Prevenir a indisciplina
Armanda Zenhas
É necessário que o professor conheça bem os seus alunos e a si próprio. Precisa de estar
consciente da dinâmica das relações interpessoais (aluno-aluno, aluno-professor, professoraluno) e de estar atento à adequação das actividades que propõe, relativamente à diversidade dos
alunos da turma.
Muito se tem falado de indisciplina nas escolas. Será ela um problema dos tempos modernos ou virá já de
tempos antigos? Quem não se recorda, independentemente da idade, das partidas que a sua turma
gostava de pregar aos professores e daquele colega que volta e meia levava falta disciplinar? Quais são
as causas da indisciplina? Como é que ela pode ser prevenida?
Os factores que favorecem a indisciplina são múltiplos:
- algumas características de cada nível etário;
- a falta de interesse pelas matérias leccionadas;
- dificuldade em acompanhar as matérias dadas na aula, por falta de bases ou por dificuldades de
aprendizagem;
- excessiva permissividade ou demasiado autoritarismo por parte do professor;
- aulas pouco motivadoras;
- dificuldades de relacionamento professor/alunos ou alunos/alunos;
- salas de aula sem condições;
- turmas demasiado grandes.
Sendo extensa, esta lista não esgota as causas de insucesso escolar da escola recente e da mais antiga.
Contudo a todas elas juntam-se agora outras, resultantes da massificação do ensino. O público-alvo da
escola é heterogéneo, social e culturalmente. Muitos alunos, oriundos de meios socioculturais
desfavorecidos e de zonas rurais, não se identificam com a linguagem da escola. Os graves problemas
que existem na sociedade (famílias desagregadas, toxicodependência, etc.) chegam às salas de aula.
Não obstante uma tão grande modificação da sua realidade sociocultural, a estrutura da escola não se
alterou grandemente.
Como prevenir a indisciplina?
É necessário que o professor conheça bem os seus alunos e a si próprio. Precisa de estar consciente da
dinâmica das relações interpessoais (aluno-aluno, aluno-professor, professor-aluno) e de estar atento à
adequação das actividades que propõe, relativamente à diversidade dos alunos da turma. A redução do
número de alunos por turma e o apetrechamento das salas de aula com material informático e outro
impõem-se.
Os professores desempenham novas funções (professor-tutor) e leccionam novas áreas (Área de
Projecto e Formação Cívica), nas quais os alunos podem desenvolver competências sociais
indispensáveis e realizar projectos motivadores que permitem aprendizagens em contextos menos
formais. Surgem novas profissões nas escolas, embora a um ritmo inferior ao desejado. É o caso dos
animadores culturais e dos psicólogos. Faz-se sentir muito a necessidade de assistentes sociais. A
colaboração das famílias com a escola precisa de ser reforçada.
Os novos desafios que a escola enfrenta não podem ser resolvidos pela exclusão dos sectores mais
desfavorecidos da sociedade. É preciso procurar respostas que passam pela criação de melhores
condições nas escolas, pela formação inicial e contínua dos professores em áreas como a sociologia,
pelo envolvimento das famílias e da comunidade e pelo trabalho de equipas multidisciplinares. Lá diz o
ditado: "Mais vale prevenir que remediar!".
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