Corioamnionite como fator de risco para enterocolite necrosante: Revisão sistemática e metanálise J Pediatr 2013;162:236-42). (february 2013) Jasper V. Been, Sanne Lievense, Luc J. I. Zimmermann et al INTERNATO – ESCS APRESENTAÇÃO: AMANDA COSTA CAMPOS; DAVID TRONCOSO COSTA CHAVES; KAROLINE DOMINGOS CHIARI; TÚLIO ASSUNÇÃO BARCELLOS COORDENAÇÃO: PAULO R. MARGOTTO HRAS/HMIB www.paulomargotto.com.br Brasília 09/02/2013 Ddos Karoline, Amanda, Túlio e David Introdução A prematuridade é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal. A maioria dos pré-termos extremos está associada a corioamnionite (inflamação da placenta e das membranas fetais). Frequentemente, esse processo de inflamação neonatal é assintomático, sendo detectado através de exame histológico da placenta após o nascimento. Corioamnionite (CA) é classicamente reconhecida por seus efeitos moduladores sobre o pulmão. No entanto, estudos recentes fornecem evidências de que pode ser considerada uma doença multissistêmica do feto, envolvendo também outros órgãos, como o intestino, por exemplo. Enterocolite necrosante (NEC) é a mais grave complicação intestinal relacionada ao parto prematuro. Atinge entre 5% e 10% das crianças de muito baixo peso. Está associada à taxa de mortalidade de 20% a 30% e a uma morbidade considerável entre os sobreviventes. Inflamação gastrointestinal (IGastro) é uma das características principais da NEC, e processos inflamatórios pós-natais, incluindo sepse, estão altamente associados com seu desenvolvimento. Ainda não está clara a contribuição da corioamnionite como um processo próinflamatório pré-natal. Vários estudos têm relatado uma associação entre corioamnionite e NEC, enquanto outros não conseguiram fazer essa associação. Objetivos Este estudo busca acumular evidências disponíveis sobre a associação entre indicadores de corioamnionite ou outros indicadores de inflamações pré-natais e NEC. Metodologia Foi realizada uma pesquisa literária sistemática de acordo com Meta-Analysis of Observational Studies in Epidemiology como critério para metaanálise de estudos observacionais(referência 18) Bancos de dados de literatura médica ((Medline, Embase e Cochrane Database of Systematic Reviews) foram pesquisados de forma independente por dois pesquisadores (JB e SL) em abril de 2012. Termos utilizados na pesquisa de artigos relevantes: chorioamnionitis OR intrauterine infection OR intrauterine inflammation OR prenatal infection OR prenatal inflammation OR antenatal infection OR antenatal inflammation AND gut OR necrotizing enterocolitis OR NEC OR gastrointestinal OR intestine OR ileum OR jejunum OR stomach OR colon. Foram realizadas pesquisas adicionais por uma triagem de listas de referência de artigos de interesse, bem como citações de artigos de interesse, utilizando o ISI Web of Knowledge. Foram elegíveis para a inclusão, artigos escritos em inglês que relataram associações entre corioamnionite ou outros indicadores de inflamação pré-natal e NEC em humanos. Foram realizadas metanálises para a associação entre corioamnionite e NEC. Foi usada a análise de Mantel-Haenszel para calcular Odds Ratio (OR) e Intervalo de Confiança (IC) de 95%. (método para verificar a associação global das variáveis de interesse, controlando (ou ajustando) para o fator de estratificação [1953]) A qualidade do estudo foi avaliada de forma independente por dois pesquisadores (JB e SL), utilizando a Escala de Newcastle-Ottawa para estudos observacionais, e quaisquer divergêngias foram resolvidas por consenso. Aplicou-se um alfa de 0,05 em todas as análises e realizou todos os cálculos usando Rev-Men software 5.1(Cochrane Library; ims.cochrane.org/ RevMan) Resultados Pesquisa identificou 33 estudos relevantes Associação entre corioamnionite histológica (HC) e NEC:13 estudos (Coorte) Associação entre enterocolite e coriamnionite histológico com envolvimento fetal:3 estudos (Coorte) Coriamnionite clínica e enterocolite necrosante : 9 estudos de Coorte e 3 estudos caso-controle Esses estudos foram agrupados em diferentes metanálises Muitos desses estudos relataram associação entre NEC e outros indicadores de inflamação pré natal excluindo a corioamnionite Tabela 1: Características clínicas dos 33 estudos relevantes, associando inflamação pré-natal e enterocolite necrosante Tabela 1-Continuação Corioamnionite histológica e NEC Esses estudos foram heterogêneos Não revelaram associação estatisticamente significativa Estudos retrospectivos e prospectivos tiveram resultados semelhantes (OR, 1.38; 95% CI, 0.81-2.36 vs OR, 1.39;95% CI, 0.76-2.54) Fig.2.A. Forest plots para a associações entre Corioamnionite histológica (HC) e Enterocolite necrosante (NEC) (observem o I2 (se aproxima de 50%): estudos mais heterogêneos) Corioamnionite histológica com envolvimento fetal e NEC Três estudos de HC compararam a incidência de NEC entre crianças com Corioamnionite com envolvimento fetal e crianças sem corioamnionite Todos demonstraram significado estatístico entre HC com envolvimento fetal e NEC Casos graves de corioamnionite podem apresentar sinais de envolvimento fetal Or:3,29 (IC a 95%:1,87-5,78) Fig.2.B. Forest plots para a associações entre Corioamnionite histológica (HC) Com envolvimento fetal e Enterocolite necrosante (NEC) (observem o I2 (bem abaixo de 50%): estudos mais homogêneos) Corioamnionite clínica e NEC Estudos revelaram associação positiva Estimativa foi menor nos estudos casos controles comparada com estudo de Coorte (OR, 1.13;95% CI, 0.60-2.13 vs OR, 1.29; 95% CI, 1.02-1.63) Estimativa também foi menor nos retrospectivos em relação aos prospectivos (OR, 1.21; 95% CI, 0.911.61 vs OR, 1.38; 95%CI, 0.99-1.93) Fig.2.C. Forest plots para a associações entre Corioamnionite Clínica (CC) e Enterocolite necrosante (NEC) (observem o I2 (bem abaixo de 50%): estudos mais homogêneos) Outros indicadores de inflamação pré natal e NEC Quinze estudos associaram NEC com um ou mais indicadores de inflamação pré-natal excluindo a corioamnionite (Tabela 1 e III) Esses encontraram: -Relação positiva entre NEC e infiltração de polimorfonucleares no cordão umbilical -Relação entre NEC e PCR + em líquido amniótico -Relação entre NEC e colonização por Ureaplasma urealyticum -Relação entre NEC e aumento de interleucinas (IL 8,IL 6) no sangue do cordão umbilical Várias dessas variáveis permaneceram significativas após análises. Porém outros estudos tem sido incapazes de detectar associações entre: gravidade corioamnionite, vasculites fetais, colonização por Ureaplasma urealyticum ou níveis de IL-6 no cordão umbilical Tabela III-Associação de indicadores de inflamação pré-natais além da corioamnionite com enterocolite necrosante Estudos adicionais Interpretação de resultados em estudos adicionais pequenos é complexo pois faltam controles normais Um dos estudos relatou não haver diferença de incidência de NEC entre crianças com funisite necrosante X funisite aguda(22% X 7%) Um segundo estudo falhou em mostrar a diferença estatística entre incidência de corioamnionite nos casos de recém-nascidos pré-termos com NEC X recém-nascidos a termos com NEC (17% X 6%) DISCUSSÃO HC c/ envolvimento fetal: aumento de 3x do risco de Enterocolite Necrosante. Corioamnionite Clínica: modesto aumento desse risco. NEC e HC não foi significativo NEC x Outros Marcadores Inflamatórios: vários estudos tem evidenciado associação entre NEC e outros marcadores inflamatórios pré-natais Análise dos aspectos metodológicos: -Corioamnionite e NEC x Idade Gestacional: Relação de causa ou consequência? -Outro fator confusional: baixa taxa de amamentação em mães com corioamnionite . -Há diferenças consideráveis da incidência de NEC e corioamnionite entre os estudos (diferenças entre critérios de exclusão, diferentes padrões de cuidados entre os Centros, critérios diagnósticos). -Muitos estudos por procura manual (podem ter deixados artigos importantes de fora da análise). • Outros marcadores de atividade inflamatória (não relacionados a corioamnionite ) estão sendo associados a NEC (presença microbiana na interface maternofetal, e marcadores inflamatórios no sangue do cordão umbilical) • Foi observada relação entre corioamnionite e outros distúrbio do trato gastrintestinal como perfuração intestinal espontânea em pré-termos (referência 40). • Aumento intestinal de neutrófilos e IL-6 mostram estado pró-inflamatório do intestino nos pré-termos expostos a corioamnionite (referência 41). • Presença de microorganismos no intestino (reflexo do líquido amniótico quando a corioamnionite está presente - referência 42)+ disfunção de barreira: pode aumentar susceptibilidade do intestino a processos secundários como sepse e choque, com aumento da incidência de NEC. • Cori0mnionite x Displasia broncopulmonar ( a CA sozinha pode ser fator protetor; no entanto adicional inflamação pós-natal causada pela ventilação mecânica e sepse aumenta significativamente o risco de displasia broncopulmonar nos RN expostos a corioamnionite(referencias 43-45). • Como a Displasia broncopulmonar, a patogênese da NEC é complexa e multifatorial com a inflamação desempenhando papel central (Neu Jreferência 4). Parece haver também interações com fatores de risco adicionais e a associação entre NEC e corioamnionite.Dada a baixa incidência de NEC, um grande estudo de coorte multicêntrico torna-se necessário para a análise destas interações. • Em ratas grávidas: injeções de lipopolissácarídeos intraperitoneal ocasionou adelgaçamento da mucosa ileal, aumento da permeabilidade da mucosa e indução da expressão da sintetase do óxido nítrico na prole. Este efeito poderia ser parcialmente reduzido com aminoguadine. • Em ovinos: exposição intra-amniótica de lipopolissacarídeo ou Ureaplasma (o mais isolado em em corioamnionite) também resultou em inflamação do intestino fetal, mediada pela IL-1 e resultando em lesão da mucosa intestinal e prejuízo do seu desenvolvimento. Concluindo: A corioamnionite (CA) é associada ao aumento do risco de NEC. Necessita-se de mais estudos para definir o real papel da CA na natureza multifatorial da NEC. Existem outros fatores pró-inflamatórios que necessitam de mais estudo possivelmente relacionados à NEC. A associação NEC x CA, mostra que é importante estudar os efeitos deletérios de alterações uterinas visando identificar intervenções para reduzir o comprometimento intestinal pós-natal. ABSTRACT REFERÊNCIAS . 1. Goldenberg RL, Hauth JC, Andrews WW. Intrauterine infection and preterm delivery. N Engl J Med 2000;342:1500-7. 2. Been JV, Zimmermann LJ. Histological chorioamnionitis and respiratory outcome in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2009;94:F218-25. 3. Gantert M, Been JV, Gavilanes AW, Garnier Y, Zimmermann LJ, Kramer BW. Chorioamnionitis: a multiorgan disease of the fetus? J Perinatol 2010;30(Suppl):S21-30. 4. Neu J, Walker WA. Necrotizing enterocolitis. N Engl J Med 2011;364: 255-64. 5. Been JV, Rours IG, Kornelisse RF, Lima Passos V, Kramer BW, Schneider TA, et al. 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Corioamnionite e perfuração intestinal espontânea (PIE) em RN de extremo baixo peso (<1000g) Ragouilliaux C (2007): 15 casos de PIE (média de 9,5±3,5 dias4-14 dias)) X 33 controles Artigo Integral Achados placentários PIE:15(%) Controles:33 (%) Corioamnionite e perfuração intestinal espontânea (PIE) em RN de extremo baixo peso (<1000g) Dados de doença infecciosa Corioamnionite candidal PIE:16(%) Controles:33 (%) Patogênese:lesão da mucosa intestinal pela aumento da produção de linterleucina 1-ß pela corioamnionite translocação de Candida e Staphylococcus para circulação sistêmica FATORES AFETANDO O DESMAME DO CPAP NASAL EM PRÉ-TERMOS Factors Affecting the Weaning from Nasal CPAP in Preterm Neonates. Rastogi S, Rajasekhar H, Gupta A, Bhutada A, Rastogi D, Wung JT. Int J Pediatr. 2012;2012:416073 Artigo Integral Efeitos de fatores pré-natais na idade gestacional para o sucesso do desmame do CPAP nasal Nos recém-nascidos não intubados, a corioamnionite materna foi associada a um aumento do tempo de duração em CPAP nasal, o que pode ser devido ao dano causado por mediadores inflamatórios para os pulmões imaturos, predispondo-os a desenvolver doença pulmonar crônica Corioamnionite e lesão pulmonar nos recém-nascidos pré-termos Chorioamnionitis and lung injury in preterm newborns. Rocha G. Artigo Integral Crit Care Res Pract. 2013;2013:890987 Estudos recentes em geral parecem confirmar o efeito da incidência de corioamnionite na Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), enquanto nenhum efeito sobre displasia broncopulmonar (DBP) tem sido visto. Dados recentes sugerem maior suscetibilidade para a asma subsequente no seguimento (média de 2,2 ). Pesquisa adicional sobre este campo é necessário. Susceptibilidade genética para DBP é uma envolvente área de pesquisa e vários estudos tem relacionado diretamente o risco de DBP a variantes genômicas. Corioamnionite, Síndrome do desconforto respiratório (SDR)) e Displasia broncopulmonar (DBP) em recémnascidos de extremo baixo peso Autor(es): Hyun Ju Lee, Ee-Kyung Kim, Han-Suk Kim, Chang Won Choi, Beyong II Kim, and Jung-Hwan Choi. Apresentação:Wilson Sandoval Junior ,Thayse S. F. Sandoval, Paulo R. Margotto A exposição a citocinas pró-inflamatórias ou a infecção intraútero pode predispor o pulmão fetal a uma inflamação não controlada após a exposição a mínimo evento pósnatal que afeta a alveolarização normal, assim como o desenvolvimento vascular pulmonar. O conceito de diminuição da eficácia do surfactante em um ambiente pré-natal inflamatório pode explicar a maior incidência de DISPLASIA BRONCOPULMONAR. No presente estudo a incidência de SDR diminuiu nos grupos expostos a corioamnionite quando se controlou a idade gestacional No entanto, a diminuição da eficácia do surfactante foi maior nos grupos CH+F+ (corioamnionite com envolvimento fetal) versus CH+F- (corioamnionite sem envolvimento fetal) ou CH-F- (sem corioamnionite e sem envolvimento fetal), sugerindo diminuição da eficácia do surfactante (dados não mostrados). Parece que o aumento dos mediadores inflamatórios ou a infecção intraútero estão relacionados com a deficiência ou inativação do surfactante Corioamnionite altera a resposta ao surfactante em lactentes pré-termos (chorioamnionitis alters the response to surfactant in preterm infants) Autor(es): Jasper V. Been, Ingrid G. Rours, Rene´F. Kornelisse, Femke Jonkers, Ronald R. de Krijger, and Luc J. Zimmermann. Apresentação: Eveline Rodrigues, Adriana De Paula, Valéria Di Ferreira, Kelle Regina Ribeiro, Paulo R. Margotto Neste estudo foi evidenciado que a exposição pré-natal à inflamação alterou a resposta à administração de surfactante pós-natal. A corioamnionite histopatológica com envolvimento fetal foi associada com maior exigência de FiO2 após surfactante (um padrão semelhante nas crianças que morreram ou desenvolveram DBP) O risco de extubação nas primeiras 48 horas pós surfactante diminuiu com o ↑ da gravidade da corioamnionite (o que pode ser explicado parcialmente pela menor idade gestacional nestas crianças). Dados do estudo sugerem que uma resposta alterada ao surfactante exógeno possa aumentar a necessidade de ventilação mecânica. Abordagens alternativas podem aumentar a eficácia do surfactante em RN com corioamnionite histológica com envolvimento fetal administração de maiores doses de surfactante; métodos de administração de surfactante em recém-nascidos não intubados (evita-se assim a ventilação mecânica, importante modulador do prognóstico ruim pulmonar após a corioamnionite!) enriquecimento do surfactante com aditivos com capacidade de reduzir a sua inativação (inibidores de fator nuclear kB) mostrou melhor função do surfactante nos pulmões expostos a corioamnionite Displasia broncopulmonar: o papel das citocinas pró-inflamatórias Autor(es): Paulo R. Margotto As citocinas pró-inflamatórias promovem o amadurecimento pulmonar por um efeito direto no trato respiratório em desenvolvimento, atuando como sinalizadoras durante o desenvolvimento pulmonar. A corioamnionite modifica o perfil da resposta do pulmão do pré-termo quando este receber um segundo estímulo, principalmente a ventilação mecânica, O2 e sepse pós-natal. Estas respostas são acompanhadas de um aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, IL-8, IL-1-beta) O pulmão inflamado pode liberar mediadores inflamatórios para a circulação sistêmica. A infecção pré-natal ou a inflamação reduz o risco de displasia broncopulmonar, mas somente se o recém-nascido não for ventilado por vários dias ou não apresentar sepse. O conhecimento dos eventos pré-natais é importante para que se possa minimizar a agressão pulmonar na fase inicial da vida destes recémnascidos pré-termos extremos, evitando assim a ocorrência da displasia broncopulmonar. INFECÇÃO MATERNA NA GENESE DA LEUCOMALÁCIA PERIVENTRICULAR Autor(es): Endla Anday Estudos epidemiológicos mostram que infecções perinatais, corioamnionite e sepse precoce são associadas com um aumento de risco de leucomalácia periventricular (LPV): este estudo provê evidências que as reações infecciosas e inflamatórias desempenham papel na patogênese da LPV. Nelson e cl demonstraram altos níveis de citocinas neonatais, principalmente o TNF-, a IL-1 e IL-6 no sangue de crianças que desenvolveram paralisa cerebral espástica. A administração de corticosteróide pré-natal, um potente inibidor da síntese de citocinas pró-inflamatórias, associa-se com a diminuição do risco de LPV. Comparando os cérebros com LPV e cérebro com anoxia sem LPV os autores relataram maior síntese de TNF- e IL-1 nos cérebros com LPV, sugerindo a presença de fatores adicionais (infecção) na patogênese da LPV, além da anoxia. Nos cérebros com LPV, os níveis de citocinas foram significativamente maiores no subgrupo com infecções bacterianas em relação aos RN sem infecção. Nós preocupamos muito quando sabemos que os métodos que usamos para diagnosticar infecção não nos permitem excluir infecções sutis, especialmente no contexto da evolução rápida para a morte. Infecção materna e o risco de paralisia cerebral nos recém-nascidos a termo e pré-termos Autor(es): Michael D Neufeld e cl O risco de desenvolver PC é três vezes maior na presença de qualquer infecção materna (OR 3,1 (95% CI: 2.3 a 4.2) Termo – OR 1.8 (95% CI: 1.1 a 2.8 ) (neste grupo de RN, a corioamnionite ou infecção urinária materna foram associadas com o aumento de PC, no entanto, não significativo Prematuro – OR 2.3, 95% CI: 1.3 a 4.2) (neste grupo a corioamnionite e a infecção urinária materna foram associadas significativamente com o aumento da PC) Corioamnionite histológica e o risco de hemorragia intraventricular precoce em neonatos com 28 semanas ou menos Autor(es): Sarkar S, Kaplan C, et al. Apresentação: Carina Lassance, Eline R.Ferreira Barbosa, Débora Fernandes Oliveira, Paulo R. Margotto Os autores do presente estudo não evidenciaram associação de corioamnionite e hemorragia intraventricular, provavelmente devido ao fato de que 90% das pacientes receberam esteróide pré-natal. O corticosteróide pré-natal é um potente inibidor da síntese de citocinas pró-inflamatórias. Morbidade neonatal e patologia placentária Autor(es): Mehta R, Nanjundaswamy S, Shen-Schwarz S and Petrova A. Apresentação: Fernando Bisinoto Maluf, Marco Antônio Rios Lima, Paulo R. Margotto A relação de Edema Vilositário e Vasculite Coriônica com o desenvolvimento de afecções neurológicas no RN, observada no estudo, já havia sido previamente descrita em outros trabalhos. Certamente citocinas pró-inflamatórias que vão para circulação fetal em resposta à infecção in utero, têm a capacidade de atravessar a barreira hemato-encefálica e causar dano cerebral ao RN. Edema vilositário e vasculite coriônica são fatores de risco significativos para o desenvolvimento de Hemorragia Intraventricular em RN com Idade Gestacional < 34 semanas. ALTERAÇÕES PLACENTÁRIAS COMO FATOR DE RISCO PARA LESÃO CEREBRAL EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS COM PESO DE NASCIMENTO ABAIXO DE 1500g Autor(es): Lídia de Souza Galvão/Paulo R. Margotto A corioamnionite e hemorragia ventricular : OR=5,63 (95% IC 1,25-27,44). Em estudo de De Felice et al. (2001), o mesmo encontrou resultados fortemente preditivos para hemorragia peri/intraventricular grau maior ou igual a III (OR=3,5 IC 95%: 2,44,52). The Development Epidemiology Network Investigators relataram um risco 3 vezes maior de hemorragia peri/intraventricular nos RN <1500g cujas placentas exibiam pelo menos um componente de inflamação do saco amniótico. O estudo de Elimian e cl (2000), evidenciou que nos RN cujas placentas apresentavam corioamnionite histológica, houve redução significativa da doença da membrana hialina, da hemorragia peri/intraventricular e leucomalácia periventricular, além de menor mortalidade neonatal quando as mães destes RN foram expostas a corticoterapia pré-natal em relação aos RN com corioamnionite histológica cujas mães não foram expostas a corticoterapia pré-natal. O esteróide pré-natal protege o RN da lesão cerebral (é um importante inibidor da síntese de citocinas próinflamatórias). INFLAMAÇÃO, CITOCINAS E INJÚRIA CEREBRAL PERINATAL Autor(es): E. Saliba, C. Rausset, S. Cantagrel, A. Henrot, S. Chalon, C. Andres Os autores mostraram que níveis elevados de citocinas (TNF- alfa, IL-1 e IL-6) no soro e Líquido céfaloraquidiano (LCR) estavam associadas com severa corioamnionite e vasculite fetal (p=0,023;0,034; 0,0037 no soro e p=0,01; 0,036 e 0,045 no LCR). Os níveis de citocinas no RN e não na mãe estava correlacionado com a presença e a severidade da corioamnionite e a vasculite umbilical, reforçando a hipótese de que a citocina que leva a inflamação fetal é de origem fetal. Doze RN (3,8%) tiveram Leucomalácia Periventricular (O R= 3,58. IC a 95%: 1,55-8,29). INF-Y e IL-1 estiveram significativamente aumentado n LCR dos bebes com leucomalácia periventricular (p= 0,037; p= 0,02, respectivamente). INTERLEUCINAS E LEUCOMALÁCIA PERIVENTRICULAR Autor(es): Michael O´Shea (EUA) A infecção materna leva a produção do TNF-alfa, altera a síntese de prostaglandinas, permitindo que o canal arterial fique aberto. A infecção intrauterina pode levar a produção de endotoxinas, principalmente por organismos gram-negativos; o TNF-alfa tem um efeito direto no cérebro, causando lesão na substância branca. É um dos modelos mais antigos, ligando a infecção materna e lesão na substância branca, via citocinas Como vimos, as citocinas podem estar envolvidas de alguma forma. Como então prevenir as lesões cerebrais? Há associação entre hipotiroxinemia neonatal(T4 baixo nas primeiras semanas de vida) e lesão cerebral ? O T4 estimula a diferenciação de oligodendrócitos para as a formas oligodendrogliais mais diferenciadas e assim, são mais resistentes à lesão pelas citocinas e a estímulos excitatórios. Os esteróides produzidos endogenamente ou administrados a mãe podem ser protetores. O uso da betametasona como esteróide pré-natal está associado com menor risco de lesão na substância branca (o esteróide aumenta o desenvolvimento de oligodendrócitos, assim como o hormônio tireoidiano e inibe as citocina inflamatótrias). CITOCINAS INFLAMATÓRIAS NA PATOGÊNESE DA LEUCOMALÁCIA PERIVENTRICULAR (LPV) Autor(es): Kadhim H, Tabarki B, Verellen G, De Prez C, Rona AM, Selure G Realizado por Paulo R. Margotto O envolvimento das citocinas na patogênese da LPV implica, no futuro, em prevenção desta lesão através do uso de drogas mais especificamente anti-inflamatórias ou outras moléculas imunomoduladoras tais como anticorpos monoclonais. O uso deve ser bem precoce e estender-se até a estágio adiantado da lesão, que é o estágio de formação de cistos, uma vez que os autores detectaram a expressão de citocinas neste estágio avançado da doença. Portanto, um processo inflamatório imune-mediado pode desempenhar papel na LPV. O TNF-, o fator mielotóxico, pode ser o maior mediador. Corioamnionite e lesão cerebral no pré-termo Chorioamnionitis and brain damage in the preterm newborn. Rocha G, Proença E, Quintas C, Rodrigues T, Guimarães H. J Matern Fetal Neonatal Med. 2007 Oct;20(10):745-9 O estudo incluiu 452 recém-nascidos (235 masculinos/217 femininos, peso ao nascer 1440 (515-2620) gramas, idade gestacional 31 (23-33) semanas), 125 de mães cujas placenta mostraram sinais de corioamnionite e 327 de mães sem a condição. A associação, ajustada ao peso de nascimento e a idade gestacional, entre corioamnionite e: (1) hemorragia intraventricular graus III e IV foi OR 0,94 (IC 95% 0,39-2,28), (2) ;a leucomalácia periventricular cística foi OR 1,94 (IC 95% 1,03 -4,61). Este estudo confirma a associação entre corioamnionite histológica leucomalácia periventricular cística E agora? O corticosteróide pré-natal protege? E agora? Corticosteróide pré-natal protege? :: Avaliação do Impacto da Corticoterapia Pré-Natal em Maternidade-Escola de Referência Autor(es): Paulo R. Margotto, Marta D.R. Moura, Juliana T.M. Alves, Roberta T. Tallarico e Danielli F. Pereira Brasília Med 2011;48(2):148-157 Avaliação do Impacto da Corticoterapia Pré-Natal em MaternidadeEscola de Referência (20 perguntas ao Autor, Dr. Paulo R. Margotto)) Autor(es): Paulo R. Margotto, Marta D.R. Moura, Juliana T.M. Alves, Roberta T. Tallarico e Danielli F. Pereira (clicar aqui!) RESULTADOS Com o corticosteróide pré-natal houve aumento da enterocolite necrosante, porém sem significação estatística OBRIGADO! Dr. Paulo R. Margotto, Ddos Túlio, David, Karoline e Amanda