X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A
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MAPAS CONCEITUAIS NA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Márcio Lobo Barbosaa [[email protected]]
Álvaro Santos Alvesb [[email protected]]
José Carlos Oliveira de Jesus b [[email protected]]
Teresinha Fróes Burnhamc [[email protected]]
a
Cooperescola e Colégio Visão, Feira de Santana - BA - Brasil
Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Física, Projeto Física no Campus, BR-116, Km 03,
Campus Universitário, 44.031-460, Feira de Santana -BA – Brasil
c
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, Av. Reitor Miguel Calmon, s/n, Campus Canela, 40.110-100,
Salvador – BA - Brasil
b
RESUMO
Aprender significativamente tem-se apresentando como um grande desafio no processo
e ensino-aprendizagem. A aprendizagem significativa é inerente à estrutura cognitiva
que cada aprendiz possui e a correlação produzida entre o que é aprendido e ensinado.
Neste trabalho, propõem-se avaliar a aprendizagem a partir da aquisição de significados
por meio de mapas conceituais, que estabelecem o intercâmbio de significados. Neste
trabalho, apresentamos os resultados parciais de avaliação dos conceitos estudados nas
aulas por meio de mapas, numa turma de 8a. série do ensino fundamental com 55
alunos. Por meio de entrevistas individuais e coletivas, os alunos extenalizaram os
conceitos e com a investigação das relações conceituais realizadas, nos mapas
conceituais, foi possível elencar os elementos que enquadram a aprendizagem como
significativa ou mecânica e suas implicações no processo de alfabetização científica dos
alunos através da física.
INTRODUÇÃO
Este trabalho consiste em apontar instrumentos que possibilitem a prática de estratégias
alternativas no Ensino de Física, bem como a compreensão do processo de produção do
conhecimento de forma interativa, tendo os alunos como artífices do ato de aprender. Os temas
Movimento Retilíneo, Leis de Newton e Energia foram abordados segundo a teoria de David
Ausbel, alicerçada por Joseph Novak com a introdução de mapas de conceitos. Nesse trabalho, os
mapas conceituais ou de idéias usados, assumiram um caráter de avaliação dos conceitos
desenvolvidos nas aulas. O trabalho foi desenvolvido com uma turma de 8ª série do Ensino
Fundamental, com 55 alunos, na cidade de Feira de Santana, Bahia. A avaliação dos resultados
colhidos revela que o emprego dos mapas conceituais como instrumento de avaliação é relevante no
processo de diferenciação cognitiva dos alunos no entendimento dos conceitos estudados em Física.
F UNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Existem muitas teorias sobre o processo de cognição dos alunos na contemplação dos
caminhos mais seguidos para a estruturação do pensamento, relacionando o que é ensinado com o
que é aprendido. Com o desenvolvimento da teoria criada por David Ausbel, tornou-se possível
elencar elementos que definem a aprendizagem como significativa.
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A essência do trabalho de Ausbel é a aprendizagem significativa na qual os conceitos são
ordenados progressivamente, de forma que os conceitos mais gerais de um conteúdo estão ligados a
conceitos subordinados e este a conceitos específicos. Aprender significativamente em ensino de
Física tem se configurado nas escolas como um grande desafio, pois na boa parte dos casos os
conceitos são fixados mecanicamente pelos alunos e sem a devida relação e aplicação com a
vivência dos alunos.
Segundo Ausbel (1978), a aprendizagem é dita significativa quando as informações
recebidas pelos alunos são acompanhadas de significados, por meio de ancoragem que o próprio
mecanismo cognitivo processa, e essa significância passa pelo campo das idéias, conceitos e
proposições já existentes nos alunos. O entendimento dos conceitos mediante a interação do que é
aprendido com os conhecimentos já existentes na estrutura cognitiva, ocorre segundo o processo da
diferenciação progressiva.
Na diferenciação progressiva o aluno é capaz de atribuir novos significados aos conceitos
mais inclusivos, e em seguida relacionar as novas idéias com outros conceitos cada vez mais
diferenciados. O processo de reorganizar os conceitos já aprendidos a partir de novas relações
conceituais é denominado de reconciliação interativa. Apesar de ser a base fundamental para o
mapeamento de conceitos Ausbel nunca citou no seu trabalho o termo mapa conceitual.
Com base nessa teoria de Ausbel, uma técnica foi desenvolvida em meados da década de
setenta por Joseph Novak e alguns pesquisadores da Universidade de Carnell, nos Estados Unidos.
Novak propõem uma nova estratégia educativa por meio de mapas conceituais, no mapeamento de
conceitos as idéias são relacionadas de forma lógica numa organização de conhecimentos.
Podemos tomar o modelo abaixo para o mapeamento de idéias segundo a teoria de Ausbel.
Fig. 1 - Mapa conceitual, segundo a teoria de David Ausbel.
A capacidade em desenvolver novas relações para se entender um conceito, confrontando o
mesmo com os conhecimentos prévios aumenta gradativamente, quando novos subsunçores vão se
formando e interagindo entre si, pois a estrutura cognitiva sofre constantemente reestruturações com
a finalidade de se aprender com significados.
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MAPAS CONCEITUAIS OU MAPAS DE IDÉIAS
Os mapas de conceitos podem ser entendidos como diagramas que relacionam conceitos de
um assunto abordado na sala de aula, em específico, e por conseguinte as relações funcionais entre
determinadas palavras-chaves, que estão inerentes à própria seqüência dos conceitos na cognição
dos alunos.
Veja um exemplo de mapa conceitual
Fig. 2 - Mapa de conceitos desenvolvido por um aluno da turma de 8ª série do ensino fundamental.
A organização dos conceitos por meio de um mapeamento pode assumir diversas
nomenclaturas em muitas áreas de ensino, quer seja pelos alunos ou por professores. Existem
aqueles que denominam: diagrama de idéias, esquema-resumo, e etc. Mesmo tendo algumas
denominações distintas, os mapas de conceitos não devem ser confundidos com organogramas ou
diagramas de fluxo, não obstante, os mapas conceituais revelam uma direção representativa de
significados, de relações significativas na qual podemos perceber a multiplicidade de implicações
que em determinado tema de estudo a ser abordado traz com conceitos mais idéias no processo de
aprendizagem significativa.
Sendo assim, o mais relevante não é a forma gráfica na confecção dos mapas, mas a
disposição das idéias e conceitos. Não existe uma forma correta de se fazer mapas conceituais e
nem o mapa conceitual correto, o que temos são modelos de mapas de palavras-chaves na
explanação conceitual. O uso de figuras geométricas como elipses, retângulos e círculos nos mapas
conceituais são de aspectos secundários, tornando-se sempre necessário que o professor oriente os
alunos na identificação dos conceitos mais inclusivos e menos inclusivos.
METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho consiste em avaliar a aprendizagem de conceitos trabalhados
nas aulas, com base nos elementos que definem a aprendizagem como significativa. Os elementos
abordados são: a diferenciação progressiva, reconciliação integrativa, organização seqüencial e
consolidação.
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Após a construção dos mapas de conceitos realizada pelos alunos, foram formulados
questões e problemas de forma não convencional – para evitar a reprodução mecanicista dos
conceitos - que exijam dos alunos a externalização, por meio de entrevistas nas próprias aulas, dos
conceitos empregados nos mapas, e das relações entre os mesmos.
A solução de situações problemas serve como base para procurar indícios da aprendizagem
dos conceitos.
A etapa final do processo metodológico, consiste em requerer dos alunos a resolução
seqüenciada de problemas que necessitem dos conhecimentos aprendidos em etapas anteriores.
CONCLUSÃO
Por se tratar de uma turma de 8ª série, do ensino fundamental, o trabalho de se levantar uma
aprendizagem em termos de significância, se torna muito importante no âmbito da apresentação da
física para estes alunos. Com a análise e desenvolvimento do trabalho foi possível destacar os
pontos mais determinantes no entendimento dos conceitos e das dificuldades enfrentados pelos
alunos na estruturação de modelos mentais, que propiciem a organização e interiorização dos
conceitos. Como geralmente nas salas de aulas os alunos desenvolvem o processo cognitivo, quase
que espontaneamente. Faz-se importante para o professor conhecer teorias sobre a estruturação do
conhecimento, em primeiro momento para saber valorizar o que o aluno já traz consigo e
posteriormente para ensinar Física não de forma simplória, desvinculada de qualquer teoria de
ensino - que mesmo presente - se não for devidamente empregada acarretará um atraso no
desenvolvimento da estrutura cognitiva, essencial para o entendimento de um conceito.
REFERÊNCIAS
MOREIRA, M. A e Masini, E.A.F.S.. Aprendizagem significativa: A teoria de David Ausbel. São
Paulo, Editora Moraes, 1982.
Moreira, M. A. Aprendizagem significativa: fórum permanente de professoes, Brasília, Editora
Unb, 1999.
Moreira, M. A.. Uma abordagem cognitivista no ensino da Física. Porto Alegre, Editora de
Universidade, 1983.
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Márcio Lobo Barbosa Álvaro Santos Alves José Carlos Oliveira de