FASES PSICOSSEXUAIS FREUDIANAS Thaiz Maira da Silva Farias1 Elaine da Silva Nantes2 Sirlei Maria de Aguiar3 Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR. RESUMO: Este trabalho teve por objetivo compreender as fases psicossexuais no desenvolvimento infantil. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica e qualitativa. Por meio deste estudo foi possível conhecer teoricamente como se dá o desenvolvimento sexual da criança e a importância que esse período de dúvidas e medo pode ter no desenvolver da personalidade de cada um. Para a realização desta pesquisa levantou-se os seguintes objetivos: pesquisar a contribuição de Freud para o estudo da sexualidade infantil; descrever as fases psicossexuais de acordo com os pensamentos freudianos e relatar a importância de educadores infantis conhecerem as Fases Psicossexuais da criança. No decorrer da pesquisa bibliográfica buscou-se esclarecer possíveis dúvidas que possam existir acerca do que diz respeito à sexualidade infantil. Para esses estudos tomaram-se por base os escritos de: Costa e Oliveira; Diniz; Hall e Lindzey, Marque et. al. Conclui-se com a realização deste trabalho que o mesmo poderá orientar os pais e educadores com relação as fases sexuais que as criança e do adolescente passam sem prejuízo para o seu desenvolvimento. Palavras chave: Fases psicossexuais; Educadores; Pais; sexualidade infantil. 1. INTRODUÇÃO Sabe - se que no decorrer da vida o ser humano passa por constantes transformações. O homem durante seu crescimento passa por fases relevantes e necessárias para seu desenvolvimento, e isso inclui as fases sexuais. A medida que as crianças vão crescendo, mudanças no comportamento sexual são percebidas. Mudanças essas que podem causar susto e desconforto a quem não entende ou 1 Acadêmico(a) do curso de Pedagogia da Faculdade Integrado de Campo Mourão– PR. Orientadora Professor Especialista da Faculdade Integrado de Campo Mourão– PR. 3 Co-orientadora Professora Especialista da Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR. 2 não está preparado para se pôr diante de certas situações relacionadas a sexualidade. A pesquisadora e educadora Infantil sabe que podem ser encontradas algumas lacunas nas realidades de muitos centros de Educação Infantil e algumas delas podem ser percebidas quando o assunto tratado é a sexualidade das crianças, pois muitos (a) educadores (a) não compreendem que alguns comportamentos que as crianças apresentam são apenas coisas normais do seu desenvolvimento e, contudo, são vistos como anormalidades e às vezes são realizados julgamentos inapropriados contra a criança acerca dos comportamentos que ela apresenta, mesmo podendo saber que, de acordo com Freud (2006, apud Costa; Oliveira, 2011, p. 01) sexualidade estará sempre nas nossas vidas, pois ela “nos acompanha desde o nascimento até a morte”. Diante do exposto, o referido trabalho terá como objetivo identificar quais as fases da psicossexualidade nos estudos de Freud. De início será apresentado uma breve bibliografia de Freud e as suas contribuições para o estudo da sexualidade infantil. Após serão tratadas as fases psicossexuais de acordo com os pensamentos Freudianos e para finalizar será vista da relevância de Educadores Infantis conhecerem as Fases Psicossexuais em especial na educação infantil. Para toda pesquisa é imprescindível o emprego de um percurso metodológico o qual irá permitir o pesquisador o levantamento de informações e estudos que irão ajudar na compreensão do assunto tratado. Para a pesquisa apresentada, será empregados estudos metodológicos que auxiliam no andamento de seu desenvolvimento. Sendo assim, optou-se por uma pesquisa qualitativa, a qual visa levar em consideração não só a quantidade, mas também a qualidade e a compreensão que o pesquisador teve sobre o assunto pesquisado. De acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), “quando se usa a pesquisa qualitativa procuram encontrar todas as razões daquela pesquisa, o porquê daquilo, e o porquê são feitos.” Diante do exposto, o pesquisador deve ter o cuidado com alguns riscos que pode correr ao realizar esse método de pesquisa, como por exemplo, a falta de detalhes de como a conclusão do trabalho foi alcançada, a falta da própria certeza sobre os dados apresentados e até mesmo o excesso de envolvimento do pesquisador com situação de pesquisa. Para a obtenção das informações utilizou a pesquisa Bibliográfica que de acordo com Lima e Mioto (2007, p.37) é “um procedimento metodológico que se oferece ao pesquisador como uma possibilidade na busca de soluções para seu problema de pesquisa”. O que as autoras trazem subjacente, é que a pesquisa bibliográfica apresenta formas de pesquisa que permitem ao pesquisador explorar estudos feitos por outros autores em busca de poder solucionar o seu problema levantado. Para Marconi (2003, p.183) a pesquisa bibliográfica ainda tem por objetivo pôr o pesquisador de frente e em contato direto com todos os estudos realizados sobre um determinado assunto, sejam eles escritos, filmados, gravados e “inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas”. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Freud e suas contribuições para o estudo da sexualidade infantil O homem durante toda sua caminhada encontra-se em constante desenvolvimento, e isso inclui o desenvolvimento da sua sexualidade. Nos estudos na área do desenvolvimento sexual podem ser encontrados nomes que são referências no assunto, mas para este referido estudo será adotado os estudos de Sigmund Freud. Nessa perspectiva Durante mais de quarenta anos Freud explorou o inconsciente pelo método da associação livre, desenvolvendo a primeira teoria abrangente da personalidade. Ele traçou os contornos da sua topografia, penetrou nas fontes de suas correntes de energia e determinou o verdadeiro curso do seu desenvolvimento. Desempenhando essas proezas incríveis, ele se tornou uma das figuras mais influentes e controvertidas do nosso tempo. (HALL e LINDZEY, 1984. p. 24). Sigmund Freud de acordo com a Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI) nasceu em 06 de maio do ano de 1956 na Morávia. Passou quase oitenta anos de sua vida em Viena, tendo deixado a cidade levado pela ocupação da Áustria pelos nazistas. A decisão de se tornar cientista veio ainda na juventude, e com essa decisão fez com que se matriculasse na escola de medicina da cidade de Viena no ano de 1873. Mesmo não tendo por vontade clinicar, as necessidades pessoais e sociais fez com que optasse pela atuação na área. Se especializou no tratamento das doenças nervosas, optando pela área da neurologia, e então conheceu e utilizou os métodos de Joseph Breuer, que buscava a cura de seus pacientes fazendo com que eles falassem de seus próprios sintomas. Breuer e Freud fizeram parceria nos estudos de alguns casos de histeria que foram curados por meio desta técnica. Mas, as divergências em seus pontos de vista apareceram quando suas ideias se tornaram divergentes ao se tratar do fator sexual na histeria, pois enquanto Breuer mantinha um ponto de vista tradicional sobre a sexualidade, Freud defendia que os conflitos sexuais seriam as causas da histeria. Com isso Freud começou a sustentar seus estudos sozinhos, desenvolvendo ideias que viriam a fundamentar a sua teoria psicanalítica. (HALL; LINDZEY, 1984, p. 24). Os estudos de Freud foram fundamentais para que hoje seja reconhecido que a sexualidade está presente também na infância. No desenvolver de seus estudos ele organizou a teoria do Inconsciente, que permitia entender a origem dos traumas em cada indivíduo, e para a realização de seus trabalhos ele estudou as crianças, fazendo assim com que descobrissem que a origem dos traumas encontra- se no período da infância, mais precisamente na repressão sexual que o indivíduo sofre neste período. Freud participou da conferência nos Estados Unidos que tratava dos estudos psicanalíticos, no ano de 1909, e na oportunidade apresentou os motivos que fizeram com que ele remetesse a infância para entender os motivos das neuroses na fase adulta (NUNES; SILVA, 2000, p. 44). Os sintomas da neurose são consequências da sexualidade que um dia foi reprimido na infância. E esses sintomas são elementos sexuais reprimidos que se manifestam em forma de comportamentos doentios. Nos estudos de Freud, ele considerou que a sexualidade vem desde o nascimento da criança, assim ele foi o primeiro a considerar como natural em crianças o que para muitos pode ser considerado com errado ou até mesmo estranho, como ereções, masturbação e até mesmo algumas coisas que podem ser consideradas simulações sexuais. (NUNES; SILVA, 2000, p. 45-46). Foi neste evento que Freud se pronunciou pela primeira vez em público sobre seu estudo, neste contexto Freud diz: Mas, agora sim, estou realmente certo do espanto dos ouvintes: “existe então- perguntarão- uma sexualidade infantil?” “A infância não é, ao contrário, o período da vida marcado pela ausência do instinto sexual?” Não meus senhores. Não é verdade certamente que o instinto sexual, na puberdade, entre no indivíduo como, segundo o Evangelho, os demônios nos porcos. A criança possui, desde o princípio, o instinto e as atividades sexuais. Ela os traz consigo para o mundo, e deles provêm, através de uma evolução rica de etapas, a chamada sexualidade normal do adulto. Não são difíceis de observar as manifestações da atividade sexual infantil; ao contrário, deixa-las passar desapercebidos ou incompreendidas é que é preciso considerar- se grave” (FREUD, 1970, p.39;40 apud NUNES; SILVA, 2000, p.46) Freud considerava que a criança já nascia com o que ele chamava de “germes de movimentos sexuais”, e que esses “germes” passavam a evoluir de acordo com o desenvolvimento da criança, até que “em algum período da infância sofram repressões progressivas com algumas interrupções pelo próprio desenvolvimento particular do indivíduo”. (NUNES; SILVA, 2000, p. 48). Desse modo, Freud estabeleceu os períodos e fases e acreditava que as crianças passavam durante suas vidas, fases que eram interrompidas com a chegada de outra nova fase. 2.2 As fases psicossexuais de acordo com os pensamentos freudianos. Freud apresentou as fases psicossexuais, na qual mostrou que o desenvolvimento do ser homem se dá por estágios, estágios estes que foram denominados por estágio oral, anal, fálico, latência e por último o estágio genital. De acordo com Hall e Lindzey (1984), no estágio oral que acontece do 0 aos 18 meses da criança, comer é a atividade mais prazerosa e que é produzida pela boca, comer estimula os lábios e a cavidade oral, podendo ser jogado fora o alimento que não agradar. Quando acontece o crescimento dos dentes, a boca também servirá para morder e fazer a mastigação dos alimentos. A mastigação e o morder, podem dizer muito sobre a personalidade, o caráter que pode aparecer futuramente em alguém, assim os autores trazem como exemplo a personalidade ingênua de alguém, que “se fixou no nível de receptividade oral da personalidade; tal pessoa, em geral “engole” tudo o que lhe dizem”. Já uma pessoa que morde ou agride oralmente tem tendências a ser sarcástico e a discussões. Sobre tal característica do estágio oral, Marcondes (1992, não paginado) traz que os traços orais que forem mantidos estarão sempre ligados às características predominantes do homem. Segundo a mesma autora: Podemos dizer que caracteristicamente há traços orais da personalidade, mas que a estrutura destes pode ser completamente inversa, dependendo do tipo de situação que levou à fixação, do tipo de resposta da criança a tal situação desequilibradora e da interrelação desses dois fatores. É isso que justifica tantas possibilidades diferentes de manifestações sintomaticamente orais. (MARCONDES 1992, não paginado). Com isso, pode ser compreendido que parte da personalidade do homem é resultado das situações vivenciadas durante o período oral, e pode ser responsável por contrastes entre a personalidade de um homem a outro, como por exemplo: um homem pode ser extremamente calmo e outro pode ser igualmente nervoso, tudo pode variar conforme for sua passagem por este estágio. No Estágio Oral surge a dependência, pois a criança neste período é quase que totalmente dependente da mãe, já que é ela quem o alimenta e protege do que lhe possa fazer mal. Esse sentimento de dependência permanece durante fases da vida, como exemplo quando a pessoa está angustiada e insegura. Freud acreditava que o maior nível de dependência é quando se é desejado a volta para o útero da mãe. (HALL E LINDZEY 1984, p. 40-41). O Estágio Anal ocorre dos 18 meses aos 3 anos de vida da criança, e é nesse estágio que após ocorrer a digestão dos alimentos, os mesmos ficam acumulados no intestino, para depois ser expelido. As fezes quando são expulsas levam junto o que dá desconforto promovendo certa sensação de alivio ao sujeito. Os esfíncteres começam a ser controlados a partir dos dois anos de vida, e é nesse momento que a criança tem a sua primeira experiência de decidir o controle de um impulso que vem de seu próprio instinto, pois ela começa a aprender a segurar sua necessidade de aliviar as tensões anais. O modo como à criança é educada e o jeito que a mãe encara as situações de proscrição das fezes pode produzir nas crianças efeitos que dizem respeito com a formação de valores da criança. (HALL; LINDZEY,1984, p.41). Vindo ao encontro dos autores já citados, Marcondes diz que as situações de como foram tratadas as crianças durante o Estágio Anal podem ser percebidas durante seu período escolar, pois como já dito os cuidados das mães, como a excessiva higienização da criança, a severidade em impor que as crianças controlem seus esfíncteres muito cedo e o nervosismo ao tratar a criança quando suas tentativas não derem certo, ou os maus cuidados como a total falta de atenção com a criança nesse período, a falta de higiene da criança e também a falta de vontade de retirar as fraldas podem sim ser responsáveis por características importantes da personalidade: Podemos perceber esses caracteres anais presentes de forma exagerada e preocupante, quando a criança: (a) é excessivamente meticulosa, organizada, regular, teimosa e rabugenta, impedindo a espontaneidade e a criatividade que também podem ser dificultadas quando a criança é excessivamente desregrada, esbanjadora ou descuidada nas tarefas; (b) apresenta obsessão neurótica por limpeza ou, completamente ao inverso, é relapsa quanto à higiene pessoal e ambiental; (c) em relação aos colegas, é impulsiva, irascível e agressiva, ou completamente apática e dominável; (d) pode ainda apresentar características possessivas, de mesquinhez avareza ou ciúme desmedido. (HALL; LINDZEY 1992, p. 41-42) Quando a mãe faz uso de métodos rigorosos, pode acontecer de a criança começar a reter as fezes e quando esse modo de retenção se generaliza por outras condutas na vida da criança, e a mesma pode adquirir um caráter retentivo. A criança por ser forçada a manter algo consigo, mesmo que lhe cause certo grau de desconforto pode também fazer com que tenha consigo a avareza, ou quando as medidas tomadas pela mãe é muito intensa a criança pode começar a repelir as fezes em horas não apropriadas. Quando a pessoa tem traços expulsivos tende a ter por padrões a crueldade e a destruição sem limites. Mas por outro lado, se a mãe tiver outra postura em relação às fezes da criança como, incentivar para que a criança defeque, elogie quando a mesma realiza o processo, ela pode começar a perceber que defecar é importante para ela, e a partir disso a criança pode criar a base para uma personalidade criativa e produtiva, além de que outros traços de caráter podem surgir durante o Estágio Anal. O Estágio Fálico acontece dos 3 aos 6 anos da criança, e de acordo com Hall e Lindzey (1992, 42) é nele que surge as primeiras sensações sexuais e uma certa agressividade no que diz respeito ao funcionamento dos genitais. É nesse estágio que aparece o complexo de Édipo, que decorre do início da masturbação e de fantasias que a criança produz em sua vida. Os autores ainda salientam que, Freud considerou que identificar o Complexo de Édipo se tornou uma de suas maiores descobertas no estudo da sexualidade. A denominação desse complexo se deu por conta do Rei de Tebas que haveria matado o próprio pai, e após teria se casado com a própria mãe. O complexo de Édipo, se caracteriza pelo fato de o menino desejar a mãe e a menina desejar o pai, e com isso segue-se o desejo do menino de afastar o pai e a menina de afastar a mãe. Segundo Freud (apud MIRANDA, 2013, p. 261) “apaixonar-se por um dos pais e odiar o outro figuram entre os componentes essenciais do acervo de impulsos psíquicos que se formam nessa época”. Esses sentimentos aparecem nos momentos da masturbação e nos momentos em que se alternam os sentimentos em relação aos pais, ora amor ora ódio. Tanto o menino quanto a menina amam as mães, pois é ela que satisfaz as suas necessidades básicas, e assim acabam por ressentindo-se com o personagem paterno por acreditar que o pai possa talvez “roubar” a atenção de sua mãe. Esse sentimento ainda de acordo com os autores permanece no menino, enquanto nas meninas mudam por causa do complexo de Édipo. O desejo do menino em relação à mãe acaba fazendo com que seja gerado certo conflito em relação ao pai, pois o menino acaba vendo o pai como um rival, e isso acaba fazendo gerar a figura de um pai que seja punitivo, aplicando-lhe castigos. Esse medo faz com que o menino acredite que a punição que o pai lhe aplicará será referente aos seus órgãos genitais, já que eles são a fonte do desejo sentido pela mãe. Esse medo justifica-se por acreditar que o rival tire os órgãos genitais por ciúme, e isso leva o menino ao medo da castração, que faz com o menino comece a reprimir o desejo sexual que apresenta em relação à sua mãe, e também passa a diminuir a resistência que tinha com o pai, e é essa situação que faz com que o menino crie uma afeição pelo pai, encontrando pontos em que há uma identificação entre ambas as partes, e havendo essa identificação o menino começa a apresentar uma certa satisfação que substitui os desejos sexuais que sentia em relação a própria mãe. E no fim, esse sentimento de desejo passa a ser um sentimento de afeição de filho para com a mãe. (HALL; LINDZEY, 1984, p.41-42) Já na menina o complexo de Édipo se torna mais complicado, pois a menina vai fazer uma troca do seu amor verdadeiro que é sua mãe para transferir esse sentimento ao pai. Mas isso dependerá de como a menina reagirá ao descobrir que ela não possui um pênis que é um órgão genital saliente e sim possui apenas uma cavidade, e dependendo de sua reação pode provocar consequências. A primeira consequência é que a menina colocará a culpa na mãe pela sua castração fazendo assim com que a relação mãe e filha sejam afetadas. Após, a criança pegará esse amor que sentia unicamente pela mãe e transferirá para o pai, já que é a figura paterna que possui o órgão genital que tanto lhe é valorizado e desejado. Mas seu sentimento será dividido entre amor e inveja, visto que ele possui algo que lhe falta. Essa inveja e a angustia de castração no menino correspondem ao complexo de Castração, O conceito de “castração” não está relacionado com a experiência literal de mutilação dos órgãos sexuais masculinos, propriamente ditos. Em psicanálise, o conceito se refere a uma experiência psíquica, vivida pela criança (por volta dos cinco anos de idade) e determinante em sua futura identidade sexual. O aspecto essencial desta experiência leva à diferenciação anatômica entre os sexos, vivenciada pela criança, ao preço da angústia, levando-a a aceitar que o mundo seja composto de homens e mulheres e à percepção dos limites de seu corpo. A experiência inconsciente da castração é incessantemente renovada ao longo de toda a existência e particularmente recolocada “em jogo” na cura analítica do paciente adulto. (NASIO apud DINIZ, 2012, não paginado). Entende- se então que no complexo de castração a menina acha que perdeu algo que dava muito valor, enquanto o menino tem medo de que lhe tirem o que ele tem de valor no momento. A mulher supri a falta de ter um pênis no momento em que dá a luz a um filho do sexo masculino. Parte das diferenças psicológicas que há entre o sexo masculino e o sexo feminino é fundamentado nas divergências que há nos complexos de Édipo, já que na menina o complexo não é reprimido como no menino. De acordo com os autores Hall e Lindzey (1984, p.42), Freud acreditava que todo mundo possui uma herança bissexual, pois cada sexo apresenta manifestação de atração por pessoas do sexo oposto ou do mesmo sexo, e isso Freud acreditou que fosse o princípio da homossexualidade, mesmo que em muitas pessoas os impulsos da homossexualidade permaneçam ocultos. A bissexualidade faz surgir um grande problema para o complexo de Édipo, já que a criança começara investir em pessoas do mesmo sexo, que no caso seria a menina com a mãe e o menino com o pai. Com isso o sentimento que o menino passa a sentir pelo pai e a menina pela mãe começa a apresentar dois valores tornando-se assim ambivalente e não mais univalente. A aparição do complexo de Édipo e o complexo de castração dão existência as importantes ocorrências que acontecem durante o período fálico, ocorrências estas que fazem ficar marcas e vestígios na personalidade. (HALL; LINDZEY, 1984, p.42-43). Após o Estágio Fálico temos o Período da Latência que segundo Nunes e Silva (2000) acontecem geralmente dos seis aos nove anos da criança, e esse estágio também marca consideravelmente o que diz respeito ao desenvolvimento sexual da criança, mas podemos ver que nesse período existem interrupções, que de acordo com Freud, “Nada de certo se pode dizer sobre a regularidade e periodicidade das oscilações deste desenvolvimento, mas parece que a vida sexual da criança, por volta do terceiro ou quarto ano, já se manifesta de uma forma que a torna acessível à observação.” (1970, p.90 apud NUNES; SILVA 2000, p.48). Portanto, o Período da Latência pode se dar por completo ou parcialmente. Nesse período o psicológico ganha mais força, podendo fazer com que mais adiante no processo de desenvolvimento sexual da criança aconteçam obstáculos a serem vencidos, pois é ai que aparecem as inibições sexuais, que fazem com que nessa fase aconteça o desgosto, a moralidade, o pudor e o desejo estético. É considerado que a infância acontece do nascimento da criança até o Período da Latência, que pode ser tida como o intermédio da infância com a puberdade. (NUNES; SILVA 2000, p.48- 49). O último período das fases psicossexuais segundo Freud é o Estágio Genital. Hall e Lindzey dizem que estas que antecedem o período Genital são Narcisistas em relação ao caráter, pois neles os indivíduos podem adquirir satisfação estimulando o próprio corpo, e a satisfação com outras pessoas pode se dar por que apresentam outras maneiras de prazer físico a criança. Quando chega o período da adolescência o narcisismo vai sendo deixado de lado, canalizado, pois o adolescente começa a aprender a amar outras pessoas, e esse amor não é apenas de forma pessoal ou de maneira egoísta. Na adolescência aparecem às primeiras manifestações de atração sexual a outras pessoas, é maior a socialização do indivíduo, cresce o interesse profissional, e também aparece a preparação para o casamento e para a constituição de família. Quando a adolescência chega ao fim, esses interesses se tornam estáveis e é então que o indivíduo deixa para trás a ideia de criança narcisista que só pensa nela mesma e passa a se tornar um adulto socializável, que está preparado para enfrentar as realidades e obstáculos da vida adulta. Mesmo com a chegada do período Genital, as fases que o indivíduo passou anteriormente não são apagadas e nem substituídas, pois os mesmos se juntam para formar os impulsos genitais. Como já citado, no período Genital a pessoa está em momento de preparação para constituir uma família, sendo que o principal exercício do Estágio Genital é a reprodução. Para que isso aconteça o psicológico trabalha de uma forma que lhe dê segurança e estabilidade para tal responsabilidade. Ainda de acordo com as palavras de Hall e Lindzey (1984, p. 43), Freud mostrou que há certa distinção entre os estágios Oral, Anal, Fálico e Genital, mas não mostrou com clareza e certeza que exista separação ou até mesmo que o estágio seguinte seja algo inesperado para o desenvolvimento. Pois no fim, o desenvolvimento da personalidade humana se dá a partir das contribuições de cada um dos quatro estágios apresentados. 2.3 Importância de Educadores Infantis Conhecerem as Fases Psicossexuais. A sexualidade está presente na vida do ser humano desde a mais tenra idade, ou seja, desde o nascimento a criança já começa a ter seus primeiros impulsos sexuais. De acordo com Rodrigues e Wechsler (2014, p.90), a sexualidade é muito mais que ato sexual, pois a sexualidade de todos leva marcas da cultura e da história de cada um e da sociedade que é o meio ao qual se está inserida. Hoje é possível reconhecer e admitir que a sexualidade se manifesta desde o começo da vida e que vai acompanhando o desenvolvimento do ser humano com o passar do tempo, mas essa visão nem sempre foi vista dessa maneira. De acordo com Marques; Vilar; Forreta (2006, p. 40), a partir do século XVII aconteceram muitos movimentos humanistas que fizeram com que a criança fosse exaltada por ser um ser puro, que não realizava nenhuma atividade sexual já que não tinha seu genital desenvolvido. Nessa época era tida como pecado a prática do sexo. Os autores ainda trazem que acredita- se que esse lado inocente que acontecia nessa época em relação a sexualidade infantil pode ser ocasionada pela ignorância, ou seja, pela falta de conhecimento do assunto. Essa inocência é que fez com que a educação deixasse as crianças e adolescentes da época sem informações sobre a sexualidade, fazendo repressões ao assunto com o intuito de que os mesmo se mantessem afastados das curiosidades que pudessem existir em relação aos comportamentos sexuais. Ainda existem vestígios desse modelo educacional nos dias atuais, e esses vestígios podem ser vistos nos olhares de adultos frente às manifestações sexuais infantis. Com isso, conhecer as fases da sexualidade pela qual se passa durante a vida é importância para educadores infantis, pois as primeiras manifestações sexuais que podem aparecer possivelmente durante sua passagem pela Educação infantil, já que muitas crianças passam a maior parte do tempo nas instituições de ensino e podem não contar com o apoio necessário da família nesse período. Os educadores devem estar preparados e dispostos a trabalhar e intervir com a questão da sexualidade desde o berçário ao ensino médio. Entende que cada fase corresponde a certa idade e que cada idade a sexualidade se manifesta de maneira diferente, podendo adquirir diferentes maneiras de se expressar. Diante do exposto, o educador que atua com criança deve saber como agir e interferir na vida sexual do aluno respeitando o momento em que ele se encontra, sabendo assim como trabalhar de acordo com a idade de cada aluno e a fase do desenvolvimento que ele está passando. (FÉLIX 1995, apud MARQUES; VILAR; FORRETA, p.41). Crianças desde o nascimento passam por períodos decisivos para o seu desenvolvimento, como dos zero aos dois anos que é quando aparece a linguagem, os primeiros passinhos e também o controle dos esfíncteres. Professores da educação infantil devem estar preparados para receber os possíveis impulsos sexuais dos seus bebês, pois é nesse período que a criança começa a conhecer o seu próprio corpo, e os prazeres que o mesmo pode lhe proporcionar. Os bebês possuem um grande interesse por seus órgãos genitais, e é essa masturbação que leva a criança as sensações prazerosas e instigam a cada vez mais conhecer e estimular o próprio corpo. (LÓPES; FUERTES, 1999, s/p. apud MARQUES; VILAR; FORRETA, 2006, p.42). A masturbação infantil pode ser observada nos meninos a partir dos seis ou sete meses, já nas meninas pode começar a ser observada após os dez ou onze meses de vida. Nesse período o professor deve estar totalmente preparado para lidar com situações como essa, já que isso pode ser muito comum dentro de seu ambiente de trabalho. Abordagens rigorosas com as crianças podem fazer com que seja gerado um grande trauma no psicológico nas mesmas, assim, o professor deve ter consciência que sua abordagem pode se tornar decisiva no desenvolvimento da criança. O desenvolvimento da sexualidade de crianças entre os dois e os quatro anos irá coincidir com o desenvolvimento do controle dos esfíncteres. Ao conseguir ter o pleno controle dos esfíncteres, a criança terá terminado a fase pela qual ela descobriu o seu corpo e passa para a fase na qual buscara conhecer o corpo do outro e descobrir o prazer que o próximo pode lhe proporcionar. Como nessa idade as crianças ainda não interiorizaram a moral sexual dos adultos, na sua maioria, mostram o seu corpo e encaram o corpo dos outros de forma natural e espontânea. Dependerá, em parte, das atitudes dos adultos que as rodeiam, pais e educadores, que estas atitudes de naturalidade prevaleçam”. (MARQUES; VILAR; FORRETA, 2006, p.43) Nesse momento os educadores devem estar preparados para as possíveis perguntas que surgiram. Essa fase é também conhecida por ser a fase dos porquês, e essa curiosidade auxilia no desenvolvimento da criança. O professor deve saber como tratar o assunto com a criança. Como a curiosidade pelo corpo do outro estará aguçada nessa idade, o professor pode se deparar com cenas de crianças mostrando seus órgãos genitais aos colegas do mesmo ou do sexo oposto. Cabe ao professor no ambiente educacional tratar dessas situações de forma natural, sem escandalizar ou expor as crianças. Diversos trabalhos podem ser realizados acerca dessas situações, como atividades com as figuras do corpo da menina e do menino para que os mesmos possam visualizar as diferenças que ambos possuem entre si. Assim o educador pode fazer com que algumas dúvidas dessa fase de querer conhecer o corpo do outro sejam sanadas de forma educativa e sempre respeitando os períodos de desenvolvimento de cada criança. Ainda de acordo com Marques; Vilar; Forreta (2006, p.44), é a partir dos três anos que a criança começa a descobrir quem ela é a que sexo pertence, e isso ocorre por meio de comportamentos que são impostos para os dois sexos. É nessa fase que se torna comum ouvir a frase “rosa é cor de menina e azul é cor de menino”, por isso é por meio de atividades como jogos, roupas, brinquedos e brincadeiras que a criança se classifica como menino ou menina. E isso mostra que sua identidade sexual e atribuições colocadas ao seu sexo regulam muito o seu comportamento. O professor nesse momento deve procurar interagir com as crianças de forma natural, realizando questionamentos como “Por que rosa é de menina e azul é cor de menino?”, também deve buscar compreender a fase pela qual seus alunos se encontram para que seu trabalho possa ir sempre de encontro com o melhor desenvolvimento dos mesmos. Aos seis anos se inicia a fase de pudor da criança, e nesse momento os adultos devem respeitar o seu período de desenvolvimento da privacidade e intimidade. Tanto em casa como na escola a criança deve ter o direito de ter seu espaço respeitado, como ter o direito de dormir sozinha, tomar banho individualmente e usar o sanitário sozinha, assim o adulto só terá contato com essa criança no momento em que for solicitado. O educador deve ter em sua consciência a relevância que essa fase tem na vida da criança, pois nesse momento a criança começa a se conhecer mais intimamente e precisa de maior privacidade. Mesmo com muitos alunos o professor deve optar por respeitar o espaço de cada aluno, como não por muitos alunos para tomar banho ao mesmo tempo, e não permanecer dentro do banheiro enquanto a criança usa o sanitário, atitudes assim podem contribuir muito para o desenvolvimento pessoal da criança, fazendo com que a criança crie um respeito por ela, pelos outros e pelas normas sociais que a cada dia são impostas a elas. (MARQUES; VILAR; FORRETA, 2006, p. 44). A criança começa, a saber, qual é a sua identidade sexual a partir do momento em que ele consegue se diferenciar das pessoas do sexo oposto e se identificar com pessoas do mesmo sexo. A fase inicial do processo de sexualização é justamente caracterizada pelo desenvolvimento da sua identidade enquanto pessoa pertencente a um determinado sexo. Com as mudanças comportamentais ocorridas no nosso meio cultural, nas últimas décadas, determinados padrões tornaram-se mais sutis, mas mesmo assim, continuam rígidos, principalmente se comparados com outros grupos humanos, onde a presença de um <<terceiro sexo>> ou de um sexo indefinido é aceite. (MARQUES; VILAR; FORRETA, 2006, p. 44). Mas o que difere o papel sexual é resultado dos conceitos e comportamentos esperados pela sociedade para um determinado sexo. Durante toda a vida o papel sexual se encontra presente, os quais podem ocasionar alterações de acordo com as mudanças sociais que ocorrer, mas a identidade sexual não está suscetível para mudar. As crianças antes de completarem os seis anos de idade acreditam que a qualquer momento podem mudar de sexo, ou seja, acreditam que isso depende da vontade e que a sua personalidade é derivada mais das características do papel que lhe é atribuído por meio de brinquedos, roupas e jogos do que das suas características biofisiológicas. Nessa fase, os professores além dos pais ocupam um cargo importante na vida da criança de mostrar para a criança que existem na sociedade uma série de normas importantes e que para a sociedade são fundamentais para a sociedade em que se está inserido. Como exemplo mostrar que um rapaz usando saia pode ser mal visto ou mal interpretado por grande parte da sociedade, e que que mesmo assim existem coisas que tanto o sexo feminino como o masculino podem fazer igualmente que serão aceitas sem nenhum problema, como é o caso de meninas jogarem bola e menino poderem brincar de casinha, entre outras atividades (2006, p. 45). O professor pode realizar atividades e tarefas em sala que podem ser realizadas pelos dois sexos, assim não estará fazendo nenhuma descriminação entre um sexo e outro. 3. CONCLUSÃO Com base nas pesquisas realizadas acerca das fases Psicossexuais Freudianas, conclui-se que, ao término deste estudo torna-se de extrema, necessidade o conhecimento sobre a psicossexualidade, pois a passagem por essas fases é inevitável na vida de todos, visto que estas fases e períodos fazem parte do desenvolvimento físico e psicológico de cada criança. Foi visto no decorrer do trabalho que a falta de conhecimento por parte dos educadores e pais em torno da sexualidade infantil pode ser responsabilizada por danos causados no desenvolvimento da criança podendo assim gerar traumas que podem ser levados por muito tempo, e até mesmo causar problemas na vida adulta. A orientação dos pais e educadores podem ser cruciais para o bom desenvolvimento da criança e do adolescente, visto que a passagem de um período para outro traz novidades para a vida, e como tudo que é novidade pode assustar, cabe então aos responsáveis saber lidar com algumas situações de forma simples fazendo com que as condições do desenvolvimento sexual e da personalidade das crianças e adolescentes se tornem melhores aproveitadas e seu traumas futuros. 4. REFERÊNCIAS COSTA, Elis Regina da. OLIVEIRA, Kênia Eliane de. A sexualidade segundo a teoria psicanalítica freudiana e o papel dos pais neste processo. Revista eletrônica do curso de Pedagogia do Campus Jataí – UFG. Vol. 2 n. 11, 2011. Disponível em: file:///C:/Users/mec/Downloads/20332-84783-1-PB.pdf Acesso em: 02 de abril 2015. DINIZ, Rodrigo. O Complexo de Castração e Seus Aspectos Comuns no Menino e na Menina. 2012. Disponível em: https://psicologiaecontexto.files.wordpress.com/2012/02/1.pdf. Acesso em: 03 de março de 2015. Federação Brasileira de Psicanálise ( FEBRAPSI). Biográfias: Sigmund Freud. Disponível em: http://febrapsi.org.br/biografias/sigmund-freud/. Acesso em: 09/10/2014. FERRARI Juliana Spinelli. Fase de latência. Disponível em: http://www.brasilescola.com/psicologia/a-fase-latencia.htm. Acesso em: 03 de março de 2015. FREUD, Sigmund. A sexualidade Infantil. Disponível em: http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/a_sexualidade_infantil_freud.pdf. Acesso em: 22/09/2014. HALL, Calvin Springer; LINDZEY, Garnder. Teorias da personalidade. São Paulo, E.P.U., 1984. LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. 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For this research the following objectives arose: to investigate the contribution of Freud to the study of infantile sexuality; describe the psychosexual stages according to Freudian thoughts and report the importance of early childhood educators know the child's psychosexual stages. During the literature review aimed to clarify any doubts that may exist about what concerns the infantile sexuality. For these studies were taken based on the writings of: Costa and Oliveira; Diniz; Hall and Lindzey, Mark et. al. We conclude with this work that it may guide parents and educators regarding sexual stages that children and adolescents are subject to their development. Keywords: psychosexual stages; Educators; Parents; infantile sexuality.