R. Periodontia - Março 2008 - Volume 18 - Número 01 ESTUDO DAS RECESSÕES GENGIVAIS EM PACIENTES ADULTOS ATENDIDOS NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFMA: ETIOLOGIA, PREVALÊNCIA E SEVERIDADE A study of gingival recessions in adult patients attended at school of dentistry of UFMA: etiology, prevalence and severity Suyene de Oliveira Paredes1, Viviane Soares da Silva1, Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira2, Cláudia Maria Coelho Alves2, Antonio Luiz Amaral Pereira2 RESUMO Avaliou-se a etiologia, prevalência e severidade das recessões gengivais em 49 pacientes de ambos os sexos, atendidos na Clínica de Periodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, com idades variando de 20 a 60 anos. As recessões foram mensuradas a partir da junção amelocementária até a margem gengival livre nas faces vestibular e palatina/lingual. De acordo com os resultados, os incisivos inferiores constituíram o grupo de dentes mais acometido (26,7% das lesões). Do total das recessões, a maioria encontrava-se na face vestibular (58,25%). A análise entre a presença de placa visível e a recessão, através do coeficiente de correlação (r), mostrou que 76,71% dos sítios de recessão podem ter sido influenciados por esse fator, porém outros fatores participantes da etiologia das recessões foram também pesquisados. Quanto ao grau da patologia, observou-se que as recessões classe I foram as mais freqüentes em todos os grupos etários, contudo, houve maior percentual das recessões mais severas nos indivíduos com idade superior a 50 anos. Conclui-se, portanto que, os incisivos inferiores e faces vestibulares foram mais afetados. A presença de placa bacteriana foi consideravelmente relacionada à patologia e a severidade das recessões aumentou com o avanço da idade. UNITERMOS: Recessão gengival. Etiologia. Prevalência. R Periodontia 2008; 18:85-91. 1 Cirurgiãs-dentistas, graduadas pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA 2 Professores da disciplina de Periodontia – UFMA Recebimento: 27/08/07 - Correção: 12/12/07 - Aceite: 21/02/08 INTRODUÇÃO Dentre as patologias que afetam a cavidade bucal, as doenças periodontais são manifestadas em índices epidemiológicos elevados na população mundial, atingindo consideravelmente a população adulta. A recessão gengival, por sua vez, representa uma condição clínica de perda de inserção do periodonto sendo observada como uma enfermidade de alta prevalência. Segundo a Academia Americana de Periodontologia (AAP, 1992), a recessão gengival é definida como a migração apical da margem gengival em relação à junção amelocementária. A etiologia das recessões gengivais não é fácil de ser determinada, uma vez que vários fatores estão associados, exercendo funções mais ou menos significativas, ou seja, fatores que atuam apenas tornando o hospedeiro mais suscetível, como também aqueles responsáveis diretos pelo desencadeamento da doença (BORGHETTI; MONNET-CORTI, 2002). Diante da afirmativa feita por KASSAB & COHEN (2003), quando expressam o fato de muitas pessoas apresentarem recessão gengival generalizada, sem ao menos terem consciência de sua condição, comprova-se a real necessidade das populações estudadas terem acesso à informação sobre a doença e a 85 periomar2008rep03-04-09.pmd 85 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 maneira de preveni-la. Além disso, a constante busca por parte dos pacientes atendidos na clínica de Periodontia do curso de Odontologia da UFMA, por tratamento para esta enfermidade, em função da sensibilidade e até mesmo por questões estéticas, e a falta de estudos desta natureza, nesta população, motivou a realização desta pesquisa, cujo objetivo foi avaliar clinicamente a prevalência e a severidade da recessão gengival em pacientes adultos, correlacionando a patologia diagnosticada à sua etiologia, à faixa etária, aos grupos de dentes e às faces acometidas. Para o critério de avaliação da recessão gengival foi utilizada a classificação proposta por MILLER (1985). Diante desse sistema, as recessões foram classificadas em: Classificação Classe I Classe II METODOLOGIA A população do presente estudo foi composta por 49 pacientes, com faixa etária variando entre 20 e 60 anos, de ambos os sexos, sem distinção de raça, ou cor, os quais estavam inscritos para tratamento na Clínica de Periodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. A pesquisa foi realizada no período de janeiro a março de 2006 e teve como caráter de inclusão, somente os pacientes que apresentaram recessão gengival. Estes foram informados a respeito de sua participação no trabalho e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Presidente Dutra – UFMA, sendo aprovada sob o número do parecer 202/05. Através do exame clínico de inspeção visual, anamnese e questionário, foram identificados os possíveis fatores etiológicos relacionados à patologia. A mensuração da recessão gengival foi obtida da junção amelocementária (referencial anatômico) até a margem gengival livre, em posição mais apical, nas faces vestibular e palatina/lingual, utilizando-se luz artificial, com o auxílio de espelho bucal nº5 e sonda periodontal milimetrada modelo Williams. Esta foi registrada em milímetros, arredondados para o menor número inteiro, sempre que havia pelo menos 1mm de superfície radicular exposta. Excluindo-se os terceiros molares, todos os dentes completamente erupcionados foram examinados. Nos casos em que a junção amelocementária encontravase coberta por cálculo, oculta por restauração ou perdida por desgaste devido a lesões cariosas e não-cariosas, a localização da mesma em tal dente foi estimada com base nos dentes adjacentes. O Índice de Placa Visível (IPV) foi utilizado de maneira dicotômica, registrando-se somente a presença ou ausência de placa bacteriana visível. A ausência ou presença de inflamação foram avaliadas também de forma dicotômica, segundo Índice de Sangramento Gengival (ISG) (OPPERMANN et al., 1993). Classe III Classe IV Condição A recessão do tecido marginal não vai além da junção mucogengival. Não há perda do tecido ósseo ou mole na região interproximal e a cober tura radicular pode ser alcançada em 100% A recessão do tecido marginal vai além da junção mucogengival. Não há perda do tecido ósseo ou mole na região interproximal e a cobertura radicular pode ser alcançada em 100% A recessão do tecido marginal vai além da junção mucogengival. Há perda do tecido ósseo ou mole na região interproximal e/ou o posicionamento dentário inadequado evita que haja 100% de cobertura radicular A recessão do tecido marginal vai além da junção mucogengival. Há perda do tecido ósseo ou mole na região interproximal e o posicionamento dentário inadequado é tão grave que a cober tura radicular não pode ser alcançada. A severidade das recessões gengivais também foi avaliada com base na metodologia empregada por MARINI et al., (2004). De acordo com a dimensão vertical da superfície radicular exposta, a recessão gengival foi caracterizada como: Classificação Leve Moderada Avançada Condição quando menos de 3 mm de superfície radicular estava exposta 3 mm a 4 mm de superfície radicular estava exposta mais de 4 mm de superfície radicular estava exposta Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística através do teste “z” do programa Statistics versão 5.0, com nível de significância de 5% (p<0,05), para associar as recessões às faces mais acometidas. O coeficiente de correlação (r) foi utilizado para correlacionar as recessões gengivais com os fatores contribuintes pesquisados, inflamação e presença de placa bacteriana. 86 periomar2008rep03-04-09.pmd 86 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 RESULTADOS percentual mais elevado de recessão em comparação às faces linguais, dado considerado estatisticamente significante. Resultado similar foi encontrado entre as faces palatinas e linguais, porém, diante das recessões ocorridas nas faces vestibulares superiores e inferiores, não foi observada diferença estatisticamente significante entre as mesmas. Para verificar a relação de significância entre as faces portadoras da lesão e a presença de placa visível foi utilizado o coeficiente de correlação (r), o qual determinou que a influência da placa bacteriana nas recessões foi de 76,71%. A análise descritiva encontra-se na Tabela 4. Através do teste coeficiente de correlação (r), para avaliar a relação entre as faces com inflamação e recessão, observou-se que 61,43% dos casos de recessão podem ter sido influenciados pela presença do processo inflamatório. A quantidade de lesões encontradas está descrita em percentual na Tabela 4. A respeito dos demais fatores pesquisados em relação à etiologia das recessões gengivais, constatou-se que a pre- A recessão gengival foi diagnosticada em 49 indivíduos, correspondendo a 53,84%. A amostra dos participantes da pesquisa foi composta por 29 pacientes do sexo feminino (59,2%) e 20 pacientes do sexo masculino (40,8%), com idade variando entre 20 e 60 anos, tendo média de 38,71 anos e desvio padrão de 10,61. A média de dentes examinados por paciente foi de 22,59. Os dentes mais freqüentemente ausentes foram respectivamente o primeiro molar inferior esquerdo e o primeiro molar inferior direito. Do total de 1107 dentes examinados, 39% (n= 434) apresentaram pelo menos uma face afetada pela patologia, dos quais 24,9% corresponderam aos incisivos inferiores (Tabela 1). A análise dos grupos de dentes mais afetados em relação à quantidade de recessões diagnosticadas apresenta-se na Tabela 2. A Tabela 3 apresenta a análise da recessão por face dos dentes. Observa-se que as faces vestibulares mostraram Tabela 1 DISTRIBUIÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RECESSÃO GENGIVAL POR GRUPO Dentes Afetados Molar Pré-Molar Canino Incisivo Total N % N % N % N % N % Superior 72 16,5 58 13,4 24 5,5 36 8,3 190 43,7 Inferior 25 5,8 84 19,4 27 6,2 108 24,9 244 56,3 Total 97 22,3 142 32,8 51 11,7 144 33,2 434 100 Tabela 2 DISTRIBUIÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RECESSÃO GENGIVAL POR GRUPO Distribuição Molar Recessões Pré-Molar Canino Incisivo Total N % N % N % N % N % Superior 104 17,2 69 11,4 28 4,6 50 8,3 251 41,5 Inferior 33 5,4 120 19,8 40 6,6 162 26,7 355 58,5 Total 137 22,6 189 31,2 68 11,2 212 35 606 100 Tabela 3 DISTRIBUIÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RECESSÃO GENGIVAL SEGUNDO AS FACES ANALISADAS (TESTE “Z”/ PROGRAMA STATISTICS 5.0) Faces Com recessões Sem recessões Total Valor de p N % N % N % Vestibular 353 81,3 81 18,7 434 100 L/P 253 58,3 181 41,7 434 100 Total 606 69,8 262 30,2 868 100 p < 0,001 87 periomar2008rep03-04-09.pmd 87 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 Tabela 4 DISTRIBUIÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RECESSÃO GENGIVAL SEGUNDO A PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE PLACA VISÍVEL E PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE INFLAMAÇÃO Etiologia Recessão Sim Placa Visível Inflamação Total Não N % N % N % Sim 365 70 153 30 518 100 Não 241 69 109 31 350 100 Sim 281 68 132 32 413 100 Não 325 71 130 29 455 100 Tabela 5 DISTRIBUIÇÃO DAS RECESSÕES VESTIBULARES DE ACORDO COM O GRUPO ETÁRIO, SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE MILLER Recessão Gengival Idade Classe I Classe II Classe III Classe IV Total N % N % N % N % N % 20-29 36 64,28 6 10,71 11 19,64 3 5,35 56 100 30-39 72 73,46 11 11,22 12 12,24 3 3,06 98 100 40-49 48 48 0 0 38 38 14 14 100 100 50-60 33 33,33 5 5,05 46 46,46 15 15,15 99 100 Total 189 53,54 22 6,23 107 30,31 35 9,91 353 100 sença de lesões cervicais não cariosas estavam associadas a 11,55% das lesões, seguido por posicionamento incorreto dos dentes (8,08%), fatores iatrogênicos (2,14%) hábitos nocivos (0,99%) e inserção alta de freios e bridas (0,33%). Quando questionados a respeito do tipo de escovas, 24% dos pacientes afirmaram usar escovas de cerdas duras, enquanto 76% utilizavam as de cerdas macias. A análise da média de recessões em relação ao tipo de escova usada encontrada foi de 9,16 e 13,4, para os pacientes que utilizavam escovas de cerdas duras e macias, respectivamente. Na Tabela 5, encontra-se a distribuição das recessões gengivais vestibulares segundo a classificação de Miller. As recessões classe I foram mais prevalentes em todas as faixas etárias, com exceção do grupo de pacientes com mais de 50 anos, cujo percentual de recessões classe III foi mais elevado. Com o avanço da idade também foi observado maior número de recessões classe IV. A severidade das recessões relacionadas à extensão vertical da superfície radicular exposta, de acordo com a faixa etária, apresenta-se na Figura 1. As recessões mais severas, com mais de 4 mm, representaram 17,6% do total das le- sões diagnosticadas, aumentando gradativamente com o avanço da idade. DISCUSSÃO A recessão gengival é um defeito mucogengival extremamente prevalente em pacientes jovens e adultos (PALIOTO et al., 2005). Vários estudos vêm reportando a elevada ocorrência clínica dessa condição periodontal na população adulta mundial (LÖE et al., 1992; KASSAB & COHEN 2003; LITONJUA et al., 2003; MARINI et al., 2004; SUSIN et al., 2004) refletindo, dessa maneira, o caráter universal da doença. Com relação aos dentes mais afetados pela recessão, os resultados indicaram que os incisivos inferiores foram acometidos por 26,7% das lesões, seguido pelos pré-molares inferiores (19,8%), molares superiores (17,2%) e pré-molares superiores (11,4%), estando em concordância com as pesquisas de LÖE et al., (1992), MARINI et al., (2004) e SUSIN et al., (2004), porém diferem de trabalhos que evidenciaram maior prevalência dessa condição periodontal no grupo dos 88 periomar2008rep03-04-09.pmd 88 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 pré-molares superiores (D’ANGELO et al., 2003; LOPES 2005). Nesse estudo, quando feita a análise das faces mais afetadas pelas recessões gengivais, constatou-se significativamente maior ocorrência dessas lesões nas superfícies vestibulares. Tais resultados concordam com os estudos de LÖE et al., (1992) e D’ANGELO et al., (2003). O trabalho realizado por LÖE et al., (1992), comprovou maior predominância das recessões nas faces vestibulares frente à população com altos padrões de higiene oral, enquanto tanto as faces vestibulares e linguais como também as interproximais foram usualmente acometidas pela doença, no grupo populacional não detentor de tais hábitos. Contudo, esse fato não leva a crer que os indivíduos da nossa amostra, por apresentarem maior predominância de faces vestibulares acometidas, sejam detentores de práticas satisfatórias de higiene oral, já que um elevado percentual de lesões estava associado à presença de placa bacteriana (76,71%). Alguns estudos mencionam a inflamação como fator patológico atribuído ao desenvolvimento das recessões gengivais (BAKER & SEYMOUR 1976; D’ANGELO et al., 2003; KASSAB & COHEN 2003; LITONJUA et al., 2003). Nossos resultados indicaram que 61,43% dos casos de recessão estavam relacionados à presença de inflamação do periodonto, achados que se assemelham aos de D’ANGELO et al., (2003), os quais evidenciaram um percentual de 69,2% de recessão entre os casos com inflamação. Quando analisada a presença de lesões cervicais não cariosas associadas às recessões gengivais, observou-se que 11,55% das faces acometidas pela retração da gengiva também estavam afetadas pelo desgaste da estrutura dentária na região cervical. LITONJUA et al., (2003) esclarecem que o trauma de escovação pode não causar diretamente a recessão, mas agir no desgaste da junção amelocementária que resulta em perda de cemento, osso alveolar e inserção periodontal, entretanto as lesões cervicais poderão dificultar o controle de placa, levando à inflamação gengival. Para TUGNAIT & CLEREHUGH (2001), a abrasão dentária pode ser compreendida como conseqüência da recessão. Algumas das recessões diagnosticadas foram associadas ao mau posicionamento do dente na arcada (8% das lesões). Em um trabalho realizado por D’ANGELO et al., (2003), foram diagnosticadas 14,7% de recessões associadas, resultado bem diferente do que foi encontrado nesse estudo. PALIOTO et al., (2005) relatam que má posições dentárias influenciam o aparecimento das recessões gengivais, pois os tecidos moles e duros podem encontrarse reduzidos em altura e espessura e, além disso, a posição incorreta pode sujeitar o dente ao trauma oclusal e à Figura 1 DISTRIBUIÇÃO DAS RECESSÕES GENGIVAIS DE ACORDO COM O GRUPO ETÁRIO, SEGUNDO A DIMENSÃO VERTICAL DA SUPERFÍCIE RADICULAR EXPOSTA escovação traumática. Observou-se, nesse estudo, que 2,14% dos sítios de recessão gengival revelaram a presença de restaurações com excesso de material restaurador estendidas para região subgengival. MAGINI et al., (2001), analisando a influência da odontologia restauradora sobre o periodonto, mencionam o fato do sobrecontorno favorecer a retenção de placa, sendo que além da instalação do processo inflamatório outras alterações patológicas caracterizadas por perda óssea, hiperplasia gengival localizada e recessão marginal representariam respostas à invasão iatrogênica do espaço biológico. Nesse estudo, apenas duas recessões estavam associadas com a tração das bridas inferiores na região dos prémolares. Para BORGHETTI & MONNET-CORTI (2002), MEDINA (2004) e PALIOTO et al., (2005), inserções altas de freios e bridas são fatores predisponentes ou secundários na etiologia das recessões gengivais, atuando como coadjuvantes na história da doença, podendo dificultar a higiene oral nessas áreas e proporcionar o acúmulo de placa (BAKER & SPEDDING, 2002). Semelhantemente às investigações de CHECCI et al., (1999), esse estudo não estabeleceu qualquer relação entre a dureza das cerdas da escova e o número de superfícies retraídas. Uma explicação possível para tal resultado seria a dificuldade encontrada, por parte dos pacientes, para classificarem suas escovas. Além disso, alguns desses indivíduos já freqüentavam a clínica de periodontia em períodos anteriores, podendo ter recebido orientações relacionadas ao uso de escovas macias há pouco tempo, quando já haviam desenvolvido a doença. Comprovou-se no presente estudo que, dentre 35 faces com recessão do tipo Classe IV, 40% foram diagnosticadas no grupo dos pacientes de 40 a 49 anos e 43% no grupo 89 periomar2008rep03-04-09.pmd 89 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 com faixa de idade superior a 50 anos, além de apresentarem, respectivamente, 35% e 43% de recessões maiores do que 4 mm. Os resultados dessa investigação concordam com os estudos que reportam maior ocorrência das recessões mais severas em indivíduos com idades mais avançadas (LÖE et al., 1992; VAN PALESTINE HELDEMAN et al., 1998; MARINI et al., 2004; SUSIN et al., 2004). A literatura estudada indica que a alta prevalência, extensão e severidade observadas em indivíduos mais velhos resultam do efeito ambiental cumulativo - proveniente do longo período de exposição da patologia aos agentes etiológicos (MARINI et al., 2004) - e do efeito cumulativo de uma afecção patológica menor - traumatismos menores diretos e repetidos (MEDINA, 2004). Diante dos resultados desse estudo, demonstrando prevalência considerável da patologia diante da pequena população avaliada, torna-se necessário realizar mais pesquisas na população adulta brasileira, em longo prazo, e constituídas por amostras maiores. Além disso, mesmo o presente estudo tendo pesquisado alguns fatores etiológicos contribuintes em relação à patologia, é notória a escassez de avaliações clínicas que visem correlacionar fatores que não foram aqui pesquisados, como traumatismo oclusal, técnica de escovação e fumo, todos de grande relevância no surgimento e agravamento dessas lesões. CONCLUSÕES De acordo com a metodologia empregada e os resultados obtidos, conclui-se que: os dentes mais afetados pelas recessões gengivais foram os incisivos inferiores; a maior ocor- rência das recessões gengivais foi encontrada nas faces vestibulares; a presença de placa bacteriana constituiu principal fator etiológico relacionado às recessões gengivais e a severidade das recessões gengivais aumentou com o avanço da idade. ABSTRACT It has evaluated the etiology, prevalence and severity of gingival recessions in 49 male and female patients under treatment in the Periodontics clinic at School of Dentistry of Federal University of Maranhão, with range from 20 to 60 years of age. The recession measurements were taken from the cemento-enamel junction to the gingival margin at buccal and palatine/lingual surfaces. According to the present results, lower incisors were the most affected teeth (26,7 % lesions). The majority of recessions were found in buccal surfaces (58,25%). The analysis between the presence of visible plaque and the recession by the correlation coefficient (r) has showed that 76,71% sites might be influenced by that factor, however others etiolological factors for recessions were also investigated. For the level of the pathology, it has observed that class I recessions were present in all age groups but there were more severe recessions in subjects above 50 years of age. Therefore, it has concluded that lower incisors were the most injured teeth as well as buccal surfaces. Plaque accumulation was considerably related to the pathology and the severity of gingival recession has increased with the aging process. UNITERMS: Gingival recession. Etiology. Prevalence. 90 periomar2008rep03-04-09.pmd 90 4/9/2009, 5:10 PM R. Periodontia - 18(1):85-91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- American Academy of Periodontology. Glossary of periodontal terms. 3. ed. Chicago: The American Academy of Periodontology, 1992. 16- TUGNAIT, A.; CLEREHUGH, V. Gingival recession – its significance and management. J Dent, 2001; 29 (6): 381-394. 2- BAKER, D.L.; SEYMOUR, G.J. The possible pathogenesis of gingival recession. J Clin Periodontol, 1976; 3: 208. 17- VAN PALENSTEIN HELDERMAN, W.H.; LEMBARITI, B.S.; VAN DER WEIJDEN, G.A; VAN’T HOF, M.A. Gingival recession and its association with calculus in subjects deprived of prophylactic dental care. 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