BRASÍLIA-DF, SEGUNDA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2015 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 17 | Nº 3515 Cecília Bastos - USP Imagens Congresso quer analisar vetos para votar a LDO e o Orçamento O Congresso deverá se reunir amanhã para votar os vetos pendentes e limpar a pauta a fim de que possa ser analisada a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2016. | 3 Câmara aprova nova regulamentação para franquias empresariais Texto determina que essa forma de negócio, inclusive na administração pública, não cria relação de consumo ou vínculo empregatício en relação a franqueados ou empregados. | 3 Seminário levou em conta a inclusão de novas tecnologias no ensino, os costumes e a adesão dos jovens a debates sobre o tema Concessão de assistência jurídica gratuita é adaptada ao novo CPC Diálogo com jovens é saída para crise educacional, avaliam especialistas Foi aprovado projeto que faz mudanças na lei de 1950 para adaptar o texto ao novo Código de Processo Civil, como atualização no valor de multas, ainda fixado em cruzeiros. | 2 Conclusão é de participantes de seminário que debateu situação na América Latina Disque - Câmara 0800 619 619 Deputados, especialistas e ex-presidentes de países latino-americanos apontaram, na Câmara, o diálogo com a juventude como alternativa à crise de valores por que passa a educação na América La- tina. Eles participaram do seminário Brasil Rumo à Transformação Nacional, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara em parceria com a organização Global Peace Foundation. | 4 www.camara.leg.br/camaranoticias 2 | JORNAL DA CÂMARA 16 de novembro de 2015 Assistência jurídica gratuita recebe atualizações Proposta aprovada altera a lei atual e estabelece normas para a concessão de assistência jurídica aos necessitados A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara aprovou, em caráter conclusivo, proposta que atualiza a linguagem da Lei 1.060/50, que estabelece normas para a concessão de assistência jurídica aos necessitados. O texto adapta termos dessa legislação a dispositivos do novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15). Foi aprovado o substitutivo do relator, deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), ao Projeto de Lei 118/11, do deputado Hugo Leal (Pros-RJ), e apensados. Na avaliação do relator, as propostas, que bus- bLogspot Mutirão para atendimento jurídico a cidadãos em Santa Catarina: projeto adapta lei ao novo CPC cavam alterar critérios para a obtenção da assistência jurídica gratuita, tornaram-se obsoletas com o novo Código de Processo Civil, que tem um capítulo específico sobre o tema. A matéria seguirá agora para análise do Senado, exceto se houver recurso para que seja examinada antes pelo Plenário da Câmara. Redação atualizada O substitutivo apenas faz mudanças de redação à Lei 1.060/50, como a atualização para reais do valor da multa, que era fixado em cruzeiros, a que está sujeito o profissional que for designado como defensor dativo e não cumprir com suas obrigações, salvo motivo previsto em lei. Pelo texto aprovado, a infração poderá gerar multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil, sem prejuízo de sanções disciplinares cabíveis. “Observando a evolução e a simplificação no procedimento de concessão da assistência jurídica gratuita trazidas pelas reformas mais recentes, norma de 1950 precisa ser atualizada”, enfatizou Rubens Pereira Júnior. EXPOSIÇÃO Arte Cidadã valoriza diversidade de estilos e propostas Na 9º edição da mostra coletiva Arte Cidadã, o Centro Cultural da Câmara traz exposição que valoriza a diversidade de técnicas, estilos, trajetórias e propostas. Entre os artistas, o argentino Angel Cestac, que vive em Brasília, mostra trabalhos figurativos em óleo sobre tela, com pierrôs representados com cores vivas. A baiana Joana Passos, que também mora em Brasília, expõe uma série de gravuras abstratas, e o paranaense João Machado, que mora em São Paulo, traz um trabalho figurativo, com apelo social, sobre a experiência dos retirantes e o êxodo rural. Do Paraná, Veruska Lacroix é adepta da pintura com encáustica sobre madeira; e o paulista Riccô expõe obras figurativas com personagens do sertão, em acrílica e giz sobre tela. Já as telas figurativas do gaúcho Paulo Roberto Gobo trazem à tona a identidade da região e a cultura do chimarrão. SERVIÇO Exposição coletiva Arte Cidadã Período: 19 de novembro a 17 de dezembro Visitação: de segunda a sexta, das 9 às 17 horas Local: Galeria de Arte do 10 º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55a Legislatura Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 1º Vice-Presidente Waldir Maranhão (PP-MA) 2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR) 1º Secretário Beto Mansur (PRB-SP) 2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ) 3ª Secretária Mara Gabrilli (PSDB-SP) 4º Secretário Alex Canziani (PTB-PR) Suplentes: Mandetta (DEM-MS) Gilberto Nascimento (PSC-SP) Luiza Erundina (PSB-SP) Ricardo Izar (PSD-SP) Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar José Carlos Araújo (PSD-BA) Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos Lúcio Vale (PR-PA) Corregedor Parlamentar Carlos Manato (SD-ES) Procurador Parlamentar Claudio Cajado (DEM-BA) SECOM - Secretaria de Comunicação Social Secretário: Cleber Verde (PRB-MA) Diretor-Executivo: Claudio Lessa (61) 3216-1500 [email protected] Jornal da Câmara Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Sandra Crespo Ralph Machado Diagramadores Gilberto Miranda Renato Palet Roselene Guedes [email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1626 Ouvidor Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Coordenadora dos Direitos da Mulher Dâmina Pereira (PMN-MG) Procuradora da Mulher Elcione Barbalho (PMDB-PA) Secretário de Relações Internacionais Átila Lins (PSD-AM) Diretor-Geral: Rômulo de Sousa Mesquita Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA) Papel procedente de florestas plantadas Leia esta edição no celular JORNAL DA CÂMARA | 3 16 de novembro de 2015 Congresso vai analisar vetos para limpar pauta O presidente do Congresso destacou que é preciso liberar a pauta para votação da LDO e da Lei Orçamentária de 2016 O presidente do Senado, Renan Calheiros, confirmou para amanhã, às 19h, sessão do Congresso Nacional para análise dos vetos da presidente da República. Atualmente constam 13 vetos de Dilma Rousseff na pauta à espera de votação — seis destaques pendentes da última sessão e sete vetos incluídos nas últimas semanas. Renan destacou que é preciso limpar a pauta para votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária de 2016. “Eu falei com a presidente da Comissão Mista de Orçamento [senadora Rose de Freitas, PMDB-ES] para que a comissão agilizasse os projetos, porque nós precisamos votá-los até o final do ano, senão não haverá recesso. É importante a agilização dessas propostas da CMO para que nós possamos, depois da sessão do dia 17, apreciar todas essas matérias que são urgentíssimas. O País espera que elas sejam analisadas,” declarou. Orçamento - Renan Calheiros disse ainda que o Orçamento precisa ser “o mais verdadeiro possível”. Em sua Acervo / Câmara dos Deputados LDO prevê teto para diárias Há 13 vetos à espera de votação no Congresso, sendo seis destaques remanescentes da última sessão avaliação, esse é um avanço institucional pelo qual o País precisa passar. Renan lembrou que a Lei Orçamentária deste ano foi votada em março. “Foi uma estratégia para que o Congresso Nacional verdadeiramente colaborasse com o ajuste das contas públicas com um Orçamento menor, num prazo menor. No ano passado, nós votamos a redução da meta em dezembro, foi uma batalha. Nós esperamos que a batalha legislativa seja diferente neste ano”, afirmou. O presidente do Congresso disse que conversará com o jurista Mauro Campbell, presidente da Comissão da Desburocratização, cria- da para propor melhorias na relação do Estado com os cidadãos e as empresas. “Isso é uma coisa muito importante: a desburocratização, a simplificação dos procedimentos no Brasil, porque as crises, vocês sabem, são oportunidades para que a gente possa fazer mudanças e essa é fundamental”. Câmara aprova novas regras para franquias Correios - Marcello Casal Jr.-ABr Alex Ferreira A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou proposta que estabelece uma nova regulamentação para o sistema de franquia empresarial (franchising), incluindo o setor público nessa atividade. O texto revoga a lei atual sobre o assunto (8.955/94) e passa a regular não apenas os contratos de franquia, mas o instituto jurídico da franquia empresarial como um todo. A proposta aprovada explicita que essa forma de pacto empresarial não cria relação de consumo ou vínculo empregatício, nem em relação ao franqueado nem em relação aos empregados, ainda que durante o período de treinamento. O texto ainda define que, obrigatoriamente, o franqueador deverá ser titular ou requerente de direitos sobre os objetos da propriedade intelectual Franquias, como o-s Correios, estão previstas no texto de Fogaça negociados. Hoje não existe essa obrigatoriedade. De acordo com o relator na comissão, deputado José Fogaça (PMDB-RS), a proposta está de acordo com a legislação brasileira. Fogaça acatou o substitutivo da Comissão de Desenvolvimento Econômico, que concilia as- pectos do projeto principal (PL 3234/12), do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), e do PL 4386/12, do ex-deputado Alberto Mourão, que tramita apensado, eliminado pontos conflitantes. Setor público - A medida tem origem na necessidade de regulamentar entidades públicas que já se utilizam de franquias, como os Correios, que escolhem, por meio de licitação, pessoas jurídicas de direito privado interessadas em instalar e operar uma agência franqueada. No entanto, a comissão retirou a parte do projeto original que previa dispensa de licitação para esses casos. Em relação aos direitos do franqueado sobre a marca, o texto aprovado garante uma “semiexclusividade”. Isso porque, ao invés de “não exclusividade”, o texto determina que a definição sobre exclusividade ou não deverá ser expressa em cada contrato. Modernização - O autor do projeto principal, Valdir Colatto, afirmou que a legislação de franquias no Brasil precisava ser modernizada. “Este é um setor importante para o Brasil, organizado e qualificado”, disse. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE), incluiu dispositivos para controlar os gastos do governo com diárias, auxílios e compra de passagens. O texto limita o valor das diárias (incluindo despesa com deslocamento) a R$ 700. Benefícios como auxílio-moradia ou alimentação só poderão ser pagos com prévia autorização em lei. No caso das passagens aéreas, a regra é classe econômica para os servidores públicos, com exceção das autoridades. Para presidente e vice-presidente da República, presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF), a passagem será de primeira classe. O texto limita o valor das diárias (incluindo despesa com deslocamento) a R$ 700 Para deputados, senadores, ministros do governo e de tribunais superiores, procurador-geral da República e comandantes militares, a classe será a executiva. Moradia - Em relação ao auxílio moradia, a proposta estabelece uma série de condições para que o servidor tenha direito ao benefício. Entre elas, a não existência de imóvel funcional disponível e a ocupação de cargo em local diferente da lotação original. O servidor também não receberá o auxilio se o cônjuge ou companheiro já receber o benefício, ou se ele ou o companheiro tiverem sido proprietários de imóvel nos 12 meses que antecederem a mudança de lotação. Segundo Teobaldo, o objetivo destas medidas é estabelecer um controle financeiro mínimo da concessão da verba de moradia. 4 | JORNAL DA CÂMARA 16 de novembro de 2015 Em seminário, educador pede diálogo com jovens Debate na Câmara contou com a participação de ex-presidentes da Bolívia, da Guatemala, do Panamá e do Uruguai Debatedores defenderam na quinta-feira (12), na Câmara, a ampliação do diálogo com a juventude como alternativa à crise de valores no sistema educacional de países latino-americanos. Eles participaram do seminário Brasil Rumo à Transformação Nacional, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara em parceria com a organização Global Peace Foundation. Para o coordenador do Departamento de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Danillo Alarcon, os jovens redesenham a educação ao disseminar novas tecnologias. “Quando a juventude usa, massivamente e sem volta, as tecnologias de informação, faz uma revolução silenciosa à qual toda a sociedade tem de se adaptar”, disse. “Não podemos mais fazer a educação fechada na sala de aula, a participação de alunos em seminários como este é uma forma de trazê-los para a realidade política”, reforçou. Novos valores - Alarcon Luis Macedo O encontro foi feito pela Comissão de Direitos Humanos em parceria com a Global Peace Foundation afirmou que a ideia é renovar valores, e não resgatá-los. “Não queremos voltar a valores antigos, que criaram guetos nocivos, de preconceitos, queremos que a política seja o exercício da tolerância e base real de resolução dos conflitos”, afirmou. Ele disse que os países emergentes começaram a se posicionar sobre o tema com a 1ª Cúpula da Juventude dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada em julho, na Rússia. A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) elogiou a iniciativa do seminário e defendeu maior diálogo entre os jovens e as instituições. “A política é o espaço real de convivência da consciência humana, não existe hoje no mundo algum espaço que não seja a política, é nela que construímos as normas de convivência.” Formação - Já para o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), a solução para a crise educacional é a retomada dos valores tradicionais. “Sem uma formação do homem, dificilmente você terá um bom político pela frente”, sustentou. Carlos Mesa, que presidiu a Bolívia entre 2003 e 2005, disse que a conta da crise de valores não deve ser cobrada apenas dos políticos. “Os políticos corruptos são filhos de nossa sociedade. Para mudar, não basta culpá-los, devemos desconstruir essas ações políticas.” Presidente da Bolívia entre 1989 e 1993, Jaime Paz Zamora minimizou os efeitos da crise. “Os jovens devem se sentir privilegiados por viver esse período, pois o conflito se instalou dentro da democracia, e não do militarismo e do golpismo”. Comparação - O presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), disse que a troca de experiências durante o seminário vai ser útil para futuros debates na Casa. “Estou comparando o que cada um traz de conceitos modernos em relação à educação. No Brasil, precisamos incorporá-los.” Também participaram os ex-presidentes do Panamá Nicolás Barletta (1984-1985), do Uruguai Luis Alberto Lacalle (1990-1995) e da Guatemala Vinicio Cerezo (1986-1991). ECONOMIA Crise é chance para País se reorganizar, diz economista Em audiência pública promovida pela Comissão Especial do Pacto Federativo, o coordenador do Movimento Brasil Eficiente e presidente do Instituto Atlântico, o economista Paulo Rabello de Castro, afirmou que a crise econômica brasileira se apresenta como uma grande oportunidade para que o País se reorganize. Rabello de Castro elogiou o relatório da PEC do Pacto Federativo (PEC 172/12), elaborado pelo deputado Andre Moura (PSC-SE). A proposta de emenda à Constituição impede a União de impor ou transferir encargo ou prestação de serviços a estados, ao Distrito Federal ou a municípios sem a previsão de repasses financeiros necessários ao seu custeio. Paulo Rabello de Castro afirmou que uma das principais dependências dos es- Luis Macedo “Diante da crise que estamos vivendo hoje, o pacto federativo é o melhor remédio para sairmos sem trauma.” Deputado Danilo Forte Rabello de Castro: repactuação das dívidas e reforma tributária tados e municípios é financeira. Para ele, as dívidas estão em desacordo com o mercado. O coordenador do Movimento Brasil Eficiente defendeu a repactuação das dívi- das, um conselho de gestão fiscal e uma reforma tributária simplificadora. “Por que a reforma tributária simplificadora é essencial para o pacto federativo? Isso me parece óbvio, mas é para tor- nar a arrecadação mais diretamente endereçada aos estados e municípios.” Para o economista, não se trata apenas de aumentar a participação dos estados dentro do atual tributo, “como o primeiro relatório da PEC de forma modesta acabou fazendo”. Ele acredita que “a comissão acabou se traindo pela maneira modesta como se portou em relação à situação de caixa da União. É como se estivéssemos com pena da velha senhora e acabamos pedindo pouco. E é aí que eu temo que, quem pede pouco, acaba levando nada”. Autonomia - O presiden- te da comissão especial, deputado Danilo Forte (PSB-PE), reiterou a importância do pacto como forma de o Brasil sair da crise. “Diante da crise que estamos vivendo hoje, o pacto federativo é o melhor remédio para sairmos sem trauma. Fortalecendo os estados e municípios, dando a esses entes federados autonomia e capacidade de investimento, para que se possa alimentar a economia e fazer o País voltar a crescer. Isso acontecendo, nós retomaremos o crescimento da inclusão social e ao mesmo tempo criaremos um dinamismo para que o Congresso cumpra sua tarefa, não só de fazer o orçamento, mas de fiscalizar sua aplicação”. A PEC do Pacto Federativo (172/12) já foi aprovada pela Câmara dos Deputados em dois turnos e agora está sendo analisada pelo Senado.