Anthony Giddens (1938, Londres), em sua obra
teórica considera a articulação entre sociedade e
indivíduo. Do ponto de vista metodológico, realiza
uma síntese entre a sociologia estrutural e o
funcionalismo, de forma que conjugue estrutura e
ação numa teoria só, intitulada de teoria da
Anthony Giddens, 2004
estruturação.
A estrutura significa práticas sociais construídas através da relação
tempo-espaço, a estruturação consiste na reprodução dessas práticas.
Giddens considera, então, as razões e as motivações dos atores para
agir de determinada forma. Mais propriamente, o ideal é que se leve
em conta as duas dimensões: a ação e a estrutura mutuamente
influentes.
Em seu trabalho também desenvolve uma perspectiva teórica sobre as
mudanças que ocorrem no mundo de hoje. Atualmente, vivemos em um
“mundo em descontrole” (para os pós modernos), marcado por novos
riscos e incertezas (BECK). Porém, ao lado do risco, deveríamos
identificar a noção de confiança – a qual manifestamos tanto em relação
aos indivíduos quanto às instituições.
Neste mundo de transformações aceleradas, as formas tradicionais de
confiança tendem a se dissolver. A confiança em outras pessoas
costumava ter como base a comunidade local. No entanto, por vivermos
em uma sociedade mais globalizada, nossas vidas são influenciadas por
pessoas que nunca vemos ou conhecemos, que talvez morem do outro
lado do mundo. Giddens se refere à confiança em “sistemas abstratos” –
por exemplo, precisamos confiar nas agências reguladoras de alimentos,
na purificação da água ou na eficácia dos sistemas bancários.
A confiança e o risco estão intimamente ligados. Para enfrentar os riscos
que estão à nossa volta e reagir a eles com eficácia, é preciso ter
confiança nessas autoridades.
Reflexividade social – viver em uma era da informação significa um
aumento da reflexividade social. A reflexividade social refere-se à
necessidade de estarmos sempre pensando, ou refletindo, a respeito das
circunstâncias em que nossas vidas se desenrolam. Quando as
sociedades estavam mais adaptadas ao costume e à tradição, as
pessoas podiam seguir métodos estabelecidos para fazer as coisas de
maneira mais irrefletida. Para nós, muitos aspectos da vida que as
antigas gerações consideravam triviais transformam-se em temas para
um processo aberto de tomada de decisões.
A perda de controle em relação ao nosso próprio futuro não é inevitável.
Nesta era global, é certo que as nações acabam perdendo parte do
poder que costumavam ter. Por exemplo, os países possuem menos
influência sobre a política econômica do que já o tiveram. Porém, os
governos retêm um volume considerável de poder. Trabalhando em
conjunto, as nações podem se unir para reafirmar nossa influência sobre
este mundo em descontrole.
A democracia continua sendo crucial, porque os grupos da área da
“subpolítica” (organismos e movimentos que trabalham fora da estrutura
formal da política) fazem exigências divergentes e possuem interesses
diferentes.
O governo democrático deve avaliar e reagir a essa diversidade de
reivindicações e de inquietações.
A democracia não pode se limitar à esfera pública, como definiu
Habermas. Existe uma possível “democracia das emoções” surgindo no
cotidiano. Por democracia das emoções entende-se o surgimento de
formas de vida em família nas quais os homens e as mulheres têm a
mesma participação. Praticamente todas as formas de estrutura familiar
tradicional baseavam-se no domínio dos homens sobre as mulheres, um
fato geralmente sancionado por lei. A crescente igualdade entre os sexos
não pode se limitar apenas ao direito ao voto; deve envolver também a
esfera pessoal e íntima. A democratização da vida pessoal avança até o
ponto em que os relacionamentos sejam construídos sobre o respeito
mútuo, a comunicação e a tolerância.
Bibliografia: GIDDENS, A. Sociologia. Trad. Sandra Regina Nets. 4ª. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
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Reflexividade social