Press Release
Bellamy pede ao Conselho de Segurança para ter em conta as crianças
em todas as suas deliberações
Temos que reconhecer que quando se trata do sofrimento das crianças em conflitos armados,
todos nós temos responsabilidades.
Nova York, 14 de Janeiro – A Directora Executiva da UNICEF, Carol Bellamy, pediu hoje ao
Conselho de Segurança das NU para criar uma “cultura de responsabilidade” que faça com que os
responsáveis pela utilização de crianças em conflitos armados respondam pelos seus actos.
A Directora da UNICEF falou hoje numa sessão especial do Conselho de Segurança que tratou da
questão das crianças e conflitos armados. A sessão realizou-se na sequência de um relatório escrito
pelo Secretário Geral que “enuncia e envergonha” os Estados que são parte em conflitos que
recrutam e usam crianças como soldados.
“Haverá motivo mais forte para agir do que a angústia destas crianças?” perguntou Carol Bellamy. E
acrescentou: São as crianças que representam as gerações vindouras cujo futuro determinou a
criação das Nações Unidas – e somos nós que temos a capacidade para pôr fim ao sofrimento de
tantas crianças em tantos países.”
A Directora da UNICEF pediu aos Membros do Conselho de Segurança para em todas as suas
deliberações terem em consideração os vários pontos identificados pelo Secretário Geral, e que os
actualizem regularmente, alargando o seu âmbito de forma a incluir conflitos armados que neste
momento não estão na agenda do Conselho.
E afirmou que a UNICEF vai utilizar todos esses pontos para intensificar o seu próprio trabalho de
defesa das crianças e sensibilização a nível nacional e global. A desmobilização de crianças
soldado é uma das principais prioridades da UNICEF e dos seus parceiros, sublinhando que a
reintegração das crianças na suas comunidades é um processo difícil, mas essencial para romper o
ciclo de recrutamento. Bellamy acrescentou que os acordos de paz devem incluir sempre
compromissos específicos sobre desarmamento, desmobilização e reintegração de crianças que
foram usadas nas hostilidades.
Estima-se que há no mundo 300.000 crianças que prestam serviço como soldados, disse Bellamy.
“Elas são a prova real do fracasso sistemático do mundo em proteger as crianças. E explicam a
razão pela qual o trabalho da UNICEF se centra na criação de um “ambiente protector” para as
crianças, que as salvaguarde da exploração e de abusos antes que estes aconteçam.”
Um “ambiente protector” para crianças soldado desmobilizadas deve incluir estratégias eficazes para
impedir que venham a ser recrutadas de novo, nomeadamente investimentos de longo prazo na
educação, formação vocacional, e apoio às famílias e comunidades. Os programas de reintegração
devem ter em conta as necessidades específicas das raparigas, que raramente são utilizadas em
combate mas que, no entanto, sofrem de uma extrema violência como escravas sexuais, criadas ou
transportadoras de cargas.
A Directora Executiva da UNICEF agradeceu aos membros do Conselho o importante trabalho que
têm realizado, mas acrescentou que “é necessário mais se queremos que a protecção das crianças
se torne de forma explícita uma prioridade nos nossos esforços para construir a paz e resolver
conflitos.”
“Ao longo dos anos, adultos responsáveis de todo o mundo têm feito promessas bem intencionadas
às crianças. Promessas para aliviar o sofrimento e pôr fim à exploração – e para evitar que as
crianças percam a infância, para as proteger da violação, da mutilação e do recrutamento como
soldados.”, disse Carol Bellamy. “Contudo, repetidamente – em sítios como o Ruanda, a Serra Leoa,
o Sudão, o Afeganistão, o Kosovo, a Colômbia e Timor Leste – a crueldade e a indiferença
prevaleceram. Temos que fazer mais no que diz respeito à responsabilidade e impunidade. Temos
que encontrar formas eficazes de promover os caminhos da paz e a prevenção de conflitos. E temos
que reconhecer que quando se trata do sofrimento das crianças em conflitos, todos nós temos
responsabilidades.”
Background
A UNICEF trabalha em 25 países afectados pela guerra. O trabalho da organização visa sobretudo
ao criação e o reforço de um ambiente protector para as crianças através do fornecimento de
vacinas, da reunificação das crianças com as suas famílias, do trabalho em hospitais e centros de
saúde, da reabertura de escolas, do apoio a crianças traumatizadas, de campanhas contra o
recrutamento e pela desmobilização e desarmamento.
Na região dos Grandes Lagos em África, a UNICEF adoptou uma abordagem regional, trabalhando
em parceria com o Banco Mundial, outras agências das NU, países doadores e representantes
regionais com o objectivo de desenvolver um Programa de Desmobilização e Reintegração que
envolve vários países.
Em Angola, é urgente dar apoio a cerca de 8.000 crianças que foram recrutadas durante a guerra
civil e que foram libertadas sem qualquer tipo de acto formal de desmobilização. Neste caso
específico, a UNICEF está a trabalhar para conseguir a reintegração destas crianças nas
comunidades, e a prestar cuidados de saúde e escolaridade.
Carol Bellamy desloca-se ao Sri Lanka no final de Janeiro. A UNICEF continua extremamente activa
no sentido de acabar com a utilização de crianças soldado neste país e vai dar especial destaque à
questão da desmobilização durante os três dias da visita da Directora da UNICEF.
Para mais informações, é favor contactar:
Jehane Sedky-Lavandero, UNICEF Media, Nova York, (212) 326-7269 [email protected]
Marc Vergara, UNICEF Media, Genebra, (41) 22 909 55 13 [email protected]
Madalena Grilo, Comité Port. para a UNICEF 21 317 7500/11 [email protected]
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