ANO VII 4 pág. N º 2 7 O u t . N o v. D e z . 2 0 1 1 Após 12 anos, escolas dão continuidade ao Fura-Bolo 3 pág. 11 Entrevista Adriana Rocha, educadora da Escola Municipal Vovô Isaac, de Ilhéus (BA), conta sua experiência e os resultados conquistados por meio do Fura-Bolo. pág. 13 Novidades em 2012 Programa “de grão em grão” ganha novos materiais de apoio e Encontro de Formação Continuada, em 2012. pág. 16 Laboratório natural Professores e alunos mostram atividades desenvolvidas nas hortas escolares. pág. Após a implantação e manutenção do Programa FuraBolo desde 1999, em 24 municípios, a Fundação Cargill assume novos desafios e entrega a continuidade do programa aos educadores e alunos. A partir de 2012, a Fundação Cargill mudará o foco de atuação e iniciará um novo trabalho em apoio à qualidade da alimentação nas comunidades onde está presente. Durante 12 anos, o Fura-Bolo fez parte da rotina de 185 escolas municipais, beneficiando 20 mil educadores e 600 mil alunos. Graças à Coleção Fura-Bolo, produzida especialmente para o programa, as escolas tiveram acesso a produções de diferentes gêneros literários Palavra do voluntário Marco Macia, diretor da Fundação Cargill, destaca a importância do trabalho dos voluntários para o novo desafio da instituição. de autoria de renomados escritores nacionais. E, por meio da ação de voluntários, a Fundação Cargill criou todas as condições para que agora a comunidade escolar caminhe seguindo os princípios e atividades do programa como referencial para o desenvolvimento de novas ações dentro e fora da sala de aula. Continua na página 6 Editorial Novo ano, novos desafios A o encerrarmos mais um ano de ações voltadas ao apoio do desenvolvimento das comunidades nas quais a Fundação Cargill está presente, temos a satisfação de relatar importantes resultados alcançados pelo Programa Fura-Bolo, graças ao empenho e dedicação de educadores e voluntários. Com o Fura-Bolo, conquistamos significativas transformações na área da educação, a partir dos livros da Coleção Fura-Bolo. O que certamente possibilitará a continuidade, por parte de professores e alunos, desse trabalho que transformou a realidade da sala de aula de escolas municipais de 24 municípios, durante seus 12 anos de realização. Ainda nesta edição do Jornal Fundação Cargill, reforçamos nosso compromisso de mantermos nossa atuação nas comunidades, agora com o foco em alimentação. Um desafio necessário diante das carências desse setor, que refletem diretamente na produção, na distribuição e no consumo de alimentos. A partir do Programa “de grão em grão”, ampliaremos nossa presença por meio de projetos próprios, parcerias e apoio a terceiros, sempre com a ajuda indispensável de nossos voluntários, que serão responsáveis pela indicação e acompanhamento de ações a serem desenvolvidas nas comunidades onde vivem e, por isso, os mais indicados para apontar as necessidades das diferentes localidades na área de alimentação: produção no campo, nutrição, combate ao desperdício e inclusão social por meio da educação profissional . Em 2012, o “de grão em grão”, a base dos novos projetos, começará com importantes reforços para seu aprimoramento. Passaremos a contar com novos materiais de apoio a educadores e alunos e o Encontro de Formação Continuada totalmente reformulado. Um novo momento que contará com a parceria do SESI, instituição de referência nacional no que diz respeito à nutrição. Portanto, chegamos ao final de 2011 duplamente orgulhosos. Além de comemorarmos o sucesso de uma ação reconhecidamente vencedora, iniciamos um novo desafio que beneficiará crianças, jovens e adultos por meio da disseminação de atividades capazes de gerar uma cultura de valorização da alimentação como item essencial para a melhoria da qualidade de vida. Aproveito para agradecer a todos que nos ajudaram a chegar até aqui e convoco-os a participar ativamente de nosso inovador desafio, que certamente trará um feliz ano novo a todos nós. Desejo um Natal maravilhoso a todos vocês e suas famílias. Muito obrigada e um ótimo 2012! Valéria Militelli Presidente da Fundação Cargill O Jornal Fundação Cargill é uma publicação trimestral dirigida a educadores e voluntários participantes dos programas sociais da Fundação Cargill e instituições do Terceiro Setor. Caixa Postal 28704-0 CEP 04948-990 – São Paulo – SP – Tel: (11) 5099-3257 – Fax (11) 5099-3258 www.cargill.com.br – Comitê Editorial: Denise Cantarelli, Denyse Barreto e Kátia Karam Gonzalez – Direção Editorial: Afonso Champi – Coordenação Editorial e Jornalista Responsável: Ana Caiasso (MTb 27583) – Conteúdo Editorial: Plural Publicações Corporativas – Design, Editoração Eletrônica e Produção Gráfica: Oz A Fundação Cargill é mantida pela Cargill Agrícola S.A. Design - Fotos: Fundação Cargill. que foi reconhecida como empresa amiga da criança. Opinião de quem faz Durante 12 anos a Fundação Cargill auxiliou educadores de 24 municípios do País a formar leitores nas salas de aula, por meio do Programa Fura-Bolo. Esse relacionamento criou a base para que as escolas continuem a aplicar e a aprimorar os princípios e as atividades do programa, independente da participação direta da Fundação Cargill. Conheça a opinião de algumas das pessoas que ajudaram a construir o Fura-Bolo e certamente darão continuidade a partir de 2012, quando a Fundação Cargill voltará seu foco de atuação para a alimentação (ver página 11). “Desde 2005, a Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa (PR) viabiliza a parceria com a Fundação Cargill para o Programa Fura-Bolo ser desenvolvido em seis escolas. São princípios da política da secretaria formar leitores críticos e incentivar a produção de textos em todos os projetos de enriquecimento curricular. O programa contribuiu para que mais de seis mil crianças se envolvessem com a literatura, desenvolvendo o gosto pela leitura, especialmente sobre o folclore brasileiro, o que conferiu ao município o 1º lugar no Prêmio Nacional, entre 46 mil crianças, instituído para a comemoração dos 10 anos do Fura-Bolo.” Zélia Maria Lopes Marochi - Secretária Municipal de Educação de Ponta Grossa (PR) “Nossos voluntários, com carinho e comprometimento, conseguiram mostrar a importância e a qualidade do Programa Fura-Bolo. Conquistamos o prazer e o interesse das crianças pela leitura.” Debora de Paula - Coordenadora de Voluntários de Patrocínio Paulista e Restinga (SP) “O Programa Fura-Bolo fez parte do meu crescimento. Desde o 2º ano que conheço e aprecio os livros da Coleção Fura-Bolo. São diversos tipos de textos riquíssimos com belas ilustrações. Além de trava-línguas, adivinhas, parlendas, brincadeiras e folclore, os livros do 5º ano trazem muitas coisas do folclore das regiões do Brasil. Tenho em minha estante todos os livros que ganhei do Programa Fura-Bolo, desde o segundo ano. Eles têm muito valor, já que todos lá em casa podem ler. Vou guardar os livros para meu irmãozinho de quatro anos ler e aprender também, como eu aprendi.” Gustavo de Freitas Andrade, 10 anos – aluno do 5º ano da Escola Municipal Profª Thereza Caramante Chesine, Mairinque (SP) “Os livros da Coleção Fura-Bolo enriquecem nosso trabalho pedagógico. Hoje eles fazem parte do acervo de nossa biblioteca e continuarão a ser usados por alunos e educadores. A Fundação Cargill plantou uma semente que deu e continuará dando frutos.” Adenilce Oliveira Souza, diretora da Escola Municipal Professora Josiany França, Uberlândia (MG) Foto: Divulgação Nosso entrevistado Com a palavra, o educador O Programa Fura-Bolo faz parte da rotina das escolas municipais de Ilhéus, na Bahia, há mais de dez anos. A educadora Adriana Rocha atua e acompanha o programa desde 2003, como professora e hoje coordenadora pedagógica da Escola Municipal Vovô Isaac. Nesta entrevista, Adriana conta sua experiência e avalia os resultados obtidos com o Fura-Bolo. Jornal Fundação Cargill - Na sua opinião, quais os principais benefícios do Programa Fura-Bolo? Adriana Rocha – O programa veio adicionar valores e ludicidade à educação da rede municipal de Ilhéus, incentivando ações que apóiam as escolas na democratização do acesso ao mundo da literatura infanto – juvenil. Com o material oferecido, é possível efetivar momentos de leitura de forma interdisciplinar e dinâmica, além de desenvolver a competência leitora, que auxiliará na formação plena dos educandos. JFC - Quais os principais resultados do programa? AR - Contribuir para a criação do hábito da leitura, por meio dos textos e atividades realizadas em sala de aula. O que auxilia na ampliação do vocabulário dos alunos, na melhoria do rendimento escolar. Com a ampliação da expressão verbal e escrita, os alunos participam mais das aulas que são mais dinâmicas e divertidas. Também abre novas oportunidades para a formação continuada dos professores, porque os estimula a buscar propostas inovadoras no processo de ensino-aprendizagem. JFC - Como o Fura-Bolo interferiu na dinâmica da escola Vovô Issac? AR - Interferiu positivamente porque a proposta é contribuir para a formação de crianças e jovens que saibam pensar e dialogar com o mundo, propiciando o encontro verdadeiro e vivo com a cultura popular. Sabe-se que os professores são os principais agentes na promoção dessa prática, e a escola o principal espaço para efetivação desse processo. JFC - E em relação à receptividade dos alunos? AR - A receptividade dos alunos superou as expectativas da equipe pedagógica. Os educandos desenvolvem sentimentos como cuidado afetivo, carinho, zelo, curiosidade, desenvolvimento da imaginação, capacidade de ouvir o outro e de se expressar. Um cheiro de livro novo no ar! Pois a cada ano letivo, a equipe sugere a entrega do livro do programa com abordagem lúdica diferenciada. No primeiro momento, é tempo de folhear, de observar as lindas ilustrações, de mostrar aos colegas, de dar risadas juntos. E assim perceber que as histórias da Coleção Fura- Bolo estão presentes em nossa cultura há muito tempo e o hábito de contá-las e ouvi-las tem inúmeros significados. Além disso, a leitura aproxima a criança do universo letrado e colabora para a democratização de um de nossos mais valiosos patrimônios culturais: a escrita.. JFC - Como o Fura-Bolo auxiliou no seu trabalho em sala de aula? AR - O programa auxiliou no incentivo à leitura e à escrita. Na produção, contextualização e interpretação, trazendo uma riqueza incalculável e diversificada que contribui e muito na formação da competência leitora. Por compreender que a leitura é um momento dinâmico e prazeroso, a cada dia acredito mais na possibilidade de um Brasil leitor. O resultado dos projetos de leitura me leva a acreditar que é possível realizar esse sonho. JFC - Qual sua avaliação em relação ao trabalho dos voluntários? AR - Os voluntários participam como multiplicadores em cada escola. São verdadeiros parceiros que acompanham e dialogam com a unidade escolar, para que o programa permaneça rico de significado e pleno de sentido. Um trabalho que contribui socialmente e solidariamente para o desenvolvimento dos cidadãos JFC - Como os professores podem dar continuidade aos princípios de incentivo à leitura e à cultura popular que são a base do Programa Fura-Bolo? AR - Atualmente, como coordenadora pedagógica, busco junto com a equipe gestora propor a implementação do Projeto na Trilha da Leitura, um “carrinho de leitura” que percorre cada sala de aula com livros, como uma atividade permanente na rotina do educando, além de outras ações culturais de fomento à leitura. Acredito que o trabalho desenvolvido com os livros da Coleção FuraBolo consolidou na escola o encantamento pela literatura infantil, o que é significativo no incentivo à formação de leitores e escritores. Para isso, o professor precisa, antes de tudo, vivenciar experiências de leitura e escrita e se deixar seduzir por elas. Só assim, com envolvimento e conhecimento da arte de ensinar, conseguirá ajudar as crianças a se desenvolverem. Fura-Bolo, referência em educação de qualidade D urante 12 anos, o Programa Fura-Bolo contribuiu diretamente para a qualidade do Ensino Fundamental da rede municipal de oitos estados brasileiros. Lançado pela Fundação Cargill em 1999, o programa atuou, por meio da literatura infantil, no incentivo à leitura e no resgate da cultura popular, em parceria com Prefeituras e Secretarias Municipais de Educação. Iniciado nos municípios de Mairinque (SP) e Ilhéus (BA), o Fura-Bolo chegou em 2011 com a participação de 24 municípios, beneficiando 20 mil educadores e 600 mil alunos. Neste momento, no qual a Fundação Cargill parte para novos desafios e deixa o legado do programa para os milhares de alunos de escolas municipais participantes, o Jornal Fundação Car- gill, em agradecimento a todos os envolvidos, traz um balanço dos principais momentos do Fura-Bolo. Com a distribuição de livros da Coleção Fura-Bolo, produzida especialmente para o programa, alunos e educadores tiveram acesso a produções de diferentes gêneros literários de autoria de renomados escritores nacionais. Por meio do apoio das equipes de voluntários, as escolas realizaram atividades inovadoras e mobilizaram as comunidades envolvidas, enquanto os Encontros de Formação Continuada ofereceram treinamentos anuais para 20 mil educadores. E como forma de comunicar e integrar todos os participantes, a Fundação Cargill lançou, em 2000, o Jornal FuraBolo, que, após diferentes fases de aprimoramento, chegou ao atual Jornal Fundação Cargill. Fura-Bolo em números Coleção Fura-Bolo Em 12 anos, o Programa Fura-Bolo chegou a 24 cidades. Em 1999, nascia o Programa Fura-Bolo e com ele a Coleção Fura-Bolo. Esse primeiro módulo era composto por oito livros de autoria de Ricardo Azevedo, distribuídos a todos os alunos do Ensino Fundamental das escolas participantes. A partir de 2006, os alunos passaram a receber o Módulo II da Coleção Fura-Bolo composta de três volumes escritos por diferentes escritores e ilustrados por profissionais reconhecidos no mercado editorial. Os novos livros ampliaram o acesso a diferentes gêneros literários: contos, poemas, histórias em quadrinhos e adivinhas. 1999 2011 -2 municípios 9 escolas 13 mil alunos 380 professores 40 voluntários -15 municípios 139 escolas 42 mil alunos 1.800 professores 300 voluntários Em 2009, a Coleção Fura-Bolo ganhou mais um título: O Brasil de todos nós: o livro de folclore da Cargill. Em 140 páginas, a obra reúne histórias do folclore brasileiro divididas por cada região do País. São curiosidades, contos, poemas, trovas populares, adivinhas, músicas, histórias em quadrinhos e receitas que retratam a cultura popular. Aconteceu nas escolas A partir do conteúdo dos livros da Coleção Fura-Bolo e de cadernos de atividades que acompanham os volumes, educadores e alunos desenvolveram atividades inovadoras. Confira alguns exemplos de municípios participantes do Programa Fura-Bolo: Paranaguá – PR Escola Municipal Iracema dos Santos Provérbios ilustrados Publicação reúne produção de desenhos e colagens que ilustram diferentes provérbios: cutucar a onça com vara curta, bater o nariz na porta, vender seu peixe, entre outros. Mairinque – SP Escola Municipal Professor Horácio Ribeiro Lenda da Cobra Norato Histórias ilustradas, reunidas em livro, inovaram a lenda, texto que faz parte da Coleção Fura-Bolo. Patrocínio Paulista e Restinga – SP Educação e diversão Escolas municipais incentivaram a realização de gincanas, brincadeiras e confecção de brinquedos a partir de gêneros literários e temas da Coleção Fura-Bolo. Balsas – MA Escola Municipal Rio Coco Incentivo à leitura Entre as atividades, educadores encenaram para os alunos a peça de teatro Fundação Cargill e montaram uma Biblioteca Móvel. Ilhéus – BA Escola Municipal Vovô Isaac Histórias populares Educadores e alunos realizaram o Dia de Contação de Histórias, dando vida aos personagens dos livros da Coleção Fura-Bolo. Sinop – MT Escola Municipal Rodrigo Damasceno Folclore ilustrado Coletânea de parlendas e trava-línguas produzidas e ilustradas pelos alunos. Porto Ferreira – SP Escola Municipal Professora Ruth Barroso Teixeira Folclore em sala de aula Após leituras diárias de textos sobre o folclore brasileiro, os alunos realizaram pesquisa sobre adivinhações para participarem de um campeonato. Para registrar o trabalho, foram produzidas dobraduras de personagens folclóricos e cartazes com colagens dos textos. Três Lagoas – MS Escola Municipal Olyntho Mancine Parlendas e receitas A partir do texto A Gulosa, da Coleção Fura-Bolo, os alunos montaram painel ilustrativo com parlendas e receitas de bolos. Lucas do Rio Verde – MT Escola Municipal Caminho para o Futuro Ditados populares Os textos dos livros da Coleção Fura-Bolo, devido ao interesse demonstrado pelos alunos, provocaram inovações das atividades em sala de aula relacionadas à cultura popular. As crianças foram incentivas a pesquisar e ilustrar ditados variados como Água mole em pedra dura, tanto bate que até fura. Uberlândia – MG Escola Municipal Milton Porto Blog educativo Os alunos receberam um estímulo inovador para participar do Fura-Bolo. Um blog reuniu todas as informações sobre o programa e ainda trouxe jogos, brincadeiras e trabalhos produzidos pelos estudantes. Itumbiara – GO Escola Municipal Professor Alaor Dias Machado Apoio na literatura Alunos do 5º. ano do Ensino Fundamental contaram com o apoio da Coleção Fura-Bolo para superar dificuldades de aprendizado. Atraídos pela leitura do livro O Brasil de Todos Nós, conquistaram importante avanço no desenvolvimento da escrita. Ponta Grossa – PR Escola Municipal Deodoro Alves Quintiliano Cultura popular As crianças conheceram personagens do folclore de forma divertida e inovadora. Textos sobre o Saci-Pererê, Lobisomen, entre outros, foram transformados em atraentes histórias em quadrinhos. Voluntários, lado a lado com a escola E Balsas (MA) m 12 anos de Programa Fura-Bolo, os voluntários atuaram como incentivadores dos princípios e atividades propostas pela Fundação Cargill, reforçando e multiplicando os benefícios gerados a educadores e alunos das escolas municipais participantes. Sempre ao lado das escolas, os voluntários fizeram a diferença com propostas e execução de atividades inovadoras, promoveram eventos criativos e participaram ativamente da vida escolar. Como reconhecimento à dedicação e à seriedade dos voluntários, a Fundação Cargill criou, em 2007, o Programa de Reconhecimento dos Voluntários, que anualmente homenageia um voluntário de cada localidade, indicado pelos próprios colegas. Ilhéus (BA) Para homenagear e agradecer aos atuais grupos de voluntários, que a partir de 2012 continuarão atuantes no Programa “de grão em grão” e em outros projetos norteados pelo novo foco da Fundação Cargill (veja nas páginas 14 e 16), o Jornal Fundação Cargill traz uma galeria de fotos das equipes. Itumbiara (GO) Lucas do Rio Verde (MT) Mairinque (SP) Paranaguá (PR) São Miguel do Iguaçu (PR) Patrocínio Paulista (SP) e Restinga (SP) Sinop (MT) Ponta Grossa (PR) Três Lagoas (MS) Porto Ferreira (SP) Uberlândia (MG) Canal de Comunicação P ara estreitar o relacionamento com todos os participantes do Programa Fura-Bolo - educadores, poder público e voluntários -, em 2002, a Fundação Cargill lançou o Jornal Fura-Bolo. Ao longo dos anos, a publicação ganhou novos conteúdos para abordar as demais ações da instituição, o que fez surgir o Jornal Fundação Cargill, que a partir de 2012 estará voltado ao novo foco estratégico da Fundação Cargill: ação na alimentação saudável, segura, sustentável e acessível, atuando em toda cadeia produtiva, do campo à mesa do consumidor. 2002 Lançamento do Jornal Fura-Bolo. Em 2004, a publicação recebe os prêmios regional e nacional da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), na categoria de Melhor Boletim Externo. 2005 Com a ampliação das ações da Fundação Cargill, o Jornal Fura-Bolo se transforma em Jornal Fundação Cargill com destaque especial para os programas, entre eles o Fura-Bolo 2008 Jornal Fundação Cargill ganha novo layout e amplia o conteúdo em suas 12 páginas. O caminho da leitura continua A Coleção Fura-Bolo e o incentivo à leitura fazem parte da rotina das escolas que participaram do Programa Fura-Bolo. Os educadores certamente darão continuidade ao trabalho desenvolvido durante 12 anos e o Jornal Fundação Cargill mais uma vez dá a sua colaboração, publicando sugestões de Kátia Karam Gonzalez, consultora pedagógica do programa. Confira as dicas: Segundo Claudimeiri Nara C. Kollross, professora da Universidade Federal do Paraná, “deve-se perceber a literatura não apenas como um diálogo entre a criança e o adulto, mas também, uma ponte entre dois mundos, o real e o imaginário, no qual a criança vai descobrindo e vivenciando emoções que nem sempre podem ser vividas na realidade. As histórias alimentam o imaginário infantil, ajudando a criança a entender a vida e a melhor vivê-la”. Assim, o educador, como mediador de leitura, deve sempre estar atento às possibilidades de criar, organizar e propor desafios interessantes, instigantes, dando espaço às vozes dos aprendizes, ao trabalhar textos de variados gêneros: contos, poemas, lendas, crônicas, romances, histórias em quadrinhos etc. Lembro da importância de trabalhar antecipadamente a capa do livro, explorando as imagens e os textos verbais, relacionando-os entre si, fazendo uma pequena explanação sobre o autor e o ilustrador. Enfim, fazendo com que os alunos elaborem hipóteses, façam deduções e inferências sobre o texto a ser lido. Após a apresentação das narrativas, estimular os educandos a desenvolver atividades que enriqueçam o texto. Exemplos de como explorar uma fábula: dramatização do texto; estímulo para que cada aluno conte um trecho da fábula; ilustração da história; procurar dar outra moral à história, por meio de provérbios populares; fazer a reescrita da história; elaborar palavras cruzadas ou caça-palavras com os vocábulos mais difíceis do texto; confeccionar os personagens com sucata, massa de modelar ou argila. Que tal transformar literatura em notícia? Lembre que a notícia é um texto objetivo, direto, mais racional, se o compararmos ao texto literário, que é mais subjetivo, emocional, rico em interpretações. Veja textos produzidos na Escola Estadual Francisco Pires Machado, em Ponta Grossa (PR) no site www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca. E mãos à obra! Kátia Karam Gonzalez, consultora pedagógica do Programa Fura-Bolo Nova etapa do de grão em grão” “ E m 2012, o Programa “de grão em grão” da Fundação Cargill iniciará mais uma etapa. Alunos e educadores receberão novos materiais e orientações de apoio para o desenvolvimento do programa, elaborados pela Editora Horizonte. A empresa, responsável pela edição da Revista Horizonte Geográfico, atuará por meio de sua Divisão Educacional, que desenvolve e implanta projetos sociais viabilizados pelos programas de responsabilidade social de empresas públicas e privadas de todo o País. Em formato de revista, o Caderno do Professor tratará de conceitos sobre hábitos alimentares, produção e circulação de alimentos, composição nutritiva dos alimentos, consumo consciente, entre outros temas relacionados ao “de grão em grão”. A publicação também trará sugestões de ações pedagógicas adequadas para cada ano do Ensino Fundamental. E o Caderno do Aluno será composto por atividades a serem desenvolvidas ao longo do ano pelos estudantes. O Encontro de Formação Continuada 2012 também ganhará um novo formato, para reforçar e ampliar os objetivos e as práticas do programa. E será coordenado por um consultor pedagógico, com o acompanhamento da equipe da Fundação Cargill. A programação voltada às merendeiras será realizada em parceria com o SESI (Serviço Social da Indústria), que fornecerá material didático e ministrará o treinamento em encontros com nutricionistas da instituição, com duração de quatro horas. Horta: laboratório natural para alunos do Ensino Fundamental Nesse novo formato, os voluntários da Fundação Cargill terão participação ativa e direta junto às escolas. As equipes serão responsáveis pela organização do evento, pelo acompanhamento da alimentação escolar e das atividades das merendeiras, aplicação de pesquisa junto às merendeiras, avaliação do treinamento e do primeiro ano do programa, em conjunto com o SESI, cujos resultados servirão de base para novas ações. Desde 2004, o Programa “de grão em grão” sistematiza a implantação de hortas em todas as escolas participantes, para que os alunos possam aprender na prática, em sala de aula, conceitos sobre agricultura familiar e alimentação segura. O programa beneficia crianças, professores e merendeiras de escolas municipais e produziu mais de 500 toneladas de legumes e verduras em sete anos. cantinho da leitura dica de receita ensando no Programa “de grão em grão”, indico o livro O grande rabanete, criado pela renomada autora Tatiana Belinky, da Editora Moderna. Como constatamos na maioria de suas obras, a escritora nos brinda com uma história divertida, prazerosa, mas que ao mesmo tempo nos estimula a reflexão, unindo a literatura-prazer à leitura crítica interpretativa. Segundo a apresentação de Tatiana, a obra é baseada em uma história que seu avô lhe contava. Narra o esforço de um senhor idoso para colher o rabanete que plantara. Como o rabanete cresceu muito, ele teve dificuldades para arrancá-lo do solo. Teve que chamar sua esposa, a vovó. Mas os dois não conseguiram nada, então veio a neta para ajudá-los, mas nem assim conseguiram. Então ela chamou seu cão, que tinha um grande porte, mas... É uma história cumulativa, em que as ações vão se repetindo até que... As alegres ilustrações são de Claudius que, em um estilo de traços simples, caracteriza os personagens com excelente qualidade, mostrando cuidado estético. É uma obra que também possibilita uma análise sobre a importância do trabalho coletivo, da união em busca de um objetivo comum. Tenho certeza de que seus alunos irão adorar a história! Suco relaxante P O que você precisa • 2 folhas de melissa folhas de alface (utilizar • a4 parte da folha próxima ao talo) • 1 maracujá • 4 rodelas de abacaxi bem maduro • 2 colheres de sopa de mel • 4 copos de água Modo de preparo Bater o maracujá com a água, a melissa, o alface e peneirar. Retornar o suco ao liquidificador e bater com o abacaxi e o mel. Servir gelado. Suco de manga com acerola O que você precisa • 1 manga média • 1 xícara de acerola • 3 copos de água gelada • Folhas de hortelã Que tal aliar o Programa “de grão em grão” às atividades pedagógicas que abordam a alfabetização? Para isso, apresento o livro Salada de letras, da escritora Rosângela Maria De Moro, com sugestivas e engraçadas ilustrações de Fábio Sgroi, da Editora Salesiana. A obra inicia a narrativa com um diálogo entre Camila e sua mãe, que todos os dias fica entristecida e preocupada, pois Camila não quer comer nada além de doces. Até que ela tem uma boa ideia, aproveita o fato de que a filha já sabe ler e lhe faz uma proposta que é aceita: ela pode comer o que quiser, desde que siga a ordem alfabética. Assim, no primeiro dia, só pode comer o que inicia com a letra A, como amora, alface, arroz, abacaxi etc. Nos dias seguintes, alimentos com a letra B, depois C e assim sucessivamente. Com essa brincadeira, Camila passa a gostar dos alimentos que antes sequer queria ouvir falar e até ajuda a mãe no preparo das refeições, indo à horta buscar as hortaliças e preparando uma pizza. De uma maneira lúdica, a autora aborda a importância da alimentação saudável, variada e as ilustrações enriquecem a obra. Vale a pena ler esse livro para seus alunos! Suco de camomila e pêra Kátia Karam Gonzalez, consultora pedagógica do Programa Fura-Bolo Fonte: Fundação Cargill – Manual da horta à mesa – Receitas para as quatro estações Modo de preparo Bater no liquidificador a acerola com a hortelã e a água. Passar o suco por uma peneira e devolvê-lo ao liquidificador. Colocar as mangas e bater novamente. Servir gelado. O que você precisa 2 copos de 250ml de chá • (pronto) de camomila gelado • 1 pêra madura sem semente • 1 colher de sobremesa de mel ou açúcar Modo de preparo Bater os ingredientes no liquidificador. Servir gelado. Aula de ciências na horta escolar P rofessores da Escola Municipal Menino Jesus, de Sinop (MT), inovaram as aulas de ciências. De maneira lúdica, as crianças do 3º ano do Ensino Fundamental tiveram uma aula prática sobre o desenvolvimento das plantas, ao observarem o cultivo de hortaliças e temperos da horta escolar implantada pelo Programa “de grão em grão”. Depois da visita à horta, um laboratório a céu aberto, elas registraram em textos e ilustrações o que viram e aprenderam. sala do professor Receitas A da mamãe professora Patrícia Ravagnani Despato, da Escola Municipal Joaquim Marques de Souza, de Três Lagoas (MS), desenvolveu o projeto Receita da mamãe que os alunos mais gostam com o objetivo de incentivar o hábito da alimentação saudável entre alunos e familiares. A professora criou um caderno de receita e propôs às crianças que levassem para casa para que as mães registrassem as receitas que os filhos mais gostavam. Depois de passar de casa em casa, o caderno reuniu a Receita do João Vitor, a Receita do Vinícius, a Receita da Ana Flávia etc. Em sala de aula, todas foram avaliadas para saber se eram saudáveis ou se algum ingrediente poderia ser substituído. “Depois fizemos todos os pratos sugeridos. As crianças amaram a atividade”, conta Patrícia. Obesidade e desperdício de alimentos A partir de 2012, a Fundação Cargill terá seu foco de ação na alimentação saudável, segura, sustentável e acessível. Reposicionamento que atende à necessidade de apoiar projetos voltados à toda cadeia produtiva, do campo à mesa do consumidor, conforme demonstram dados relativos à alimentação do brasileiro. com alto teor de açúcar e gordura, enquanto o consumo de feijão, rico em fibra e ferro, tão comum na culinária brasileira, está caindo. Em 2009, o feijão fez parte do cardápio de 65,8% dos adultos cinco ou mais vezes na semana. Em 2006, o índice era 71,9%, o que representa uma queda de 8,4% em três anos. De acordo com o Ministério da Saúde, as frutas e hortaliças fazem parte da alimentação de 30,4% dos brasileiros e apenas 18,9% consomem cinco porções diárias - o equivalente as 400 gramas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. E o ministério ainda alerta para o aumento no consumo de alimentos Pesquisa divulgada pelo Instituto Alana aponta que bebês de 6 meses de idade estão se alimentando de bolacha e macarrão instantâneo. E crianças de até 12 anos consomem achocolatado vitaminado para suprir a ausência de frutas, verduras e legumes na dieta diária. Esses são alguns dados reafirmados por estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que revelam que mais de 33% das crianças, entre 5 e 9 anos, estão com excesso de peso. Aliado à questão da qualidade da alimentação, está o desperdício de alimentos registrado no Brasil. Segundo o Instituto Akatu, o País, quarto produtor mundial de alimentos, produz 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população, mas grande parte é desperdiçada. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), 26,3 milhões de toneladas de alimentos ao ano vão para o lixo, de acordo com levantamento realizado em 2006. De acordo com o Instituto Akatu, aproximadamente 64% do que se planta no Brasil é perdido ao longo da cadeia produtiva. E no processamento e hábitos alimentares o índice chega a 20%. Assim, baseada em dados concretos, a Fundação Cargill se propõe a apoiar ações capazes de auxiliar na reversão desse cenário, por meio de projetos próprios, de terceiros e parcerias, cuja ação dos voluntários será fundamental (veja página 16). Colaboração: Andrea Aleo, nutricionista 2 Mutirão verde • Os voluntários do Programa “de grão em grão” de Sinop (MT) realizaram um mutirão para ensacar adubo orgânico e levá-lo à Escola Municipal Menino Jesus. No dia de plantio, educadores e alunos se uniram aos voluntários e aprenderam todo o processo da montagem de uma horta móvel. 2 4 1 3 3 Selo de qualidade • A unidade da Cargill de Paranaguá (PR) recebeu a certificação do Selo Social de Paranaguá 2009/2010, em reconhecimento às ações da empresa voltadas à comunidade, entre elas os Programas Fura-Bolo e “de grão em grão”. 1 Horta modelo Educadores, alunos e representantes de órgãos públicos, técnicos e voluntários da Fundação Cargill participaram da inauguração de uma horta modelo na Escola Municipal Eufrosina Pinto, de Três Lagoas (MS) . Sonia Almeida, diretora da escola, explicou aos alunos que o conteúdo trabalhado em sala de aula será aplicado em aulas práticas na horta. “Estamos aqui hoje para inaugurar nossa horta e receber orientações sobre como cuidar do local, o aprimoramento só depende de vocês”, destacou. Ao ressaltar que a horta era um exemplo de boas práticas para o município, a prefeita de Três Lagoas, Márcia Moura, ressaltou que “a horta faz parte do Programa “de grão em grão”, que está conosco há mais de 6 anos em parceria com a Fundação Cargill”. • 4 Dia de plantio • Em Uberlândia (MG) , os voluntários se juntaram aos educadores e alunos da Escola Municipal Shopping Park para plantar mudas nos canteiros. Todos participaram com muita dedicação. Os alunos ficaram entusiasmados com a ideia de também poderem montar hortas em suas casas. Palavra do Voluntário Novo desafio, nova cultura A Fundação Cargill construiu uma história de sucesso, sem dúvida, graças aos nossos voluntários. Sem o trabalho comprometido daqueles que dedicam tempo, talento e habilidade aos desafios assumidos, certamente não teríamos chegado ao atual estágio de amadurecimento. O que hoje nos permite aprimorar e ampliar nossa participação no desenvolvimento das comunidades nas quais a Cargill está presente. Isso porque eles assumiram a responsabilidade do trabalho voluntário, um exercício de cidadania que faz a diferença na qualidade de vida das pessoas, exigindo apenas boa vontade e compromisso para garantir continuidade e qualidade. Em 12 anos, os voluntários dos programas da Fundação Cargill construíram um sólido caminho de conquistas que possibilita às escolas municipais caminharem sozinhas, a partir de 2012, com os princípios e as práticas do Programa Fura-Bolo, pois assumiremos uma nova missão, a de promover alimentação saudável, segura, sustentável e acessível, do campo ao consumidor. Juntamente com o Programa “de grão em grão”, construiremos uma trajetória inovadora por meio de projetos próprios, de terceiros e parcerias. das comunidades onde vivem, eles serão os principais responsáveis pelo diagnóstico e identificação de projetos que realmente atendam às necessidades do público atendido. Caberá ao voluntário avaliar e encaminhar propostas de projetos e parcerias, além da participação e do acompanhamento direto das atividades. Trata-se de uma proposta que visa à criação de uma cultura de sustentabilidade, de autodesenvolvimento, que estimula as comunidades a se apropriarem dos projetos que as beneficiam. Uma iniciativa que amplia o papel da Fundação Cargill e, principalmente, a importância da ação voluntária. Portanto, os voluntários darão continuidade aos trabalhos de promoção do desenvolvimento regional, agora focados em questões relacionadas à alimentação. E auxiliarão a Fundação Cargill a reforçar o caráter sustentável de seus projetos, promovendo uma cultura de autotransformação das localidades nas quais atuamos. Com esse novo desafio, o papel de agente transformador dos voluntários se amplia. Como profundos conhecedores Marco Macia – Diretor de Voluntários da Fundação Cargill