Modalidade da bolsa: BIC – UCS Isadora Gradaschi Zambon (BIC-UCS), Luisa Vivian Schwarz, Ângela Rossi Marcon, Ana Paula Delamare, Sergio Echeverrigaray Laboratório de Microbiologia Aplicada INTRODUÇÃO Diversos estudos sobre a influência de leveduras não-Saccharomyces na produção de vinhos finos têm sido relatados, especialmente nos aspectos relativos ao aroma, sendo Torulaspora delbrueckii a mais relevante. A T. delbrueckii é encontrada na região da Serra Gaúcha e possui características enológicas básicas, entretanto não há muitos dados disponíveis sobre sua contribuição nas características organolépticas decorrentes da produção de compostos voláteis em vinhos. Foram realizadas, durante a safra de 2015, 5 microvinificações da variedade Moscato Branco para desenvolvimento das metodologias e estudo da influência das leveduras. Cinquenta litros de mosto foram doados pela Cooperativa Vinícola São João. Este mosto foi dividido em 5 tanques de 10 litros onde inoculou-se leveduras Saccharomyces cerevisiae EC1118 (comercial) e Torulaspora delbrueckii TPI-4 (isolado regional) nas seguintes relações de inoculação: TPI4, Zymaflore alfa (T. delbrueckii comercial), EC1118, TPI-4 + EC1118, Zymaflore alfa + EC1118. METODOLOGIA Foram realizadas análises físico-químicas, em triplicata e correspondem à determinação do teor ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS alcoólico (% v/v), açúcares totais (g.L-1), anidrido sulfuroso total (mg.L-1), anidrido sulfuroso livre (mg.L-1), acidez volátil (meq ácido acético.L-1) e acidez total (meq ácido tartárico.L-1), segundo IN nº 24 de Destilação 08/09/2005 (Brasil, 2005). Etanol Ainda será realizada a análise cromatográfica que determinará o conteúdo de etanal, acetato de (% v//v) etila, metanol, 1-propanol, 2-metil-1-propanol, 2-metil-1-butanol, 3-metil-1-butanol, ácidos graxos, ésteres, Acidez Volátil (meq L-1) SO2 Livre (mg L-1) SO2 Total (mg L-1) pH Acidez Total (meq L-1) Açúcar (g L-1) ácidos voláteis, acetatos e análise de terpenos. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias das análises físico-químicas estão apresentados na Tabela abaixo: Acidez Volátil (meq L-1) Acidez Total (meq L-1) Açúcar (g L-1) pH Etanol (% v/v) SO2 Livre (mg L-1) SO2 Total (mg L-1) 100% EC1118 2.725 133 0.205 3.04 7.0 11.2 76.8 100% TPI-4 2.475 123 0.185 3.04 6.9 9.6 64.0 Zymaflore 4.200 121 0.380 3.05 7.1 8.0 67.2 TPI + EC1118 3.225 126 0.245 3.06 7.2 9.6 64.0 Zyma + EC1118 1.325 129 0.330 3.03 7.0 8.0 64.0 TRATAMENTOS A acidez total corresponde a soma dos ácidos tituláveis e os padrões de identidade e qualidade permitidos pela legislação brasileira são de 55 a 130 meq.L-1 (Brasil, 1988 e 2004), o alto teor de acidez pode ser devido a uma série de fatores como uma maturação incompleta e baixo teor de açúcar e também ao fato que este mosto seria utilizado como espumante moscatel, que necessita de uma acidez mais elevada. As concentrações destes ácidos estão relacionadas com aspectos fisiológicos da maturação, e as características de solo, clima e práticas agronômicas (Rizzon & Sganzerla, 2007). A acidez volátil corresponde à soma dos ácidos graxos da série acética presentes no vinho. Os teores estão dentro da legislação brasileira, esta concentração de acidez volátil representa o ótimo estado sanitário das uvas, sem podridões do cacho, sobretudo a podridão ácida que é a principal causadora deste defeito no vinho (Chavarria et al., 2008). Apesar do pH não ser um parâmetro exigido pela legislação, ele influencia a percepção gustativa, Os valores de pH dos vinhos elaborados neste trabalho apresentaram teores entre 3,03 a 3,06, comumente encontrados em vinhos da região. Os resultados do grau alcoólico variam de 6,9 e 7,2% v/v, o mínimo permitido pela legislação brasileira é de 8,6 e o máximo de 14% v/v, portanto estão abaixo do permitido. O anidrido sulfuroso é um antioxidante e antimicrobiano e foi adicionado no início da fermentação. Os teores de SO2 livre e total variaram de 8 a 11,2 mg.L-1 e 64 a 76,8 mg.L-1. Os teores de açúcares médios encontrados ao final da fermentação ficaram abaixo das 5 g.L-1, permitido pela legislação brasileira para vinho (Brasil, 1988 e 2004), variando de 0,185 a 0,380 e indicando que mesmo fermentações conduzidas apenas com T. delbrueckii chegam a término, resultando em vinhos secos. CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises físico-químicas são muito importantes para avaliar a qualidade dos vinhos. Podemos observar que os vinhos elaborados com as leveduras da espécie T. delbrueckii TPI-4 obtiveram um comportamento semelhante a levedura S. cerevisiae comercial no que se refere às análises físico-químicas. A levedura comercial Zymaflore alpha caracterizou-se pelo maior teor de acidez volátil e maior teor de açúcar residual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, 2005 IN nº 24 de 08 de setembro de 2005. Aprova o manual operacional de bebidas e vinagres. Revoga a portaria nº 77 de 27 de novembro de 1986 RIZZON, L.A.; SGANZERLA, V.A.A. Ácidos tartárico e málico no mosto de uva em Bento Gonçalves, RS. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.3, p.911-914, 2007. CHAVARRIA, G.; SANTOS, H. P.; ZANUS, M. C. ZORZAN, C.; MARODIN, G. A. B. Caracterização físico-química do mosto e do vinho Moscato Giallo em videiras cultivadas sob cobertura de plástico. Pesq. Agrop. Bras., v. 43, p. 911-916, 2008. BRASIL, 1988. Lei no 7.678, de 8 de novembro de 1988, que dispõe sobre a produção, circulação e comercialização do vinho e derivados da uva e do vinho. BRASIL, 2004. Lei no 10.970, de 12 de novembro de 2004, que dispõe sobre a produção, circulação e comercialização do vinho e derivados da uva e do vinho, e dá outras providências. AGRADECIMENTOS