A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA: UM ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS SALAS
DE AULA DO CICLO I DAS REDES PUBLICA E PRIVADA DE SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS-SP
Anne Meire Souza Alves1, Luciana Rocha de Lima Machado da Silva1, Mara Andrea
Silva1, Artur Rosa Filho2
1
Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP, Faculdade de Educação e Arte, FEA
Rua Tertuliano Delphin Jr., 181, Campus Aquarius, CEP 12246 -140 - São José dos Campos, SP.
2
Universidade do Vale do Paraíba, UNIVAP, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, IP&D
Núcleo de Pesquisa Formação de Educadores, NUPEFE
Avenida: Shishima Hifumi, 2911, Campus Urbanova, CEP 12244 000, São José dos Campos, SP.
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Resumo- Este artigo tem como foco tecer um parâmetro da indisciplina encontrada em uma sala de aula de
escola de ensino fundamental-ciclo I da rede pública e de rede particular de ensino, ambas da cidade de
São José dos Campos – SP. Através da fundamentação teórica, das pesquisas e das entrevistas, será
possível diagnosticar as possíveis causas da indisciplina existente em uma sala de aula, considerando
aspectos importantes para a identificação desta problemática existente e a participação da família neste
contexto. Verificaremos, através das pesquisas e entrevistas, algumas alternativas para amenizar este
problema, a fim de auxiliar os profissionais que de igual forma identificam-se com este problema.
Palavras-chave: indisciplina, ciclo I, ensino fundamental, sala de aula
Área do Conhecimento: Ciências Humanas (Educação)
Introdução
O objetivo geral deste artigo é realizar um
diagnóstico da indisciplina na sala de aula de duas
escolas, uma da rede pública e outra da rede
particular de Ensino Fundamental em São José
dos Campos – SP. Revelando os parâmetros
existentes nestas duas redes de ensino.
Objetivos específicos – diagnosticar o
problema, considerando os aspectos patológicos,
psicológicos,
pedagógicos
e
sociológicos;
Identificar soluções para esse problema que atinge
a maioria das escolas de educação básica;
Verificar através da aplicação de questionários de
que forma a família participa da vida escolar do
filho.
Justificativa – Atualmente, a indisciplina na sala
de aula tem gerado muitos conflitos entre
professor x alunos e também comunidade.
Segundo Tiba (1998) entende por indisciplina o
aluno que trás de casa a falta de limites não
estipulados pelos pais e excedem em sala de aula.
A falta de regras objetivas por parte da instituição
escolar favorece o abuso por parte dos alunos e
expõem o professor. Para Groppa (1996) o
assunto é complexo, há uma linha tênue entre
indisciplina e violência, envolvendo professores,
orientadores, diretores, pais e os próprios alunos,
o problema em geral é tratado de maneira
imediatista sem o circunstanciamento conceitual
necessário.
Segundo Celso Antunes, a sala de aula é e
sempre foi um espaço que expressa continuidade
da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não
será sala de aula verdadeira, não permitirá que o
aluno contextualize em sua existência os saberes
que ali aprende, a sala de aula é um reflexo da
sociedade. Diante desta realidade verificamos a
importância de obras que expressem a natureza
da indisciplina e aponte soluções de forma que
oriente professores e profissionais da área
educacional a conviver e a transformar esta
verdade existente no cotidiano da vida escolar.
Metodologia
A metodologia utilizada foi através de
observações em salas de aula, entrevistamos
professores,
coordenadores
e
realizamos
pesquisas com professores e pais, de uma escola
de ensino da rede pública e de uma escola da
rede particular, do ensino fundamental, na cidade
de São José dos Campos – SP. Com intuito de
obter resultados mais concisos e coerentes em
relação ao tema abordado.
Investigando, procurando apontar a indisciplina
e as alternativas para a solução inserida pelas
instituições de ensino de acordo com a
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necessidade
de
cada
sistema.
Obtendo
parâmetros em cada rede de ensino, de acordo
com a abordagem diferenciada que a escola
realiza.
Resultados
O resultados das entrevistas e das
observações em sala de aula foram:
Sobre indisciplina em sala de aula 80%
dos professores da rede pública consideram sua
sala de aula indisciplinada e na rede particular
20% .
As dificuldades encontradas nas duas
redes de ensinos são: falta de limites, falta de
interesse, problemas pessoais.
Estabelecer novas regras, aulas mais
dinâmicas, base familiar, diálogo professor aluno,
é o que os professores consideram necessário
para acabar ou melhorar com os problemas de
indisciplina em sala de aula.
As pesquisam realizadas com os pais
sobre a participação na unidade e na vida escolar
dos filhos.
Os pais da rede particular de ensino
participam ajudando nas festas, trazendo materiais
e auxiliando na decoração também, segundo
entrevista com a coordenação sobre a participação
dos pais, disse que estes cobram bastante a
instituição, em relação a qualidade de ensino e as
atitudes das autoridades escolares. Segundo a
pesquisa, 80% dos pais na rede particular
participam da vida escolar de seus filhos
comparecendo nas reuniões e participando das
atividades e reuniões escolares enquanto na rede
pública somente 30%.
Discussão
A educação deve preparar o indivíduo para o
exercício da cidadania, mas como tornar isso
possível quando o aluno que deveria ser um
participante deste exercício conhece apenas seus
direitos e desconhece seus deveres a respeito das
normas de relações interpessoais? Então surge a
indisciplina como um fator de negação à disciplina.
Vamos classificar a disciplina para podermos
compreender melhor a indisciplina. Extraído do
dicionário Aurélio, os conceito de disciplina e
indisciplina.
Disciplina:
•
Regime de ordem imposta livremente
consentida;
•
Ordem que convém ao funcionamento
regular duma organização (militar,
escolar, etc.);
•
Relações de subordinação do aluno ao
mestre ou ao instrutor;
•
Observância de preceitos ou normas;
•
Submissão a um regulamento.
Indisciplina:
•
Procedimento, ato ou dito contrário à
disciplina; desobediência; desordem;
rebelião.
Uma das dificuldades de classificar a
indisciplina é que ela nem sempre é considerada
como um ato infracional, ou seja, não recebe
punição, como um crime ou contravenção penal.
A disciplina é uma qualidade humana, portanto
deveria ser adquirida como um “valor”,
fundamental
para
as
pacíficas
relações
interpessoais.
Analisemos os aspectos patológicos, como
conseqüente a indisciplina. Alguns aspectos
patológicos encontrados que promovem a
indisciplina, são crianças distraídas ou hiperativas.
Observamos na escola particular uma criança
distraída, tem dificuldade de concentração e é
preguiçosa, em sala de aula se dispersa com
facilidade e é sempre a última a entregar os
exercícios à professora, geralmente leva tarefa
para terminar e trazer pronto na próxima aula.
Com este comportamento dispersa os outros, pois
chama sempre seu colega para conversar. Os pais
devem auxiliar, em casa, no estudo da criança
distraída, assumindo papel de ouvinte, pois esta
criança deve ler tudo em voz alta e depois explicar
o que acabou de ler, TIBA (1996). Não foram
observados casos de crianças hiperativas em
ambas as redes de ensino.
Aspectos psicológicos que promovem a
indisciplina em sala de aula são crianças com
depressão, desinteresse e baixa alto estima. Estes
alunos que apresentam sintomas de depressão
tem alguns sintomas apontados pelos professores
como indisciplinados, apáticos e preguiçosos, com
a sensação de que nada dará certo, se sente
derrotado, indiferente, vence a estimulação do
professor com uma resistência passiva, com
agressividade, rebeldia, desrespeito, falta de
limites. Quando são punidos tem sua situação
agravada, pois a sensação de desamparo se
eleva. O ideal é não tirar conclusões apressadas e
analisar a situação antes de atribuir qualquer
indisciplina à falta de educação, TIBA (1998).
Segundo Aquino (1996), estas atitudes de
indisciplina revela um sintoma das relações
familiares desagregadoras incapazes de realizar a
contento sua parcela no trabalho educacional. O
amor e atenção que os pais oferecem a seus filhos
interferem diretamente na criança, envolve toda
sua capacidade psicológica e social, muitas vezes
esta criança através de comportamentos como
indisciplina quer chamar a atenção de seus pais.
Conforme Tiba (1998) se o aluno quiser conquistar
algo que lhe seja importante, atingir uma meta
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pretendida, satisfazer a auto-estima, conseguir
amar e ser amado podem ser motivações
importantes para quebrar o clima do “tanto faz”.
Para isso é necessário reelaborar novas metas a
serem atingidas, indicá-lo a um especialista e
conversar com os pais para existir uma parceria,
no qual o aluno será tratado e todos serão
beneficiados.
Aspectos pedagógicos que promovem a
indisciplina são punições, imposições de regras e
postura dos professores. Não raro, nos
questionamos sobre educar ou punir. Segundo as
pesquisas e entrevistas com profissionais da área
da educação, a indisciplina surge quando existem
comportamentos descontrolados e desrespeito à
regras estabelecidas pela instituição educacional.
Atribuíram à indisciplina em sala de aula, ao
desinteresse por parte dos alunos e a limites
estabelecidos pelo professor, o fazer quando o
professor diz para não fazer, assim como
problemas
familiares,
podem
desencadear
comportamentos agressivos ou descontrolados.
Nesses casos a providência mais aconselhável é
ter um bom relacionamento com este aluno, de
forma que seja possível orientá-lo e descobrir a
causa da indisciplina, no entanto se o
comportamento desaconselhável acontecer, seria
prudente a orientação e direção dos líderes na
instituição, sobre a melhor forma de lidar com o
comportamento indesejável. Será necessário punir
ou procurar um especialista para cuidar da
situação. A disciplina não pode chegar ao aluno
como uma ordem, um castigo, um imperativo que
partindo do mais forte, dirige-se ao oprimido em
nome de seu conforto pessoal, mas como produto
de debate, reflexão, estudo de caso (ANTUNES).
Aspectos
sociológicos
que causam
a
indisciplina, são problemas no relacionamento pais
e filhos, falta de interesse por parte dos pais com a
vida escolar do filho, carência afetiva por parte do
filho. Conforme pesquisa realizada algumas
situações ocorrem devido ao descaso da família
no âmbito escolar, grande parte não auxilia os
filhos em tarefas escolares, não aparecem na
escola fora o período de reunião e não
comparecem a reuniões, só vão quando são
convocados. A escola precisa alertar os pais sobre
a importância de sua participação: o interesse em
acompanhar os estudos dos filhos é um dos
principais estímulos para que eles estudem. TIBA
(1998). É imprescindível que seja gerado uma
união envolvendo alunos, pais, professores,
inspetores, serventes e direção da unidade
escolar, pessoas comprometidas a construir
valores. Conforme Antunes, a construção de
regras implica tacitamente na proposição de
sanções quando de sua infringência, tal como no
esporte o descumprir da regra implica na falta, e
estas sanções necessitam menos castigar que
orientar, menos punir e bem mais relevar o sentido
e a significação de se viver em grupos.
Conclusão
Concluímos que a indisciplina transita nas
escolas da rede pública e na rede particular, o que
se difere são as atitudes e o relacionamento nas
instituições educacionais. Na instituição escolar
particular embora os pais sejam participativos, em
atividades, reuniões e mesmo cotidianamente, é
explícito a relação aluno/cliente existente,
invertendo os olhares. Quem julga por fim é o
aluno. E o resultado da indisciplina pode ser a
orientação de uma equipe multidisciplinar que
forneceria assistência a este aluno e de igual
forma a família, bem como pode ser inverso,
ocorrer à omissão do fato existente, tornando o
problema mais intenso com o passar dos anos.
Na instituição escolar pública não existe
respaldo algum por parte dos pais, a grande
maioria não participa da vida escolar de seus
filhos, não vão à escola às reuniões, muitos
preferem eximir a responsabilidade e transferi-la à
escola, em que o elo mais significativo são os
professores os quais são massacrados por essa
corrente da Educação e os alunos são os maiores
prejudicados. Porém muitas escolas fazem uso de
órgãos que auxiliam em casos extremos de
indisciplina, como o Conselho Tutelar e o
Ministério Público. É necessária uma relação entre
a comunidade e escola, para evitar que casos de
indisciplina aumentem e seja transposta para a
sociedade a qual pagará o preço pela omissão.
A escola é um espaço de cultura, interação,
exercício de cidadania. As experiências dos
alunos e professores (seu modo de agir, sentir, de
ver o mundo, seus sonhos, desejos, valores e
necessidades) são pontos basilares para a
efetivação de uma educação que concretize um
projeto
de
emancipação
dos
indivíduos
(FERREIRA). Existirão situações de indisciplina
em sala de aula e talvez sejam mais comuns do
que pensamos, enfrentá-los e superá-los é nosso
grande desafio, assim como transformar a sala de
aula em um espelho, ao menos um abrigo sereno
que sonha ser um pequeno modelo para uma
comunidade melhor.
Referências
- TIBA, Içami. Quem ama, educa! – São Paulo :
Editora Gente, 2002
Ensinar aprendendo. 3ª edição – São Paulo:
Editora Gente, 1998
Disciplina: limite na medida certa. 1ª edição – São
Paulo: Editora Gente, 1996
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- AQUINO, Júlio Groppa (organizador).
Indisciplina na escola – Alternativas teóricas e
práticas – São Paulo: Summus Editorial, 1996
- ANTUNES, Celso. A disciplina em sala de
aula.
–
Publicação
eletrônica:
Fonte
http://www.celsoantunes.com.br/pt/textos_exibir.ph
p?tipo=TEXTOS&id=18
- FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. A
indisciplina escolar e o ato infracional. – Artigo
Publicado
Eletronicamente:
Fonte
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/a_ind_
esc_ato_inf.pdf
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