Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Direito e Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo Trabalho de Conclusão de Curso O PROCESSO DE SELEÇÃO DE PESSOAL PARA INGRESSO NO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL Autor: José Genilson dos Santos Orientador: Prof. Dr. Márcio José de Magalhães Almeida JOSÉ GENILSON DOS SANTOS O PROCESSO DE SELEÇÃO DE PESSOAL PARA INGRESSO NO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL Monografia apresentada no Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em: “O Direito e a Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo” da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista na Área do Direito e Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo. Orientador: Prof. Dr. Magalhães Almeida. Brasília - DF 2012 Márcio José de Brasília 2012 Monografia de autoria de JOSÉ GENILSON DOS SANTOS, intitulada “O PROCESSO DE SELEÇÃO DE PESSOAL PARA INGRESSO NO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do certificado de especialista em Direito e Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo da Universidade Católica de Brasília, em julho de 2012 , defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _____________________________________________ Prof. Dr. Márcio José de Magalhães Almeida Orientador _______________________________________________ Prof. Msc. Paulo Roberto Corrêa Leão Examinador 1 _______________________________________________ Prof. Esp. Júlio Edstron Secundino Santos Examinador 2 Brasília 2012 À minha mãe, Leônia, pela educação e todo esforço dedicado a minha formação. A minha amada esposa Elisângela, pelo carinho, apoio e paciência durante a elaboração dessa pesquisa acadêmica. As minhas maravilhosas filhas, Fernanda e Gabriela pela compreensão durante a minha ausência para realizar este estudo. AGRADECIMENTO Ao senhor Jesus Cristo por me dá mais esta oportunidade na vida, pois sempre esteve ao meu lado me guiando e me orientando, me dando força e paciência, obrigado Deus. À minha esposa Elisângela, por sempre me incentivar e me ajudar no desenvolver deste trabalho, as minhas filhas Fernanda e Gabriela pela alegria que me transmitem o dia inteiro, inocência e carinho que me torna uma pessoa cada dia mais feliz e realizado. Ao Tenente Coronel Reginaldo Ferreira de Lima, Comandante do Centro de Inteligência do CBMDF, que por diversas vezes me ajudou nesta longa caminhada e acreditou em mim, dando-me esta chance de especialização numa área fundamental para a segurança pública. Ao mestre e orientador Dr. Márcio Almeida, pelo apoio, disponibilidade, e sugestões durante a realização do presente trabalho. Aos companheiros do Curso de Direito e Inteligência/2011, em especial aos amigos Milton, Noel, Ivanderci e Lenilton, companheiros de turma, pela interação, apoio e convívio diário, no decorrer de todo o curso. À Coordenadora e Professora Doutora Arinda Fernandes, que soube de forma impar conduzir a primeira Turma de Especialização em Direito e Inteligência da Universidade Católica de Brasília, que por diversas vezes abriu mão de seus momentos de descanso para estar coordenando a Turma. A todos os professores do curso pela paciência e conhecimentos transmitidos durante o transcorrer do curso. Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a consecução do presente estudo. “Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.” Sun Tzu RESUMO Referência: DOS SANTOS, José Genilson. Título: O Processo de Seleção de Pessoal para Ingresso no Serviço de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. 2012. ____ fls. Pós-Graduação Lato Sensu em O Direito e a Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo. Universidade Católica de Brasília. Brasília-DF. 2012. Baseada no método dedutivo esta pesquisa teve como objetivo analisar de forma técnica o processo de seleção de pessoal para ingresso no serviço de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Fundamenta no levantamento bibliográfico e documental, o referido estudo buscou analisar como é realizado o atual processo de seleção para ingresso de voluntários no Serviço de Inteligência do CBMDF. Em decorrência dos objetivos propostos e com a necessidade de resolver um problema existente, o trabalho buscou de forma objetiva comparar os processos de seleção de pessoal existentes em alguns órgãos de Inteligência. No decorrer do desenvolvimento desse estudo, o processo de seleção do Centro de Inteligência do CBMDF foi analisado com objetivo de verificar se havia falhas existentes. Similarmente, foram examinados os processos de seleção de pessoal do Centro de Inteligência, bem como em outras organizações de segurança pública. A revisão da literatura e os resultados dos instrumentos de coleta de dados aplicados demonstraram que, apesar de existir um processo de seleção no qual a indicação do militar que deseja ingressar na Atividade de Inteligência por outro militar lotado no Centro de Inteligência é forma mais adotada, esse processo necessita ser reformulado visando aplicação de técnicas de recrutamento e seleção de pessoal adotadas em grandes instituições e fundamentais em qualquer processo de seleção de pessoal. Além disso, um processo de seleção que seja capaz de selecionar o verdadeiro profissional de inteligência, evitando que elementos adversos se infiltrem no sistema de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, instituição centenária que tem como premissa, vidas alheias e riquezas salvar. Palavras-chave: Inteligência; Recrutamento; Seleção de pessoal; Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. ABSTRACT Based in deductive method this search had as objective to analyze in the technical manner the selection process of people to entry in the Military Fire-Brigade of Federal District service. Basis in the bibliography and documental raising, the referred study looked to analyze how is realized the actual selection process to entry of the voluntaries in the Intelligence Services of CBMDF. During the objectives proposed and with the necessity to resolve an existent problem, in objective manner, the work seeks to compare the selection process of existent staff in some intelligence organs. In course of the development of that study, the selection process of the Intelligence Center of CBMDF was analyzed with aim of verify if there had existents failures. Similarly, were examined the selection process of staff in Intelligence Center, as well as, in other organizations of public security. The review of literature and the results of the tools of data collect applied shows that even though exist a selection process, in which the military indication that wishes to entry in the intelligence activity by other military in Intelligence Center is the better way to adopt, that process needs to be reformulated seeking technical application in the recruitment and selection of people adopted in big institutions and fundamental in any selection process of staff. Although, a selection process that is able to select a true professional of intelligence, avoiding adverse elements infiltrate in the Military Fire-brigade Intelligence of Federal District System, main institution that have as prime, alien lives and to save wealth. Keywords: Intelligence; Recruitment; Staff Selection; Military Fire-Brigade of Federal District service. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Gráfico da pergunta 1 do questionário. ............................................ 43 Figura 2 – Gráfico da pergunta 2 do questionário. ............................................ 44 Figura 3 – Gráfico da pergunta 3 do questionário. ............................................ 44 Figura 4 – Gráfico da pergunta 4 do questionário. ............................................ 45 Figura 5 – Gráfico da pergunta 5 do questionário. ............................................ 46 Figura 6 – Gráfico da pergunta 6 do questionário. ............................................ 47 Figura 7 – Gráfico da pergunta 7 do questionário. ............................................ 48 Figura 8 – Gráfico da pergunta 8 do questionário. ............................................ 49 Figura 9 – Gráfico da pergunta 9 do questionário. ............................................ 50 Figura 10 – Gráfico da pergunta 10 do questionário.......................................... 51 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIN Agência Brasileira de Inteligência AI Agência de Inteligência BINFAE-BR Batalhão de Infantaria da Aeronáutica de Brasília. CBMDF. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. CEINT. Centro de Inteligência. CFI. Curso de Formação de Inteligência. CIA. Central de Inteligência Americana. DF. Distrito Federal. DNISP Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública DSI Divisão de Segurança e Informação EB Exército Brasileiro EMG. Estado-Maior-Geral. ESNI Escola Nacional de Informações ESG Escola Superior de Guerra GPC. Gestão de Pessoas e Competências GSI Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República INFOSEG. Informações de Segurança Pública. ISP Inteligência de Segurança Pública RSISN Regulamento para a Salvaguarda das Informações que interessam à Segurança Nacional SAE Secretaria de Assuntos Estratégicos SAI Segurança de Assuntos Internos. SENASP Secretaria de Segurança Pública SISBIN Sistema Brasileiro de Inteligência SFICI Serviço Federal de Informações e Contrainformações SISP Subsistema de Inteligência de Segurança Pública SNI Serviço Nacional de Informações SSI Subsecretaria de Inteligência SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13 1- ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA................................................................................ 17 1.1 Histórico da Inteligência ........................................................................................... 17 1.2 – Conceitos da Atividade de inteligência .................................................................. 20 1.3 Inteligência no CBMDF............................................................................................. 22 2. Provisão de Pessoal ................................................................................................ 24 2.1 Recrutamento de pessoal......................................................................................... 24 2.2 Seleção de pessoal .................................................................................................. 26 2.3 Recrutamento “on line”. ............................................................................................ 29 3 - O PERFIL DO PROFISSIONAL DE INTELIGÊNCIA ............................................... 30 4- SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE INTELIGÊNCIA ........................................... 34 4.1 Mapeamento de Competências................................................................................ 34 4.2 Seleção dos militares lotados no Centro de Inteligência do CBMDF ....................... 37 4.3 Seleção de pessoal para ingresso na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) ..... 38 4.4 Seleção de pessoal no Military Intelligence Section 5 (MI 5).................................... 38 4.5 Seleção de pessoal na Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos da América (CIA) ................................................................................................................. 39 4.6 Seleção de pessoal para ingresso na Seção de Inteligência do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Brasília (BINFAE-BR) ........................................ 40 4.7 Resultados da Pesquisa ........................................................................................... 41 4.7.1 Questionário Aplicado ........................................................................................... 42 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 52 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 55 APÊNDICE ................................................... Erro! Indicador não definido. APÊNDICE A ............................................... Erro! Indicador não definido. APÊNDICE B ............................................................................................ 61 13 INTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa monográfico apresentado como requisito para conclusão do Curso de Pós Graduação em Direito e Inteligência no Combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo da Universidade Católica de Brasília ( UCB ), tem como proposição a análise do processo de seleção dos bombeiros militares para ingresso no serviço de inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal ( CBMDF). O estudo buscará identificar a importância de um processo de seleção para ingresso no Centro de Inteligência (CEINT) do CBMDF, analisando como são realizados os ingressos em outros órgãos de Inteligência. Pretende-se com isto, demonstrar a importância da realização de um processo sistemático para ingresso de bombeiros militares interessados em trabalhar na atividade de inteligência da corporação, evitando que militares sem o perfil adequado venham a ser selecionados para trabalhar no CEINT. Desde os primórdios da história, a Inteligência se mostra como uma ferramenta extremamente importante no processo de tomada de decisão e que, corretamente utilizada, potencializa o sucesso almejado. Sun Tzu1 escreveu que o conhecimento prévio é a razão pelo qual o príncipe esclarecido e o general prudente venciam o inimigo, quaisquer que fossem seus movimentos. Neste diapasão, observa-se quão importante é a necessidade de conhecer antecipadamente aos fatos e saber fazer uso corretamente da informação adquirida. Destaca-se como é importante a utilização da inteligência para auxiliar nas decisões, já na época de Cristo quando Moisés2 mandou seus seguidores levantar informações sobre a cidade que pretendia invadir para obter vantagens na hora de planejar sua invasão. 1 TZU, Sun. A arte da guerra. Adaptação de James Clavell. Rio de Janeiro: Record, 2004. BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000. Números cap.2. 2 14 A operação de Moisés não foi bem sucedida, apesar de seus espiões terem cumprindo a missão, devido a vários fatores, dentre os quais destaca-se a falta de profissionalismo de seus espiões, que não souberam compartimentar as informações colhidas onde todos os membros das doze tribos tiveram acesso ao reconhecimento realizado. A inteligência é uma ferramenta que vem sendo utilizada há milhares de anos e tornou-se fundamental para os órgãos que a utilizam realizar um processo de seleção eficiente de seus funcionários. A importância da seleção de pessoal para o órgão de inteligência é essencial, esse processo deve ser bem planejado para que eventuais falhas na seleção não venham prejudicar o funcionamento e a credibilidade do organismo de Inteligência, principalmente se os selecionados não forem capazes de desempenhar as missões que lhe forem atribuídas de forma discreta e sigilosa. Desta forma, é preciso ter bons candidatos e dentre estes selecionar os mais capacitados. Utilizou-se, como embasamento teórico, a obra do autor Chiavenato3, sob o título Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal, nesta obra o autor compara os requisitos do cargo a ser preenchido, ou seja, o que o cargo exige da pessoa que vai ocupá-lo com o perfil do candidato que pretende preenchê-lo. Se o candidato preenche apenas alguns critérios do cargo ele é reprovado, quando seu perfil equipara-se ao do cargo pretendido ele é aprovado, porém quando os atributos do candidato superam o que é exigido para o cargo, tem se aí um candidato extremamente capacitado. A otimização dos recursos humanos torna-se um item cada vez mais importante e fundamental para o sucesso de uma instituição. Investir em recursos humanos é selecionar e qualificar bem seu pessoal, de forma que o serviço de inteligência (SI), possa alcançar seus objetivos de forma eficiente e objetiva. Assim, no presente trabalho científico foi utilizado o método dedutivo, pois utilizou-se técnica da pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo com aplicação de entrevistas e questionários. 3 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997,p.68. 15 A atividade de inteligência é desenvolvida pelo organismo de inteligência, constituindo-se num exercício sistemático de ações especializadas, orientadas, controladas e direcionadas, para a produção e salvaguarda de conhecimentos. Assessora seus usuários, nos respectivos níveis e áreas de atribuição, auxiliando no planejamento estratégico, execução e acompanhamento de suas políticas. Segundo Guedes4, a atividade de inteligência “é uma atividade especializada, de caráter sigilosa, permanentemente exercida com o objetivo de produzir conhecimentos de interesse do cliente/usuário/ consumidor”. É necessário um eficiente processo de seleção de pessoal, evitando selecionar militares que não tem perfil adequado para exercer a atividade de inteligência venham integrar o serviço de inteligência da corporação. A seleção inadequada pode acarretar uma série de problemas para a instituição, tais como: queda na qualidade do serviço prestado, vazamento de informações, vulnerabilidade nas operações de inteligência, identificação dos recursos humanos e materiais, infiltração de elementos adversos ao serviço e com interesses obscuros. Neste contexto surge, assim, a pergunta, traduzida na forma de problema do estudo proposto: O processo de seleção de pessoal para ingresso no Centro de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal consegue selecionar de forma adequada os candidatos a ocuparem os cargos existentes? Desse modo, a presente pesquisa tem como objetivo estudar o processo de seleção de pessoal para ingresso no serviço de Inteligência do CBMDF, sendo abordado cientificamente, restringindo-se a analisar de forma técnica este assunto. Barreto e Honorato5 citam que hipótese é uma expectativa de um possível resultado a ser encontrada durante o desenvolver do trabalho, teorias que não foram ainda comprovadas empiricamente, ou ideias vagas oriundas do senso comum que ainda não foram comprovadas cientificamente. 4 GUEDES, Luis Carlos . Revista Brasileira de Inteligência, ABIN, Brasília 2006, p.24 BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998. 5 16 Conforme já citado, do ponto de vista prático, a hipótese deve servir como uma das bases para a definição da metodologia de pesquisa, visto que, ao longo de todo o desenvolver do trabalho, o pesquisador deverá confirmá-la ou rejeitá-la no todo ou em parte. Surge a hipótese, o processo de seleção para ingresso no Centro de Inteligência do CBMDF necessita ser aperfeiçoado, conforme doutrina vigente. O presente trabalho científico foi dividido em quatro capítulos, o primeiro capítulo aborda a Atividade de Inteligência desde os primórdios da humanidade aos tempos atuais. O segundo capítulo trata da provisão de pessoal que envolve recrutamento de pessoal, seleção de pessoal, recrutamento “on-line”, relacionam-se com o planejamento dos recursos humanos. O terceiro capítulo trata do perfil ideal para o profissional de Inteligência, buscando uma analogia dos perfis de algumas Agências de Inteligência no Brasil e no mundo. Já o quarto capítulo o qual destaca-se por analisar como é feito a seleção dos profissionais de Inteligência em algumas Agências de Inteligência conceituadas no Brasil, comparando como é realizado este mesmo processo pelo CBMDF. Como prevenir sem conhecer antecipadamente os fatos ou as pessoas que trabalham nesta área? Como conhecer antecipadamente sem um bom serviço de Inteligência? Como ter um bom serviço de Inteligência sem o verdadeiro profissional de Inteligência? Como selecionar os melhores profissionais sem um processo seletivo eficiente? Perguntas que este estudo pretende responder durante o desenvolver dos trabalhos. Desse modo, a presente pesquisa tem como objetivo estudar o processo de seleção de pessoal para ingresso no serviço de Inteligência do CBMDF, sendo abordado cientificamente, restringindo-se a analisar de forma técnica este assunto. 17 1 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 1.1 Histórico da Inteligência A necessidade de conhecer, ou seja, de deter a informação para a tomada de decisão é tão antiga quanto à existência do homem, os primeiros relatos que tratam deste tema datam de por volta 500 a.C, o tratado do filósofo chinês Sun Tzu, em a “A Arte da Guerra”. Dessa maneira, apenas o governante esclarecido e o general criterioso usarão as mais dotadas inteligências do exército para a espionagem, obtendo, com isso, grandes resultados. As operações secretas são básicas na guerra, pois delas dependem todos os movimentos dos exércitos. Um exército sem espiões 6 é como um homem sem olhos e sem ouvidos. Fazendo uma analogia é possível encontrar na bíblia sagrada, alguns casos de busca estratégica de informações, cabe destacar duas missões acontecidas na antiguidade a de Moisés e de Josué, que se encontram no velho testamento. Conforme a Bíblia7 Moisés, enviou doze espiões para espionar Canaã, com a missão específica de reunir a maior quantidade de informações daquela região, no retorno os seus seguidores relataram a força e o tamanho dos inimigos e que a conquista de Canaã devia ser abandonada, entretanto Caleb e Josué divergiram dos demais e apoiaram a invasão da cidade. Na Bíblia8, Josué lidera o povo hebreu em direção a cidade prometida de Canaã, ele envia para a cidade de Jericó, dois espiões profissionais, e logo chega aos ouvidos do Rei da chegada dos espiões. Os espiões escapam com a ajuda da prostituta Raabe e informam a Josué, que os habitantes de Jericó temem os judeus. A cidade de Jericó caiu sob o toque das trombetas e logo em seguida a Terra prometida de Canaã foi conquistada pelos judeus. O estrategista Gêngis-Khan, fazia uso de mercadores, viajantes e feirantes, para obter informações de como era o sistema de defesa das cidades que ele pretendia 6 TZU, Sun. A arte da guerra. Adaptação de James Clavell. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 112. BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000. 168 8 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000, p.169 7 18 atacar, fazendo uso dessas informações, ele atacava as cidades desejadas e levava vantagens sobre seus inimigos. Segundo Cepik9 surgiram na Europa moderna a partir do século XVI, as principais organizações permanentes e profissionais de Inteligência, juntamente com a afirmação dos Estados nacionais como forma predominante de estruturação da autoridade política moderna. No Brasil a inteligência começou a se estruturar com a entrada da nação brasileira na 2ª guerra mundial. Em 1941, numa mensagem secreta, o Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, atento ao desenrolar da 2ª guerra mundial, afirmava ao Ministro da justiça a necessidade de ser criado um serviço secreto de informações que teria a denominação de Departamento Federal de Segurança Pública e que seria responsável pela direção geral dos serviços de polícia de todo o país e também pela busca de informações e contra-informações em âmbito nacional e, quando 10 necessário, agiria até no exterior. A inteligência começou efetivamente no governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, ao criar o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), no ano de 1946 através do Decreto lei n° 9.775-A, de 06 de setembro de 1946, vinculado ao Conselho de Segurança Nacional (CSN). Figueiredo11 relata que “o SFICI teria começado a funcionar somente em 1958, depois que Juscelino baixou dois decretos estabelecendo parâmetros legais para o funcionamento do órgão”. Logo após o golpe militar o general Golbery do Couto e Silva, propôs ao Presidente Humberto de Alencar Castello Branco a criação do Serviço Nacional de Informações (SNI), através da lei n° 4.341 de 13 de junho de 1964, incorporando o SFICI como uma agência regional. 9 CEPIK, Marco Aurélio Chaves. Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas na institucionalização de serviços de inteligência. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2003, p.103 10 LEITÃO, Alfredo Moreno; SILVA, Débora Cristina Santos da. Um histórico do fundo DEOPS-SP. Quadrilátero: Revista do Arquivo do Distrito Federal, Brasília, DF, v. 1, mar./ago. 1998, p.78. 11 FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. A história do Serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005, Rio de Janeiro, Record, 2005, p.70. 19 O SNI era vinculado a Presidência da República, com a finalidade de controlar e coordenar as atividades de informações do Brasil. Era o órgão responsável pelas políticas de inteligência, tinha como prioridades: Subsidiar o Presidente da República na orientação e coordenação das atividades de informações e contra-informações; estabelecer e assegurar os necessários entendimentos e ligações com os governos de Estados, com entidades privadas e quando for o caso com as administrações municipais; proceder à coleta, avaliação, integração das informações em proveito das decisões do Presidente da República e dos estudos do CSN; promover a 12 difusão adequada das informações. Fico13 relata que com crescimento do descontentamento ao regime militar e o começo da luta armada,o SNI passou por uma grande transformação, expandindo de forma vertiginosa, e tornando-se uma das principais ferramentas de repressão do regime militar. A extinção do SNI aconteceu no ano de 1990, sendo uma das primeiras medidas adotadas pelo Presidente da República, Fernando Collor de Melo. Figueiredo14 em sua obra relata que a extinção do SNI, por Collor, foi uma medida tomada por pura vaidade, por ter sido barrado em uma audiência que tinha marcado com o Ministro Chefe do SNI, o general Ivan de Souza Mendes, que desistiu de recebê-lo, após Collor ter feito duras críticas ao então Presidente da República José Sarney. Em entrevista para a revista Veja, seis meses antes da eleição, Collor disse que acabaria com o SNI no primeiro dia do seu governo. Em 7 de dezembro de 1999 o presidente Fernando Henrique Cardoso, sancionou a Lei n° 9.883, de 07 de dezembro de 1999 que institui o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e regulamentou a criação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Tendo o SISBIN a responsabilidade de integrar as ações de planejar executar as atividades de inteligência do País, incluindo o processo de obtenção, análise e 12 Lei n° 4.341, de 13 de junho de 1964 cria o Serviço Nacional de Inteligência (SNI). FICO, Carlos. Além do Golpe, Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar Rio de Janeiro, Record, 2004. 14 FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. A história do Serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005, Rio de Janeiro, Record, 2005, p189. 13 20 disseminação de informações necessárias ao processo decisório do Poder Executivo, bem como a salvaguarda de assuntos sigilosos. A Lei n° 9.883 define atividade de inteligência como sendo: Uma atividade que objetiva a obtenção, análise, e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado... e como contra-inteligência uma atividade que objetiva neutralizar a inteligência adversa. 1.2 Conceitos da Atividade de inteligência No idioma brasileiro, inteligência está ligada à facilidade de aprender. Do inglês, veio à relação com os serviços especializados na atividade de inteligência, mais conhecidos como serviços secretos. Para o Exército Brasileiro, atividade de inteligência está conceituada como: Ações especializadas, permanentemente executas, com objetivo de produzir conhecimentos de interesse do Cmt de qualquer nível hierárquico sobre expressões do poder nacional do Brasil e de países estrangeiros e, quando definida uma hipótese de conflito, sobre forças oponentes e/ ou adversas, terreno e condições meteorológicas, visando ao cumprimento da missão 15 constitucional do Exército Brasileiro . Segundo a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública da Secretaria Nacional de Segurança Pública: A atividade de inteligência de segurança pública é o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública, basicamente orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários para subsidiar os governos federal e estaduais a tomada de decisões, para o planejamento e à execução de uma política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza ou atentatórios à ordem pública. Por se tratar de uma atividade especializada, faz necessário que os bombeiros que exercem essa atividade sejam corretamente selecionados, constantemente 15 MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Manual a atividade de Inteligência Militar. IP30-1, 1995, p.23 21 aperfeiçoados, e estejam motivados para desempenharem todas as atribuições que lhe são impostas. Segundo a ABIN atividade de inteligência é dividida em três segmentos; inteligência, contra-inteligência e operações. A Atividade de Inteligência é desenvolvida pelo Organismo de Inteligência, constituindo o exercício sistemático de ações especializadas, orientadas, controladas e direcionadas, para a produção e salvaguarda de conhecimentos, tendo em vista assessorar as autoridades governamentais, nos respectivos níveis e áreas de atribuição, para o planejamento estratégico, execução e 16 acompanhamento de suas políticas. “A Contra-Inteligência é voltada para proteção de conhecimentos sensíveis, segurança das instalações e por implementar políticas internas que visem a educação quanto a segurança das informações.” 17 Operações de Inteligência é o conjunto de ações de busca, com emprego de técnicas operacionais e meios especializados, planejada e executada para obter dados de interesse da Atividade de Inteligência e atender aos seus usuários. É um dos ramos mais sensíveis, por trabalhar com ações externas ao órgão, em ambientes reais. Segundo a Associação Brasileira de Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC), inteligência pode ser definida como: Processo que tem como objetivo produzir Inteligência para a tomada de decisão ou desenvolver atividades que objetivam negar a um ator a possibilidade de levantar dados/informações por meio de coleta/busca sobre o modo de agir de outro ator. Constitui-se de processo informacional proativo e sistemático que visa a identificar os atores e as forças que regem as atividades da organização, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a melhor posicionar-se em seu ambiente, bem como proteger o conhecimento sensível gerado. Caracteriza-se pela coleta/busca de dados/informações que os outros não estão vendo-quer porque estão ocultos e /ou desconexos, quer porque estão camuflados ou mesmo distorcidos, e sua posterior análise e identificação de impactos para a 18 organização. 16 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Guia do Aluno: Escola de Inteligência. Brasília: Abin,1999, p.32. 17 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Guia do Aluno: Escola de Inteligência. Brasília: Abin,1999, p.04. 18 ABRAIC. Glossário de Inteligência competitiva, disponível em: <http://www.abraic.org.br>. Acesso em:31 de fevereiro de 2012. 22 O CBMDF passa a fazer parte do SISBIN, através do decreto n.° 3.695, de 21 de dezembro de 2000, que cria o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), que tem como finalidade coordenar e integrar os diversos serviços de inteligência das Secretarias de Segurança Pública do Brasil, bem como suprir de informações os Governos Estaduais e Federal no auxilio a tomada de decisões.19 1.3 Inteligência no CBMDF A lei de Organização básica do CBMDF20 cria o Estado Maior Geral (EMG), a qual instituiu a antiga 2ª Seção do EMG como uma de suas sete seções, sendo encarregada dos assuntos relativos às atividades de informações e inteligência. Conforme regimento interno do EMG a 2ª Seção é o órgão de assessoria do Comandante Geral, nos assuntos pertinentes as atividades de inteligência, contra inteligência e busca, conforme diretrizes fixadas pelo comando da corporação, além das solicitações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e órgãos da área de inteligência. A 2ª Seção do EMG é o órgão central das atividades de inteligência da corporação, dentre suas atribuições cabe ressaltar as seguintes, conforme Regimento interno do EMG: [...] planejar, orientar, supervisionar, coordenar atividades de informação e inteligência no âmbito doa Corporação; Assessorar o comando-geral através da participação nos trabalhos integrados do Estado Maior-Geral; Executar coleta e busca de dados, no que tange às atividades ligadas ao Corpo de Bombeiros;Buscar dados sobre fatos que interessem à segurança interna, segurança pública e defesa civil e outras de interesse à atividade operacional 21 da Corporação. Com a centralização ocorrida no de 2003, por determinação do Chefe do EMG, extingue-se informalmente as 2ª Seções dos Comandos Operacionais e todo serviço de Inteligência da corporação passa a ficar a cargo da 2ª Seção do EMG. 19 Decreto Federal n° 3.695, de 21 de dezembro de 2002. Lei n° 8.255, de 20 de novembro de 1991, dispõe sobre a organização básica do CBMDF. 21 CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Regimento Interno do Estado MaiorGeral. Boletim Geral n.°178. Brasília, 1999. 20 23 Os integrantes da inteligência do CBMDF passaram a ter uma única subordinação, ocorre à padronização dos documentos de Inteligência, das técnicas operacionais e recursos empregados nas missões, um aumento significativo de seus recursos humanos e materiais, contribuindo assim, para a formação de uma doutrina única de Inteligência dentro da corporação. A lei nº 12.086 de 06 de novembro de 2009 em seu artigo 112 extingue a 2ª Seção do Estado Maior Geral do CBMDF. Em 21 de junho de 2010 o decreto nº 31.817 que regulamenta o inciso II, do art. 10-B, da Lei nº 8.255, de 20 de novembro de 1991, que dispõe sobre a Organização Básica do CBMDF, no seu artigo 3º cria o Centro de Inteligência do CBMDF, subordinado ao Comandante Geral. São competências do Centro de Inteligência do CBMDF, conforme artigo 6° do decreto nº 31.817. Órgão responsável por planejar, orientar, coordenar e controlar as atividades de inteligência, bem como executar ações relativas à obtenção e análise de dados para a produção de conhecimentos destinados a assessorar o Comando-Geral da Corporação, em conformidade com a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública, além do previsto no artigo 4º deste decreto: I – Realizar a análise de situações de interesse institucional, proporcionando diagnósticos e prognósticos, visando subsidiar o ComandoGeral e, eventualmente, outros órgãos de Inteligência; II – subsidiar o planejamento estratégico da Corporação com a produção de conhecimentos específicos; III – Subsidiar as atividades preventivas e operacionais por intermédio da produção de conhecimentos e de ações específicas; IV – administrar os bancos de dados de classificação sigilosa disponibilizados ao Centro de Inteligência; V – produzir e difundir conhecimentos para os órgãos de Inteligência sobre situações que possam desencadear crises, grave perturbação da ordem pública, calamidades e outras intercorrências que possam afetar a segurança pública; VI – preservar o sigilo institucional e governamental sobre necessidades de informações, fontes, fluxos, métodos, técnicas e capacidades de inteligência das agências encarregadas da gestão da segurança pública; VII – monitorar as informações veiculadas nos diversos meios de comunicação, visando à produção de conhecimentos de interesse da Corporação; VIII – realizar investigação social de bombeiros militares e candidatos ao ingresso na Corporação; IX – efetuar e controlar o registro, a emissão e suspensão de porte de arma de fogo, bem como emitir autorização para trânsito de arma de fogo dos militares da Corporação, conforme legislação específica; X – realizar levantamento de dados operacionais referentes a situações de risco à vida e ao patrimônio, visando a adoção de medidas preventivas; 24 XI – realizar atividade de segurança de autoridade, quando determinado pelo Comandante Geral; XII – confeccionar, dar publicidade e arquivar o Boletim Reservado da Corporação, bem como recolher e incinerar as cópias difundidas; XIII – apoiar o planejamento da segurança orgânica dos diversos órgãos da Corporação, quando motivado; XIV – promover a capacitação de recursos humanos na área de inteligência; XV – consolidar a doutrina de Inteligência no âmbito da Corporação. O Centro de Inteligência do CBMDF está organizado da seguinte forma, conforme da Portaria nº 28 de 17 de maio de 2011, publicada no Boletim Reservado n.º 20 de 17 de maio de 2011: Comando do CEINT, Seção de Inteligência, Seção de Contra-Inteligência, Seção de Operações de Inteligência e Seção de Apoio Administrativo. O comando do CEINT visando aperfeiçoar seus integrantes e futuros candidatos a ingressarem na atividade de inteligência, em outubro de 2008, criou o Curso de Especialização em Inteligência (CESINT), conforme boletim reservado nº 039 de 07 de outubro de 2008. No contexto apresentado, verifica-se o quão importante é definir padrões e requisitos para seleção dos integrantes do serviço de Inteligência do CBMDF. Há necessidade de realizar um recrutamento e consequente uma seleção de pessoal de forma que os candidatos escolhidos sejam realmente os mais capacitados para exercer as atribuições que o cargo exige. 2 Provisão de Pessoal 2.1 Recrutamento de pessoal As pessoas envolvidas no processo de recrutamento e seleção são fundamentais para o sucesso das instituições. Encontrar profissionais com características adequadas à de cada função é o grande desafio do administrador de recursos humanos. Assim, o primeiro e fundamental passo está em identificar 25 corretamente as pessoas e relacioná-las com as competências para desempenhar uma atividade específica, o que será feito através do recrutamento e da seleção, considerados duas fases distintas de um processo, porém com características próprias. Recrutamento é o processo de atrair pessoal potencialmente qualificado para abastecer a seleção de pessoal. É um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunidades 22 de emprego que pretende preencher . Segundo Chiavenato23, “recrutamento é o processo de atrair candidatos para uma vaga, anunciando e tornando atrativo para candidatos disponíveis no mercado. Buscando candidatos dentro e fora da organização”. Ainda segundo o autor24, “recrutamento é um conjunto de procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização.” Isso significa dizer que esse processo deve ser feito de maneira interessante, com o objetivo de valorizar a vaga aberta e com isso despertar no candidato o desejo de conquistá-la. Conforme Milkovich25 recrutamento é um processo bilateral, além de mostrar as qualidades dos candidatos serve também para mostrar a imagem e a filosofia das pessoas. O recrutamento serve para as empresas montarem um cadastro reserva de possíveis candidatos que possuem características para ocuparem determinados cargos. Assim da mesma forma que o objetivo do recrutamento é abastecer o processo seletivo; o objetivo da seleção é escolher e classificar os candidatos mais adequados às necessidades do cargo e da organização. 22 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004, p.165 23 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p. 92. 24 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Organização: Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Atlas, 1991, p. 54. 25 MILKOVICH, George T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas,1994. 26 2.2 Seleção de pessoal De acordo com Chiavenato26, enquanto o recrutamento de pessoas é uma atividade que visa atrair candidatos e divulgação de vagas, e, portanto, é uma atividade tipicamente positiva e convidativa; a seleção por sua vez é, ao contrário, uma atividade de escolha de candidatos, de classificação e de decisão, e, portanto, restritiva e abstrativa. Chiavenato27 acrescenta que da mesma forma como os indivíduos procuram selecionar as organizações que pretende trabalhar, as organizações também fazem esta mesma seleção, obtendo informações que serão utilizadas para admitir ou não os seus pretendentes. A seleção busca entre os candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando a manter ou aumentar a eficiência e desempenho do pessoal, bem como a eficiência da organização. A seleção visa solucionar dois problemas básicos: adequação do homem ao cargo: e eficiência 28 e eficácia do homem no cargo. DeCenzo e Stephen29 afirmam que a seleção é o processo, o meio de se escolher o melhor candidato para o cargo oferecido. Conforme Chiavenato30, no mundo cada vez mais globalizado, as pessoas tornaram-se um fator diferencial e cada vez mais importante para uma instituição. Uma vez que os seres humanos são diferentes entre si, em diversos aspectos, físicos, sociais, econômicos, psíquicos, etc. Por mais que se tenham avançado em tecnologia, jamais poderão substituir a criatividade humana, a sua vontade de vencer e sua capacidade de discernir o certo do errado. 26 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p.188. 27 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004,p105. 28 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997, p.185. 29 DECENZO, David A; ROBBINS, Stephen P. Administração de Recursos Humanos.Rio de janeiro: LTC, 1996. 30 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004. 27 Mas, o processo de seleção não é fácil, há necessidade de critérios bem definidos e métodos eficientes que selecionarão os indivíduos capacitados para o cargo pretendido. Gil31 aponta como escolha do método de seleção algumas opções tais como: análise dos currículos, testes escritos, testes práticos, teste psicológicos, entrevista e dinâmica de grupo. Seleção é o processo pelo qual uma organização faz a escolha através de uma lista de candidatos, a pessoa que melhor alcançar os critérios de seleção para a 32 posição disponível, considerando as atuais condições de mercado . Conforme Milkovich33, “seleção é a obtenção e uso da informação e a respeito de candidatos recrutados externamente para escolher qual deles deverá receber a oferta de emprego”. A seleção funciona como uma espécie de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam integrar na organização: aquelas que apresentam características desejadas pela organização. Há um velho ditado popular que afirma que a seleção constitui a escolha certa da pessoa certa para o lugar certo [...]. A melhor maneira de conceituar seleção é representá-la como uma comparação entre duas variáveis: de um lado, os requisitos do cargo a ser preenchido (requisitos que o cargo exige de seu ocupante) e, de outro lado, o perfil das características dos candidatos que se apresentam para disputá-lo. A primeira variável é fornecida pela descrição e análise do cargo, enquanto a segunda é obtida por meio de aplicação das técnicas de seleção. O órgão de seleção não pode impor ao órgão requisitante a aceitação dos candidatos aprovados no processo de comparação. Pode apenas prestar um serviço especializado, aplicar as técnicas de seleção e recomendar ao cargo. Porém, a decisão final de aceitar ou rejeitar os candidatos é sempre responsabilidade de linha (de cada chefe ou gerente) ou função de staff (prestação de serviço do 34 órgão especializado). Chiavenato35, cita que existem alguns modelos de decisão sobre candidatos, são eles: 31 GIL, Antonio Carlos. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas, 1994. 32 IVANCEVICH, Jonh M. Organizações. Comportamentos e Estruturas de Processos.São Paulo: Atlas, 1995, p.777. 33 MILKOVICH, George T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas,1994, p.333. 34 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p.108 35 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Organização: Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Atlas, 1991, p. 54. 28 Modelo de colocação: existe apenas uma única vaga e um único candidato, não há como rejeitar o candidato. Modelo de seleção: onde existem vários candidatos para uma única vaga, é possível fazer um comparativo do perfil do candidato que se aproxime mais com a descrição do cargo e escolher o que mais se aproxima. Modelo de classificação: onde existem vários candidatos e várias vagas, é possível fazer um comparativo do perfil que mais se aproxime com o perfil da vaga, os aprovados são admitidos e os rejeitados passam a concorrer a outras vagas existentes. Para Chiavenato36 o conceito de cargo está dividido em três aspectos: a tarefa é atividade que o funcionário tem que exercer, se caracteriza por ser uma atividade de pouca complexidade, a atribuição já requer um pouco mais de habilidade por ser uma atividade que utiliza mais raciocínio do que força braçal, já a função seria o conjunto das tarefas e atribuições exercido de maneira sistemática. Segundo o autor acima citado37 “cargo é composto de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa, que podem ser englobadas em um todo unificado e que ocupa uma posição formal no organograma da organização”. Há necessidade de especificar o cargo, ou seja, detalhar todas as atividades, tarefas e atribuições inerentes a ele. Assim poderá comparar os atributos do candidato com o cargo que ele almeja. Deve-se definir claramente quais são os requisitos exigido pelo cargo, quais os anseios da instituição, qual é o serviço desenvolvido pela instituição e como ele deve ser desempenhado, para que o candidato que deseja ocupar a vaga, saiba realmente o que ele deve desempenhar diariamente, evitando que pessoas sem perfil para trabalhar na área sejam selecionados para trabalhar na atividade de inteligência. [...] pode se dizer que avaliar significa prever o comportamento futuro de candidatos pouco conhecidos numa situação de trabalho. [...] Esse processo requer algo a mais que a simples análise de dados. Requer sua interpretação, ou seja, o tratamento desses dados de forma tal que ao final do processo seja 36 37 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997, p.280. 29 possível, com certa margem de segurança, definir vantagens e desvantagens 38 da contratação do candidato. Dessa forma, há necessidade de um processo formalizado de seleção para os militares que desejam ingressar no Centro de Inteligência do CBMDF, pois só assim é possível identificar os candidatos que possuem características necessárias para exercer a atividade de inteligência. 2.3 Recrutamento “on line”. Ferramenta que vem sendo utilizada por muitas empresas como o principal método para recrutamento de pessoal, tendo em vista o baixo custo, facilidade de envio e o grande número de interessados em deixar seu currículo num banco de dados, além de permitir a eliminação de algumas etapas do processo de seleção. É a tecnologia da informação a serviço dos órgãos de recrutamento e seleção das empresas. Para Chiavenato39 “a internet constitui uma valiosa ferramenta para as empresas e para os funcionários se aproximarem, embora distantes fisicamente”. A informática virou uma ferramenta fundamental para auxiliar muitos profissionais e para o setor de recursos humanos, esta realidade não poderia ser diferente. Economia de tempo, baixo custo e otimização dos processos de recrutamento são apenas algumas das grandes vantagens conquistadas por empresas que adotam a internet como ferramenta auxiliar para a captação de novos talentos. Observam-se, segundo DeCenzo e Robbins40 , cinco grandes tendências para o futuro do recrutamento on-line: As organizações focarão os seus esforços de recrutamento por meio da internet; 38 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.60. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004, p.178. 40 DECENZO, David A: ROBBINS, Stephen P. Administração de Recursos Humanos. Rio de Janeiro. LTTC,1996. 39 30 Para utilizar a internet eficazmente, os recrutadores terão que obter competências específicas e complementares, designadamente nas áreas de pesquisa, de conteúdos e de marketing; Os processos de filtragem de candidaturas on-line melhorarão, enriquecendo o próprio processo de seleção; Sem valor acrescentado, as empresas de seleção tenderão a perder mercado; As organizações deverão passar a utilizar a internet como uma rede privada virtual de gestão e armazenamento de informações sobre candidatos. O mercado de serviços de recrutamento on-line tem crescido muito, uma prova é o aumento dos sítios eletrônicos de recrutamento (headhunters) e dos que hospedam currículos na internet para que as empresas interessadas os selecione. A seleção de pessoal via internet poderá ser uma ferramenta a ser utilizada pelo Centro de Inteligência do CBMDF, para criar um banco de dados com os possíveis candidatos a ocuparem as vagas existentes, além de facilitar a criação de uma rede de colaboradores espalhadas por todas as unidades da corporação. 3 - O PERFIL DO PROFISSIONAL DE INTELIGÊNCIA O resultado da qualidade do serviço prestado por uma instituição está diretamente ligado ao desempenho de seus funcionários, para isso é preciso que os mesmos estejam dentro do perfil que a função exige. Ugarte41 elenca algumas qualidades inerentes ao profissional de inteligência: Capacidade de desenvolver pesquisa, leitura, análise e interpretação de textos em português e outros idiomas; capacidade de elaborar relatórios, de utilizar redes de informação e comunicação, de memorizar nomes, conceitos e instruções orais e escritas; e, dentre outras, capacidade de resistir a trabalho rotineiro e a capacidade de agir sobre pressão e em situações imprevistas. 41 URGATE, José Manuel. Professionalism issues in Intelligence: in: SWENSON, Russell G;LEMOZY, Suzana C (coord.). Intelligence professionalism in the Americas. Washington: Center for Strategic Intelligence Research,2004. 31 A Constituição Federal no artigo n° 37 elenca alguns atributos que o funcionário público deve possuir no exercício de suas funções, sendo eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e publicidade. São manifestações essenciais do valor do bombeiro-militar, conforme artigo 28.do Estatuto do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.42 I - o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever de bombeiro-militar e solene juramento de fidelidade à Pátria, até com o sacrifício da própria vida; II - o civismo e o culto das tradições históricas; III - a fé na missão elevada do Corpo de Bombeiros; IV - o amor à profissão e o entusiasmo com que a exerce; V - o aprimoramento técnico-profissional; VI - o espírito-de-corpo e o orgulho pela Corporação; e VII - a dedicação na defesa da sociedade. Em entrevista reservada com a psicóloga Michelle Montenegro Studart Teixeira, funcionária da ABIN, da Divisão de Recursos Humanos, encarregada de aplicar testes profissiográficos aos candidatos admitidos na instituição, diz que não deve ser feita distinção quanto à área de atuação que o funcionário vai desempenhar, seja para analista de informações ou para oficial de operações, os critérios para avaliação são os mesmos. Com relação à atividade de inteligência, Michelle (2004) afirma que o profissional de inteligência deve possuir os seguintes atributos ou características: discrição: por ser uma atividade que trabalha, essencialmente, com assuntos sensíveis e que requer anonimato nas ações; 42 Lei n° 7479, de 02 de julho de 1986 dispõe sobre o estatuto do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. 32 ajustamento ao trabalho: uma vez que a atividade é atípica e requer aprendizado específico para a realização do ofício; conhecimento profissional, ou seja, domínio das atividades que estão sob sua responsabilidade, muitas delas extremamente sensíveis e com elevado grau de responsabilidade; flexibilidade de raciocínio, pois, ao se ter em conta as transformações de toda natureza pelas quais o mundo está passando, é fundamental que o profissional tenha capacidade de reavaliar posturas, reconsiderar idéias pré-concebidas e ter um pensamento bem articulado com a realidade; fluência e compreensão oral e escrita: devido a necessidade de efetuar constantes contatos interpessoais e elaborar relatórios que servirão como instrumentos de decisões por parte de representantes do Estado, exige que o profissional tenha clareza nas suas formas de expressão, compreenda e se faça compreender, de modo a minimizar, o máximo possível, as distorções inerentes aos contatos humanos;(síntese, objetividade e raciocino lógico) Os atributos que se identificam como valorosos ao bom desempenho do profissional de inteligência são eles: capacidade de suportar frustrações;capacidade de trabalhar em grupo; facilidade de relacionamento interpessoal; iniciativa; controle emocional; proatividade; memória auditiva e visual; curiosidade para com o novo; busca constante de aperfeiçoamento profissional; lealdade. 43 43 TEIXEIRA, Michelle Montenegro Studart,Revista Brasileira de Inteligência.Perfil do Profissional de Inteligência,Abin Brasilia, 2004, p.34 33 No perfil profissiográfico do agente do Centro de Inteligência do CBMDF, publicado no Boletim Reservado n°39 de 07 outubro de 2008, no item 5.2.2 estão relacionados as seguintes características que o bombeiro militar, agente de inteligência deve possuir: Maturidade emocional; resistência à fadiga; resistência à frustração; acuidade perceptiva; raciocínio espacial; coordenação motora; bom senso; iniciativa; lealdade; responsabilidade; imparcialidade; idoneidade; discrição e serenidade; capacidade de decisão; criatividade; paciência; coragem; boa memória; flexibilidade e dinamicidade; independência política e social; dedicação profissional elevada; estabilidade familiar e financeira; boa conduta disciplinar; facilidade de trabalho em grupo (equipe). Segundo Chiavenato44 “A ficha profissiográfica representa uma espécie de codificação das características que o ocupante do cargo deverá possuir. Através dela, o selecionador poderá saber o que e quanto pesquisar dos candidatos”. Conforme Augusto45, os candidatos a atividade de inteligência devem apresentar os seguintes requisitos: “compatibilização aos perfis profissiográficos de cada função, embasamento cultural específico em área de interesse da organização e formação técnica especializada”. A Agência Central de Inteligência (CIA) que é o principal órgão de Inteligência dos Estados Unidos da América, tem em seu sitio eletrônico, o perfil das pessoas adequadas para compor seus quadros de funcionário e o que o cargo exige. De uma maneira geral estão relacionados os seguintes requisitos: notas elevadas na vida acadêmica e profissional, facilidade para escrever, habilidade para resolver problemas, trabalho em equipe, facilidade de relacionamento interpessoal e de comunicação, interesse e aptidão para línguas, responsabilidade, segurança, integridade moral e discrição. O serviço de Segurança Britânico (MI 5), em sua página na rede mundial de computadores, relaciona as características do indivíduo com o cargo que ele pretende ocupar na instituição, de modo geral são exigidas algumas características, tais como: 44 CHIAVENATO, Idalberto. Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997,p.167. AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. Uma missão importante: ensinar:A Inteligência em Revista, Brasília: n° 1, 1990, p.10. 45 34 capacidade de trabalhar em grupo, facilidade para se comunicar e se relacionar com pessoas, flexibilidade para trabalhar, autodisciplina, honestidade e integridade. O profissional de inteligência deve observar um dos princípios básicos da Inteligência, o princípio da oportunidade. Deve ser um profissional dedicado, sem vaidades, não deve se preocupar com méritos e reconhecimentos, pois na maioria das vezes trabalha no anonimato. O profissional de Inteligência está sempre bem informado, mas demonstra não conhecer, para poder saber mais, é discreto, tem discernimento do que fazer, é persistente, tem interesse pelo serviço, é bom julgador, emocionalmente estável, não se abala com facilidade perante as adversidades, tem espírito de equipe, tem compromisso com a verdade e é leal a sua instituição. Analisando o contexto histórico e fundamentos teóricos, verifica-se que deve ser atualizado e aplicado o modelo de perfil profissiográfico já existente no Centro de Inteligência, para selecionar os candidatos interessados em trabalhar no serviço de Inteligência da Corporação, após aprovado nessa fase, deve-lhe ser fornecida capacitação técnica, e após isso, deve-se diferenciar os militares que vão trabalhar na parte operacional e os que vão trabalhar na análise de documentos. 4- SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE INTELIGÊNCIA 4.1 Mapeamento de Competências O mapeamento de competências é uma ferramenta que possibilita uma visão ampla do funcionamento de uma organização, é uma “radiografia” da necessidade de determinado cargo. Para Gramigna46 no “mapeamento são levantados dois tipos de competências: as técnicas que são as que compõem o perfil profissional para ocupar determinados 46 GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão dos talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p.44. 35 cargos e as de suporte que são as que agregam valor às competências técnicas e que fazem a diferença no perfil profissional das pessoas”. O mapeamento de competências pretende orientar o processo de recrutamento e seleção de recursos humanos, baseados em critérios e elementos de referência, e, também, facilitar a compatibilização do desempenho com os objetivos organizacionais, através da Gestão de Pessoas por Competências (GPC). Segundo Rocha e Salles47, a gestão de pessoas por competências “tem como premissa a convicção de que o desenvolvimento dos recursos humanos deve ser a base para a competitividade”. Competência, conforme Bueno48, é a “qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto”. Porém profissionalmente, está relacionado a significados ligados às características das pessoas (conhecimentos, habilidades e atitudes), e outros à tarefa (resultados). Para Fleury e Fleury49, o conceito de competência nada mais é que o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, cujo somatório resultará no bom ou mau desempenho do profissional. Observa-se, portanto, que a competência está relacionada à aptidão do ser humano, a tarefa desenvolvida por ele está ligada à sua capacidade de ação e decisão diante do imprevisto, exigindo a mobilização das habilidades e atitudes, que, aliadas aos conhecimentos, tornam possível alcançar os resultados. Gramigna50, ressalta no seu estudo que a competência pode ser desdobrada em três blocos indicadores, quais sejam: a) Atitudes (“O querer” saber ser, modo de proceder ou agir, maneira de ser, comportamento): são externadas pelo grau de comprometimento, nível de confiança e envolvimento criativo de cada pessoa, demonstrados pelo resultado maximizado, em 47 ROCHA, Eduardo Peixoto; SALLES, José Antônio Arantes. Competências e a Gestão de Pessoas. RACRE – Rev. Adm. CREUPI, Espírito Santo do Pinhal, v. 5, n. 9, jan./dez. 2005, p.42. 48 BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: Fundação de Assistência do Estudante, 1992. p.80. 49 FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 50 GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão dos talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p.62. 36 face da sua atuação adequada, oportuna e pontual. Isso é o que a distingue profissionalmente; b) Conhecimentos (“O saber”, ato ou efeito de conhecer): são os diversos conteúdos e informações acumulados no decorrer da carreira profissional, que ajudam o indivíduo a lidar com o paradoxo da fortaleza e da flexibilidade, pois quanto maior sua bagagem de conhecimentos, mais forte se torna e, ao mesmo tempo, mais flexível para enfrentar situações imprevistas; c) Habilidades (“O saber fazer”, aptidão para fazer ou realizar alguma coisa): é a “forma mais adequada de se usar o conhecimento”, ou seja, “demonstrar suas competências por meio de ações”. Os conhecimentos, habilidades e atitudes que cada pessoa possui e demonstra definirão seu sucesso profissional, e farão com que ela se destaque dos demais. Nesse sentido, cabe ressaltar Gil51, quando ele assevera que “o mais importante, na maioria dos casos não é a qualificação atual do candidato, mas seu potencial para a função, aliado à sua vontade de trabalhar”. É importante que o recrutamento e seleção de pessoal para ingressar no Centro de Inteligência selecione os melhores voluntários e para isso é necessário que esse processo seja feito de forma clara e objetiva, observando os critérios que são utilizados nos órgãos de Inteligência e nas grandes empresas. Só após os candidatos ingressarem na atividade de Inteligência, devem passar por uma especialização na área, evitando assim, que um militar que não possui perfil adequado para trabalhar na atividade, venha receber formação. Pretende-se com isso, evitar gastos com a formação de pessoal, difusão de conhecimento específico, formar profissionais que poderão ser utilizados por concorrentes da instituição, preservando assim de futuras ameaças o CBMDF. Desta maneira, é necessário que a organização durante o processo de seleção de seus candidatos, observe suas competências e os integre nos cargos específicos do seu perfil. 51 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.93 37 4.2 Seleção dos militares lotados no Centro de Inteligência do CBMDF Conforme mapa de força do primeiro trimestre de 2012 o Centro de Inteligência do CBMDF conta com um efetivo de aproximadamente 53 bombeiros militares, entre oficiais e praças. Por ser um cargo de confiança do Comandante Geral da Corporação, o critério para seleção do Comandante do CEINT é basicamente o de confiança, observando as habilidades, antecedentes e confiabilidade. Uma vez que ao Comandante do Centro cabe planejar, orientar, coordenar, controlar e supervisionar as atividades de inteligência, contra inteligência e busca no âmbito da corporação, além de realizar a análise de situações de interesse institucional, proporcionando diagnósticos e prognósticos, visando subsidiar o Comando-Geral e, eventualmente, outros órgãos de Inteligência. Os requisitos utilizados para ingresso de militares no Centro de Inteligência, atualmente são os seguintes: Ser indicado por outro agente de inteligência ou pela Chefia do Centro; Ser submetido e aprovado na investigação social e de vida pregressa. Um dos fatores primordiais para a seleção de um candidato é avaliar se ele possuir características suficientes para ocupar o cargo que deseja. Como a seleção dos integrantes do CEINT é feita sem comparar as qualidades do candidato com os requisitos que o cargo exige, constata-se que há falha no processo de seleção. Há necessidade que os militares que forem selecionados para o Sistema de Inteligência do CBMDF, estejam preparados para realizar as atividades que lhe são impostas. Uma das melhores formas de aumentar a produtividade de uma empresa é descobrir se as pessoas que nela trabalham fazem o que estão preparadas para fazer, ou seja, se estão devidamente capacitados para exercer as atividades que o cargo exige. 38 4.3 Seleção de pessoal para ingresso na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) O ingresso de novos integrantes na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é realizado por meio de concurso público, conforme lei n° 8.112 52, as vagas são distribuídas por área de formação. O candidato pode concorrer a uma vaga da sua formação específica ou área afim e deverá ficar lotado na área escolhida após o final do processo. O concurso para a ABIN é dividido em duas etapas: Na primeira etapa, é aplicada a prova teórica de conhecimentos, teste físico, exames médicos e investigação pra credencial de segurança; Na segunda etapa é realizado o Curso de Formação de Inteligência (CFI), que tem duração de três meses e visa fornecer conhecimento e habilidades necessárias para a formação do profissional de Inteligência. Durante a realização do CFI, os integrantes são submetidos a provas escritas, orais, observações do comportamento, aplicação de testes psicotécnicos e entrevistas. Cabe ressaltar que todos os candidatos, independentemente da área escolhida, passam pelo mesmo processo de seleção, formação e investigação, que depois de formados serão lotados nas respectivas setores observando qual o segmento que se destacou. 4.4 Seleção de pessoal no Military Intelligence Section 5 (MI 5) O processo de seleção no Serviço britânico de Inteligência (MI 5) tem como divulgação sua página na rede mundial de computadores, onde descreve as características desejáveis dos candidatos e qual a função dos cargos oferecidos. O processo é baseado em testes de conhecimentos e habilidades, exame de currículo, condições médicas e psicológicas, além de visitas e entrevistas com recrutadores. A duração do recrutamento depende de cada candidato e da vaga 52 Lei n° 8.112 de 11 de dezembro de 1990, dispõe sobre o regime jurídico dos servidores civis. 39 pretendida. Destaca-se que o método utilizado para o procedimento de investigação para obtenção da credencial de segurança é o mais abrangente possível. O Serviço Britânico de Inteligência aceita candidatos que tenham ficha criminal, ou que admitam já terem utilizado drogas psicotrópicas, mas deixa claro que cada caso será analisado separadamente, não dando garantias de contratação. O treinamento é realizado de forma específica para cada cargo, em função das competências específicas exigidas. A ficha de inscrição deve ser solicitada por meio de preenchimento de um formulário disponível no sítio eletrônico, ou através de ligação telefônica. 4.5 Seleção de pessoal na Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos da América (CIA) O serviço de inteligência norte-americana possui uma central de recrutamento pela internet. O processo é específico para cada cargo, com duração de dois meses a um ano. A agência classifica a área de atuação nas seguintes: Ciência, Tecnologia, Engenharia, Análise, Centro de Línguas, Áreas Administrativas e Serviço Operacional. O sítio eletrônico dispõe de um questionário que serve para os candidatos relacionarem suas principais competências e dispõe também dos requisitos que são exigidos para cada cargo. Os candidatos devem ser aprovados em exames médicos e psicológicos, além de passarem por investigação de segurança e testes com polígrafo, não só na fase de contratação, mas também durante o desempenhar de suas funções são periodicamente investigados. As informações são finalizadas com a declaração de que a agência não recusa nem garante a concessão da credencial de segurança com base na raça, cor, sexo, religião, etnia, deficiências, idade ou opção sexual. 40 4.6 Seleção de pessoal para ingresso na Seção de Inteligência do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Brasília (BINFAE-BR) A Seção de Inteligência do BINFAE-BR, visando dificultar as ações adversas de infiltração e a admissão de indivíduos com características: antecedentes pessoais que possam causar algum comprometimento para o serviço de Inteligência adota, os seguintes critérios para seleção de pessoal: Indicação Basicamente os militares selecionados para o ingresso na Seção de Inteligência são indicados por alguma autoridade ou por algum integrante do órgão. Determinação da Sensibilidade das Funções Este procedimento ajuda estabelecer as características pessoais julgadas necessárias para a ocupação de cada cargo. Lealdade e descrição são atributos indispensáveis independente da função. Todos os integrantes da seção recebem a credencial de secreto, a mesma do comandante da unidade, ou seja, não tem como haver diferenciação entre os militares, pois o seu efetivo é reduzido. Investigação de Segurança É um processo de pesquisa de antecedentes dos candidatos, na primeira fase, mediante coleta de dados, após essa fase dar-se a início a uma investigação mais profunda. A coleta é realizada através de ficha de dados pessoais e ficha de assentamentos, o militar informa dados abertos e autoriza o órgão de Inteligência a proceder buscas, consulta a outras unidades militares, inclusive a sua escola de formação, utiliza-se também do Sistema Informações de Segurança do Ministério da Justiça (INFOSEG), consulta nos tribunais de Justiça,etc. 41 Os dados obtidos nas duas fases também serão utilizados para credenciamento. Controle de Segurança na consulta ao candidato Medidas cautelares que evitem o comprometimento das atividades caso haja insucesso no processo seletivo; Aplicação de testes seletivos, com objetivo de confirmar a potencialidade do candidato, visando retificar ou ratificar o diagnostico até então obtido. 4.7 Resultados da Pesquisa A coleta de dados do presente estudo foi realizada por meio de questionário e entrevista. A metodologia utilizada foi o método dedutivo, o público alvo restringiu-se aos militares lotados no Centro de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, atigindo uma amostra de 40 militares entre Oficiais e Praças. Segundo Chagas53, um questionário é tão somente um conjunto de questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto. Visando alcançar os objetivos propostos no referente trabalho, foi elaborado um questionário com o intuito de coletar dados da população estudada. O instrumento foi constituído de onze perguntas, sendo perguntas abertas e fechadas, em que se procurou estabelecer uma ligação entre o problema, os objetivos da pesquisa, as hipóteses da pesquisa, a população a ser pesquisada e o método de análise de dado escolhido. 53 CHAGAS, Anivaldo Tadeu Roston. O questionário na pesquisa científica. Revista Administração On Line. FECAP. v. 1, n. 1, jan./fev./mar. 2000. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/>. Acesso em: 14 mar. 2012,p.14. 42 As perguntas foram formuladas em uma sequência lógica, do geral para o específico. O instrumento foi submetido a uma verificação empírica e os problemas e as dúvidas que surgiram foram todas sanadas. O questionário foi confeccionado com intuito de subsidiar o presente estudo, servindo de parâmetros os objetivos propostos, com base nas informações constantes no desenvolvimento do trabalho e aplicado aos bombeiros militares lotados no Centro de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, independente de postos e graduações, foram aplicados por meio de correio eletrônico enviado aos referidos militares e preenchimento do questionário “in-loco” por alguns. Foi submetido a um questionário diferenciado o Comandante do Centro de Inteligência do CBMDF, tendo em vista que o referido profissional é o responsável pelo processo de seleção dos militares que ingressam no serviço de Inteligência da corporação. 4.7.1 Questionário Aplicado O questionário, aplicado aos militares lotados no Centro de Inteligência, buscou verificar como é realizado o processo seletivo ao longo dos anos na corporação, uma vez que existem militares com mais de 25 anos de serviço e que já estão na atividade de Inteligência há quase vinte anos. O questionário teve por finalidade, ainda, identificar como é realizado o processo seletivo, se existe padrões definidos, legislação ou metodologia aplicada durante o recrutamento dos militares e verificar se ao longo de anos houve falhas durante a escolha dos bombeiros militares para atuarem como membros do serviço de Inteligência. 43 Pergunta 1 Com o objetivo de verificar quanto tempo o bombeiro militar está na atividade de Inteligência foi perguntado o seguinte: “Quanto tempo o Senhor (a) trabalha no Centro de Inteligência do CBMDF?” O resultado segue exposto no gráfico 1 Pergunta 1 Menos de 6 meses 6 meses e 1 ano 9% 9% 36% 1 a 5 anos 37% 5 a 10 anos 9% Mais de 10 anos Figura 1 – Gráfico 1 Pergunta 2 Com o intuito de verificar como é realizado o processo seletivo para ingresso no Centro de Inteligência, foi perguntado o seguinte: “Como o Senhor (a) foi escolhido para ingressar no Centro de Inteligência do CBMDF ? O resultado segue exposto no gráfico2: 44 Pergunta 2 Indicado por outro Militar 0% 0% Pela Amizade 11% Pelo Conhecimento Técnico 89% Outro Figura 2 – Gráfico 2. Pergunta 3 Visando identificar se os profissionais lotados no Centro de Inteligência sabem quais as características que devem possuir, foi perguntado o seguinte “Quais as características que um Pergunta 3 profissional de Inteligência deve possuir?” Discrição Idoneidade 19% 49% 16% 16% comprometimendo Outros Figura 3 – Gráfico 4 Pergunta 4 Com objetivo de identificar se os militares sabem das consequências que podem acontecer caso o processo seletivo seja falho, foi perguntado o seguinte, “Quais os problemas que um órgão de Inteligência pode enfrentar caso falhe na seleção de algum agente?” 45 O resultado segue exposto no gráfico 4: Pergunta 4 18% 18% Qualidade 37% 27% Vazamento Exposição do órgão Outro Figura 4 – Gráfico da pergunta 4 do questionário. Pergunta 5 Com intuito de verificar se algum agente de Inteligência já foi recrutado e o mesmo não possuía perfil adequado, foi perguntado o seguinte, “O Senhor (a) tem conhecimento de algum agente de inteligência que foi desligado do CEINT por não se adaptar ao serviço de Inteligência?” 46 O resultado segue exposto no gráfico 5: Pergunta 5 0% 0% 36% Sim 64% Não Figura 5 – Gráfico 5 Pergunta 6 Visando identificar se todos os militares lotados no Centro de Inteligência sabem quais são os requisitos inerentes ao seu cargo, foi perguntado o seguinte, “ O Senhor (a) sabe quais são os requisitos inerentes ao seu cargo?” 47 O resultado segue exposto no gráfico 6: 0% Pergunta 6 sim Não 36% 64% Figura 6 – Gráfico 6 . Pergunta 7 Com objetivo de levantar se os militares lotados no Centro de Inteligência passam por alguma avaliação psicológica, foi perguntado o seguinte, “O Senhor (a) já passou por alguma avaliação psicológica, com a finalidade de avaliar suas características para atividade de Inteligência?” 48 O resultado segue exposto no gráfico 7: Pergunta 7 0% Sim Não 100% Figura 7 – Gráfico da pergunta 7 do questionário. Pergunta 8 Afim de identificar se os agentes de inteligência do CBMDF, possuem alguma especialização na área de Inteligência, foi perguntado o seguinte, “O senhor (a) tem alguma especialização na área de Inteligência? 49 O resultado segue exposto 8: Pergunta 8 Sim Não Figura 8 – Gráfico 8. Pergunta 9 No intuito de verificar se a especialização do militar foi realizada antes ou após o mesmo ingressar na atividade de Inteligência, foi perguntado o seguinte, “A sua especialização foi antes ou depois de ter ingressado na atividade?” 50 O resultado segue exposto no gráfico 9: Perguntas 9 Sim Não Figura 9 – Gráfico 9. Pergunta 10 Com objetivo de levantar se os militares acham que a especialização deve ser realizada antes ou após ingressarem na atividade de Inteligência, foi perguntado o seguinte, “No seu ponto de vista, o senhor (a) acha interessante o candidato ao serviço de inteligência, se especializar antes ou depois de ser lotado na atividade? O resultado segue exposto no gráfico 10: 51 pergunta 10 0% 0% 39% 61% Antes Depois Figura 10 – Gráfico 10. Pergunta 11 Com objetivo de levantar ideias que possam ajudar na atualização do processo seletivo do Centro de Inteligência, foi perguntado o seguinte “Como o Senhor(a) acha que deve ser feito o processo de seleção para ingresso no Centro de Inteligência do CBMDF?” Resposta: Muitos informaram que deveria ser realizada uma pesquisa com os candidatos, teste vocacional, avaliação psicológica, investigação social, prova específica, indicação. 52 CONCLUSÃO O presente trabalho científico buscou identificar como é realizado o processo de seleção de Bombeiros Militares para o ingresso no Serviço de Inteligência da Corporação, fazendo uma análise crítica se o mesmo atende às normas existentes e se há quesitos a serem atualizados. A Inteligência é uma ferramenta que vem sendo utilizada pela sociedade a milhares de anos, pois se tornou fundamental para qualquer nação ou empresa a sua utilização. E para que o serviço de Inteligência torne-se eficiente e eficaz faz necessário que o processo de ingresso de seus funcionários seja capaz de atender todas as expectativas do órgão interessado. Deve-se unir a necessidade do órgão em recursos humanos, escolhendo aqueles que têm o perfil adequado para o cargo, com base nas suas características pessoais e nas suas motivações. A otimização dos recursos humanos é um item cada vez mais indispensável para o sucesso de uma instituição. E para que isto aconteça é necessário que o processo de seleção de pessoal seja capaz de identificar os melhores candidatos para os cargos desejados. O processo de seleção de pessoal é realizado através de duas fases distintas, o recrutamento e a seleção. O recrutamento é o processo que objetiva atrair pessoas potencialmente qualificadas, ou seja, seduzir os candidatos para ocuparem determinadas vagas, é uma atividade positiva e convidativa. Já a seleção busca, entre os candidatos recrutados, aqueles mais adequados para ocuparem as vagas existentes, ou seja, visa a escolha do melhor candidato para a vaga existente. Torna-se uma atividade extremamente restritiva e abstrativa. Buscou-se, através dos instrumentos de coleta de dados utilizados, juntamente com a revisão da literatura, demonstrar que o atual modelo de seleção de pessoal para ingresso na atividade de Inteligência do CBMDF necessita de ser aperfeiçoado. Atualmente, a processo para ingresso no Centro de Inteligência do CBMDF se restringe, basicamente, na indicação de algum militar lotado no Centro de Inteligência e 53 um levantamento da vida pregressa do referido militar indicado, caso não tenha nada que o desabone o mesmo é transferido para o Centro de Inteligência. Não obstante, deve haver no Centro de Inteligência um processo formalizado para o ingresso de bombeiro militar no sistema de Inteligência da Corporação. É necessário que o referido processo seja realizado em etapas distintas para que o candidato seja avaliado, verificando se o mesmo cumpre todos os requisitos necessários para a atividade. Primeiro, deve-se identificar e quantificar os requisitos que o cargo exige, pois, só assim, poderá verificar qual candidato possuiu o perfil necessário para preencher a vaga disponível. Deve-se, também, elaborar o perfil do profissional de inteligência do CBMDF, que será utilizado como parte do processo seletivo de pessoal. O CEINT pode utilizar como forma de recrutamento de pessoal, o recrutamento “on-line”, ou seja, através de sua intranet local, onde permite-se dispor de um currículo detalhado dos interessados, de modo que possam enviá-lo para a Seção de ContraInteligêcia, onde realizará os estudos necessários. A seleção de pessoal utilizará essa mão de obra levantada e fará a análise dos quesitos necessários para o cargo com o perfil de cada candidato. Os candidatos aprovados, na fase de seleção de pessoal, seriam submetidos à fase seguinte de levantamento de sua vida pregressa. Só após a aprovação em todas as fases que o candidato seria transferido para o Centro de Inteligência do CBMDF. Após a sua transferência, o candidato receberia formação básica na área de inteligência. Primeiramente, uma formação geral, depois uma formação específica para o cargo que irá ocupar. É de vital importância para o órgão de inteligência ter um processo seletivo eficiente e eficaz, capaz de evitar que seus agentes sejam recrutados ou que sejam infiltrados elementos que não têm o perfil necessário para desenvolver a atividade de Inteligência. Além do mais é necessário criar mecanismos de desmobilização dos seus ex- integrantes. 54 Um processo seletivo falho pode causar diversos transtornos para a Instituição, como um simples agente desmotivado até o vazamento de informações sensíveis e estratégicas. Diante do exposto, recomenda-se que o atual processo seletivo para ingresso de bombeiros militares do Centro de Inteligência do CBMDF seja reformulado, observando os critérios citados neste estudo. Por fim, sugere-se a classificação e marcação do presente trabalho monográfico como documento confidencial, com a atribuição do grau de sigilo adequado, de acordo com o Decreto Nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002, que dispõe sobre a salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos, e da lei Nº 12.527 de 18 de novembro de 2011 no qual regula o acesso as informações, em virtude da pesquisa abordar um assunto que interessa apenas ao Centro de Inteligência do CBMDF, cujo conhecimento deve ser restrito aos profissionais que têm necessidade de conhecê-lo. 55 REFERÊNCIAS 1 TZU, Sun. A arte da guerra. Adaptação de James Clavell. Rio de Janeiro: Record, 2004. 2 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000. Números cap.2. 3 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997,p.68. 4 GUEDES, Luis Carlos . Revista Brasileira de Inteligência, ABIN, Brasília 2006, p.24 5 BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998. 6 TZU, Sun. A arte da guerra. Adaptação de James Clavell. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 112. 7 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000. 8 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo:Sociedade bíblica trinitariana do Brasil, 2000, p.169 9 CEPIK, Marco Aurélio Chaves. Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas na institucionalização de serviços de inteligência. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2003, p.103 10 LEITÃO, Alfredo Moreno; SILVA, Débora Cristina Santos da. Um histórico do fundo DEOPS-SP. Quadrilátero: Revista do Arquivo do Distrito Federal, Brasília, DF, v. 1, mar./ago. 1998, p.78. 11 FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. A história do Serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005, Rio de Janeiro, Record, 2005, p.70. 12 Lei n° 4.341, de 13 de junho de 1964 cria o Serviço Nacional de Inteligência (SNI). 13 FICO, Carlos. Além do Golpe, Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar Rio de Janeiro, Record, 2004. 56 14 FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. A história do Serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005, Rio de Janeiro, Record, 2005, p189. 15 MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Manual a atividade de Inteligência Militar. IP30-1, 1995, p.23 16 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Guia do Aluno: Escola de Inteligência. Brasília: Abin,1999, p.32 17 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Guia do Aluno: Escola de Inteligência. Brasília: Abin,1999, p.4 18 ABRAIC. Glossário de Inteligência competitiva, disponível em: <http://www.abraic.org.br>. Acesso em:31 de fevereiro de 2012. 19 20 Decreto Federal n° 3.695, de 21 de dezembro de 2002. Lei n° 8.255, de 20 de novembro de 1991, dispõe sobre a organização básica do CBMDF. 21 CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Regimento Interno do Estado Maior-Geral. Boletim Geral n.°178. Brasília, 1999. 22 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004, p.165 23 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p. 92. 24 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Organização: Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Atlas, 1991, p. 54. 25 MILKOVICH, George T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas,1994. 26 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p.188. 27 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004,p105. 28 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997, p.185. 29 DECENZO, David A; ROBBINS, Stephen P. Administração de Recursos Humanos. Rio de janeiro: LTC, 1996. 57 30 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004. 31 GIL, Antonio Carlos. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas, 1994. 32 IVANCEVICH, Jonh M. Organizações. Comportamentos e Estruturas de Processos.São Paulo: Atlas, 1995, p.777. 33 MILKOVICH, George T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas,1994, p.333. 34 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p.108 35 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Organização: Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Atlas, 1991, p. 54. 36 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997. 37 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997, p.280. 38 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.60. 39 CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos;O capital humano das Organizações, São Paulo: Atlas,2004, p.178. 40 DECENZO, David A: ROBBINS, Stephen P. Administração de Recursos Humanos. Rio de Janeiro. LTTC,1996. 41 URGATE, José Manuel. Professionalism issues in Intelligence: in: SWENSON, Russell G;LEMOZY, Suzana C (coord.). Intelligence professionalism in the Americas. Washington: Center for Strategic Intelligence Research,2004. 42 Lei n° 7479, de 02 de julho de 1986 dispõe sobre o estatuto do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. 43 TEIXEIRA, Michelle Montenegro Studart,Revista Brasileira de Inteligência.Perfil do Profissional de Inteligência,Abin Brasilia, 2004, p.34 44 CHIAVENATO, Idalberto. Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas,1997,p.167. 58 45 AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. Uma missão importante: ensinar:A Inteligência em Revista, Brasília: n° 1, 1990, p.10. 46 GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão dos talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p.44. 47 ROCHA, Eduardo Peixoto; SALLES, José Antônio Arantes. Competências e a Gestão de Pessoas. RACRE – Rev. Adm. CREUPI, Espírito Santo do Pinhal, v. 5, n. 9, jan./dez. 2005, p.42. 48 BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: Fundação de Assistência do Estudante, 1992. p.80. 49 FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 50 GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão dos talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p.62. 51 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.93 52 Lei n° 8.112 de 11 de dezembro de 1990, dispõe sobre o regime jurídico dos servidores civis. 53 CHAGAS, Anivaldo Tadeu Roston. O questionário na pesquisa científica. Revista Administração On Line. FECAP. v. 1, n. 1, jan./fev./mar. 2000. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/>. Acesso em: 14 mar. 2012,p.14. 54 PONTES, Benedito Rodrigues. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. São Paulo: LTr, 2001, p.125. 59 Apêndice A UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASILIA ROTEIRO PARA ENTREVISTA 1. Como é feita a escolha dos integrantes do Centro de Inteligência do CBMDF? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Existe, no CEINT, algum processo para o recrutamento e a seleção dos profissionais de inteligência? Se negativo, justifique; se positivo, descreva-o. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Competência é um conjunto de conhecimentos ( SABER), habilidades (SABER FAZER) e atitudes (SABER SER) que atua diretamente no trabalho de uma pessoa. Quais as competências que um profissional de Inteligência deve possuir? CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES 4- Quais desses conhecimentos, habilidades e atitudes que você considera indispensáveis ao Comandante do Centro de Inteligência do CBMDF? CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES 60 ( ) Ética Profissional ( ) Capacidade de análise ( ) Crença no potencial de ( ) Gestão estratégica e síntese ( ) Metodologia e técnica de ( solução de problema aprendizagem ) Disponibilidade para Treinamento lidar com situações ( ) Missão da atividade de imprevistas inteligência ( ) Produção conhecimento ( ) e de ) de trabalho Organização do como de fator recursos eficiência logísticos ) ( ) Discrição ( Gerenciamento do pessoas ( do ( ) Respeito às normas e Planejamento às leis estratégico ( ( ) Tomada de decisão humano ( ) Trabalho em equipe ) Valorização do ser 61 APÊNDICE B UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA QUESTIONÁRIO APLICADO PARA FINS DE ELABORAÇAO DE ESTUDO DE PESQUISA MONOGRÁFICA Prezado(a) Senhor(a), As perguntas que se seguem objetivam auxiliar a diagnosticar o processo de seleção de pessoal para ingresso no serviço de Inteligência do CBMDF. Sua contribuição será extremamente importante para o presente estudo, podendo refletir em futuras políticas de recursos humanos. Seja o(a) mais honesto(a) e sincero(a) possível. Assinale as alternativas que julgar corretas. Não é necessário se identificar, diga apenas o posto ou graduação e o tempo de efetivo serviço no CBMDF. Posto ou Graduação: ___________ Tempo de efetivo serviço no CBMDF: ___ anos. 1- Quanto tempo o Senhor (a) trabalha no Centro de Inteligência do CBMDF? ( ) menos de 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 2-. Como você foi escolhido para ingressar no Centro de Inteligência do CBMDF ? ( ) Pelo grau de confiança ( ) Pela lealdade ( ) Pela idoneidade ( ) Pela amizade ( ) Pela habilidade ( )Pelo conhecimento técnico ( ) Processo Seletivo ( ) Outros. Quais? 62 _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3- Quais as características que um profissional de Inteligência deve possuir? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4- Quais os problemas que um órgão de Inteligência pode enfrentar caso falhe na seleção de alguma agente? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5- Você tem conhecimento de algum agente de inteligência que foi desligado do serviço por não se adaptar ao serviço de Inteligência? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6- Você sabe quais são os requisitos inerentes ao seu cargo? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7- O Senhor (a) já passou por alguma avaliação psicológica, com a finalidade de avaliar suas características para atividade de Inteligência? ( ) Sim ( ) Não 63 8- O senhor (a) tem alguma especialização na área de Inteligência? ( ) Sim Quais? ( ) Não ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9- A sua especialização foi antes ou depois de ter ingressado na atividade? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 10- No seu ponto de vista, o senhor (a) acha interessante o candidato ao serviço de inteligência, se especializar antes ou depois de ser lotado na atividade? ( ) Antes ( ) Depois 11- Como o Senhor(a) acha que deve ser feito o processo de seleção para ingresso no Centro de Inteligência do CBMDF? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________