FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós Graduação em Clínica e Reprodução Animal PAULA DE MATTOS GUTTMANN AVALIAÇÃO CLÍNICA, HEMATOLÓGICA E CITOLÓGICA DE LAVADO TRAQUEAL EM POTROS MUARES SADIOS E PORTADORES DE PNEUMOPATIAS DE 0 A 6 MESES DE IDADE NITERÓI 2013 PAULA DE MATTOS GUTTMANN AVALIAÇÃO CLÍNICA, HEMATOLÓGICA E CITOLÓGICA DE LAVADO TRAQUEAL EM POTROS MUARES SADIOS E PORTADORES DE PNEUMOPATIAS DE 0 A 6 MESES DE IDADE Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Clínica e Reprodução Animal da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Clínica e Reprodução Veterinária Orientador: Prof. Dr. DANIEL AUGUSTO BARROSO LESSA Coorientador: Prof. Dr. NAYRO ALENCAR XAVIER NITERÓI 2013 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais, exemplos de vida, da prática do bem e do amor ao próximo, sempre incansáveis ao incentivarem e me apoiarem em todas as atividades que eu faço. Dedico também esse trabalho aos animais, sempre verdadeiros em suas demonstrações, inspiração para a minha busca do conhecimento no intuito de servir a eles. Entre eles, especialmente ao meu cachorro Claus, por ter ficado do meu lado (ou no meu colo) nas longas horas em que fiquei escrevendo essa dissertação. AGRADECIMENTOS Aos meus pais, meu irmão e minha irmã, por todo o apoio e a certeza do amparo sempre que eu precisei. À minha avó Maria Augusta pelo exemplo de vida e de mulher, e pelo ensinamento de que sempre há espaço para mais informação, cultura e sabedoria. Aos meus sobrinhos João e Diogo, por sempre me lembrarem da leveza e da simplicidade da vida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Daniel Augusto Barroso Lessa, por ter me aceitado como orientada e por ter me dado todas as condições necessárias para a realização desse trabalho, pela atenção dispensada e nunca negada, até mesmo nos finais de semana. Às minhas colegas e amigas Hipiatras, especialmente Vivian dos Santos Batista, Ana Cristina Mendes, Monique Ramos e Gabriela Lobato, pois sem elas esse trabalho não teria sido executado. Elas foram o verdadeiro significado do trabalho em equipe e a prova de que nada é feito por uma pessoa só. À minha consultora de formatação e fornecedora de artigos, Vanessa Viscardi, Hipiatra “veterana”, sempre pronta para ajudar. Aos amigos e colaboradores da Fazenda do Instituto Vital Brazil, especialmente Sr. Wilson, Sr. Zé e Adriano, pela ajuda, paciência, apoio incondicional e prontidão em todos os dias que precisamos para as coletas, e pela infraestrutura impecável para a realização desse trabalho. Ao Professor Rodolpho de Almeida Torres Filho pela estatística, dando o sentido final ao trabalho, ao colocar em números o que os clínicos vêem com os olhos, exames e coração. À minha amiga e colega de trabalho Daniela Mello Vianna Ferrer, pelo incentivo para a realização do Mestrado, e pelo apoio nas aulas na UNIFESO. A responsabilidade maior para o meu ingresso no Mestrado foi dela. Aos meus amigos de trabalho no Haras Sonho Verde e à Dr. Márcia Ramos, por terem me dado a tranquilidade que eu precisava ao saber que tudo estava funcionando bem nas minhas ausências para a minha dedicação a esse trabalho. Ao meu namorado, Eduardo Walsh, pela compreensão nas longas horas de dedicação à dissertação. Aos queridos burrinhos, pela tolerância para a execução das coletas, mesmo sem compreenderem porque estavam passando por isso. A todos que de alguma maneira me ajudaram, mesmo que sem perceberem, ao longo desses dois anos. O ensinamento maior, volto a repetir, é que nada se faz sozinho. Muito obrigada. “Devemos amar os animais. A medida do amor é o amor sem medida.” Santo Agostinho RESUMO O Brasil tem a terceira maior população de muares do mundo, e esses animais são usados como força de trabalho nas atividades agropecuárias, para lazer, esporte e terapia. Híbridos do jumento com a égua, os muares são afetados pelas mesmas doenças que acometem estas espécies que os originaram, no entanto, possuem características próprias em relação ao modo como manifestam sinais clínicos. Diante da escassez de literatura a respeito desses animais, esse trabalho teve por objetivo fazer uma avaliação em potros muares de 1 a 180 dias de vida, de modo a se obter informações clínicas e laboratoriais para auxiliar no entendimento do seu comportamento em doenças respiratórias. 21 potros foram avaliados em três intervalos de idade diferentes: intervalo 1 (entre 1 e 60 dias), intervalo 2 (entre 61 e 120 dias) e intervalo 3 (entre 121 e 180 dias). Foi feito exame físico, hemograma, proteína total, fibrinogênio, ultrassonografia torácica, endoscopia e coleta de lavado traqueal (LT) para avaliação citológica. Os animais foram separados em grupos de animais sadios ou doentes baseado em achados de endoscopia. Observou-se que a ocorrência de doença aumentou com a idade, no entanto, nenhum potro examinado apresentava letargia, inapetência ou alteração de padrão respiratório. Crepitações pulmonares só foram detectadas em sete exames de animais doentes. Artefatos em cauda de cometa foram as alterações ultrassonográficas mais comuns, aparecendo inclusive em animais sadios. Não houve diferença de temperatura retal, FC e FR entre animais sadios e doentes. O hemograma também não apresentou diferenças significativas entre animais sadios e doentes, exceto o volume globular, que aumentou nos animais doentes do intervalo 3. A contagem celular diferencial do LT mostrou valores aumentados de células inflamatórias nos três intervalos, aumento significativo de neutrófilos com redução de macrófagos no intervalo 3. Ao analisar o efeito da idade, a temperatura, FC e FR tiveram valores próprios para esses animais e foram mais elevados nos animais mais novos, reduzindo com a idade. O hemograma mostrou valores aumentados para hematimetria e VG no intervalo 2, e o mesmo foi observado com o fibrinogênio. A leucometria, apesar de apresentar valores aumentados em relação a potros equinos, não teve variação significativa entre as idades. No LT houve redução de células epiteliais e aumento de eosinófilos no intervalo 3. Palavras-chave: Potros muares, parâmetros clínicos, hematologia, citologia traqueal, pneumopatias. ABSTRACT Brazil has the third largest mule population in the World, and these animals are used for working in agriculture, leisure, sports and therapy. A hybrid from the donkey with the mare, mules are affected by the same diseases that affect the originating species, however, they present their own characteristics in relation to how they show clinical signs. Due to the lack of literature in regards to these animals, the aim of this study was to evaluate mule foals from 1 to 180 days of life, and to obtain clinical and laboratorial data in order to understand their behavior during respiratory disease. 21 mule foals were evaluated in three different age intervals: interval 1 (between 1 and 60 days), interval 2 (between 61 and 120 days) and interval 3 (between 121 and 180 days). Physical exam, CBC, total protein, fibrinogen, thoracic ultrasound, endoscopy and tracheal wash (TW) for cytological analysis were performed and the animals were classified as healthy or sick based on endoscopy findings. Disease was higher with age, however no foals presented lethargy, anorexia or changes in respiratory pattern. Pulmonary murmurs were detected in seven of the sick animals. Comet tail artifacts were the most common ultrasonography finding, even in healthy animals. There were no differences in rectal temperature, heart rate and respiratory rate between healthy and sick foals. The CBC showed no significant changes between healthy and sick animals, except for a higher PCV in sick animals in interval 3. The differential cell count in TW had higher values in inflammatory cells in the three intervals, with a significant rise in neutrophils with a decrease of macrophages in interval 3. When analyzing the age effect, rectal temperature, heart rate and respiratory rate showed particular values for these animals, and were higher in younger animals, decreasing with age. The CBC presented increased values for the red cell count and PCV in interval 2, and the same happened with fibrinogen. The white cell count, although with higher values than the equine foal, did not differ within the age intervals. There was a decrease in epithelial cells and increase in eosinophils in the TW in interval 3. Key words: Mule foals, clinical parameters, hematology, tracheal cytology, lung disease. SUMÁRIO LISTA DE TABELAS, 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES, 12 LISTA DE APÊNDICES, 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS, 15 1. INTRODUÇÃO, 16 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, 20 2.1 Exame físico, 21 2.2 Ultrassonografia torácica, 22 2.3 Endoscopia, 23 2.4 Lavado traqueal, 25 2.5 Hemograma, proteína plasmática total e fibrinogênio, 27 3. MATERIAL E MÉTODOS, 29 3.1 Animais, 29 3.2 Exames realizados, 31 3.2.1 Exame físico, 31 3.2.2 Ultrassonografia torácica, 34 3.2.3 Endoscopia, 35 3.2.4 Exames laboratoriais, 40 3.3 Divisão dos grupos, 41 3.4 Análise estatística, 45 4. RESULTADOS, 46 4.1 Ocorrência por intervalo de idade, 46 4.2 Intervalo 1, 47 4.3 Intervalo 2, 49 4.4 Intervalo 3, 51 4.5 Efeito da idade, 53 5. DISCUSSÃO, 56 6. CONCLUSÃO, 63 7. BIBLIOGRAFIA, 64 ANEXO, 71 APÊNDICES, 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Divisão dos intervalos por idade. Tabela 2 – Intervalo 1, animais sadios. Tabela 3 – Intervalo 1, animais doentes. Tabela 4 – Intervalo 2, animais sadios. Tabela 5 – Intervalo 2, animais doentes. Tabela 6 – Intervalo 3, animais sadios. Tabela 7 – Intervalo 3, animais doentes. Tabela 8 – Ocorrência de potros muares sadios e doentes dentro de cada intervalo de idade, e respectivas médias de idade ± desvio padrão. Tabela 9 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares do intervalo de idade 1, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e individualmente para os animais doentes. Tabela 10 - Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros maures do intervalo de idade 2, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e doentes. Tabela 11 - Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares do intervalo de idade 3, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e doentes. Tabela 12 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares sadios dos intervalos de idade 1, 2 e 3. Tabela 13 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares doentes do intervalo de idade 1. Tabela 14 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares expressos em média ± desvio padrão para os animais doentes dos intervalos de idade 2 e 3. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Local onde os potros passavam o dia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 2 – Éguas sendo alimentadas na lanchonete.Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 3 – Mensuração de temperatura retal. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 4 – Ausculta pulmonar. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 5 – Exame de ultrassonografia torácica. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 6 - Brete para contenção dos potros. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 7 – Vídeo-endoscopia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 8 – Desinfecção do endoscópio. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 9 – Coleta do lavado traqueal: introdução do cateter de lúmen duplo no canal de trabalho do endoscópio (A); exposição do catéter e lúmen interno (B); instilação de solução salina e imediata aspiração (C); lavado traqueal apresentando turvação, partículas suspensas e/ou muco (D). Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 10 - Fotomicrografia digitalizada de citologia do LT de potro muar sadio (A) e de um potro muar com células inflamatórias (B). Presença de macrófago (M), células epiteliais (CE) e neutrófilos (N). Coloração de Giemsa. Microscopia ótica, aumento de 1000x (A)/400x (B). Laboratório de Patologia Clínica/UFF, 2013 Figura 11 – Potro muar sem alterações à endoscopia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 12 – Endoscopia de potro muar apresentando secreção traqueal E1.Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 13 – Endoscopia de potro muar apresentando HFL IV. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 13 – Endoscopia de potro muar apresentando HFL IV. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 14 – Endoscopia de potro muar apresentando secreção traqueal E3.Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A - Ficha de exame físico. APÊNDICE B – Número de identificação, idade (dias) e peso estimado por perímetro torácico (kg) dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE C - Número de identificação, idade (dias) e peso estimado por perímetro torácico (kg) dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE D - Número de identificação, idade (dias) e peso estimado por perímetro torácico (kg) dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE E – Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE F - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE G - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE H - Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE I - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE J - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE K - Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE L - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. APÊNDICE M - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations MPM Movimentos por minuto BPM Batimentos por minuto HFL Hiperplasia folicular linfóide LT Lavado traqueal VG Volume globular EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético EIC Espaço intercostal FC Frequência cardiaca FR Frequência respiratória 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui o maior rebanho de equídeos da América Latina e o terceiro mundial. Somados aos muares (mulas) e asininos (asnos), são 8 milhões de cabeças, movimentando R$ 7,3 bilhões. A maior população brasileira de equinos encontra-se na região Sudeste, seguida pelas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte. A região Nordeste concentra o maior registro de asininos e muares (MAPA, 2013). Dados da FAO de 2011 revelam que o Brasil tem a terceira maior população de muares do mundo, estimada em 1.269.200 cabeças, abaixo apenas do México (3.280.000 cabeças) e da China (2.697.000 cabeças). Em 2001 a população mundial de jumentos era estimada em 44 milhões. Desses, 96% encontravam-se em países em desenvolvimento, contribuindo significativamente para a economia rural. Na Europa, enquanto a quantidade de jumentos está em declínio, aumenta a importância desses animais como companhia. Do mesmo modo, o uso de jumentos e mulas como animais de companhia nos Estados Unidos também é bem estabelecido. Dessa forma, é necessário que o clínico de equinos trate o paciente asinino de um modo sensível e esclarecido (THIEMANN e BELLS, 2001). Em muitas partes do mundo, principalmente nos locais onde a pobreza ainda prevalece, o jumento é uma ajuda indispensável para muitas pessoas (DE ALUJA et al., 2006). Os equídeos de trabalho tiveram um papel crucial na expansão de impérios e exploração do mundo, e permanecem como uma necessidade fundamental para o desenvolvimento da civilização (KNOTTENBELT, 2011) 17 Os portugueses trouxeram os primeiros jumentos para o Brasil no período do descobrimento, e dessa ocasião data a introdução de jumentos e muares no país. Historiadores contam que D. Pedro não estava montado em um cavalo, e sim em uma mula baia quando proclamou O Grito do Ipiranga. Os muares foram indispensáveis para vencer os contrastes topográficos para ocupação e desenvolvimento territorial, e no século XIX o transporte de massa de algumas capitais brasileiras era feito por bondes puxados por burros (OLIVEIRA et al., 2007). Usados unicamente como meio de transporte durante muitos anos, os equídeos têm conquistado outras áreas de atuação, com forte tendência para lazer, esportes e até terapia. Uma de suas principais funções, contudo, continua sendo o trabalho diário nas atividades agropecuárias, onde aproximadamente cinco milhões de animais são utilizados, principalmente para o manejo do gado bovino (MAPA, 2013). Os muares atualmente são utilizados em cavalgadas e concursos de marchas na região sudeste, onde esses animais têm uma valorização comercial acentuada (ANDRADE, 1999). O jumento (Equus asinus) é um membro da família Equidae, que também inclui o cavalo moderno (Equus caballus) e a zebra (Equus zebra). Dessa forma, asininos e equinos compartilham diversas características. A similaridade genética da família Equidae se reflete na habilidade de produzir descendentes viáveis inférteis, tais como o burro, a mula e a zebronkey, dos cruzamentos entre jumentos, cavalos e zebras (THIEMANN e BELLS, 2001). Mula e burro são animais híbridos formados a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Independentemente do sexo, este animal é fisicamente mais parecido a égua, mas herda a força e a inteligência do jumento. Estes híbridos são estéreis porque possuem 63 cromossomos, já que a égua possui 64 cromossomos e o jumento, 62. Entretanto, o cruzamento das mesmas espécies, porém invertidos os sexos (portanto cavalo e jumenta), dá origem a outro animal, o bardoto (INFORMATIVO AGROPECUÁRIO COOPERCITRUS, 2009). O veterinário de equinos tem sido cada vez mais requisitado para o atendimento a asininos e muares, e muitos têm sido relutantes a atenderem a esses chamados, por não entenderem as diferenças entre cavalos, mulas e muitas vezes, os diferentes tamanhos de jumentos. As doenças e condições que afetam esses 18 animais são as mesmas. Certamente, existem variações em relação ao modo como cada espécie demonstra sinais clínicos, no entanto o manejo ou tratamento dessas condições não difere. Um dos pontos mais críticos é perceber que mulas e jumentos possuem uma tolerância acentuadamente maior à dor do que a maioria dos cavalos (TAYLOR, MATTHEWS, 2002). Muito pouco do que se conhece a respeito de mulas é oriundo de pesquisa científica. Como as mulas variam muito em sua composição genética, elas não são bons temas para pesquisa, e consequentemente conta-se muito com estudos em jumentos para informações científicas (BURNHAM, 2002). O impacto provocado por doenças gera perdas significativas sob o ponto de vista veterinário, e também em toda a economia que gira em função da criação ou treinamento dos equinos, e da mesma forma, na criação e uso dos equídeos. Doenças respiratórias infecciosas têm sido identificadas por veterinários do mundo todo como uma das entidades médicas mais comuns. Devido à natureza contagiosa de certos patógenos envolvidos nessas doenças, o diagnóstico precoce é importante para o manejo adequado e redução do risco de exposição a outros animais (PUSTERLA et al., 2010). Mota et al. (2000) relataram o reaparecimento do mormo no Brasil, depois de um período de 30 anos sem relatos de caso da doença, que tem como agente a bactéria Burkholderia mallei e configura-se como zoonose. Todos os equídeos podem ser acometidos, no entanto as manifestações mais graves ocorrem nos jumentos e mulas (OIE Glanders). A fase inicial da criação de um potro é crítica e determinante para a vida adulta do animal, podendo gerar consequências como o não aproveitamento do mesmo para a atividade proposta, seja ela trabalho, lazer ou esporte. As afecções respiratórias são a maior causa de doença e morte em potros equinos neonatos. Pneumonias em potros com mais de um mês de idade produzem consideráveis consequências a longo prazo, tendo um efeito negativo no futuro desempenho atlético dos animais, independente da modalidade esportiva. Alguns trabalhos identificam a incidência de infecção do trato respiratório distal em até 82% dos potros. Taxas de mortalidade variam entre cinco e 15%, mas podem chegar a 19 80% em epidemias, especialmente quando há envolvimento de Rhodococcus equi (KNOTTENBELT et al., 2004). Uma revisão das necropsias de potros com idade entre um dia e seis meses realizadas no período de um ano na Universidade do Kentucky, EUA, indicou que potros com pneumonia representaram 31% dos óbitos (WILLIAMS, 2010). Enquanto o aparelho respiratório de cavalos tem sido alvo de uma multiplicidade de estudos, poucos estudos têm tido como foco o aparelho respiratório de jumentos e muares (MAROTTI CAMPI et al., 2008). O aparelho respiratório do jumento é bastante parecido com o de qualquer cavalo pequeno. No entanto, há diferenças significativas de comportamento, fisiologia e manejo, que influenciam a apresentação, incidência e tratamento de vários aspectos de doenças. A falta de informações clínicas no jumento significa que frequentemente este é tratado como se fosse um cavalo pequeno (THIEMANN e BELL, 2001). Em face do exposto acima e da escassez de informações científicas a respeito de potros muares, esse trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação de potros muares de 4 a180 dias de vida, de modo a se obter informações clínicas e laboratoriais que possam auxiliar no entendimento de como esses animais se comportam frente a enfermidades respiratórias. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O diagnóstico de anormalidades respiratórias por meio do exame clínico tanto pode ser simples e direto, quanto difícil. Sinais de dificuldade respiratória e anormalidades de troca gasosa podem ser vagos. Condições não relacionadas a doenças respiratórias podem causar sinais clínicos das mesmas, como pode ocorrer com o aumento da frequência respiratória (KOTERBA, 1990). Potros acometidos com doenças do trato respiratório posterior apresentam uma variedade de sintomas, que refletem a gravidade e cronicidade da doença, o grau de sepse, influências ambientais e patógenos envolvidos. A maior parte dos potros apresenta taquipnéia, padrão respiratório anormal, descarga nasal, febre e tosse, apesar dos três últimos sintomas não serem achados consistentes, mesmo em potros gravemente acometidos (WILSON, 1997). Alguns potros com extenso comprometimento pulmonar podem demonstrar padrão respiratório normal, com pouco ruído pulmonar ou descarga nasal, que, assim como a tosse, podem estar presentes apenas nos estágios avançados de doença respiratória. Fraqueza e depressão podem ser os únicos sintomas detectáveis (KNOTTENBELT et al., 2004). Alguns potros mantêm o apetite normal, e outros podem apresentar perda de peso e retardo de crescimento com a cronicidade da enfermidade (ROBINSON, 1992). Segundo Thiemann e Bell (2001), jumentos são animais estóicos e, diferentemente do cavalo, a tosse está raramente presente em doença pulmonar crônica e é um achado inconsistente na doença aguda. Dessa forma, a doença respiratória frequentemente é encaminhada ao veterinário na sua forma avançada e grave. O exame clínico detalhado é importante em jumentos apresentando sintomas respiratórios, já que os mesmos podem ser produzidos por enfermidades sistêmicas ou abdominais. Taquipnéia e febre podem estar presentes em casos de 21 hiperlipemia, ciatostomíase e pancreatite aguda. Além do mais, muitas condições clínicas no jumento, como por exemplo, cólica, produzem sinais clínicos muito diferentes dos que ocorrem em cavalos. 2.1 EXAME FÍSICO A observação dos potros em repouso, sem manipulação e em seu ambiente natural permite a obtenção da frequência respiratória mais precisa. Deve-se observar atentamente o padrão respiratório, se há qualquer tipo de esforço ou ruído anormal, presença e características de descarga nasal, frequência e características de tosse. Também se observa o nível de atividade e vigor, e se o potro se alimenta ou mama normalmente. A partir do momento em que o potro é manuseado, uma avaliação mais profunda do padrão respiratório é feita. Sibilos e crepitações são as alterações mais frequentemente encontradas nos campos crânio-ventrais do pulmão, e áreas de som mate podem indicar efusão pleural, abscessos ou consolidação pulmonar. A traquéia deve ser auscultada para evidenciar presença de secreção, que ocorre em 98% dos potros com doença respiratória distal (SELLON, 2001). Ruídos pulmonares podem estar aumentados ou ásperos no potro normal (KNOTTENBELT et al., 2004). Thiemann e Bells (2001) explicam que devido ao tamanho menor do tórax do jumento e facilidade de propagação dos ruídos pulmonares pela parede torácica, esses geralmente são mais audíveis no jumento que no cavalo. No entanto, uma grossa camada de gordura subcutânea pode abafar os ruídos respiratórios. Savage (2008) descreve os intervalos a seguir como valores de frequências respiratórias normais em cavalos: 12 – 24 movimentos por minuto (mpm) em adultos, 20 – 40 mpm em potros nas primeiras semanas de vida e 60 – 80 mpm em potros recém nascidos nas primeiras horas de vida. De acordo com Thiemann e Bell (2001), a frequência respiratória média no jumento jovem é 28 mpm, variando entre 16 e 48 mpm. Jumentos adultos apresentam frequência respiratória média de 20 mpm, variando entre 13 – 31 (SVENDSEN, 2008). Couroucé-Malblanc et al. (2008) 22 relatam a média de 33 mpm para potros de 1- 4 meses de idade em duas raças francesas de jumentos. A frequência cardíaca provê informações importantes a respeito do comportamento dos animais, estímulo à inervação simpática e da condição cardíaca. Taquicardia frequentemente está associada a dor, e deve ser avaliada quanto à gravidade e associação com outros sintomas clínicos consistentes com doença respiratória primária ou envolvimento de outros sistemas (SAVAGE, 2008). De acordo com Spiers (1999), a frequência cardíaca de cavalos varia entre 30 e 40 bpm, enquanto potros e pôneis podem apresentar até 80 bpm. Thiemann e Bell (2001) relatam frequência cardíaca média no jumento jovem de 60 batimentos por minutos (bpm), variando entre 44 – 80 bpm, enquanto a mesma no pônei é de 36 – 40 bpm. Couroucé-Malblanc et al. (2008) relatam a média de 69 bpm para jumentos franceses de 1-4 meses de idade. Sellon (2001) afirma que a temperatura retal pode estar dentro dos limites de normalidade em potros com doença do trato respiratório, mesmo na presença de descarga nasal mucopurulenta ou tosse. A ausência de febre não exclui a presença de uma infecção bacteriana. Spiers (1999) relata temperatura normal de cavalos adultos como sendo 38,0 ± 1,0°C e potros nos primeiros 4 dias de idade variando entre 37,2-38,9°C. Para Couroucé-Malblanc et al. (2008), a temperatura média de jumentos de 1 – 4 meses de idade em um estudo analisando duas raças francesas dessa espécie foi de 38º C. De acordo com Thiemann e Bell (2001), a temperatura média em jumentos é de 37,6º C, variando entre 36,6º e 38,9º C, enquanto pôneis apresentam temperatura variando entre 37,8º e 38,6ºC. Burnham (2002) relata que a temperatura retal de jumentos sofre variação diurna entre 36 – 40º C, com temperatura média de 37º C, e que os jumentos não têm dificuldade em manter a temperatura dentro dos limites normais, mesmo quando expostos a condições extremas de temperatura ambiente elevada. 2.2 ULTRASSONOGRAFIA TORÁCICA O exame ultrassonográfico do tórax pode proporcionar informações úteis com relação a enfermidades da cavidade pleural, superfície pleural e parênquima pulmonar superficial. Como a onda do ultrassom é refletida pelo ar, este exame é 23 mais útil quando há lesões pleurais ou enfermidades na periferia do pulmão. Lesões pulmonares profundas recobertas por parênquima aerado normal não são visualizadas por ultrassonografia (Johns, 2010). Slovis et al. (2005) afirmam que a ultrassonografia torácica diagnóstica tem se mostrado uma modalidade de imagem alternativa e precisa na detecção de doença pulmonar ligada a Rhodococcus equiem situações em que radiografia torácica não é accessível. Johns (2010) explica que as pleuras (visceral e parietal), por serem extremamente finas, normalmente não são visualizadas, assim como o espaço pleural, a menos que esteja repleto por fluido ou massas. O pulmão é visualizado como uma linha hiperecóica brilhante e branca, que representa a reflexão das ondas do ultrassom na superfície pleural superficial. Slovis et al. (2005) afirmam que durante a respiração, a superfície pulmonar se move na direção dorso-ventral, deslizando suavemente. Apenas quando ocorre acúmulo de fluido ou células sob a pleura visceral é que se cria uma janela acústica, que permite a visualização da lesão pulmonar. Johns (2010) cita as anormalidades que podem ser encontradas no exame ultrassonográfico do tórax. Cauda de cometa são reflexos hiperecóicos da superfície pulmonar, que ocorrem em função de pequenas áreas não aeradas no parênquima pulmonar periférico. Fluido acumulado no espaço pleural separa a pleura visceral da parede do tórax e a aparência e volume do mesmo deve ser caracterizado. Fibrina tem aspecto estriado ou laminar acompanhando a superfície pleural. Consolidações, abscessos ou massas são caracterizados por áreas hiperecóicas no parênquima pulmonar. 2.3 ENDOSCOPIA A visualização do aparelho respiratório pode ser feita por meio de endoscopia, que também pode servir como via de acesso para lavado traqueal ou broncoalveolar (RUSH; MAIR, 2004; HEWSON; VIEL, 2002). 24 Jumentos, cavalos e mulas apresentam diferenças anatômicas em relação ao aparelho respiratório, que são descritas por diversos autores. No jumento, os meatos nasais são mais estreitos, as aberturas das bolsas guturais ficam em posição mais horizontal, o recesso faríngeo é mais extenso que no cavalo, e o aditus laryngis tem uma orientação mais vertical. (LINDSAY; CLAYTON, 1986; BURNHAM, 2002; MAROTTI CAMPI et al., 2008;). Marotti Campi et al.(2008), em trabalho comparativo, relatam ainda que os muares apresentam etmo turbinados mais grossos que os jumentos e cavalos, e com estrutura aparentemente mais simples. Já o recesso dorsal da faringe é mais profundo que o do cavalo, porém não tão profundo quanto o do jumento. De acordo com esses autores, a entrada do endoscópio na traquéia é mais fácil nas mulas do que nos jumentos, já que esses tendem a deglutir e tossir ao mínimo toque na laringe. Os mesmos autores relatam que a abertura da laringe das mulas é muito semelhante à dos cavalos. A nasofaringe normal apresenta uma superfície lisa, coberta por muco claro e fluido. A hiperplasia folicular linfóide (HFL) é um fenômeno normal em todos os cavalos jovens, que ocorre como uma resposta imune a uma grande variedade de poluentes ambientais e doenças infecciosas virais, particularmente rinopneumonite e influenza equina. A hipertrofia tonsilar é acompanhada da formação de folículos linfóides no teto da nasofaringe (BAKER, 1987). O mesmo autor, em 1997, descreve um sistema de graduação de 1 a 4, onde os graus 1 e 2 são considerados insignificantes em cavalos com menos de 3 anos, e os graus 3 e 4 são significantes em todas as idades. Parente (2003) não relacionou a HFL a enfermidades específicas, e Woodie (2011) relata que HFL grave não causa ruído respiratório anormal diretamente, mas a inflamação grave pode levar a problemas no palato mole. Considerando os achados endoscópicos de enfermidades do trato respiratório posterior, Gerber et al. (2004) demonstraram que a estratificação do acúmulo de muco na traquéia baseada em uma avaliação endoscópica semiquantitativa (escore) apresentou correlação significativa com o percentual de neutrófilos verificado à citologia broncoalveolar, sendo considerada uma ferramenta clínica e de pesquisa confiável para o diagnóstico de afecções inflamatórias do trato 25 respiratório posterior dos equinos. Sob esse aspecto, Hewson e Viel (2002) afirmam que a coleta de material do trato respiratório posterior tem um papel vital tanto para o manejo de animais clinicamente doentes, quanto para o desenvolvimento de novas ferramentas de pesquisa. 2.4 LAVADO TRAQUEAL A aspiração de secreções traqueais para análise citológica ou microbiológica pode ser feita por via transcutânea ou pelo canal de biópsia do endoscópio (HEWSON; VIEL, 2002). Diversos autores descrevem a técnica de coleta do lavado traqueal (LT) por via transcutânea (BEECH, 1975; SWEEY et al., 1992; ROSZEL et al., 1985; HEWSON; VIEL, 2002). De acordo com Hewson e Viel (2002), a aspiração transtraqueal oferece o benefício de evitar a passagem pela cavidade nasal e trato respiratório anterior, e consequente contaminação da amostra pela microflora da nasofaringe. Greet (1982) descreveu o método de coleta do LT em equinos via endoscópio e Whitwell e Greet (1984) avaliaram doenças do trato respiratório posterior baseado em resultados citológicos e bacteriológicos de lavados traqueais obtidos via endoscópio. Christley et al. (1999) concluíram que não há diferença na contagem relativa de macrófagos, hemossiderófagos, células gigantes, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos em amostras de fluido traqueal obtidas por aspiração percutânea transtraqueal ou via endoscopia usando um cateter protegido. Os autores concluíram que pode haver contaminação orofaríngea da amostra, no entanto, a coleta usando esse tipo de cateter forneceu amostras adequadas para bacteriologia. Mair et al. (1987) não encontraram diferença significativa na contagem celular total entre o LT realizado por via transtraqueal ou pelo endoscópio, no entanto houve diferença significativa na contagem diferencial entre células epiteliais, macrófagos e neutrófilos. A citologia respiratória tem sido muito sensível na detecção de condições respiratórias clínicas e subclínicas, e dessa forma se tornou uma ferramenta essencial na avaliação do sistema respiratório (FREEMAN; ROSZEL, 1997a). Padrões citológicos são uma combinação de características que ocorrem na amostra 26 citológica, que incluem o material presente no fundo da lâmina, quantidade, tipos, proporções e morfologia das células inflamatórias e não inflamatórias. A descrição desses padrões permite uma classificação morfológica, se há agentes causadores e resposta apropriada do hospedeiro. O reconhecimento de padrões citológicos pode, ainda, ser de grande valor quando corresponde a uma condição clínica particular ou quando fornece um prognóstico (FREEMAN; ROSZEL, 1997b). Beech (1975) descreveu a citologia de LT de cavalos normais como apresentando principalmente células epiteliais colunares ciliadas, poucos neutrófilos, células mononucleares pequenas, células fagocíticas e quantidades variadas de muco, porém geralmente em quantidade menor do que em cavalos anormais. Não foram vistos eosinófilos ou células caliciformes. Aspirados de cavalos com broncopneumonia aguda supurativa ou bronquiolite crônica continham predominantemente neutrófilos e em geral, grande quantidade de muco. Em doenças inflamatórias supurativas graves, muitas das células estavam degeneradas, com espirais de material fibrinoso, semelhante a espirais de Curschmann. Eosinófilos foram raramente encontrados, mesmo em cavalos com histórico sugestivo de doença respiratória alérgica. Roszel et al. (1985) descrevem que esfregaços de cavalos com problemas respiratórios contem não somente uma grande quantidade de muco, como a morfologia do muco fica alterada. A presença de eosinófilos, eritrócitos, número aumentado de neutrófilos, macrófagos alveolares e linfócitos são considerados anormais, assim como um grande número de contaminantes do ar na ausência de células do trato respiratório anterior ou do trato digestório. Crane et al. (1987) realizaram aspirados traqueobrônquicos em vinte potros sem sinais de doença respiratória, e concluíram que há uma grande variedade nos achados citológicos de lavado traqueal em potros clinicamente normais, de modo que a presença de células inflamatórias, eosinófilos e mastócitos são um achado comum. Os autores relataram que na contagem diferencial, 51% dos lavados apresentavam nenhum ou menos que 5% de eosinófilos, enquanto os 49% dos lavados remanescentes apresentavam de 5 a 26% de eosinófilos. Em relação aos neutrófilos, dois dos 23 aspirados com mais de 40% de neutrófilos apresentavam 27 leve degeneração, enquanto oito dos 14 aspirados com mais de 70% de neutrófilos apresentavam um alto número de neutrófilos degenerados. 2.5 HEMOGRAMA, PROTEÍNA PLASMÁTICA TOTAL E FIBRINOGÊNIO Os resultados de hemograma e leucograma são importantes na avaliação de condições inflamatórias agudas ou crônicas. Deve-se avaliar a contagem do número total de hemácias e leucócitos. A contagem diferencial de leucócitos e a concentração da proteína plasmática total e do fibrinogênio são bons indicadores da fase inflamatória. A hematimetria fica dentro dos limites na maior parte dos potros com doença respiratória distal indiferenciada. Leucocitose e hiperfibrinogenemia são indicativas de infecção bacteriana mais grave, causada por Rhodococcus equi ou Streptococcus equi (SELLON, 2001). Harvey (1990) descreve a faixa normal do eritrograma, leucograma, proteína plasmática total e fibrinogênio de potros de cavalos normais dentro de diferentes faixas etárias, desde menos de uma hora do nascimento, até 12 meses de vida. Harvey (1984) relata que a concentração do fibrinogênio aumenta até o seu máximo aos cinco meses de idade. Os valores do volume globular (VG) e da hemoglobina aumentam logo após o nascimento e sofrem uma redução de aproximadamente 10% a partir de 12-24 horas e continuam a reduzir até duas semanas de vida, para então permanecerem na porção mínima da faixa de referência dos adultos (AXON; PALMER, 2008). Jeffcott (1971 apud ROSSDALE; RICKETS, 1980) relata que a contagem de eritrócitos diminui até 10 dias de idade, depois aumenta para atingir um pico em dois meses, e em seguida ocorre uma queda gradativa até a média de 8,63 x 10 12/L com um ano de idade. O mesmo autor relata que a hemoglobina diminui nos três primeiros meses de vida, de 16 g/dL no nascimento para 11,2 g/dL em 12 semanas, chegando em 12 g/dL aos 12 meses. Couroucé-Malblanc et al. (2008) analisaram parâmetros hematológicos de 140 jumentos de duas raças francesas, entre eles 50 potros de 1 a 4 meses, e descreveram valores de hematimetria, volume globular, leucometria total e fibrinogênio mais elevados em animais na faixa etária de 1-4 meses quando 28 comparados a animais jovens (18-36 meses) e adultos. O mesmo estudo constatou que jumentos têm valores de hematimetria e hemoglobina mais baixos que dos cavalos. Os autores concluem que os valores hematológicos e bioquímicos em jumentos devem ser interpretados com padrões próprios dessa espécie, e não com valores para cavalos. Sgorbini et al. (2013) acompanharam potros de jumentos da raça Amiata (Itália) até os dois meses de idade, e observaram que os valores da hematimetria, volume globular e hemoglobina diminuíram significantemente após as primeiras 24h de vida, e depois se mantiveram constantes até o final do estudo, da mesma forma que ocorre com potros de cavalos. Após a primeira semana de vida, os valores dessas variáveis foram semelhantes aos valores descritos para jumentos adultos da raça Amiata e de outras raças de jumentos. A leucometria desses potros foi semelhante à leucometria de potros de cavalos, sendo mais baixa ao nascimento, e aumentando significantemente ao longo do período do estudo, e ficou semelhante à leucometria de adultos em uma semana após o nascimento. Girardi et al. (2012 b) observaram que a hematimetria, a hemoglobina e o volume globular (VG) tenderam a diminuir no primeiro ano de vida de jumentos da raça pêga, enquanto a contagem total de leucócitos se elevou durante o mesmo período, com valores maiores entre o terceiro e o sétimo mês. Já os valores séricos de proteína total se elevaram até o oitavo mês, quando não mais diferiram significativamente (GIRARDI et al, 2012 a). Gul et al. (2007), em um trabalho feito para determinar valores de referência hematológicos e bioquímicos para uma população local de equídeos, compara cavalos, muares e jumentos, sem especificar a idade. Dessa forma, são observadas diferenças significativas no volume globular e hemoglobina (maiores no cavalo, seguido pelos muares e jumentos), leucometria (maior em jumentos, seguido pelos muares e cavalos) e fibrinogênio (maior em jumentos, seguido pelos cavalos e muares). 3 MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação Animal. Obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEPA/UFF), sob nº 00125/11 e autorização do Instituto Vital Brazil (Anexo A). 3.1 ANIMAIS Foram utilizados 21 potros muares, sendo 11 machos e 10 fêmeas, até 180 dias de vida, pertencentes à Fazenda Vital Brazil/IVB em Cachoeiras de Macacu, RJ. Foi realizada avaliação clínica e coleta de material em três intervalos diferentes, sendo: intervalo1 (de um a 60 dias), intervalo 2 (de 61 a 120 dias) e intervalo 3 (de 121 a 180 dias). Em onze potros foi possível realizar avaliação clínica e coleta de material nos três intervalos propostos. No potro 557 e no potro 653, só foram realizadas uma e duas avaliações e coletas, respectivamente, em função de óbito por causas acidentais não relacionadas ao estudo. Quatro animais (potros 376, 440, 571 e 496) foram vendidos e saíram do trabalho antes da terceira coleta. Não foi possível realizar avaliação clínica e coleta de material do segundo intervalo em quatro animais (656, 604, 568 e 232) por motivos inerentes ao manejo da fazenda. Dessa forma, ao final do trabalho foram obtidas 52 amostras distribuídas da seguinte maneira: 21 no intervalo 1, 16 no intervalo 2 e 15 no intervalo 3, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1 – Divisão dos intervalos por idade. Intervalo 1 2 3 Idade (dias) 01 – 60 61 - 120 121 - 180 n 21 16 15 30 Os animais eram mantidos em um galpão durante o dia, onde as éguas ficavam em manejo de “lanchonete” sendo alimentadas com ração comercial, sal mineral e capim elefante picado e recebiam água ad libitum durante o período entre 08h e 15h. Durante esse período, os potros ficavam restritos a uma área com piso cimentado junto com as éguas (figuras 1 e 2). No horário entre 15h e 8h, os potros ficavam soltos junto com as éguas em pasto de grama nativa. Os potros não recebiam ração. Figura 1 – Local onde os potros passavam o dia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 31 Figura 2 – Éguas sendo alimentadas na lanchonete.Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012 Durante o período de estudo, os potros não receberam nenhum tipo de vacinação, e eram desverminados com ivermectina a cada três meses, de acordo com o manejo sanitário da fazenda. 3.2 EXAMES REALIZADOS 3.2.1 Exame físico Para a realização de exame físico foi empregada a metodologia de avaliação clínica de Sellon (2001). Em primeiro lugar, realizou-se avaliação do estado físico e atitude por meio de inspeção. Os potros foram observados à distância no local onde se encontravam, dessa forma, o padrão respiratório foi observado, notando-se qualquer tipo de padrão respiratório anormal, presença e características de descarga nasal, frequência e características de tosse. Também se observou o nível de atividade e vigor, e se o potro se alimentava ou mamava normalmente. 32 A seguir, os potros foram contidos, o peso foi estimado por mensuração do perímetro torácico, as mucosas foram avaliadas quanto à coloração, integridade e umidade e tempo de preenchimento capilar; e a temperatura retal foi aferida (figura 3). A avaliação respiratória foi realizada por meio de inspeção das cavidades nasais, palpação da laringe e traquéia proximal para provocar o reflexo de tosse, e de palpação de linfonodos sublinguais, submandibulares, retrofaríngeos e parotídeos para a presença de dor, calor ou linfadenomegalia. A ausculta de traquéia, pulmão e coração foram feitas com o potro em repouso e contido (figura 4). Figura 3 – Mensuração de temperatura retal. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 33 Figura 4 – Ausculta pulmonar. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. A avaliação do trato gastrointestinal foi feita por meio de ausculta para a verificação de motilidade intestinal e pela inspeção do aspecto das fezes (em formato de síbalas). Casos de claudicação ou outras alterações físicas presentes foram investigados a fim de se estabelecer ligação com enfermidade respiratória. Todas as informações foram anotadas em fichas individuais, que continham todas as informações necessárias para a identificação de cada potro, conforme modelo apresentado no apêndice B. Terminado o exame físico, foi feita coleta de sangue e os potros foram sedados com cloridrato de xilazina (10%) (1,0 mg/kg, por via endovenosa) para a realização de ultrassonografia torácica e endoscopia. 34 3.2.2 Ultrassonografia torácica Os exames foram realizados com um aparelho de ultra-som modelo Áquila/Esoate-Pie Medical com transdutor linear de 5mHz, usando álcool etílico a 70GL aplicado copiosamente ao pelo para servir como superfície de contato entre o transdutor e a superfície torácica. Potros que apresentavam pelagem muito grossa e longa foram tosados na região torácica antes da aplicação do álcool. O tórax sofreu varredura no sentido dorsal a ventral, do 3º ao 16º espaço intercostal, bilateralmente, segundo a metodologia de Slovis et al. (2005) (figura 5). Figura 5 – Exame de ultrassonografia torácica. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 35 Para a avaliação das lesões encontradas, foi utilizada a metodologia de classificação de lesões de Slovis et al. (2005), conforme descrito a seguir: Grau 0: ausência de consolidação pulmonar Grau 1: lesões com < de 1,0 cm de tamanho Grau 2: lesões de 1 – 2 cm de tamanho Grau 3: lesões de 2 - 3 cm de tamanho Grau 4: lesões de 3 - 4 cm de tamanho Grau 5: lesões de 4 - 5 cm de tamanho Grau 6: lesões de 5 - 6 cm de tamanho Grau 7: lesões de 6 - 7 cm de tamanho Grau 8: lesões de 7 - 9 cm de tamanho, ou presença de efusão pleural, independente do tamanho das lesões de consolidação ou abscesso pulmonar. Grau 9: lesões de 9 – 11 cm de tamanho Grau 10: o pulmão inteiro afetado. 3.2.3 Endoscopia Sob efeito da sedação prévia, os animais foram contidos em um brete feito especialmente para potros (figura 6) e foi realizada a vídeo-endoscopia para avaliação do trato respiratório e coleta de lavado. O procedimento foi realizado utilizando-se um fibroscópio de 1.660 mm de comprimento e 13,0 mm de diâmetro externo (Fujinon modelo FC-1Z) acoplado a uma microcâmera (Toshiba IKM44) e a microcomputador com um sistema de captura digital para registro das imagens obtidas (Figura 7). 36 Figura 6 - Brete para contenção dos potros. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. Figura 7 – Vídeo-endoscopia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 37 Antes da realização de cada exame era feita a higienização e desinfecção do equipamento com detergente enzimático e ácido peracético, respectivamente, de acordo com as recomendações do manual do fabricante (figura 8). Figura 8 – Desinfecção do endoscópio. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 38 3.2.3.1 Avaliação endoscópica do trato respiratório A integridade do trato respiratório foi avaliada desde os meatos nasais até a traqueia, na bifurcação brônquica. Para a avaliação da faringe foi adotado o modelo de graduação de hiperplasia folicular linfóide (HFL) de Baker (1987), que a classifica entre os graus I e IV. O grau I apresenta hipertrofia limitada a menos de 180º, o grau II apresenta hipertrofia em toda a circunferência do recesso dorsal da faringe, o grau III apresenta hipertrofia faríngea em contato com a linha média da faringe e o grau IV apresenta massas hipertróficas estendendo desde o recesso dorsal da faringe. De acordo com o autor, os graus 1 e 2 são insignificantes em cavalos com 3 anos de idade ou menos. A quantidade de muco nas vias aéreas posteriores foi avaliada de acordo com o escore de Gerber et al. (2004), e classificada conforme descrição a seguir: Escore 0 (E0) – Nenhuma secreção aparente; Escore 1 (E1) – Pequenos e poucos pontos de secreção; Escore 2 (E2) – Um número maior ou pontos maiores de secreção, podendo vir a formar confluência; Escore 3 (E3) – Presença de confluência de secreção na face ventral do lúmen traqueal, podendo haver poças de secreção ao redor; Escore 4 (E4) – Presença profusa de secreção traqueal ocupando 25% de toda sua extensão e circunferência, e Escore 5 (E5) - Presença profusa de secreção traqueal ocupando mais que 25% de toda sua extensão. Qualquer outro achado endoscópico, como secreção nos meatos nasais, na faringe ou oriunda das bolsas guturais, também foi registrado. 3.2.3.2 Coleta do lavado traqueal Um cateter de polietileno estéril de lúmen duplo (EMAC 700, Mila International®) foi inserido no canal de trabalho do endoscópio, e foi mantido protegido dentro do canal durante todo o exame, para ser exposto somente no momento da coleta do lavado traqueal (figura 9A). Ao chegar na porção mais distal da traquéia, anterior à carina, o cateter foi exposto pelo canal de trabalho do 39 endoscópio, e logo em seguida a via interna foi exposta, empurrando o tampão de glicerol que veda o lúmen externo (figura 9B). De acordo com a técnica de Whitwell & Greet (1984), foi instilado o volume de 20 mL de solução salina estéril, com uso de seringa plástica estéril, e foi realizada imediata aspiração (figura 9C). As amostras foram consideradas adequadas quando apresentaram turvação, partículas suspensas e/ou filamentos de muco (figura 9D). O liquido coletado foi imediatamente levado para o laboratório, onde permaneceu resfriado (4º a 8º C) e foi processado dentro do prazo de 4 horas. A C B D Figura 9 – Coleta do lavado traqueal: introdução do cateter de lúmen duplo no canal de trabalho do endoscópio (A); exposição do cateter e lúmen interno (B); instilação de solução salina e imediata aspiração (C); lavado traqueal apresentando turvação, partículas suspensas e/ou muco (D). Fazenda Instituto Vital Brazil, 2012. 40 3.2.4 Exames laboratoriais O hemograma e a análise citológica do lavado traqueal foram realizados no Laboratório Clínico Veterinário da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói. a) Amostras sanguíneas: Coleta das amostras As amostras de sangue venoso foram coletadas por punção da veia jugular em tubos à vácuo contendo ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) a 10% (Vacuntainer ®). A coleta foi realizada antes da aplicação do sedativo. O esfregaço sanguíneo foi feito logo em seguida à coleta e os tubos mantidos sob refrigeração (4 a 8°C). O hemograma foi realizado dentro de quatro horas após a coleta. Hemograma, proteína plasmática total e fibrinogênio O hemograma foi realizado de forma manual pelo método do hemocitômetro para a obtenção da hematimetria e leucometria global. A determinação do volume globular (VG) foi realizada pelo método do microhematócrito.e a leitura da concentração da hemoglobina foi realizada em espectrofotômetro a 540nm utilizando o kit Labtest®. As determinações de proteína plasmática total e do fibrinogênio foram realizadas por refratometria. Todos os testes foram realizados de acordo com as técnicas descritas por Jain (1993). b) Lavado traqueal (LT) Para a avaliação do LT, as amostras foram analisadas em seu aspecto macroscópico e citológico. Para a confecção de lâminas para citologia, alíquotas de 200µL da suspensão celular do LT foram submetidas à citocentrifugação a 110g por cinco minutos (centrífuga Serocito® modelo 2400 FANEM®), de acordo com Hoffman (2008). As lâminas confeccionadas foram fixadas com metanol e coradas com o 41 corante Giemsa. A leitura foi realizada em microscópio óptico com objetiva de imersão de 100X sendo analisados os tipos celulares (Figuras 10A e 10B), com a contagem de 300 células nucleadas (van Erck, 2009). CE M A B Figura 10 - Fotomicrografia digitalizada de citologia do LT de potro muar sadio (A) e de um potro muar com células inflamatórias (B). Presença de macrófago (M), células epiteliais (CE) e neutrófilos (N). Coloração de Giemsa. Microscopia ótica, aumento de 1000x (A) e 400x (B). Laboratório de Patologia Clínica/UFF, 2013 3.3 DIVISÃO DOS GRUPOS Os achados de endoscopia do trato respiratório foram utilizados como critério de triagem entre animais sadios e doentes, em virtude da ausência de parâmetros clínicos descritos para esses híbridos. N Dessa forma, em cada intervalo de idade, os animais foram divididos em animais sadios e doentes. Os animais sem alterações visualizadas na endoscopia (figura 11), ou apresentando HFL grau I ou II e com escore de secreção traqueal E0 ou E1 (figura 12) foram considerados sadios. Animais com secreção presente no trato respiratório anterior, e com os achados citados anteriormente, também foram considerados sadios. Os animais apresentando escore de secreção traqueal E2 em diante (figura 13) e/ou HFL grau III ou IV (figura 14) foram considerados doentes. As tabelas 2 a 7 a seguir apresentam a divisão dos grupos e os achados endoscópicos dos animais. 42 Figura 11 – Potro muar sem alterações à endoscopia. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 12 – Endoscopia de potro muar apresentando secreção traqueal E1. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 13 – Endoscopia de potro muar apresentando HFL IV. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. Figura 14 – Endoscopia de potro muar apresentando secreção traqueal E3. Fazenda Instituto Vital Brazil, 2013. 43 Tabela 2 – Intervalo 1, animais sadios. Potro Achados de endoscopia 436 653 577 557 488 652 656 666 489 667 496 218 543 376 604 232 568 Faringe Traquéia Normal Normal Normal Normal Normal Normal Normal Normal normal, secreção BG* Normal Normal Normal Normal Normal HFL I, edema de RF** HFL I, edema de RF HFL II E0 E0 E0, hiperemia, tosse E0 E0 E0 E1 E0 E0, tosse E0 E0 E0 E0 E0 E0 E0, tosse E0, abrasão da mucosa *Bolsa gutural (BG); **Recesso faríngeo (RF). Tabela 3 – Intervalo 1, animais doentes. Potro 65 440 571 202 Achados de endoscopia Faringe Traquéia Secreção BG* Normal Secreção narina e BG Edema E3 E2 E2 E3 *Bolsa gutural (BG). Tabela 4 – Intervalo 2, animais sadios. Potro 436 653 488 652 543 376 65 Achados de endoscopia Faringe Traquéia HFL I Normal Edema RF* HFL I, edema RF HFL I, edema RF HFL I HFL II, edema RF normal E1 E1 E1 normal normal E1 * Recesso faríngeo (RF). 44 Tabela 5 – Intervalo 2, animais doentes. Potro 577 666 489 667 496 218 440 571 202 Achados de endoscopia Faringe Traquéia HFL II, edema RF* Secreção meato, edema RF HFL III, secreção narina HFL III, edema RF HFL I, edema RF HFL I, edema RF HFL IV, edema RF HFL III, edema RF HFL II, secreção BG** E2, tosse E3 E2 normal E3, tosse E3 E3 normal E3 * Recesso faríngeo (RF), ** Bolsa gutural (BG). Tabela 6 – Intervalo 3, animais sadios. Potro 488 666 604 232 568 65 202 Achados de endoscopia Faringe Traquéia Edema RF * HFL II HFL I HFL I HFL I, edema RF * HFL II, edema RF * HFL I normal E1 normal normal E1 normal normal * Recesso faríngeo.(RF) Tabela 7 – Intervalo 3, animais doentes. Potro 436 577 652 656 489 667 218 543 Achados de endoscopia Faringe Traquéia HFL III,secreção BG* HFL III, HFL II secreção meato, edema RF** HFL III, edema HFL III, edema HFL III, edema secreção BG, HFL III, edema RF E2 E1 E2 E3 E1, tosse induzida por endoscopia E1, tosse induzida por endoscopia E2 E4, hiperemia * Bolsa gutural (BG), ** Recesso faríngeo (RF) 45 3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados coletados foram armazenados em planilha eletrônica. Após a conferência dos mesmos, foram realizadas as análises descritivas por faixa etária e grupo relativo ao status sadio/doente. Dentro das faixas etárias 2 e 3, o efeito da doença sobre as variáveis respostas foi analisado através da análise de variância a 5% de probabilidade, em seguida foi realizada a comparação de médias utilizando o teste t de Student. 4 RESULTADOS 4.1 OCORRÊNCIA POR INTERVALO DE IDADE Considerando os critérios de avaliação endoscópica, no intervalo 1 foram examinados 21 animais, sendo 17 (81%) sadios e 04 (19%) doentes; no intervalo 2 foram examinados 16 animais, sendo 7 (43,8%) sadios e 9 (56,3%) doentes e no intervalo 3 foram examinados 15 animais, sendo 7 (40%) sadios e 8 (60%) doentes. As médias das idades com os respectivos desvios-padrão para cada intervalo estão apresentadas na tabela 8, junto com os resultados da ocorrência. Tabela 8 – Ocorrência de potros muares sadios e doentes dentro de cada intervalo de idade, e respectivas médias de idade ± desvio padrão. Intervalo n Idade (dias) Sadios Doentes 1 21 28,57 ± 18,68 17 (81%) 4 (19%) 2 16 90,31 ± 16,27 7 (43,8%) 9 (56,3%) 3 15 143,53 ± 18,31 7 (40%) 8 (60%) 47 4.2 INTERVALO 1 Todos os potros desse intervalo apresentaram estado corporal bom e atitude alerta. Nenhum potro apresentou alteração do padrão respiratório em repouso antes da manipulação para o exame e coleta. Os linfonodos regionais não apresentaram alteração à palpação em ambos os grupos. As mucosas orais estavam levemente cianóticas no potro 577 e levemente hiperêmicas nos potros 218 e 543, os demais potros do grupo dos animais sadios, assim como todos os animais do grupo dos doentes apresentaram mucosas normocoradas. Nenhum potro apresentou tosse no exame físico. Com exceção do potro 543 do grupo dos sadios, que apresentou aumento do ruído pulmonar normal em ambos os pulmões, todos os potros desse intervalo, tanto os sadios quanto os doentes, apresentaram ausculta traqueal e pulmonar normais. Na ultrassonografia torácica, os animais 577, 557, 656, 666 e 568 do grupo dos sadios apresentaram alguns artefatos em cauda de cometa, o que foi visto apenas no animal 571 do grupo dos doentes. Não foi possível fazer uma comparação estatística entre animais sadios e doentes para as variáveis do exame físico, hemograma, proteína plasmática total e fibrinogênio, e contagem celular diferencial do LT, já que só havia quatro animais doentes nesse intervalo de idade. As médias e respectivos desvios-padrão (DP) das variáveis analisadas para os animais sadios, e os resultados dos animais doentes estão descritos na tabela 9 a seguir. Os valores individuais para essas variáveis de todos os animais do intervalo 1 estão apresentados nos apêndices E, F e G. 48 Tabela 9 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares do intervalo de idade 1, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e individualmente para os animais doentes. Variável Sadios (n=21) * Animal * 65 Animal 440 Animal 571 * * Animal 202 Exame Físico Temperatura (°C) 39,2 ± 0,7 39,0 39,0 39,6 38,9 FC (bpm) 107 ± 23 84 98 100 80 FR (rpm) 60 ± 21 60 40 76 60 Hemograma, Fibrinogênio, PPT 6 Hematimetria (x10 /µL) 7,08 ± 1,45 6,8 9,11 7,11 8,33 Volume globular (%) 34,11 ± 2,95 32 35 32 35 Hemoglobina (g/dL) 11,22 ± 0,95 10,2 10,9 11,9 11 Leucometria (/µL) 14.035 ± 8.214 17.000 10.000 12.7000 11.200 Fibrinogênio (mg/dL) 352,94 ± 50,48 600 200 400 600 Proteína total (mg/dL) 7,02 ± 0,56 7,2 7,2 7,2 7,2 Lavado traqueal C. Epiteliais (%) ** 46,95 ± 24,63 41,29 5,33 8,68 45,33 Neutrófilos (%) 18,24 ± 20,75 20 46,67 44,61 7,66 Macrófagos (%) 26,04 ± 14,03 32,58 48 40,72 43 Linfócitos (%) 3,37 ± 2,23 6,13 0 5,39 1 Eosinófilos (%) 4,43 ± 13,11 0 0 0,6 3 Mastócitos (%) 0 0 0 0 0 *Animais doentes; ** Células epiteliais. 49 4.3 INTERVALO 2 Todos os potros desse intervalo apresentaram estado corporal bom e atitude alerta. Nenhum potro apresentou alteração do padrão respiratório em repouso antes da manipulação. Os linfonodos regionais não apresentaram alteração à palpação em ambos os grupos. As mucosas orais de todos os animais apresentaram-se normocoradas. À ausculta traqueal e pulmonar, todos os animais sadios estavam normais. No entanto, nos animais doentes, os potros 489, 218 e 440 apresentavam ruído crepitante na traquéia, o potro 496 apresentava ruídos crepitantes na traquéia e pulmonares bilaterais, e o potro 571 apresentava ruídos crepitantes no pulmão esquerdo. Na ultrassonografia torácica, apenas o potro 543 do grupo dos sadios apresentava pequenas consolidações na borda ventral do pulmão ao nível do 10º espaço intercostal esquerdo (EIC) e do 11º EIC direito. No grupo dos doentes, apenas o potro 571 apresentava uma pequena área de consolidação ao nível do 5º EIC esquerdo. As médias e respectivos desvios-padrão das variáveis do exame físico, hemograma, proteína plasmática total e fibrinogênio, e contagem celular diferencial do LT analisadas para os animais sadios e doentes do intervalo 2 estão apresentadas na tabela 10. Não houve diferença significativa entre os animais sadios e doentes nesse intervalo de idade. Os valores individuais para essas variáveis de todos os animais do intervalo 2 podem ser observados nos apêndices H, I e J. 50 Tabela 10 - Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros maures do intervalo de idade 2, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e doentes. Variável Sadios (n=7) Doentes (n=9) 38,9 ± 0,4 38,8 ± 0,4 FC (bpm) 93 ± 21 80 ± 14 FR (rpm) 50 ± 16 43 ± 10 Hematimetria (x 10 /µL) 8,62 ± 1,26 7,84 ± 1,86 Volume globular (%) 35,28 ± 3,25 34,22 ± 3,86 Hemoglobina (g/dL) 11,55 ± 1,03 10,97 ± 0,82 19.207± 7.947 13.861± 4.345 Fibrinogênio (mg/dL) 514,28 ± 106,90 444,44 ± 166,66 Proteína total (mg/dL) 7,37 ± 0,64 7,17 ± 0,56 Células Epiteliais (%) 31,08 ± 29,39 14,80 ± 17,15 Neutrófilos (%) 17,07 ±15,86 29,69 ± 33,45 Macrófagos (%) 38,74 ± 22,82 30,78 ± 15,27 Linfócitos (%) 4,09 ± 2,60 5,05 ± 3,34 Eosinófilos (%) 9,43 ± 11,03 20,62 ± 19,40 Mastócitos (%) 0 0 Exame Físico Temperatura (°C) Hemograma, Fibrinogênio, PPT 6 Leucometria (/µL) Lavado traqueal 51 4.4 INTERVALO 3 Todos os potros desse intervalo apresentaram estado corporal bom e atitude alerta. Nenhum potro apresentou alteração do padrão respiratório em repouso antes da manipulação. Os linfonodos regionais não apresentaram alteração à palpação em ambos os grupos. As mucosas orais de todos os animais apresentaram-se normocoradas. À ausculta traqueal e pulmonar, todos os animais sadios estavam normais. No entanto, nos animais doentes, o potro 656 apresentava ruídos crepitantes na traquéia e o potro 543 apresentava ruídos crepitantes na traquéia e bilateralmente nos pulmões. Na ultrassonografia torácica, apenas o potro 65 do grupo dos sadios apresentava artefatos em cauda de cometa ao nível do 7º EIC direito. No grupo dos doentes, apenas o potro 543 apresentava os mesmos artefatos ventralmente em ambos os pulmões. As médias e respectivos desvios-padrão das variáveis do exame físico, hemograma, proteína plasmática total e fibrinogênio, e contagem celular diferencial do LT analisadas para os animais sadios e doentes do intervalo 3 estão apresentadas na tabela 11. Houve diferença significativa entre os animais sadios e doentes nesse intervalo de idade para as variáveis volume globular (aumentado nos animais doentes), neutrófilos (aumentados nos animais doentes) e macrófagos (aumentados nos animais sadios) da contagem celular diferencial do LT. Os valores individuais para essas variáveis de todos os animais do intervalo 3 podem ser observados nos apêndices K, L e M . 52 Tabela 11 - Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares do intervalo de idade 3, expressos em média ± desvio padrão para os animais sadios e doentes. Variável Sadios (n=7) Doentes (n=8) 38,7 ± 0,3 38,7 ± 0,5 FC (bpm) 70 ± 8 76 ± 10 FR (rpm) 28 ± 9 40 ± 16 6,80 ± 1,38 7,78 ± 1,22 Exame Físico Temperatura (°C) Hemograma, Fibrinogênio, PPT 6 Hematimetria (x 10 /µL) Volume globular (%) Hemoglobina (g/dL) 31,50 ± 2,94 B 36,77 ± 5,09 A 11,58 ± 0,91 11,92 ± 1,55 Leucometria (/µL) 13.283± 3.988 14.138 ± 2.533 Fibrinogênio (mg/dL) 400 ± 126,49 377,77 ± 185,59 Proteína total (mg/dL) 6,80 ± 0,35 6,93 ± 0,33 14,37 ± 16,75 6,18 ± 11,22 Lavado traqueal CE (%) Neutrófilos (%) 22,13 ± 20,99 B 54,42 ± 33,51 A Macrófagos (%) 36,98 ± 10,28 A 23,07 ± 16,14 B Linfócitos (%) 4,87 ± 2,57 6,49 ± 8,64 Eosinófilos (%) 21,64 ± 16,65 11,82 ± 8,11 Mastócitos (%) 0 0 AB Letras maiúsculas diferentes indicam diferença estatística entre os grupos (P<0,05). 53 4.5 EFEITO DA IDADE Foi verificado o efeito da idade nos animais sadios e doentes. Nos sadios houve diferença significativa (p<0,05) para as variáveis FC e FR (diminuídas no intervalo 3); hematimetria (aumentada no intervalo 2), VG (aumentado nos intervalos 1 e 2) e fibrinogênio (aumentado nos intervalos 2 e 3) e para as células epiteliais (aumentadas nos intervalos 1 e 2) e eosinófilos (aumentados nos intervalos 2 e 3) do lavado traqueal. A tabela 12 apresenta as médias e desvios-padrão dos animais sadios dos intervalos 1,2 e 3. Tabela 12 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares sadios dos intervalos de idade 1, 2 e 3. Variáveis Intervalo 1 Intervalo 2 Intervalo 3 39,2 ± 0,7 38,9 ± 0,4 38,7 ± 0,3 Exame Físico Temperatura (°C) A A FC (bpm) 107± 23 FR (mpm) 60 ± 21 93 ± 21 A 70 ± 8 B 50 ± 16 A 28 ± 9 B Hemograma, Fibrinogênio, PPT 6 Hematimetria (x 10 /µL) Volume globular (%) Hemoglobina (g/dL) Leucometria (/µL) Fibrinogênio (mg/dL) Proteína total (mg/dL) 7,08 ± 1,45 B 34,11 ± 2,95 8,62 ± 1,26 AB A 6,80 ± 1,38 A 35,28 ± 3,25 B 31,50 ± 2,94 B 11,22 ± 0,95 11,55 ± 1,03 11,58 ± 0,91 14.035± 8.214 19.207 ± 7.947 13.283 ± 3.988 352,94 ± 150,48 7,02 ± 0,56 B 514,28 ± 106,90 A 7,37 ± 0,64 AB 400,00± 126,49 6,80 ± 0,35 Lavado traqueal Células epiteliais (%) 46,95 ± 24,63 A 31,08 ± 29,39 AB 14,37 ± 16,75 B Neutrófilos (%) 18,24 ± 20,75 17,07 ±15,86 22,13 ± 20,99 Macrófagos (%) 26,04 ± 14,03 38,74 ± 22,82 36,98 ± 10,28 3,37 ± 2,23 4,09 ± 2,60 4,87 ± 2,57 Linfócitos (%) Eosinófilos (%) Mastócitos (%) AB 4,43 ± 13,11 0 B 9,43 ± 11,03 AB 21,64 ± 16,65 0 Letras maiúsculas diferentes indicam diferença estatística entre os grupos (p<0,05). 0 A 54 Nos animais doentes não houve diferença significativa entre as variáveis dos intervalos 2 e 3, e não foi possível realizar análise estatística usando o intervalo 1 devido ao número reduzido de animais doentes. Os resultados dos quatro animais doentes do intervalo 1 estão apresentados na tabela 13, e as médias e respectivos desvios-padrão dos intervalos 2 e 3 estão apresentados na tabela 14. Tabela 13 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares doentes do intervalo de idade 1. Variável Animal65 Animal 440 Animal 571 Animal 202 39,0 39,0 39,6 38,9 FC (bpm) 60 40 76 60 FR (rpm) 84 98 100 80 6,8 9,11 7,11 8,33 Volume globular (%) 32 35 32 35 Hemoglobina (g/dL) 10,2 10,9 11,9 11 17.000 10.000 12.700 11.200 Fibrinogênio(mg/dL) 600 200 400 600 Proteína total (mg/dL) 7,2 7,2 7,2 7,2 41,29 5,33 8,68 45,33 Neutrófilos (%) 20 46,67 44,61 7,66 Macrófagos (%) 32,58 48 40,72 43 Linfócitos (%) 6,13 0 5,39 1 Eosinófilos (%) 0 0 0,6 3 Mastócitos (%) 0 0 0 0 Exame Físico Temperatura (°C) Hemograma, fibrinogênio, PPT Hematimetria 6 (x 10 /µL) Leucometria (/µL) Lavado traqueal Células epiteliais (%) 55 Tabela 14 – Achados dos exames físico, sanguíneo e citologia traqueal dos potros muares expressos em média ± desvio padrão para os animais doentes dos intervalos de idade 2 e 3. Variáveis Intervalo 2 Intervalo 3 38,8 ± 0,4 38,7 ± 0,5 FC (bpm) 80,00 ± 14,28 76,44 ± 10,47 FR (rpm) 43,33 ± 10,19 40,44 ± 16,78 Hematimetria ( x 10 /µL) 7,84 ± 1,86 7,78 ± 1,22 Volume globular (%) 34,22 ± 3,86 36,77 ± 5,09 Hemoglobina (g/dL) 10,97 ± 0,82 11,92 ± 1,55 13.861,11 ± 4.345,89 14.138,89 ± 2.533,87 444,44 ± 166,66 377,77 ± 185,59 7,17 ± 0,56 6,933 ± 0,33 Células epiteliais (%) 14,80 ± 17,15 6,18 ± 11,22 Neutrófilos (%) 29,69 ± 33,45 54,42 ± 33,51 Macrófagos (%) 30,78 ± 15,27 23,07 ± 16,14 5,05 ± 3,34 6,49 ± 8,64 Eosinófilos (%) 20,62 ± 19,40 11,82 ± 8,11 Mastócitos (%) 0 0 Exame Físico Temperatura (°C) Hemograma, Fibrinogênio, PPT 6 Leucometria (/µL) Fibrinogênio (mg/dL) Proteína total ( mg/dL) Lavado traqueal Linfócitos (%) 5 DISCUSSÃO A ocorrência da doença aumentou com a idade, praticamente dobrando do primeiro para o segundo intervalo e triplicando do primeiro para o terceiro intervalo. Acreditamos que isso esteja relacionado ao desafio à infecção a que esses animais estão submetidos em função do manejo da propriedade e à provável queda de imunidade em função do decréscimo nos níveis de anticorpos colostrais. Ainda que o comportamento imunológico desses híbridos não seja bem conhecido, se for considerada a curva de imunidade passiva adquirida do potro equino, a faixa ótima de proteção pelos anticorpos colostrais dura de 4 a 8 semanas (LEBLANC, 1990). Os potros dos intervalos 2 e 3 (com médias de idade de aproximadamente 90 e 150 dias, respectivamente) já se encontram fora dessa faixa etária e, portanto, mais susceptíveis à doença. Na inspeção prévia ao exame físico todos os potros se encontravam em bom estado corporal e com atitude alerta, não houve diferença de atitude entre os animais posteriormente considerados sadios ou doentes. Nenhum potro examinado mostrou inapetência, letargia, alteração de padrão respiratório, descarga nasal ou tosse. Esse fato corrobora as observações de Knottenbelt et al. (2004) e de Robinson (1992) quanto à inconsistência dos sinais físicos em potros equinos com doença respiratória, e também reforça o que foi relatado por Thiemann e Bell (2001) quanto ao comportamento estóico dos jumentos frente à doença. Com relação à ausculta respiratória, em 21 exames realizados em animais doentes somados os três intervalos de idade, em apenas 7 exames foram detectadas crepitações. Isso está de acordo com os achados de Koterba (1990), Wilson (1990), Robinson (1992) e Knottenbelt et al (2004), que dizem que a ausência de alterações de ausculta não descarta a possibilidade de doença pulmonar em potros de equinos. 57 Em 31 exames realizados nos animais sadios, apenas em um exame (animal 543, no intervalo 1) foi detectado aumento de ruídos pulmonares. Apesar de pertencer ao grupo dos animais sadios pelos critérios de inclusão adotados nesse estudo, esse animal apresentava mucosas hiperêmicas, temperatura retal de 41º C (acima da média do grupo de 39,2º C) e efusão da articulação metacarpofalângica direita. De acordo com Brewer (1990) esses sinais caracterizam envolvimento sistêmico ou sepse. Nessas situações, as alterações de ausculta são justificáveis, pois podem ser decorrentes de um processo inicial de disseminação da infecção para os pulmões, já que também não foram detectadas lesões pulmonares ao exame ultrassonográfico do tórax. Quanto à ultrassonografia torácica, o grupo dos animais doentes apresentou um animal com pequenas consolidações na borda ventral do pulmão e dois animais com imagem de artefato em cauda de cometa. O potro que apresentou consolidação, também apresentava ruídos pulmonares crepitantes, o que vem complementar o diagnóstico de enfermidade pulmonar. Nos 31 exames realizados em animais sadios, esse mesmo tipo de artefato foi visualizado em sete exames. A cauda de cometa, que é um artefato formado por reflexos hiperecóicos da superfície pulmonar, ocorre em função de pequenas áreas não aeradas no parênquima pulmonar periférico (JOHNS, 2010). O significado clínico deste tipo de artefato não foi encontrado na literatura pesquisada. No grupo de animais sadios, a coloração predominante das mucosas foi rosada, semelhante à coloração normal das mucosas de potros equinos (KOTERBA, 1990). A mesma coloração foi observada nos animais doentes. Três animais sadios do intervalo 1 apresentaram discreta alteração de coloração. Um desses animais apresentava mucosas levemente cianóticas, sem nenhum outro dado que justificasse esse achado. Dois potros sadios do intervalo 1 apresentaram mucosas orais hiperêmicas, sendo um deles o potro 543, que, conforme discutido anteriormente, poderia estar em sepse e processo inicial de doença pulmonar. Com relação à temperatura retal, não houve diferença entre os animais sadios e doentes nos intervalos 2 e 3. No intervalo 1, ainda que não tenha sido possível fazer uma comparação estatística por conta do reduzido número de animais doentes, os valores são muito próximos da média do grupo dos sadios. Esse 58 comportamento está de acordo com a observação de Sellon (2001), que afirma que a temperatura retal pode estar dentro dos limites de normalidade em potros com doença do trato respiratório. Apesar de Savage (2009) associar taquicardia com dor, e indicar que a mesma deve ser avaliada quanto à gravidade e associação com outros sintomas clínicos consistentes com doença respiratória primária ou envolvimento de outros sistemas, esse comportamento não foi observado nesse estudo. Os valores individuais desse parâmetro nos animais doentes do intervalo 1 estão abaixo da média, e nos intervalos 2 e 3 não houve diferença significativa entre animais sadios e doentes, sendo que no intervalo 2 a média dos animais doentes ficou abaixo da média dos animais sadios. A variação da frequência respiratória foi semelhante ao observado na frequência cardíaca. O intervalo 3 apresentou uma diferença maior entre animais sadios e doentes, ainda que não significativa, com valores mais elevados para animais doentes. Apesar de Wilson (1997) relatar que a maior parte dos potros com doença respiratória apresentam taquipnéia, nossos achados estão compatíveis com Knottenbelt et al. (2004), que afirmam que alguns potros com extenso comprometimento pulmonar podem demonstrar padrão respiratório normal. O comportamento das variáveis FC e FR nos potros muares desse estudo pode estar associado à baixa intensidade da doença respiratória ou a características próprias de comportamento desses indivíduos frente à doença. Thiemann e Bell (2001) reforçam esses achados, ao descreverem os jumentos como animais estóicos, que são frequentemente encaminhados ao veterinário com doença respiratória já na sua forma grave e avançada. Os muares desse estudo demonstraram um comportamento frente à doença respiratória diferente dos cavalos. Potros apresentando critérios de inclusão no grupo dos animais doentes não apresentavam comportamento de animais doentes, e nenhum potro apresentou tosse ao exame físico. Não houve diferença significativa nas variáveis do hemograma entre os animais sadios e doentes, exceto para o intervalo 3 que apresentou aumento significativo do volume globular nos animais doentes. No intervalo 3, dois potros (667 e 489) contribuem para o aumento da média do volume globular, isso pode 59 demonstrar um leve grau de desidratação ou um grau de estresse aumentado Apesar dos valores da leucometria e do fibrinogênio estarem levemente aumentados nos animais doentes do intervalo 2, ocorre o inverso no intervalo 3. Pode ser que o fibrinogênio não seja um indicador de inflamação tão sensível nos muares quanto nos equinos, conforme indicado por Sellon (2001). A contagem celular diferencial do LT nos animais doentes do intervalo 1 apresentou um aumento das células que caracterizam inflamação (neutrófilos, macrófagos e linfócitos), ainda que os quatro indivíduos doentes apresentem perfis de resposta inflamatória distintos entre si. No intervalo 2, apesar de não ter havido diferença significativa entre as contagens celulares dos animais sadios e doentes, foi observado um aumento de neutrófilos, macrófagos e eosinófilos nos potros doentes. A ausência de diferença significativa pode estar relacionada ao baixo número de indivíduos no grupo. No intervalo 3, observou-se aumento significativo de neutrófilos e redução de macrófagos para o grupo de animais doentes. Independente da significância estatística observa-se um aumento de neutrófilos nos animais doentes dos três intervalos estudados. Apesar da redução significativa nos animais doentes do grupo 3, houve aumento de macrófagos nos animais doentes dos intervalos 1 e 2. A proporção de linfócitos apresentou-se aumentada nos animais doentes dos três intervalos. A resposta celular inflamatória nos animais desse estudo acompanhou a resposta observada em equinos adultos. Beech (1975) observou que aspirados traqueais de animais com broncopneumonia aguda supurativa ou bronquiolite crônica continham predominantemente neutrófilos, fato ratificado por Roszel et al. (1985) que relatam que o número aumentado de neutrófilos, macrófagos alveolares e linfócitos é um achado compatível com doença pulmonar. Em relação ao efeito da idade, a temperatura retal, apesar de não ter variado significativamente, mostrou leve diminuição entre os intervalos1 e 2, mantendo-se praticamente igual nos intervalos 2 e 3. Spiers (1999) relata temperatura retal mais alta em potros de equinos nos primeiros quatro dias de vida quando comparado a cavalos adultos. A média da temperatura nos três intervalos estudados ficou acima da relatada para jumentos por Thiemann e Bell (2001),Burnham (2002), e Couroucé- 60 Malblanc et al. (2008), ainda que tenha ficado próximo ao limite máximo de normalidade considerado pelos dois primeiros autores. Apesar de Brunham (2002) afirmar que jumentos não têm dificuldade em manter a temperatura dentro dos limites normais, mesmo quando expostos a condições extremas de temperatura ambiente elevada, pode ser que a elevada temperatura ambiente da região de Cachoeiras de Macacu tenha contribuído para que a média da temperatura retal desses híbridos tenha sido maior do que a descrita para jumentos. Foi observada redução gradativa da frequência cardíaca com o aumento da idade nos animais sadios, mesmo que essa diferença tenha sido significativa apenas no último intervalo. Apesar de não especificar a idade, Spiers (1999) afirma que a FC de cavalos adultos é mais baixa que a de potros. Flutuação semelhante foi observada por Couroucé-Malblanc et al (2008) em jumentos. A FC observada nesse estudo foi mais alta que a de cavalos e mais próxima ao intervalo citado por Thiemann e Bell (2001) para jumentos jovens, com média de 60 bpm, variando entre 44 – 80 bpm. O mesmo comportamento foi observado com a frequência respiratória, que foi diminuindo conforme a idade foi aumentando, apesar da redução só ter sido significativa no último intervalo estudado, novamente em acordo com o estudo de Couroucé-Malblanc et al (2008) em jumentos franceses. Savage (2009) descreve uma redução nos valores de FR quando cita as frequências médias para potros de equinos recém-nascidos nas primeiras horas de vida, potros nas primeiras semanas de vida e animais adultos, respectivamente. Swendsen (2008) também relata redução da FR com o avanço da idade. Sem especificar a idade ao citar o jumento jovem, a FR é descrita como sendo 28 rpm, enquanto no adulto a média é de 20 rpm. A FR média dos potros muares desse estudo no intervalo 3, ou seja, entre 151 – 180 dias de idade, coincidiu com a média descrita para jumentos jovens, de 28 rpm, no entanto, foi mais elevada do que a média de jumentos de 1-4 meses descrita por Couroucé-Malblanc et al. (2008). Embora com médias mais elevadas, a temperatura retal, FC e FR dos muares desse estudo tiveram variação semelhante aos resultados do estudo de Couroucé-Malblanc et al (2008), que afirmam que esses parâmetros estiveram significativamente mais elevados em jumentos de 1 – 4 meses de idade quando 61 comparados a jumentos jovens (18 – 36 meses) e adultos. Um dos motivos para tal fato, de acordo com esses autores, pode ser o estresse. A variação nos resultados da hematimetria e volume globular entre os intervalos de idade usados nesse estudo mostrou semelhança com os resultados de Couroucé-Malblanc et al. (2008) e de Sgorbini et al. (2013). Apesar dos resultados do intervalo 2 terem sido significativamente maiores que dos outros intervalos para essas variáveis, os resultados do intervalo 1 são mais elevados que do intervalo 3, o que mostra um comportamento semelhante ao relatado por Harvey (1990), que relata um discreto aumento nos valores nos meses 2, 3 e 4 de idade de potros equinos. Os valores encontrados nesse estudo para VG são semelhantes aos descritos por Harvey (1990) em potros equinos, no entanto, a hematimetria dos potros muares desse estudo, assim como observado em jumentos por CouroucéMalblanc et al. (2008), foi menor quando comparada à dos potros equinos para as mesmas faixas etárias. Da mesma forma como os jumentos estudados por Couroucé-Malblanc et al. (2008) e Sgorbini et al. (2013), os muares desse estudo tiveram resultados de leucometria total acima dos descritos por Harvey (1990) para potros equinos na mesma faixa etária. Couroucé-Malblanc et al. (2008) e Girardi (2012) concordam que devem ser utilizados intervalos de referência próprios para cada espécie e para a faixa etária específica. Os resultados obtidos nesse estudo mostram que o híbrido das duas espécies se assemelha mais ao jumento no que se refere a parâmetros hematológicos. A contagem celular diferencial do LT de animais sadios mostrou uma redução na porcentagem de células epiteliais conforme a idade aumentou, mesmo sendo significativa apenas no último intervalo estudado, houve uma clara redução do intervalo 1 para o 2. Não foram encontradas informações específicas para células epiteliais de LT de potros clinicamente normais na literatura consultada, mas acreditamos que os potros mais novos possam sofrer maior descamação do epitélio em função da adaptação do epitélio do trato respiratório à vida extrauterina. 62 Crane et al (1987) observaram uma grande variedade de células inflamatórias no aspirado traqueal de potros equinos clinicamente sadios. Os potros muares desse estudo considerados sadios com base em imagens de endoscopia também mostraram variação no perfil de células inflamatórias do LT. Os neutrófilos, apesar de terem mantido proporções muito semelhantes nos dois primeiros intervalos, aumentaram bastante, ainda que não significativamente, no terceiro intervalo. Os eosinófilos tiveram aumento significativo no intervalo 3, e mostraram um aumento gradativo não significativo nos primeiros dois intervalos. Os macrófagos e linfócitos estiveram presentes em quantidades estáveis nos três intervalos estudados. Pode ser que o desafio ambiental a que esses potros eram submetidos nas condições de manejo inerentes à propriedade tenha influência na variação de células inflamatórias do LT. 6 CONCLUSÃO Diante dos resultados encontrados nesse trabalho, pode-se concluir que: 1. Potros muares possuem valores próprios para frequência cardíaca e respiratória, hemograma e contagem celular diferencial do LT, e os valores estabelecidos na literatura para os equinos e asininos não podem ser utilizados na interpretação do exame clínico desses híbridos. 2. O fato desses animais não terem demonstrado doença clínica de forma semelhante aos potros equinos, reforça a necessidade de exames como endoscopia e citologia do LT no diagnóstico de enfermidades respiratórias. 7. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, L. S. Jumentos & Muares de Sela. Info Graphic, Aracaju, SE, 1999. 112p. AXON, J. E.; PALMER, J. E. Clinical Pathology of the foal. Veterinary Clinics Equine Practice, 24: 357–385, 2008. BAKER, G.J. Pharynx. In: TRAUB-DAGARTZ, J.L; BROWN, C.M. Equine Endoscopy. 2nd Edition. St, Louis, Missouri: Mosby, 1997. 252 p. pt 5, 49-56. BAKER, G.J. Diseases of the pharynx and the larynx. In: ROBINSON N.E. Current Therapy in Equine Medicine, 2 ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1987. 761 p. pt. 14, p. 607-611. BEECH, J. Cytology of tracheobronchial aspirates in horses. Veterinary Pathology, 12: 157-64. 1975. BREWER, B. D. Neonatal infection. In: KOTERBA A. M.; DRUMMOND W.H., KOSCH P.C. (eds) Equine clinical neonatology. 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Animal Idade (dias) Peso (kg) 436 6 41 653 4 41 577 38 68 557 38 68 488 28 50 652 12 48 656 68 90 666 49 111 489 11 61 667 9 48 496 18 48 218 26 62 543 24 60 376 9 49 604 54 74 232 39 74 568 60 123 65 8 48 440 31 68 571 22 50 202 54 82 Potros sadios Potros doentes 74 APÊNDICE C - Número de identificação, idade (dias) e peso estimado por perímetro torácico (kg) dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Idade (dias) Peso (kg) 436 68 85 653 66 85 488 105 82 652 82 85 543 87 82 376 114 110 65 85 98 577 100 110 666 119 135 489 88 61 667 72 92 496 81 82 218 75 100 440 108 111 571 99 100 202 96 100 Potros sadios Potros doentes 75 APÊNDICE D - Número de identificação, idade (dias) e peso estimado por perímetro torácico (kg) dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Idade (dias) Peso (kg) 488 140 100 666 180 173 604 166 120 232 151 140 568 133 150 65 121 111 202 166 140 436 118 123 577 150 123 652 152 160 656 129 125 489 151 145 667 135 125 218 131 123 543 129 100 Potros sadios Potros doentes 76 APÊNDICE E – Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Temperatura (°C) FC (bpm) FR (rpm) 436 39,0 106 98 653 39,2 100 98 577 39,4 100 92 557 39,7 88 50 488 40,0 120 72 652 38,9 160 60 656 38,5 85 32 666 39,0 80 32 489 39,4 104 68 667 38,8 120 48 496 39,1 120 40 218 38,8 120 72 543 41,5 96 64 376 38,7 96 68 604 39,6 150 60 232 38,4 110 44 568 39,0 68 32 65 39,0 84 60 440 39,0 98 40 571 39,6 100 76 202 38,9 80 60 Potros sadios Potros doentes FC: Frequência cardíaca (batimentos por minuto); FR: Frequência respiratória (respirações por minuto). 77 APÊNDICE F - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Hematimetria (x 106/µL) VG (%) Hemoglobina (g/dL) Leucometria (/µL) Fibrinogênio (mg/dL) PPT (mg/dL) Potros sadios 436 7,62 33 10,2 35200 600 6,4 653 8,79 35 11,9 14150 600 8,2 577 7,42 35 11,9 33000 400 7,8 557 3,488 32 10,8 12600 400 7,2 488 9,11 35 10,9 9000 200 7,0 652 7 29 10 15400 200 7,4 656 7,8 32 12,8 12400 200 7,0 666 7,9 33 11,4 17200 600 6,8 489 6,37 33 12 11400 200 6,8 667 7,22 37 11,7 6250 200 6,6 496 6,9 34 10,3 8450 200 6,2 218 6 35 12 9900 400 6,4 543 5,15 34 10 7050 400 7,2 376 5,25 35 11 8500 400 7,4 604 7,9 34 10 9600 400 7,6 232 8,6 43 11 11500 200 6,2 568 7,88 31 12,9 17000 400 7,2 Potros doentes 65 6,8 32 10,2 17000 600 7,2 440 9,11 35 10,9 10000 200 7,2 571 7,11 32 11,9 12700 400 7,2 202 8,33 35 11 11200 600 7,2 VG: Volume globular; PPT: Proteína plasmática total. 78 APÊNDICE G - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal CE Neutrófilos Macrófagos Linfócitos Eosinófilos Mastócitos Potros sadios 436 80,7 5,3 7,7 5 1,3 0 653 26 62 5 7 0 0 577 75 3 19 3 0 0 557 69,7 0,7 22 7,6 0 0 488 71,33 13,33 14,33 1 0 0 652 17 52,3 26,7 2,3 1,7 0 656 24,58 45,85 25,25 2,66 1,66 0 666 74,7 1,7 22,6 1 0 0 489 62,7 10,3 20,3 6,7 0 0 667 59,55 17,15 22,01 1,29 0 0 496 20,06 32,8 43,31 3,18 0,64 0 218 28,7 9 54,7 0,3 1,3 0 543 29 45,3 16,3 1 8,4 0 376 66 3 17,3 3 0,7 0 604 46,6 3,66 41,33 4,66 3,66 0 232 43,33 4 47 4,33 1,33 0 568 3,3 0,7 38 3,3 54,7 0 Potros doentes 65 41,29 20 32,58 6,13 0 0 440 5,33 46,67 48 0 0 0 571 8,68 44,61 40,72 5,39 0,6 0 202 45,33 7,66 43 1 3 0 CE: Células epiteliais. 79 APÊNDICE H - Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Temperatura (°C) FC FR 436 39,1 120 68 653 38,8 112 60 488 39,3 104 64 652 39,6 80 44 543 39,0 72 60 376 38,0 64 24 65 39,0 100 36 577 38,2 80 44 440 38,4 64 36 571 39,2 100 60 666 39,2 72 30 489 39,2 84 40 667 39,2 88 40 496 39,1 56 40 218 38,4 96 60 202 38,8 80 40 Potros sadios Potros doentes FC: Frequência cardíaca (batimentos por minuto); FR: Frequência respiratória (respirações por minuto). 80 APÊNDICE I - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Hematimetria (x 106/µL) VG (%) Hemoglobina (g/dL) Leucometria (/µL) Fibrinogênio (mg/dL) PPT (mg/dL) Potros sadios 436 9,49 33 10 13700 600 8,0 653 9,11 35 10,9 12700 400 7,2 488 7,33 34 11,2 32400 600 7,2 652 10,45 42 12,6 21900 600 8,0 543 8,32 32 12 10700 400 6,8 376 8,9 36 13 16950 400 6,4 65 6,78 35 11,2 26100 600 8,0 Potros doentes 577 9,53 34 10,9 21900 400 8,2 440 5,028 31 10,6 8700 200 7,2 571 7,92 41 11,2 9150 600 7,0 666 7,35 30 10,2 11500 600 7,8 489 5,97 35 11 14500 600 7,0 667 8,16 37 11 12150 200 7,0 496 6,51 30 10 15000 400 6,2 218 10,9 38 12,9 19000 400 7,2 202 9,27 32 11 12850 600 7,0 VG: Volume globular; PPT: Proteína plasmática total. 81 APÊNDICE J - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 2. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal CE Neutrófilos Macrófagos Linfócitos Eosinófilos Mastócitos Potros sadios 436 56 10,3 27 5,3 1,4 0 653 67 1 29,4 2,6 0 0 488 23,3 26 36,7 4 10 0 652 3,6 8,7 84,7 2 1 0 543 6,66 25,33 51,33 3,66 13 0 376 0 45,18 21,39 1,81 31,63 0 65 61 3 20,7 9,3 9 0 Potros doentes 577 9,7 2 33,3 9 55 0 440 17,7 3,3 46,7 5 27,3 0 571 20 0,3 45,7 1,3 32,7 0 666 0 75,4 19 5,3 0,3 0 489 2,65 46,03 23,84 8,28 19,21 0 667 30 3 47,66 10 9 0 496 0 52,33 6,33 2 39,33 0 218 51,08 5,57 39,32 2,79 1,24 0 202 2,13 79,33 15,2 1,82 1,52 0 CE: Células epiteliais. 82 APÊNDICE K - Valores individuais para as variáveis temperatura, FC e FR do exame físico dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Temperatura (°C) FC FR 488 39,3 80 24 666 38,5 62 16 604 39,8 88 72 232 39,1 80 40 568 38,4 64 40 65 38,4 62 24 202 38,7 74 28 436 39,5 84 56 577 38,4 84 56 652 38,2 76 32 656 38,5 80 32 489 38,7 60 24 667 38,7 60 36 218 38,7 84 24 543 38,0 72 32 Potros sadios Potros doentes FC: Frequência cardíaca (batimentos por minuto); FR: Frequência respiratória (respirações por minuto). 83 APÊNDICE L - Valores individuais das variáveis hematimetria, volume globular (VG), hemoglobina, leucometria, fibrinogênio e proteína plasmática total dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 3. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal Hematimetria (x 106/µL) VG (%) Hemoglobina (g/dL) Leucometria (/µL) Fibrinogênio (mg/dL) PPT (mg/dL) Potros sadios 488 6,8 34 12 12300 400 6,8 666 5,22 31 10,5 12200 200 7,2 604 8,3 34 13 15050 200 6,8 232 7,58 28 13 10400 400 6,4 568 9,05 34 12 21300 400 6,8 65 5,6 28 11 12000 600 7,2 202 6,6 34 11 11500 400 6,4 Potros doentes 436 6,73 39 11,4 13950 200 7,2 577 7,7 35 10,2 19800 200 7,0 652 7,5 39 13,5 14950 600 7,0 656 9,2 37 11,2 12000 200 6,8 489 6,2 41 13 11400 400 6,4 667 9 44 13 12000 600 7,6 218 9,23 36 13 14800 400 6,8 543 6,2 26 9 13300 600 6,8 VG: Volume globular; PPT: Proteína plasmática total. 84 APÊNDICE M - Valores individuais expressos em % das variáveis células epiteliais (CE), neutrófilos, macrófagos, linfócitos e eosinófilos da contagem celular diferencial do lavado traqueal dos potros muares sadios e doentes do intervalo de idade 1. Cachoeiras de Macacu, RJ, dezembro 2011 – novembro 2012. Animal CE Neutrófilos Macrófagos Linfócitos Eosinófilos Mstócitos Potros sadios 488 15 33,7 38,3 1 12 0 666 47,7 5 26 7,3 14 0 604 0 80,3 9,85 6,57 3,28 0 232 5,65 10,3 37,87 2,33 43,85 0 568 4,7 1,3 45,7 6,3 42 0 65 5,63 56,62 24,17 6,62 6,95 0 202 7,57 25,87 49,84 5,68 11,04 0 Potros doentes 436 2,3 64 15,4 5,3 13 0 577 8,3 10 31 28,7 22 0 652 34 7,3 38 3 17,7 0 656 0 99,4 0,3 0,3 0 0 489 11,05 43,02 21,51 4,94 19,48 0 667 0 50,67 34,33 2 13 0 218 0 89,11 7,92 0,99 1,98 0 543 0 28 49,33 6,67 16 0 CE: Células epiteliais.