ALÉM DO REINVENTAR José Roberto Ribeiro Rua Ibipetuba, 42 Mooca 03127-180 São Paulo - SP Tel (011) 430-3849 (Residencial) Tel (011) 273.5011 (Comercial) Fax (011) 273.2650 (Fac. Capital) RESUMO: A Administração está em uma metamorfose irreversível, possibilitando o surgimento de inúmeros Gurus, ditando normas e preceitos. Mais do que nunca, torna-se primordial a necessidade de profissionais conscientes, que vençam as barreiras da inércia mental, sabendo distinguir os falsos dos verdadeiros. Além da grande capacidade adaptativa para as realidades internas. ALÉM DO REINVENTAR José Roberto Ribeiro FORMAÇÃO: Administração de Empresas CRA 23284 SP/MT Mestrando da Faculdades Sant’Anna Latos Senso na Faculdades de Ed. De Barretos Professor na: Faculdades Capital = Cadeira “Administração de Materiais e Recursos Patrimonial” Faculdades Campos Salles = Cadeiras “ Administração e Economia” Rua Ibipetuba, 42 Mooca 03127-180 São Paulo - SP Sant’Anna FACULDADES SANT’ANNA O advento da tecnologia cibernética propiciou nova revolução ao ADMINISTRAR. Como se não bastasse, caíram as cortinas de ferro, os verdadeiros vencidos pós Grande Guerra, tornam-se os vitoriosos econômicos. Hong Kong retorna ao solo pátrio, gerando uma adaptabilidade da gigante nação chinesa ao pequeno filho pródigo, ao mesmo tempo que esboça novos ensaios para acolher a desgarrada Taiwan. As transformações na Ásia e na Europa são vertiginosas e chegaram para ficar. Os sistemas administrativos japoneses abrem-se ao leque das informações rápidas e precisas e suas asas envolvem a terra. Os sistemas alemães timidamente esboçam reações e o israelense OPT faz-se presente no primeiro mundo. Cabe, hoje, mais do que nunca e provavelmente perdure por muitos anos, principalmente para nós americanos, quer do norte, do sul ou do centro. O pensamento de Voltaire, que expressa: “ Só os charlatães afirmam as coisas com certeza. O estado de dúvida não é muito agradável, Mas, o de certeza é ridículo.” QUEBRA DA INÉRCIA MENTAL Tom Peters, em sua obra “ Vencendo a crise” (ed. Harbra), mostrou uma mudança relativamente tranqüila no viver, onde o ser humano busca apenas cuidar de sua carreira, o chefe, de sua estação de trabalho (sua unidade), PARADIGMAS o presidente ou diretor entrega-se ao luxo de repetir praticamente as mesmas ações rotineiras. Ou seja, não abordou a força que a tecnologia da informação e os efeitos da atual globalização exercem sobre as empresas quer localizadas, quer transnacionais e em seus executivos. Tanto a tecnologia como a globalização, sem sombra de duvidas está propici-ando uma adaptabilidade descomunal nos meios produtivos. Mesmo estando em seu início, seus efeitos transformativos são sensíveis no meio empresarial e, não há pre-visão de futuras acomodações ou o que virá como resultante de seus efeitos, tal é o nível das influências e das mudanças radicais. As possibilidades de fracasso ou sucesso empresarial, tomando como base essas duas forças que a tudo transforma, permite levantar uma dúvida não só na forma de abordagem de Tom Peters, nessa obra, como na de Michael Hammeler ( Reengi-neering work: don’t automate, obliterate, Harvard Business Review, Boston, Jul/Ago/ 90), cuja abordagem indica a reengenharia como um caminho possível para possíveis reformulações, ou ainda, no recente artigo de Gary Hamel (Harvard Business Review), onde descreve . . . “ que em nenhuma outra época o mundo tratou os revolucionários de forma tão amistosa e o establishment de forma tão hostil, valendo tanto para o ser humano como para o sistema empresarial como um todo. A quebra da inércia mental, tão presente em nosso meio administrativo, torna-se fato de relevância descomunal, como o foi a introdução, pela General Motors de um novo “S” na Teoria dos 5Ss (origem japonesa), ou seja, acrescentaram o Comprometi-mento. Não há transposição alguma, quando a alta cúpula não assume o fato e se compromete no todo, nas novas adaptabilidades e nos exemplos, o mesmo acontece em nosso meio profissional, quanto a quebra dos paradigmas que nos ligam aos ianques e aos seus sistemas administrativos não tiverem seus grilhões rompidos, e holísticamente, nos nós apercebermos que mais uma vez estão nos transformando em um laboratório de casos perdidos. Para vencer a crise organizacional a avassalar o meio empreendedor, não basta simplesmente aderir às inovações impostas pelos nortistas, embutida em um marketing estratégico descomunal. Torna-se necessário quebrar os paradigmas incutidos pós 1929 do consumismo, da produção quantitativa de larga escala, dos perfeitos líderes e infalível mercado promissor dos sulistas. O brasileiro Edson Porto, exemplifica textualmente em seu artigo “Quase Mágica” (Revista Logística a indústria em movimento, No. 21, ano VI, 1997): “ ... Para resolver problemas e melhorar a produtividade dentro de uma empresa, nem sempre são necessárias mudanças estruturais. Muitas vezes, soluções simples produzem efeitos tão positivos que parecem mágicas...” . Vencer a inércia mental, portanto, não é promover mudanças abruptas, muito menos desfraldar bandeiras teóricas friamente impostas ou induzidas, como observamos na denominada Reengenharia, transposta a um modismo pela mídia e pelos vassalos dos ianques, com conseqüências irreparáveis no mercado empreendedor. Só se atinge os objetivos estabelecendo estratégias elaboradas, onde são consideradas as margens de acertos e erros, pois, sem as quais deixam de ser estratégia, como demonstra o professor Zacarelli em sua obra Estratégia Competitiva e em artigo na RAE. Só se vence, na maioria das vezes, estudando, debatendo as estratégias e, colocando-as em prática paulatinamente, pois, sendo estratégia existem riscos a serem assumidos, analisados, contornados, não existe pois, fórmulas mágicas, por mais excepcionais que possam ser que se adaptam integralmente em suas origens e ao nosso meio, é necessário estabelecer as metamorfoses indispensáveis de adaptabilidade, o que transformam os senhores Gurus Ianques em meros fornecedores de subsídios à Administração Sistêmica Humanista latina.. DO MARKETING AO PROTOTYPING/BENCHMARKING A máscara das fórmulas mágicas impostas de além mar, caem fuminandes, ao verificarmos que os possuidores, irrefutavelmente, do melhor marketing, não o é dos verdadeiros Gurus da nova administração. Lançam artigos elevando a Xerox como modelo do Benchmarking, a 3M e a H. P. como ótimas produtoras de prototyping (por que não falarmos em cópias com qualificação e simplesmente protótipos ?) Os norte americanos, que tanto imputam a seus parceiros a obrigatoriedade da aceitação e respeito as suas idéias, são exemplos vivos da não praticidade do apregoado. Sinais evidentes e palpáveis desse comportamento, encontramos na adoção da ISO 9.000 (Britânica), inicialmente lançada e difundida como modelo ianque, denomi-nado QS 90 ( Administração & Organização, J.Roberto Hobi R. e A Guzzo, Editora Es-trutura, 1997), ou os plágios difundidos dos modelos de prototyping e benchmar-ching, que teve suas raízes iniciais com os trabalhos de Deming no Japão, assim co-mo tecnicamente, sua praticidade pertence aos asiáticos, como comprova Sakuchi Toyoda (1867-1930), ao inventar os teares automáticos, os quais paravam automatica-mente com uma simples quebra do fio da trama ou com o fim do carretel de urdume, sendo o princípio básico que iniciou a automação de baixo custo. O parque aeronáutico atual, iniciado por Alberto Santos Dumond, é um outro grande exemplo dessas apropriações. Usurpam a invenção do avião ao brasileiro, colocando um conterrâneo, como gerador de tal fato. Mas, independente desse fator, as indústrias aeroviárias geram modelos e protótipos de suas naves, antes de iniciarem a produção, assim como efetuam cópias melhoradas das existentes, quer da própria linha de produção, como de concorrentes, haja visto que obedecem aos mesmos princípios originais, basta rememorar o caso do Concord e do Tupolev. Eiji Toyota (arquiteto do Sistema Toyota de Produção) que em 1950, ao visitar a planta da Ford em River Rouge (USA), absorveu o sistema de transporte mecanizado baseado em correias transportadoras e, em seu retorno pavimentou o caminho para o desenvolvimento com a racionalização dos transportes na Toyota, com melhor desenvolvimento dos agentes transportadores, adequação de pequenos veículos de carga e empilhadeiras na fábrica e a adoção de containers padronizados. Portanto, de líder indiscutível de Marketing a liberador e gerenciador inicial de prototyping e benchmarking, há um abismo infinito. A ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA HUMANISTA E O REINVENTAR A abordagem sistêmica permite uma tomada organizacional, do ponto de vista de um todo, impulsionada de parte inter-relacionadas, assomando ao novo momento das Relações Humanistas, onde nos deparamos com uma situação interativa à teoria da administração, em associação a um posicionamento holístico da natureza humana, discernindo como os administradores eficazes devem agir na maioria das circunstâncias. James A F. Stones e R. Edward Freeman na obra Introdução à Administração (PHB a - 5 . Edição), apontam para a identificação individualizada da Administração Sistêmica e do “Novo Movimento das Relações Humanistas (pags. 33 a 35). Asso-ciando as duas correntes científicas, eis que paira uma realidade bem mais brasileira, possibilitando um direcionamento para novos focos comportamentais na nova Admi-nistração. Nessa interação a Administração passa a se associar às súmulas básicas já consagradas de outras ciências a evoluir no mundo globalizado. Reinventar, portanto, não é o bastante. É primordial ir além do reinventar, é necessário adequar às realidades regionais e típicas de cada povo, mesmo os veículos, tão propalado universais, recebem adequações em cada parte do globo terrestre a que se dedicam, ainda mais uma ciências que é arte, pois, envolve tipicidades e depende do aculturamento dos povos. INDO ALÉM DO REINVENTAR Joseph M. Juran, em sua palestra no Congresso Anual da Qualidade da Sociedade Americana de Controle da Qualidade (ASQC), aponta a Europa, perdendo terreno no mercado globalizado, devido a sua concentração nas normas ISO 9.000, e toma a liberdade de apontar a consolidação de duas superpotências da qualidade EUS (sic) (grifo nosso) e Japão. Não há formas de não se criar dúvidas sobre suas afirmações, pois, a despeito dos ferrenhos adeptos dos ianques, é necessário termos um senso crítico realista das mutações. Os EUA estão perdendo o seu controle colonizador sobre os demais países e o seu modelo administrativo está em cheque, basta ver a famosa e discutida Lei Burton, que eles tanto tentam em enfiar goela abaixo, melindrando a autonomia dos países, e, cuja refutação tem ocorrido quase que unanime por toda as Nações. O NAFTA, que nasceu abortado, o adolescente MERCOSUL a fazer estrepolias no mercado mundial e, consequentemente quebrando os grilhões econômicos com os ianques. Dessa forma, em agonia, tentam por todas as maneiras mais uma vez, enfiar a seco o modelo falido do NAFTA, só que em nível das Américas, com o nome de ALCA ( Área de Livre Comércio das Américas). De todas as fórmulas, que os pseudos GURUS tanto tentam apregoar, de uma coisa podemos estar quase certos, dos modelos fixos e das leituras rígidas, habitual tanto no meio norte-americano, europeu ou asiático, novas aptidões passam a ser requeridas. Não basta só ler, é necessário saber discutir, ver, checar, testar, provar. Pois, só erra quem faz e, na capacidade da oralidade e em ser auditivo, encontramos uma tipicidade nos povos latinos, por sinal, muito admirado e apreciado nos famosos dekasekis, no Japão. Há muita água a rolar neste início de milênio. Mas, só existe uma coisa que podemos ter convicção, que um dia vem após outro e, com ele, as mudanças. Portanto, inventar é como construir, reinventar é um pouco mais difícil, pois, é reconstruir com melhoria o que já existe, Mas, ser holístico na reinvenção, é desfrutar do dom de alem da reinvenção, ter a dignidade de adaptar às tipicidades inerentes a cada situação. Ser maleável é fundamental, nos dias de hoje. Como alerta Juran, não é suficiente ter a ISO (9.000) com fim, e sim como mais um ferramental para se atingir o CWQC, onde o limite é o fim. BIBLIOGRAFIA Zacareli - Estratégia Competitiva - Editora Pleyades - SP /97 Watanabe, Susumu - Revista de Administração/SP v.31,n3, p.5-18, julho/setembro 1996 Keiei-shi ,Sengo - JPO (Japan Productivity Organization) JPO, 1965 Hobi, J.Roberto Hobi R. e Augusto Guzzo - Editora Estrutura-SP 1997 Leo Richard J. - HSM Management - No.3 julho-agosto/1997 Wood Tomaz Jr - ERA (revista de Administração de Empresas SP v.34, n6. P 46-59 nov/dez 1994 Porter Michael E. - Estratégia Competitiva - Editora Campus Ltda RJ