ANO V Nº 17 ABR.MAI.JUN. 2009 pág. 3 A difícil disciplina em sala de aula Foto: Stock.XCHNG 6 pág. Entrevista Como os professores podem estimular o uso das novas regras ortográficas em sala de aula? Conheça a opinião do educador e pesquisador José Hamilton Jr. pág. 4 Inovação Revitalizadas pela Fundação Cargill, seis Bibliotecas Públicas e Salas de Leitura são entregues em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Rondônia. pág. 9 Sala do Professor Programas “de grão em grão” e Fura-Bolo estimulam projetos voltados a alimentação e folclore em Uberlândia, Minas Gerais. pág. Atualmente, administrar a rotina da sala de aula exige mais do professor? A relação aluno-professor está mais delicada e pode ter reflexos no processo de ensino-aprendizagem? Sim, segundo a educadora Marlene Isepi, orientadora pedagógica da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (USP). Baseada em uma experiência de 25 anos junto a crianças e adolescentes, a professora constata que o relacionamento entre alunos e professores está cada vez mais conflituoso, independente da fase escolar ou faixa etária dos estudantes. Isso devido, principalmente, à indisciplina e à falta de respeito ao interesse coletivo, o que provoca atritos entre os alunos e também entre o grupo e os professores. Para a psicóloga Yara Sayão, membro da equipe do Serviço de Psicologia Escolar da USP, a vida do 12 Palavra do Voluntário Compromisso e criatividade ampliam atividades em escolas de Ponta Grossa, no Paraná. professor está mais difícil. O maior problema? Falta de autoridade. “O desrespeito à autoridade é um produto social de nossos tempos. Os adultos têm dificuldade em colocar limites, o que é necessário, principalmente com a maior proximidade entre adultos e crianças, um fator positivo que pode acabar em conflito explícito. Caso a postura e ação de quem deve exercer a autoridade não sejam claras e explícitas, as crianças também se sentem inseguras e se perguntam: quem cuida de mim? Quem é responsável por mim?”. Continua na página 6 1 Editorial Trajetória responsável P odemos afirmar que a partir dos anos 90 o Brasil assistiu a uma forte e contínua intensificação do surgimento de programas sociais voltados ao incremento da cultura, educação e saúde em comunidades menos favorecidas. Na época, iniciou-se a disseminação de ONGs (Organizações Não-Governamentais), fundações e institutos. Todos originados pelo desejo de participação da sociedade civil no desenvolvimento do País e pelo capital privado em benefício de interesses públicos. A atuação da Fundação Cargill espelha claramente esse momento, desde que iniciou suas atividades em 1973, quando foram dados os primeiros passos para alcançar os resultados positivos originados, em muitos casos, de ações que hoje mostram sua grandeza e fundamental importância para a melhoria da qualidade de vida de milhares de brasileiros. A Fundação Cargill, assim como outras entidades, trilhou uma trajetória responsável nos últimos anos, o que faz com que hoje tenhamos orgulho de avaliarmos nossos programas e comemorarmos seus resultados. Neste ano, completamos 10 anos do Programa de Apoio ao Ensino Fundamental, o Fura-Bolo, e 5 anos do Programa “de grão em grão”. Passo a passo, incentivamos novas práticas inovadoras e lúdicas em dezenas de escolas municipais, com o intuito de colaborar na formação de cidadãos brasileiros e apoiar o desenvolvimento de comunidades nas quais a Cargill está presente. Com o Fura-Bolo, levamos à toda comunidade escolar literatura de qualidade, que valoriza a cultura nacional, por meio dos livros da Coleção Fura-Bolo e de sugestões de atividades aos educadores, incentivando-os à leitura. Com o “de grão em grão”, expandimos nossa presença nas diferentes localidades, levando ações voltadas à agricultura familiar e ao alimento seguro, tendo como ponto de partida a implantação de hortas escolares. No mundo da Biblioteconomia A Biblioteconomia é a ciência que estuda o planejamento, análise, implementação, organização e administração da informação em bibliotecas, bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação, internet, editoras etc. A palavra Biblioteconomia é composta por três elementos gregos: biblíon (livro) + théke (caixa) + nomos (regra). Assim, podemos dizer que a Biblioteconomia é o conjunto de regras para a organização de livros em diferentes espaços: estantes, salas, armários etc. Essa organização vai desde a ordenação dos livros num sistema lógico de classificação de conhecimentos até tornar o acervo conhecido para que seja utilizado pelo maior número de pessoas. Esse trabalho começa antes do livro chegar à biblioteca. Ou seja, por meio de uma cuidadosa seleção dos títulos que realmente atenderão aos interesses e necessidades dos usuários. Mas com o avanço das ferramentas de comunicação e ampliação de informações disponíveis em bibliotecas e salas de leitura, a Biblioteconomia, além do gerenciamento de livros, armazenamento e recuperação de informações, envolve acervos diversos como quadros, discos, peças de museus, mapas, CD-Rom, brinquedos, revistas, jornais, gibis etc. No dia 12 de março é comemorado o Dia do Bibliotecário, o profissional formado em Biblioteconomia, curso universitário com duração de quatro anos. Antigamente conhecido como guardador de livros, hoje o bibliotecário faz a mediação do crescente fluxo de informação da era virtual com o usuário. Assim, trata-se de um profissional dinâmico, receptivo e disposto a colocar em prática seus conhecimentos de forma objetiva, crítica e clara para que o usuário tenha acesso às informações que procura. Confira a nomenclatura de alguns dos acervos que fazem parte da rotina das bibliotecas e, consequentemente, dos bibliotecários: Pinacoteca: acervo de quadros Hemeroteca: acervo de recortes de jornais e revistas Gibiteca: acervo de gibis Brinquedoteca: acervo de brinquedos Mapoteca: acervo de mapas Videoteca: acervo de vídeos Discoteca: acervo de discos •• •• •• • O Jornal Fundação Cargill é uma publicação trimestral dirigida a educadores e voluntários participantes dos programas sociais da Fundação Cargill, instituições e entidades do Terceiro Setor. Caixa Postal 28704-0 CEP 04948-990 – São Paulo – SP – Tel: (11) 5099-3257 – Fax (11) 5099-3258 www.cargill.com.br – Comitê Editorial: Denise Cantarelli, Aline Machado, Denyse Barreto e Kátia Karam Gonzalez – Direção Editorial: Afonso Champi – Coordenação Editorial e Jornalista Responsável: Lúcia Pinheiro (MTb 18.755) – Conteúdo Editorial: Plural Publicações Corporativas – Design, Editoração Eletrônica e Produção Gráfica: Oz Design Fotos: Fundação Cargill e Cargill. Essa é apenas uma síntese do trabalho realizado por centenas de educadores, alunos e voluntários, cujo comprometimento e dedicação devem ser, mais uma vez, comemorados e reconhecidos em mais um aniversário dos programas da Fundação Cargill. E você também faz parte desta história. Parabéns! Marcelo Martins Presidente da Fundação Cargill 2 Foto: Divulgação Nosso entrevistado Reforma ortográfica na prática Neste ano, entrou em vigor a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, atendendo ao acordo firmado entre Brasil e Portugal nos anos 90. Mas até 2012, valem oficialmente as duas grafias, a antiga e a nova. E os livros didáticos atualizados devem chegar às escolas em 2010. Para falar sobre como o educador deve administrar essa duplicidade em sala de aula, o Jornal Fundação Cargill entrevistou José Hamilton Jr., professor de Língua Portuguesa e pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). JFC – Quais são suas principais orientações para os professores do Ensino Fundamental? JH – De início, procurar conhecer essas regras e utilizá-las sempre. Progressivamente, chamar atenção dos alunos para as novas regras e exigir que as utilizem, auxiliandoos a entender o que mudou. Com o tempo, eles passarão a achar estranho as grafias como tranqüilo ou enjôo. Assim como nós, hoje, achamos muito estranho quando lemos, num livro antigo, a palavra cafèzinho escrita com acento grave no e. Quando isso acontecer, o que não vai demorar muito, as novas regras já terão sido definitivamente incorporadas ao uso. Jornal Fundação Cargill – Vamos conviver com as duas regras ortográficas (a antiga e a nova) até 2012. Como essa duplicidade interfere no processo de ensino/aprendizagem? José Hamilton Jr. – Neste período de transição, haverá alguma dificuldade, tanto da parte de professores quanto dos alunos. Os professores devem fazer um esforço no sentido de auxiliar seus alunos a adotarem progressivamente as novas regras. Mas, como as mudanças não são tantas assim e as editoras de livros didáticos e a imprensa estão fazendo um grande esforço de adaptação às novas regras, não acredito que essas dificuldades sejam significativas. Além disso, um ponto facilitador dessa reforma é a simplificação da ortografia. O trema é um bom exemplo. É muito mais fácil omitir o trema ao escrever uma palavra do que ter de lembrarse de empregá-lo. O mesmo se dá com certos acentos gráficos e com o uso do hífen, cujas regras ficaram mais simples. É preciso considerar que ortografia é algo que se aprende progressivamente, pelo uso. JFC – Na sua opinião, as mudanças foram substanciais? JH – Na prática, pouca coisa muda e, no Brasil, menos do que em Portugal e nos demais países de Língua Portuguesa. A reforma buscou eliminar tudo o que provocasse discordância entre a ortografia portuguesa e a brasileira. Por exemplo: palavras como vôo, idéia, européia já não apresentavam acento na ortografia de Portugal, só no Brasil. Esses acentos discordantes são eliminados, e passamos a escrever voo, ideia, europeia. Em contrapartida, palavras como ação, direção, ótimo, em Portugal, se escreviam acção, direcção, óptimo. As letras c e p, não pronunciadas, deixam de ser utilizadas na ortografia portuguesa. O trema, só utilizado no Brasil, deixa de ser usado. Procurou-se também uniformizar outras discordâncias e incoerências, o que afeta principalmente o uso do hífen e de acentos diferenciais. Algumas palavras passam a ter duas grafias possíveis, o que não significa que uma será brasileira e a outra portuguesa: ambas devem ser aceitas, tanto no Brasil quanto em Portugal e nos demais países de Língua Portuguesa. Duplas grafias já ocorrem em várias palavras da língua. Por exemplo: palavras como quota/cota, quotidiano/cotidiano, verosímil/verossímil, entre outras, admitem grafias duplas. Nesses casos, quem escreve escolhe a forma que lhe parecer mais conveniente. JFC – O fato de os livros didáticos ainda não adotarem as novas regras pode confundir? JH – Isso depende muito da forma como o professor fizer uso do livro. O professor pode até valer-se disso nas suas aulas: ao deparar com uma palavra escrita na grafia antiga, pode chamar atenção dos alunos para esse fato, solicitando, por exemplo, que a palavra seja adaptada à grafia nova. O aluno torna-se, assim, revisor do próprio livro. É claro que isso não pode ser feito o tempo todo, em todas as aulas, mas em momentos em que o trabalho com a escrita e a leitura o permitir. Porém, se o professor que usa um livro na ortografia antiga nunca chamar atenção dos alunos quando surgir uma palavra cuja grafia mudou, o aluno poderá não saber qual grafia deve usar, e isso pode confundi-lo. 3 Inovação Fundação Cargill revitaliza espaços de leitura A o dar continuidade à sua política de apoio ao desenvolvimento cultural e educacional, a Fundação Cargill entregou novos espaços de leitura em seis cidades atendidas pelo Programa de Apoio ao Ensino Fundamental, o Fura-Bolo, e pelo “de grão em grão”. Cidades beneficiadas Com um investimento de R$ 78 mil, a Fundação Cargill revitalizou Bibliotecas Públicas e Salas de Leitura em São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Roraima e Mato Grosso do Sul. As novas Bibliotecas Públicas e Salas de Leitura foram inauguradas nas seguintes cidades: Barreiras (BA) Sala de Leitura do Colégio Municipal Eurides Sant’anna - 1.177 alunos Ilhéus (BA) Sala de Leitura do Grupo Escolar Professor Paulo Freire - 900 alunos Porto Ferreira (SP) Biblioteca Pública Municipal Professor Flávio da Silva Oliveira - 4 mil usuários/mês Porto Velho (RO) Sala de Leitura da Escola Estadual de Ensino Fundamental São Sebastião I - 328 alunos Sorriso (MT) Sala de Leitura da Escola Municipal Gente Sabida - 450 alunos Três Lagoas (MS) Sala de leitura da Escola Municipal Rural Antônio Camargo Garcia - 250 alunos Colégio Municipal Eurides Sant’anna, Barreiras (BA) O valor foi doado por funcionários da Cargill em São Paulo, durante a campanha Um dia para o futuro, realizada em dezembro de 2007. As localidades beneficiadas foram selecionadas por meio do Concurso Revitalização de Bibliotecas Públicas ou Implantação de Salas de Leitura, do qual participaram todas as unidades da empresa. As seis cidades vencedoras foram escolhidas por um comitê formado por funcionários de diferentes áreas de negócio de São Paulo. Grupo Escolar Professor Paulo Freire, Ilhéus (BA) 4 Novo mobiliário da Sala de Leitura da Escola Estadual de Ensino Fundamental São Sebastião I, Porto Velho (RO) Aluno consulta acervo na Biblioteca Municipal, Porto Ferreira (SP) Parcerias de valor A Fundação Cargill coordenou todas as etapas do projeto de revitalização, composto por adequação de layout, aquisição de novas estantes, mesas, cadeiras, brinquedos ludoeducativos para a formação de brinquedotecas e novos títulos de livros para compor o acervo. “Todo o trabalho esteve voltado para a humanização do espaço, tornando-o mais acolhedor e aconchegante, com o objetivo de atrair cada vez mais leitores para as Salas de Leitura e Bibliotecas”, explica Denise Cantarelli, gerente da Fundação Cargill. Para concretizar a revitalização das B i b l i o te c a s P ú b l i c a s e S a l a s d e Leitura, a Fundação Cargill contou com a colaboração voluntária dos seguintes parceiros: • Expresso Araçatuba: fornecimento de transporte de mobiliário. • Gerentes das fábricas da Cargill: fornecimento de tinta, pincel, ventiladores e material para os reparos das salas. • Voluntários: reparos elétricos, pintura das salas, montagem de estantes. • Editoras Moderna, Paulus, Casa de livros, Girassol, Peirópolis: doação de 200 títulos para as seis cidades. Brinquedos ludoeducativos da Escola Municipal Gente Sabida, Sorriso (MT) Brinquedoteca da Escola Municipal Rural Antônio Camargo Garcia, Três Lagoas (MS) 5 Em debate, a disciplina Foto: Stock.XCHNG escolar 6 D e acordo com pesquisa da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Brasil e do Ministério da Educação, a violência faz parte da vida escolar e prejudica alunos, educadores e funcionários do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas. Os casos registrados vão desde agressão verbal até ameaças que podem acabar em violência física. O levantamento, realizado em cinco capitais brasileiras (Belém, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre) e no Distrito Federal, ouviu alunos, educadores e funcionários nos anos de 2003 e 2004. O resultado espelha um ambiente escolar tenso, apontando como principais causas a falta de respeito, a indiferença à presença do professor e a desconsideração ao poder dos docentes. Para 16% dos alunos, a relação entre os colegas e dos estudantes com professores e funcionários é péssima ou ruim; e, para 39%, é mais ou menos. Apenas 45% dos entrevistados optaram pela alternativa boa ou ótima. As agressões verbais sofridas pelos adultos ocorrem com frequência: mais de 37% de professores e funcionários afirmaram terem sido vítimas de insultos, palavras agressivas, palavrões e outras violências. capitão do navio, o único adulto em sala de aula, o professor precisa exercer o poder de autoridade, sem rigidez, mas por meio de regras claras que devem ser respeitadas. Para isso, é preciso um trabalho coletivo, no qual a instituição (escola) apoia o individual (professor)”, avalia. A orientadora pedagógica Marlene Isepi, da Escola de Aplicação da USP, enfatiza a prática do diálogo para que o interesse coletivo prevaleça. Ela conta que muitos professores conseguem, por meio da conversa em grupo e de uma maior aproximação com alunos, envolver a classe para discutir situações de falta de respeito e indisciplina, debatendo e resolvendo os problemas com todos os envolvidos, de forma clara e transparente. O passo inicial para reverter esse cenário de agressão contra a autoridade dos educadores e de violência entre os alunos está na definição de regras claras de convivência coletiva, segundo Marcos Rolim, consultor da Unesco Brasil. “Direitos, deveres e procedimentos devem constituir o documento básico de qualquer escola. E, ao mesmo tempo, é preciso criar espaços institucionais para a resolução de conflitos pelo uso da palavra, em cada sala de aula. Ofensas, humilhações, ameaças e tantas outras ocorrências cotidianas deveriam ser tratadas imediatamente em ‘círculos restaurativos’ que promovessem o arrependimento, o perdão e o pacto. Há uma tendência em responsabilizar a educação sem limites vivida no meio familiar. Mas a escola tem sua responsabilidade, o que na maioria das vezes não fica clara. Em síntese, nossas escolas precisam de uma nova instituição, fundada no valor da palavra e no debate”, opina. Para Marlene, o comportamento de crianças e jovens reflete o novo mundo movido a tecnologia, o mundo do imediatismo. Ou seja, eles, assim como muitos adultos, exigem o máximo de rapidez para solucionar questões, “em apenas um toque no mouse”, que, em sua maioria, dependem de diálogo, compreensão e prática de valores que sustentam a convivência social saudável. A coordenadora acredita que a melhor solução para os conflitos na comunidade escolar está na afetividade, no trato interpessoal e nunca na exclusão velada daquele que foge às regras ou na punição. “No fundo, crianças e adolescentes valorizam o contato carinhoso com o adulto. Eles gostam de atenção e reconhecimento. Mesmo no mundo da internet, os alunos ainda ficam muito satisfeitos ao receberem uma prova corrigida pelo professor, com as observações ‘parabéns’, ‘muito bem’ e ‘valeu o esforço’”, conclui Marlene. Questão de autoridade Para a psicóloga Yara Sayão, membro da equipe do Serviço de Psicologia Escolar da Universidade de São Paulo (USP), o papel de autoridade é fundamental. “Na escola, o professor é quem norteia os valores, independente da educação recebida em casa. O papel da escola não está limitado a ensinar as diferentes disciplinas. Ela tem uma função social importante. Ela forma cidadãos. Como 7 Cantinho da Leitura dica de receita O Suco de beterraba livro Festas: o folclore do Mestre André, de Marcelo Xavier, da Editora Formato, faz parte da coleção O folclore do Mestre André. A obra reúne ilustrações tridimensionais, com personagens e o b j etos d e cen a m o l d a d os em massa plástica (massa de modelar) em pequenos cenários e fotografados, acompanhados de textos informativos sobre as diversas manifestações populares brasileiras como Círio de Nazaré, Festa do Rosário, Carnaval, Festa de Iemanjá, Festas Juninas e Natal. A introdução, escrita pelo próprio autor, nos mostra claramente a importância do folclore, apresentando-o como algo vivo, que faz parte do presente, de nossas vidas, transmitido por meio da oralidade e não apenas algo que faz parte do passado, das tradições. O autor instiga os leitores a pesquisarem sobre outras festas como A festa de Nossa Senhora dos Navegantes, As Cavalhadas de Pirinópolis e outras. O escritor e também artista plástico recebeu vários prêmios por suas obras. Vale a pena ler esse livro! O que você precisa 1 beterraba cozida limão com casca, sem caroço 1 limã 1 litro de água 6 colheres de sopa de açúcar c Modo de preparo Bater, no liquidificador, primeiro a beterraba e coar. pri Adicionar o restante dos ingredientes e bater bem. Coar e bater novamente. Empadão padão de vegetais Ainda sobre folclore, cultura popular, indico o livro Viagem pelo Brasil em 52 histórias, de Silvana Salerno, com belas imagens do ilustrador chileno Cárcamo, da Editora Companhia das Letrinhas. A obra apresenta a diversidade d a c u l tu r a b r a si l e i r a , dividida nas cinco regiões . C a d a c ap í tul o i n i c i a com o mapa da região enfocada, situando as narrativas, que são enriquecidas com notas complementares sobre a fauna, a flora, os costumes, a culinária, a linguagem, a arte etc. A primorosa obra apresenta poucas lendas conhecidas e muitas outras desconhecidas, em que o leitor será convidado a embarcar pelo mundo da fantasia, prazerosamente viajando de norte a sul do Brasil em 52 histórias. É um livro repleto de prazer, informação, cultura e divertimento, material riquíssimo para abordar a pluralidade cultural, marca da identidade do povo brasileiro. Vale a pena a leitura desta obra! O que você precisa ½ xícara (chá) de arroz cozido ½ xícara (chá) de talos ½ xícara (chá) de cenoura cozida 1 xícara (chá) de leite 2 colheres (sopa) de óleo 2 colheres (sopa) de farinha de trigo 1 gema Como preparar Misturar o óleo, a farinha e a gema. Acrescentar o arroz e os vegetais cozidos. Distribuir em forma e colocar em uma forma grande com água. Deixar no forno até dourar. Fonte: Culinária Franklin – Aproveitamento Integral dos Alimentos, Escola Municipal Franklin Delano Roosevelt, Guarujá (SP), uma das escolas que integram o Programa “ de grão em grão”. Kátia Karam Gonzalez, pedagoga do Programa Fura-Bolo 8 E ntre as atividades desenvolvidas por educadores e alunos da Escola Municipal Professora Stella Saraiva Peano, de Uberlândia (MG), dois projetos foram destacados pela comunidade escolar: Aproveitamento Integral dos Alimentos e Folclore. Baseadas no Programa “de grão em grão”, professoras da 1ª. série, com o apoio das famílias das crianças, realizaram trabalho de conscientização dos valores nutritivos de todas as partes dos legumes, frutas e verduras: polpas, cascas, folhas, sementes e talos, que geralmente são descartados. As receitas foram desenvolvidas em sala de aula de maneira interdisciplinar, ou seja, nas aulas de Matemática, os alunos avaliaram pesos, quantidades e formas dos alimentos; em Português, o uso correto da grafia de cada alimento; em Ciências, o valor nutritivo; e em aulas de História e Geografia, o desperdício Receitas priorizaram valor nutritivo dos alimentos sala do professor Alimentação e folclore em destaque dos alimentos. Para finalizar, no encontro Feira do Conhecimento, foram expostos as informações coletadas Conhecimento e variados pratos preparados pelas mães dos alunos com folhas, talos e cascas de legumes, frutas e verduras. O Programa Fura-Bolo incentivou professores e alunos a reforçarem as ações voltadas à valorização da cultura nacional. Por meio do Projeto Folclore, foram realizadas atividades voltadas ao resgate de brincadeiras, lendas, parlendas , provérbios etc. Por meio de materiais recicláveis, os alunos construíram diferentes personagens do folclore brasileiro. Como material de apoio, os professores utilizaram o livro Meio-dia, panela no fogo, barriga vazia, da Coleção Fura-Bolo. Todos os trabalhos também foram expostos na Feira do Conhecimento. Livro da Coleção Fura-Bolo orientou educadores e alunos 9 2 RR Segurança alimentar AP • AM CE MA PA 3 PI AC RO 2 RN PB PE AL TO SE BA MT DF GO MG ES MS SP 4 1e 6 RJ 5 PR Em Sinop (MT) , a Escola Municipal Belo Ramo lançou o Projeto Meio Ambiente – Horta, com o objetivo de incentivar o hábito alimentar saudável entre alunos e moradores da comunidade. Vinculada ao Programa “de grão em grão”, a iniciativa foi divulgada em evento que reuniu alunos, pais, educadores e voluntários da Fundação Cargill. Como convidado do encontro, o voluntário Jovani Busanelo, gerente da unidade da Cargill em Sinop, apresentou os programas Fura-Bolo e “de grão em grão”. Os alunos também participaram por meio de uma representação teatral baseada no “de grão em grão”. SC 3 RS Encontro de Formação Continuada 1 Atividade nutritiva Como parte das atividades relacionadas ao Programa “de grão em grão”, a Escola Municipal Franklin Delano Roosevelt, do Guarujá (SP) , incentivou ações de combate ao desperdício de alimentos no Brasil. Para promover a utilização de partes nutritivas dos alimentos que geralmente são descartadas, alunos e professores reuniram diversas receitas no livreto Culinária Franklin – Aproveitamento Integral dos Alimentos (veja sugestão de receita na pág. 8). Entre as dicas de pratos estão bife de casca de banana, massa de pizza feita com pães amanhecidos e bolo de casca de abacaxi. • 10 Com a colaboração de 300 voluntários, a Fundação Cargill realizou a edição 2009 do Encontro de Formação Continuada, voltado aos educadores de escolas participantes dos programas Fura-Bolo e “de grão em grão”. Baseados nos temas Motivação e leitura e Da horta à sala de aula, passando pela merenda escolar, participaram dos treinamentos 1.625 educadores e 430 merendeiras, de 13 municípios de oito Estados, entre eles, Balsas (MA) . • Treinamento em Balsas (MA) 4 Presente de formatura Ao completarem a 4ª série, em 2008, um grupo de alunos da Escola Maria Ignes Blanco Abreu, de Mairinque (SP) , presenteou a Fundação Cargill com o poema Fura-Bolo. Confira: • limoeiro, hortelã, manjericão, entre outras, os alunos montaram um livreto. O trabalho fez parte da exposição das atividades realizadas a partir dos programas Fura-Bolo e “de grão em grão”, quando os alunos também participaram de apresentações de teatro e outras atividades (fotos). Quando iniciei na primeira série O Fura-Bolo conheci Me encantei com as histórias E muitas coisas aprendi Histórias que jamais se viu Um mundo novo se abriu Adivinhas, parlendas e receitas Isso deixa muita gente satisfeita 6 Ele traz para o nosso dia Muita riqueza e magia Conseguimos aprender Com muito mais prazer Visitas em São Paulo • O grupo de voluntários da Fundação Cargill, em São Paulo (SP) , constatou o avanço dos programas Fura-Bolo e “de grão em grão”, ao visitar as escolas municipais Franklin Delano Roosevelt e Mário Cerqueira Leite Filho, ambas no Guarujá. Além do ótimo trabalho desenvolvido, eles receberam uma boa notícia da diretora Cássia Espinosa, da Escola Municipal Franklin Delano Roosevelt. A escola, que até então oferecia apenas Ensino Especial, a crianças com deficiência, também passou a atendê-las com o Ensino Fundamental, o que permite dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos com alunos que anteriormente eram transferidos para outras unidades. Na Escola Municipal Mário Cerqueira Leite Filho, o que mais chamou a atenção dos voluntários foi o cuidado de educadores e alunos com a horta implantada pelo Programa “de grão em grão”, que ocupa um amplo espaço na escola. Nestes quatro anos Cada dia uma novidade O Fura-Bolo trouxe pra mim Instrução e felicidade Fadas, bruxas, matutos Personagens inesquecíveis Leitura que nos deixa atentos São esses pensamentos Saindo da quarta série Vou levar muitas lembranças Músicas e teatro Brincadeiras de criança Obrigado à Cargill Por esse projeto maravilhoso Entendemos todos juntos QUE APRENDER PODE SER GOSTOSO! 5 Ação criativa O Programa “de grão em grão” motivou uma atividade inovadora. Com o apoio do livro A rua de cima ... A rua de baixo..., a professora Maria do Rocio da Cruz dos Santos, da Escola Municipal Professora Berta Rodrigues Elias, de Paranaguá (PR) , propôs aos seus alunos da 4ª. série a produção de um herbário. As crianças pesquisaram e coletaram folhas de diferentes árvores frutíferas e de ervas. Com amostras de folhas de goiabeira, jaboticabeira, • 11 Palavra do Voluntário Dedicação e criatividade fazem a diferença H á quatro anos, José Carlos Martins, funcionário da Cargill na Unidade idade de Ponta Grossa e voluntário da Fundação undação Cargill, ampliou olas municipais da cidade suas atividades nas seis escolas as Fura-Bolo e “de grão em participantes dos programas 5, José Carlos incluiu grão”. Isso porque em 2005, ário oferecer às em seu trabalho voluntário obre produtos crianças informações sobre agrícolas. O primeiro a ser apresentado aos tros, José Carlos alunos foi a soja. Nos encontros, alou sobre seu mostrou o grão de soja e falou processamento industrial. E o mesmo foi feito com o milho, em 2006. Em 2007, o voluntário, com o apoio da unidade da Cargill de Ilhéus (BA), coletou informações e materiais sobre os produtos derivados do cacau, levando até as escolas informações A aluna Gabriele Benhuk, da Escola Loise Foltran de Lara, e o voluntário José Carlos Martins sobre a fabricação do chocolate, da manteiga e do licor de cacau. Uma ação que estimulou a Professor Heitor Ditzel, por exemplo, foi realizada uma curiosidade das crianças, como conta José Carlos: pesquisa, cujo resultado, por meio de cartazes, compôs uma “Apenas duas crianças conheciam o fruto. Então, surgiu a exposição aberta aos moradores da comunidade local. necessidade de dar continuidade ao assunto”, explica. Esse é o reflexo de apenas um dos trabalhos realizados Para isso, o voluntário pediu a ajuda de Joney Fernandes por José Carlos junto às escolas que participam dos Farias, engenheiro ambiental da Fundação Cargill, programas da Fundação Cargill. O voluntário visita que enviou alguns frutos de cacau para Ponta Grossa. regularmente alunos e educadores, participando “A partir daí, levantei informações sobre o cacau e fiz ativamente da vida escolar. Sempre próximo a todos os acontecimentos, José Carlos conta com satisfação que exposições nas escolas. Foi uma festa”, conta José Carlos, dedica seus momentos de folga às crianças. “Mesmo que utilizou histórias da Coleção Fura-Bolo para em dias não agendados para visitas, minhas caminhadas ilustrar a apresentação. pelas ruas onde moro acabam me levando à Escola Heitor Ditzel, que fica a dois quilômetros da minha casa. A iniciativa fez com que alguns educadores aprofundassem o estudo sobre o fruto em sala de aula, Vou andando e, sem perceber, chego lá e aproveito para por meio de diferentes atividades. Na Escola Municipal fazer mais uma visita”, conta com orgulho. 12