EFEITO DA ORDENHA DO CORDÃO UMBILICAL SOBRE A MORBIDADE E
SOBREVIDA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS
Effect of umbilical cord milking on morbidity and survival
in extremely low gestational age neonates
Shrena Patel; Erin A. S. Clark; Christina E. Rodriguez; Torri D. Metz; Minda Abbaszadeh;
Bradley A. Yoder (EUA)
Am J Obstet Gynecol 2014;211:… (Publicação online)
Faculdade de Medicina da
Universidade Católica de Brasília
Apresentação: Andréia Bastos, Juliana Beal, Julianna Passos
Coordenação: Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 31 de outubro de 2014
Objetivo
• Identificar os benefícios clampeamento tardio do cordão
umbilical em neonatos prematuros. A hipótese é que a
ordenha do cordão umbilical (MUC - milking the umbilical
cord ) evitaria a ressuscitação tardia, mas melhoraria
também a estabilidade hemodinâmica e reduziria as
taxas de um resultado final composto de hemorragia
intraventricular grave (HIV), enterocolite
necrosante(ECN) e / ou morte antes da alta.
Introdução
• A respeito de muitos avanços nos cuidados neonatais nas
últimas 2 décadas, os prematuros permanecem em alto risco de
morte e as principais morbidades incluem: hemorragia
intraventricular / leucomalácia periventricular e enterocolite
necrosante.
• Estabilização hemodinâmica precoce associado ao aumento do
volume de sangue neonatal do clampeamento tardio do cordão
umbilical (DCC) ao nascer é um das estratégias promovidas para
a prevenção do HIV e leucomalácia periventricular nesta
população de alto risco1-4.
• O aumento do volume de sangue associado ao DCC também
mostrou aumentar significativamente o valor do hematócrito e da
pressão arterial , além de reduzir as taxas de transfusões de
glóbulos vermelhos e ECN em prematuros5-7.
Introdução
• Muitos centros canadenses e europeus adotaram o DCC na
população neonatal, mas não houve ampla aceitação nos
Estados Unidos.
• Esta técnica é nacionalmente desconhecida e em parte pode
ser devido à preocupação com o adiamento da reanimação até
que o cordão seja pinçado e cortado, o que dura 60-120
segundos após o parto8.9.
• Para contornar essa preocupação, estudos recentes têm
avaliado o processo de ordenha do cordão umbilical (MUC)
como uma alternativa para o DCC.
• Vários estudos pequenos, comparando DCC com MUC
mostraram aumento semelhante no valor de hematócrito e
volume de sangue durante um período de tempo mais curto ,
por reduzir a necessidade de transfusões de sangue e por
melhorar a função cardiovascular e estabilidade, além de ter
sido associado a baixas taxas de grandes morbidades
neonatais , que incluem HIV e ECN em bebês pré-termos10-13.
Introdução
• Com base na literatura atual, determinou-se que o
aumento da transfusão de sangue da placenta, no
momento nascimento seria benéfico para prematuros de
alto risco.
• Um processo de melhoria da qualidade (QI) focada em
MUC foi desenvolvido em conjunto e implementado pelas
divisões de Neonatologia e Medicina Materno-Fetal e o
alvo são recém-nascidos de alto risco de morte, que são
os prematuros com menos de 30 semanas de gestação
completas.
A hipótese principal dos presentes autores era de que
, em comparação com uma coorte controle, MUC
seria associada a baixas taxas de HIV, ECN, e / ou
morte grave antes da alta hospitalar. Foi previsto
melhorias nos marcadores de estabilidade
hemodinâmica, sem comprometer a reanimação
neonatal imediata .
Materiais e métodos
• Comparação do grupo MUC com uma coorte retrospectiva de
prematuros nascidos na Universidade de Utah entre janeiro de
2010 e agosto de 2011.
• Foram incluídos neonatos de gestações únicas, gêmeos e
trigêmeos que tiveram o parto abaixo de 30 semanas de
gestação completas que necessitaram de reanimação .
• A via de parto (vaginal ou cesárea) não foi um critério de
exclusão, nem complicações maternas como descolamento
placentário, distúrbios de implantação da placenta (prévia ou
acreta ) e corioaminionite .
• Os partos excluídos de acordo com as condições fetais foram os
seguintes : suspeita de grande anomalia congênita ou doença
genética, anemia fetal e hidropisia fetal .
Materiais e métodos
• O procedimento de MUC foi descrito por Hosono et al14.
Imediatamente após o parto , o recém-nascido foi
mantido a cerca de 10 cm abaixo do nível da placenta e
as circulares de cordão foram liberadas . O cordão foi
torcido os mais próximo possível da placenta e as
ordenhadas eram no sentido do RN durante um período
de 2-3 segundos .
• O cordão foi então liberado, o que permitiu um breve
segundo de pausa entre cada 2-3 movimento de ordenha;
isto foi repetido num total de 3 vezes ao longo de um
período maior que 30 segundos.
• Após a realização do procedimento o cordão foi
clampeado da maneira habitual e o recém-nascido foi
entregue à equipe de ressuscitação. Nenhum esforço de
reanimação foi iniciado durante o processo de ordenha.
Materiais e métodos
• Tempo de nascimento e Apgar foram iniciados quando a
criança estava completamente nascida e não quando o
cordão foi clampeado .
• A coleta prospectiva de dados incluiu dados demográficos
maternos, complicações obstétricas, o uso de esteróides
no pré-natal e as características do trabalho de parto.
• O número de vezes que o cordão foi ordenhado e a
duração total foi registrada pelo obstetra .
Variáveis ​neonatais incluíram abordagem à
ressuscitação, escores de Apgar, temperatura de
admissão e tempo de intubação e uso inicial do
surfactante.
Materiais e métodos
• Também foi registrado o valor inicial de hematócrito e de
quaisquer valores de hematócrito adicionais nas
primeiras 24 horas de vida.
• Foram determinadas quaisquer infusões volumétricas
suplementares, flúidos de manutenção e uso de
inotrópicos ou hidrocortisona dentro das primeiras 72
horas de vida.
• Foram registradas as pressões máxima e mínima de
sangue ( oscilométricos ou cateter de demora) durante as
primeiras 24 horas de vida.
• Foram registrados os dados em suporte ventilatório
invasivo e não invasiva e o diagnóstico de displasia
broncopulmonar às 36 semanas de idade.
Materiais e métodos
• Outras morbidades neonatais comuns foram
monitoradas: ECN, qualquer intervenção cirúrgica para a
retinopatia da prematuridade e o uso de qualquer terapia
médica ou cirúrgica para a persistência do canal arterial .
• Como padrão de atendimento da Unidade dos autores,
todas as crianças nascidas com menos de 30 semanas
de gestação realizaram pelo menos duas ecografias
cranianas, com 5-10 dias de idade e com
aproximadamente, 28 dias de idade .
• A HIV foi graduada com base nos critérios desenvolvidos
pela Papile et al15. Foram registradas a ocorrência de
ventriculomegalia pós-hemorrágica, a colocação de um
shunt e evidência de leucomalácia periventricular.
Materiais e métodos
Análise estatística
-Quiquadrado ou Fisher foram usados na comparação de variáveis
categóricas.
-Student t test foi usado para análise das variáveis contínuas com
distribuição normal (caso a distribuição fosse assimétrica, foi usado o
Teste U de Mann-Whitney.
-Cálculo da amostra com poder de 80%:no mínimo 115 RN no grupo
prospectivo 9(grupo que sou a MUC) para demonstrar redução de
30% dos resultados compostos (HIV, ECN e/ou morte antes da alta
hospitalar.
-Análise de regressão logística foi realizada para testar fatores de
risco independentes e as variáveis significantes (p<0.05) na análise
univariada foram selecionadas para a análise de regressão logística).
-A análise estatística foi realizada no sofware SPSS versão 19
Resultados
• Foram identificados 342 prematuros com menos de 30
semanas de gestação que foram admitidos na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal entre 01 de janeiro de 2010 , e 31
de agosto de 2013 ; 166 bebês antes e 176 bebês após
instituição do protocolo MUC .
• Entre as crianças do controle, seis foram excluídos por
anomalias fetais ou hidropisia, em comparação com as 18
crianças que nasceram durante o período MUC .
• Assim, 160 crianças do grupo controle e 158 crianças do
grupo MUC foram incluídos na nossa análise . Entre as 158
crianças que eram elegíveis para o MUC , 139 bebês foram
MUC : uma criança foi ordenhadas duas vezes ; 113 crianças (
82% ) foram ordenhadas três vezes ; 21 crianças (15%) foram
ordenhadas quatro vezes e três crianças foram ordenhadas 5
vezes .
Resultados
• Não foram relatados eventos adversos com o
procedimento MUC e todos as MUC foram concluídas
em menos de 30 segundos. Haviam pequenas, mas
significativas diferenças entre os grupos quanto à raça
materna, corioamnionite clínica, descolamento prematuro
da placenta e duração da ruptura de membranas > 24
horas antes do nascimento (Tabela 1).
Tabela 1
Resultados
• Os bebês que nasceram durante o período MUC eram
mais velhos e mais pesados ​do que o grupo controle
(Tabela 2) . Apesar do pequeno atraso na ressuscitação
que está associado com MUC, não houve diferenças na
temperatura de admissão, escores de Apgar , ou
extensão de ressuscitação entre os grupos (Tabela 2).
Também não houve diferenças entre os grupos quanto ao
tipo de suporte ventilatório, assim como a sua duração e
incidência de displasia broncopulmonar, retinopatia da
prematuridade, persistência do canal arterial
necessitando de tratamento, ventriculomegalia
necessitando de tratamento ou leucomalácia ventricular
(dados não mostrados).O grupo da MUC recebeu
surfactante mais tarde (Tabela 2)
Tabela 2
Resultados
• A Tabela 3 mostra os dados do resultado para o grupo controle em
comparação com crianças nascidas durante o período MUC. O valor
de hematócrito ao nascer foi significativamente maior durante o
período MUC e a proporção de crianças que recebeu bolsas de
sangue foi significativamente inferior.
• Estes efeitos foram significativamente diferentes da análise do
subgrupo de RN de 27 semanas de gestação até 29 semanas 6 dias
de gestação , mas somente o valor do hematócrito permaneceu
significativamente diferente entre as crianças que nasceram com
menos de 27 semanas de gestação (Tabela 3).
• Quatro RN (2,5 %) no período de controle tinham um valor
hematócrito > 60 % , mas nenhum dos níveis eram > 65 % . Entre as
crianças MUC, 10 crianças (6,3%) apresentaram valores de
hematócrito > 60% , com valor de hematócrito > 65% ( 66,9 %).
Resultados
• Nenhuma das crianças com valores de hematócrito > 60 %
manifestou sinais de policitemia e hiperviscosidade.
• Níveis de bilirrubina não foram diferentes em 24 horas de
idade ( valores médios : grupo MUC , 4,7 mg / dL , vs grupo
controle , 4,4 mg / dL; P 1/4 0,60 ), embora o nível do pico de
bilirrubina na primeira semana de vida ser ligeiramente, mas
significativamente superior na era do MUC comparado com o
grupo controle histórico ( 2,2 mg / dL vs 2.4 mg / dL ).
• Quase todos os recém-nascidos receberam fototerapia na
primeira semana : 94 % daqueles no grupo MUC e 95 % dos
do grupo de controle. Nenhum recebeu transfusão. As taxas
mais baixas foram encontradas no período MUC de uso
precoce de dopamina e administração de volume suplementar
nas primeiras 24 horas de vida, apesar de apenas uma baixa
taxa de uso de dopamina ter atingido significância (Tabela
3/Figura) .
Resultados
• As taxas reduzidos de dopamina e suporte volumétrico
foram primariamente atribuíveis aos bebês que nasceram
com menos de 27 semanas de gestação. Mesmo com o
baixo uso de inotrópicos e suporte volumétrico, as médias
de pressão arterial foram consistentemente mais elevada
nas primeiras 24 horas de vida do período MUC.
• Os bebês que nasceram durante a era MUC
tiveram uma diminuição significativa do risco de
apresentar um desfecho composto por HIV
grave, ECN e da morte antes da alta hospitalar
. Os resultados individuais de HIV grave, ECN e morte
antes da alta hospitalar também foram significativamente
diferentes entre os grupos. O maior efeito parecia estar
em crianças com menos de 27 semanas de gestação
Tabela 3
Figura
Resultados
• O modelo de regressão demonstrou que o fator de
risco mais importante para o resultado final
composto foi a idade gestacional ao nascimento
(Tabela 4). Outros fatores de risco independentes
incluíram um diagnóstico de corioamnionite clínica e
descolamento placentária .
• A análise de regressão também demonstrou uma
associação significativa entre o resultado final composto
e nascimento durante a era MUC comparado com o
grupo controle histórico.
Tabela 4
Discussão
• Em uma coorte prospectiva de recém-nascidos
prematuros de alto risco, abaixo de 30 semanas de
gestação, relataram que um protocolo para MUC foi
associado a um aumento significativo no valor do
hematócrito e da pressão arterial, a redução do uso
precoce de agentes inotrópicos e suporte volumétrico
e menos bolsas de sangue, quando comparados com o
grupo controle.
• Nas análises univariadas, essas alterações foram
acompanhadas por uma redução significativa no
resultado final de HIV grave, ECN, e / ou a morte antes
da alta hospitalar .
Discussão
• Na análise de regressão logística, a idade gestacional foi
o mais importante preditor do resultado final ; no entanto,
a MUC também teve um efeito benéfico positivo.
• Sabe-se há décadas que a transfusão placentária , mais
comumente feita por DCC, eleva o valor do hematócrito e
aumenta o volume de sangue neonatal tanto em termo e
bebês pré-termos17-21.
• Os benefícios do DCC em prematuros incluem o aumento
do volume de sangue3,20,22,23, melhoria da função
circulatória e respiratória24-27, uma redução da
necessidade de transfusão de sangue6,23,24,26,28,29,
melhora da oxigenação cerebral30, redução da HIV5,23,24,28
e menos ECN28.
Discussão
• Adicionalmente, o sangue do cordão umbilical de
prematuros extremos é uma fonte rica de células
hematopoiéticas progenitoras31. A quantidade extra de
células progenitoras que resultar do DCC tem o potencial
tanto para aumento de glóbulos vermelhos como
aumentar as defesas imunológicas do hospedeiro através
da produção de leucócitos.
• Efeitos adversos não foram identificados, exceto maior
pico da concentração de bilirrubina28.
• Houve apenas um relato que analisou o impacto do DCC
no desenvolvimento neurológico em que investigadores
encontraram evidências de melhores escores motores em
7 meses de idade corrigida em um pequeno grupo de
prematuros do sexo masculino que receberam DCC32.
Discussão
• Embora não tenha sido demonstrado que o DCC melhore a
sobrevida de prematuros23,24, os benefícios são amplamente
reconhecidos. Apesar destes benefícios, houve relutância em adotar
DCC nesta instituição e em outras com base em preocupações sobre
o atraso da reanimação prematuros pré-termo33,34.
•
A MUC ao nascimento fornece uma
alternativa prática para o DCC. O volume extra de
sangue que pode ser levado ao bebê por MUC não foi relatado, mas
é presumivelmente semelhante ao volume que acumulado com o
DCC12.
• Rabe et al12 relataram recentemente resultados clínicos e
laboratoriais semelhantes quando se compara DCC e MUC.
• Hosono et al11,14, em 40 RN<29 semanas relataram benefícios com a
MUC (maior nível de hemoglobina inicial, maior pressão arterial,maior
débito urinário, redução da transfusão sanguínea.
Discussão
• Até o momento, existem dados limitados sobre os
resultados de MUC para coortes maiores.
• Após a implementação de um protocolo de MUC, os
presentes autores compararam dados de 158 RN
extremamente prematuros nascidos ao longo de um
período de 24 meses com os dados de um grupo
controle histórico de 160 RN prematuros extremos que
nascidos durante o período de 20 meses anterior.
• Semelhante a estudos anteriores, os autores
encontraram valores de hematócrito médios superiores
ao nascer no grupo MUC, com menos transfusões de
bolsas de hemácias nesse grupo.
Discussão
• Existe também a preocupação com as transfusões sanguíneas nos
RN, como sobrecarga de volume , desequilíbrio metabólico (
especialmente hipercalemia ) , imunossensibilização, o potencial de
transmissão de infecção36, o risco de ECN, de retinopatia da
prematuridade e lesão pulmonar induzida pela transfusão
sanguínea35,36.
• Assim qualquer medida que reduza a necessidade de transfusão
sanguínea favorece o prognóstico.
• Semelhante a estudos anteriores, os autores relataram evidências
de uma maior estabilidade hemodinâmica. Os bebês que foram
submetidos a MUC tiveram a pressão arterial mais elevada no
momento do nascimento e 24 horas após o nascimento.
• A melhora da pressão arterial, apesar do uso significativamente
menor de inotrópicos em comparação com o grupo controle, apoia o
conceito de aumento do volume sanguíneo associado com a MUC .
Discussão
• As taxas de mortalidade e de morbidade para HIV grave
e ECN foram 30-50% mais baixa durante o período DA
MUC . Embora houvesse benefícios associados a MUC
em bebês com <30 semanas de gestação (aumento do
hematócrito e menos transfusões), o benefício mais
evidente a partir dA MUC ocorreu em recém-nascidos
que nasceram com < 27 semanas de gestação , com
mais estabilidade hemodinâmica e menores taxas de
morbidade grave .
• No entanto, a análise de subgrupo deve ser avaliada
com cuidado, pois o tamanho da amostra e poder
cálculos foram baseados na população de todos os
nascimentos com < 30 semanas de gestação.
Discussão
• Embora não tenha sido encontrado um valor significativamente
maior para o pico do nível de bilirrubina na primeira semana de
vida entre as crianças da era MUC ,os autores não
acreditaram que a diferença de aproximadamente 1 mg / dL
fosse clinicamente importante .
• Apesar de fototerapia ter sido usada em quase todas as
crianças, não há neste Serviço um protocolo rigoroso que dita
o nível de bilirrubina em que a fototerapia deve ser
considerada e as diferentes condutas na prática pode ter
aumentado o uso nesta Equipe Neonatal, com base em um
estudo recente da Rede Neonatal37. Apesar das evidências de
seus benefícios para prematuros, nem o DCC nem a MUC
foram amplamente adotados na prática9.
• Obstetras e pediatras têm relutado em adotar a ordenha do
cordão (MUC) ou o atraso no clampeamento do cordão (DCC)
por uma série de razões, que incluem preocupação com
adiamento da reanimação38.
Discussão
• Neste presente estudo, foi demonstrado que não houve
diferença na quantidade de reanimações necessárias
entre as crianças que se submeteram ou não a MUC.
• Esta informação (somado a uma melhoria significativa na
estabilidade hemodinâmica, na diminuição do uso de
suporte volumétrico, na diminuição da necessidade de
suporte vasopressor e uma diminuição da necessidade
de derivados sanguíneos) fornece um forte argumento
para MUC na população de prematuros .
• MUC é uma intervenção sem custo que está
associado a nenhum risco aparente, mas um
benefício demonstrável em pré-termos. Com base na
literatura disponível e os resultados iniciais, a MUC
tornou- se o protocolo padrão na Instituição em que
ocorreu este estudo para todas as crianças que nascem
com < 30 semanas de gestação .
Discussão
• Existem várias limitações neste estudo . Não é um
estudo controlado randomizado. Este tipo de estudo foi
escolhido com base nos dados disponíveis no que diz
respeito aos potenciais riscos e benefícios limitados da
MUC .
• Diante da força das evidências disponíveis, não se
recomenda randomização para nenhuma intervenção. As
diferenças significativas observadas na idade gestacional
idade, peso ao nascer e as taxas de descolamento
prematuro da placenta entre os grupos, apesar de
pequena, poderiam potencialmente favorecer os
resultados do período MUC.
• As razões para esta diferença de idade gestacional não
parecem estar relacionados a qualquer outro protocolo ou
de alterações da prática obstétrica durante o período
estudado .
Discussão
• A idade gestacional foi o preditor mais importante do
resultado final, que apoia a prática clínica atual visa
aumentar idade gestacional o quanto for possível, antes
do nascimento prematuro para diminuir as taxas de
morbidade e mortalidade .
• Além disso , isso sugere que a MUC pode não ser tão
benéfica para as crianças que nascem em idades
gestacionais mais avançadas. O grupo de comparação é
uma coorte recente retrospectiva; embora não iniciar
quaisquer outras alterações no tratamento obstétrico ou
neonatal global durante período de intervenção (MUC) , é
possível que tenha ocorrido mudanças reconhecidas
cuidados neonatais..
• Apesar do DCC e MUC parecem ser semelhantes em
muitos aspectos , eles não são idênticos.
Discussão
• Os benefícios imediatos parecem ser comparáveis; porém ainda
não ha dados de acompanhamento suficientes sobre bebês
submetidos a MUC para determinar se os benefícios a curto prazo
se traduzem em melhorias no neurodesenvolvimento a longo
prazo ou como os bebes da MUC se comparariam ás crianças do
DCC
• MUC parece ser um método seguro e eficaz para melhorar a
estabilidade hemodinâmica precoce e reduzir a morte e / ou
morbidades graves entre bebês que nascem com < 30 semanas
de gestação .
• Este procedimento sem custo não afeta as necessidades de
reanimação ou os escores de Apgar e não tem aparente aumento
dos riscos neonatais. Um estudo com uma escala maior é
necessário para o acompanhamento do neurodesenvolvimento e
para uma melhor definição dos benefícios e riscos da MUC a
longo prazo nesta população de alto risco.
ABSTRACT
Beijos pra você Dr Paulo
Ddas Juliana Passos, Juliana Beal, Carolina e Andréia Bastos e filha
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto
Consultem também!
É hora de implementar o clampeamento tardio do cordão
Autor(es): McAdams RM. Apresentação: Gustavo Lima Almeida Pimpão,
Paulo R. Margotto
• O American College of Obstetriciams and Gynecologists Comitte, junto à
American Academy of Pediatrics sustentam a tese de que esperar 30-60
segundos após nascimento do prematuro abaixo do nível da placenta é
benéfico, incluindo a melhora da circulação transicional com: redução da
necessidade de uso de inotrópicos, melhor estabilidade hemodinâmica,
menor necessidade de hemotransfusão assim como, menores taxas de
hemorragia intraventricular (todos os graus) e enterocolite necrosante, além
de diminuir a anemia e a deficiência de ferro. Este procedimento é seguro
para as mães (sem risco de hemorragia pós-parto) e bebês, tanto pré-termos
como a termo. Esta prática dever ser padronizada para evitar variação de
conduta. Em situações que não seja possível (para não atrasar o início da
reanimação) os estudos sinalizam com a ordenha de cordão.
• Há necessidade de uma maior valorização e conscientização de que
tais minutos preciosos podem fazer grande diferença
Entendendo a transição hemodinâmica ao nascimento
Autor(es): Marlyn B. Escobedo (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto
• Escobedo, a partir do estudo de Bhatt S enfatiza A IMPORTÂNCIA DE SE
LIGAR O CORDÃO UMBILICAL APÓS O ESTABELECIMENTO DA
RESPIRAÇÃO, melhorando a estabilidade cardiopulmonar durante a
transição imediata para a vida neonatal após o nascimento do prétermo. Quando o nascimento é a termo, o RN respira rapidamente, mas o
pré-termo, de 29 semanas isto não ocorre; ele poderia ser estimulado
suavemente, dar a ele um tempinho para ele respirar e fazer o
clampeamento a seguir. Lógico esta é uma situação em que encontramos o
RN razoavelmente bem ao nascimento. Isto tem a ver com o que foi dito
aqui: ser suave e gentil com o bebe ao nascer, porque nos bastidores,
quando o RN respira,mesmo que não chore muito alto, a capacidade
funcional residual começa a se restabelecer , a resistência vascular pulmonar
cai e o débito do VD vai para os pulmões e o sangue oxigenado retorna para
o AE e a pressão do AE aumenta e ocorre o fechamento do forâmen
oval. O principal é que ocorre o enchimento do VE e o débito do VE
melhora, a perfusão pulmonar continua a aumentar. Há uma reversão
do fluxo no canal arterial, embora não feche imediatamente e depois
clampeamos o cordão e o bebê fica tranquilo e nós também. Pensar nas
Cataratas do Iguaçu quando estivermos na Sala de Parto recepcionando
estes bebês. Esta catarata é o fluxo que chega aos pulmões e queremos
que este fluxo chegue aos pulmões do bebê ao fazer esta transição.
Promovendo a transição fisiológica ao nascimento: Reavaliação
da reanimação e momento de clampeamento do cordão
Autor(es): S. Niermeyer, S. Velaphi . Apresentação: Juliana Ferreira
Gonçalves
• Quando o cordão umbilical é clampeado imediatamente após o
nascimento há um risco maior de apnéia e queda do débito cardíaco
levando a necessidade de pressão positiva.
• O RN que ainda não apresentou a primeira respiração espontânea o
clampeamento precoce do cordão umbilical pode levar à bradicardia.
• Medidas como a administração esteróide pré-natal na mãe,
clampeamento tardio do cordão e uso de baixas concentrações
de oxigênio durante a reanimação são medidas simples e de
grande impacto para em países pobres ou subdesenvolvidos.
Em situações onde o atraso do clampeamento do cordão não for
possível, ordenha do cordão pode conseguir resultados
semelhantes ao atraso no clampeamento do cordão.
•
Como melhorar o débito cardíaco no recém-nascido ventilado?
Autor(es): Benjamim J Stenson (UK). Realizado por Paulo R. Margotto
• Hosono S, et al (Blood pressure and urine output during the first 120 h of
life in infants born at less than 29 weeks' gestation related to umbilical
cord milking. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2009 Sep;94(5):F328-31)
randomizaram 40 RN prematuros entre 24 e 28 semanas (20 com
clampeamento imediato e 20 após breve período de ordenha; alguém
segura 30 cm de cordão umbilical cheio de sangue e 10 cm/segundo
ordenha o sangue de volta para o RN e depois deixa o cordão encher
novamente). Os grupos foram semelhantes. A hemoglobina inicial foi
significativamente maior no grupo da ordenha (16,5 versus 14,1g%).
Durante as primeiras 12 horas, a pressão arterial foi significativamente
maior no grupo da ordenha. O débito urinário foi, nas primeiras 72 horas,
significativamente maior no grupo com ordenha do cordão. Acho
interessante esta conduta para o RN que está mal ao nascer: ao fazer a
ordenha por 10-20 segundos podemos dar ao RN a oportunidade de ter
um volume sanguíneo maior, o que pode fazer toda a diferença no
prognóstico. No entanto, há certa preocupação de que esta ordenha
vigorosa do cordão possa ter um efeito sobre o endotélio dos vasos
sanguíneos e jogar coisas ruins para o sangue. Precisamos de mais
pesquisas antes de concluir que é uma prática segura.
Mudanças na pressão arterial sistólica e diastólica nos primeiros
120 minutos de vida (Milked: grupo com ordenha do cordão)
Hosono S et al)
Mudanças no volume urinário nas primeiras 120 horas (Milked: grupo com ordenha do cordão (Hosono S et al)
OBRIGADO!
Ddas Lara, Andréia, Juliana Beal, Carolina,Juliana Passos e DR. Paulo R. Margotto
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Efeito da ordenha do cordão umbilical sobre a morbidade e