UNIMAR – UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
EDGARD LOPES BENASSI
OS ENSINAMENTOS DE JESUS: DA ORALIDADE À INTERNET
MARÍLIA
2011
1
EDGARD LOPES BENASSI
OS ENSINAMENTOS DE JESUS: DA ORALIDADE À INTERNET
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Comunicação, área de concentração “Mídia e Cultura”, linha
de pesquisa “Produção e Recepção de Mídia”, da
Universidade de Marília, como requisito para obtenção do
grau de Mestre.
Orientadora: Professora Doutora Heloisa Helou Doca.
MARÍLIA
2011
2
Benassi, Edgard Lopes
Os ensinamentos de Jesus: da oralidade a internet / Edgard Lopes
Benassi -- Marília: UNIMAR, 2011.
116p.
Dissertação (Mestrado em Comunicação) -- Curso de Comunicação
da Universidade de Marília, Marília, 2011.
1.Veículos de Comunicação 2. Ideologia Religiosa 3. Instituição
4. Educação I. Benassi, Edgard Lopes.
CDD -- 302.23
3
Universidade de Marília
Faculdade de Comunicação, Educação e Turismo.
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Coordenadora: Profª. Drª. Suely Villibor Flory
Área de concentração
Mídia e Cultura
Orientadora
Profª. Drª. Heloisa Helou Doca
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EDGARD LOPES BENASSI
OS ENSINAMENTOS DE JESUS: DA ORALIDADE À INTERNET
Aprovado pela Banca Examinadora:
Nota:
________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
Orientadora
________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
Marília
2011
5
Dedico este trabalho a todos que querem
Pão, Pão verdadeiro, que sacie; Água verdadeira que
estanque a sede; Luz da verdade, que não se apaga.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus pela oportunidade da vida e saúde para seguir em frente.
Ao Governo do Estado de São Paulo e Secretaria de Estado da Educação e à Diretoria
Regional de Ensino de Ourinhos por me incluir no Projeto Bolsa Mestrado, o que permitiu a
minha permanência no Curso de Pós-Graduação e a realização deste trabalho.
Às Profª. Drª. Elêusis Mirian Camocardi e Profª. Drª. Maria Cecília Guirado de Carvalho
e Heloisa Helou Doca pela colaboração, orientação e entusiasmo.
À profª. Drª. Linda Bulik pela paciência e dedicação.
Ao Prof. Dr. Roberto Reis de Oliveira pela paciência e compreensão na trajetória do
conhecimento.
À Profª. Drª. Andréia Cristina Fregate Baraldi Labegalini pela atenção e contribuição.
Ao Prof. Dr. Adolpho Queiroz pelo apoio, consideração e incentivo.
À Profª. Drª. Rosangela Marçolla pelo acolhimento, incentivo e apoio.
À Profª. Drª. Suely Villibor Flory e aos docentes do Curso de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade de Marília e suas contribuições para o desenvolvimento do
conhecimento.
A todos os colegas do curso pelo encorajamento e incentivo.
E à minha família: esposa Eunice e filhas, Ana Carolina e Ana Paula, por compreenderem
a minha ausência neste período de estudos.
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RESUMO
___________________________________________________________________________
Este trabalho tem o objetivo de averiguar a religião institucionalizada, que se multiplica em
várias, na época de Jesus (Fariseus, Saduceus) para angariar prestígio e poder entre as nações,
trabalhando sempre em prol das classes dominantes e oferecendo uma falsa paz a seus fiéis,
posicionando-os numa condição de submissão, para melhor serem explorados nas relações
capitalistas. Jesus não participou nem seguiu este modelo para Sua Igreja (Seu Corpo), mas o
modelo de Cristo foi velado, para realçar o modelo das instituições que usam seu nome, para
gerar lucro prestígio e poder. Fragmentos de seus ensinamentos ocupam altares e púlpitos
fazendo cumprir a ideologia institucional de cada denominação religiosa. As igrejas
institucionalizadas, formadas pela deturpação dos ensinamentos de Jesus usam os meios de
comunicação de massa (rádio, TV) para atrair novos fiéis e formarem novas instituições
religiosas denominacionais, ocultando a autêntica Igreja de Cristo. Diferente dos veículos
anteriores, a internet apresenta novas formas de acesso às informações, que são compartilhadas
com maior número de pessoas na rede mundial de computadores, tornando-se assim um veículo
facilitador para ensinar e aprender os ensinamentos de Jesus. Através de pesquisas bibliográficas
procura-se debater aqui se o trabalho realizado pelas instituições religiosas não tem afastado as
pessoas do evangelho de Cristo, sendo que hoje a internet pode ter o papel de facilitar a
aproximação dos fiéis dos ensinamentos de Jesus, quando bem utilizada.
Palavras-chave: Veículos de comunicação. Ideologia religiosa. Instituição. Educação.
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ABSTRACT
___________________________________________________________________________
This work has the aim to discover the institutionalized religion which is multiplied in several at
Jesus time (Fariseus, Saduceus) with the purpose of recruiting prestige and power among nations,
working to the dominant classes and offering a false peace to its followers, positioning them in
submission condition for a better use in the capitalist relationships. Jesus didn‟t participate nor
followed this model to His Church (His/her Body), but Christ‟s model was veiled, to enhance the
model of the institutions that use His name, to generate profit, prestige and power to the
mercenaries. Fragments of His teachings occupy altars and pulpits enforcing the institutional
ideology of each religious denomination. The institutionalized churches, formed by the
corruption of Jesus teachings use new institutions, veiling Christ‟s authentic Church, and become
religious in a previous vehicle to teach and learn Jesus‟ teaching. Through bibliografic
rechearches oneself seeks to debate here if se work that was made for the religious institutions
has removed people from Christ Gospel, because today the internet can have a facilitador role of
approximating the faithful people of the teaching of Jesus, when well used.
Keywords: Media. Religious ideology. Institution. Education.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. A oralidade nos ensinamentos.............................................................................. 27
Figura 2. Templo medieval ................................................................................................... 32
Figura 3. Constantino.............................................................................................................42
Figura 4. A inquisição............................................................................................................48
Figura 5. Métodos de tortura.................................................................................................49
Figura 6. As fogueiras da inquisição.................................................................................... 51
Figura 7. Métodos de tortura (despertador).........................................................................52
Figura 8. Métodos de tortura (roda).....................................................................................53
Figura 9. Basílica de São Pedro.............................................................................................54
Figura 10. Visão da cúpula.....................................................................................................54
Figura 11. Prensa de Gutenberg............................................................................................61
Figura 12. Página da Bíblia de Gutenberg...........................................................................62
Figura 13. Imagem da página do site....................................................................................91
Figura 14. Arpanet - Tecnologia da computação.................................................................94
Figura 15. Arpanet - Tecnologia da computação.................................................................94
10
SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................................................11
1.
A oralidade como transmissão de conhecimentos.......................................................21
1.1 A divulgação da cultura pela oralidade no início da era cristã....................................23
1.2 A oralidade de Jesus – a oratura (literatura oral) nas comunidades primitivas (tribos
africanas)......................................................................................................................26
1.3 A oralidade da Idade Média.........................................................................................30
1.4 A divulgação da Palavra no Novo Testamento............................................................32
1.5 Os evangelistas.............................................................................................................34
1.6 Os evangelhos apócrifos..............................................................................................37
2.
As religiões institucionalizadas....................................................................................39
2.1 A institucionalização da igreja por Constantino..........................................................40
2.2 O papa e os sacerdotes.................................................................................................44
2.3 A inquisição.................................................................................................................47
2.4 A igreja e os genocídios...............................................................................................55
2.5 Lutero e as religiões protestantes.................................................................................57
2.6 Gutenberg e a Bíblia impressa.....................................................................................60
3.
A educação brasileira: o ensino religioso e a palavra áudio-visual.............................63
3.1 Visão histórica: o papel do catolicismo romano na educação brasileira.....................64
3.2 O evangelho na mídia: ideologia e usurpação.............................................................67
3.3 O uso do rádio e TV.....................................................................................................70
3.4 A religiosidade institucionalizada................................................................................77
3.5 A evangelização pelo rádio e TV.................................................................................83
4.
A educação brasileira na era da internet e da interatividade........................................86
4.1 A educação brasileira e o ensino religioso na atualidade.............................................86
4.2 A internet e os ensinamentos de Jesus.........................................................................89
4.3 A interatividade como marca da educação contemporânea.........................................93
Considerações finais.....................................................................................................97
Referências.................................................................................................................101
Anexos.......................................................................................................................109
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INTRODUÇÃO
Esta dissertação investiga o estudo do evangelho por meio da hermenêutica e da exegese,
possibilitando o ensino/aprendizagem desvinculado do sistema denominacional religioso e suas
ideologias, utilizando o site h t t p : / / w w w. e s t u d o s d a b i b l i a . n e t .
As múltiplas possibilidades de produções midiáticas da atualidade têm favorecido os mais
variados tipos de estudos, o que em tempos passados estava vinculado às instituições religiosas e
suas denominações, hoje está disponibilizado mundialmente por meio do ciberespaço .
Veiculados pela internet , os ensinamentos de Jesus vêm ganhando maneiras inusitadas de
propagação. Os dispositivos tecnológicos de comunicação, veiculados por meio da World Wide
Web (www.) fornecem novas formas de interações e pesquisas, socializadas nas comunidades
virtuais dispostas na rede mundial de computadores.
A religiosidade institucionalizada e suas doutrinas, quando empregadas no ambiente
escolar incitam dissensões entre alunos e professores. O fato de simplesmente citar “sou desta ou
daquela” denominação é motivo para competição, onde cada integrante procura defender a
“placa” denominacional à qual pertence, criando um desconforto e um quadro negativo para o
sistema de ensino.
O referido site desta dissertação pode ser um instrumento facilitador para o
ensino/aprendizagem dos ensinamentos de Jesus por apresentar unicamente as interpretações
bíblicas, sem apologia a instituições ou denominações religiosas.
As compilações das interpretações bíblicas, desvinculadas do sistema religioso
institucionalizado estão disponibilizadas, gratuitamente, por meio desta ferramenta, podendo ser
acessadas nas salas de informática das escolas públicas e privadas de todo país, em lan house e
pelo computador pessoal, estando em qualquer lugar de acesso a internet.
No sistema de ensino religioso atual, amparado pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da
educação nacional, na Seção III, Art. 33, vem expresso o que segue:
Dimensão ou domínio virtual da realidade, constituído por entidades e ações puramente informacionais; meio, conceitualmente
análogo a um espaço físico, em que seres humanos, máquinas e programas computacionais interagem (BUARQUE de
HOLANDA, 2004).
Qualquer conjunto de redes de computadores ligadas entre si por roteadores e gateways, como, por exemplo, aquela de âmbito
mundial, descentralizada e de acesso público, cujos principais serviços oferecidos são o correio eletrônico, o chat e a Web, e que é
constituída por um conjunto de redes de computadores interconectadas por roteadores que utilizam o protocolo de transmissão
TCP/IP (BUARQUE de HOLANDA, 2004).
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O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres
públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus
responsáveis, em caráter:
I – confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno, ou de seu responsável
ministrada por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas
respectivas igrejas ou entidades religiosas, e
II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se
responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.
Tanto o ensino religioso confessional como o interconfessional são causadores de
divergências e competições no ambiente escolar. Sendo o Antigo e o Novo Testamento
parâmetros para todas as denominações cristãs no país, disponibilizar seu conteúdo desvinculado
das instituições religiosas previne controvérsias e porfias.
Entendemos que a escola tem o dever de prevenir o fenômeno violência que se desenvolve
em seu contexto, e de intervir impedindo a proliferação. Entretanto, para que isso
aconteça, seus profissionais devem ser capacitados para atuar na melhoria do ambiente
escolar e das relações interpessoais, promovendo a solidariedade, a tolerância e o respeito
às características individuais, utilizando estratégias adequadas à realidade educacional que
envolva toda a comunidade escolar (FANTE, 2005, p.169).
Usufruir gratuitamente dos ensinamentos de Jesus é tomar posse de uma herança deixada
em benefício da humanidade, a qual foi transformada em lucro financeiro pelo sistema religioso
institucionalizado. Poder estudar as religiões nas escolas públicas está previsto nas diretrizes
educacionais brasileiras, mas, suportar a apologia desta ou daquela denominação em ambiente
público é humilhação e imposição para os que não acatam as determinadas liturgias. Já, as
interpretações dos textos bíblicos vêm ao encontro da construção e formação espiritual para a
cidadania, no cumprimento dos direitos e deveres do cidadão, dando possibilidades de
compreender e optar pela aceitação ou recusa da forma bíblica de se chegar a Deus.
O momento é oportuno, as novas tecnologias propiciam tal conhecimento sem o
engajamento religioso do passado, no qual o interessado em aprender os ensinamentos bíblicos
tinha que pertencer a uma denominação religiosa, colaborando financeiramente para a
manutenção do templo e dos sacerdotes.
Atualmente, a maioria das escolas públicas do Estado de São Paulo já possui a sala de
informática e os recursos tecnológicos necessários para acesso à internet. O provedor, monitorado
pela Secretaria de Educação fornece o auxílio à pesquisa e ao desenvolvimento intelectual dos
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alunos e comunidade escolar. Portanto, propiciar os ensinamentos bíblicos fora do contexto
religioso denominacional nas escolas é contribuir para o desenvolvimento em prol da paz.
Mas, para que a população receba tais benefícios, é necessário que a Secretaria da
Educação viabilize esta atividade no currículo escolar, libertando-a de antigos grilhões,
facilitando o acesso a este importante assunto, que esteve tão restrito às religiões, mas que
atualmente, frente às novas tecnologias torna-se acessível a todos.
Beneficiar-se do “Estado Laico” não se resume apenas na liberdade da escolher de uma
religião, mas também de compreender os parâmetros das religiosidades existente no país. Um
povo esclarecido e educado fica menos suscetível a persuasão. Na “lei geral das religiões” de
2009, no Art.11º se lê o seguinte:
O ensino religioso, de matrícula facultativa é parte integrante da formação básica do
cidadão e constitui disciplina dos horários normais da escola pública de ensino
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em
conformidade com a Constituição e as outras vigentes, sem qualquer forma de
proselitismo.
O termo “proselitismo” neste artigo já induz à existência de uma instituição religiosa e se
refere àqueles que se desvincularam de uma para se filiaram a outras denominações religiosas.
O ensino religioso oferecido atualmente nas escolas públicas sofre forças antagônicas,
deixa de ser democrático, quando favorece a maioria, formando grupos separatistas no recinto
escolar.
Por quase dois mil anos, os ensinamentos de Jesus percorrem a terra em busca de
ouvintes. São vários os veículos que conduziram suas mensagens até nossos dias, mas nenhum
tão facilitador quanto a internet, veiculado por meio da rede mundial de computadores. Este meio
de comunicação rompeu as paredes dos templos e disponibilizou os ensinamentos de Jesus de
forma diferenciada dos veículos anteriores.
Por meio desta tecnologia os ensinamentos de Jesus alcançaram a liberdade que não
obtiveram no altar, no púlpito, na imprensa tipográfica, no rádio e na TV. Fazendo uso da
eminente necessidade espiritual, a propaganda religiosa magnetizou o povo, tornando o
conhecimento bíblico gratuito em produto rentável.
McLuhan afirma que a televisão é um meio frio, mas que causa um profundo
envolvimento nas pessoas, e acrescenta:
14
Quase todas as tecnologias e entretenimentos que se seguiram a Gutenberg não tem sido
meios frios, mas quentes; fragmentários, e não profundos; orientados no sentido do
consumo e não da produção. Muito poucas são as áreas de relação já estabelecidas - lar,
igrejas, escola, mercado - que não tenham sido profundamente afetadas em seu padrão e
em sua tessitura, A perturbação psíquica e social criadas pela imagem da TV - e não por
sua programação - provocam comentários diários na imprensa (McLUHAN, 1964, p.351).
A cultura de massa, mediante a visão da teoria culturológica do autor francês Edgar
Morin diz que esta se integra às culturas já existentes, ou seja, também se integrou na cultura
religiosa do país, confundindo e deturpando o intuito primordial dos ensinamentos de Jesus,
distorcendo o que foi estabelecido inicialmente para a gratuidade e a transformou em objeto de
consumo para a ideologia capitalista.
A cultura de massa é uma cultura: ela constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens
concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de
identificações específicas. Ela se acrescenta, à cultura nacional, à cultura humanista, à
cultura religiosa, e entra em concorrência com estas culturas (MORIN, 1967, p. 18).
Os sacerdotes, deixando a tarefa de ensinar assuntos concernentes ao espírito
enveredaram-se na busca de prestígio e poder pessoal, acabou oferecendo palavras de “direitos
humanos”, algo que não suprem as necessidades da alma.
A internet surgiu com o avanço das estratégias militares e a necessidade de se obter
informação cada vez mais rápida e mais eficaz, quando comparado ao rádio e à televisão.
Chegou às três últimas décadas do século XX como consequência da fusão singular de
pesquisa militar, a (ARPA) Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas do departamento de
defesa dos EUA que transmitiu mensagens sonoras, imagens e dados por meio de redes de
informações (CASTELLS, 1999, p.82).
O sistema de comunicação em rede nasceu em ampla escala, nas formas de redes de áreas
locais e redes regionais, ligadas umas às outras, começou a espalhar-se por toda parte onde
houvesse linhas telefônicas e por computadores equipados com modens, equipamento de preço
bastante baixo e acessível à população (CASTELLS, 1999, p.85).
A Teoria Culturológica parte de uma análise da Teoria Crítica e desenvolve assim um pressuposto diferente das demais teorias.
No lugar de pesquisar os efeitos ou as funções da mídia, procura definir a natureza da cultura das sociedades contemporâneas.
Conclui assim que a cultura de massa não é autônoma, como pretendem as demais teorias, mas parte integrante da cultura
nacional, religiosa ou humanística. Ou seja, a cultura de massa não impõe a padronização d símbolos, mas utiliza a padronização
desenvolvida espontaneamente pelo imaginário popular (WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença,
1995).
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Facilitando ainda mais, em meados dos anos 70, o microcomputador foi inventado e
simultaneamente apareceram os sistemas operacionais, os softwares para um melhor desempenho
dos comandos. A internet também facilitou a vida dos estudantes, permitindo o acesso a
informações e bancos de dados dos mais variados tipos de assunto, inclusive sobre as religiões no
Brasil.
O professor, como agente participativo do conhecimento, quando se depara com o assunto
religioso em salas de aulas, depara-se com uma grande disputa. Os alunos defendem as
instituições religiosas às quais pertencem como aos times de futebol. Basta uma simples
pergunta: “Qual é a sua igreja?” para que as disputas aconteçam e esta é uma pergunta recorrente
entre os alunos. Por falta de conhecimento bíblico e por estar magnetizada e persuadida pelas
instituições religiosas, a maioria da população está equivocada sobre a concepção de igreja.
Os ensinamentos de Jesus mostram que só existe uma Igreja, que é denominada de corpo
de Cristo, composta por membros que podem estar reunidos numa casa, numa cidade ou em toda
parte. Independente do país, do estado, da cidade, da residência onde se reúna o cristão, compõese o Corpo de Cristo que é a Igreja. Paulo esclarece sobre o assunto e diz: “Regozijo-me agora no
que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é
a igreja” (Colossenses 1:24) .
A palavra “igreja ” deriva do latim ecclesia e do grego ekkêsia, e significa assembleia ou
congregação de fiéis que podem estar reunidos em qualquer lugar do planeta. No Novo
Testamento, Igreja não é sinônimo de templo e sim de um grupo de pessoas dispostas a seguir os
ensinamentos de Cristo, por meio de Sua Palavra. Também é errôneo dizer que o cristão é uma
igreja, pois correto dizer é que o cristão é templo do Espírito Santo e membro do Corpo de Cristo,
que é a Igreja. (DOUGLAS, 1995, P.75).
A escola que estiver cumprindo o que diz a L.D.B. estará transmitindo a ideologia de
alguma denominação religiosa, pois ainda não existe um parâmetro de religiosidade sobre a
óptica da hermenêutica e da exegese, elaborado pelo governo (Secretaria da Educação) que possa
reger esta situação democraticamente.
Todas as citações da Bíblia foram extraídas da versão “Sociedade Bíblica do Brasil, 1969”.
Em português o vocábulo “igreja” deriva-se do latim ecclesia, que por sua vez vem do grego ekkêsia, palavra esta que, no Novo
Testamento, na maior parte de suas ocorrências, significa uma congregação local de cristãos, e jamais um edifício (DOUGLAS,
1995, p. 735).
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Há muitas controvérsias em relação ao ensino religioso nas escolas públicas, pois se a
instituição escolar não for homogênea, ou seja, se todos os seus alunos não professarem a mesma
religião, tal ensino se torna excludente. Existem unidades escolares que não se definiram
completamente sobre como ministrarem estas aulas, alguns especialistas no assunto sugerem
horários alternativos, outros dizem que os estabelecimentos públicos não podem servir de espaço
para as pregações religiosas e outros argumentam que a escola tem a obrigação de oferecer tal
ensino dentro da proposta curricular regular, ou seja, o assunto religioso sempre causa um
comportamento agressivo e gera um desconforto no ambiente escolar.
Sobre este tipo de comportamento a autora Fante (2005, p. 168) esclarece:
O comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje o fenômeno social mais
complexo e difícil de compreender, por afetar a sociedade como um todo, atingindo
diretamente as crianças de todas as idades, em todas as escolas do país e do mundo.
Sabemos ser o fenômeno resultante de inúmeros fatores, tanto externos como internos à
escola, caracterizados pelos tipos de interações sociais, familiares, socioeducacionais e
pelas expressões comportamentais agressivas manifestadas nas relações interpessoais.
A escola como local de aprendizado tem o dever de proporcionar ao aluno o
conhecimento necessário para a formação da cidadania, possibilitando a liberdade de expressão,
fazendo conhecer os direitos e deveres junto ao Estado e à sociedade.
Dentre os direitos do cidadão está o de se filiar a uma denominação religiosa por sua livre
escolha, sendo assim, de igual modo, deveria ter o direito de conhecer os ensinamentos de Jesus
num contexto não religioso denominacional, oferecido pelo Estado, no cumprimento da LDB.
Na situação atual, para ensinar sobre o cristianismo na escola pública e para agir de forma
constitucional e democrática, seria necessário estabelecer dias com líderes de todas as
denominações religiosas: católicos (tradicionais, carismáticos etc...), evangélicos (tradicionais,
pentecostais, neopentecostais etc.), espíritas e tantas outras instituições existentes no país. Mesmo
assim a rivalidade permanece, pois a presença de um sacerdote católico romano em escolas onde
predominam alunos evangélicos, ou vice-versa, é conflitante, uma vez que, alunos evangélicos
não reconhecem a iconografia católica romano, como sendo mediadora no cristianismo.
De acordo com Baudrillard (1991 p.12): “Vemos assim que os iconoclastas acusados de
desprezar e negar as imagens eram os que lhes davam o seu justo valor, ao contrário dos
iconólatras, que nelas apenas viam reflexos e se contentavam em venerar Deus em filigrana”.
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Todos os segmentos religiosos cristãos no Brasil professam ser Jesus o Cristo e creem em
parte no Novo Testamento como parâmetro para sua religiosidade, elaborando também suas
próprias normas e doutrinas específicas de cada denominação.
O Estado Laico na Constituição Brasileira foi conquistado por meio de muitos esforços,
para impedir que aconteça o que ocorreu no passado: o extermínio dos israelitas, maçons e livres
pensadores que, por não aderirem ao catolicismo romano eram exterminados em nome da “santa
inquisição”. Esta denominação religiosa praticou o maior genocídio descrito na história da
humanidade, por se achar a única deixada por Deus na terra e por se achar a única capaz de
interpretar corretamente as Escrituras. Levou também seus fiéis a perseguirem como heresia tudo
o que divergisse das suas normas, aprovadas pelos concílios do Vaticano.
E isso se fará na medida em que os professantes da fé romano-católica se reapropriarem
daquilo que foram historicamente despojados: sua capacidade de experimentar o sonho de
Jesus, de dizê-lo de forma criativa e responsável, no interior da comunidade, de confrontálo solidariamente com outras experiências do Evangelho de Deus na história e articulá-lo
com o curso do mundo, onde se revela também e principalmente o desígno de
benquerença e de amor de Deus (EYMERICH, 1993, p.27-28).
O Brasil possui uma imensa diversidade religiosa que deve ser respeitada, mas há também
aqueles que não querem aderir a este contexto religioso, mas que também devem ser respeitados,
fazendo-se cumprir a democracia no país.
Deixar de esclarecer ao povo sobre os ensinamentos de Jesus é retroceder ao domínio
clerical, onde tal conhecimento esteve restrito à casta sacerdotal e não concedido à população em
geral.
O concílio da igreja reunido no ano 1229 inclui a Bíblia no índice dos livros proibidos.
Milhares de exemplares da Santa Escritura foram incinerados em todo o mundo pela igreja
romana. Ainda hoje, onde o catolicismo romano domina ocorre isto. A destruição da
Bíblia incentivada pelo Papa Leão XII, que em sua carta encíclica datada de três de maio
de 1824 escreveu dizendo: “Que a certa sociedade chamada bíblica agia com arrogância
em todo mundo contrariando os bons e conhecidos decretos do Concílio de Trento”,
trabalhando com todo o seu poder e por todos os meios para traduzir, ou melhor, perverter
a Santa Escritura na língua própria de cada nação (LEONEL, 1998, p.23).
Observando o empenho dos governantes e sabendo da predominância religiosa do país,
nota-se que há muito a fazer e a legislar em prol ao cumprimento da democracia religiosa no
Brasil.
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O acordo jurídico entre o Governo Federal e a instituição religiosa católica romana gerou
a chamada “Lei Geral das Religiões”, projeto de Lei, nº 5598 de 2009, que no seu Art. 5º
estabelece que:
O patrimônio histórico, artístico e cultural, material e imaterial das Instituições Religiosas
reconhecidas pela República Federativa do Brasil, assim como os documentos custodiados
nos seus arquivos e bibliotecas, constitui parte relevante do patrimônio cultural brasileiro,
e continuarão a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens,
móveis e imóveis, de propriedade das instituições religiosas que sejam considerados pelo
Brasil como parte de seu patrimônio cultural e artístico.
Se a laicidade da República Federativa do Brasil reconhece as instituições cristãs e seus
arquivos e bibliotecas como parte relevante de seu patrimônio cultural, disponibilizar o
esclarecimento do Antigo e Novo Testamento por meio da hermenêutica seria um grandioso
exercício de democracia para o país. Se já houvesse a possibilidade de conhecer os ensinamentos
de Jesus sem o vínculo religioso denominacional, certamente haveria uma complementação na
LDB, na Seção III, Art.33, dizendo nos seguintes termos: “O ensino religioso não confessional,
resultante da necessidade de oferecer o conhecimento do Antigo e Novo Testamento, que regem
as denominações religiosas cristãs no país, sem a necessidade de vínculo institucional com as
mesmas”.
Esta possibilidade pode se tornar real e os ambientes já estão preparados, facilitados pela
internet e seus aplicativos de interação, tornando possível o ideal de Deus para a humanidade.
Quando Jesus disse aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura” (Marcos 16:15), não disse que seria necessário o vínculo religioso com esta ou aquela
denominação religiosa.
Para a execução desta dissertação foram utilizadas as contribuições de autores que
trataram do tema ou de aspectos correlatos, em vários veículos de comunicação até a internet.
Os autores Fernando Bastos e Sérgio Dayrell Porto, em sua proposta de análise
hermenêutica (DUARTE, J, BARROS, A., 2008 p.316) trouxeram uma contribuição quanto ao
método da hermenêutica e da exegese, nos quais dão visibilidade nos textos bíblicos, buscando
descobrir a originalidade que foi escondida ou distorcida pela tradição.
Usando a desconstrução hermenêutica, subvertendo as explicações tradicionais e seus
conceitos dogmáticos inquestionáveis, tais autores procuram revelar possibilidades ainda não
percebidas que estão nos ensinamentos de Jesus.
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O autor Edgar Morin, em seu livro O espírito do tempo, faz uma abordagem da cultura de
massa enquanto um conjunto de culturas (também a cultura religiosa) com suas normas,
símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade.
A tradição culturológica de estudos da cultura de massa revela a integração às culturas já
existentes e as concorrências entre estas culturas e contribuiu para o entendimento sobre a
religião, a mídia e o comércio religioso.
Enquanto na época de Jesus, o comércio estava do lado de fora do templo, hoje, na
“igreja” institucionalizada e midiatizada pelo rádio e TV, as quais dispõem sobre o consumo, as
religiosidades também se tornaram mais um produto oferecido e comercializado a preço de
dízimos e ofertas voluntárias nos shows da fé.
O educador Paulo Freire, em sua pedagogia da libertação, esclarece a relação entre os
oprimidos e os opressores e a relação de poder e submissão. Faz transparecer os métodos
pedagógicos inadequados que impedem o conhecimento e as ações dos opressores na tentativa de
impossibilitar o conhecimento para a libertação.
Michel Foucault, em seu livro Vigiar e Punir esclarece a relação entre escola e aparelho
repressor do Estado, a qual impele ao ato de vigiar e punir e não ao ato de esclarecer e libertar.
Revelou ainda que as punições imputadas pelos estabelecimentos de ensino modificam-se de
acordo com o comportamento social de cada período histórico.
O autor Louis Althusser, em seu livro, Aparelhos Ideológicos de Estado, desvenda a
religião como aparelho ideológico do Estado, que produz uma falsa paz, intermediando para
induzir as classes operárias e dominadas a servirem pacificamente às classes dominantes.
Marshall McLuhan esclarece sobre o poder envolvente do rádio, a letargia e persuasão
provocada pela TV, e também a diminuição da oportunidade de interação entre receptor/emissor
existentes nestes veículos.
Na compreensão das tecnologias de comunicação, o autor Manuel Castells apresenta a
internet como um veículo rápido e de integração mundial, que auxilia a prática e interação social
e, portanto, facilitador também para a propagação dos ensinamentos de Jesus desvinculado das
instituições religiosas.
Esta dissertação busca averiguar os ensinamentos de Jesus, antes e após a abertura do
Novo Testamento, na forma oral e escrita, conforme nosso estudo situado no capítulo 1.
Menciona ainda a trajetória de seus ensinamentos ministrados pelos discípulos, a
20
institucionalização da igreja cristã pelo imperador Constantino e o domínio religioso da Idade
Média até a imprensa tipográfica de Gutenberg, no capítulo 2.
Refere-se também aos ensinamentos de Jesus por meio do áudio-visual (rádio e TV), da
palavra proclamada no altar, no púlpito e pela imprensa tipográfica como veículos facilitadores
somente para a ampliação de novas instituições religiosas, mas não como veículos facilitadores
para aprendizagem segundo a hermenêutica e exegese dos textos. Tais veículos não possibilitam
a interatividade entre emissor/receptor, agem em prol ao consumo, posicionando-se como
aparelhos ideológicos do Estado e do capitalismo, conforme abordamos no capítulo 3.
O capítulo 4 averigua o site como um possível veículo facilitador para
ensino/aprendizagem dos ensinamentos de Jesus, desvinculado das instituições religiosas,
apresentado pela www.estudosdabiblia.net e as facilidades que este site possibilita para o estudo
bíblico fora do contexto religioso denominacional. Apresenta também parte do conteúdo de
estudo e evidenciam as possíveis formas de interatividade global, as quais fornecem novas
formas de acesso às informações, as quais estiveram restritas às instituições religiosas e suas
várias denominações por séculos. Desta forma apresentada, nossa dissertação baliza, a seguir,
neste primeiro capítulo, a oralidade como transmissão de conhecimentos.
21
1- A ORALIDADE COMO TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS
No princípio Deus criou a luz pela Palavra. Esta unidade mínima com significado que
constrói o enunciado é também o objeto da oralidade.
A bíblia nos relata um ramo linguístico existente no Éden, pelo qual Deus se comunicava
com Adão e este com toda a criação, o qual se ramificou após o dilúvio por meio de Sem, Cão e
Jafé e suas descendências até a mistura das línguas em Babel (GENESIS 11:9).
Michel Foucault em seu livro intitulado As Palavras e as Coisas, no capítulo denominado
“A prosa do mundo” faz referência a quatro tipos de diálogos que acontece entre as coisas
criadas.
O primeiro é denominado de a convenientia, onde se refere às coisas que, se aproximando
uma das outras, vêm a se emparelhar; tocam-se e se misturam entre si.
A alma e o corpo, por exemplo, são duas vezes convenientes: foi preciso que o pecado
tivesse tornado a alma espessa, pesada e terrestre, para que Deus a colocasse nas entranhas
da matéria. Mas, por essa vizinhança, a alma recebe os movimentos do corpo e se assimila
a ele, enquanto o “corpo se altera e se corrompe pelas paixões da alma” (FOUCAULT,
1992, p.34).
O segundo é denominado aemulatio. É uma espécie de conveniência que atua, imóvel, na
distância. Exemplifica que o rosto se comunica com o universo e a ele se assemelha.
De longe, o rosto é o êmulo do céu e, assim como o intelecto do homem reflete,
imperfeitamente, a sabedoria de Deus, assim os dois olhos, com sua claridade limitada,
refletem a grande iluminação que, no céu, expandem o sol e a lua; a boca é Vênus, pois
que por ela passam os beijos e as palavras de amor; o nariz dá a minúscula imagem do
cetro de Júpiter e do caduceu de Mercúrio (Ibdem, 1992, p. 35).
O terceiro é a analogia. Familiar a ciência grega e ao pensamento medieval, superpõe a
convenientia e ao aemulatio. Esta pode tramar, a partir de um mesmo ponto, um número
indefinido de parentescos.
A relação, por exemplo, dos astros com o céu onde cintilam, reencontra-se igualmente: na
da erva com a terra, dos seres vivos com o globo onde habitam, dos minerais e dos
diamantes com as rochas onde se enterram, dos órgãos dos sentidos com o rosto que
animam, das manchas da pele com o corpo que elas marcam secretamente (Idem Ibdem,
1992, p.37).
22
E o quarto e ultimo diálogo é por meio das simpatias. Por meio desta, nenhum trajeto é
previamente determinado nem há suposições de distancia a serem percorridas. A simpatia atua
livre nas profundezas da criação.
Ela é princípio de mobilidade: atrai o que é pesado para o peso do solo e o que é leve para
o éter sem peso; impele as raízes para a água e faz girar com a curva do sol a grande flor
amarela do girasol (Idem Ibdem, 1992, p.40).
Essa forma de linguística isenta do uso da palavra pode ter uma similitude com a
linguagem a qual Paulo se refere em (I CORÍNTIOS 13:1), quando se refere a língua dos anjos.
Mas, a oralidade a qual estamos nos referindo é a transferência oral de informações
guardadas na memória humana, a qual foi utilizada para transmitir conhecimentos à posteridade e
que sempre esteve, de alguma maneira, ligada a todas as etnias desde os tempos mais remotos.
Segundo (LÉVY, 1993), existem dois tipos de oralidade: a primária, que remete ao papel
da palavra antes que uma sociedade tenha adotado a escrita e a secundária, que está relacionada a
um estatuto da palavra que é complementar ao da escrita, tal como a conhecemos hoje.
Diz ainda que, numa sociedade oral primária, quase todo o edifício cultural está fundado
sobre as lembranças dos indivíduos. Nas épocas em que antecediam a escrita, era mais comum
pessoas inspiradas ouvirem vozes do que terem visões, já que a oralidade era um canal frequente
da informação.
Bardos, aedos e griots aprendiam seu ofício escutando os mais velhos. Muitos milênios de
escrita acabarão por desvalorizar o saber transmitido oralmente, pelo menos aos olhos dos
letrados. Spinoza irá colocá-lo no último lugar dos gêneros de conhecimento (LÉVY,
1993, p.77).
A oralidade ocupa-se diretamente da memória, sendo esta de curto ou longo prazo. A
memória de curto prazo é aquela usada nas funções do cotidiano, ao memorizar de um recado
recebido no período da manhã e lembra-lo ao final da tarde e a de longo prazo é aquela que nos
lembramos do mesmo recado no momento necessário, ou seja, mesmo após ter passado vários
dias.
Os registros culturais, transmitidos pela oralidade estiveram sempre presentes tanto na
composição do Antigo e do Novo Testamento. Mesmo nos momentos mais difíceis da nação
23
israelita, seja por desertos ou cativeiros sempre a presença do onipotente foi falada e ouvida entre
o seu povo.
Segundo o autor (ONG, 1998), todos os textos escritos devem estar relacionados ao
mundo sonoro.“Ler” um texto significa converte-lo em som, em voz alta ou na imaginação, sílaba
por sílaba na leitura lenta ou de modo superficial na leitura rápida, comum a culturas de alta
tecnologia. Diz ainda que a escrita nunca pode prescindir da oralidade.
Assim como Sócrates, Jesus transmitiu seus ensinamentos pela oralidade, deixando para
seus discípulos registrarem por meio da escrita os seus feitos.
1.1 – A DIVULGAÇÃO DA CULTURA PELA ORALIDADE NO INÍCIO DA ERA CRISTÃ
O processo educacional vem desde os povos primitivos, com lições de moral e a crença
em Deus, praticada no seio da família e junto às comunidades. A constituição humana não foi
alterada desde a sua criação, mas as necessidades diárias é que passam por alterações no decurso
histórico. O homem da antiguidade também se humanizou por meio da educação, para suprir
outras necessidades importantes para sua época, o que diferem do período das invenções
tecnológicas atuais.
Dentre as tribos indígenas que se relacionam diretamente com a natureza ainda se
preserva o respeito aos genitores, a admiração ao conhecimento dos idosos, sentimento de honra
e dignidade para com o semelhante. Tais posicionamentos estão um pouco esquecidos na
sociedade contemporânea.
A cultura no antigo Egito era transmitida por meio de cânticos e hinos religiosos, mas
somente os sacerdotes tinham o poder sobre os livros herméticos, contendo o conhecimento da
religião.
O ensino superior era ministrado nos colégios sacerdotais muito bem organizado e
providos de arquivos e bibliotecas. Os mais antigos centros de estudos superiores foram os
templos de Heliópolis, Mênfis e Tebas, onde existiam cursos de religião, medicina, Leis,
Matemática, Astronomia, Gramática, etc. Os que terminavam os cursos e conquistavam os
graus acadêmicos podiam permanecer residindo nos templos para prosseguimento dos
seus estudos e investigações. Alguns desses alunos graduados dedicavam-se ao ensino nos
templos. Os príncipes eram educados numa “Escola de Faraós” onde também se podiam
matricular os filhos de sacerdotes que possuíssem mais de vinte anos de idade e se
tivessem distinguido nos estudos. Nessa escola, foi educado Moisés que era filho adotivo
de uma princesa real (SANTOS, 1967, p.53).
24
Este modelo educacional é praticado pela casta sacerdotal até os dias atuais, percorrendo
um período cronológico de aproximadamente cinco mil anos de tradição.
O vínculo da dominação sacerdotal na educação hebraica direcionou o ensino estritamente
de cunho religioso, no cumprimento da revelação de Deus ao povo de Israel.
Os israelitas diferem de outros povos da antiguidade pela sua historicidade, concernente
as doze tribos de Israel. Todos os conteúdos escolares estão direta ou indiretamente relacionados
com os textos bíblicos, desde a moral, a ética e as disciplinas de geografia, história, matemática e
ciências naturais.
Os mestres israelitas sempre foram muito eficientes nas transmissões orais de seus
conhecimentos, mas houve um período de extremas punições corporais para os jovens
insubordinados. O livro de Provérbios instrui a nação israelita a não poupar a vara na educação
dos filhos, como se comprova nos capítulos a seguir transcritos: Nos lábios do entendido se acha
a sabedoria, mas a vara é para as costas do falto de entendimento (10:13); O que não faz uso da
vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga (13:24); A estultícia está ligada ao
coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela (22:15); Não retires a disciplina da
criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá (23:13); Tu a fustigarás com a
vara, e livrarás a sua alma do inferno (23:14); O açoite é para o cavalo, o freio é para o jumento, e
a vara é para as costas dos tolos (26:3), A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança
entregue a si mesma, envergonha a sua mãe (29:15).
A Grécia, em sua educação humanística, buscou transmitir às novas gerações um ideal de
sabedoria e aperfeiçoamento dos seus conhecimentos. Suas fontes educacionais foram
construídas sobre duas bases, a de Esparta, que destinava a preparação para a guerra e a de
Atenas, que educava para a liberdade civil e desenvolvimento harmonioso da personalidade.
Os atenienses gloriavam-se de seus métodos pedagógicos, destituídos de atos violentos,
como relatado na oração fúnebre de Péricles:
Não educamos nossas crianças por meio da violência, mas deixando que as mesmas se
desenvolvam livremente até se tornarem homens. Amamos e cultivamos o belo, sem vã
ostentação. Prezamos a verdade, procuramos o conhecimento, sem nos deixar, porém,
dominar pela moleza e pela folgança. Somos audazes e temerários, mas nossa exaltação
não nos impede de avaliar o alcance de nossas empresas. Em outros, ao contrário, o
entusiasmo se baseia na ausência de educação. Sabemos julgar com perfeição, o agradável
e o penoso e, apesar disso, não nos esquivamos do perigo (SANTOS, 1967, p. 80).
25
A Grécia possuía centros de educação popular, destinados à infância e à juventude, e as
disciplinas eram ministradas por etapas entre as escolas e os ginásios. Mesmo buscando obter o
mais elevado grau de conhecimento, a educação grega também empregou algumas agressões
físicas para o ensino elementar. As crianças eram submetidas ao açoite com vara nas correções
leves e, nas faltas mais graves, o castigo era ainda maior.
Na didascália ou na palestra, a disciplina era rígida e severa. Uma passagem célebre de
Aristófanes descreve a disciplina das escolas atenienses. As crianças deviam guardar
silêncio diante dos mestres. Seguiam para a escola em grupos e, do mesmo modo,
voltavam para casa, a fim de não se desviarem do seu caminho. A disciplina na classe era
rigorosa. O professor fazia uso, freqüentemente, da vara para obter a atenção ou a
docilidade do aluno. Nos casos mais graves, lançava mão das sandálias (SANTOS, 1967,
p. 82).
A educação para os jovens acima dos dezoito anos ficava a cargo do serviço ativo do
Estado, junto aos efebos, em caráter militar e cívico, onde eram realizados vários tipos de
juramentos. Estes estudos prosseguiam para os estudos universitários, públicos e coletivos,
ministrados gratuitamente.
Já na Roma imperial, sob o domínio dos deleites e das luxúrias; pelo excesso de riquezas,
conquistadas em batalhas, a vida se deparava com o vazio. O caos religioso se instaurou mediante
aos rituais apáticos e indiferentes aos deuses mitológicos. Não existia a presença nem o vínculo
do Deus verdadeiro: criador das coisas invisíveis e visíveis. A religião romana encontrava-se em
decadência, não tinha mais o que oferecer; seus deuses ofereciam proteção em troca de oferendas
e oblações, mas não orientavam para a vida espiritual nem para a material.
Mas uma luz viva e pura já cintilava no céu negro e convulso do mundo romano. Um
grupo de humildes e rústicos pescadores provenientes da longínqua Judeia começava a
ensinar os romanos que a verdadeira virtude não brota da inteligência, nem da cultura, mas
da pureza de coração e da simplicidade de espírito; e que essa virtude consiste no amor de
Deus, no amor ao próximo, no amor ao bem. Era a doutrina de Jesus Cristo, mensageiro da
verdade eterna, que, apesar da humildade de sua origem, ia produzir a mais profunda
transformação social de todos os tempos (SANTOS, 1967, p.118).
Os ensinamentos de Jesus revelam uma nova maneira de viver, converte as atitudes de
soberba em humildade, de ódio e vingança em amor e esperança. Os rituais oferecidos aos deuses
do passado e suas pseudoproteções tornaram-se insignificantes comparadas a mensagem das Boas
Novas de salvação, oferecida gratuitamente.
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Jesus, o maior dos educadores de toda humanidade, ofereceu um conteúdo de vida e amor
inigualável, algo tão necessário e que pode resolver os problemas de violência em todos os níveis
sociais. É o único conteúdo competente e hábil para solucionar a indisciplina, a falta de respeito e
a violência na educação atual; só que seus ensinamentos ficaram submetidos à casta sacerdotal e
à religião que impõem suas normas e doutrinas, impedindo o livre curso da Sua Palavra. As
religiões simplesmente oferecem resquícios da verdade bíblica, em troca da submissão e dinheiro
dos fiéis. Os ensinamentos bíblicos oferecidos pelas religiões são algo tão fragmentado e tão
misturado entre lei e Graça que se torna impossível de compreendê-los corretamente.
1.2 - A ORALIDADE DE JESUS – A ORATURA (LITERATURA ORAL) NAS
COMUNIDADES PRIMITIVAS (TRIBOS AFRICANAS)
Segundo os registros bíblicos, ao se aproximar dos trinta anos e, sendo responsável pelos
seus atos, Jesus iniciou seu ministério se comunicando de forma intrapessoal com o Pai e se
dirigindo ao rio Jordão onde foi batizado por João, cumprindo toda a justiça.
Ao dar início a seu ministério, Jesus, assim como João, também pediu ao povo o
arrependimento dos pecados como requisito para entrar no reino de Deus.
Quem tem ouvido ouça, disse Jesus, o perfeito comunicador diante das multidões.
Não necessitou de grandes auditórios ou de palavras difíceis, mas fez uso da montanha e
da praia e, com simplicidade, desvendou os mistérios de Deus.
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Figura 1 – A oralidade nos ensinamentos
Não se filiou à instituição religiosa dos Fariseus ou dos Saduceus, nem se submeteu a
nenhum estatuto religioso humano, mas foi instruído pelo Espírito Santo, que desceu sobre ele na
forma corpórea de pomba. Após o batismo, saiu em direção ao deserto onde foi tentado e, tendo
resistido às tentações, iniciou os ensinamentos concernentes ao reino dos céus, ensinando os
discípulos e o povo, rompendo o isolamento com o mundo.
Ensinou coisas sublimes, comparando-as com atividades do cotidiano, como a pesca, a
agricultura e o pastoreio. Falou ao rico e ao pobre sem distinção, usou palavras como árvores e
rochas, óleo e sal para fazer compreender o reino de Deus. Ensinou mediante o recurso do
discurso primeiro, por meio do qual o Criador comunicou-se com Adão, comparando a similitude
das coisas criadas. Michel Foucault liga o conhecimento ao divino, às coisas de Deus, nos
seguintes termos:
Não há diferença entre essas marcas visíveis que Deus depositou sobre a superfície da
terra, para nos fazer conhecer seus segredos interiores, e as palavras legíveis que a
Escritura ou os sábios da antiguidade, esclarecidos por uma luz divina, depositaram nesses
livros que a tradição salvou. A relação com os textos é da mesma natureza que a relação
com as coisas; aqui e lá são signos que arrolamos. Mas Deus, para exercitar nossa
sabedoria, só semeou na natureza figuras a serem decifradas (e é nesse sentido que o
conhecimento deve ser divinatio), enquanto os antigos já deram interpretações que não
temos senão que recolher. Que deveríamos somente recolher, se não fosse necessário
aprender sua língua, ler seus textos, compreender o que dizem (FOUCAULT, 1992, p.49).
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Jesus ao se tornar adulto direcionou primeiramente seus ensinamentos à nação israelita, a
qual aguardava ansiosa por um libertador que pudesse torná-lo livre da opressão romana e do
jugo dos altos impostos, mas a libertação oferecida foi a do pecado e poucos aceitaram.
Instruiu seus discípulos e repreendeu os religiosos que o seguiam somente no intuito de
acusá-lo perante a lei mosaica. Tendo ensinado os doze e sabendo que iria deixá-los, os enviou
para que fossem às ovelhas perdidas da casa de Israel, pois estavam como cegos, compenetrados
na ideologia religiosa da lei, transmitida pelos sacerdotes a várias gerações.
Sendo a estrutura formal de toda ideologia sempre idêntica, nos contentaremos em analisar
apenas um exemplo, acessível a todos, o da ideologia religiosa; esta mesma demonstração
pode ser reproduzida para a ideologia moral, jurídica, política, estética, etc.
(ALTHUSSER, 1985, p. 99).
Esta forma de religiosidade é caracterizada pela ideologia institucional que visa o
prestígio e poder para os sacerdotes, junto ao aparelho ideológico do Estado, que atua em prol de
uma falsa paz, somente para que os subalternos ou dominados possam servir e serem melhores
explorados pelos dominantes no sistema capitalista. Para Garcia (1985, p.12) os “Líderes
religiosos, que se propõem a orientar seus adeptos pelos caminhos da paz espiritual e da salvação
eterna, acabam empurrando-os para ações que favorecem lucros materiais e ambições terrenas”.
A comunicação para direcionar os ensinamentos de Jesus, ministrada pelos discípulos por
meio da oralidade, acontecia e ainda, em menor intensidade acontece, pelas casas e praças,
competindo com os veículos de comunicação da atualidade. Para McLuhan, antes da intervenção
da tipografia, o sentido visual estava submetido ao sentido acústico (TEMER e NERY, p.116,
2009).
Uma verdadeira comunicação em massa se instaura após a morte e ressurreição de Jesus,
a excelência do tema e a necessidade espiritual emergente fazem da população a alavanca
propulsora da mensagem salvífica. Tal mensagem foi acatada pelo catolicismo romano como uma
propaganda, conforme esclarece Garcia (1985, p.10): “A propaganda ideológica, ao contrário, é
mais ampla e mais global. Sua função é a de formar a maior parte das idéias e convicções dos
indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social”.
Lei mosaica, seguindo as versões antigas, a maioria das traduções modernas empregam o termo “lei” para traduzir o vocábulo
hebraico tôrâ, palavra essa que ocorre mais ou menos 220 vezes no Antigo Testamento (BRUCE et. al., 1995, p. 914).
29
A comunicação interpessoal dos discípulos gerou novos grupos que organizados e
instruídos sobre o assunto concernente ao reino de Deus aumentavam a cada dia. Esta
intermediação oral e escrita teve sua base unicamente nos ensinamentos de Jesus e não em
alguma outra doutrina.
A oralidade primária remete ao papel da palavra antes que uma sociedade tenha adotado a
escrita, a oralidade secundária está relacionada a um estatuto da palavra que é
complementar ao da escrita, tal como o conhecemos hoje. Na oralidade primária, a palavra
tem como função básica a gestão da memória social, e não apenas a livre expressão das
pessoas ou a comunicação prática cotidiana. Hoje em dia a palavra viva, as palavras que
“se perdem no vento”, destaca-se sobre o fundo de um imenso corpus de textos: “os
escritos que permanecem”. O mundo da oralidade primária, por outro lado, situa-se antes
de qualquer distinção escrito/falado (LÉVY, 1993, p.77).
Na comunicação veiculada por meio da oralidade, os recursos sonoros ficam limitados à
voz humana e o fator que fez com que o número de seguidores aumentasse foi a expectação da
verdade anunciada, sendo esta reconhecida quando a palavra atinge o espírito humano.
Também houve a veiculação dos ensinamentos por meio de cartas , pergaminhos
manuscritos, enviados aos discípulos por todas as cidades onde existiam grupos de seguidores das
Boas Novas de salvação.
A Graça, o favor imerecido era anunciado pessoalmente e a massa atingida pela
comunicação oral espalhou-se rapidamente como uma chama viva e envolvente, difundindo-se
mesmo em meio a grandes perseguições e mortes dos discípulos por causa da Palavra.
A África desenvolveu através dos tempos uma magnífica e variada literatura que foi
transmitida muito mais na forma oral do que pela forma escrita.
Os contos populares, narrando histórias de animais e lendas imaginativas, transmitidas de
gerações a gerações colocam a lebre, a tartaruga, a aranha como personalidades importantes da
cultura e de alto valor expressivo que abrange todo o continente africano.
Com exceção da Etiópia cristã e de algumas áreas em que havia cronistas árabes, as
histórias locais foram transmitidas oralmente de uma geração para outra, frequentemente por
grupos de griots, poetas itinerantes os quais o povo lhes atribuía certos poderes espirituais.
A primeira literatura escrita aparece no norte da África e, assim como as obras do teólogo
cristão Agostinho e do historiador islâmico do século XIV Ibn Khaldun, as quais apresentam
fortes vínculos com as literaturas latina e árabe (ENCARTA 1993-2001).
Na segunda carta aos Tessalonicenses (2:15) diz: Então, irmãos, estais firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas,
seja por palavra, seja por epístola nossa.
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No período inicial do cristianismo, Felipe, obedecendo ao Senhor para ficar na estrada
que descia para Gaza, a qual esta deserta teve um encontro com um etíope, o qual tinha ido a
Jerusalém levar sua oferta religiosa. Felipe anunciou-lhe Jesus e o etíope creu e foi batizado,
tendo certamente voltado para a Etiópia e evangelizado a muitos, prosseguindo a obra
missionária de Cristo.
O anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho
que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um
homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era
superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração,
regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. E disse o Espírito a Filipe:
Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e
disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me
ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que
lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro
diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu
julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E,
respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo,
ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe
anunciou a Jesus. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o
eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês
de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E
mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.
E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o
eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho (ATOS 8:26-39).
A África também existe uma cultura cristã copta, a qual se expressa pela língua semítica
do ramo egípcio, cujas primeiras atestações datam do séc. II, e que é, atualmente, usada apenas
como língua religiosa pelos cristãos do Egito. Esta cultura se desenvolveu posteriormente no
Sudão e na Etiópia e conseguiu manter esses vínculos, embora a conquista islâmica do norte da
África no século VIII tenha deixado os cristãos etíopes isolados do restante da cristandade por um
longo período (ENCARTA 1993-2001).
1.3 – A ORALIDADE NA IDADE MÉDIA
Neste período histórico a propagação da fé ficou a cargo dos sacerdotes catolicos, por
meio de sermões: “Na Idade Média, o altar, mais do que o púlpito ocupava o centro das igrejas
cristãs. No entanto o sermão dos padres já era obrigação aceita, e os frades pregavam nas ruas e
praças das cidades, assim como nas igrejas” (BRIGGS e BURKE, 2006, p.36).
31
A ínfima divulgação dos ensinamentos de Jesus que ocorreram neste período também
contribuiu para a ampliação da denominação católica, mas não do esclarecimento dos
ensinamentos de Jesus ao povo.
A compilação dos vinte e sete livros que compõem o Novo Testamento, como se
apresentam hoje, foi acontecendo por etapas.
Os manuscritos circulavam entre os discípulos que, reunidos compunham o corpo de
Cristo por cada localidade. A carta aos Colossenses (4:16) leem-se as seguintes informações: “E,
quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e
a que veio de Laodicéia lede-a vós também”, e aos Tessalonicenses (5:27) é direcionada a
seguinte observação: “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos
irmãos”.
As cartas eram lidas a todos os membros que estavam na Ásia, espalhando-se por todas as
localidades, reunindo-se em nome de Cristo.
Clemente de Roma, no ano (95 d.C.) mencionou oito livros do Novo Testamento, Inácio
de Antioquia (115 d.C.) reconheceu cerca de sete livros. Policarpo (108 d.C.) reconheceu 15
livros, Irineu (185 d.C.) fez menções a 21 livros, Hipólito (170-235 d.C.) referiu-se a 22 livros e,
no ano de 363 d.C., a assembléia de Laodicéia reconheceu os 27 livros que compõe o Novo
Testamento (CANONE, 2011).
Simultaneamente à expansão dos discursos religiosos, surgem também as grandes
construções religiosas tais como templos e catedrais. Ganham relevo também os sacerdotes, em
particular o “papa”.
Os gigantescos projetos arquitetônicos adentram a Idade Média, a arquitetura grecoromana foi dando lugar às torres góticas que, como mãos levantadas em direção aos céus,
determinavam o teocentrismo. A instituição católica romana usou os principais arquitetos da
época e se apossou dos lugares privilegiados de cada cidade, obtendo os seus intentos de
ostentação e luxo, mostrando seu poder por meio do ouro e da prata incrustados em seus
utensílios.
32
Figura 2 – Templo medieval
1.4 – A DIVULGAÇÃO DA PALAVRA NO NOVO TESTAMENTO
Os religiosos, cumpridores da lei, e os sacerdotes que se beneficiavam com o dinheiro do
povo buscavam eliminar os divulgadores dos ensinamentos de Jesus. O sangue de animais em
holocausto continuou sendo derramado, mas, para os autênticos seguidores dos ensinamentos de
Jesus o sangue de animais ficou completamente invalidado, como também todo cerimonial da lei,
valendo somente o sangue de Jesus, perpetuamente e gratuitamente oferecido para remissão dos
pecados.
Outra figura importante relacionada à divulgação do cristianismo é Paulo, por enfatizar a
Graça e desprezar os cerimoniais da abolida lei.
Segundo Wilhelm Heitmüller (1912 apud GOPPELT, 2002, p.285) não é somente a
comunidade primitiva que separa Paulo de Jesus, existe outro elemento. A seqüência do
desenvolvimento é: Jesus - comunidade primitiva – cristianismo Helenista – Paulo.
No momento que o véu do templo se rasgou de cima a baixo, abriu-se o local onde
habitava a presença de Deus na terra, no “santo dos santos”; a partir deste momento, toda a lei foi
33
ab-rogada, anulada totalmente. No Evangelho de Mateus (27:51) tal fato é descrito da seguinte
forma: “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e
fenderam-se as pedras”. Toda ideologia religiosa da lei mosaica foi anulada pelo Criador, o local
de habitação de Deus na terra deixou de ser o templo de pedra e passa a ser um templo não
construído por mãos humanas, mas no coração contrito que reconhece ser pecador e se arrepende
e, de livre e espontânea vontade, volta-se ao Criador.
Um dos temas éticos mais importantes com que se confrontou a igreja primitiva foi sua
relação com a lei mosaica. Como deviam observar a lei os que criam em Jesus como
Messias e Filho de Deus? O tema é complicado para leitores modernos, uma vez que se
aproximam de textos, tais como os evangelhos, com certa compreensão prévia da lei, por
exemplo, da lei moral, da lei natural. Mas, dentro do Novo Testamento, “a lei” em geral se
refere à lei mosaica, que contém regras e regulamentos que governam cada aspecto da
vida, desde regulamentações culturais e de pureza legal até o decálogo. A observância
dessa lei era o meio pelo qual o povo judeu mantinha o seu estatuto de aliança (MATERA,
1999, p.36).
Jesus viveu e anunciou o reino dos céus dentro do período da lei, mas com a sua morte,
abriu-se o Novo Testamento e entrou o período da Graça. Após sua morte, os discípulos
hesitavam entre a lei e a Graça e queriam permanecer com os ensinamentos de Jesus e também na
prática da lei, agradando os religiosos. Isto aconteceu até o correto entendimento sobre os
ensinamentos de Jesus, o qual chegou até Paulo por uma comunidade helenística , que já tinha
abolido a lei e estava na Graça de Deus por Cristo Jesus.
A imperfeita lei que fora ab-rogada caracterizou-se pela religião institucionalizada e
normas sacerdotais praticadas no templo, na espera do Messias. Na Graça, a qual se estabelece
por meio do favor imerecido de Deus para com a humanidade, a re-ligião ou a re-ligação por
meio dos sacerdotes já não existe.
Na Graça, é Cristo Jesus que liga o pecador ao Pai, sem a necessidade de uma re-ligação
ou mediação sacerdotal. Cristo é o Sumo Sacerdote.
Na lei, a purificação do pecado era feita com o sangue de animais, somente para os
sacerdotes, os quais intercediam a Deus por alguém ou por alguma causa.
Na Graça, o sangue de Cristo Jesus purifica a todos que o recebem como Senhor e
Salvador, e ainda os torna sacerdotes reais para Deus, gratuitamente.
Por volta do ano 40, surgiu em Antioquia uma comunidade de judeus e gentios que estava se separando da lei, a comunidade
matriz do “cristianismo gentílico” (GOPPELT, 2002, p.286).
34
Dessa maneira, firmam-se os preceitos religiosos praticados por Cristo e estes irão
consolidar-se nos séculos seguintes na história da humanidade.
1.5 – OS EVANGELISTAS
Evangelho provém da palavra grega euangelion , que significa "boas novas", um termo
que representa a entrega de boas noticias ou a literatura primária do Novo Testamento cristão. Os
quatros evangelhos trazem a mesma mensagem salvífica ao espírito e alma humana, que por meio
de Cristo Jesus Deus cumpriu suas promessas a Israel, abrindo o caminho da salvação a toda
humanidade, gratuitamente.
É o cumprimento do Antigo Testamento e não deve contrapor-se ao mesmo, como se
Deus tivesse desistido de seu plano inicial, antes é a confirmação onde o próprio Jesus visualizou
nos escrito de Isaias o seu ministério:
E, chegando a Nazaré, onde fora criado entrou num dia de sábado, segundo o seu costume,
na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando
abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: o Espírito do Senhor é sobre mim, pois
que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração,
a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os
oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao
ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou
a dizer-lhes: hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos (LUCAS 4:16-21).
Os quatro primeiros livros que compõem o evangelho são atribuídos a Mateus, Marcos,
Lucas e João e são suficientes para o testemunho sobre os feitos de Cristo, ficando impedido
qualquer registro de acréscimo ou emenda para justificá-lo. O apóstolo Paulo diz em Gálatas
(1:8) "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema".
Mateus, também era chamado de Levi, filho de Alfeu, o qual no seu próprio evangelho
recebe o complemento de "o publicano" (Mateus 10:3), estava sentado na coletoria quando foi
encontrado por Jesus, quando o pediu que o seguisse. Certamente era um homem rejeitado pelos
seus compatriotas e insatisfeito com o trabalho que realizava, não recusou o convite feito por
Jesus e logo se levantou e o seguiu.
35
Segundo (BRUCE et al, p.1003, 1995) João Marcos, o autor do segundo evangelho
aparentemente era judeu nascido em Jerusalém e carregava um nome latino, possivelmente
atribuído a influência romana em território israelita daquele período.
Sua mãe, chamada Maria tinha algum parentesco com Barnabé, segundo o relato descrito
em Colossenses (4:10) “Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de
Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o”; Maria,
mãe de Marcos, parece ter sido uma mulher financeiramente estruturada, pois tinha uma ampla
casa, a qual era bastante espaçosa e abrigava grande número de pessoas.
A descrição em Atos (12:12) diz que o apóstolo Pedro ao sair da prisão foi à casa de
Maria, mãe de Marcos e ali encontrou grande numero de crentes reunidos, perseverando em
oração. A bíblia não faz menção a seu pai, e isto leva a crer que já teria falecido neste período.
João Marcos aparentemente permaneceu em sua residência até ser levado por Paulo e
Barnabé para Antioquia, os quais estavam regressando á Jerusalém, como está descrito em Atos
(12:25). João Marcos também acompanhou Paulo e Barnabé em ocasião da sua primeira viagem
missionária, onde partiram para Chipre, mas, quando chegaram a Perge, João Marcos os deixou e
retornou a Jerusalém como está descrito em Atos (13:13) “E, partindo de Pafos, Paulo e os que
estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para
Jerusalém”.
Paulo certamente reconheceu a atitude de João Marcos como um ato de deserção e
recusou em levá-lo, quando foi sugerido por Barnabé como integrante na segunda viagem
missionária, que se encontra em Atos (15:38): “Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem
consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra”.
Com a insistência de Barnabé em levar João Marcos consigo para Chipre, Paulo
separando-se de Barnabé preferiu seguir com Silas para outra direção. Certamente este pequeno
desentendimento foi solucionado mais tarde, quando foi escrito Colossenses (4:10) Paulo diz:
“Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já
recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o”.
Lucas, o evangelista, autor do terceiro evangelho, foi um médico muito educado que
acompanhou o apóstolo Paulo em suas viagens. Provavelmente nascido em Antioquia, era um
gentio que falava o grego, humilde, e muito disciplinado, o qual projetou em sua obra toda luz
para o tema central de Jesus o Salvador. O apostolo Paulo escreveu sobre ele em Colossenses
36
(4:14) chamando-o de “o médico amado” e na epístola de Filemom 24 o nomeia como um dos
seus cooperadores de viagens para o evangelismo.
Em seu aprisionamento em Roma e pouco antes de seu martírio, Paulo escreve a Timóteo
que somente Lucas estava com ele, sendo necessário que Marcos o acompanhe e o ajude em seu
ministério. “Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para
o ministério” (2 Timóteo 4:11).
Lucas, além de cooperador, foi um grande amigo de Paulo. Para escrever o evangelho
averiguou as testemunhas que evidenciaram os fatos decorrentes ao ministério de Jesus, como
está registrado:
Tendo, pois, muitos empreendidos pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se
cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e
foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó
excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo
desde o princípio; para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado
(LUCAS 1:1-4).
E João, o autor do quarto evangelho, filho de Zebedeu e Salomé, possivelmente primo de
Jesus por parte de mãe, ficou denominado como “aquele a quem Jesus amava”. João e Tiago
foram designados por Jesus de Boanerges, ou “filhos do trovão” por serem de temperamento
impensado e de ações súbitas.
Esse aspecto de caráter dos irmãos é demonstrado após alguns samaritanos terem
recusado a entrada e os ensinamentos de Jesus em seu vilarejo, como se encontra em Lucas (9:54)
que diz: “E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos
que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Além disso, suas ambições,
juntamente com a de sua mãe eram um tanto exagerado, chegaram a pedir lugares especiais no
momento que Jesus ocupasse o seu reino”.
Então se aproximou dele à mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o, e
fazendo-lhe um pedido. E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus
dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino. Jesus, porém,
respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber,
e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos. E dizlhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu
sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence dálo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado. E, quando os dez ouviram
isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Então Jesus, chamando-os para junto de si,
disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes
37
exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre
vós fazer-se grande seja vosso serviçal; (MATEUS 20: 20-26).
João, aquele que Jesus amava, é o mesmo que no momento da última ceia se reclinou
próximo ao seio do Senhor, o qual também ficou encarregado de cuidar de Maria após a morte de
Jesus. João estava entre os três discípulos que presenciaram ocasiões especiais com Jesus, no
momento da transfiguração, na ressurreição da filha de Jairo e no jardim do Getsêmani e de
acordo com Lucas, João e Pedro foram os discípulos enviados por Jesus para prepararem a
refeição da Páscoa. “E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a
comamos” (LUCAS 22:8).
João, juntamente com Pedro, correu, no domingo da ressurreição, até o túmulo onde Jesus
foi sepultado e foram os primeiros a ver as roupas mortuárias ainda não mexidas, deixadas pelo
Senhor, e estava também no momento que Cristo ressurreto se revelou a sete de seus discípulos,
próximo ao mar de Tiberíades.
É atribuídos a João o evangelho, três epístolas e o apocalipse, (ENCARTA 1993-2001),
depois de ter se refugiado na ilha de Patos durante a perseguição romana seguiu para Efeso, tendo
falecido no ano 101d.C.
1.6 – OS EVANGELHOS APÓCRIFOS
A palavra „apócrifo‟ provém do grego apókryphos e do latim apocryphu que significa
obra ou fato sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou. Especificamente entre os
católicos romanos diz-se dos escritos de assunto sagrado não incluído no Cânon das Escrituras
autênticas e divinamente inspirado. Segundo HALLEY, 2001 a palavra testamento, conforme
empregada para designar os livros do Antigo ou Novo Testamento bíblico tem o significado de
“aliança” ou pacto solene entre Deus e os homens.
O Antigo Testamento diz respeito à aliança que Deus fez com Abraão (GENESIS 15) de
que viria a ser uma grande nação e que a terra de Canaã pertenceria a seus descendentes e que por
meio de seus descendentes o mundo seria abençoado.
O Novo testamento se refere à aliança que Deus fez com toda a humanidade, mediante a
vida, morte e ressurreição de Jesus, o qual descende de Abraão e é o instrumento da benção
prometida a Abraão com expansão para todas as nações da terra.
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Os sessenta e seis (66) livros canônicos reconhecidos pelos evangélicos foram escritos
durante o percurso de mil e quinhentos anos. A palavra “cânon da bíblia” significa regra ou
padrão, os quais foram aceitos como a Palavra inspirada por Deus.
Os católicos os denominam de “livros deuterocanônicos” e em suas versões bíblicas estão
intercalados com os livros canônicos, totalizando setenta e três livros, os quais são: Tobias,
Judite, Sabedoria de Salomão, eclesiástico, I Macabeus, II Macabeus e Baruque. Ainda na bíblia
católica existem os acréscimos a Ester, Carta de Jeremias e acréscimos a Daniel (Oração de
Azarias, Susana, Bel e o Dragão), os quais são reconhecidos pelos evangélicos como apócrifos.
São reconhecidos pelos católicos como livros apócrifos somente: O testamento de Adão, I e II
Enoque, O testamento de Jô, III e IV Macabeus e alguns outros, os quais são denominados pelos
evangélicos de pseudepígrafos.
Diante das perseguições aos cristãos do primeiro século, muitos manuscritos foram
destruídos, restando apenas alguns poucos testemunhos sobre os livros do Novo Testamento.
Segundo HALLEY, 2001, o mais antigo é o de Clemente de Roma, na sua carta aos Coríntios (95
d.C.) cita Mateus, Lucas, Romanos, Coríntios, Hebreus, I Timóteo e I Pedro ou se refere a eles.
Policarpo, na sua carta aos Filipenses (110 d.C.) faz citações a Filipenses e reproduz frases de
nove epístolas de Paulo e I Pedro. Inácio, em suas cartas escritas durante sua viagem de
Antioquia a Roma cita Mateus, I Pedro, I João e nove das epístolas de Paulo. Suas cartas também
revelam o teor dos outros três evangelhos.
Muitos outros escritos existentes foram colocados em dúvida, até a promulgação do
“Edito de Tolerância” pelo imperador Constantino.
No capítulo 2, percorreremos os caminhos das religiões institucionalizadas desde
Constantino, perpassando pelos sacerdotes, inquisição e genocídios até Lutero, Gutenberg e a
Bíblia impressa.
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2 – AS RELIGIÕES INSTITUCIONALIZADAS
Quando o ser humano pergunta: Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Há sempre
uma dúvida que a ciência ainda não pode explicar. Algo que está fora do campo da materialidade
e que somente por meio da crença em Deus pode solucionar estas incertezas.
Essas são as chamadas questões existenciais, pois dizem respeito a nossa própria
existência. Muitas questões existenciais são bastante gerais e surgem em todas as culturas.
Embora nem sempre sejam expressas de maneira tão sucinta, elas formam a base de todas
as religiões. Não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido
algum tipo de religião (GAARDER, 2000, p. 9).
As religiões institucionalizadas sempre estiveram em desavenças entre si, cada qual
posicionando-se como a única, verdadeira e correta diante de Deus, ao passo que as demais são
meras heresias.
Contudo, as religiões tentam encontrar características comuns para se unirem e se
fortalecerem, assim como supostamente deveria ser o ecumenismo .
Entre as maiores e mais antigas religiões, defrontamo-nos com a religião “mosaica”, a
qual se considera Moisés o fundador. As narrativas bíblicas começam por Adão e Eva, Noé e
Abraão, o qual saiu da cidade de Ur, na Caldéia, onde atualmente se encontra o sul do Iraque por
volta de 1800 a C. rumo à terra prometida.
O Hinduismo não apresenta um fundador, nem credo organizado, projeta-se como a
“religião eterna” e caracteriza-se pelos vários modos como de pensamento se adapta a muitas
formas de expressão religiosa. Suas raízes podem ser encontradas entre 1500 a C. quando os
nobres, denominados “arianos” começaram a dominar o vale do Indo. O “Livro dos Vedas” ou do
conhecimento consiste em quatro coletâneas, das quais datam do ano 1500 a C. e separam a
sociedade em quatro classes básicas, as quais são: os sacerdotes (brâmanes), os guerreiros, os
agricultores, comerciantes e artesões e os servos.
O Budismo surgiu por volta do século VI e V a C. no norte da Índia por meio de um
homem chamado Siddhartha Gautama, o qual disse ter atingido a “iluminação” que liberta do
ciclo da morte e reencarnação.
Movimento originado da crença de terem uma identidade substancial à doutrina e a mensagem de Cristo.
40
O Islamismo surgiu no Oriente Médio no século VII e se espalhou rapidamente para a
África e Ásia. Seus seguidores acreditam que a palavra de Deus ( Alá ) foi entregue a Maomé ou
Mohammed, as quais foram escritas no livro denominado Alcorão. O Shahada ou credo de fé
mulçumana declara haver um só Deus, o qual é Alá e Maomé seu mensageiro; também crêem no
céu, inferno e no juízo final após a morte.
O Confucionismo da China trata das condutas de ordem moral e social. Seu fundador, o
filósofo Confúcio ou K‟ung Fu-tzu viveu entre 551 a 479 a C. e ensinou a seus discípulos valores
morais sobre respeito, cortesia e generosidade.
Dentre as muitas religiões existentes, há também todas as denominações derivadas do
catolicismo romano, as quais se ramificaram com a reforma protestante em instituições
evangélicas tradicionais, pentecostais e neopentecostais e estão atuantes em nosso país.
Frente ao crescimento do pentecostalismo no Brasil, o autor se refere a três medidas
tomadas pelo catolicismo para solucionar o problema:
Dentro do quadro atual, emergem três posições principais no meio católico: 1. Uma
atitude crítica face ao pentecostalismo e a própria “ Renovação Carismática Católica” ,
julgados demasiadamente espiritualistas ou intimistas e pouco sensíveis aos graves
problemas sociais da nação. 2. Uma atitude crítica face ao pentecostalismo protestante,
mas favorável a “ Renovação Carismática Católica” , considerada inclusive como resposta
à expansão pentecostal. 3. A reafirmação da identidade católica e a busca de uma pastoral
mais adequada à modernidade e de melhor qualidade. A terceira posição não se interessa
diretamente pelo pentecostalismo, senão na medida em que pode contribuir para a
compreensão das atuais condições sócio-culturais da religião e para a tomada de
consciência de falhas da pastoral católica.( ANTONIAZZI, 1994, p.19).
As muitas religiões provenientes das subdivisões do catolicismo romano buscam uma
adequação com a verdade bíblica para ganharem espaço e atuarem juntamente como instituições
cristãs no país.
2.1 - A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA IGREJA POR CONSTANTINO
Os romanos, originários dos italiotas, descendentes dos etruscos, procedentes da Ásia
Menor e regiões periféricas habitaram a península itálica e conquistaram muitos territórios por
meio de suas habilidades para a guerra.
41
Suas representações religiosas eram definidas pelos indigetes e os novensides, as quais se
estabelecem pelo conjunto das divindades protetoras de um país ou uma determinada região e
divindades que auxiliavam nas atividades cotidianas.
Algumas dessas divindades e suas respectivas funções são: Jano, Vesta e Lares, os quais
tinham a incumbência de proteger as portas e as moradias. Pales, de proteger o rebanho; Saturno,
Ceres, Consus, Pomona e Ops protegiam a semeadura, o crescimento dos cereais, o fruto e a
colheita e tinham o domínio e o poder sobre as forças da natureza. Júpiter era o soberano entre os
deuses romanos, venerado e louvado por ajudar as granjas e os vinhedos, portador do poder sobre
a chuva, o raio, e era encarregado das conquistas militares (ENCARTA 1 9 9 3 - 2 0 0 1 ) .
Havia um sincretismo junto aos deuses gregos, invocados no exercício da mesma função,
como Dionísio e Baco, agindo respectivamente como o deus do vinho e dos ébrios.
Ao proferir o nome dessas divindades, durante atividades cotidianas, os gregos e os
romanos realizavam petições e invocava-lhes proteção.
Esta é a representação da religião dos romanos antes de se apropriarem da crença no Deus
único, incentivados e favorecidos pelo imperador Constantino.
No ano 311 d.C., o imperador Constantino declara ser um discípulo e seguidor dos
ensinamentos de Jesus. Acreditou que o Deus dos cristãos havia-lhe proporcionado a vitória na
batalha da ponte Mílvia, razão pela qual proclamou o “édito de Milão”, em 313, que concedia
liberdade aos seguidores dos ensinamentos de Jesus.
Quando, no ano de 311d.C., o imperador Constantino estabeleceu a Igreja Cristã como um
poder no Estado, os problemas com que se defrontou foram enormes. Durante os períodos
de perseguição não tinha havido necessidade nem, de fato, possibilidade de construir
lugares públicos de culto. As Igrejas e salas de reunião que existiam eram pequenas e de
aspecto insignificante. Mas, uma vez que a igreja se tornara o poder supremo no reino,
todo o seu relacionamento com a arte teria que ser reexaminado. Os lugares de culto não
podiam adotar por modelos os antigos templos, já que sua função era inteiramente
diferente. O interior do templo era, usualmente, apenas um pequeno sacrário para a estátua
de um deus. As procissões e os sacrifícios tinham lugar do lado de fora. A igreja por sua
vez, tinha que encontrar espaço para toda a congregação que se reunia para o serviço
religioso, quando o padre recitava a missa no altar-mor ou proferia seu sermão. Assim,
aconteceu que as igrejas não foram modeladas pelos templos pagãos, mas pelo tipo de
vastos salões de reunião que nos templos clássicos eram conhecidos pelo nome de
“basílicas”, o que significa aproximadamente “salões reais” (GOMBRICH, 1978, p.94).
Os romanos deixaram momentaneamente de servir seus deuses, suas imagens de
esculturas representadas por meio dos indigetes e os novensides e vangloriaram-se de estarem
42
participando da nova religião do imperador. Finalizou-se a primeira fase das perseguições, pois
ser um seguidor dos ensinamentos de Jesus, neste momento, era pertencer à religião do império e
como tal digna de suas honrarias.
Figura 3 - Constantino
Constantino começa a construir grandes edifícios para abrigar as multidões que
compareciam às suas reuniões. Logo estes grandes edifícios, estas enormes basílicas foram
denominadas de igreja cristã, que difere dos ensinamentos que Jesus ministrou quanto a sua
Igreja, que se encontra no livro de Mateus (16:16-18):
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus,
respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a
carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro,
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela.
A intenção de Jesus não foi de construir outro templo além do existente templo de
Salomão, ou de criar uma nova religião, mas sim em restaurar aquilo que a humanidade havia
perdido no Éden, a salvação da alma e a vida eterna.
A religião é vivida antes de tudo como angústia. Não é inventada, mas essencialmente
estruturada pela casta sacerdotal, que institui o papel de intermediário entre seres temíveis
43
e o povo, fundando assim sua hegemonia. Com freqüência o chefe, o monarca ou uma
classe privilegiada, de acordo com os elementos de seu poder e para salvaguardar a
soberania temporal, se arrogam as funções sacerdotais. Ou então, entre a casta política
dominante e a casta sacerdotal se estabelece uma comunidade de interesses (EINSTEIN,
1981, p. 19).
A religião acabou aliando-se a interesses econômicos, como se pode notar pelo
procedimento de Constantino, que usou uma estratégia econômica para conseguir adeptos, ou
seja, deu isenção dos impostos para todos que aderissem a sua nova religião. Houve adesão em
massa. Os romanos deixaram momentaneamente de servirem seus deuses, suas imagens de
esculturas, para aderirem à religião do imperador, praticando um pseudocristianismo, onde os
templos e basílicas são denominados de igrejas cristãs.
Simão Barjonas recebe a revelação, vinda do Pai, de que Jesus é o Cristo. Em seguida
Jesus disse a Pedro que sobre tal revelação edificaria a sua Igreja, a qual seria seu próprio corpo,
composta por membros lavados e remidos em seu sangue e não templos feitos por mãos
humanas.
A verdadeira Igreja de Cristo é composta por todos os verdadeiros praticantes de seus
ensinamentos, os quais podem estar reunidos numa determinada casa, numa cidade ou a
totalidade dos discípulos que estão por todas as nações da terra.
Segundo Althusser, o exemplo da ideologia religiosa serve como modelo para a ideologia
de todas as instituições religiosas, isto é, cabível também para todas as denominações cristãs. Ele
utiliza uma figura de retórica para recolher um discurso fictício dos dois Testamentos, através de
seus teólogos, sermões, rituais, cerimônias e sacramentos:
Dirijo-me a ti indivíduo humano chamado Pedro (todo indivíduo é chamado por seu nome,
no sentido passivo, não é nunca ele que se dá um nome) para dizer que Deus existe e que
tu deves lhe prestar contas. É Deus quem se dirige a ti pela minha voz (tendo a Escritura
recolhido a Palavra de Deus, a Tradição a transmitido, a Infalibilidade Pontifícia a fixado
para sempre quanto às questões “delicadas”). Eis quem tu és: Tu és Pedro! Eis a Tua
origem, tu foste criado pelo Deus de toda eternidade, embora tenha nascido em 1920
depois de Cristo! Eis o teu lugar no mundo! Eis o que deves fazer! Se o fizeres,
observando o “mandamento do amor”, tu serás salvo, tu Pedro, e farás parte do Glorioso
Corpo do Cristo! Etc... (ALTHUSSER, 1985, p. 100).
Neste pequeno trecho é possível identificar de que modo a instituição entra como aparelho
ideológico, pois tendo a Escritura recolhido a Palavra de Deus, a Tradição a transmitiu, a
Infalibilidade Pontifícia fixou-a para sempre quanto às questões “delicadas”, já não se pode mais
44
caracterizar o autêntico modelo dos ensinamentos de Jesus e sim um modelo de cristianismo
institucionalizado por normas religiosas do Vaticano. Neste caso, a referida instituição já entrou
em dissimilitude com os ensinamentos de Jesus e tornou-se uma religião orientada por normas
internas do catolicismo romano e seus concílios. Esta é a referida tradição, a qual também criou
normas de infalibilidade para seu sumo sacerdote humano, designando-o como único
representante de Deus na terra.
A religião institucionalizada pelo imperador Constantino, denominada de “igreja católica
apostólica romana” segue construindo seus templos pelo império romano, sorrateiramente vão se
adaptando aos velhos conceitos mitológicos, somente modificados; os quais usam do aparato dos
mártires para simularem seus deuses e fabricarem suas representações e inserem-nas nos templos
e as denominam de “santos” as quais dirigem suas preces. Fazem adaptações aos ensinamentos de
Jesus para favorecer a instituição religiosa e alegam serem os únicos detentores da verdade
imutável de Deus.
Vale ressaltar que, em relação à religião romana, como seu início fora à custa do dinheiro,
da isenção dos impostos pagos a Roma, seu intento continua neste empenho, angariando poder
por meio de riquezas perecíveis, como o ouro e a prata. Aumentaram o seu comércio com a venda
de relíquias, velas, rezas, missas, dízimos, e ofertas voluntárias. Seu comércio é o seu alimento
que a faz crescer entre as nações. Repristinaram a lei que fora ab-rogada na morte de Jesus,
construiram novamente os altares, não mais para o abate de animais, mas, como veículo de
persuasão às suas doutrinas e normas estabelecidas por meio de seus concílios.
2.2 – O PAPA E OS SACERDOTES
Em equivalência com a ab-rogada lei mosaica, o catolicismo romano criou seu sumo
sacerdote (pontífice) e lhe outorgaram autoridade máxima na terra, como um representante direto
de Deus para com a humanidade, desprezando aquele que Jesus pediu ao Pai para instruir aos
discípulos, o Espírito Santo, o Consolador, como está escrito em João (14:26): “Mas aquele
Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o dono da verdade. Isso porque o problema da
verdade radica na finitude do homem, de um lado, e na complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. O ser das
coisas e objetos que o homem pretende conhecer oculta-se e manifesta-se sob múltiplas formas. Aquilo que se manifesta, que
aparece em dado momento, não é, certamente, a totalidade do objeto, da realidade investigada. O homem pode apoderar-se e
conhecer aquele aspecto do objeto que se manifesta, que se impõe, que se desvela e isso ainda de modo humano, isto é,
imperfeito, pois não entra em contato direto com o objeto, mas apenas com sua representação e impressões que causa (CERVO,
1996, p.12).
45
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas,
e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.
Os romanos atribuíram as palavras “papa” ou “padre” para designarem seus sacerdotes, as
quais significam pai, contrariando o que Jesus ensinou aos discípulos, escrito no evangelho de
Mateus (23:9): “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está
nos céus”.
Reverenciam seu sumo-sacerdote como a um deus, prostrando-se de joelhos, beijam-lhe
os pés e os anéis de ouro em suas mãos.
Lentamente este pseudocristianismo romano foi se adaptando aos velhos conceitos
mitológicos, agora um tanto modificado, usando o aparato dos mártires para simularem seus
deuses e encheram os templos de imagens de “santos” milagreiros.
Ao invés de alfabetizarem as pessoas para lerem as escrituras, contaram histórias bíblicas
por meio de imagens, aproveitando a habilidade dos grandes artistas para engendrar suas
estratégias de domínio de massa, distorcendo as escrituras e impondo as representações dos seus
acordos decididos em concílios.
As imagens dos novensides, como Marte e Quirino, deuses quase sempre identificados
entre si, reapareceram. Marte cuidava dos jovens nas atividades da guerra e Quirino era o
padroeiro dos guerreiros nos tempos de paz.
Começaram a adorar e reverenciar diante da imagem do “santo” ou “são” Zeno de
Verona, por exemplo, que nasceu no norte da África e faleceu em Verona, no dia 12 de abril de
371, outorgando-lhe poder para proteger crianças.
Na liturgia do catolicismo romano, este “santo” é representado segurando um peixe, o
qual é invocado por seus adeptos como o protetor das crianças e denominado de “padroeiro” de
Verona.
A representação feminina também foi incluída, já que na antiga mitologia os romanos
veneravam Diana, deusa da lua e da caça, guardiã das correntes e das fontes, protetora dos
animais selvagens, com sincretismo à deusa grega Ártemis. No ano 431 d.C., a religião católica
romana instituiu o culto à virgem Maria, alegando ser a mãe de Jesus e que continuou virgem até
sua morte, ascendendo ao céu, tendo poder para interceder diante de Deus, contrariando o que
está escrito no evangelho de Mateus (13:55), que diz ser Jesus o primogênito (primeiro) de Maria
e unigênito (único) do Pai, tendo Jesus outros quatro irmãos como diz nas Escrituras: “Não é este
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o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e
Judas?”.
Esta representação religiosa não condiz com os ensinamentos encontrados no evangelho,
foi acrescentada para suprir o desejo e a necessidade dos romanos em venerar uma deusa. No
evangelho de Mateus (28:18) Jesus disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra”, todo o
poder está com Jesus e isto significa 100% do poder. E quanto à intercessão de Maria, que
alegam poder de intercessão e mediação entre Deus e os humanos, na primeira epístola a Timóteo
(2:5) está escrito: “Porque há um só Deus, e um só Mediador (intermediário) entre Deus e os
homens, o qual é Jesus Cristo homem”. Biblicamente só Jesus está assentado à direita do Pai
(Criador), não há outro nem outra que possa mediar ou interceder entre Deus e a humanidade.
Os romanos construíram suas imagens de esculturas em similitude com seus antigos
deuses, alegando serem as representações dos mártires, mas outorgavam-lhes as mesmas funções
da antiga crença, só que agora sem o pagamento de impostos aos cofres de Roma, e sim, aos
cofres do vaticano. Assim esta instituição foi adquirindo poder e riquezas materiais.
O catolicismo romano, no ano 503, criou a doutrina do purgatório, um lugar capaz de
purificar a alma do pecado e formar novamente o elo com o Pai Criador. Indiretamente se
compreende por este lugar que Jesus morreu debalde, contraria o que está escrito em Atos (4:12):
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado
entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
Queimam incenso dentro das basílicas, diante da imagem do “são” Venceslau, conhecido
também como Wenceslaus da Bohemia, nascido em Budweiss, hoje República Checa. Seus
seguidores o identificam como o “padroeiro” de Praga; sua função na liturgia católica romana é a
de proteger os fabricantes de vinho (retorno a Baco ou Dionísio), é mostrado com uma águia e
colhendo uvas.
Da maneira como foi estabelecida, por meio da isenção dos impostos, esta denominação
religiosa continuou o seu desígnio, conquistando poder por meio do ouro e da prata, expandindo
seu comércio além das vendas de relíquias, das velas e das missas. O dízimo foi repristinado e
incluído como fonte lucrativa para o seu crescimento entre as nações.
Voltaram a cobrar aquilo que no Antigo Testamento era destinado à manutenção do
templo e dos sacerdotes, na espera do Messias, o libertador.
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Consta nos ensinamentos de Jesus que este pediu para pagar o dízimo enquanto viveu sob
a “lei de Moisés”, mas que após a sua morte, a lei foi ab-rogada, anulada totalmente, como se
encontra no livro aos Hebreus (7:18-19): “Porque o precedente mandamento é ab-rogado por
causa da sua fraqueza e inutilidade, pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou e desta sorte é
introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus”. Portanto, ao chegar o perfeito
(Cristo) o transitório (lei) foi anulado.
Nenhum testador abre o testamento enquanto vive, mas morrendo, este entra logo em
vigor. Assim também foi com Jesus, enquanto estava vivo foi cumpridor da lei, mas, com a sua
morte, o véu do templo rasgou-se, iniciando o período da Graça, o Novo Testamento.
A partir deste momento, querer cumprir a lei do sábado, do dízimo, da circuncisão é
inutilizar a Graça de Deus.
Também se encontra em Gálatas (5:4) a seguinte frase: “Separados estais de Cristo, vós os
que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”.
Em seus altares não se oferecem animais em holocaustos, mas o tal veículo serve para
manipulação humana por meio de fragmentos da verdade de Cristo.
Como se todas essas mercadorias não bastassem, acabaram instituindo a venda de
“indulgências”, certa carta capaz de remir os pecados, total ou parcial de quem a possuísse.
2.3 – A INQUISIÇÃO
Roma avança sem oponentes e impõe a religião criada por Constantino por todo seu
império, sua religiosidade institucionalizada supera a coerção e o clero posiciona-se acima do
Estado. Seus sacerdotes determinam as normas e regras para a sociedade.
Certamente que esta instituição religiosa, que proibiu a leitura da bíblia e queimou em
praça pública a todos os que a questionaram em suas decisões tem grande poder material e
propriedades espalhadas por todas as nações.
Seus integrantes estabeleceram normas terríveis para matar em fogueiras, durante a
chamada “Santa Inquisição” todos os seus opositores. Nunca fez uso dos ensinamentos de Jesus
senão para dominar e manter sua soberania sobre a população, numa propaganda ideológica
institucionalizada e num “estranho amor cristão”.
48
Figura 4 – A inquisição.
Seus sacerdotes alegam serem os únicos capazes de empregar a hermenêutica e a exegese
para compreenderem os textos bíblicos.
O concílio da igreja reunido no ano 1229 inclui a Bíblia no índice dos livros proibidos.
Milhares de exemplares da Santa Escritura foram incinerados em todo o mundo pela igreja
romana. Ainda hoje, onde o catolicismo romano domina ocorre isto. A destruição da
Bíblia incentivada pelo Papa Leão XII, que em sua carta encíclica datada de 3 de maio de
1824 escreveu dizendo: “ Que a certa sociedade chamada bíblica agia com arrogância em
todo mundo contrariando os bons e conhecidos decretos do Concílio de Trento” ,
trabalhando com todo o seu poder e por todos os meios para traduzir, ou melhor, perverter
a Santa Escritura na língua própria de cada nação (LEONEL, 1998, p.23).
Para o católico romano, a heresia se estabelece no momento em que se demonstra uma
relação com Deus estabelecida fora dos parâmetros doutrinários da sua instituição, tudo o que é
praticado sem consonância com suas normas e concílios é considerado heresia e se torna ofensa à
fé católica.
Mas, esta instituição conduziu suas próprias normas e regras e divergindo dos
ensinamentos de Jesus e começou a perseguir e matar a todos que considerassem hereges, ou seja,
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todos que se recusassem a cumprir suas normas e doutrinas como o único caminho entre Deus e a
humanidade.
O catolicismo romano monopolizou as informações do evangelho, transmitindo somente o
conveniente, induzindo seus seguidores a cumprirem partes da lei ab-rogada. Aboliu a
circuncisão, o sábado e a permissão de possuir mais de uma esposa, o que na lei era permissível,
mas estabeleceu o dízimo, com o objetivo de ampliar suas riquezas e aumentarem suas forças.
No entanto, foi com as vítimas da inquisição que alcançou sua maior fonte lucrativa.
Localizava o herege e decretava as penalidades para que o Estado, por meio da justiça secular,
executasse a lei e o confisco dos bens do condenado, os quais eram repassados para a instituição
católica na forma de doação. Nunca molhou diretamente suas mãos em sangue nem usou
diretamente da ilegalidade em seus atos.
Figura 5 – Métodos de tortura.
No período descrito como medieval ou período das trevas, a única luz que poderia estar
aparente era a luz das chamas abrasadoras da “Santa Inquisição”. Após o ano de 1148 d.C.
quando a inquisição foi instituída, a perseguição aos seguidores dos ensinamentos de Jesus foi
intensificada. Com o intuito de fazer calar todos que não concordavam com sua maneira de agir,
a instituição católica condenou a morte vinte e cinco milhões de pessoas por todo o mundo,
contando com israelitas, maçons e livres pensadores (LEONEL, 1998).
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As antigas autoridades eclesiásticas desaprovavam a tortura até o momento em que esta
foi utilizada contra os hereges. Os padres não podiam praticá-la contra os acusados e
mesmo os “adeptos” deviam demonstrar especial piedade. Pouca piedade foi, no entanto,
demonstrada na supressão dos Templários. Entre 1307 e 1310, 36.000 Templários
morreram em Paris sob tortura. A prática da tortura foi reforçada pela propensão dos
juristas medievais de referir-se em medida sempre maior ao direito romano no exercício
da justiça. A seguir, tais práticas se afirmaram, principalmente na Alemanha e na Itália, e a
tortura era empregada com o objetivo principal de obter confissões de imputados
relutantes, de modo que as próprias confissões contivessem “elementos que só o acusado
podia conhecer” (GENTILI, 1996, p. 12).
Seus sacerdotes, posicionando-se como cristãos e seguidores da piedade, elaboravam
normas de torturas terríveis para que os inquisidores se orientarem. Ainda na perseguição
daqueles que não seguiam as doutrinas do catolicismo romano e suas imposições o autor pondera:
Como já vimos, a perseguição católica no mundo foi terrível, pois ela usava toda a sorte de
torturas para fustigar o corpo da vítima. Primeiro o acusado era apresentado ao juiz
ordinário da Inquisição; o interrogado já sabia qual seria o seu destino. Teria os seus bens
confiscados, seria torturado e, caso não denunciasse os parentes, poderia ser queimado
vivo. As torturas a que era submetido eram metódicas, obedeciam às gradações, umas
mais cruéis que as outras. O suplício inicial usado em Lisboa, Portugal, era de lambuzar as
plantas dos pés do torturado com banha ou manteiga. Depois de ter amarrado o corpo do
infeliz a um catre, com os pés assim besuntados; era posto sobre um braseiro e depois
dessa tortura o coitado não poderia andar. Resistindo a esse suplício, era amarrado pelos
pulsos e pernas numa espécie de cama de ripas. O inquisidor dava um solavanco, cortando
assim as carnes, separando-a dos ossos. Se passasse por mais esta tortura, a vítima era
suspensa por cordas que passavam por uma roldana presa no teto, de cabeça para baixo.
Os carrascos, inesperadamente soltavam as cordas, e o infeliz despencava com todo o peso
do corpo, sendo detido no ar quando chegava a alguns centímetros do solo. Querido
amigo, isso não parece verdade, mas, é a expressão da verdadeira realidade histórica que
nos foi ocultada durante séculos (LEONEL, 1998, p. 42).
Técnicas de suplícios extremamente cruéis, como as dilacerações de membros do corpo e
mortes por fogueiras marcaram este segundo período de perseguição aos seguidores dos
ensinamentos de Jesus.
51
Figura 6 – As fogueiras da inquisição.
As pessoas que fossem pegas com algum fragmento manuscrito do evangelho eram
torturadas e mortas, alegando ser a única maneira de se preservar os escritos bíblicos das falsas
interpretações, mas que na verdade foi um mau recurso para preservar seu monopólio.
O autor Gentili (1996, p.26) relata um instrumento denominado de “balcão de
estiramento”, usado nas salas de tortura da idade média para desmembramento do corpo. A
vítima era colocada distendida, com os pés fixados por dois anéis e os braços amarrados para trás,
presos por cordas estiradas com alavancas. Ao começar o estiramento, deslocava o ombro e as
articulações da vítima até arrancar parte da coluna vertebral, rompendo os músculos do peito e
abdômen.
Outro instrumento terrível, denominado “despertador”, usado pelos inquisidores, consistia
de uma pirâmide pontiaguda, onde a vítima era colocada sentada sobre a ponta desta pirâmide de
forma a penetrar e rasgar o ânus, quando a vítima era do sexo masculino ou a vagina, quando
fosse do sexo feminino. Os pés e as mãos eram amarrados por cordas e a pessoa ficava suspensa
sobre a pirâmide; não podia relaxar a musculatura, pois quando isto acontecia a ponta penetrava a
vítima, rasgando o seu abdômen. Quando a vítima desmaiava, no início da tortura, era reanimada
e a operação continuava até a morte.
52
Figura 7 – Métodos de tortura (despertador).
Outro instrumento temível pelas mulheres era o “esmaga seio”, semelhante ao alicate, era
usado para esmagar os seios das mulheres acusadas de participarem dos “sabbats” ou “cerimônias
satânicas” como denominavam.
Sabendo-se que a cerimônia da leitura da “Tora”, praticada pelos israelitas, acontece após
a primeira estrela da sexta-feira e, certamente os praticantes dessas reuniões eram tidos como
bruxos e bruxas, eram eliminados como hereges.
Nas penalidades brandas (GENTILI, 1996, p.44) era utilizada a “máscara de Infâmia”, a
qual era colocada nas mulheres rebeldes, beberrões e nos blasfemadores. Consistia duma armação
de ferro que se vestia na cabeça da vítima. Esta era amarrada por um gancho na porta da “igreja”,
na hora da missa, para que os fiéis pudessem praticar ofensas e agressões ao condenado.
Em casos mais graves, usava-se empalar ao contrário, e a morte era lenta e terrificante.
Atravessava-se uma estaca no ânus do condenado até sair pela boca, sem atingir os órgãos vitais;
virava-se o sentenciado de cabeça para baixo, para o sangue acumular no tórax e na cabeça,
protelando a morte e prolongando o sofrimento da vítima.
Era também usada pelos inquisidores a “roda de despedaçamento”. O réu era amarrado
com as costas na parte externa de uma roda de madeira que girava, roçando o corpo do herege em
farpas e sobre brasas, bem lentamente, matando o condenado praticamente “assado”.
53
Figura 8 – Métodos de tortura (roda).
Outro instrumento terrível era a “mesa de evisceração”, onde o carrasco abria o estômago
da vítima com uma lâmina e prendia pequenos ganchos nas vísceras, as quais eram arrancadas
por puxões até o sangramento total e a morte por esgotamento sanguíneo.
F. Gentili (1996, p.48) também relata sobre a “cadeira” inquisitória, encontrada no
Castelo de San Leo, próximo de Rimíni, na Itália.
Nesta cadeira o réu assentava-se nu e, ao menor movimento as agulhas penetravam no
corpo causando terríveis sofrimentos. Este castelo, onde foi encontrada tal cadeira era um cárcere
particular, sobre os cuidados diretos do papa.
Por estas formas de confissões, por meio das torturas e mortes, a religião católica
alcançou poder e adquiriu riquezas sem opositores.
Na cidade do vaticano, está localizada a “Basílica de São Pedro e a Praça de São Pedro”,
flanqueada pela famosa colunata de Bernini, expressando sua magnitude terrena. Em sua
retaguarda, estende-se o passeio “João XXIII”, que conduz ao centro da cidade de Roma. À
esquerda da Praça de São Pedro, está o “palácio papal”, que compreende a residência do “santo
pontífice” e outros prédios administrativos; os museus do vaticano, onde se encontram a célebre
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biblioteca, a pinacoteca com uma magnífica coleção de pintura italiana, e a famosa capela sistina
com a pintura de Michelangelo. À esquerda deste conjunto encontram-se os jardins do Vaticano;
tudo com muito luxo e ostentação, diferente da vida simples de Jesus, que disse não ter onde
reclinar a cabeça.
Figura 9 – Basílica de São Pedro.
Figura 10 – Visão da cúpula.
Ao contrário da “Santa Inquisição”, Jesus nunca pediu para matar alguém, pelo contrário,
ressuscitou Lázaro, a filha de Jairo, o filho da viúva; em momento algum pede para eliminar
alguém em nome de Deus. Mesmo quando Tiago e João querem que desça fogo do céu e
consuma os samaritanos que não os receberam, como está escrito no Evangelho de Lucas (9:56),
Ele disse: “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para
salvá-las”.
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Em relação à situação do herege, é válido ressaltar que este, frente à inquisição, mesmo
estando morto, seria, pela determinação dos inquisidores, denominado de anátema (amaldiçoado)
e sua descendência, inapta aos cargos públicos, sendo possível também a transferência dos
castigos e as penitências deste para os seus herdeiros.
O que os fatos querem dizer é que a religião católica apostólica romana nunca molhou
suas mãos em sangue diretamente, mas foi a causadora do maior genocídio que já existiu. No
decurso histórico, incumbiu-se de destruir as provas e omitir os acontecimentos reais de seus
atos, destruindo ou modificando todos os documentos encontrados.
2.4 – A IGREJA E OS GENOCÍDIOS
Os atos de violência dos campos de Kulmhof (Chelmno), Belzec, Sobibor, Treblinka,
Lublin (Maydanek) e Auschwitz devem ser lembrados constantemente, para que as novas
gerações possam saber a qualidade das instituições que já existiram e a que tipo de domínio a
humanidade já se submeteu. Se o holocausto, que aniquilou entre israelitas, eslavos, ciganos,
homossexuais, testemunhas de Jeová, comunistas, e outros, totalizando mais de cinco milhões de
pessoas, deve ser sempre lembrado, porque não se lembrar constantemente e com maior
intensidade da “inquisição”, a qual exterminou vinte e cinco milhões de pessoas em todo o
mundo?
Segundo P. Godman (2007), em seu livro intitulado O Vaticano e Hitler: a condenação
secreta, ele relata que o “papa” abençoou o político ditador Adolf Hitler antes de praticar o seu
intento.
É por esse tipo de política sem escrúpulos que esta instituição religiosa adquiriu poder
entre as nações, comandando chefes de Estado e influenciando a direção dos negócios públicos
com suas estratégias funestas.
Leonel (1998, p.67) refere-se ao prefácio do livro O papa e o concílio do tribuno Rui
Barbosa (O País, Rio 29/08/25) que critica o romanismo como uma religião de fábulas senis:
O romanismo não é uma religião, mas sim uma política, a mais viciosa, a mais sem
escrúpulo e a mais funesta de todas as políticas. O romanismo tornou-se um elemento
deletério, cuja fermentação decompõe a sociedade. Olhai a América, estudai o Brasil,
por toda parte só há fanatismo, beataria e farisaísmo religioso. Uma religião de fábulas
senis.
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A afirmação de Rui Barbosa em relação ao catolicismo romano pode ser entendida como
sendo esta uma instituição política-religiosa que interfere nos assuntos concernentes ao Estado
brasileiro, deixando de dedicar-se exclusivamente aos assuntos espirituais da nação.
Como se todo o ouro e toda riqueza acumulada durante os séculos não bastasse, esta
referida instituição ainda comercializa bebidas alcoólicas entre os seus fiéis, nas quermesses e
festas realizadas em seus templos, nos dias festivos de seus “santos milagreiros”.
Em sua sede, encravada na cidade de Roma, considerado o menor Estado independente do
mundo, onde conseguiu a separação financeira do país, sendo considerado estado independente
por sua riqueza, prestígio e domínio entre as nações, tudo é feito de forma inquestionável por
seus adeptos. O medo de ser considerado herege ou de ser excomungado permanece até os dias
atuais. Isto faz com que seus fiéis se afastem do conhecimento do evangelho e do questionamento
de seus atos, considerando a hermenêutica e a exegese de exclusividade do papa, bispos e padres
até os dias atuais.
Os documentos que se referem ao período da inquisição existentes na atualidade, são
questionados e transformados pelos seus doutores e mestres, teólogos e filósofos, integrantes
deste sistema de poder clerical, com o objetivo de preservar sua enganosa integridade.
Suas torres e cúpulas estão por toda parte, ocupam os lugares mais altos e nobres em cada
cidade do nosso país. Todo seu tesouro, incluindo suas terras, está isento de impostos aos cofres
da nação. Parece que os tesouros acumulados ao longo dos anos não são suficientes para suprir
seus luxos, necessita ainda angariar do governo brasileiro a isenção dos impostos. Talvez seja
esta uma força acima da coerção, o cheiro da fumaça de outros tempos, época em que usava o
Estado para cometer as suas atrocidades.
“Se assim é, então aqui é o pecado institucional que ganha a cena e a ocupa durante
séculos. Seu espírito vaga assustador até os dias de hoje” (EYMERICH, 1993, p.27).
Jesus não padeceu morte de cruz para ser comercializado pelas instituições religiosas ou
veio somente para a instituição católica romana ter privilégios. Sofrimento e desprezo marcaram
sua crucificação, mas vencendo a morte, ressuscitou, trazendo nova mensagem aos discípulos,
como está escrito no evangelho de Marcos (16:15): “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a
toda criatura, quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. A referida
condenação não é praticada na carne, por homens e sim na alma e no espírito pelo distanciamento
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do Criador, aos que recusarem seu Filho como Senhor e Salvador, o qual veio e padeceu morte de
cruz pela humanidade.
A comunicação de Jesus foi interpessoal, com abrangência “por todo o mundo”, gerando
novos grupos de discípulos que, organizados e instruídos nos assuntos concernentes ao reino dos
céus, ensinaram, não somente a nação israelita, mas, com validade para todas as nações da terra.
2.5 – LUTERO E AS RELIGIÕES PROTESTANTES
Não se pode determinar o preço da alma humana. Os pergaminhos da indulgência,
adornados com ouro e prata foram parte do protesto levantado por Lutero. Este ensinava a
população que o perdão dos pecados não pode ser comprado com dinheiro e que Jesus pagou um
alto preço (morte de cruz) para remir gratuitamente os pecados de quem se arrepende e o aceita
como o Cristo de Deus. Certamente Lutero chegou a esta conclusão após ter lido a carta aos
Efésios (2:7-9), onde se lê:
Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua
benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
No dia 10 de novembro de 1483, em Eisleben, cidadezinha da Turíngia, no antigo
condado de Mansfeld nasceu Lutero, o reformador da Alemanha (SAUSSURE, 2004, p.9).
No verão de 1501, Martinho Lutero iniciou seus estudos na Universidade de Erfurt, onde
também lecionou. A partir de 1505, ingressou no convento dos agostinianos eremitas, na
condição de noviço, continuou seus estudos e uma maior familiarização com a bíblia. Por esta
ordem tornou se professor de teologia, lecionando e participando de assuntos concernentes ao
clero romano até o surgimento de um debate sobre as indulgências. Lutero afirmou que a justiça
de Deus agracia o pecador na fé, sem o mérito pessoal. Deus não castiga, mas é misericordioso e
concede sua justiça para os que crêem. Contrariando os ensinamentos de Jesus, os adeptos às
indulgências particularizavam o dinheiro em relação à Graça.
O dominicano Johannes Tetzel, subcomissário para a venda de indulgências na província
eclesiástica da Saxônia e que privilegiava o dinheiro em relação à penitência, defendeu,
em janeiro de 1518 em debate acadêmico realizado em Frankfurt/Oder, uma afirmação
peculiar: “Quando o dinheiro retine na caixinha, a alma salta do purgatório para o céu”.
Ele e o capítulo de sua ordem denunciaram Lutero, em Roma, como suspeito de heresia
(DREHER, 1996, p.28).
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Lutero, após estudar o Novo Testamento e estar convicto de que a salvação não se adquire
pelos próprios esforços e méritos, mas sim pelo dom da graça de Deus, recebido pela fé, entra em
desacordo com o catolicismo romano, sendo excluído da instituição e também perseguido como
herege.
A massa religiosa dividiu-se pelo uso da hermenêutica, propiciada pelos textos bíblicos
oferecidos pela impressa tipografia. Inicia-se, dessa forma, um novo período religioso. Aquece a
comunicação escrita e a linguagem coloquial prevalece sobre o erudito. É o período da
reprodução dos livros.
Acontece uma nova chance para a propagação do evangelho a todas as nações da terra.
Entretanto, os religiosos reformadores, seguindo os moldes da instituição romana,
dividiram-se em várias outras instituições protestantes. Surgem os seguidores de Martinho Lutero
(1483-1546), de João Calvino (1509-1564), de John Wesley (1703-1791) e outros, que tentaram
se livrar das antigas amarras da ideologia institucional católica, mas não o conseguiram.
Acabaram também aderindo às normas da ab-rogada lei, nas construções de templos, na cobrança
do dízimo, no batismo de criança etc. Foi apenas uma reforma, nada de novo aconteceu para
facilitar os ensinamentos de Jesus. Permaneceu a religião, atuando por meio do relacionamento
institucional, cada qual com suas próprias normas e doutrinas.
O protesto de Lutero enfocou basicamente a venda das cartas de indulgências e o uso de
imagens de veneração. O modelo protestante eliminou a iconografia, mas consentiu nas
construções de templos, e no pagamento do dízimo que fora abolido com a lei.
As congregações dos reformadores se expandiram por vários países, valendo-se de
teólogos: o suíço Ulrich Zwingli (1484-1531), o francês João Calvino (1509-1564), o alemão
Philipp Jakob Spener (1635-1705), o alemão Friedrich Schleiermacher (1769-1834), o suíço Karl
Barth (1886-1968), até o surgimento do ecumenismo (conselho mundial das “igrejas”). Com as
várias denominações existentes, cada qual se posicionando como a verdadeira igreja de Cristo,
alicerçados do movimento ecumênico, acontece a célebre pergunta: “de qual igreja você é?” Esta
pergunta segrega, separa os membros do Corpo de Cristo e causa dissensão entre grupos.
De qual Igreja é o discípulo de Jesus se só existe uma?
Esta pergunta induz à acepção, rivalidade, emulação, impedimento, discórdia e muito
mais. Ao invés de gerar um sentimento de afeto e irmandade em Cristo, as denominações
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religiosas, se autodenominando “igrejas” dividem e causam uma espécie de competição,
impedindo o Espírito Santo de agir e ensinar.
Estas instituições, erroneamente denominadas de igrejas, tornam-se instrumentos
ideológicos do Estado, as quais ajudam a manter a ordem social por meio de uma falsa paz.
Segundo Althusser, o Estado é uma “máquina” de repressão que permite às classes
dominantes, à burguesia e aos latifundiários assegurar a sua dominação sobre a classe operária,
para submetê-la ao processo de extorsão da mais-valia na exploração capitalista. A igreja é parte
integrante dessa máquina de repressão orquestrada pelo Estado.
O autor afirma que a ideologia religiosa assegura, diariamente, na consciência dos
indivíduos e no seu comportamento para que se sujeitem a Deus e ocupem, sem questionamento,
seus postos na divisão social-técnica do trabalho, o que lhes é designado na produção, na
exploração, na repressão, na ideologização, ou seja, a ideologia religiosa faz com que o indivíduo
seja mais atuante nas relações de produção e no que delas derivam.
Contudo, os ensinamentos deixados por Jesus, em momento algum se caracterizam por
normas institucionais religiosas, Ele não se inseriu nem pediu para alguém se inserir em alguma
denominação religiosa de seu tempo. O evangelho é o próprio Cristo, que conduz o ser humano
ao Criador, por meio da Palavra. A doutrina dos ensinamentos de Jesus não se caracteriza em
uma religião, mas uma ligação; facilmente se compreende, pela hermenêutica, que o evangelho é
o único caminho entre o humano, a remissão dos pecados e o acesso a Deus para a vida eterna e
não as instituições religiosas e suas doutrinas.
A necessidade de se filiar a uma instituição religiosa para ser um seguidor dos
ensinamentos de Jesus é uma herança cultural tradicional, iniciada com a institucionalização do
cristianismo pelo imperador Constantino e continuada após a reforma protestante.
Não consta nas Escrituras que, nos primórdios, os discípulos de Jesus perguntavam para
alguém: “de qual igreja você é? Em todos estava a consciência de que há uma única Igreja, sem
placa denominacional e destituída de templo feito por mãos humanas, a qual é o “Corpo de
Cristo” na terra, como está escrito na carta aos Colossenses (1:24): “Regozijo-me agora no que
padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu Corpo, que é a
Igreja”. Esta Igreja não faz acepção de pessoas, não olha para a aparência física, não pede
dinheiro aos fiéis, pois todos que Nela estão inseridos certamente foram lavados e remidos no
sangue de Cristo.
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O único requisito necessário para o ingresso como membro do Corpo de Cristo é o
arrependimento dos pecados, mas a religião faz uso da verdade bíblica para enganar e lograr
todos os que não a conhecem.
O que é falso assemelha-se, quase que imperceptivelmente com o verdadeiro, sendo
necessário acautelar-se, neste caso, para aprender sobre Deus e ser direcionado somente pela
revelação da Sua Palavra.
Surpreendente se considerarmos que a ideologia religiosa se dirige aos indivíduos para
“transformá-los em sujeitos” interpelando o indivíduo Pedro para fazer dele um sujeito,
livre para obedecer ou desobedecer a este apelo, ou seja, às ordens de Deus; se ela os
chama por seu nome, reconhecendo desta forma que eles são chamados sempre/ já
enquanto sujeitos possuidores de uma identidade pessoal (a ponto de o Cristo de Pascal
dizer: “É por ti que derramei esta gota de meu sangue” (ALTHUSSER, 1985, p. 100).
Dessa maneira, faz se necessário não deixar levar-se por doutrinas denominacionais
religiosas e suas ideologias , as quais conduzem para o enriquecimento das instituições e dos
sacerdotes.
2.6 - GUTENBERG E A BÍBLIA IMPRESSA
A brutal realidade da inquisição que operou por toda Idade Média só se modificou com os
meios técnicos de impressão, ou seja, com a prensa tipográfica de Gutenberg, quando houve um
prenúncio de libertação para os ensinamentos de Jesus.
Com o advento da imprensa, o evangelho espalha-se rapidamente para fora dos muros do
clero, iniciando o grande desígnio.
Quanto ao papel, combinado com a então recente descoberta do tipo móvel, por Johannes
Gutenberg (1394-1468), por volta do ano 1440, possibilitaria conquistas jamais até então
imaginadas: golpe mortal no monopólio da Igreja Católica quanto aos textos bíblicos, o
tipo móvel permitiria a Martinho Lutero traduzir a Bíblia para o alemão e publicá-la,
desencadeando o processo do protestantismo contra o Papa, em Roma. Diversos outros
movimentos protestantes, na Inglaterra de Henrique VIII, na Suíça de Calvino, e assim por
diante, ocorreriam a partir de então, obrigando a Igreja Católica a uma forte reação,
consubstanciada nas decisões do Concílio de Trento (1545-1563), quando se fundou a
ordem dos jesuítas, ou soldados de Cristo, dispostos a restaurar o domínio católico sobre o
universo (HOHLFELDT, 2003, p.86).
Conjunto articulado de idéias, valores, opiniões, crenças, etc., que expressam e reforçam as relações que conferem
unidade a determinado grupo social (classe, partido político, seita religiosa, etc.) seja qual for o grau de consciência
que disso tenham seus portadores.
61
Johannes Gutenberg, considerado o criador do processo de impressão com tipos móveis,
pertenceu a uma família próspera, o pai e o tio trabalhavam na Casa da Moeda, aprendeu a arte da
precisão nos trabalhos em metal e, no ano de 1428, partiu para Estrasburgo, onde fez as primeiras
tentativas de imprimir com caracteres móveis.
Figura 11- Prensa de Gutenberg.
No início da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre Bíblia, de 42
linhas, em duas colunas. Cada letra era feita à mão, e cada página era montada juntando-se as
letras. Depois de prensada e seca, era feita a impressão no verso da página. A Bíblia tem 641
páginas, e foram produzidas cerca de 300 cópias, das quais ainda existem aproximadamente 40
cópias (GUTENBERG, 2011).
62
Figura 12 – Página da Bíblia de Gutenberg.
Com a reprodução tipográfica os ensinamentos de Jesus tiveram um prenúncio de
liberdade, mas ainda permaneceram sob o domínio das instituições religiosas, tendo sua
interpretação oferecida a preço de dízimos e ofertas entre católicos e protestantes até os dias
atuais.
Nosso próximo capítulo – Capítulo 3 - tratará da educação no Brasil, com foco no ensino
religioso e na palavra áudio-visual, como constatará o leitor.
63
3 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA: O ENSINO RELIGIOSO E A PALAVRA ÁUDIO-VISUAL
Segundo Arroyo, as universidades surgiram entre os árabes e depois na Europa.
A cultura árabe atinge grande altura nos séculos X, XI e XII. Primeiro em Bagdá, Bácora e
no Cairo; depois em Córdoba, Toledo e Sevilha. Suas instituições de ensino superior não
só cultivam as artes liberais; são centros de investigação científica e de alta docência; com
a Física, a Medicina, a Matemática, alternam a Filosofia e a Teologia; centros que aspiram
à universalidade do saber, de um saber, por certo, muito mais avançado, nessa época, do
que o do Ocidente (ARROYO, 1970, p.333).
O autor ainda menciona o surgimento das universidades europeias, e agrega:
Várias circunstâncias determinaram o nascimento e desenvolvimento das universidades
européias no século XIII; o desenvolvimento interno das escolas monásticas e
catedralícias, o vigoroso influxo da ciência e teologia árabes, a organização gremial da
sociedade (ARROYO, 1970, p.333).
No período em que se caracterizou a educação patrística (ciência que tem por objeto de
estudo a doutrina católica) foi que ocorreram os maiores atos de violência contra a humanidade.
À noite de mil anos da Idade Média ficou caracterizada pelo medo e pavor da inquisição. Seus
métodos brutais de tortura sentenciavam todos os opositores por toda a Europa. Tudo que não
estivesse em conformidade com a instituição católico-romana era digno de heresia e quem a
praticasse era sentenciado aos suplícios e à condenação em fogueiras.
Todos os que se posicionassem como seguidores dos ensinamentos de Jesus e não
estivessem filiados ao catolicismo romano eram perseguidos como hereges, julgados por normas
estabelecidas no manual dos inquisidores. Segundo Eymerick (1993, p.18), “Em vários lugares
do Manual os autores concedem que são mais rigorosos que qualquer outro tribunal humano. Mas
justificam: tratam dos crimes mais hediondos e terríveis, aqueles que ameaçam a salvação eterna
que são as heresias”.
Os sacerdotes católicos que chegaram na colonização do Brasil, enviados para a catequese
da contra-reforma em terras do novo mundo seguiam o Ratio Studiorium, manual contendo os
planos e métodos jesuíticos de ensino católico.
Este modelo pedagógico ficou arraigado na educação brasileira e sempre esteve se
moldando e se adaptando conforme a o governo e a constituição do país, sempre no intuito de
preservar a soberania da instituição religiosa frente à política nacional.
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Diferente do modelo religioso institucionalizado, Jesus não demonstrou o interesse em
formar outra religião dentre as já existentes no seu tempo, nem tampouco angariar lucros
financeiros por meio de seus ensinamentos, mas oferecer gratuitamente a salvação por meio de
seu sangue, pela Graça, por meio da fé.
As castas sacerdotais, desde os tempos mais remotos, usufruem prestígio e poder junto ao
povo, usam de lisonjas e mansidão nas palavras como técnica para imporem suas doutrinas. Além
disso, associa-se à classe política dominante, conforme postula Einstein (1981, p.19).
A religião é vivida antes de tudo como angústia. Não é inventada, mas essencialmente
estruturada pela casta sacerdotal, que institui o papel de intermediário entre seres temíveis
e o povo, fundando assim sua hegemonia. Com freqüência o chefe, o monarca ou uma
classe privilegiada, de acordo com os elementos de seu poder e para salvaguardar a
soberania temporal, se arrogam as funções sacerdotais. Ou então, entre a casta política
dominante e a casta sacerdotal se estabelece uma comunidade de interesses.
Resquícios da pedagogia jesuítica ainda são encontrados mesmo dentro do Estado Laico
brasileiro, quando se impõem as festas religiosas nas escolas públicas, fazendo apologias aos
“santos” católicos no mês de junho ou decretando feriados nos dias de seus padroeiros a toda
nação brasileira.
3.1 – VISÃO HISTÓRICA: O PAPEL DO CATOLICISMO ROMANO NA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Segundo o autor Dermeval Saviani, doutor em filosofia da educação, formado pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em seu livro História das ideias pedagógicas no
Brasil, diz que a colonização do Brasil contou com a presença de várias ordens religiosas do
catolicismo romano.
Com a chegada da caravela de Pedro Álvares Cabral ao Brasil chegou também o primeiro
grupo de religiosos da ordem dos franciscanos, os quais, juntamente com o frei Henrique de
Coimbra celebraram a primeira missa em terras brasileiras, no dia 26 de abril de 1500.
Após a Reforma protestante ter se instaurado na Europa, o Vaticano contra ataca e envia
ao Brasil, na chamada Contra-reforma, os catequistas da “Companhia de Jesus” ou “Jesuítas”
como também foram denominados. Vieram com os objetivos de ampliarem seus territórios e
implantarem seus métodos e normas religiosas nas terras do novo mundo.
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Usaram o sistema de ensino, instaurando a pedagogia jesuítica, que é usada até hoje na
educação brasileira.
Em análise do modelo de ensino no Brasil, principalmente para o nível universitário qual
se identifica que alguns modelos europeus, tais como o jesuítico, o francês e o alemão
predominaram e ainda se fazem presentes nas universidades brasileiras até hoje
(PIMENTA, 2005, p.144).
O método de ensino jesuítico da contra-reforma é uma compilação da educação patrística
e da monástica (referente aos métodos de ensino dos mosteiros), mas especialmente a escolástica
(Doutrinas teológico-filosóficas dominantes na Idade Média, entre os séculos IX ao XVII,
caracterizadas, sobretudo pelo problema da relação entre a fé e a razão, problema que se resolve
pela dependência do pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, da teologia
cristã). Em seu percurso histórico, o catolicismo romano sempre se adaptou ao governo vigente
do país com o objetivo de preservar sua soberania, mesmo nos momentos críticos em que é
questionado.
Após o descobrimento chegaram diferentes grupos de franciscanos, beneditinos,
carmelitas, capuchinos, os quais vieram para o Brasil para atuaram no ensino e na transmissão da
fé católica, mas, nenhum grupo foi tão bem estruturado e organizado como a “Companhia de
Jesus” ou jesuítas como ficaram denominados.
Esta ordem religiosa, fundada por Inácio de Loyola em 1534 e aprovada pelo papa Paulo
III em 1540 chegou ao Brasil para difundir os ensinamentos da fé católica por meio do
ensino e pregações (ENCARTA, 1993-2001).
Os jesuítas chegaram com o apoio da Coroa portuguesa e com liberdade total para
divulgarem a religiosidade e fé católica por meio de seus métodos da contra-reforma, já que neste
período histórico a divulgação da bíblia impressa e o avanço da reforma protestante propagavamse por toda a Europa.
A ordem religiosa dos Jesuítas buscou implantar em seu plano de instrução um ponto de
apoio para a propagação de seu método para todas as regiões do Brasil, estabelecendo seus
ensinamentos religiosos a todos, inclusive para o sexo feminino.
A principal estratégia utilizada para a organização do ensino, tendo em vista o objetivo
de atrair os “gentios”, foi agir sobre as crianças. Para isso se mandou vir de Lisboa
meninos órfãos, para os quais foi fundado o Colégio dos Meninos de Jesus de São
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Vicente. Pretendia-se, pela mediação dos meninos brancos, atrair os meninos índios e,
por meio deles, agir sobre seus pais, em especial os caciques, convertendo toda a tribo
para a fé católica (SAVIANI, 2010, p.43).
Impressionante é saber que semelhantes formas de atuação do modelo jesuíticas ainda
ocorrem em nosso país, mesmo diante da laicidade do governo brasileiro.
Sendo contrário às regalias concedidas ao vaticano para atuarem no Brasil e nos domínios
portugueses, Sebastião Jose de Carvalho e Melo (Marques de Pombal), agindo por meio das
idéias iluministas, no ano de 1759 contribuiu na abolição da escravatura e reorganizou o sistema
educacional dos domínios portugueses, expulsando os jesuítas, inclusive do território brasileiro.
Quando isto aconteceu já existiam vários colégios seguindo os ideais católicos da contrareforma, implantados no país pelos jesuítas.
A educação brasileira sempre esteve à mercê deste modelo e práticas religiosas, as quais
se transformaram e se moldaram de acordo com o momento social e político brasileiro até os dias
atuais atuando por meio da “pastoral da educação”.
Nos dias atuais, o modelo extraído dos estudos da CNBB (Conselho Nacional dos Bispos
do Brasil) dispõe sobre o perfil dos que ensinam a fé católica no país:
O desenvolvimento da sensibilidade pastoral faz parte integrante da formação do
evangelizador. A missão do evangelizador é pastoral num duplo sentido: porque é um
serviço de igreja para a educação da fé, e porque contribui, graças ao relacionamento com
as famílias, para a evangelização do meio familiar. Não basta, portanto, ao evangelizador a
competência pedagógica, o senso da educação, o amor aos irmãos, ele deve também ter a
preocupação missionária e participar de todo o esforço de evangelização da igreja local.
Tal preocupação missionária requer disposições espirituais de disponibilidade e
despojamento de mentalidades herdadas do meio de origem. (CNBB, 1976, p.263).
Da maneira como os jesuítas agiam, empenhando-se na conversão dos caciques para
catequizar toda a tribo, agora se ocupa dos chefes de Estado, contraindo acordos para facilitar sua
atuação junto à nação.
As abrangências das regras do Ratio Studiorum estão distribuídas entre 467 normas
elaboradas para o ensino (SAVIANI, 2010, p.53), dentre as quais se encontram as regras do
provincial, as regras do prefeito de estudos inferiores e as regras de professores das classes
inferiores.
Método pedagógico dos jesuítas.
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Estas regras foram usadas em 1552 e continuam sendo adaptadas para serem usadas
mesmo diante do Estado laico brasileiro e usadas, principalmente, nas séries iniciais da educação
pública brasileira.
Se no passado, a nomenclatura era outra, a prática permanece semelhante, modificada
apenas para driblar o Estado brasileiro e sua legislação.
Estão estabelecidas como festas culturais no Brasil as comemorações dos santos e
entidades católicas, decretando feriado nacional para festejar em solenidade, segundo o
catolicismo romano, a padroeira do Brasil.
Atualmente o ensino fundamental está lentamente se desvinculando do Estado e
novamente se submetendo aos prefeitos e seus municípios, como o Ratio Studiorum previa para a
figura do prefeito, sendo assistente do reitor para auxiliá-lo na boa ordenação dos estudos.
Isto é, em muitos estados brasileiros está sendo implantado o sistema de municipalização
do ensino fundamental, retirando-se a obrigação do Governo Estadual e outorgando aos
Municípios tal encargo.
3.2 – O EVANGELHO NA MÍDIA: IDEOLOGIA E USURPAÇÃO
E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e
ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que
vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda.
(JOÃO 2:15-16)
A intenção primária desta dissertação é evidenciar que o computador, por meio de um site
na internet, é um veículo facilitador para a aprendizagem dos ensinamentos de Jesus por
possibilitar a interação global entre perguntas e respostas dos estudantes. O internauta que
desejar aprender os ensinamentos de Jesus sem a verborragia que ocorre nas denominações
religiosas, basta acessar um site específico para esta finalidade, adquirir o aprendizado
interagindo entre perguntas e respostas, sem a necessidade do pagamento de dízimo ou ofertas.
Sobre a interação social, o autor Jean Piaget escreveu que: “A inteligência humana
somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral,
demasiadamente negligenciadas” (apud LATAILLE, 1992, p. 11).
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A educação do século XXI caminha para o reconhecimento do cidadão pleno, ou seja,
saudável de corpo e alma, capaz de reconhecer os seus direitos e deveres perante a sociedade e
usufruir a liberdade advinda por meio do conhecimento e do saber.
Esta liberdade ainda permanece restrita, pois enquanto existir barreiras para o
conhecimento haverá uma falsa aparência de liberdade oferecida pelos opressores.
Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado
terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da
opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação?
Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo
conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta que, pela finalidade
que lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual se oporão ao desamor
contido na violência dos opressores, até mesmo quando esta se revista da falsa
generosidade referida (FREIRE, 1975, p.32).
Para tanto, faz se necessário um olhar crítico para compreender a quem interessa que os
ensinamentos de Jesus permaneçam velados.
Necessitamos de métodos educacionais e de pedagogias que libertem das amarras da
religiosidade institucionalizada, que sejam produtoras de consciências voltadas para o amor
verdadeiro. Imbernón (2000, p.141) enfatiza que há a necessidade de uma reforma que perpasse
o pólo social:
Minha discussão sobre a questão da reforma vai por caminhos diferentes dos anteriores.
Nela adoto a posição segundo a qual a reforma (e a escolarização) é um problema de
administração social e que essa administração pretende construir (e reconstruir) a alma do
indivíduo. Na modernidade, o problema liberal da administração social é “fazer” o
indivíduo em prol da liberdade, com um significado do termo liberdade construída através
de conceitos, tais como os de automotivação, autorrealização, capacitação pessoal e voz.
Em tempos atuais, onde os pais trabalham fora e pouco tempo sobra para ensinar os
filhos, facilitar os ensinamentos de Jesus aos jovens, desvinculado de instituições religiosas e
suas ideologias contribui para a liberdade e o exercício de cidadania.
Observando a Proposta Curricular do Estado de São Paulo, em “São Paulo faz escola”,
que se posiciona num contexto repleto de significados, isenta de discriminação e em construção,
mas o tema que define a religiosidade cristã no país ainda não se fez presente. O que se apresenta
em aulas de religião é somente a apologia a determinadas instituições, que dividem e são
causadoras de intrigas e dissensões entre os alunos.
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Os meios de massa mostram, por outras alegorias, o mesmo problema e acentuam os
fenômenos de um retorno à religiosidade. Nesse sentido, enquanto dão a impressão de agir
como termômetro que registra um aumento de temperatura, constituem, na verdade, parte
do combustível da qual a caldeira se alimenta (ECO, 1984, p.112).
Ou seja, quando existe uma efervescência na aprendizagem dos ensinamentos de Jesus,
alguma instituição religiosa está se beneficiando.
Existem acordos e leis que asseguram o ensino religioso nas escolas, mas ainda não há
uma proposta curricular que divulgue os ensinamentos de Jesus fora do contexto religioso
denominacional. Isto deixa transparecer que tais conhecimentos estão limitados as instituições
religiosas e não liberados para serem transmitidos fora deste contexto. Estaria este poder
religioso, frente ao “Estado Laico brasileiro”, ainda acima do poder do Estado?
Será que a reação religiosa contra o Estado laico no Brasil prevaleceu?
Desde as ideias pedagógicas republicanas, as quais idealizavam a educação para
transformação de indivíduos ignorantes em cidadãos esclarecidos, que a religião católica tem
usado suas estratégias pedagógicas para manter sua hegemonia no país.
Considerando a educação uma área estratégica, os católicos esmeraram-se em organizar
esse campo criando, a partir de 1928, nas diversas unidades da federação, Associações de
Professores Católicos (APCs) que vieram a ser aglutinadas na Confederação Católica
Brasileira de Educação. Com essa força organizativa, os católicos constituíram-se no
principal núcleo de idéias pedagógicas a resistir ao avanço das idéias novas, disputando,
palmo a palmo com os renovadores, herdeiros das idéias liberais laicas, a hegemonia do
campo educacional no Brasil a partir dos anos de 1930 (SAVIANI, 2010, p. 181).
Os ensinamentos de Jesus não se caracterizam por dissimilitude com as religiões cristãs
no Brasil e, sim, constituem o modelo pelo qual as denominações cristãs elaboraram seus
dogmas, estatutos e normas.
O que transparece é que, divulgar os ensinamentos de Jesus fora do contexto religioso,
desqualifica a religião institucionalizada no país, que usa os recursos do Estado e usufrui a
isenção de impostos, pelo poder ainda latente, conquistado por meio das torturas da Idade Média.
Refletir sobre as teorias educacionais brasileiras não é nada fácil, quando se está inserido
nelas. Faz-se necessário despir-se da religiosidade e de alguns pré-conceitos para visualizar
melhor seus métodos e suas consequências.
Em nosso país, a incidência do modelo pedagógico jesuítico deixa algumas interrogações
sobre as intenções de sua pedagogia; será que a instituição católica romana tem a intenção de
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libertar por meio do conhecimento ou sua intenção é a de manter a soberania institucional
religiosa, para que a população permaneça na submissão às suas normas e seus estatutos?
A educação brasileira vivencia seus melhores momentos para a prática da liberdade, em
todos os níveis, da pré-escola ao ensino superior, comparado aos períodos históricos anteriores.
Com o advento da internet e a era da informação, na qual todos os tipos de assunto estão
disponíveis por meio dos sites de busca, esconder o conhecimento dos ensinamentos de Jesus está
ficando cada vez mais difícil. A educação para a liberdade está surgindo no espaço virtual da
internet, nas salas de bate-papo, por meio do Msn, Orkut, e-mail e outros tantos aplicativos que
favorecem a interação entre perguntas e respostas.
Essas tecnologias intelectuais favorecem: -novas formas de acesso à informação:
navegação por hiperdocumentos, caça à informação através de mecanismos de pesquisa,
knowbots ou agentes de software, exploração contextual através de mapas dinâmicos de
dados, - novos estilos de raciocínio e de conhecimento, tais como a simulação, verdadeira
industrialização da experiência do pensamento, que não advém nem da dedução lógica
nem da indução a partir da experiência. Como essas tecnologias intelectuais, sobretudo as
memórias dinâmicas, são objetivadas em documentos digitais ou programas disponíveis na
rede (ou facilmente reproduzíveis e transferíveis), podem ser compartilhadas entre
numerosos indivíduos, e aumentam, portanto, o potencial de inteligência coletiva dos
grupos humanos (LÉVY, 2000, p.157).
Portanto, o campo religioso e a divulgação dos ensinamentos de Jesus podem valer-se da
internet, propiciando um aprendizado aprofundado de tal assunto a toda população brasileira,
inclusive aos estudantes do ensino fundamental e médio por toda a nação.
3.3 – O USO DO RÁDIO E TV
Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão (MARCOS 13:31).
Diferente da linguagem verbal e escrita, o rádio e a televisão são veículos prestadores de
serviços e possibilitam induzir e persuadir, criando para seus clientes uma imagem positiva da
instituição, fazendo com que o público a considere com simpatia.
Associados às técnicas de transmissão, estes veículos impõem-se no exercício do poder e
direcionam a massa rumo às ideologias de seus produtores.
O rádio ou “tambor tribal” como foi denominado por Marshall McLuhan é um meio de
comunicação de massa explosivo. O impacto da comunicação via radiodifusão é instantâneo e
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penetra facilmente por entre as multidões, cativando os ouvintes ao mesmo tempo em que os
colocam em uma espécie de transe letárgico.
Logo, fazendo uso deste novo recurso, centenas de emissoras, vinculadas com diversas
denominações religiosas, começaram a transmitir suas ideologias, juntamente com porções dos
ensinamentos de Jesus. Tanto a denominação católica como as demais, advindas da reforma
protestante, engajaram-se no uso deste novo veículo.
Os noticiários de jornais, rádio e televisão e os documentários cinematográficos
transmitem as informações como se fossem neutras, mera e simples descrição dos fatos
ocorridos. Mas, em verdade, essa neutralidade é apenas aparente, pois as notícias são
previamente selecionadas e interpretadas de modo a favorecer determinados pontos de
vista (GARCIA, 1985, p.11).
Com a liberdade de pesquisa e uma sucessão de avanços científicos e tecnológicos, tais
como: sinais elétricos, rádio, fac-símile, que é a transmissão elétrica de imagens, o telescópio,
culminando no surgimento da televisão. A palavra televisão significa ver à distância. Somente na
década de 1930 aconteceram as primeiras transmissões experimentais, tanto na Europa quanto
nas Américas. No Brasil, ocorreu no ano de 1950, pela emissora Tupi, canal (6) do Rio de Janeiro
e a Difusora, canal (3) em São Paulo.
Logo surgiram os evangelizadores da televisão e suas programações. Dentre eles podemos
destacar Benny Himn, Morris Cerullo, Keneth Hagin, Jimmy Swaggart e Billy Graham que,
transmitindo dos Estados Unidos, com alcance mundial, alcançaram milhões de telespectadores.
Tanto pelo rádio como na TV os assuntos abordados ficam sem questionamento, fato que
dificulta o correto aprendizado. A interação por meio de perguntas e respostas é uma maneira
prática de sanar as dúvidas, removendo os obstáculos para o correto entendimento dos assuntos
abordados, os quais não acontecem durante as transmissões radiofônicas ou televisivas.
As denominações religiosas e seus eloqüentes pregadores fazem uso do rádio e da TV
para angariarem dízimos dos ouvintes, algo que coloca impedimentos aos ensinamentos de Jesus.
Ao repristinar o dízimo, trazendo-o da lei para a graça, seria necessário para o seguidor dos
ensinamentos de Jesus praticar também a circuncisão, guardar o sábado e, supostamente, obter
permissão para viver maritalmente com mais de uma mulher, como estava predito na lei . Por
Salomão viveu no período da lei e com a permissão de Deus teve muitas mulheres, as quais adoravam deuses estranhos (I Reis
11:3): E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração.
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que somente o dízimo como parte da lei ultrapassa séculos?
Seria o dízimo, recolhido dos fiéis, sustentáculo para o marketing de cada entidade
religiosa?
O rádio e a TV assim também contribuem para o comércio dos ensinamentos de Jesus,
trabalhando em prol do Estado pelos empresários da fé.
Mesmo após um período de resistência aos programas radiofônicos, os ingleses e os
americanos acabaram aderindo ao fascínio e envolvimento das suas mensagens, conforme
comenta McLuhan (974, p.334): “As culturas européias, mais terra-a-terra e menos visuais, não
ficaram imunes ao rádio. A magia tribal ainda não havia desaparecido nelas e a antiga trama do
parentesco voltou a ressoar de novo com as notas do fascismo”.
Veiculado por mercenários, o rádio torna-se ferramenta de transmissão da ideologia
religiosa para a qual trabalha, conduzindo a massa religiosa que desconhece as verdades bíblicas
associarem à suas instituições. Assim, Deus continua sendo materializado e vendido como
produto, direta ou indiretamente pelos programas radiofônicos.
Segundo GARCIA (1985), as propagandas religiosas interferem nas opiniões das pessoas
sem que elas se apercebam disso. Desse modo, são levadas a agir de uma ou de outra forma que
lhes é imposta, mas que parece por elas escolhidas livremente.
Assim como as pregações de um sacerdote católico ou de um evangélico são mensagens
inquestionáveis pelo receptor no momento da transmissão, no altar ou no púlpito, tal qual é o
rádio e a TV no esclarecimento dos ensinamentos de Jesus. O receptor age passivamente sem
perguntas ou questionamentos. A mistura dos meios caracteriza uma ação morna, cumprindo o
objetivo sem oferecer a possibilidade de levantar questionamentos e, mesmo se fosse possível, o
ouvinte não o faria publicamente e no momento ideal, temendo represália por parte dos fiéis e o
constrangimento diante da eloqüência do sacerdote.
Por não oferecer recursos de interação entre o emissor e o receptor, o rádio e a TV não
divulgam os ensinamentos de Jesus da forma que por Ele foi proposta, mas divulgam em favor
das instituições e placas denominacionais as quais pertencem.
Os show-men da fé agem com eloquência, expressa-se com facilidade e vendem o seu
produto, o que é aceito pelo consumidor sem nota fiscal e sem nenhum desconto. O rádio e a TV,
como meios tecnológicos, ficaram submetidos às ideologias religiosas de tal forma que a elas se
renderam.
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Quase todas as tecnologias e entretenimentos que se seguiram a Gutenberg não tem sido
meios frios, mas quentes; fragmentários, e não profundos; orientados no sentido do
consumo e não da produção. Muito poucas são as áreas de relações já estabelecidas – lar,
igreja, escola, mercado – que não tenham sido profundamente afetadas em seu padrão e
em sua tessitura ((McLUHAN, 1974. p.351).
O altar, o púlpito, a imprensa tipográfica, o rádio e a televisão são veículos que
conduziram os ensinamentos de Jesus facilitando para que se ampliassem novas instituições
religiosas, mas não são instrumentos facilitadores quanto à interatividade e o aprendizado entre
emissor/receptor. Estes veículos transmitem pequenas porções dos ensinamentos de Jesus em
troca de dízimo e contribuições financeiras dos fiéis.
As técnicas de retórica usadas pelas instituições religiosas nos altares e púlpitos foram se
adaptando em prol do lucro, utilizadas também nas programações radiofônicas e televisivas como
recursos de convencimento e persuasão.
De modo significativo, foi com a era do rádio que o mundo acadêmico começou a
reconhecer a importância da comunicação oral na Grécia antiga e na Idade Média. O início
da idade da televisão, na década de 1950, deu surgimento à comunicação visual e
estimulou a emergência de uma teoria interdisciplinar da mídia (BRIGGS e BURKE, p.11,
2006).
Na atualidade, o rádio e a TV auxiliam a religiosidade institucionalizada, conduzindo suas
ideologias e direcionando a massa religiosa para os mais variados fins, inclusive para o comércio
gospel.
Os ensinamentos de Jesus e sua gratuidade foram apropriados pelas religiões e
comercializados como produto cultural por meio do rádio e TV, consumido pela massa religiosa
que não alcançaram o entendimento da verdade bíblica e continuam submetidos às suas normas e
doutrinas.
Deus enviou a sua Palavra para libertar, como está escrito no Evangelho de João (8:31-32)
que diz: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. No entanto, os religiosos usam pequenas
porções dos ensinamentos de Jesus para aprisionarem os fieis de corações quebrantados, que os
admiram e respeitam como verdadeiros mestres espirituais.
Os dirigentes das instituições religiosas, sustentados com o dinheiro dos fiéis deixam de
trabalharem em serviços seculares para viverem dos ensinamentos de Jesus, como se o evangelho
fosse fonte de renda material para alguém. Em João (6:29) está escrito: “Jesus respondeu, e disse-
74
lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou”; mas pode alguém dizer: Ele
ainda estava na prática da lei quando disse isto, pois ainda estava intacto o véu do Santo dos
Santos. Muito bem, isto é uma verdade, mas Paulo percebeu a diferença entre a lei e a Graça e
não foi contra a lei, para não ser contra Deus, pois a lei veio por Deus, e disse na primeira carta
aos Coríntios (9:12): “Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais
justamente, nós? Mas nós “não” usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos
impedimento algum ao evangelho de Cristo”. Nós não usamos deste direito. Direito por ser a lei
entregue por Deus, mas não deverá ser usada na Graça, a qual ocorre após a morte de Jesus,
porque a Graça é uma dádiva, de outra forma não seria Graça.
Se no período da lei, na religião institucionalizada, os sacerdotes tinham o direito de viver
do dízimo, na Graça, todos os que praticam os ensinamentos de Jesus é denominado de sacerdote
real de Deus (1 PEDRO 2:9), tendo que trabalhar para conseguir o seu sustento material.
O dízimo foi pago por Abraão a Melquisedeque antes da lei, como imposto pelos despojos
da cidade conquistada. Na lei foi estipulado o dízimo como forma de manutenção do templo e
dos sacerdotes que ministravam no templo, mas, na Nova Aliança, no Novo Testamento é
diferente. Todos que se voltam a Deus, por meio dos ensinamentos de Jesus, arrependendo-se dos
pecados, que é a única forma de conversão, são recebidos como um sacerdote real para Deus. O
sustento do sacerdote real é feito pelo próprio Deus, não com coisas perecíveis deste mundo, mas
com os galardões incorruptíveis e eternos do Criador após a ressurreição.
Na Nova Aliança Jesus instrui que todos os praticantes de seus ensinamentos têm que
trabalhar para o sustento material, em trabalho secular, como Paulo trabalhava e anunciava o
evangelho de Cristo, escrito na primeira carta aos Tessalonicenses (2:9) que postula: “Porque
bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não
sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus”.
O dispositivo mais usado pelos mercenários nos meios de comunicação é este: “digno é o
obreiro de seu salário”. Se Paulo recebeu salário, logo, é permissível a todos que ensinam o
Evangelho. Mas não é assim, Paulo recebeu salário para ajudar outro grupo de cristãos que
estavam passando necessidades materiais e não foi para o seu próprio sustento. Paulo sabia
perfeitamente que o seu pagamento (galardão) não poderia vir de homens e sim de Deus, como
está escrito na carta aos Colossenses (3:24): “Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da
herança, porque a Cristo, o Senhor, servis”.
75
Quanto ao salário que Paulo recebeu foi repassado a outro grupo de discípulos que
estavam passando por necessidades, como está escrito na segunda carta aos Coríntios (11:8) que
diz: “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente
convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado”. Este versículo esclarece que o salário que
Paulo recebeu foi para suprir as necessidades de um grupo de cristãos e não para seu próprio
sustento.
Esta mensagem relata o sofrimento de Paulo, trabalhando para suprir suas próprias
necessidades, para não receber pagamento em troca de anunciar o Evangelho da Graça de Deus.
Paulo ainda coloca-se na posição de pai na fé para ensinar sobre o dinheiro, quando declara que o
pai não pede sustento ao filho e sim o filho ao pai, escrito na segunda carta aos Coríntios (12:14):
“Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não
busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os
pais para os filhos”.
Paulo se dedicou a instruí-los a ponto de padecer necessidades. O termo “quem prega o
Evangelho, que viva do Evangelho” não serve para justificar o Evangelho como fonte de lucros
financeiros ou trabalho remunerado, e sim, viver das bênçãos espirituais que o Evangelho produz
na vida das pessoas que o pratica e também a vida eterna.
O Evangelho refere-se à palavra “pastores” no plural, para indicar as pessoas que
conduzem outras, das trevas para a Luz, que é Jesus, como está escrito na carta aos Hebreus
(13:7): “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais
imitai, atentando para a sua maneira de viver”. Se todos os praticantes dos ensinamentos de Jesus
tiverem que imitar a vida dos sacerdotes, então todos terão que deixar do trabalho secular. Será
esta à vontade de Deus? Pois o ide de Jesus não se refere a alguns, mas a todos que o receberam
a Jesus como Senhor e Salvador.
Ao chegar à Luz, por meio do arrependimento dos pecados e do batismo nas águas, o
seguidor dos ensinamentos de Jesus recebe o bom Pastor (Jesus, o Verbo) e o Espírito Santo, o
qual ensina e faz lembrar dos ensinamentos de Jesus, como está escrito no Evangelho de João
(14:26): “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.
Na Nova Aliança Deus não pede para prová-lo, fazer prova com Deus ou pedir
prosperidade financeira, como é ensinado nas instituições religiosas e nas mídias rádio e TV foi
76
permitido para a época da lei e não da Graça.
Somente no período da lei Deus pediu para prová-lo, antes de rasgar o véu do templo e
iniciar a Nova Aliança.
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e
depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as
janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente
para a recolherdes (MALAQUIAS 3:10).
Graça é favor imerecido e não necessita de prova alguma. Portanto, provar Deus em
assunto concernente à Antiga Aliança é desprezar o sofrimento e morte de seu Filho.
Enfatizar os bens matérias acima da salvação é desprezar os ensinamentos de Jesus, servir
e adorar a Mamom e não a Deus. Não podeis servir a dois senhores, como está escrito em Mateus
(6:24): “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”.
Paulo disse que o deus deste século cegou o entendimento de muitos (2 CORINTIOS 4:3)
para que não resplandeçam a luz do evangelho, buscam suas alegrias nas coisas deste mundo,
onde a traça e a ferrugem tudo consome. Quem almeja riquezas nesta vida cai em laço do
maligno e fica aprisionado pelos bens materiais. Os que usam os recursos de seu trabalho secular
para divulgar os ensinamentos de Jesus terão a recompensa do galardão de Deus e não dos
homens. Os ensinamentos de Jesus revelam que para fazer discípulo não precisa construir
templos, pois, onde estiver dois ou três reunidos em Seu nome Ele se faz presente.
Tanto a denominação religiosa católica romana, quanto às demais denominações advindas
da reforma protestante, os evangélicos tradicionais, pentecostais ou neopentecostais estão
edificadas sobre uma estrutura humana que visa prestígio e poder por meio do dinheiro. Os seus
dirigentes ensinam por dinheiro, cuidando que a piedade seja causa de ganho financeiro. Quanto
à classe sacerdotal destes religiosos, contenciosos está escrito na primeira carta a Timóteo (2:5):
“Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a
piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais”.
Quanto à remuneração dos religiosos Alberto Antoniazzi tece as seguintes considerações:
Quanto ao sistema de remuneração de seus pastores, a igreja faz mistério. Temos a impressão de
que o sistema de remuneração não é uniforme e que a distribuição das receitas é bastante desigual,
criando uma “aristocracia” e um “clero menor”. Nada de novo aí na história das religiões. Mas, ao
77
contrário de situações parecidas (o judaísmo neotestamentário, a igreja católica em muitas épocas),
(ANTONIAZZI et. al., 1994, p. 145).
O dispositivo mais usado pelos mercenários é o não reconhecimento de que o Novo
Testamento só acontece após a morte de Jesus. Acrescentam o conveniente da lei na Graça, no
intuito de adquirir os benefícios financeiros da lei.
Ao contrário de possuir um templo e pedir dinheiro aos fiéis, os ensinamentos de Jesus e
sua Palavra deixam claro que, enquanto Jesus viveu não contrariou o dízimo, pois este era para a
manutenção do templo e sustento dos sacerdotes na lei, como ordenança divina, repassada por
Moisés.
Diferente da lei Mosaica, o período da Graça é o que acontece após a morte de Jesus e o
verter de seu sangue no calvário. O ensino neotestamentário se refere ao templo, como o corpo de
quem recebe o Espírito Santo, e Igreja, a reunião de todos estes, estando numa casa, numa cidade,
num país em qualquer lugar do mundo.
Pode até alguém dizer que necessita de um local para congregar, onde possa compartilhar
do pão e do vinho, relembrando a morte de Jesus até que venha, mas Ele não especificou lugar,
reuniu-se com seus discípulos num cenáculo, onde comeram a ceia, antes da crucificação.
O Novo Testamento refere-se ao trabalho secular a todos os aptos, mas, principalmente ao
que ministra a Palavra, ao que recebeu o dom para ministrar, que tenha uma profissão secular e
tenha o seu sustento do esforço de seu trabalho, seguindo o modelo de Paulo, o qual deixou
exemplo de boas obras.
3.4– A RELIGIOSIDADE INSTITUCIONALIZADA
Sobre a religiosidade institucionalizada no Brasil, a mais influente entre os burgueses e
latifundiários, segundo a linha de raciocínio de Althusser (1985), é a católica apostólica romana,
a qual firmou “acordos religiosos” por meio do presidente Luis Inácio Lula da Silva, junto ao
Governo “Laico” brasileiro.
Conforme citado anteriormente, o acordo jurídico entre o Governo Federal e a igreja
No período da Lei, o povo israelita recebeu a incumbência de sustentar os sacerdotes que cuidavam do templo, como se nota
em Malaquias: Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim
nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não
haja lugar suficiente para a recolherdes (MALAQUIAS 3:10).
78
católica apostólica romana gerou a chamada “Lei Geral das Religiões”, projeto de Lei, nº 5598 de
2009, que no seu Art. 5º preconiza que:
O patrimônio histórico, artístico e cultural, material e imaterial das Instituições Religiosas
reconhecidas pela República Federativa do Brasil, assim como os documentos custodiados
nos seus arquivos e bibliotecas, constitui parte relevante do patrimônio cultural brasileiro,
e continuarão a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens,
móveis e imóveis, de propriedade das instituições religiosas que sejam considerados pelo
Brasil como parte de seu patrimônio cultural e artístico.
Este acordo entre o Brasil e o Vaticano prevê também a isenção fiscal e a imunidade das
instituições religiosas perante as leis trabalhistas. Em análise sobre o assunto, Hélio
Schwartsman, da equipe de articulista da Folha de S.Paulo comenta:
Como a Concordata, a Lei Geral das Religiões foi redigida de forma esperta.
Formalmente, não faz muito mais que reafirmar direitos que a Carta e a legislação
ordinária já conferem aos cultos. Na prática, porém, é provável que aquele pouquinho que
se avança acabe fazendo grande diferença. Um exemplo são os artigos que tratam do
patrimônio das instituições religiosas. Há quem afirme que a redação dada abre as portas
para que o poder público subvencione a preservação dessas propriedades.
Ainda sobre o acordo assinado pelo presidente Lula e o Vaticano em 2008, o qual
estipula a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas, a autora Fischmann diz:
É importante ressaltar que o documento assinado pelo presidente da República prevê
vários privilégios para a Igreja Católica: benefícios adicionais em termos de verbas
públicas e ações com impacto sobre a cidadania, como a supressão de direitos trabalhistas
para sacerdotes ou religiosos católicos, e a inclusão de espaços para templos católicos em
planejamentos urbanos. Nesta entrevista, nos interessa o artigo sobre a obrigatoriedade do
ensino religioso católico e de outras confissões religiosas, como está no texto. Mesmo
fazendo menção a outras crenças, o acordo manifesta uma clara preferência por uma
religião, o que obriga as escolas a adotar uma determinada confissão, e isso é
inconstitucional. O Ministério das Relações Exteriores defende a iniciativa dizendo que
não há problema, já que ela apenas reúne aquilo que já existe. Mas isso não é verdade.
Roseli Fichmann declara ainda que a população brasileira não pode aceitar gentilmente
acordos com instituições que no passado causaram danos irreparáveis a inúmeras pessoas.
Os patrimônios adquiridos pela instituição católica romana em nosso país conta com
terras, creches, editoras, colégios, universidades, que geram rendas suficiente para arcar com as
SCHWARTSMAN, H. Está na fila a Lei Geral das Religiões. Folha de S. Paulo,A9, 8 de outubro de 2009.
79
despesas de restauro em seus templos sem precisar do dinheiro público, como vem sendo feito
após ter sido sancionado pelo Ex-Presidente Lula, por meio do acordo entre Brasil e Vaticano.
Somente para a recuperação da catedral de Brasília foram investidos um milhão de reais
(LUZ, 2010), e para os templos deteriorados pelo restante do país, quanto custará aos cofres
públicos?
Esta instituição política-religiosa usa todos os meios e recursos para enfraquecer o
“Estado Laico brasileiro” e poder agir livremente no país como agiu no passado.
Na Contra-Reforma, esta denominação estabeleceu normas para superar todos os
inconvenientes causados pelos reformadores e preservar a imagem da instituição em terras
distantes. Criou-se a congregação do Index, lista dos livros proibidos para os católicos,
determinados pelo Concílio de Trento, Itália, em 1545.
Sabe-se que a Reforma protestante aconteceu por acúmulos de indignações populares
contra a autoridade máxima da instituição, relacionada com a inquisição e a venda de
indulgências. A pedagogia jesuítica foi instalada como modelo educacional no Brasil, entre o
ensino primário, secundário e superior, preservando assim a ideologia institucional e não
esclarecendo e nem libertando por meio do conhecimento dos ensinamentos de Jesus, já que a
bíblia se encontrava na lista dos livros proibidos desde o ano 1229. Somente este fato já seria
suficiente para constatar que os métodos de ensino católico não são facilitadores para o
aprendizado dos ensinamentos de Jesus.
O Concílio da Igreja, reunido no ano 1229, inclui a bíblia no índice dos livros proibidos.
Milhares de exemplares da Santa Escritura foram incinerados em todo o mundo pela igreja
romana. Ainda hoje, onde o catolicismo romano domina ocorre isto (LEONEL, 1998,
p.23).
O modelo de ensino Jesuítico, gerado nos molde da escolástica, identifica e caracteriza o
professor como um sacerdote que transmite conhecimentos teológicos e filosóficos dominantes
da Idade Média ao século XVII.
Para construir o método de ensino, os jesuítas tomaram como referência o método
escolástico, existente desde o século XII, e o modus parisiensis, como era chamado o
método em vigor na Universidade de Paris, local onde Inácio de Loyola e os demais
jesuítas fundadores da Companhia de Jesus realizaram seus estudos (PIMENTA, 2005,
p.145).
80
Não se pode esquecer de que este período na França foi de extremo pavor e medo. A
justiça secular, que agia sobre ordens diretas do clero, ainda praticava o suplício dos condenados,
conforme se verifica na passagem abaixo transcrita:
Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757, a pedir perdão publicamente diante da
porta principal da igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça,
nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita
carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos
mamilos, braços,coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que
cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e as partes em que será
atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre
derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro
cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas
lançadas ao vento (FOUCAULT, 1988, P.11).
Tanto a instituição católica como as demais instituições advindas da reforma, as quais se
autodenominam de “igrejas cristãs” são instrumentos ideológicos do Estado. São dispositivos de
controle que colaboram juntamente com o departamento de segurança pública, preservando a
ordem social por meio de normas eclesiásticas; não conduzem ao aprendizado dos ensinamentos
de Jesus da forma bíblica e sim para o cumprimento as normas estabelecidas em seus concílios.
Como é possível para um país em desenvolvimento, intitulado como “Laico” sustentar um
modelo pedagógico inspirado num período em que se praticavam tais atos ao ser humano?
Ainda, segundo o mesmo raciocínio, o autor relata que as funções da política e da escola
também servem para vigiar e punir.
É possível que a guerra como estratégia seja a continuação da política. Mas não se deve
esquecer que a “política” foi concebida como a continuação senão exata e diretamente da
guerra, pelo menos do modelo militar como meio fundamental para prevenir o distúrbio
civil (p.151). O tratamento dos escolares deve ser feito da mesma maneira; poucas
palavras, nenhuma explicação, no máximo um silêncio total que só seria interrompido por
sinal, sinos, palmas, gestos, simples olhar do mestre, ou ainda aquele pequeno aparelho de
madeira que os Irmãos das Escolas Cristãs usavam; era chamado por excelência o “Sinal”
e devia significar em sua brevidade maquinal ao mesmo tempo a técnica do comando e a
moral da obediência (FOUCAULT, 1988, p.149).
Certamente que o povo brasileiro gostaria de resolver todos os problemas relacionados ao
ensino, a começar por implantar métodos educacionais que sirvam e acompanhem o
desenvolvimento da humanidade, que sejam facilitadores para a aprendizagem e ao bem comum
da nação. Não podemos mais suportar as imposições religiosas, catastróficas e retrógradas que
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impedem o desenvolvimento da nação, por amparar em seu hall de membros pessoas ignorantes
quanto as suas ações e práticas políticas.
Até as escolas são usadas pelas religiões para divulgarem suas ideologias mercantilistas,
incapazes de conter a violência e o desafeto; para estas instituições é inconveniente ensinar sobre
amor e afeição, melhor é mostrar o crime e a guerra, evitando assim o questionamento de seus
atos.
Pesquisadores franceses vêm se dedicando ao estudo da violência nas escolas e
esclarecem que os atos de incivilidades referem-se aos
Delitos contra objetos e propriedades (quebra de porta e vidraças, danificações de
instalações). Intimidações físicas (empurrões, escarros) e verbais (injúrias, xingamentos e
ameaças); descuido com asseio das áreas coletivas (banheiros). Ostentação de símbolos de
violência, adoção de atitudes destinadas a provocar medo (poder de armas, posturas
sexistas) e alguns atos ilícitos, como o porte e consumo de drogas. (ABRAMOVAY,
2003, p. 23 apud DÛPAQUIER, 1999).
Entendendo que entre as disputas e pelejas religiosas das instituições que se dizem cristãs,
quem perde é o povo, os ensinamentos de Jesus sobre amor ao próximo e um correto
procedimentos de vida foram desprezados. As intenções das instituições religiosas são outras,
muito longe da requerida espiritualidade, necessária para produzir no povo a paz de espírito.
Falam de direitos humanos, mas não exercitam a caridade.
O professor da atualidade, que pretende estar no exercício da sua função de “ensinar e
aprender” necessita não somente compreender e dominar a sua disciplina, mas saber lidar com a
indisciplina e a interdisciplinaridade, ou ainda, tratar a indisciplina como uma nova disciplina. Os
alunos da atualidade sejam de escolas públicas ou privadas, estão imbuídos de uma tendência à
violência e à indisciplina que, ao menor ato de provocação, a aula transforma-se em um “campo
de batalha”.
No texto que se intitula “Saber se relacionar é também questão de disciplina, competência
e habilidade” de autoria de Lino de Macedo, publicado na edição especial do caderno do gestor
de 2010 afirma que: “O resultado na prática é, de um lado, indisciplina, falta de respeito,
violência, incapacidade ou desinteresse para aprender tornou-se hoje um dos problemas mais
graves de gestão de classe e da escola”.
Macedo segue comentando o assunto sobre a indisciplina e propõe uma nova visão sobre
a atitude do professor e a equipe de gestores:
82
Cuidar dos problemas de indisciplina e falta de respeito com a mesma atenção que se
dedica ao ensino dos conteúdos escolares é, pois, fundamental na escola de hoje, já que,
felizmente, não se pode mais contar com os recursos da escola de “ontem”. Naquela escola
havia também esses problemas, mas se recorria a práticas (expulsão, castigos físicos,
isolamento), às quais não se deve ou se pode apelar. Além disso, tratava-se de uma escola
para “poucos”, para os escolhidos do sistema por suas qualidades diferenciadas
(inteligência, poder econômico ou político, escolha religiosa ou condição de gênero). Na
escola atual, obrigatórias e públicas para todas as crianças e jovens, tais problemas são
muito mais numerosos e requerem habilidades de gestão, não apenas para os professores
em sala de aula, mas para todos aqueles responsáveis por esta instituição (MACEDO,
2010, p.70)
Cuidar da indisciplina como uma nova disciplina. Talvez seja esta a necessária disciplina
do amor ao próximo, encontrada nos ensinamentos de Jesus, de monopólio ainda exclusivo da
religião. Por que os ensinamentos de Jesus, interpretados pela hermenêutica e a exegese ainda
não foram disponibilizados como parâmetros para o ensino religioso, já que este é uma realidade
amparada na lei de nosso país?
É preciso negar o fracasso e as teorias antigas que não deram certo no sistema
educacional.
Quando estudamos de perto as desigualdades diante da doença ou da morte, a justiça ou o
amor, percebemos que o papel do destino ou do acaso não é assim tão grande, que as
desigualdades aparentemente mais biológicas ou genéticas estão enraizadas nas
desigualdades sociais (PERRENOUD, 2001, p.17).
Nos países africanos, onde a população também se encontra submetida às pedagogias
católica romana, uma das causas do fracasso escolar é a seguinte:
Numa situação em que era proibido questionar sobre a origem das coisas, o futuro
professor apenas ouvia. Limitava-se apenas a acumular o saber despejado em logorréia do
orador, que cobrava tudo quanto dizia, no dia de avaliação. O futuro professor era como se
fosse um receptáculo, onde se despeja uma quantidade de objetos e os tiramos, algum
tempo depois, sem que houvesse a variação da quantidade, nem da qualidade de objetos
depositados. O receptáculo não elabora. Apenas despeja o mesmo conteúdo que lhe fora
depositado. O ensino missionário era extremamente isso. O futuro professor era levado a
decorar os conteúdos, sem entender o significado repetia, na sua relação com o aluno, o
método através do qual também fora ensinado (SAUL, 2000, p.202).
O local de aprendizado deverá estar isento de situações que favoreçam outro sistema
ideológico além do aprender e ensinar. Quando a autora Roseli Fichimann declara que escola
pública não é lugar de religião, certamente é para eliminar o sistema que gera a desigualdade e a
disputa por interesses nos lugares públicos.
83
Ser partidário desta ou daquela religião não é sinônimo de se estar com Deus; defender
esta instituição religiosa por ser a mais antiga ou a outra por ter algum outro mérito é consentir
que as rivalidades e intrigas façam parte do ensino no Brasil e que continue agindo um modelo
pedagógico ultrapassado em nosso país, o qual não contribui em prol a paz e a melhoria dos
alunos.
Lembrando que Jesus não deixou esta ou aquela denominação religiosa a ser seguida, nem
deu para alguém a sua Igreja. Portanto, para usufruir os benefícios de Deus, os quais podem sanar
os problemas de indisciplina e falta de respeito no ambiente escolar é necessário inovar e se
libertar. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (JOÃO 8:32).
3.5 – A EVANGELIZAÇÃO PELO RÁDIO E TV
A tradição culturológica de estudos da cultura de massa mostra que a cultura religiosa foi
contaminada pela cultura de massa, a qual se integrou em culturas já existentes e se fundiu a ela,
tornando a religiosidade um produto capitalista da contemporaneidade, oferecido como tantos
outros produtos pela mídia radiofônica e televisiva.
[...] a cultura de massa é uma cultura: ela constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens
concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de
identificações específicas. Ela se acrescenta, à cultura nacional, à cultura humanística, à
cultura religiosa, e entra em concordância com estas culturas (MORIN, 1967, p.18).
Diferentes da oralidade e a escrita, o rádio e a TV são veículos prestadores de serviço e
possibilitam induzir, criando para seus clientes uma imagem positiva da instituição, para que o
público a considere com simpatia.
O rádio e a TV como meios tecnológicos ficaram submetidos às ideologias religiosas de
tal forma que a elas se renderam. Muitas religiões já possuem a sua própria emissora, diminuindo
os gastos e obtendo maiores lucros.
A Constituição Federal estabelece uma separação entre o Estado e as religiões, mas estas
usam até mesmo as emissoras que compõem a empresa estatal, afirma Luz (2010) em seu artigo
denominado “A ambição do latifúndio religioso”. Este autor cita a Constituição da República
Federativa do Brasil, no Capítulo I, Artigo 19 que estabelece o seguinte:
84
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da
lei, a colaboração de interesse público.
Ainda segundo Luz (2010), a TV Brasil, sendo um patrimônio da União, exibe o
programa “Reencontro”, produzido por evangélicos, aos sábados e transmite a “Santa Missa e
Palavras de Vida”, da igreja católica, aos domingos. Também cita outro patrimônio da União, a
rádio Nacional FM de Brasília, que transmite a missa católica aos domingos.
Pondera ainda, o mesmo autor, que não existem dados precisos sobre as emissoras de
rádio e TV que estão sob o poder dos religiosos e que o Ministério das Comunicações não dispõe
destas informações com precisão. Alega que as diversas denominações religiosas nem sempre
revelam seu credo, quando solicitam concessões. Menciona o exemplo da emissora instalada em
Petrolina, que juridicamente se apresenta como “Fundação Emissora Rural a Voz do São
Francisco”. O nome não diz nada, mas, inaugurada em 28/10/1962, faz parte do latifúndio
nacional da igreja católica e integra o imenso esquema de poder político que esta denominação
exerce por todo semi-árido nordestino.
Os religiosos, por meio do rádio e TV, materializaram Deus em produto de consumo
rentável e não transmitiram os ensinamentos de Jesus para a libertação do povo.
Segundo Paulo Freire, o direito à palavra, o questionamento e o aprendizado são direitos
do cidadão, pois agem como ferramentas na construção da cidadania.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo,
dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens.
Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la para os
outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais (FREIRE, 1975,
p.92).
A TV, como veículo de comunicação não oferece a possibilidade de interação, pois
submete o receptor a uma total absorção (visual e auditiva) do produto oferecido, eliminando
qualquer possibilidade de questionamento, não permite diretamente o exercício da crítica,
envolve e manipula de forma diferenciada.
Exerce seu poder por meio do imediatismo sígnico e apodera-se da atenção do
telespectador por meio da visão e da audição, enviando as mensagens diretamente ao córtex
cerebral. Segundo L. Althusser (1985), os meios de comunicação e a propaganda política
85
comandam a classe trabalhadora (operária) e a induzem a se submeter, produzir e consumir os
produtos oferecidos pelos detentores do poder.
A seguir, veremos como procede a educação brasileira na era da internet e da
interatividade.
86
4 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA ERA DA INTERNET E DA INTERATIVIDADE
A capacidade de interação por meio da internet se tornou algo inevitável, as inovações em
equipamentos tecnológicos e a computação estão cada vez mais capacitadas para decodificar
linguagens visuais e auditivas, traduzir, receber e enviar textos em vários formatos. Isto causou
uma revolução no ambiente físico, o modelo de sala de aula com giz e lousa como local de
aprendizado se tornaram ultrapassado e não causa mais interesse nos alunos.
Atualmente, as informações estão interligadas por redes, ou seja, por conjuntos de nós
interligados formando um imenso espaço virtual de informações, impulsionadas pela internet,
onde o internauta pode localizar as informações desejadas em segundos.
Este novo meio de comunicação inovador permite a interação entre pessoas em escala
global e em tempo muito reduzido, algo como nunca houve na história da humanidade. Não
participar deste sistema é o mesmo que impedir o conhecimento e negar a possibilidade do
avanço tecnológico, permanecer ao método peripatético e a lousa para transferência de
informações.
Atualmente, as principais atividades econômicas, sociais, políticas e culturais de todo o
planeta estão a estruturar-se através da internet e de outras redes informáticas. De fato, a
exclusão destas redes é uma das formas de exclusão mais grave que se pode sofrer na
nossa economia e na nossa cultura (CASTELLS, 2004, p.17).
Segundo o mesmo autor (CASTELLS, 2004), a internet foi desenhada premeditadamente
como uma tecnologia de comunicação livre, por uma série de razões históricas e culturais.
A educação brasileira está se adaptando a esta nova tecnologia, montando salas de
informática na rede pública de ensino, capacitando professores para o acompanhamento em
todos os níveis educacionais para oferecer uma educação de qualidade.
4.1 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO RELIGIOSO NA ATUALIDADE
A população brasileira, usufruindo a laicidade da nação, não pode mais aceitar os métodos
pedagógicos ultrapassados ou firmar acordos com instituições religiosas para direcionarem a
educação no país, instituições que no passado causaram danos irreparáveis à humanidade. Sobre
este acordo educacional do governo brasileiro com o vaticano, Roseli Fichamann declara, numa
entrevista:
87
O acordo assinado pelo presidente Lula com o Vaticano em 2008, que estipula a
obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas, foi aprovado pelo senado. E
agora?
FISCHMANN responde: “É importante ressaltar que o documento assinado pelo
presidente da República prevê vários privilégios para a igreja católica: benefícios
adicionais em termos de verbas públicas e ações com impacto sobre a cidadania, como a
supressão de direitos trabalhistas para sacerdotes ou religiosos católicos, e a inclusão de
espaços para templos católicos em planejamentos urbanos. Nesta entrevista, nos interessa
o artigo sobre a obrigatoriedade do ensino religioso católico e de outras confissões
religiosas, como está no texto. Mesmo fazendo menção a outras crenças, o acordo
manifesta uma clara preferência por uma religião, o que obriga as escolas a adotar uma
determinada confissão, e isso é inconstitucional. O Ministério das Relações Exteriores
defende a iniciativa dizendo que não há problema, já que ela apenas reúne aquilo que já
existe. Mas isso não é verdade.
Se tais acordos políticos educacionais religiosos são tão importantes que chegam a
conduzir o Presidente da República Federativa do Brasil ao Vaticano, o que impede ao Governo
Laico Brasileiro, por meio do Ministério da Educação, oferecer o conteúdo bíblico dos
ensinamentos de Jesus fora do contexto religioso denominacional e esclarecido por meio da
hermenêutica e da exegese para o sistema público de ensino em todo o país via internet? Se o
Antigo e Novo Testamento servem de parâmetros para todas as instituições religiosas cristãs no
país, oferecer o conhecimento deste conteúdo fora do contexto religioso denominacional aos que
não pretendem aderir à religião é fazer a distribuição equitativa do poder, no exercício da
democracia, em favor da liberdade.
Estudiosos e pesquisadores da educação buscam soluções para resolver os problemas da
violência nas escolas, itens que dificultam o aprendizado e o bom relacionamento em sala de
aula. Estuda-se o caráter das agressões dentro e fora dos ambientes escolares em todos os níveis;
buscam-se projetos que promovam a construção de uma cultura de paz junto à comunidade
escolar, entretanto, não remetem ao resgate e domínio dos ensinamentos de Jesus que é, por
direito, um patrimônio mundial.
No Antigo Testamento, no período da lei, a pedagogia e a correção para o filho
desobediente eram com o uso da vara e o apedrejamento até a morte. No livro Deuteronômio
(21:18-21) está expresso que:
Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à
voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então seu pai e sua mãe
pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; e dirão aos
anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é
um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que
morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.
88
Mas, no Novo Testamento, período da Graça, o favor imerecido de Deus, que entregou
seu Único Filho a morrer pela humanidade a pedagogia é outra.
Enquanto Jesus esteve na terra, Ele cumpriu a lei, mas, quando morreu, abriu-se o Novo
Testamento, anulando totalmente a lei anterior. Nenhum testador abre o testamento enquanto
vive, assim também Jesus, antes de morrer, cumpriu a lei e pediu para que a nação de Israel
também a cumprisse, mas com a sua morte, a lei foi ab-rogada. Quando o véu do templo rasgouse, no momento da Sua morte, entrou em vigor a Graça. No período da Graça, o método
pedagógico é com afeto, o uso da vara, agressões ou apedrejamento não fazem parte dos
ensinamentos de Jesus; a educação é feita com diálogo e advertências em amor. Na carta aos
Efésios (6:1-4) se pode ler o seguinte:
Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e
a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito
tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na
doutrina e admoestação do Senhor.
A ordem bíblica para a educação neotestamentária é direcionada aos genitores, para
exercem a instrução dos filhos na doutrina de Deus pela Sua Palavra e não mais por meio dos
sacerdotes como no Antigo Testamento. A instrução sobre ministrar os ensinamentos de Jesus
para as crianças é direcionada à família e não à outra instituição. Na falta dos genitores, a
incumbência passa ao Estado, como rege a LDB, em favorecer ao desenvolvimento pleno do
aluno em prol da cidadania.
Estudam-se, nas escolas públicas brasileiras, as várias disciplinas da grade curricular e
existem em suas bibliotecas muitos livros, contendo mitologias e religiões de várias etnias, que
são oferecidos gratuitamente aos alunos pelo Governo Federal, Estadual e Municipal. Por que não
existe a publicação da bíblia esclarecida pela hermenêutica por ordem governamental? Se o
evangelho é um livro comum a todas as instituições religiosas, ao católico, ao evangélico
tradicional, ao pentecostal, ao neopentecostal, ao espírita e todos que se autodenominam cristãos,
qual seria o inconveniente? Será que a nação brasileira ainda se encontra sobre o domínio da
religião, como esteve antes da atuação do Marques de Pombal e ainda determina as ações do
Governo em nosso país?
89
A educação do século XXI caminha para o reconhecimento do cidadão de corpo e alma,
capaz de reconhecer os seus direitos e deveres, usufruir a liberdade advinda do conhecimento e
do saber, garantida pela constituição.
Para tanto, faz se necessário um olhar crítico sobre os métodos educacionais usados nas
instituições de ensino no Brasil, pleitear uma reforma pedagógica, livre das amarras da
religiosidade institucionalizada, rumo a conquista de uma consciência voltada para a liberdade
sobre todas as áreas do conhecimento.
A educação pública brasileira precisa transmitir ensinamentos de amizade, amor, gratidão,
benevolência, paz, mansidão, todos estes requisitos e muitos mais são necessários para a
humanização e estão compilados nos ensinamentos de Jesus, e hoje, já acessíveis a todos que
pretendem educar-se pela verdade bíblica, por meio da internet.
A trajetória para o povo brasileiro adquirir uma consciência política-religiosa e romper
com as amarras do passado está sendo extremamente longa. Ainda opera a subserviência pela
falta do conhecimento dos ensinamentos de Jesus. Há necessidade de que os dirigentes deste país
possam valorizar a constituição acima de todos os preceitos humanos, inclusive os religiosos,
para que a nação possa usufruir plenamente de seus direitos como cidadãos.
4.2 – A INTERNET E OS ENSINAMENTOS DE JESUS
Na atualidade, as instituições religiosas, como qualquer outra empresa, também fazem uso
da internet e oferecem seus produtos, materiais e imateriais na rede, mas, também existem sites
que viabilizam os ensinamentos de Jesus desvinculado da religiosidade institucionalizada.
Um exemplo desta nova possibilidade de estudo pode ser encontrado no site
w w w . e s t u d o s d a b i b l i a . n e t ., criado por pessoas que vivem e ensinam a bíblia de acordo
com o padrão do Novo Testamento, pertencentes às congregações locais, com o único objetivo de
servirem a Cristo. Não pertencem, devido ao fato da bíblia não autorizar, a nenhuma
denominação religiosa institucionalizada.
Os autores deste site, em sua maioria não são brasileiros, Dennis Allan é norte-americano
residente em São Paulo (capital), Carl Ballard, Mike Bozeman, Allen Dvorak, Gary Fisher,
Timothy Richter, Paul Earnhart moram nos Estados Unidos ou outros países. Não defendem ou
indicam placas de instituições religiosas, nem destacam homens ou qualificações humanas
90
(formação teológica etc.), mas realçam unicamente a Palavra revelada nas Escrituras e interagem
com os usuários do site pelo endereço estudos.bí[email protected].
Em esclarecimento ao público sobre a denominação que pertencem, os autores afirmam :
“Não defendemos placas de igrejas, pois devemos toda a glória ao nosso Senhor Jesus Cristo”,
como está escrito:
Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes, a
igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos,
com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso: Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Sempre
dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo.
Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento
(Como o testemunho de Cristo foi mesmo confirmado entre vós). De maneira que
nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vos
confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus
Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor. Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em
um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus,
me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com
isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de
Cristo. Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em
nome de Paulo? Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a
Gaio, para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. E batizei também a
família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo envioume, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz
de Cristo se não faça vã (I CORINTIOS 1: 1-17).
De acordo com o que foi postulado por Cristo, aqueles que são responsáveis pelo site
mencionado dizem que importa somente falar a palavra de Deus, e não realçar a sabedoria
humana.
Deixam como exemplo, para estes dizeres, os seguintes versículos: “Se alguém falar, fale
segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá;
para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence à glória e poder para
todo o sempre. Amém” (I PEDRO 4 : 11).
Os autores deste site pedem para que todos os julguem pelos frutos do ensino, e
acrescentam os seguintes versículos:
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura se
colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz
bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus
frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e
91
lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que
está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas
maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós
que praticais a iniqüidade (MATEUS 7: 15-23).
Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal (I
Tessalonicenses 5:21-22).
E pedem para examinar todo ensinamento pela palavra revelada nas Escrituras: “Ora,
estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam
a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).
O site w w w . e s t u d o s d a b í b l i a . n e t é um instrumento facilitador para o estudo dos
ensinamentos de Jesus porque foi criado exclusivamente para esta finalidade, portanto, é ideal
para as pessoas que desejam adquirir um conhecimento bíblico fora do contexto religioso
denominacional.
O site oferece ainda a possibilidade de participar dos estudos especiais ministrados em
várias cidades brasileiras, bastando apenas o preenchimento de um questionário para
identificação do interessado para melhor recepcioná-lo, providenciando assento e apostila
(quando houver) gratuitamente.
Figura 13 – Imagem da página do site
92
O site apresenta, localizado à esquerda da página, o link do YouTube, por meio do qual o
internauta poderá ter acesso aos vídeos dos Estudos Bíblicos, com esclarecimento de que a visita
ao site do YouTube não está sob o controle dos autores.
Logo abaixo do link do YouTube, aparecem os acessos: Pesquisar, Andando na verdade,
Andando com Deus, Mensagem em áudio, Palavras cruzadas, Estudos textuais, Fale conosco,
Livros e livrinhos, O que a Bíblia diz?, Jesus, o caminho, Boletim mensal, Quem somos? Posso
copiar?
No lado direito da página aparece um logotipo (MP3), indicando que as versões gravadas
são menores e mais fáceis de carregar e ocupam menos espaço. Contém aulas especiais em áudio
e temas como: Mensagens importantes de Ezequiel, O Espírito Santo, O que a Bíblia ensina?
Deus justo e justificador, O plano de Deus para a Igreja, Verdades Bíblicas para todos.
No link “Verdades Bíblicas para Todos”, está disponível a apostila e sete (7) mensagens
de áudio, bastando somente um clique para acessar.
Em outro acesso pode-se adquirir resumos dos livros “Gênesis e Jô” e estudo textual com
apostila e vinte e cinco (25) mensagens de áudio.
O site também oferece os recursos do TWITTER (@EstudosDaBiblia) que informa sobre
as novidades ou sobre os estudos especiais e alguma outra informação que facilite o ensinamento
do estudante.
É ofertado ainda um curso bíblico denominado “Jesus o Caminho”, com sete lições,
totalmente On-Line e acrescenta uma mensagem positiva para os que, no passado, já tentaram
fazer um curso bíblico e não conseguiram, apresentando as facilidades e comodidades de se
estudar de qualquer lugar que se tenha acesso à internet.
Para pessoas que procuram folhetos e mensagens de evangelização, o site oferece modelos
que possam incentivar outras pessoas a estudarem a palavra de Deus. São modelos prontos para
copiar e imprimir. O link “Andando na Verdade” é publicado trimestralmente e distribuído
gratuitamente a pessoas interessadas no estudo da palavra de Deus por e-mail.
Os textos com os ensinamentos de Jesus, explicados por meio da hermenêutica e da
exegese, escritos em outro idioma, são traduzidos por Arthur Nogueira Campos e por Dennis
Allan, disponibilizados com permissão de seus autores e redatores, ficando retido o direito ao
próprio trabalho.
93
Acessando somente a página do tema “Andando na Verdade”, aparecerá o título “A
Serviço do Rei - vivendo como seguidores de Cristo”, o interessado encontrará cento e um (101)
subtítulos de estudo.
Para se ter o exemplo do tipo de estudo oferecido e da facilidade de compreensão dos
mesmos, o exemplo dos três primeiros estudos do primeiro tema “Andando na Verdade” está em
anexo nas páginas (113 a 116).
4.3 – A INTERATIVIDADE COMO MARCA DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:31-32)
Libertando os ensinamentos de Jesus das gavetas das religiões, surge a internet.
Por quase dois mil anos os ensinamentos de Jesus percorrem a terra em busca de
verdadeiros ouvintes e são vários os veículos que conduziram suas mensagens até nossos dias,
mas nenhum tão facilitador quanto a um site na internet, veiculado por meio da rede mundial de
computadores.
A internet surgiu nas últimas décadas do século XX, como consequência da fusão
singular de estrutura militar, com a pesquisa da Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas
(ARPA), do departamento de defesa dos EUA, possibilitando a transmissão de mensagens
sonoras, imagens e dados por meio de redes de informações (CASTELLS, 1999, p.82).
Com o avanço das estratégias militares e a necessidade de se obter informação cada vez
mais rápida, a internet apresenta uma comunicação ainda mais eficaz se comparada ao rádio e a
TV por apresentar a interatividade em rede mundial.
Na atualidade, o computador, por meio da internet, tem se apresentado como um veículo
facilitador para a divulgação e aprendizagem dos ensinamentos de Jesus.
Em 1979, divulgaram o protocolo XModem, que permitia a transferência direta de
arquivos de dados entre computadores, sem passar por um sistema principal.
A nova tecnologia foi divulgada gratuitamente, pois sua finalidade era espalhar o máximo
possível a capacidade de comunicação interativa.
As redes de computadores, que não pertenciam a ARPANET (em seus primeiros estágios
reservados às universidades científicas de elite), descobriram um meio de começar a se
94
comunicar entre si por conta própria. Em 1979, três alunos da Duke University e da Universidade
de Carolina do Norte, não inclusos na ARPANET, criaram uma versão modificada do protocolo
UNIX, que possibilitava a interligação de computadores via linha telefônica comum.
Figura 14 –Arpanet - Tecnologia da computação 1
Figura 15 – Arpanet - Tecnologia da computação 2
Os usuários dessa versão modificada criaram um fórum on-line de conversas sobre
informática, a Usenet, que logo se tornou um dos primeiros sistemas de conversas eletrônicas em
larga escala.
95
Os inventores da Usenet News também divulgavam gratuitamente seu software num
folheto distribuído nos congressos de usuários de UNIX (CASTELLS, 2008, p.86).
Vinton Cerf, frequentemente descrito como um dos pais, senão o pai da internet-1970,
juntamente com Robert Kahn, produziu o primeiro artigo sobre aquilo que se tornaria a
Internet, “Um protocolo para as intercomunicações acondicionadas em rede”-, disse numa
conferência realizada em São Francisco em setembro de 2004 que o mundo ainda estava
na Idade da Pedra em termos de formação de rede (BRIGGS; BURKE, 2006, p.328).
O sistema de comunicação em rede trouxe uma forma de comunicação diferenciada dos
veículos anteriores e inúmeras facilidades com as compras on-line, auxiliando na pesquisa de
produtos e negócios, reduzindo o tempo de procura e gastos com transportes.
O grande avanço aconteceu em setembro de 1993 e março de 1994, quando uma rede até
então dedicada à pesquisa acadêmica se tornou a rede das redes, aberta a todos. A rede era
“frouxa” e não tinha proprietário, embora dependesse das agências de comunicação. No
mesmo período, o acesso público a um programa de navegação (Mosaico), descrito na
seção de negócios do New York Times de dezembro de 1993 como “a primeira janela para
o ciberespaço”, tornou possível atrair usuários - na época chamados “adaptadores” – e
provedores, os pioneiros em programas cujas origens já foram descritas (BRIGS, BURKE,
2006, p. 300).
As redes mundiais de informações desenvolveram-se, rapidamente, pelos quatro cantos da
terra, ligadas entre si por uma gigantesca teia de comunicação, possibilitando a conversa direta e
consulta de páginas sobre os mais variados tipos de assuntos. Também propiciou a transferência
de arquivos, estudos de textos e muitas outras coisas.
Com a possibilidade de interagir usando apenas uma linha telefônica comum - um
computador com o software adequado e um modem - os internautas enviam e recebem de forma
rápida e eficiente, mensagens de vários tipos e formatos. Pode-se enviar desde textos ou livros
eletrônicos, fotografias, músicas, mensagens em áudio visual até mesmo interagir entre os
conhecimentos sobre vários tipos de assuntos, inclusive sobre os ensinamentos de Jesus, isentos
de conceitos religiosos denominacionais e suas ideologias.
A internet propicia um estudo diferente, facilitando a interação dos mais diversos tipos de
assunto, entrelaçando o real e o virtual como na própria vida.
A internet é o tecido das nossas vidas. Se as tecnologias de informação são o equivalente
histórico do que foi a eletricidade na era industrial, na nossa era poderíamos comparar a
internet com a rede elétrica e o motor elétrico, dada a sua capacidade para distribuir o
96
poder da informação por todos os âmbitos da atividade humana. E mais, tal como as novas
tecnologias de geração e distribuição de energia permitiam que as fábricas e as grandes
empresas se estabelecessem como as bases organizacionais da sociedade industrial, a
internet constitui atualmente a base tecnológica da forma organizacional que caracteriza a
Era da Informação: a rede. (CASTELLS, 1999, p.15).
A internet é facilitadora, tanto para as grandes empresas como para os seus funcionários, e
não serve apenas à elite, mas também à classe trabalhadora. O custo dos equipamentos
necessários para o acesso à internet fica cada vez mais acessível à população de baixa renda,
sendo disponibilizada também para uso gratuito nos projetos estatais (acesse São Paulo) e nas
salas de informática das escolas públicas em todo país.
O acesso à internet também pode ser realizado de forma comercial, oferecido em Lan
Houses existentes por quase todo o Brasil.
Atualmente, as principais atividades econômicas, sociais, políticas e culturais de todo o
planeta estão a estruturar-se através da Internet e de outras redes informáticas. De fato, a
exclusão destas redes é uma das formas de exclusão mais grave que se pode sofrer na
nossa economia e na nossa cultura (CASTELLS, 1999, p.17).
O relacionamento do internauta com o mundo de informações e negócios acontece por
meio de aplicativos instalados no computador, como chat, Msn (Messenger,) com os quais é
possível interagir entre perguntas e respostas e trocar informações com rapidez e eficiência.
A interatividade também acontece por meio dos hipertextos, conforme observa Motta:
Veja no caso da interatividade: Bardoel e Deuze (2000) consideram que a notícia online
possui a capacidade de fazer com que o leitor-usuário sinta-se parte do processo. Segundo
eles, isso pode acontecer pela utilização de diversos recursos interativos, como a troca de
e-mails entre leitores e jornalistas, a disponibilização de opinião dos leitores em fóruns, os
chats com jornalistas. Os autores, no entanto, não contemplam a perspectiva da
interatividade no âmbito da própria notícia, ou seja, a navegação pelo hipertexto que,
conforme Machado (1997), constitui também uma situação interativa (MOTTA, 2002, p.
131).
Isto facilita a vida de quem quer estudar um determinado tipo de assunto no conforto de
seu lar ou na escola, fazendo uso das salas de informática.
A internet também é facilitadora para a propagação dos ensinamentos de Jesus sem a
necessidade de um vínculo institucional religioso. Basta somente ao interessado acessar um site
pela www. para encontrar todos os estudos relacionados com o tema que deseja estudar, podendo
perguntar, interagir e questionar os temas encontrados.
97
Nos últimos anos, assistimos a um crescimento espantoso das chamadas tecnologias
de comunicação. Essas tecnologias tornaram-se mais rápidas, mais populares e mais
instrumentalizadas no cotidiano de milhares de pessoas em todo o mundo. Passaram,
assim, a fazer parte de um conjunto de práticas sociais que permeia o século XXI,
construindo sentidos e modificando comportamentos. Dois elementos são marcantes
nesta mudança estrutural: o primeiro deles é o foco na participação, que
principalmente através da Internet, torna-se o carro chefe da popularização dessas
tecnologias. O segundo é que essa participação dá-se em uma escala global, nunca
antes proporcionada por nenhum meio de comunicação a indivíduos (RECUERO,
2010).
Em suma, esta forma de comunicação, diferenciada dos veículos anteriores, pode ser a
chance para a verdadeira Igreja de Cristo instalar-se de forma global, ofertando o reino de Deus
gratuitamente por toda a terra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A oralidade como forma de transmissão de conhecimentos usou de vários recursos no
decorrer da história. Houve um tempo em que a comunicação esteve presente na linguagem da
natureza (FOUCAULT, 1992) e agiu juntamente com a linguística para decodificar as marcas
visíveis que Deus deixou na criação.
Desde os tempos mais remotos, como constatamos no capítulo 1, a oralidade vem
servindo para transmitir as informações armazenadas na mente humana para as próximas
gerações. E fazendo referência novamente a Pierre Levy, em seu livro intitulado, As tecnologias
da inteligência, de fato, existem dois tipos de oralidade: a primária, que remete à palavra antes
que uma sociedade tenha adotado alguma forma de escrita e a secundária, a qual se relaciona e
adapta-se nos moldes da escrita, tal qual usamos hoje. O
Os evangelhos, de fato, oferecem a salvação da alma e do espírito humano gratuitamente e
para praticá-los não requer templos ou basílicas luxuosas, mas, onde estiverem dois ou três
reunidos em nome de Jesus, ali está a sua Igreja, conforme nos pautamos no capítulo 2.
Jesus disse que a salvação se recebe por meio da fé, mediante o conhecimento da doutrina
do amor e a incumbência de transmiti-la gratuitamente a todos. No entanto, não é isto que ocorre
nas instituições religiosas, também constatado. A população permanece sem o direito de
98
compreender os ensinamentos de Jesus corretamente; desvinculada do sistema religioso
institucionalizado, para elas se submetam a sustentarem seus sacerdotes em suas luxúrias.
Quando o cristão não pertence a uma instituição religiosa, fica rejeitado e tido como
herege e destituído do relacionamento das irmandades que se submetem ao comércio religioso.
Conforme nosso estudo sobre as religiões institucionalizadas, não consta nos
ensinamentos de Jesus que ele tenha participado de alguma instituição de sua época, apenas que
foi expulso da sinagoga de Cafarnaum. Não esteve ligado aos Fariseus e nem aos Saduceus,
denominou-os de túmulos caiados, limpos exteriormente, no entanto, no seu interior só havia
podridão de pecado. Nem tão pouco pediu para seus seguidores se filiarem a alguma instituição.
Compreender os seus ensinamentos é ter a oportunidade de se tornar membro do Seu Corpo, que
é a verdadeira Igreja.
Realmente, todas as nações da terra praticam uma religiosidade, é inerente ao ser humano
a ligação com o divino, ou um ser superior que gerou todo o universo.
Dentre todas as instituições religiosas existentes no mundo, somente o cristianismo
oferece a salvação por meio da “graça”, do favor imerecido e sem pagamento, quando praticado
mediante a hermenêutica e a exegese da Palavra.
Quando se remove o significado original da palavra “Igreja”, empregado por Jesus Cristo
já começa a direcionar a gratuidade para o comércio.
O apóstolo Paulo escreve sobre suas alegrias em meio às dificuldades que passou para
instruir a Igreja, a qual é o Corpo de Cristo e disse: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e
na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a Igreja”
(COLOSSENSES 1:24).
A verdadeira Igreja de Cristo é composta por membros que praticam Sua Palavra e, para
que a pratiquem é necessário que a conheçam e, para que conheçam, é necessário quem a ensine;
foi para isto que Jesus preparou os doze discípulos e disse-lhes ide e fazei novos discípulos,
batizando-os em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo. Contudo, seus ensinamentos ficaram
sujeito às facções religiosas, que visam lucro, prestígio e poder entre as nações e as suas
pedagogias destinam-se à submissão e não à libertação.
Após o longo período medieval que percorreu os manuscritos e por todas as dificuldades
do saber, os quais ficaram submetidos os ensinamentos de Jesus, surgiram os tipos móveis e
Gutenberg realiza a primeira impressão da bíblia.
99
A descoberta foi um enorme abalo no controle exclusivo da instituição católica, que tinha
a bíblia em seu índex (catalogo dos livros cuja leitura era proibida), as quais somente o clero
poderia ter o acesso.
O descontrole causado pela palavra impressa percorreu rapidamente vários países da
Europa e contribuiu para o sucesso dos protestos contra a venda de indulgências.
De fato, até o advento da imprensa tipográfica o povo se encontrava completamente
desprovido da capacidade de compreensão do evangelho, pois tudo que contrariasse os concílios
do vaticano era eliminado pelas fogueiras da inquisição.
Sendo o Brasil um país laico, onde vigora uma lei de diretrizes e bases para a educação, o
ensino religioso acaba sendo motivo de dissensão e discórdia ao invés de contribuir para a paz, de
acordo com o que foi constatado em nosso capítulo 3.
O fato é que esta lei impõe, para ministrar tais aulas, que o professor esteja engajado num
sistema religioso denominacional e credenciado por algum superior. Isto gera discórdia e intrigas
religiosas no recinto escolar, já que o povo brasileiro está fragmentado em várias religiões dentro
do cristianismo, ou seja, servindo várias outras formas doutrinárias que seguem parcialmente os
ensinamentos de Jesus. Se o ensino do cristianismo fosse pautado exclusivamente pela
hermenêutica e exegese dos textos bíblicos, sem fazer apologia a qualquer denominação esta lei
seria mais eficiente e democrática.
Contudo ainda tenta-se preservar a paz. Entre os acordos da política e a religião quem sai
perdendo é o povo. As leis aprovadas que favorecem isenção de impostos para estas instituições
agravam a própria educação, assim também como a saúde e o lazer.
Os recursos destinados aos restauros de templos religiosos poderiam construir escolas e
remunerar melhor os professores, pois os bens adquiridos por estas denominações (universidades,
gráficas e tantas outras) geram lucros financeiros e podem arcar com suas despesas sem o
favorecimento estatal.
Neste percurso, quando nos referimos ao Brasil como um país cristão, há de se pensar
sobre qual cristianismo nos referimos, se a um cristianismo institucionalizado e denominacional,
repleto de normas humanas e suas imposições, ou a um cristianismo conduzido unicamente pela
hermenêutica e exegese dos textos bíblicos.
As tecnologias, que poderiam transmitir a mensagem das Boas Novas de Jesus pela Graça,
estão nas mãos dos mercenários. O amor ao próximo se tornou algo frio, assim como as imagens
100
televisivas, de acordo com nossos estudos. Como se não bastasse para as instituições religiosas
possuírem apenas os veículos de comunicação rádio e a TV, também apossaram das salas de
projeção cinematográficas e as transformaram em basílicas comerciais, destinando-as ao
dispositivo religioso de suas denominações. O estudo bíblico denominacional ficou ideologizado
pelos programas radiofônicos e televisivos sem nenhuma margem para a interatividade, de acordo
com nossa pesquisa.
Diferente e inovador entre os veículos apresentados, o computador, por meio da internet, na
rede mundial, cumpre um papel facilitador para o estudo bíblico, disponibilizando os
ensinamentos de Jesus e permitindo a interação do usuário entre perguntas e respostas. Esta
interação fora do sistema religioso institucionalizado é que faz a diferença para o correto
aprendizado dos ensinamentos de Jesus.
Assim posto, por meio da internet, usando sites específicos para esta finalidade, o
estudante que queira aprender os ensinamentos de Jesus pode acessar os estudos bíblicos, estudar
e receber informações gratuitas, sem a necessidade de se filiar a alguma instituição religiosa.
Para concluir, podemos dizer que os vendilhões do templo, que agiam na época de Jesus,
continuam agindo impiedosamente, formulando suas próprias ideologias, pois, tratando-se de
dinheiro, não se satisfazem nunca. Fazendo uso de uma metáfora, encerramos afirmando, que tais
vendilhões são lobos de ventre famintos; com intenções de apascentar as ovelhas, devoram-nas.
101
REFERÊNCIAS
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102
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ENCARTA. Microsoft Corporation, Enciclopédia Microsoft Encarta.1993-2001.
109
ANEXOS
Roubando a palavra de Deus
Roubar é um pecado lamentoso, citado com outros pecados lamentosos. Aqueles que
cometem tais pecados não herdarão o reino de Deus. “Ou não sabeis que os injustos não herdarão
o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6:9-10).
Uma pessoa pode roubar de Deus segurando aquilo que é de Deus por direito –
negligenciando dar conforme prosperou (1 Coríntios 16:1-2; Malaquias 3:8-10).
Uma pessoa pode até roubar a palavra de Deus. Deus fez esta acusação contra os profetas
de Judá. “Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas
palavras, cada um ao seu companheiro” (Jeremias 23:30). Eles roubaram a palavra de Deus
ensinado a sua própria palavra ao povo em vez de ensinar a palavra de Deus.
Isso continua hoje. Cristo, com toda a autoridade na terra e no céu, claramente disse,
“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16:16).
Quando alguém ensina a salvação pela fé somente, ele rouba das pessoas aquilo que Jesus
realmente falou. Jesus disse, “Quem crer ...” [mas ele não parou aqui] “... e for batizado será
salvo.” Ensinar que o batismo não é essencial para a salvação é cometer o mesmo erro pelo qual
Deus condenou os profetas de Judá.
A carta de Tiago, no Novo Testamento, apresentou dificuldades enormes para Lutero,
devido ao conceito dele de salvação pela fé somente. Ele chamou-a de uma epístola de palha. Ela
ainda dá enormes problemas aos advogados da doutrina de Lutero, pois Tiago disse, “Verificais
que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente” (Tiago 2:24).
Paulo disse, “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias
mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Efésios 4:28). Se isso é um
bom conselho em relação a assuntos materiais, quanto mais em assuntos espirituais quando
milhões e milhões de pessoas em cada geração precisam da salvação!
Não roube dos perdidos no mundo a palavra do Filho de Deus que lhes conta o que devem
fazer para serem salvos dos pecados e das suas conseqüências horríveis.
110
Não esqueça o que Deus disse aos falsos profetas de Judá: “Portanto, eis que eu sou
contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu
companheiro” (Jeremias 23:30).
–por Billy Norris
A queda e restauração de Pedro
Pedro havia seguido Jesus de certa distância quando Jesus fora levado para ser julgado
pelos principais sacerdotes e pelo Sinédrio. Testemunhas falsas haviam mentido a seu respeito.
Alguns haviam cuspido nele. Outros baterem nele com as mãos, zombaram dele. "Estando Pedro
embaixo no pátio, veio uma das criadas do sumo sacerdote e, vendo a Pedro, que se aquentava,
fixou-o e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele o negou, dizendo: Não o
conheço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E o galo cantou.] E a criada,
vendo-o, tornou a dizer aos circunstantes: Este é um deles. Mas ele outra vez o negou. E, pouco
depois, os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um deles, porque também tu és
Galileu. Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais! E
logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera:
Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar"
(Marcos 14:66-72).
Algumas horas antes, Pedro havia jurado ficar ao lado de Jesus, e até morrer com ele, se
necessário, independente do que os outros fizessem (Marcos 14:29-31). Não duvidamos da sua
sinceridade, nem questionamos suas intenções, mas como Jesus disse, "O espírito, na verdade,
está pronto, mas a carne é fraca" (Marcos 14:38).
Então quando os soldados vieram prender Jesus, Pedro tirou sua espada e teria lutado até a
morte. Naquela hora, ele ainda não entendia a natureza pacífica do reino de Jesus. Sendo
reprimido e ordenado a guardar sua espada, e vendo o Senhor milagrosamente curar o homem
que ele havia ferido deve ter o confundido bastante. E depois assistir mentirem sobre seu Senhor,
cuspirem nele, baterem nele e zombarem dele enquanto ele não dizia e nem fazia nada em sua
própria defesa. A vergonha e desgraça eram tantas que Pedro, com todas as suas boas intenções –
sucumbiu à fraqueza da carne. O homem que fora tão confiante – talvez confiante demais – de
sua devoção a Jesus, encontrava-se negando até mesmo que o conhecia. Negar seu Senhor com
uma maldição e um juramento. Assim como Jesus predisse que ele faria (Marcos 14:30).
111
Aprendemos, observando as ações de Simão Pedro, que é preciso ter menos coragem para
carregar uma espada do que para carregar a vergonha da cruz. Mas Jesus disse, "Se alguém quer
vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." (Marcos 8:34 ).
Regozijamos que a negação de Pedro a respeito de Jesus foi uma recaída temporária. Ele
arrependeu-se e continuou em frente para tornar-se um dos cristãos mais eficazes e mais
influentes que já viveu. Que Deus permita que nós, também, possamos superar nossas fraquezas e
sermos servos fieis de Deus.
–por Clarence R. Johnson
O valor do estudo bíblico
É essencial que tenhamos um bom senso de valores. Sabemos que isso é verdade no dia-adia. Sai caro ao comprar ou vender se não tivermos um senso correto de valores. A Bíblia mostra
os naufrágios de muitos que não tinham um discernimento de valores – Ló, Esaú, Balaão, Judas e
Demas. Nós reconhecemos o valor do estudo da bíblia?
A fim de ter o valor correto do estudo bíblico, temos primeiro que ter um valor apropriado
da bíblia. Para aqueles que provavelmente vão ler isso, você já sabe o valor da Bíblia. Sabemos
que é muito proveitoso como guia para esta vida e para apontar o caminho para a vida eterna.
Podemos falar da boca para fora do seu valor, mas se realmente a valorizamos, iremos estudá-la.
Vamos rever alguns motivos que nos lembram o valor do estudo bíblico.
Dá-nos fé (João 20:31). A fé é necessária para a conversão (Atos 15:7) e para agradar a
Deus (Hebreus 11:6). É essencial para o filho de Deus pois “o justo viverá por fé” (Romanos
1:17). A fé é nosso escudo (Efésios 6:16) e nos dará a vitória (1 João 5:4).
Irá fortalecer nossa esperança que pode nos salvar (Romanos 8:24). Irá estimular nosso
desejo de ir para o céu e nos dará a segurança de que estamos a caminho. Servirá de âncora nas
tempestades da vida (Hebreus 6:18-20).
O estudo bíblico nos fará sábios naquilo que realmente importa (Salmo 119:98-99). Isto é,
o estudo vai nos fazer sábios se continuarmos nas coisas aprendidas (2 Timóteo 3:14-15).
O estudo da palavra nos guarda do pecado (Salmo 119:9, 11) e nos capacitará para superar
o pecado (1 João 2:4).
O estudo da Bíblia nos ajudará a evitar a apostasia (Salmo 37:31). A falta de
conhecimento da palavra de Deus leva a destruição (Oseías 4:6).
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Dá alegria (Salmo 19:8). O mundo enganado não acredita, mas a alegria completa se
encontra em Deus (1 João 1:4). O estudo faz-nos capazes de ter alegria mesmo nas coisas ruins
(Tiago 1:2-4; Romanos 8:28).
O estudo da Bíblia consola (Salmo 119:92). Quando um ente querido parte deste mundo,
nada pode nos consolar como a Bíblia (1 Tessalonicenses 4:18). Haverá horas na vida de cada um
em que precisaremos de consolo. O estudo nos capacitará a encontrar consolo.
Fornece alimento para a alma (Mateus 4:4). Tem uma receita apropriada para a criança e
outra para o maduro (1 Pedro 2:2). A palavra de Deus deve ser mais desejada do que ouro e todas
as coisas materiais (Salmo 19:10).
Tem bons frutos (Mateus 7:16). Tem um efeito exaltante na humanidade. Tem liberdade
avançada. Opõem-se as coisas que corrompem. Levanta a moralidade e dá dignidade às mulheres.
Salva a alma quando recebida corretamente (Tiago 1:21). Não é fria nem morta, mas é
como um fogo (Jeremias 23:29) e é viva e poderosa (Hebreus 4:12). Levou 3.000 pessoas a
procurarem a salvação em Cristo no dia de Pentecostes (Atos 2).
Se conhecermos e cremos nestas coisas, o estudo da Bíblia fará parte do nosso dia-a-dia.
–por Robert W. Goodman
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