Glomerulopatias Denise Marques Mota 2009 Síndromes em nefrologia Síndromes – Glomerulares • Nefrítica • Nefrótica – Tubulares Page 2 Glomerulonefrite aguda proliferativa Várias doenças Diversas etiologias Morfologias variadas Manifestação clínica – Síndrome nefrítica • Protótipo: Glomerulonefrite difusa aguda pósestreptocócica Page 3 Síndrome nefrítica Definição – Síndrome clínica que se manifesta com início abrupto de: • Hematúria – Macroscópica – Microscópica • Edema • Hipertensão • Oligúria Page 4 Síndrome nefrítica Processo inflamatório agudo Simétrico Origem imunológica Acometimento glomerular – Difuso ou focal – Segmentar ou global Page 5 Anatomia renal Page 6 Anatomia glomerular Page 7 Epidemiologia Incidência – Geral: 15% – Variação: 1-33% – Sazonalidade • Inverno e início primavera – Após amigdalites, faringites – Cepas 12 (1, 3, 4, 18, 25, 49) • Verão e início outono – Após piodermites – Cepas 49 (2, 55, 57, 60) Page 8 Epidemiologia Incidência – Fatores do hospedeiro • Sexo: meninos 2:1 • Idade: 2-10 anos (rara antes dos 2 e após os 40) • Nível socioeconômico – Surtos epidêmicos » comunidades fechadas » áreas densamente populosas • Predisposição genética – Irmãos do caso índice: 38% (em epidemias: 4,5-28%) Page 9 Patogenia Mecanismo lesão renal controverso Cepas nefritogênicas do estreptococo beta-hemolítico do grupo A – Constituintes da membrana • Proteína M – Produtos: toxinas e enzimas • Hemolisinas: S e O • Fibrolisinas • Exotoxinas pirógenas A,B e C (toxina eritrogênica) • Hialuronidase • Outras Page 10 Estrutura estreptococo Sorotipos (mais de 80): antigenicidade e virulência Classificação de A-U Lancefield Page 11 Etiologia Bactérias Vírus Variados Estreptococo betahemolítico Hepatite B Malária Estafilococo aureus Epstein-Barr Toxoplasmose Pneumococo Varicela Fungos Salmonela Citomegalovírus Toxinas Meningococo Rubéola Anti-soros Micoplasma HIV Page 12 Fisiopatologia – Cepas nefritogênicas (15% GNDA) Reação AgxAc Glomérulo Reação inflamatória ativa sistema complemento libera amina vasoativas ativa sistema de coagulação Page 13 Fisiopatologia –Diminui taxa de filtração glomerular Retenção de sódio e água expansão extracelular oligúria retenção hídrica supressão sistema renina Page 14 Manifestações clínicas Comuns – Hematúria • Macroscópica em 2/3 dos casos • Cor de coca-cola ou lavado de carne Page 15 Manifestações clínicas Comuns – Edema • Matutino • Periorbitário • Aumento progressivo para MMII Page 16 Manifestações clínicas Comuns – Hipertensão • 50-90% dos casos • Multifatorial • Tabelas para sexo-idade-altura – Pressão normal » Abaixo do P90 – Normal alta » Entre o P90 e P95 – Hipertensão » P95 (leve) e 10-20mmHg acima do P95 (moderada) Page 17 Manifestações clínicas Tabela PA sistólica, meninos Idade 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95% anos Percentil altura/PA 12 90 115 116 117 119 121 123 123 95 119 120 121 123 125 126 127 90 117 118 120 122 124 125 126 95 121 122 124 126 128 129 130 13 Ex: masc, 12 anos, alt 160cm (perc 95%) Page 18 Manifestações clínicas Tabela PA diastólica, meninos idade 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95% anos Percentil altura/PA 12 90 75 75 76 77 78 78 79 95 79 79 80 81 82 83 83 90 75 76 76 77 78 79 80 95 79 80 81 82 83 83 84 13 Ex: masc, 12 anos, alt 160cm (perc 95%) Hipertensão se PA>127x83mmHg Page 19 Manifestações clínicas Comuns – Oligúria Frequentes – Congestão circulatória – Palidez Page 20 Manifestações clínicas Inespecíficos – Febre – Mal estar – Dor abdominal – Cefaléia – Anorexia – Cansaço Page 21 Manifestações clínicas Raros – Anúria – Insuficiência renal – Encefalopatia Page 22 Diagnóstico Sedimento urinário – hematúria, – cilindros hemáticos – proteinúria – leucocitúria Page 23 Diagnóstico Bioquímica – Uréia aumentada – Creatinina normal ou aumentada – Hiponatremia diluicional – Hipercalemia Page 24 Diagnóstico Hematologia – Anemia normocítica, normocrômica – Trombocitopenia Page 25 Diagnóstico Imunologia – ASLO • eleva-se 10-14dias após infecção estreptocócica • pico na quarta semana (piodermite não se altera ) – ADN-aseB (antidesoxirribonuclease B) • 90-95% nas piodermites – C3 diminuido: 90-95% – C4 menos alterado Page 26 Tratamento Sintomático – Restrição hídrica • limitar a ingesta às perdas insensíveis (20ml/kg/dia) + 1 /2 da diurese. – Restrição de sódio • Até reduzir edema e normalizar PA Page 27 Tratamento Sintomático – Antibiótico • Se infecção aguda evidente – Furosemida • 1-4mg/Kg/dia • Infusão contínua • VO ou EV Page 28 Tratamento Sintomático – Hipertensão • Leve: P95 da tabela (medidas anteriores) – Restrição hídrica e de sódio • Moderada: excede 10-20mmHg do P95 da tabela – Captopril – Amlodipina Page 29 Tratamento Indicação de diálise – Hipertensão severa sem melhora – Hipercalemia com alteração no ECG – Oligúria refretária com congestão circulatória – Acidose metabólica e hiperazotemia Page 30 Diagnóstico diferencial Glomerulonefrite crônica Nefrite púrpura Henoch-Shoenlein Nefropatia IgA Nefropatia hereditária (alport) Lupus Eritematoso Sistêmico Page 31 Diagnóstico diferencial Glomerulonefrite membranoproliferativa – Quadro clínico inicial pode ser indistinguível da GNDA – Presença de síndrome nefrótica concomitante é sugestiva – C3 persistentemente diminuído após 8 semanas Page 32 Diagnóstico diferencial Lupus Eritematoso Sistêmico – Envolvimento multi-sistêmico – C3 persistentemente diminuído após 8 semanas – C4 diminuído – Pacientes mais velhos – Meninas adolescentes Page 33 Diagnóstico diferencial Púrpura de Henoch Shönlein – Rash petequial ou purpúrico – Dor abdominal e artralgias – Sem infecção estreptocócica prévia – C3 normal – Manifestação pode preceder os achados Page 34 Diagnóstico diferencial Nefropatia IgA – Episódios recorrentes de hematúria macroscópica – Concomitante com infecções vias aéreas superiores Page 35 Diagnóstico diferencial Nefropatia IgA – Ausência de: • Edema • HAS • C3 baixo • Estreptococia prévia • Função renal normal Page 36 Diagnóstico diferencial Síndrome de Alport – História familiar de doença renal – Deficiência auditiva – Mais em homens Page 37 Evolução normal Fase aguda 2-3 semanas – Oligúria: 2 semanas – HAS: 3-4 semanas – Hematúria • macroscópica: até 3 semanas • microscópica: até 12 meses • microscópica c/proteinúria:até 6 meses – C3 normaliza em 8 semanas Page 38 Evolução anormal Indicação de biópsia renal – C3 persiste baixo após 8 semanas – Proteinúria nefrótica – Persistência hematúria macroscópica – Piora da função renal ou não melhora Page 39 Seguimento Primeiros 6 meses – Mensal • Medida da PA • EQU Se exames OK – anual até 5 anos do diagnóstico Page 40 Bibliografia *Travis LB, Kalia ª Acute nephritic syndrome. In :Postlethwaite RJ, ed. Clinical Paediatric Nephrology 1994:201-209 *Lum GM. Kidney and urinary tract. In: Hay Jr WW, Groothuis JR, Hayward AR, Levin MJ, eds. Current Pediatric Diagnosis and Treatment 1997: 613-4 *Jordan SC, Lemire JM. Glomerulonefrite aguda: diagnóstico e Tratamento. Clínicas Pediátricas da América do Norte1982:939-57 *Toporovsky J. GNDA pós estreptocócica. In: Toporovsky J, ed Nefrologia Pediátrica, Sarvier; 1991. P.75-90 Page 41