JORNAL DA associação médica Agosto/Setembro 2013 • Página 7 ATUAÇÃO Congresso mantém vetos presidenciais Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Deputados e senadores decidiram manter os dez vetos presidenciais à lei do ‘Ato Médico’, em sessão conjunta do dia 20 de agosto. A classe médica viu sumir o esforço feito com as mobilizações, esclarecimento à população e com o pedido de apoio aos parlamentares para que o profissional de medicina finalmente tivesse sua profissão regulamentada. Médicos e estudantes de medicina acompanharam a votação em Brasília. O texto original previa que o diagnóstico e a prescrição de tratamentos seriam ações exclusivas dos médicos. Com os vetos da presidente Dilma Rousseff, essa exclusividade foi retirada da lei, porque o governo temia que isso pudesse afetar ações do Sistema Único de Saúde (SUS), realizadas por outros profissionais. Antes da votação, os parlamentares enviaram ao Congresso um adendo para mudar o teor de um dos vetos: “o Governo restabeleceu que o diagnóstico de doenças e a prescrição sejam atos privativos do médico, ressalvados os procedimento feitos por outros profissionais segundo protocolos do SUS, usados tanto na rede pública quanto na privada”. Na opinião do presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira, a não derrubada dos vetos significa uma derrota para a população: “Nossos pacientes ficarão carentes nas questões da segurança dos diagnósticos, sendo estes feitos também por outros profissionais de saúde, e ainda na responsabilização de possíveis erros”, alerta. Ferreira considera que no dia a dia do médico o impacto vai ser pequeno, já que algumas atividades continuam sendo privativas deste profissional. Ele acredita que, a médio e longo prazo, a regulamentação da medicina poderá ser positiva, na medida em que a classe terá reajustes salariais e outros benefícios previstos, como já ocorre com as demais profissões da área de saúde. O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, afirma que em nenhum momento pretenderam excluir a atuação dos demais profissionais da área de saúde: “O Médicos e estudantes de medicina acompanharam no Congresso a votação dos vetos à lei do ‘Ato Médico’ ‘Ato Médico’ garante segurança ao paciente, medicina de qualidade e não exclui o trabalho multiprofissional”. O projeto de regulamentação da medicina tramitou por quase 11anos, passou por 27 audiências públicas e já tinha sido aprovado por unanimidade no Senado e na Câmara dos Deputados até receber vetos da presidente Dilma Rousseff. O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota esclarecendo à população que, mesmo com a manutenção dos vetos da presidente à Lei 12.842/2013, “os médicos continuam a ser res- ponsáveis pelo diagnóstico de doenças e prescrição de tratamentos, sendo que os outros profissionais atuarão dentro das atribuições previstas em suas legislações e conforme jurisprudência dos Tribunais Superiores”. Ainda segundo o CFM, a decisão do Congresso não implica em ampliação das competências e atribuições das outras 13 categorias da área da saúde. As únicas exceções possíveis para que outros profissionais da saúde realizem alguns tipos de diagnóstico e de prescrição ocorrem em situações determinadas em programas de promo- ção da saúde, combate e prevenção a doenças. De acordo com o Conselho, o profissional que realizar atos de diagnóstico e prescrição fora das situações específicas, deve ser denunciado e, se condenado, pode receber pena de seis meses a dois anos de prisão, conforme estabelece o Código Penal. Até o fechamento desta edição, Câmara e Senado não divulgaram a apuração nominal dos votos, portanto não se sabe ao certo quais parlamentares votaram contra ou a favor da derrubada dos vetos da presidente. Mais informações: www.congresso.gov.br. Classe médica mobilizada Profissionais de medicina de todo o estado e do país se uniram para lutar contra as últimas deliberações do Governo Federal: programa ‘Mais Médicos’ e vetos ao ‘Ato Médico’. Três de julho de 2013 ficou marcado como o ‘Dia Nacional de Mobilização’. A classe médica saiu às ruas em repúdio à proposta do Governo de importar médicos sem a revalidação de diploma. A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM MG), Sindicato dos Médicos (Sinmed MG) e demais entidades Hugo Cordeiro/arquivo CRMMG Em assembleia do dia 15 de julho, a classe médica lotou o Salão Multimeios Hilton Rocha, na AMMG, para discutir as deliberações do Governo Federal médicas, defendem melhores condições para o exercício profissional em prol de um atendimento de qualidade à população. O tema foi discutido em duas assembleias do mês de julho, nos dias 15 e 31, e em outra no dia 13 de agosto. Na primeira assembleia decidiram por paralisações do atendimento aos Sistemas Único de Saúde e Suplementar nos dias 23, 30 e 31 de julho, a fim de pressionar o Governo por melhorias de condições de trabalho. No dia oito de agosto, médicos participaram de audiência pública sobre as últimas deliberações do Governo Federal em relação aos profissionais de medicina. As entidades de classe preveem novas reuniões em setembro para dar continuidade ao movimento.