Pátria, socialismo ou morte! para o século 21 Marsílea Gombata Sem meio termo entre o capitalismo ou o socialismo, o líder venezuelano, Hugo Chávez, optou pelo lema 'pátria, socialismo ou morte!' para o país. Para implantar o socialismo na Venezuela, o polêmico presidente aperta o cerco contra a oposição e mostra qual caminho deverá ser seguido. Com projetos de reformas constitucionais que vão desde a reeleição presidencial por tempo indeterminado até a implantação de um novo regime, a Venezuela está prestes a se transformar num Estado socialista. Chávez apresentará nos próximos dias à Assembléia Nacional um projeto constitucional para implementar o regime, sete anos depois da aprovação da Constituição bolivariana de 1999. - Votar no Chávez era votar no socialismo - relembra o deputado e advogado Carlos Escarrá. Escarrá afirma que as reformas eliminarão o limite de dois mandatos seguidos para a reeleição presidencial para "aprofundar o poder popular, promover a propriedade social sem reduzir a propriedade privada e implementar uma visão coletiva dos direitos fundamentais sem diminuir os direitos individuais". Chamado de socialismo do século 21, o regime desejado para o país sul-americano seria uma mistura de práticas antigas com novos ideais frente ao atual cenário geopolítico. - Chávez é a melhor coisa que já aconteceu à Venezuela. Queremos aprender com a História para fazer um novo tipo de socialismo que valoriza indígenas, cultura caribenha e herança maia explica o radialista Alfredo Pérez. - Cuba é excelente, mas estaremos mais abertos economicamente, já que Chávez não quer embargos. Para Pérez, o país seguiria princípios socialistas e a população teria riqueza em abundância, como "se observa no processo de distribuição de riquezas entre a população". Mas sem a União Soviética e a China comunista, o governo tende a se apoiar no marxismo e preservar modelos semelhantes aos de Cuba. - É ótimo o governo se preocupar com educação e saúde. Ao mesmo tempo, a tendência à ditadura é preocupante e lembra muito o regime cubano - avalia Tom Barry, analista político do Centro Para Política Internacional, no Novo México. Nacionalização de empresas, cooperativismo, missões sociais que distribuem a renda do petróleo entre pobres, sistemas gratuitos de educação e saúde garantem, por um lado, direitos e identidade ao povo venezuelano. Por outro, desfavorecem o desenvolvimento de empresas privadas e, conseqüentemente, parcerias com outros países. - O Estado será cada vez mais intervencionista e tratará de estatizar todos os serviços como fez com a telefonia. Chávez valoriza a economia regional e esquece da importância da macroeconomia por achar que está favorecendo o capitalismo - defende Humberto Njaim, cientista político e jurista da Universidade Metropolitana, em Caracas. - É um grande erro que trará conseqüências sérias aos venezuelanos. Outro ponto preocupante, segundo Njaim, seria o crescimento do armamentismo no país. Venezuela e Bielo-Rússia assinarão até terça-feira contratos de vendas de armas que somam mais de US$ 1 bilhão (R$ 1,8 bilhão). Nos últimos anos, o governo venezuelano gastou cerca de US$ 3 bilhões (R$ 5,6 bilhões) em armamentos russos. - Chávez quer um Exército socialista que garanta a segurança de seu governo e o apoio para um possível golpe de Estado - explica Njaim. - É um militarismo grande, caótico e difícil de controlar. "Os generais não aceitam o modelo comunista de Chávez", segundo manchete do jornal El Nuevo País, de Cararcas. Raúl Baduel, general que deixou o cargo de ministro da Defesa, criticou ferrenhamente o projeto chavista ao dizer que o socialismo do século 21 "não existe". Para o político e ex-guerrilheiro salvadorenho Joaquín Villalobos, Chávez arma as milícias da Revolução Bolivariana para "construir um poder paralelo contra o Exército". Jornal do Brasil http://www.exercito.gov.br/resenha - Acessado em 30/07/2007