of the cane sugar to help managers on their making decision. We've concluded that the proposed model has indicated operational result that points the minimum revenue to be reached for getting profit. Keywords: Cane sugar. Costs. Cost management model. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 3.1 - Participação no CCT no corte mecanizado .......................................... 34 Gráfico 3.2 - Participação no CCT no corte manual ................................................. 34 Gráfico 3.3 - Participação dos componentes do custo operacional .......................... 35 LISTA DE QUADROS Quadro 5.1: Estrutura dos Custos da Colhedora de Cana Case A8800 ................... 40 Quadro 5.2: Estrutura dos Custos do Trator MXM 180 ............................................ 40 Quadro 5.3: Estrutura dos Custos do Trator JD 7185J............................................. 41 Quadro 5.4: Estrutura dos Custos do Caminhão MB 1719 ....................................... 42 Quadro 5.5: Estrutura dos Custos do Gol 1.0 ........................................................... 42 Quadro 5.6: Estrutura dos Custos do Saveiro 1.6 .................................................... 43 Quadro 5.7: Custo horário das Máquinas e Equipamentos ...................................... 44 Quadro 5.8: Custo por Km dos Veículos .................................................................. 45 Quadro 5.9: Modelo Proposto de Gestão dos Custos .............................................. 46 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CCL – Custo com Combustíveis e Lubrificantes CCT – Corte, Carregamento e Transporte COC – Custo de Oportunidade do Capital CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária HT – Horas Trabalhadas IAA – Instituto do Açúcar e Álcool IAC – Instituto Agronômico de Campinas KM – Quilômetros VBA – Valor do Bem na Aquisição VER – Valor Econômico a ser Reposto no Ano VKR – Valor do Capital Remunerado VKRL – Valor do Capital Remunerado Líquido VMB – Valor de Mercado do Bem VUB – Vida Útil do Bem LISTA DE SÍMBOLOS - – Subtração % – Porcentagem X – Multiplicação / – Divisão SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14 1 REVISÃO TEÓRICA SOBRE LOGÍSTICA ...................................... 16 1.1 CONCEITOS DA LOGÍSTICA .................................................................... 16 1.2 EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA...................................................................... 16 1.3 TIPOS DE LOGÍSTICA ............................................................................... 17 1.3.1 Logística Empresarial ................................................................................. 17 1.3.2 Logística Integrada ..................................................................................... 18 1.3.3 Logística Industrial ...................................................................................... 18 1.3.4 Logística de Marketing................................................................................ 19 1.3.5 Logística de Transporte .............................................................................. 19 1.4 MODAIS DE TRANSPORTE ...................................................................... 20 1.4.1 Modo Ferroviário ........................................................................................ 20 1.4.2 Modo Aéreo ................................................................................................ 21 1.4.3 Modo Rodoviário ........................................................................................ 21 1.4.4 Modo Hidroviário ........................................................................................ 22 1.4.5 Modo Dutoviário ......................................................................................... 22 2 OPERAÇÕES SULCROALCOOLEIRAS ......................................... 24 2.1 A HISTÓRIA DA CANA DE AÇÚCAR NO BRASIL .................................... 24 2.1.1 Novas Tecnologias ..................................................................................... 25 2.1.2 Imigrantes Italianos .................................................................................... 25 2.1.3 Criação do IAA ........................................................................................... 26 2.1.4 Modernização Acelerada ............................................................................ 27 2.2 CENÁRIO ATUAL ....................................................................................... 28 2.2.1 Açúcar e Etanol .......................................................................................... 28 2.3 FRENTES DE COLHEITA .......................................................................... 29 2.3.1 Frentes de Colheita Manual........................................................................ 29 2.3.2 Frentes de Colheita Semi-Mecanizada ....................................................... 30 2.3.3 Frentes de Colheita Mecanizada ................................................................ 30 3 CUSTOS LOGÍSTICOS ....................................................................... 31 3.1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................. 31 3.2 CUSTOS COM CORTE, CARREGAMENTO E TRANSPORTE ................ 33 3.2.1 Custos dos Processos ................................................................................ 34 3.2.2 Custos Operacionais .................................................................................. 35 4 METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA .................................... 36 4.1 MÉTODOS DE PESQUISA ........................................................................ 36 4.2 MÉTODO DE COLHEITA E ANÁLISE DOS DADOS ................................. 37 5 ESTUDO DE CASO .............................................................................. 38 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .......................................................... 38 5.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO ................................................................... 38 5.2.1 Estruturação e Apuração dos Custos ......................................................... 39 5.2.2 Custo Horário das Máquinas e Equipamentos ........................................... 43 5.2.3 Custo Horário dos Veículos ........................................................................ 44 5.3 MODELO DE GESTÃO DE CUSTOS ........................................................ 45 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 48 14 INTRODUÇÃO Diante de uma economia totalmente globalizada, surgi a necessidade eminente de coletar e administrar eficientemente as informações para a tomada de decisão nas organizações. Dessa forma, a utilização da contabilidade se torna o mecanismo que realiza a compilação dos dados coletados. Como todas as empresas tem como meta a obtenção de lucros e havendo grande competitividade de mercado e exigência de qualidade, as companhias encontram como obstáculo seus altos custos, tendo que praticar valores atrativos diante de sua concorrência. Os custos de produção também evoluíram nos últimos anos de forma gradual, na maioria das vezes superando a inflação. As usinas e os produtores para serem competitivos, necessitam de alto desempenho operacional e máximo aproveitamento dos seus recursos e insumos. Portanto, o levantamento do custo de produção da cana-de-açúcar é um instrumento de gestão fundamental para avaliar desempenho técnico-financeiro da atividade. Atualmente, inúmeros trabalhos apresentam modelos de gerenciamento de custos que são aplicados em vários tipos de empresas e segmentos. Entretanto, fazse importante e necessário que estes modelos estejam estruturados adequadamente conforme as definições sobre a estrutura dos custos envolvidos. Na atividade sulcroalcooleira não é diferente, visto que grande parte dos custos operacionais são fixos e não devem ser rateados aos produtos. Na percepção de Santos (2011), os custos fixos são considerados como custos do período, não tendo nenhuma relação direta com o objeto de custo. O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho operacional e assim elaborar um modelo de gestão de custos que verifica a viabilidade econômica do processo de colheita de cana mecanizada. Para embasamento teórico fez-se uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de reunir os trabalhos científicos sobre os assuntos pesquisados. De modo a ressaltar o objetivo deste trabalho, foi realizado um estudo de caso empregando a metodologia da observação sistêmica da rotina de uma frente de colheita, através da coleta de dados em planilha eletrônica, onde se levantou os custos operacionais das máquinas e veículos, por hora trabalhada ou quilômetro rodado. 15 Diante do exposto, a problemática do presente trabalho indaga: Quais custos podem ser mensurados durante o processo de colheita de cana-de-açúcar? O trabalho possui a seguinte estrutura: o primeiro capítulo apresenta uma revisão teórica sobre a logística, partindo de seus principais conceitos, sua evolução, tipos de logística, modais de transporte, entre outros. Já o segundo capítulo apresenta as operações sulcroalcooleiras, destacando a história da cana-de-açúcar no Brasil, as tecnologias utilizadas no setor, sua evolução até o cenário atual e, por fim, as operações das frentes de colheita. O terceiro capítulo aborda os custos logísticos, apresentando seus conceitos básicos até os custos referentes ao Corte, Carregamento e Transporte. O quarto capítulo destaca a metodologia utilizada na pesquisa e, por fim o quinto e último capítulo que contempla o Estudo de Caso do presente trabalho. 16 1 REVISÃO TEÓRICA SOBRE LOGÍSTICA 1.1 CONCEITOS DA LOGÍSTICA A palavra Logística surgiu do grego logistikos, que significa cálculo e raciocínio no sentido matemático, já as atividades logísticas são de origem militar. Em suas longas investidas que duravam longas datas, como a primeira e segunda guerra mundial, as tropas sob as ordens dos generais cuidavam do desenvolvimento, armazenamento, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material, no local e hora certa, conquistando por estes meios os campos inimigos. Hara (2009) afirma que este sempre foi o fator determinante para o sucesso das campanhas militares. Bowersox, Closs e Cooper (2007) destacam que a logística existe para atender as necessidades dos clientes, de modo a facilitar as operações relevantes de produção e marketing. O desafio é equiparar as expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio, o lucro. 1.2 EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA Até o inicio da década de 50 a logística não recebia toda sua importância dada às circunstâncias da regionalização do mercado, tornando a emissão de mercadorias para outras cidades e regiões privilégio da preocupação de grandes organizações. Durante os anos 60, perceberam que os conceitos logísticos poderiam ser aplicados às indústrias, sendo assim, começou o aproveitamento e racionalização de espaços, bem como os de distribuição física dos produtos como forma de obter ganhos e eficiência. No Brasil a logística apareceu nos anos de 1970, por meio de um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna quanto externa. Ballou (2010) destaca que de modo geral, entre 1950 e 1980 houve um período de desenvolvimento quando as empresas deram menos atenção às 17 compras e o volume de vendas e deu-se mais enfoque à eficiência da distribuição física. Hara (2009) acrescenta que até 1990 ainda não havia uma estrutura para uma logística integrada, então se começou a planejar a integração dos processos do negócio, desde o fornecedor até os usuários finais. Atualmente, a logística engloba vários fatores para melhor desempenho e competitividade das empresas no mundo globalizado. A grande busca por melhor preço, maior agilidade e trajetos diferentes aperfeiçoam o serviço da logística. Traz em seu conteúdo o planejamento estratégico, a adoção dinâmica de novas tecnologias, parcerias e alianças e a visão futura de curto, médio, e longos prazos. 1.3 TIPOS DE LOGÍSTICA Neste tópico serão descritas as aplicações da logística no âmbito empresarial. Entre os diversos tipos de logística, serão apresentadas a Logística Empresarial, a Logística Integrada, a Logística Industrial, Logística de Marketing, e a Logística de Transportes. 1.3.1 Logística Empresarial A logística empresarial visa satisfazer as necessidades dos clientes, e ao mesmo tempo arranjar os recursos e esforços da empresa em sua produção, distribuição e competitividade. Rocha (2008) afirma que as atividades principais estão baseadas no transporte, na manutenção de estoque, processamento de pedidos e sistemas de informação. Aliadas a estas, desenvolve-se a administração de materiais na armazenagem, no manuseio e obtenção de matéria prima e embalagem. A distribuição física e a administração de matérias são as operações chaves da logística empresarial, de outro modo, a empresa não satisfaria os interesses de seus clientes nem as expectativas próprias, aplicando esforços e recursos exageradamente. 18 1.3.2 Logística Integrada A logística é vista como a competência que vincula a empresa a seus clientes e fornecedores. As informações recebidas de clientes e sobre eles fluem pela empresa na forma de atividade de vendas, previsões e pedidos. Na concepção de Bowersox, Closs e Cooper (2007), as informações são filtradas em planos específicos de compra e de produção. No momento do suprimento de produtos e materiais, é iniciado um fluxo de bens de valor agregado que resulta na transferência de propriedade de produtos acabados aos clientes. A logística deve ser vista como um instrumento de marketing, ou seja, uma ferramenta gerencial capaz de agregar valor por meio dos serviços prestados. Neste sentido Fleury, Wanke e Figueiredo (2009) defendem que para ser gerenciada de forma integrada, a logística deve ser tratada como um sistema, um conjunto de componentes interligados, trabalhando de forma coordenada e com o mesmo objetivo. 1.3.3 Logística Industrial A logística industrial, no que tange a parte interna das organizações, deverá administrar cuidadosamente o aprimoramento da utilização dos recursos investidos nos ativos existentes, para isso é necessário acompanhar o fluxo do pedido desde o Plano Mestre de Produção através dos pedidos. Esta área é mencionada como Planejamento e Controle da Produção. As abordagens logísticas, embora diferentes conceitualmente, podem e devem ter uma inter-relação com aplicações distintas. O elo representado pela logística industrial objetiva que os resultados melhorem o desempenho de todos os outros elos, colaborando para a melhora do nível de serviço de todo o contexto da logística empresarial. Gurgel (2000) afirma que os ganhos na área de logística industrial podem ser muito melhores do que na área produtiva e pode-se identificar que é composta pelos sistemas operacional, informação, físico e de planejamento. 19 1.3.4 Logística de Marketing O marketing como ferramenta logística é um dos processos da cadeia de suprimentos. Sua função é interligar o cliente ao restante da cadeia, indo além do atendimento ao cliente e as vendas. Refere-se ao posicionamento da empresa em relação ao mercado, com o objetivo de alcançar competitividade e consequentemente a lucratividade. Na Logística, o marketing é uma das atividades de conexão com o cliente: demanda, produto, estruturação dos canais de distribuição. Para obter uma distribuição física é necessário a implantação primeiramente toda a estrutura de canais de distribuição. Hoje, Novaes (2007) acredita que dentro de uma visão moderna de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, os canais de distribuição têm quatro funções básicas: indução da demanda, satisfação da demanda, pós-venda (todo o trabalho de relacionamento com o cliente, desenvolvimento de novos produtos e serviços com base em pesquisas no ponto de consumo) e troca de informações. A vantagem competitiva que a logística agrega ao marketing de disponibilizar o produto mais próximo ao seu mercado consumidor contempla a melhoria do serviço. É essencial considerar, no entanto, outro fator, chave-de-sucesso, que leva à competitividade e, sobretudo, outro objetivo fundamental da logística que é a minimização de custos. 1.3.5 Logística de Transporte A Logística de transporte é a responsável pelo deslocamento de bens de um ponto a outro, respeitando a integridade da carga e atendendo aos prazos estipulados. O subsistema transportes é o de maior risco e custo carecendo de um gerenciamento especial, ou seja, precisa ser gerenciado de perto. Geralmente as empresas capacitadas para fornecer um transporte mais ágil, podem cobrar mais caro pelo serviço, e quanto mais ágil for à entrega, menor será o tempo que o estoque ficará em movimentação e indisponível. Sendo assim, é de extrema importância que se tenha o equilíbrio entre a velocidade e o custo do transporte. 20 Rocha (2008), afirma que o transporte é a atividade mais importante da logística, porque é responsável pela maior parte dos seus custos e cria possibilidades para agregar valor ao produto, dois dos principais objetivos da dos sistemas logísticos. Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2007), as necessidades de transporte são atendidas de três maneiras básicas: pode-se ter uma frota exclusiva de veículos; podem-se fazer contratos com empresas de transportes; pode-se contratar os serviços de várias transportadoras que ofereça diversos serviços de transporte de cargas individuais. Possuir os próprios meios de distribuição exige imobilização de recursos, grande investimento inicial e manutenção constante, o que vem levando as empresas a fazer cada vez mais uso de terceiros. 1.4 MODAIS DE TRANSPORTE As modalidades de transportes são de extrema importância dentro da empresa, porque cada forma de transporte tem suas características operacionais, respeitando padrões e regulamentações próprias. Rocha (2008) defende que cada modal tem seu próprio custo, rapidez, confiabilidade (perdas e danos) e disponibilidade de tempo de trânsito e sua variação. Diante disto, o modal é definido de acordo com as necessidades, tornando mais adequados para certos tipos de operações e produtos, visando que o produto mantenha sua qualidade, desde a sua saída, até a chegada ao consumidor final. 1.4.1 Modo Ferroviário É utilizado preferencialmente nos transporte de matérias-primas ou manufaturados de baixo valor ou cargas que segundo ROCHA (2008), podem ser facilmente redirecionadas para outro modal. Faz-se importante destacar que o transporte de grandes quantidades de minérios, carvão mineral, derivados do petróleo, cereais em grão, pois assim possui o custo unitário baixo, e seu custo em relação ao transporte aéreo e rodoviário são 21 inferiores, não tendo flexibilidade no trajeto não é adequado para produtos perecíveis. Bowersox, Closs e Cooper (2007), asseguram que as operações ferroviárias têm custos fixos altos devido ao valor de equipamentos, direito preferencial de passagem e trilhos, pátios de manobra e terminais. No entanto, seus custos operacionais variáveis relativamente baixos. Os motores a diesel reduziram o custo variável da tonelada por quilômetro, e a eletrificação reduziu ainda mais os custos. 1.4.2 Modo Aéreo Sem dúvidas este modal possui o custo de frete mais elevado em relação aos outros modais. Adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes, perecíveis ou com urgência na entrega. Seu custo fixo é baixo relacionado à compra de aeronaves e à necessidade de sistemas de manuseio especializados e contêineres de carga, enquanto seu custo variável é extremamente alto, devido ao custo do combustível, tarifas de uso, manutenção e mão-de-obra das tripulações em vôo e em terra. Bowersox, Closs e Cooper (2007) afirmam que sua maior vantagem sobre os demais modais é a velocidade aliada à segurança com que o carregamento pode ser transportado, o que implica em menores gastos com seguro, armazenamento e estoque. É necessário que este modal seja complementado por outro, geralmente o rodoviário, para que o produto chegue até o consumidor. 1.4.3 Modo Rodoviário Este modal é o mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, em todos os pontos do território nacional. Diferente do ferroviário, pois se destina principalmente ao transporte de curtas distâncias de produtos acabados e semiacabados. Suas vantagens destacam-se pela mobilidade e flexibilidade, não necessitando de carregamento ou descarga entre a origem e o destino; e por não precisar de outro modal complementar para levar a mercadoria de porta-a-porta (ROCHA, 2008). 22 Apresenta preços de frete mais elevados do que os modais ferroviário e hidroviário, portanto é recomendado para mercadorias de alto valor/peso ou perecíveis. Bowersox, Closs e Cooper (2007) relatam que suas dificuldades estão relacionadas com o alto custo de reposição de equipamentos, manutenção, segurança, falta de motoristas, regulamentação e cumprimento da jornada de trabalho e salários. 1.4.4 Modo Hidroviário São os transportes mais utilizados no comércio internacional, transportando granéis líquidos, produtos químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor. Em relação aos custos, apresenta custo fixo médio e equipamentos e custo variável baixo. É o modal que apresenta o mais baixo custo. Bowersox, Closs e Cooper (2007), apresenta sua principal vantagem na capacidade de transportar carregamentos extremamente grandes e pesados. Para isso utiliza dois tipos de navios para movimentação: navios de águas profundas, geralmente para o transporte costeiro, oceânico e nos grandes lagos; e barcas rebocadas por motores a diesel que operam em rios e canais, descrevem. Os custos de perdas e danos são considerados baixos se comparados com outros modais. Suas principais desvantagens são a existência de problemas de transporte no porto; a lentidão, uma vez que o transporte hidroviário é, em média, mais lento que a ferrovia e a forte influência do tempo. Sua disponibilidade e confiabilidade são afetadas pelas condições meteorológicas. 1.4.5 Modo Dutoviário A utilização do transporte dutoviário é ainda muito limitada. Destina-se principalmente ao transporte de líquidos e gases em grandes volumes e materiais que podem ficar suspensos (petróleo bruto e derivados, minérios). A movimentação via dutos é bastante lenta, sendo contrabalançada pelo fato de que o transporte opera 24 horas por dia e sete dias por semana. Bowersox, Closs e Cooper (2007) explicam que diferente de outros modais, não há contêiner ou veículo vazio que deve retornar para um próximo carregamento. 23 O direito preferencial de passagem, construção, requisitos para controle das estações e capacidade de bombeamento fazem com que o transporte dutoviário apresente o custo fixo mais elevado. Em contrapartida, seu custo operacional variável é o mais baixo, devido a pouca utilização de mão de obra depois de construído. É, portanto, o segundo modal com mais baixo custo, ficando atrás apenas do modo de transporte hidroviário (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007). Como vantagens, o transporte dutoviário se apresenta como mais confiável de todos, pois existem poucas interrupções para causar variabilidade nos tempos e os fatores meteorológicos não são significativos. Além disso, os danos e perdas de produtos são baixos. Como desvantagem está à lentidão na movimentação dos produtos, o que inviabiliza seu uso para o transporte de perecíveis. 24 2 OPERAÇÕES SULCROALCOOLEIRAS A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações. A planta que dá origem ao produto encontrou lugar ideal no Brasil. Durante o Império, o país dependeu basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. Calcula-se que naquele período da história, a exportação do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas destinados ao mercado externo. 2.1 A HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇUCAR NO BRASIL Segundo Machado (2012), foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram. Era o inicio do ciclo da cana de açúcar, a primeira atividade econômica organizada no Brasil. Cotrim (2005) afirma que a mão de obra era composta por indígenas e escravos africanos. Por mais que o lucro fosse certo, Portugal necessitava investir alto para a instalação da empresa açucareira no Brasil; com isso eles foram buscar ajuda na Europa, pois sabiam que não tinham todos os recursos necessários para a implantação afirma. Sendo assim, os portugueses se associaram com os holandeses. Em troca os holandeses seriam os responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar na Europa. Foram desmatadas imensas áreas para o plantio da cana-de-açúcar, espaço aos engenhos, que nada mais eram do que grandes propriedades latifundiárias para explorar a produção de açúcar, mas onde o proprietário e sua família também se localizavam. De acordo com Cotrim (2005), durante o ciclo os holandeses vendo o gordo resultado que a colônia de Portugal rendia, ocuparam o nordeste brasileiro. Com a ocupação holandesa, a exportação de açúcar teve um considerável crescimento. 25 Eles estimulavam a imigração de europeus com qualidades para serem senhores de engenho e agricultores em Pernambuco. 2.1.1 Novas Tecnologias O imperador do Brasil, D. Pedro II, era um entusiasta das novas tecnologias e em 1857 foi elaborado um programa de modernização da produção de açúcar. Assim surgiram os Engenhos Centrais, que deveriam somente moer a cana e processar o açúcar, ficando o cultivo por conta dos fornecedores. Machado (2012) ressalta que nessa época, Cuba liderava a produção mundial de açúcar de cana com 25% do total e o açúcar de beterraba produzido no Europa e EUA significavam 36% da produção mundial. O Brasil contribuía com apenas 5% de um total de 2.640.000 toneladas em 1874. Foram aprovados 87 Engenhos Centrais, mas só 12 foram implantados. O primeiro deles, Quissamã, na região de Campos, entrou em operação em 1877 e está em atividade até hoje. Mas a maioria não teve a mesma sorte. O desconhecimento dos novos equipamentos, a falta de interesse dos fornecedores, que preferiam produzir aguardente ou mesmo açúcar pelos velhos métodos, e outras dificuldades contribuiu para a derrocada dos Engenhos Centrais. Os próprios fornecedores dos equipamentos acabaram por adquiri-los e montar suas indústrias de processamento de açúcar. A maioria das novas indústrias estava no Nordeste e em São Paulo e passaram a ser chamadas de "usinas de açúcar". Apesar da novidade, o açúcar derivado da cana não fazia frente ao de beterraba (em 1900 ultrapassava mais de 50% produção mundial). A 1ª Grande Guerra, iniciada em 1914, devastou a indústria de açúcar européia. Esse fato provocou um aumento do preço do produto no mercado mundial e incentivou a construção de novas usinas no Brasil, notadamente em São Paulo, onde muitos fazendeiros de café desejavam diversificar seu perfil de produção segundo (MACHADO, 2012). 2.1.2 Imigrantes Italianos No final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70% da produção mundial estavam aqui). Após a abolição da escravatura, o governo brasileiro 26 incentivou a vinda de europeus para suprir a mão-de-obra necessária às fazendas de café, no interior paulista. Os imigrantes, de maioria italiana, adquiriram terra e grande parte optou pela produção de aguardente a partir da cana. Inúmeros engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu, Moji-Guaçu e Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas vizinhanças de Ribeirão Preto, novos engenhos também se formaram. Machado (2012) relata que na virada do século, com terras menos adequadas ao café, Piracicaba, cuja região possuía três dos maiores Engenhos Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se tornou o maior centro produtor de açúcar de São Paulo. A partir da década de 10, impulsionados pelo crescimento da economia paulista, os engenhos de aguardente foram rapidamente se transformando em usinas de açúcar, dando origem aos grupos produtores mais tradicionais do estado na atualidade. Foi nessa época, 1910, que Pedro Morganti, os irmãos Carbone e outros pequenos refinadores formaram a Cia. União dos Refinadores, uma das primeiras refinarias de grande porte do Brasil. Em 1920, um imigrante italiano com experiência em usinas de açúcar, fundou em Piracicaba uma oficina mecânica que logo depois se transformaria na primeira fábrica de equipamentos para a produção de açúcar no Brasil. Esse pioneiro era Mario Dedini. 2.1.3 Criação do IAA Essa expansão da produção também ocorria no Nordeste, concentrada em Pernambuco e Alagoas. As usinas nordestinas eram responsáveis por toda a exportação brasileira e ainda complementavam a demanda dos estados do sul. A produção do Nordeste somada à de Campos, no norte fluminense, e a rápida expansão das usinas paulistas acenavam para um risco eminente: a superprodução. Para controlar a produção surgiu o IAA (Instituto do Açúcar e Álcool), criado pelo governo Vargas em 1933, de acordo com (MACHADO, 2012). O IAA adotou o regime de cotas, que atribuía a cada usina uma quantidade de cana a ser moída, a produção de açúcar e também a de álcool. A aquisição de novos equipamentos ou a modificação dos existentes também precisava de autorização do IAA, afirma (MACHADO, 2012). 27 Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, com o risco representado pelos submarinos alemães à navegação na costa brasileira, as usinas paulistas reivindicaram o aumento da produção para que não houvesse o desabastecimento dos Estados do sul. A solicitação foi aceita e nos dez anos subsequentes os paulistas multiplicaram por quase seis vezes sua produção. No início da década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do Nordeste, quebrando uma hegemonia de mais de 400 anos. 2.1.4 Modernização Acelerada Desde a 2ª Guerra Mundial, os esforços da indústria açucareira brasileira se concentraram na multiplicação da capacidade produtiva. As constantes alterações na cotação do açúcar no mercado internacional e os equipamentos obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a manutenção da rentabilidade. De acordo com Machado (2012), coube à Copersucar - cooperativa formada em 1959 por mais de uma centena de produtores paulistas para a defesa de seus preços de comercialização - a iniciativa de buscar novas tecnologias para o setor. A indústria açucareira da Austrália e a África do Sul representavam o modelo de modernidade desejada. Do país africano vieram vários equipamentos modernos. Na agricultura, a busca por novas variedades de cana mais produtivas e mais resistentes às pragas e doenças, iniciada em 1926, por ocasião da infestação dos canaviais pelo mosaico, foi também intensificada e teve início o controle biológico de pragas. Entidades como Copersucar, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e o IAA-Planalçucar foram responsáveis por esses avanços. Esse período de renovação culminou com a elevação dos preços do açúcar no mercado internacional que atingiram a marca histórica de mais de US$ 1000.00 a tonelada, afirma (MACHADO, 2012). Segundo Machado (2012), com os recursos decorrentes desse aumento de preço foi criado pelo IAA o Funproçucar que financiou em 1973 a modernização das indústrias e a maioria das usinas foi totalmente remodelada. Esses fatos foram de importância fundamental para o próprio Brasil enfrentar as crises do petróleo que se seguiram a partir de 1973, através do Proálcool. 28 Esse programa de incentivo à produção e uso do álcool como combustível em substituição à gasolina, criado em 1975, alavancou o desenvolvimento de novas regiões produtoras como o Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco anos a produção de pouco mais de 300 milhões de litros ultrapassou a cifra de 11 bilhões de litros, caracterizando o Proálcool como o maior programa de energia renovável já estabelecido em termos mundiais, economizando mais de US$ 30 bilhões em divisas. 2.2 CENÁRIO ATUAL O segundo levantamento da safra de cana-de-açúcar para a temporada 2012/2013, coletados em julho pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), indicam que haverá um aumento de 6,5% na produção na próxima safra. O levantamento indica uma recuperação média de 4,3% na produtividade das lavouras. A produção passará de 560,36 milhões na safra passada para 596,63 na nova safra, segundo (CONAB, 2011). A área de corte também apresenta uma pequena elevação passando de 8.356,1 mil hectares para 8.527,8 mil ha. A produção de cana-de-açúcar da região Centro Sul deve ser de 530,5 milhões de toneladas, 7,2% maior que a produção da safra anterior. A área cultivada com cana-de-açúcar que será colhida e destinada à atividade sucroalcooleira na safra 2012/13 está estimada em 8.527,8 mil hectares em todo o País, um crescimento de 2,1% na safra passada. O estado de São Paulo é o maior produtor com 51,82% (4.419,46 mil hectares), seguido por Minas Gerais com 8,46% (721,86 mil hectares), Goiás com 8,69% (741,38 mil hectares), Paraná com 7,13% (608,38 mil hectares), Mato Grosso do Sul com 6,50% (554,29 mil hectares), Alagoas com 5,26% (448,86 mil hectares) e Pernambuco com 3,63% (309,74 mil hectares). 2.2.1 Açúcar e Etanol Para a produção de açúcar, espera-se um aumento próximo de 8,41%, passando de 35,97 milhões de toneladas para 38,99 milhões. Desta produção, 87,5% concentra-se nas usinas da região Centro-Sul, principalmente nos estados de 29 São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e nas usinas dos estados de Alagoas e Pernambuco, na região Nordeste, afirma a (CONAB, 2011). A produção total de etanol deve crescer 22,76 bilhões de litros para 23,49 bilhões, representando um crescimento de 3,21%. Deste total, 9,21 bilhões de litros serão de etanol anidro, um aumento de 6,85%; e 14,28 bilhões de litros serão de etanol hidratado, um crescimento de 0,98%. Para esta produção, foi destinada 49,58% da produção de cana-de-açúcar, o equivalente a 295,81 milhões de toneladas. Esta produção de etanol concentra-se na região Centro-Oeste e Sudeste com 91,0% do total produzido, principalmente nos estados de São Paulo (50,53%), Goiás (13,12%), Minas Gerais (8,34%), Mato Grosso (4,23%), Mato Grosso do Sul (7,94%) e Paraná (5,55%). 2.3 FRENTES DE COLHEITA É denominado frente de colheita o local onde está sendo realizado o CTT (Corte, Colheita e Transporte) da cana. Hoje no Brasil pode-se encontrar três tipos diferentes de frentes de colheita: Frentes de Colheita Manual; Frentes de Colheita Semi – Mecanizada; e Frentes de Colheita Mecanizada 2.3.1 Frentes de Colheita Manual Nesta frente, o trabalhador que faz a colheita manual utiliza uma ferramenta que pode ser denominada folha, podão ou facão, dependendo da região do País. Inicialmente, o trabalhador corta separando a cana da palha, o que ocorre no caso da colheita da cana-crua. Porém, quando a cana-de-açúcar é queimada antes da colheita e tem a sua palhada eliminada pela ação do fogo, não necessita que essa atividade seja efetuada pelos cortadores. Em seguida, o cortador faz o corte dos colmos da cana na altura basal e o corte dos ponteiros, lançando a cana cortada sobre o terreno para a formação dos leitos afirma a EMBRAPA. 30 2.3.2 Frentes de Colheita Semi-Mecanizada As frentes de colheitas semi-mecanizadas são onde a cana é cortada manualmente pelos cortadores (de modo manual), posteriormente o carregamento é feito por carregadeiras. 2.3.3 Frentes de Colheita Mecanizada Utiliza-se colhedoras de cana e carretas de transbordo, empregando somente mão-de-obra especializada como operadores de máquinas e tratoristas, sem a necessidade do emprego de trabalhadores braçais. A colheita mecanizada tem como principal vantagem à rapidez na execução do trabalho, porém, se esse trabalho não for bem executado as perdas em eficiência serão maiores. 31 3 CUSTOS LOGÍSTICOS A Logística mostra-se relevante para os negócios de uma empresa, pois é um recurso estratégico na obtenção e sustentação de vantagens competitivas, tanto pela possibilidade der oferecer um melhor nível de serviço ao cliente, quanto pela redução dos Custos Logístico e melhoria na rentabilidade. Nesse sentido, Faria e Costa (2012) destacam que a maioria das empresas tem-se dedicado à busca da obtenção e sustentação de vantagens competitivas, por meio de formas de operações efetivas e voltadas para a geração de resultados econômicos em sua cadeia de suprimentos, nas atividades de comprar, produzir, movimentar, vender e distribuir seus produtos. Para isso é preciso conhecer quais são os custos inerentes a todo o processo logístico. 3.1 CONCEITOS BÁSICOS De acordo com Faria e Costa (2012), para viabilizar a compreensão das informações extraídas das demonstrações contábeis para a análise das alternativas de decisões por parte do gestor, será apresentado, na sequência, alguns conceitos básicos, que são relevantes para o bom entendimento dos Custos Logísticos: Gastos: envolvem sacrifícios financeiros (desembolsos) para uma empresa, que podem ser representados. Investimentos: contemplam os recursos comprometidos para funcionamento específico. São os gastos ativados, ou seja, que fazem parte do ativo da empresa, compostos por bens e direitos, de propriedade da empresa e que beneficiarão os exercícios, presente e futuro. De acordo com esse foco, todos os ativos logísticos, tais como equipamentos de movimentação, veículos, instalações, prateleiras, os próprios estoques, etc., podem ser considerados como investimentos. Perdas: estão associadas, segundo Martins (2003), aos bens ou serviços consumidos de forma anormal u involuntária, ou seja, algo inesperado, tal como a obsolescência dos estoques. Pode-se, também, associar as perdas às falhas e aos desperdícios incorridos no processo, por exemplo, 32 com atividades que não agregam valor e precisam ser minimizadas ou eliminadas. De acordo com Faria e Costa (2012), a Teoria da Contabilidade segrega os gastos em despesas e custos: Despesas: são todos os gastos incorridos no esforço de obter receitas. Por exemplo, um gasto com propaganda e publicidade realizado pela área de marketing para obtenção de clientes e, consequentemente, obter receita, assim como o gasto com frete da distribuição, é comtemplado contabilmente, na Demonstração de Resultados Societária, como Despesas Comerciais. Custos: são gastos relacionados aos sacrifícios dos recursos ocorridos no processo produtivo. Pode-se considerar como custo a depreciação das empilhadeiras (ativos logísticos) assim como a mão-de-obra do pessoal envolvido na função de armazenagem de matéria-prima. Desta forma, Faria e Costa (2012), afirmam que os Custos Logísticos são os custos de planejar, implementar e controlar todo o inventário de entrada (inbound), em processo e de saída (outbound), desde o ponto de origem até o ponto de consumo. Faria e Costa (2012) sugerem que os custos sejam divididos em: diretos e indiretos, fixos, variáveis e semivariáveis: Custos Diretos: aquele que podem ser diretamente apropriados a cada tipo de objeto, pela sua fácil identificação e mensuração no momento de sua ocorrência, tal como, por exemplo, os custos de transportes na distribuição, que podem ser identificados em função dos produtos faturados e entregues a cada cliente; Custos Indiretos: são aqueles que não se podem apropriar diretamente a cada tipo de objeto, no momento de sua ocorrência, por não estarem diretamente relacionados ao mesmo. Como exemplo, os custos com a tecnologia de informação utilizada em um processo logístico que atenda diversos clientes. Os Custos Logísticos indiretos são os mais difíceis de mensurar e alocar a cada objeto de análise. Custos Fixos: São os custos estruturais que ocorrem período após período, sem alterações, ou cujas alterações não se verificam como 33 consequência de variação no volume de atividade em iguais períodos. Na Logística, podem ser citados os custos com armazenagem própria, contemplando a depreciação dos ativos logísticos, os gastos com a mãode-obra mensalista e outros gastos gerais, Custos Variáreis: são custos que variam em função do volume da atividade. Conhecer os custos variáveis auxilia em muitas decisões de curto prazo, como, por exemplo, o ajuste do mix de produtos em face dos fatores limitantes de condições operacionais e de mercado existentes. Custos Semivariáveis ou Semifixos: São os custos parcialmente variáveis e fixo, por exemplo, um vendedor que recebe salário fixo e comissão variável. 3.2 CUSTOS COM CORTE, CARREGAMENTO E TRANSPORTE O processo de corte, carregamento e transporte da cana de açúcar requer muito esforço, exigindo também uma complexa logística para efetuar a remoção da matéria prima até a unidade industrial. Para Lopes e Banchi (2001), nessa operação, é necessária acuidade no planejamento de suas atividades, visto que, durante a safra, as unidades produtoras operam de modo ininterrupto e há a necessidade de se manter o abastecimento de cana, pois os custos de retomada da produção industrial são muito altos. Considerando as várias origens da cana de açúcar (frentes de corte) e os diferentes procedimentos de colheita (manual ou mecanizado), como também a diversidade de tipos de planejamentos, controles e o planejamento das operações de corte, carregamento e transporte da cana de açúcar (CCT) consomem grande esforço da gerência agrícola. A determinação da composição de custo de corte, carregamento e transporte exige sistemas de gerenciamento, pois seu monitoramento pode indicar quais os processos com maior viabilidade ou atratividade econômica, segundo (LOPES; BANCHI, 2001). 34 3.2.1 Custos dos Processos Em uma unidade de CCT, dos tipos manual e mecanizado, existem os processos de transbordo, apoio, transporte e colhedora. Gráfico 3.1 - Participação no CCT no corte mecanizado Fonte: Lopes, Banchi (2001, p.45) Gráfico 3.2 - Participação no CCT no corte manual Fonte: Lopes, Banchi (2001, p.45) 35 3.2.2 Custos Operacionais Segundo Lopes e Banchi (2001), o custo operacional pode ser dividido da seguinte maneira: capital (depreciação e juros), taxas, operador, combustível, lubrificante, reparos e manutenções. A análise da composição do custo operacional é de extrema importância na identificação dos elementos que mais ocorrem custo operacional e, dessa forma, torná-los prioritários no gerenciamento da frota automotiva. Analisando as participações para a classe operacional caminhões, máquinas, veículo, as parcelas mais significativas no custo operacional são os custos com combustíveis e peças com rateios. Gráfico 3.3: Participação dos componentes do custo operacional Fonte: Lopes; Banchi (2001, p. 2) 36 4 METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, tais como os métodos de pesquisa, os instrumentos utilizados na coleta, tratamento e análise de dados. É importante destacar que a pesquisa deve adotar métodos condizentes com o objeto de estudo. Assim, busca-se, por meio do uso adequado da metodologia, analisar e sintetizar o assunto a ser pesquisado. Pretende-se analisar o assunto com enfoque no gerenciamento dos custos em uma frente de colheita. Com base em uma pesquisa qualitativa, Rey (2005) afirma que a pesquisa qualitativa torna-se essencial para a produção da teoria por meio da construção de modelos teóricos de inteligibilidade. A justificativa do tratamento qualitativo dos problemas levantados é baseada na necessidade de entender a relação de causa e efeito do fenômeno e, consequentemente, chegar à sua verdade ou razão. 4.1 MÉTODOS DE PESQUISA Para que a pesquisa seja realizada corretamente, faz-se necessário a utilização de procedimentos metodológicos adequados ao tipo de pesquisa. Neste trabalho foi utilizada a observação sistemática dos elementos que contemplam uma frente de colheita, que visa compreender as descrições originais de fenômenos naturais, novas espécies, estruturas, variações e mutações. O embasamento teórico deste trabalho se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de reunir os trabalhos científicos sobre os assuntos pesquisados formando a matéria-prima da pesquisa bibliográfica. No entendimento de Cervo e Bervian (2007), a busca pelo referencial teórico tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados. Martins e Lintz (2007), afirma que a pesquisa bibliográfica busca explicar e discutir um assunto com base em referências teóricas, conhecendo e analisando os conhecimentos científicos. Ainda, neste trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo utilizando o método de estudo de caso que, segundo Cervo e Bervian (2007), é um meio de 37 acesso que permite descobrir a realidade dos fatos mediante a inteligência e a reflexão. Para reforçar essa pesquisa foi realizado o estudo de caso em uma empresa que atua no transporte e carregamento da cana situada no interior do estado de São Paulo. Yin (2005) lembra que o estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real. Sob uma ótica mais expressiva, Collis e Hussey (2005) argumentam que o estudo de caso constitui-se em um exame extensivo de um fenômeno de interesse e é também um exemplo de uma metodologia fenomenológica. 4.2 MÉTODO DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS Considerada por Chizzotti (2005) como a etapa da pesquisa mais importante, a coleta de dados exige um grande volume de tempo e trabalho para reunir as informações necessárias. No desenvolvimento desta pesquisa foi empregado o método de observação qualitativa acompanhando os procedimentos e ouvindo as opiniões de profissionais da área de produção e controladoria. O desenvolvimento da adequação do modelo proposto neste trabalho consiste em três etapas: Etapa 1: coleta de dados, com a observação in loco, obtendo acesso aos documentos, procedimentos e registros. Etapa 2: classificação dos custos incidentes nas operações da empresa. Etapa 3: elaboração do modelo com base nas informações coletadas na primeira etapa, utilizando a estrutura de custos explorada na segunda etapa. 38 5 ESTUDO DE CASO 5.1 Caracterização da Empresa A empresa foi criada em meados de 2009 desenvolvendo soluções customizadas e atuando em nichos de mercado bem definidos, com um modelo de gestão baseado em contratos de longo prazo. Como parte da estratégia de crescimento, a empresa incorporou outra terceirizada de serviços na cadeia de Comércio Exterior, com presença geográfica em importantes regiões do Brasil, em julho de 2009. E com o objetivo de maximizar a criação de valor da plataforma de investimento, estruturou um plano que busca capturar todo o potencial de crescimento do setor logístico. Em março de 2010, menos de um ano depois da sua fundação, a empresa adquiriu parte dos negócios de outra companhia, com os serviços de armazenagem de sólidos, transporte rodoviário e logística interna. No setor sucroalcooleiro, a empresa atua desde 2011 nas operações de corte, carregamento e transporte da cana-de-açúcar. A empresa tem o compromisso de ser um fornecedor de soluções logísticas customizadas, com custo competitivo e serviço de alta qualidade e tecnologia com foco na responsabilidade ambiental. 5.2 Construção do Modelo A construção do modelo foi estruturada a partir de uma ferramenta do Microsoft Office, o Excel, que permite exibir todo o processo da coleta de dados. Os números apresentados no decorrer deste trabalho foram baseados nas informações apresentadas pela empresa de modo a demonstrar a utilização dos métodos para estruturação da ferramenta. Outro ponto importante é que a construção do modelo visa gerar informações para contribuir para a análise para tomada de decisão baseado em custos, apresentando a visualização da composição dos custos nos processos de corte e colheita de cana-de-açúcar. 39 5.2.1 Estruturação e Apuração dos Custos Para elaboração do modelo, é necessário que os dados coletados sejam alocados de maneira correta, sendo desmembrado por custos variáveis, semivariáveis e fixos, que são essenciais para a composição do todo. Assim, foram classificados os custos fixos, semi-fixos e variáveis anuais das seguintes máquinas: Colhedora modelo Case A8800; Trator MXM 180; e Trator JD 7185J. Foram apurados como custos variáveis os gastos com combustíveis e com lubrificantes, além da mão de obra sobre o equipamento e gastos com pneus. Como custos semi-fixos, foram considerados os custos com serviços terceirizados e custos com peças. Para a memória de cálculo dos custos fixos foram levantados os dados com: Valor do bem na aquisição, Valor de mercado do bem, Custo de oportunidade do capital (em %), Vida útil do bem (em anos), Valor econômico a ser reposto no ano (VBA-VMB/VUB), Valor do capital remunerado (VBAxCOC), e Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR-VBA) 40 Quadro 5.1: Estrutura dos Custos da Colhedora de Cana Case A8800 COLHEDORA DE CANA CASE A8800 CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 600.000,00 350.000,00 - CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 300.000,00 500.000,00 VBA: VMB: COC: VUB: VER: VKR: VKRL: MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS Valor do Bem na Aquisição Valor de Mercado do Bem Custo de Oportunidade do Capital (em %) Vida Útil do Bem (em anos) Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): 700.000,00 400.000,00 12% 6 50.000,00 784.000,00 84.000,00 Fonte: Elaborado pelos autores Nos quadros seguintes serão apresentadas as estruturas dos custos das demais máquinas e equipamentos, baseadas nas informações colhidas durante a pesquisa. Quadro 5.2: Estrutura dos Custos do Trator MXM 180 TRATOR MXM 180 CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 200.000,00 150.000,00 5.000,00 CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 100.000,00 90.000,00 VBA: VMB: COC: VUB: VER: VKR: VKRL: MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS Valor do Bem na Aquisição Valor de Mercado do Bem Custo de Oportunidade do Capital (em %) Vida Útil do Bem (em anos) Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): Fonte: Elaborado pelos autores 180.000,00 100.000,00 12% 10 8.000,00 201.600,00 21.600,00 41 Quadro 5.3: Estrutura dos Custos do Trator JD 7185J TRATOR JD 7185J CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 260.000,00 120.000,00 5.000,00 CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 90.000,00 85.000,00 MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS VBA: Valor do Bem na Aquisição VMB: Valor de Mercado do Bem COC: Custo de Oportunidade do Capital (em %) VUB: Vida Útil do Bem (em anos) VER: Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): VKR: Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): VKRL: Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): 200.000,00 110.000,00 12% 9 10.000,00 224.000,00 24.000,00 Fonte: Elaborado pelos autores Assim, os quadros anteriores apresentam a composição das máquinas e equipamentos que são utilizados nas atividades da empresa. Além das máquinas e equipamentos, a empresa utiliza alguns veículos que também precisam ser mensurados. A estruturação dos custos propriamente dita contempla os custos fixos, semi-fixos e variáveis anuais dos seguintes veículos: Caminhão MB1719, Gol 1.0 e Saveiro 1.6. Foram apurados como custos variáveis os gastos com combustíveis e com lubrificantes, mão de obra sobre o equipamento e gastos com pneus. Como custos semi-fixos os custos com terceirizados e custos com peças. Para a memória de cálculo dos custos fixos foram levantados os dados com: Valor do bem na aquisição; Valor de mercado do bem; Custo de oportunidade do capital (em %); Vida útil do bem (em anos); Valor econômico a ser reposto no ano (VBA-VMB/VUB); Valor do capital remunerado (VBAxCOC); e Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR-VBA). 42 Nos quadros a seguir, serão apresentadas e estruturação dos custos dos veículos que assim como as máquinas e equipamentos, são utilizados nas atividades da empresa. Quadro 5.4: Estrutura dos Custos do Caminhão MB 1719 CAMINHÃO MB 1719 CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 190.000,00 150.000,00 15.000,00 CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 50.000,00 40.000,00 VBA: VMB: COC: VUB: VER: VKR: VKRL: MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS Valor do Bem na Aquisição Valor de Mercado do Bem Custo de Oportunidade do Capital (em %) Vida Útil do Bem (em anos) Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): 300.000,00 200.000,00 12% 10 10.000,00 336.000,00 36.000,00 Fonte: Elaborado pelos autores Quadro 5.5: Estrutura dos Custos do Gol 1.0 GOL 1.0 CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 25.000,00 10.000,00 5.000,00 CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 4.000,00 5.000,00 VBA: VMB: COC: VUB: VER: VKR: VKRL: MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS Valor do Bem na Aquisição Valor de Mercado do Bem Custo de Oportunidade do Capital (em %) Vida Útil do Bem (em anos) Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): Fonte: Elaborado pelos autores 32.000,00 16.000,00 12% 5 3.200,00 35.840,00 3.840,00 43 Quadro 5.6: Estrutura dos Custos da Saveiro 1.6 SAVEIRO 1.6 CUSTOS VARIÁVEIS Gastos com Combustíveis e Lubrificantes no Ano: Mão de Obra sobre o Equipamento no Ano: Gastos realizados com Pneus no Ano: 27.000,00 10.000,00 5.000,00 CUSTOS SEMI-FIXOS Custos com Serviços Terceirizados: Custo com Peças no Ano: 4.000,00 5.000,00 VBA: VMB: COC: VUB: VER: VKR: VKRL: MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OS CUSTOS FIXOS Valor do Bem na Aquisição Valor de Mercado do Bem Custo de Oportunidade do Capital (em %) Vida Útil do Bem (em anos) Valor Econômico a ser Reposto no Ano (VBA-VMB/VUB): Valor do Capital Remunerado (VBA x COC): Valor do Capital Remunerado Líquido (VKR - VBA): 35.000,00 18.000,00 12% 5 3.400,00 39.200,00 4.200,00 Fonte: Elaborado pelos autores 5.2.2 Custo Horário das Máquinas e Equipamentos Para levantamento do custo horário das máquinas foram considerados os seguintes cálculos: Nos custos variáveis (combustíveis e lubrificantes; mão-de-obra e pneus): CCL/h: valor total gasto em combustíveis e lubrificantes dividido pelo total de horas trabalhadas; Mão-de-obra/h: valor total gasto com mão-de-obra dividido pelo total de horas trabalhadas; e Pneus: valor total gasto com pneus dividido pelo total de horas trabalhadas Nos custos semi-variáveis (peças e serviços com terceiros) foram consideradas: Peças/h (peças por hora): valor total gasto com peças dividido pelo total de horas trabalhadas; Terceiros/h (terceiros por hora): valor total com serviços com terceiros dividido pelo total de horas trabalhadas; Já os custos fixos compreende o valor do capital remunerado líquido dividido pelo total de horas trabalhadas. Para tanto, utilizou-se o valor do capital remunerado líquido calculado da seguinte maneira: o valor do bem adquirido menos o valor de 44 mercado; sua diferença é dividida pelo total de anos de sua vida útil, tendo assim o valor a ser reposto anualmente. Para cálculo do capital remunerado foi usado o valor do bem adquirido acrescentando-se o custo de oportunidade do capital, em porcentagem. O capital remunerado líquido é obtido a partir da diferença entre o valor do capital remunerado e o valor do bem na aquisição. Quadro 5.7: Custo horário das Máquinas e Equipamentos Descrição das Classes dos Bens HT Custos Variáveis CCL Custos Sem i-Variáveis Custos Mão Obra Pneus Peças Terceiros Fixos CUSTO TOTAL COLHEDORA DE CANA CASE A8800 2.600 230,77 134,62 0,00 192,31 115,38 32,31 705,38 TRATOR MXM 180 3.000 63,33 50,00 1,67 30,00 33,33 7,20 185,53 TRATOR JD 7185J 3.000 8,33 3,33 1,67 28,33 30,00 8,00 TOTAL DOS CUSTOS DAS MÁQUINAS HT: CCL: 79,67 970,58 Horas Trabalhadas Custo com Combustíveis e Lubrificantes Fonte: Elaborado pelos autores 5.2.3 Custo Horário dos Veículos Para levantamento do custo dos veículos também utilizou-se a mesma estrutura descrita anteriormente. Os custos variáveis (que compreendem os combustíveis e lubrificantes; mãode-obra e pneus) são compostos da seguinte forma: CCL/h: valor total gasto em combustíveis e lubrificantes dividido pelo total de quilômetros rodados; Mão-de-obra/h: valor total gasto com mão-de-obra dividido pelo total de quilômetros rodados; e Pneus: valor total gasto com pneus dividido pelo total de quilômetros rodados. Já os custos semi-variáveis (peças e serviços com terceiros) compreendem: Peças/km (Peças por Km rodado): valor total gasto com peças dividido pelo total de quilômetros rodados; Terceiros/km (Terceiros por Km rodado): valor total com serviços com terceiros dividido pelo total de quilômetros rodados; Os custos fixos compreendem o valor do capital remunerado (valor do bem) líquido dividido pelo total de quilômetros rodados. Para tanto, utilizou-se o valor do capital remunerado líquido calculado da seguinte maneira: o valor do bem adquirido 45 menos o valor de mercado; sua diferença é dividida pelo total de anos de sua vida útil, tendo assim o valor a ser reposto anualmente. Para cálculo do capital remunerado foi usado o valor do bem adquirido acrescentando-se o custo de oportunidade do capital, em porcentagem. O capital remunerado líquido é obtido a partir da diferença entre o valor do capital remunerado e o valor do bem na aquisição. Quadro 5.8 Custo por Km dos Veículos Descrição das Classes dos Bens KM Custos Variáveis CCL Custos Sem i-Variáveis Custos Mão Obra Pneus Peças Terceiros Fixos CUSTO TOTAL CAMINHÃO MB 1719 70.000 2,71 2,14 0,21 0,57 0,71 0,51 6,87 GOL 1.0 60.000 0,42 0,17 0,08 0,08 0,07 0,06 0,88 SAVEIRO 1.6 60.000 0,45 0,17 0,08 0,08 0,07 0,07 0,92 TOTAL DOS CUSTOS DOS VEÍCULOS 8,67 Fonte: Elaborado pelos autores 5.3 MODELO DE GESTÃO DE CUSTOS Com base nas informações geradas anteriormente, foi elaborado um modelo de gestão que contemplasse todos os custos incidentes sobre as máquinas, equipamento e os veículos utilizados pela empresa. Para a elaboração do modelo, percebeu-se que o critério de rateio dos custos fixos não é aconselhável para efeito de decisão, visto que esses custos estão relacionados a um período específico de tempo, e não ao objeto de custo. Neste sentido, o modelo está estruturado com base no método de custeio direto, ou seja, calcula-se somente os custos variáveis e semi-variáveis aos bens. Com base no Quadro 5.9, foram consideradas as quantidades de quilômetros rodados ou quantidade de horas trabalhadas por cada bem. Assim, é possível alocar os custos unitários (variável e semi variável) diretamente a quantidade trabalhada. Os custos considerados fixos correspondem ao valor referente ao período (mensal no caso da empresa estudada), ou seja, foram alocados integralmente ao referido período. 46 Quadro 5.9: Modelo Proposto de Gestão dos Custos Quantidade de Km/Horas Custos Variáveis - Unitário Custos Semi-Variáveis Total dos Custos Unitários Diretos Colhedora Trator MXM Trator John CASE A8800 180 D. 7185J 2.600 3.000 3.000 365,38 115,00 13,33 307,69 63,33 58,33 673,07 178,33 71,66 Custos Variáveis Totais Custos Semi-Variáveis Totais Total dos Custos Diretos 949.988,00 799.994,00 1.749.982,00 Descrição 345.000,00 189.990,00 534.990,00 39.990,00 174.990,00 214.980,00 Caminhão MB 1719 70.000 5,07 1,29 6,36 354.900,00 90.300,00 445.200,00 Custos e Despesas Fixas Resultado do Custo Operacional Total Gol 1.0 Saveiro 1.6 TOTAL 60.000 0,67 0,15 0,82 60.000 0,70 0,15 0,85 40.200,00 9.000,00 49.200,00 42.000,00 1.772.078,00 9.000,00 1.273.274,00 51.000,00 3.045.352,00 173.650,00 3.219.002,00 Fonte: Elaborado pelos autores O quadro 5.9 apresentou um resultado operacional total de (R$ 3.219.002,00), ou seja, a empresa, mediante as atividades que foram desenvolvidas deve gerar uma receita superior a este valor para que ela possa auferir um resultado econômico positivo. É importante ressaltar que o modelo proposto pode ser sofrer adaptações no que tange a identificação da contribuição da produção de cada bem, assim como outras informações relacionadas as atividades da empresa. 47 CONCLUSÃO Com base nos dados levantados nessa empresa sucroalcooleira, concluiu-se que o modelo permite ser aplicado no processo de colheita mecanizada de cana-deaçúcar, para auxiliar os gestores em sua tomada de decisão. Constatou-se que o critério de rateio dos custos fixos não é aconselhável para efeito de decisão, portanto o método de custeio direto adequa-se melhor à realidade da empresa em questão. Durante o desenvolvimento observou-se no processo de colheita mecanizada que a colhedora é quem mais impacta nos custos, e as variáveis de maior importância para o sistema de colheita são a eficiência de campo e o valor inicial das máquinas. Considerando que o objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho operacional e assim elaborar um modelo de gestão de custos que verificasse a viabilidade econômica do processo de colheita de cana mecanizada, conclui-se que o mesmo foi atingido em sua plenitude, visto que o modelo permite que os usuários possam identificar a viabilidade econômica das atividades desenvolvidas partindo da estrutura de custos incorridos nas mesmas. Desta forma, o modelo proposto indicou o resultado operacional que aponta a receita mínima a ser alcançada para obtenção de lucro. Para fins de pesquisas futuras, é possível elaborar modelos que contemplem as receitas decorrentes das atividades desenvolvidas, permitindo verificar o resultado econômico da mesma. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU, Ronald. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Tradução Hugo T. Yoshizaki. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D.; COOPER, M. 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