CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2008 – UFU 30 anos APROPRIAÇÕES ARTÍSTICAS PELO CINEMA E LITERATURA SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA, 1789. Fayga Marcielle Madeira de Oliveira Universidade Federal de Uberlândia – Avenida João Naves de Ávila, nº 2121 – Santa Mônica, Uberlândia – MG, CEP: 38400-098 e-mail: [email protected] Resumo: Como forma de ampliar os conhecimentos a cerca do processo revolucionário francês de 1789, partindo de outras perspectivas, propomos a investigação de objetos artísticos sobre o tema, visando ainda contribuir para o ensino do tema na graduação. Para tal, as fontes escolhidas são o livro de Restif de La Bretonne, intitulado “As Noites Revolucionárias” escrito durante o processo revolucionário e que são reuniões de pequenas crônicas cotidianas do período e o filme “Casanova e a Revolução”, produção franco-italiana do diretor Ettore Scola, baseada no livro de Restif de La Bretonne. Ambos os objetos nos permitem apreender o momento histórico deste importante marco da História Mundial, além de considerar as importantes contribuições do uso de documentos culturais para historiografia e a construção da memória coletiva. Palavras-chave: Revolução Francesa, literatura, cinema 1. INTRODUÇÃO Toda uma nova gama possível de estudos em História é resultado da ampliação da mesma para outros níveis além dos documentos “oficiais”, que limitavam o conhecimento histórico apenas na esfera do poder político-institucional. Pois, diferente do que acontece com outras disciplinas em que seu campo de estudo é definido pelo tema (como a biologia ou a antropologia), o estudo histórico não se confina em nenhum domínio específico de eixo temático, conforme Schorske: “Os historiadores podem escolher seu assunto em qualquer domínio da experiência humana.” (SCHORSKE, 2002; 242) Sem que isso seja ilegítimo, os objetos e os temas dizem respeito a tudo o que concerne à experiência humana. Aqui, investigamos esta experiência humana através dos bens culturais, contudo, toda essa cultura é construída sobre a barbárie, não há experiência da história humana que não cause horror em nós mesmos, por isso a dificuldade apontada por Benjamin: “Nunca houve um monumento de cultura que não fosse também um monumento de barbárie.”. (BENJAMIN, s/d., 225). Essa violência, intrínseca ao processo histórico, é representada das mais diversas formas pelos homens. E no caso da Revolução Francesa, nosso objeto de estudo e grande marco fundador do novo homem, é sobretudo, uma disputa pelas origens do homem contemporâneo, aquele que não aceita mais as diferenças de nascimento: “A história da Revolução tem como função social manter esse relato das origens (...): a história “moderna” termina em 1789, com aquilo que a Revolução batizou “Antigo Regime”, que assim se viu atribuir, na falta de uma certidão de nascimento precisa, um atestado de óbito de acordo com todas as formalidades”. (FURET, 1989, 17). Decididos mesmo a tomar o tempo em suas mãos, com toda a simbologia que isso evoca, os homens da Revolução começaram seu tempo do zero (estabeleceram o seu marco), literalmente, estabelecendo o calendário revolucionário. Tentar dominar o tempo é o último recurso que o homem pode usar para fazer a sua história. 1 – Acadêmica do curso de História (INHIS – Instituto de História); 2 - Professora orientadora: Dra. Rosangela Patriota Ramos Posto isto, esclarecemos que a presente análise objetiva aprofundar em alguns aspectos especialmente no que tange a estabelecer e confrontar as interlocuções entre o discurso histórico e o ficcional, através da obra As Noites Revolucionárias e do filme de Ettore Scola, Casanova e a Revolução. E apontar alguns assuntos possíveis que enriquecem o estudo da história pela cultura, em nível de temáticas, abordagens e linguagens, elementos que vão se misturar em nossa análise, haja vista que não há como simplesmente separá-los, pois uma determinada linguagem pode influir diretamente na escolha temática e maneira pela este objeto é abordado. Revolução Francesa: Interlocuções possíveis entre o discurso histórico e o ficcional O tema da Revolução Francesa (1789) é o tema central dos objetos artísticos “Noites Revolucionárias” de Rétif de La Bretonne e o Filme “Casanova e a Revolução” de Ettore Scola, e servem-se de aspectos fictícios que procuram simbolizar a realidade vivida, suscitando um amplo debate em torno do tema da Revolução e a capacidade de estudá-la sob os diversos olhares, enfatizando-se a capacidade da utilização da obra de arte como centro da produção do conhecimento histórico e que contribui para o processo de memorização e reflexão. Constituindo em um processo legítimo para a apreensão de um determinado momento, ou para a construção de uma dada realidade. Marcando o advento da sociedade moderna, burguesa e capitalista, na história da França, mas que revela seu caráter exemplar de Revolução burguesa, que segundo LeFebvre: Subvertendo as estruturas econômicas e sociais, a Revolução Francesa rompia ao mesmo tempo a armadura estática do Antigo Regime, eliminando os vestígios de antigas autonomias, destruindo os privilégios locais e os particularismos provinciais. Possibilitou assim, do Diretório ao Império, a instauração de um Estado Moderno correspondente aos interesses e exigências da nova burguesia. (LEFEBVRE, 1989, 238) Podemos então iniciar com um tema importante abordado na obra de Restif de La Bretonne, As Noites Revolucionárias, a inclusão da temática da “história das pessoas comuns”, que teve inclusive forte influência da Revolução Francesa e da historiografia dela resultante. De acordo com Hobsbawm: “(...) foi a tradição francesa da historiografia como um todo, embebida não na história da classe dominante francesa, mas do povo francês, que estabeleceu a maioria dos temas e até dos métodos da história dos movimentos populares.” [grifo do autor] (HOBSBAWM, 1998, 218) Ou seja, a história de baixo, é difundida em primeira instância pelos movimentos populares do século XVIII, em especial pela Revolução Francesa. Neste sentido, é imperativo notarmos este ponto de vista impresso por La Bretonne em suas Nuits, em que faz questão de dizer que procura o particular: “Mas sabe-se que prefiro deixar aos outros os negócios públicos e tratar de casos particulares.” (BRETONNE, 1989, 333). O foco não são os grandes heróis (ou vilões) das altas esferas políticas, são as pessoas, os pequenos casos, até o que é considerado submundo (das prostitutas, por exemplo) é retratado por Restif, a partir de uma espécie de lupa que não está desconectada ou pacífica em relação aos acontecimentos políticos, mas que age e reage conforme suas necessidades. Por isso, suas crônicas cotidianas são de fundamental importância para uma compreensão diferente daquela que é difundida normalmente, e se baseiam nos grandes acontecimentos, fatos e personagens. O próprio leitor compartilha desta visão por através da fresta que Restif espiona – e interfere – a realidade. Se não eram apenas os grandes que faziam a Revolução, tão pouco eram apenas os homens; as mulheres têm um papel de destaque na narrativa de Restif. Não apenas em suas novelas em que a mulher aparece como pivô, mas nos vários levantes populares empreendidos pelo povo, a posição de luta da mulher é destacada pelo autor, e recriminada em seus excessos. Ultrapassa a abordagem recorrente da mulher apenas como vítima, pois a violência/ a barbárie atinge a todos, homens, mulheres, sans-culottes, aristocratas e até o rei1. 1 “As mulheres tiveram papel muito ativo na Revolução; já haviam participado das jornadas de outubro de 1789. Foi durante o ano de 1793, entretanto, que sua consciência política tornou-se mais aguda. Em 4 de agosto, Leclerc definia 2 Restif destaca a atuação das massas, recriminando as sucessivas pilhagens e a violência empregada pelo povo. Era desta forma que exigiam sua parte (seu espólio) da Revolução, a libertação (e não a liberdade) era o escopo imediato que o povo reclamava. Hannah Arendt trata desta questão, argumentando que de fato, a condição sine qua non da liberdade (uma das bandeiras da Revolução) tinha que ser precedida pela libertação, haja vista que a liberdade só se opera entre iguais: “Em resumo, o povo, organizado fora da Assembléia Nacional em suas próprias sociedades políticas, informava a seus representantes que “a república devia assegurar a cada indivíduo os meios de subsistência”, que a tarefa primordial dos legisladores era banir a miséria da existência humana. Não obstante, existe um outro lado da questão, e Robespierre não estivera errado em vislumbrar, nas sociedade, a primeira manifestação de liberdade e espírito público. Lado a lado com essas violentas exigências de uma “felicidade” que é, de fato, um pré-requisito da liberdade, mas que infelizmente nenhuma ação política pode propiciar (...) (ARENDT, 1988, 192) A simbologia é outro ponto chave entre as temáticas que podemos abordar em Restif, um dos mais significativos está relacionado com a figura real de Luis XVI, porque o próprio Restif modifica seu sentimento com relação à monarquia depois da frustrada tentativa de fuga do rei. Varennes representou a morte simbólica do rei, um rei que se veste de camareiro para fugir na calada da noite abdicou de sua condição e traiu seu povo, portanto aquele Luís que fora guilhotinado em 21 de janeiro de 1793, não era o rei da França: “Assim, foi realmente neste dia que a nobreza foi liquidada na França” (BRETONNE, 1989, 201). Um rei, que era até estimado por seu povo, não pôde contar com ele para salvá-lo, talvez porque não tenha se comportado como um rei. Aqui, podemos recorrer ao filme Casanova e a Revolução, a imagem da roupa régia sem o rei (em foco luminoso) alude bem à execução do símbolo monárquico, com as significativas palavras de Restif: “Se Luis tivesse viajado assim vestido, talvez não tivessem tido o peito de detê-lo. Quem sabe?”. Em Varennes “correu-se para agarrá-lo. Como um refém, não como rei.” [grifo nosso] (LEFEBVRE, 1989, 199) Neste sentido, podemos pensar o porquê, entre todas as Nuits, narradas por La Bretonne, a situação escolhida pelo filme Casanova e a Revolução, tenha sido justamente a fuga de Varennes. Este é um momento capital em As Noites Revolucionárias, pois ocorre uma transformação significativa na postura de Restif, que inicia a primeira parte defendendo a monarquia e sua última frase é exaltando à República e a Montanha. Restif não é contraditório, está apenas inscrito naquela realidade e segue o curso normal da Revolução, e ocorre o mesmo com seus contemporâneos, pois a República não era um fim desde o início, ela foi se desenhando com o desenrolar dos acontecimentos. De acordo com Rouanet este conflito é necessário: “A questão central não é mostrar que as contradições são solúveis, mas mostrar que elas são necessárias.” [grifo do autor] (ROUANET, 1989, 41). Este comportamento múltiplo é engendrado pela própria pluralidade da Revolução. Então, dada a complexidade das Nuits, pensaremos as convergências (ou não) do discurso ficcional de Restif com a historiografia mais conhecida sobre o período revolucionário, a partir de alguns episódios históricos mais conhecidos. Vamos focar, sobretudo no Terror generalizado que atingiu Paris em diversos momentos durante a Revolução. No tocante a esse assunto a própria experiência pessoal de Restif é significativa, ele dedica muitas páginas de As Noites Revolucionárias para relatar a delação de seu genro Augé, que se aproveita do clima indiscriminado de desconfiança para se vingar de Restif, tal atitude não era nada surpreendente, de acordo com a nota da tradutora Marina Appenzeller: seu papel da seguinte maneira: “Cabe sobretudo a vós, mulheres revolucionárias, pôr de sobreaviso[...]despertai com vosso exemplo e vossos discursos a energia republicana e o patriotismo nos corações esmorecidos. Cabe a vós tocar as cornetas da liberdade.” [nota 113, (LA BRETONNE, 1989, 386)] 3 “Pode se achar talvez que Restif se tenha estendido demais sobre essa aventura [a que trata de Augé] e sobre as maldades de seu genro. Esses textos das Nuits não são, entretanto, sem interesse: além de constituírem um testemunho muito direto e muito ardente sobre as delações durante a Revolução de 1789 e sobre o modo como pretextos políticos puderam servir para acerto de conta pessoais [...]” Haja vista que o Terror estava presente além do ato de guilhotinar, a própria presença do instrumento era um argumento contundente contra qualquer ato que se entendesse por contrarevolucionário. Tanto contra adversários, de fato, como contra o descontentamento popular, conforme Lefebvre: “(...) a repressão terrorista, incontestavelmente eficaz porque intimidou muitos adversários, reduziu-os à impotência ou suprimiu-os, não chegou tampouco a golpear ou, bem mais freqüentemente ainda, a inquietar e a irritar uma multidão de pessoas que, hostis sem dúvida ao governo revolucionário por uma razão ou outra, se resignavam, entretanto, a obedecer e, em todo caso, não pensavam em conspirar nem em se insurgir.” (LEFEBVRE, 1989, 199) Retomando o filme Casanova e a Revolução, que também de forma sutil faz um contraponto, mostrando as rupturas e continuidades do processo revolucionário. Percebemos isso pelos diferentes grupos que estão representados na carruagem, essas diferentes percepções compõem um mosaico, que deixa evidente como isso se operava no espaço público (foco desta narrativa). Nesse sentido, o personagem de Casanova representa a decadência e o continuo desmoronamento da realidade do Antigo Regime, tudo nele é postiço, corroído pelas doenças da velhice, vive da sombra do que foi; a ponto de reconhecermos nele uma figura anacrônica em sua própria época, não consegue acompanhar as mudanças, modos aristocráticos num mundo burguês. A própria carruagem caminha para outra mudança profunda que a fuga de Varennes representou, conforme já foi mencionado. Isto abre caminho para tratarmos da a questão de “qual é a relevância de ficar fazendo o “jogo dos 7 erros” entre a História e uma representação cinematográfica ou teatral que se pretende histórica?” Isso de forma alguma quer dizer que devamos aceitar tudo sem questionamento, mas há pontos. Para discutirmos esta questão, e trabalharmos mais especificamente com o ponto da linguagem cinematográfica, teatral ou literária, precisamos trabalhar com os conceitos como verdade e verossimilhança••. Pois, não se pode cobrar da ficção, que seja “espelho” da realidade histórica, mesmo porque isto não é possível, a história é densa demais para se encaixar num texto teatral ou numa fita de cinema. Com certeza não é possível mudar o final da Segunda Guerra Mundial e fazer com que a Alemanha vença, mas uma história de amor contada neste contexto não compromete a realidade histórica, pois se trata de um caso particular. Porquanto o que marca uma obra como histórica é que seu conteúdo é de conhecimento público. Assim, temos que nos lembrar que arte (qualquer que seja) não é meramente ilustrativa, produz efeitos de sentido e também constroem e é domínio da análise histórica. Desta maneira, entendemos que o historiador deve ter humildade com conhecimento histórico, uma vez que não é prerrogativa exclusivamente sua, e que pode utilizar de uma variedade infinita de objetos (todos que compõe a experiência humana) para adquirir novas perspectivas em seu trabalho de pesquisa e também de ensino, uma vez que, elementos da cultura são meios importantes para que o professor – criticamente – os utilize na educação. Contudo, os novos objetos também são parciais (e falhos), uma vez que não dão conta do todo histórico, assim como os demais, o que não significa, entretanto, que seja falso, conforme Thompson: “O verossimilhante caracteriza uma ação que seja logicamente possível, levando-se em consideração o encadeamento lógico dos motivos”. VEROSSIMILHANTE, VEROSSIMILHANÇA (PAVIS, 2001, 98) •• 4 “O conhecimento histórico é, pela sua natureza, (a) provisório e incompleto (mas não, por isso inverídico), (b) seletivo (mas não, por isso, inverídico), (c) limitado e definido pelas perguntas da evidência (e os conceitos que informam essas perguntas), e, portanto, só “verdadeiro” dentro do campo assim definido.” (THOMPSON, 1981, 49) Por tanto, procuramos propiciar um diálogo entre o discurso histórico e o ficcional para que pudéssemos enriquecer o estudo histórico sobre a temática da Revolução Francesa, sendo que é possível demonstrar em nível de temáticas, abordagens e de linguagens as diferentes formas de se escrever a História. Para tal, ao longo de todo este ensaio, reunimos alguns dos argumentos possíveis para sustentar tal afirmação. Contudo, como acabamos de citar a cerca do “conhecimento histórico”, não é possível exaurir este tema de proposições, devido a sua inerente incompletude, mas é possível sempre agregar-lhe novos elementos e discutirmos seus pressupostos buscando uma nova abordagem do tema. 3. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Pró-Reitoria de Graduação da UFU – PRGRA, que através do Programa Institucional de Bolsas do Ensino de Graduação (PIBEG), foi imprescindível para realização deste trabalho. 4. REFERÊNCIAS ARENDT, Hanah. Da Revolução, 1988, São Paulo/ Brasília: Ática/ Ed. da UNB. BENJAMIN, Walter. O conceito de história. In:__Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura, s/d., 4ª ed. São Paulo: Brasiliense. BRETONNE, Rétif de la. Noites Revolucionárias, 1989, Apresentação de Nicolau Sevcenko; tradução Marina Appenzeller, Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Estação Liberdade FURET, François. Pensando a Revolução Francesa, 1989, Rio de Janeiro: Paz e Terra. HOBSBAWM, Eric. A história de baixo para cima. In: Sobre História – Ensaios, 1998, São Paulo: Companhia das Letras. LEFEBVRE, Georges. A História da Revolução Francesa: da Queda da Bastilha à Festa da Federação, 1989, São Paulo: Companhia das Letras/ Círculo do Livro. LEFEBVRE, Georges. 1789: O Surgimento da Revolução Francesa , 1989, Rio de Janeiro: Paz e Terra. PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro, 2001, São Paulo: Perspectiva. ROUANET, Sérgio Paulo. O Espectador Noturno: A Revolução através de Rétif de la Bretonne, 1989, São Paulo: Companhia das Letras. SCHORSKE, Carl E. “A história e o estudo da cultura”. In: Pensando com a história, 2000, São Paulo: Companhia das Letras. THOMPSON, Edward Palmer. Intervalo: A lógica histórica. In:__. A miséria da teoria ou um planetário de erros, 1981, Rio de Janeiro: Zahar. 5 ARTISTIC APPROPRIATIONS FOR THE CINEMA AND LITERATURE ON THE FRENCH REVOLUTION, 1789. Fayga Marcielle Madeira de Oliveira Universidade Federal de Uberlândia – Avenida João Naves de Ávila, nº 2121 – Santa Mônica, Uberlândia – MG, CEP: 38400-098 e-mail: [email protected] Abstract: As form to extend the knowledge about the French’s revolutionary process of 1789, leaving of other perspectives, we still consider the artistic object inquiry on the subject, aiming at to contribute for the education of the subject in the graduation. For such, the chosen sources are the book of woolen Restif Bretonne, intitled “the Revolutionary Nights” written during the revolutionary process and that they are meetings of small daily chronicles of the period and the film “Casanova and the Revolution”, production Franc-Italian of the director Ettore Scola, based on the book of Restif de La Bretonne. Both the objects allow in them to apprehend the historical moment of this important landmark of World-wide History, beyond considering the important contributions of the cultural document use for historiography and the construction of the collective memory. Keywords: French Revolution, literature, cinema 6