II Congresso Nacional ILSI - Brasil Nutrição: exposição e risco Consumo de vitaminas e minerais Leonor Maria Pacheco Santos Professor Adjunto Depto de Saúde Coletiva da UNB Consumo adequado de vitaminas e minerais Essencial para a manutenção das diversas funções metabólicas do organismo. A ingestão inadequada pode levar a carências nutricionais, como beriberi, escorbuto, hipovitaminose A, anemia, bócio endêmico Micronutrientes na prevenção de doenças crônicas e cancer Inquéritos epidemiológicos têm mostrado relação entre alto consumo de frutas e hortaliças e baixa incidência de câncer em populações (Hennekens, 1986). Existem evidências consistentes de que baixos níveis plasmáticos de carotenóides estão associados ao aumento de risco de câncer de pulmão (Connete, 1989). Estudos epidemiológicos sugerem a existência de uma relação entre vitaminas e minerais e doenças cardiovasculares e câncer (Key, 1994) Alguns estudos sugerem que o consumo de vitaminas antioxidantes pode prevenir a aterosclerose e diminuir o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares (Riemersma, 1994). Uma revisão publicada na revista Nature apresenta evidências que as deficiências de ferro e zinco e das vitaminas folato, B12, B6 e C, podem causar danos ao DNA e levar ao cancer (Ames, 2002) Consumo excessivo de vitaminas e minerais Pesquisa NAHNES III mostrou que o consumo de suplementos de vitaminas e mineriais é comum em 1/3 da população nos EUA, chegando a 42% entre os brancos não hispânicos (Baluz, 2000) No Brasil registrou-se o consumo frequente de suplementos nutricionais em frequentadore de academias de ginástica em SP, sendo que 16% consumiam vitaminas e minerais (Pereira e col 2003) Excesso de vitamina A (teratogênese) Intoxicação aguda - irritabilidade, cefaléia e vômito; hipertensão intracraniana (fontanela) Intoxicação crônica - cabelo escasso e áspero, a queda parcial de sobrancelhas, rachaduras labiais e pele seca e áspera; excrescências ósseas e dores articulares são comuns. Nos lactentes, a intoxicação pode ocorrer em poucas semanas (óbito nesta faixa etária). Carotenos - não tóxicos - hipercarotenemia Excesso de vitamina D Sintomas iniciais - inapetência, náusea e vômito, acompanhados por sede excessiva e aumento da micção, fraqueza, nervosismo e hipertensão arterial. O aumento da concentração de cálcio no sangue pode causar calcificações por todo o corpo, sobretudo nos rins, onde pode causar lesões permanentes. Excesso de vitamina E Doses elevadas são administradas aos recémnascidos prematuros para reduzir o risco de retinopatia e não produzem efeito adverso significativo. Nos adultos doses elevadas produzem poucos efeitos adversos apreciáveis, exceto o aumento das necessidades de vitamina K, o qual pode causar hemorragia nos indivíduos que fazem uso de medicamentos anticoagulantes. Excesso de Niacina, vitamina B6 e acido fólico Niacina (mas não a niacinamida) em altas doses superiores (para controlar o alto teor de lipídeos) no sangue pode causar rubor intenso, prurido, lesão hepática, distúrbios cutâneos, gota, úlceras e redução da tolerância à glicose. Vitamina B6 doses elevadas prescritas para o tratamento da síndrome do túnel do carpo ou da tensão pré-menstrual podem lesar gravemente o sistema nervoso causando dificuldade de deambulação. Ácido Fólico pode aumentar a freqüência de crises convulsivas em indivíduos epilépticos e pode piorar a lesão neurológica nos indivíduos com deficiência de vitamina B12. Excesso de vitamina C As doses elevadas de vitamina C (500 a 10.000 miligramas) têm sido recomendadas por alguns para prevenir o resfriado comum, a esquizofrenia, o câncer, a hipercolesterolemia e a aterosclerose. No entanto, essas recomendações têm pouca ou nenhuma base científica. As doses superiores a 1.000 miligramas por dia causam diarréia, litíase renal (nos indivíduos susceptíveis) e alterações do ciclo menstrual. Alguns indivíduos que interrompem abruptamente o consumo de doses altas apresentam o escorbuto de rebote. Excesso de Ferro É tóxico e provoca vômito, diarréia e lesão intestinal; pode acumular- se no organismo pelo tratamento prolongado, várias transfusões de sangue ou no alcoolismo crônico. A hemocromatose é um distúrbio hereditário potencialmente fatal, no qual uma quantidade excessiva de ferro é absorvida. Os sintomas manifestam-se quando o indivíduo atinge a meiaidade. A pele apresenta uma coloração bronzeada, ocorre cirrose, câncer de fígado, diabetes, insuficiência cardíaca e morte prematura. Os sintomas podem incluir a artrite, a impotência, a infertilidade, hipotireoidismo e a fadiga crônica. O tratamento de escolha é a sangria terapêutica. O diagnóstico e o tratamento precoces permitem uma vida longa e saudável. Excesso de Zinco, Cobre e Manganês Zinco geralmente pelo consumo de alimentos ácidos ou de bebidas acondicionadas em latas com revestimento de zinco (galvanizadas), podem produzir um sabor metálico, vômitos e problemas gástricos. A ingestão de 1 grama ou mais pode ser fatal. Cobre quando não está ligado a uma proteína é tóxico; o consumo de quantidades relativamente pequenas de cobre livre pode provocar náusea e vômito; a londo prazo lesa os rins, inibe a produção de urina e causar anemia em decorrência da hemólise. Manganês ocorre apenas entre os indivíduos que trabalham em minas e com o refinamento deste mineral; a exposição prolongada produz lesões nervosas, com sintomas que se assemelham ao parkinsonismo. Excesso de Molibdênio, Selênio, Iodo e Fluoreto Molibdênio sintomas semelhantes aos da gota: alto teor de ácido úrico no sangue e dores articulares. Selênio náusea, o vômito, a queda de cabelo e unhas, uma erupção cutânea e lesões nervosas. Iodo o seu excesso pode produzir o bócio e, algumas vezes, o hipertireoidismo. Fluoreto acumula-se nos dentes e nos ossos, causando manchas irregulares de cor branco-giz no esmalte dentário, podendo tornar-se amarelas ou castanhas. Programa nacional de fortificação com iodo Fortificação obrigatória do sal com iodo iniciada na década de 50 Instituida pelo Decreto 75.697 de 06/05/1975 Níveis de iodo no sal monitorados periodicamente AVALIAÇÃO: Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da mulher e da criança. 2006/7 Programa nacional de suplementação com vitamina A Suplementação crianças 6-59 meses Implementado no NE desde 1983 Oficializado no INAN pela Portaria 2160 MS de 29/12/1994 (INAN extinto 1997) Recriado pela Portaria 729 MS datada de 13/05/2005 AVALIAÇÃO: Martins MC, Oliveira YP, Coitinho DC, Santos LMP. Panorama das ações de controle da deficiência de vitamina A no Brasil. Rev. Nutr. 2007; 20(1) 5-18. Programa nacional de suplementação com ferro Suplementação semanal com sulfato ferroso para crianças de 6 a 18 meses atendidas pelo PACS Iniciado em 1999 no Nordeste Criado pela Portaria 730 do MS datada de 13/05/2005 AVALIAÇÃO: Eickmann SH, Brito CMM, Lira PIC, Lima MC. Efetividade da suplementação semanal com ferro sobre a concentração de hemoglobina, estado nutricional e o desenvolvimento de lactentes em creches do Recife, Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública v.24 supl.2, S303-S311, 2008. Programa nacional de fortificação com ferro e folato Forficação de farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico Oficializado por meio da RDC 344 Anvisa, publicada em 13/12/2002 Prazo para adequação até junho 2004 (obrigatório a partir desta data) AVALIAÇÃO: Pereira MZ. Consumo alimentar em gestantes e os possíveis efeitos da fortificação obrigatória de farinhas com ácido fólico na ocorrência de Defeitos de Tubo Neural no Distrito Federal. Dissertação [Mestrado] em Nutrição, UNB, 2007