O SKATE EM SÃO BERNARDO DO CAMPO DIMITRI WUO PEREIRA ESPECIALISTA EM ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA UNINOVE EVELYN DE MENEZES GRADUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA FEFISA RESUMO O skate é uma prática de esportes de aventura que tem grande aceitação entre os jovens. Seu surgimento relaciona-se com a contra cultura dos anos de 1960-70, tendo sido fortemente influenciado pelo rock, pela rebeldia jovem, além das drogas e violência marcantes nesse período de contestação. Atualmente é muito mais aceito na sociedade e inclusive recebe crédito de formação social e educacional. Nesse sentido, o envolvimento de políticas públicas foi o alvo desse estudo e pudemos concluir que o skate pode ser uma ferramenta de aproximação entre a cultura jovem e a cidadania. INTRODUÇÃO O Skate surgiu na Califórnia nos anos 50. A influência do surf o tornou uma atividade de desocupados. No Brasil teve a mesma origem, sendo chamado de surfinho. O filme Lords of Dog Town retrata esse cenário. Adolescentes viviam em meio ao rock’n’roll, a violência, as drogas e as bebidas contestando valores sociais. Assim surgiu um esporte informal e sem regras. Com o advento da tecnologia nas rodas de poliuretano em 1970, que possibilitaram o aumento de velocidade sem perder aderência, o skate passou a voar (PEREIRA, 2007). OBJETIVO Esse estudo pretende revelar a importância do Skate no município de São Bernardo do Campo e sua influência na cultura esportiva dos jovens da região. MÉTODO Será usado o método descritivo exploratório com uma entrevista aberta nessa pesquisa, demonstrando a trajetória do skate na cidade, os impactos sociais e a importância na política pública municipal. O estudo se baseará na pista de Skate de São Bernardo do Campo, onde foi inaugurado em 2007, o maior parque de esportes radicais do Brasil denominado Parque Cidade Escola da Juventude - Cittá di Maróstica. A entrevista foi realizada com o administrador do parque, no próprio local em 02 de maio de 2008. A técnica de pergunta aberta possibilitou ao entrevistado falar com liberdade para expressar suas opiniões (THOMAS; NELSON, 2002: 281) sobre a criação do parque desde o início da primeira pista no local. A entrevista foi gravada e transcrita para aumentar a fidedignidade dos dados. RESULTADOS A pista de skate existente no parque atual manteve características originais desde a década 80, quando foi construído o bowl, espécie de piscina em cimento, com rampas que possibilitam deslizar em velocidade, semelhante às encontradas na Califórnia no mesmo período. Outra formação que se juntou ao bowl antigo e que persiste na pista é o three banks, uma rampa que pela sua qualidade técnica ainda preserva seu formato original. No início, apesar de ser palco da aparição de profissionais consagrados como Mineirinho, a pista abrigava skatistas, patinadores e bikers e o uso de drogas e brigas entre os freqüentadores era grande. No final do século XX, surge o programa municipal Juventude Cidadã com propostas de esporte e cultura. Iniciando uma discussão com os skatistas sobre a criação de um parque de esportes radicais. Das conversas entre os esportistas e os órgãos públicos iniciou-se o processo de implantação do parque, sendo a participação dos skatistas fundamental desde o planejamento até a execução da infra-estrutura e do funcionamento. O parque além da pista de skate que é considerada uma das maiores do mundo, tem half pipe profissional, pista de dirt jump para bikes, paredes de escalada, tirolesa, pista para caminhada e concha acústica para espetáculo, numa área de 15.000 metros quadrados, sendo 5.000 metros de pista de skate. A contratação de profissionais por concurso público e a estruturação do uso do parque com normas e regras de segurança e convívio, a princípio recebeu resistência dos próprios participantes das modalidades radicais, mas hoje com um trabalho de conscientização feito principalmente pelos skatistas mais experientes e famosos, o parque é um local onde o esporte radical é referência como atividade de lazer, competição e educação, pois as ações públicas com aulas de esportes radicais, proibição de consumo de bebidas e drogas e a presença da guarda metropolitana possibilitam que o espaço seja uma conquista dos cidadãos sobre o bem público e sobre a cidadania. CONCLUSÃO Os resultados da entrevista com relação à apropriação do espaço pela cultura do skate afirmado pelo entrevistado se reafirmam em Venini (2007), valorizando os significados encontrados nessa pesquisa. Percebemos que esse tipo de ação pública, compreendendo os esportes radicais como uma forma de sociabilidade e conquista da cidadania, tende a se espalhar pelo país, mas é preciso sensibilizar-se, como fez a administração de São Bernardo do Campo, para perceber na atitude e no comportamento dos jovens a formação das tribos como as existentes no parque de esportes radicais, entendendo seus símbolos, sua linguagem, sua vestimenta e seu comportamento, como propõe Uvinha (2001), pois só assim visualizaremos os elos de ligação com a sociedade do futuro. Entendemos também que o processo de decisão ouvindo os integrantes dessa comunidade skatista foi fundamental para a execução de um espaço público que respeitasse a cultura dessa comunidade. REFERÊNCIAS PEREIRA, D. W. Perfil de Skatistas do Parque da Juventude em São Paulo. In: Anais do 2º Congresso Brasileiro de Atividade de Aventura. UNIVALE, Governador Valadares, MG, 5 a 7 de julho de 2007. VENINI, A. Cultura radical no Skate Park em Sobral. Sobral - Ceará: Funcap, 2007. Relatório do Curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual Vale do Acaraú, - FUNCAP. On Line: Disponível em: <http://cienciadoskate.com/paper/0197.htm> Acesso em 20 de abril de 2007 THOMAS, Jerry, R.; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. (p. 281) UVINHA, Ricardo Ricci, Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Manole, 2001. _____________________ Dimitri Wuo Pereira - [email protected] Como referenciar este trabalho: PEREIRA, D. W.; MENEZ, E. O skate em São Bernardo do Campo: III CONGRESSO BRASILEIRO DE ATIVIDADES DE AVENTURA, 2008, Santa Teresa/ES. ANAIS III CBAA, ES, 2008.