JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L.): Aplicações clínicas e formas tóxicas – Revisão de literatura Herb Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L.): Clinical applications and toxic forms – A review Hierba de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L.): Aplicaciones clínicas y formas tóxicas – Revisión de literatura Láyla Silva Soares de Oliveira1*, Felipp Silveira Ferreira2 e André Mauricio Barroso3 Resumo Chenopodium ambrosioides é uma planta herbácea conhecida popularmente como erva de Santa Maria. Na medicina popular brasileira é usada no tratamento de problemas digestivos e afecções respiratórias. Com potenciais agentes analgésicos, é anti-inflamatória, antimicrobiana, antipirética, antirreumática, fungicida e age principalmente no combate a verminoses. Possui vasta utilização na medicina veterinária como antihelmíntico, tendo também propriedades antissépticas, digestivas, antioxidantes, antifúngicas, antibacterianas, anti-inflamatórias, sedativas, tônicas, cicatrizantes, esquistossomicidas, molusquicidas, antimaláricas, leishmanicidas, antiacetilcolinesterásicas e atividade repelente. Este trabalho objetiva fazer uma revisão de literatura para aclarar as principais aplicações da C. ambrosioides na medicina veterinária, seus efeitos clínicos e tóxicos. A literatura aponta que esta planta está amplamente difundida, com aplicabilidade terapêutica para o manejo de diversas enfermidades e com alto potencial frente às endoparasitoses e ectoparasitoses. Porém necessita de mais estudos para o estabelecimento de doses espécieespecíficas e redução de sua toxidade. Palavras-chave: fitoterapia, planta medicinal, efeito tóxico. 1Médica Veterinária. Laboratório de Sanidade Animal (LSA). Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). *E-mail: [email protected] 2 DSc. Pesquisador colaborador. Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA)/UENF. 3 MSc. Doutorando em Ciência Animal. LSA/UENF. 464 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. Abstract Chenopodium ambrosioides is an herbaceous plant, popularly known as Yerba Santa Maria. In Brazilian folk medicine is used to treat digestive problems and respiratory diseases. It has potential uses as an analgesic, anti-inflammatory, antimicrobial, antipyretic, antirheumatic, fungicide and especially in combating worms. It has wide use in veterinary medicine as an anthelmintic, as well as having antiseptic, digestive, antioxidant, antifungal, antibacterial, anti-inflammatory, sedative, tonic, cicatrizing properties, and has schistosomicide, molusquicid, antimalaric, antileishmanial, anti- acetylcholinesterase and repellent activities. This paper aims to review the literature in order to clarify the main applications of C. ambrosioides in veterinary medicine’s clinical effects such as toxicity. The literature suggests that this plant is widespread, with therapeutic applications for managing various diseases with a high potential of endoparasites and ectoparasites. But there is need for further study to establish species-specific doses to reduce their toxicity. Keywords: Phytotherapy, medicinal plant, toxic effect. Resumen Chenopodium ambrosioides es una planta herbácea, conocida popularmente como hierba de Santa Maria. En la medicina popular brasileira es usada en el tratamiento de problemas digestivos e infecciones respiratorias. Es potencial agente analgésico, antiinflamatorio, antimicrobiano, antipirético, antireumático, fungicida y principalmente en el combate de las verminosis. Es ampliamente utilizado en la medicina veterinaria como anti-helmíntico, teniendo también propiedades antisépticas, digestivas, antioxidantes, antifúngicas, antibacterianas, antiinflamatorias, sedativas, tónicas, cicatrizantes, esquistosomicida, molusquicida, antipalúdicos, antileishmania, antiacetilcolinesterásica y actividad repelente. El objetivo del presente trabajo fue realizar una revisión de literatura para aclarar las principales aplicaciones da C. ambrosioides en la medicina veterinaria, sean los efectos clínicos como los tóxicos. La literatura apunta que esta planta es ampliamente difundida, con aplicaciones terapéuticas para el manejo de diversas enfermedades, con alto potencial 465 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. frente a endoparasitosis y ectoparasitosis. Sin embargo necesita de más estudios para el establecimiento de dosis especie-especificas, y reducción de su toxicidad. Palabras clave: fitoterapia, planta medicinal, efecto tóxico. Introdução O enfermidades homem natureza busca recursos na para melhorar a qualidade de vida desde os civilização. recursos, primórdios Dentre destaca-se a conhecimentos varias Além da utilização das plantas medicinais fitoterápicos, pesquisas medicamentos, baseadas que por gerações1,4. utilização das plantas como prática da colonização e transmitiam seus da estes antes como inúmeras realizadas no são conhecimento surgiu há séculos, no entanto etnobotânico das mesmas, o empregada de forma empírica1, que propicia a descoberta de 2. novos compostos bioativos, ou Neste tradicional sentido, de o uso plantas pela seja, medicamentos população no tratamento de fitoterápicos que, quando bem doenças despertou o interesse estudados, de possibilidades pesquisadores, que expressam reais no buscaram avaliar a eficiência combate de doenças, inclusive terapêutica e os riscos de sua as parasitoses3, 5. utilização3. A espécie Chenopodium No Brasil, a base do uso ambrosioides L. é uma planta de plantas medicinais está da relacionada com a colaboração nativa da América, originária do dos México, indígenas, africanos e família Amaranthaceae, porém pode ser europeus. Os índios utilizavam encontrada em todos os países ervas em seus rituais de cura de clima temperado e tropical. para No tratamento de Brasil encontra-se 466 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. vastamente distribuída em causadas por protozoários, quase todo o território nacional, além de suas propriedades onde recebe vários nomes analgésicas, digestivas, populares antimicrobianas, atividades mentruço, erva de Santa Maria antioxidantes, sedativas, e mentruz 6,7,8. tônicas, como mastruz, A C. ambrosoides é uma planta herbácea de pequeno porte, possui anti-inflamatórias, antissépticas, antifúngicas e cicatrizantes11,12,13,14. propriedades Observam-se citações a aromáticas fortemente notáveis respeito de suas propriedades e como agentes carminativos nos características sendo seu peculiares, princípio ativo tratamentos de problemas de encontrado no óleo de suas ordem respiratória, referentes sementes. Esta planta possui ao sistema nervoso, sistema propriedades circulatório e digestório, além de grande potencial antiparasitário, sendo da considerada quando antirreumática e estomáquica. administrada em altas doses, No entanto, esta planta pode independentemente da via de expressar administração. Sua toxicidade mutagênicas6,15. pode tóxica estar diretamente relacionada à espécie animal à qual é administrada9,10. Sua utilização medicina ação De parasiticida, características acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a erva de Santa Maria é na veterinária um dos fitoterápicos mais utilizados no mundo inteiro, demonstrou, na maioria das inclusive vezes, controle tradicional muitas ações benéficas são tratamento de citadas em relação à sua Também é muito pesquisada utilização, como, por exemplo, como no problemática baixa tratamento toxicidade de e doenças como forma no parasitoses. alternativa da de à resistência 467 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. parasitária drogas em ou relação aos alopáticos16. às fármacos Desta forma de Santa Maria, erva de bicho, mastruço, menstruço, ambrosina, mastruz, mentruz, constata-se a necessidade da erva-do-formigueiro, busca vomiqueira, constante por alternativas terapêuticas, e as México, plantas mata-pulga, medicinais têm demonstrado uma perspectiva bastante elencando possibilidades clínicas. presente Desta série e de aplicações maneira, revisão a busca apresentar a C. ambrosioides em suas formas e indicações clínicas e tóxicas em humanos e animais domésticos. chá lombrigueira, do erva- quenopódio, dentre outros7,10,18,19. promissora, uma Maria, erva- É uma espécie nativa da América Tropical, sugerindo-se o México como o principal local de origem6,7,19. Existem relatos que esta erva distribui-se por todos os continentes de clima temperado e tropical, sendo encontrada tanto na forma silvestre quanto cultivada20. No Brasil apresenta-se de forma amplamente distribuída, sendo Revisão de literatura considerada Chenopodium ambrosioides A C. uma planta daninha6. ambrosioides A C. ambrosioides é (Figura 1) pertence à família uma planta herbácea, anual ou Amaranthaceae, perene, que muito ramificada. compreende cerca de 2.360 Reproduz-se espécies. sementes, tem uma produção No Brasil são através de encontradas 145 delas com o muito gênero Chenopodium, formado desagradável e sua altura pode por cerca de 100 espécies17. variar de 0,4 m a 1,5 m 6, 9 . Esta planta apresenta variadas Esta denominações, tais como erva diversos intensa, planta possui odor produz metabólitos 468 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. secundários por responsáveis terpineol, ρ-cresol e ρ-mentha- atividades 1,3,8-trieno, todos em menores suas farmacológicas, tais como compostos fenólicos, catequinas, esteroides, flavononas, taninos, triterpenóides e essencial, óleo sendo considerados os princípios ativos responsáveis suas por propriedades terapêuticas 1, 21 . concentrações. Além autores anteriormente citados, o isoascaridol e o limoneno também foram identificados em menores fitoquímica A literatura descreve que a composição química da erva de Santa Maria revela, em de (Z)- ascaridol,18% de (E)-ascaridol e 3% de quantidades. De acordo com a literatura a composição química do óleo essencial de C. ambrosioides Composição química e 60% constituintes comumente encontrados pelos diverge média, dos carvacrol como principais constituintes do óleo essencial desta planta20,22,23. cita22,23 com relação à percentagem relativa dos compostos devido à localização geográfica e a forma de extração23,24,25. Ao analisar fitoquimicamente o extrato etanólico das folhas e dos caules da C. ambrosioides alguns autores12 observaram o ascaridol e o 1,2,3,4-tetrahidrop-mentano. Um grupo de pesquisadores7 em outros componentes presentes abordagem fitoquímica no óleo essencial da planta verificou como o α-terpineno, p-cimeno, flavonoides e óleo essencial na piperitone, C. ambrosioides. Já outros A literatura p-cimen-8-ol, a presença acetato de (Z)-carvil, acetato de pesquisadores21 (E)piperitrol, álcool benzílico, α- resultados sua de encontraram diferentes na 469 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. prospecção fitoquímica das antiparasitária está associada partes aéreas da planta, como ao efeito inibitório dos parasitas triterpenóides, esteroides, intestinais gerado pela perda catequinas, flavononas, de aderência nos tecidos. Este compostos fenólicos, taninos e princípio ativo está ausente no saponinas. extrato aquoso26, 27. Ao avaliar concentração de disponíveis a minerais na O ascaridol possui em sua composição um grupo C. funcional ambrosioides, um grupo de enquadra pesquisa26 constatou que a monoterpenos bicíclicos. Altas planta tem na sua composição doses causam irritação de pele Na, K, Ca, Mg, Fe, Al, Mn e Zn, e sendo dentre as dez ervas taquicardia, estudadas estes respiratória, danos renais e pesquisadores a erva de Santa hepáticos podendo chegar ao Maria a que apresentou a maior colapso e óbito9, 27, 28. por peróxido, a que classe mucosas, o dos cefaleia, parada disponibilidade de Na, K, Mg e Zn. Diante disto, os autores sugerem estudos voltados à aplicabilidade desta erva como suprimento auxiliar em dietas. o brasileira no combate a problemas ascaridol é o componente predominante do óleo essencial encontrado em todas as partes da planta, porém o óleo essencial extraído das sementes possui a maior concentração substância. A erva de Santa Maria é utilizada na medicina popular Ascaridol O Utilização popular humana Sua desta ação digestivos, reumáticos e verminoses. Também é bastante utilizada em misturas das folhas com leite no tratamento de afecções respiratórias e como fortificantes em casos de tuberculose. empregada Ainda na forma é de 470 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. compressas para redução dos processos inflamatórios em contusões6,18, 20. que os potenciais analgésicos, anti-inflamatórios e vermicidas podem ser atribuídos a todas as partes que compõem esta planta. Estas características, favorecem estão voltadas para o emprego da C. ambrosioides frente às diversas A literatura10 descreve segundo Diversas linhas de pesquisa estes autores, sua aplicação popular na forma tópica, como em casos de hemorroidas, desintoxicante de picadas de animais peçonhentos ou sobre feridas preestabelecidas. Popularmente de cunho parasitário, com potencial atividade antimalárica, leishmanicida, esquistossomicida e antiacetilcolinesterásica30,31,32,33. o Atividade antimalárica Um grupo de autores analisou31 os efeitos do óleo de C. ambrosioides em camundongos não infectados e infectados com Plasmodium berghei, um causadores dos agentes da malária. óleo Utilizaram o óleo essencial em essencial denominado “óleo- diferentes doses 12,5; 25; 50 e de-quenopódio”, oriundo dessa 100 ml/ kg. Os resultados planta, foi por muito tempo obtidos utilizado para eliminação de potencialidade vermes, principalmente, essencial desta erva como um Ascaris lumbricoides, possível componente a ser juntamente com o o enfermidades laxante “óleo-de-rícino”10. Ademais, é frequentemente antirreumático, antimicrobiano, no tratamento de úlceras e contra queda de cabelo8,29. do a óleo estudado para o combate da malária. o utilizada na medicina popular como cicatrizante, fungicida, antipirético, sugeriram Atividade leishmanicida Ao avaliarem a eficácia leishmanicida ervas na estudiosos de forma diversas de pó, observaram um 471 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. efeito leishmanicida regular que a esquistossomose para C. ambrosioides. Estes acarreta mundialmente e a pesquisadores adotaram como ampla utilização terapêutica da parâmetros para a avaliação da planta, atividade a pesquisadores35 realizou testes inibição de crescimento de biológicos com o óleo essencial formas a nas concentrações de 10, 20, contagem do número total de 40, 60, 80 e 100 ppm nos promastigotas vivas, intervalos de duas, quatro, seis, aspectos doze e vinte e quatro horas leishmanicida promastigotas considerando-se e um para extrato aquoso de erva de mortalidade dos caramujos por Santa meio da retração do corpo do eficácia apresentou moderada parâmetros nos acima o índice de como mobilidade flagelar. O Maria avaliar grupo de animal para dentro da concha ou extravasamento da mencionados, assim como sua hemolinfa. A dose letal foi forma em pó30. observada em seis horas na A aplicabilidade do óleo essencial também foi avaliada34 contra as formas promastigota e amastigotada da Leishmania donavani. Nesta pesquisa constatou-se o efeito inibitório no crescimento de forma irreversível doses 4,45 (promastigota) e nas μg/ml ppm o tempo para atingir a dose letal aumentou para doze horas, já em concentrações menores de 10 e 20 ppm precisou de um tempo superior a vinte e quatro horas para causar a morte dos caramujos. Pesquisadores continuaram com a análise da eficiência da Atividade esquistossomicida Considerando Nas concentrações de 40 e 60 5,1μg/ml (amastigota). o concentração de 80 e 100 ppm. os problemas de saúde pública C. ambrosioides no combate a 180 caramujos Biomphalaria do gênero glabrata utilizando o mesmo método de 472 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. avaliação. O estudo verificou a positivo Solanum tuberosum, alta que eficácia da C. ambrosioides como contém ação antiacetilcolinesterásica molusquicida, com os valores comprovada, mas obtiveram de apenas uma discreta ação do CL50 e CL90 em concentrações de 2,40 e 8,75 μg/ml, respectivamente36. extrato de C. ambrosioides37. o o Atividade Utilização em animais domésticos antiacetilcolinesterásica e de laboratório Um grupo de autores37 A fitoterapia é um ramo examinou in vitro a atividade do conhecimento de práticas antiacetilcolinesterásica no populares e tradicionais usadas extrato etanólico em plantas na prevenção, no controle e no para tratamento de doenças que elucidar alternativas terapêuticas para doença de acometem os animais38. Alzheimer devido à importância da ação no tratamento dos sintomas. extratos Desta forma, etanólicos foram testados nas concentrações de 0,05 mg/mL, 0,0625 mg/mL, 0,1 mg/mL, 0,25 mg/mL, 0,5, mg/mL no sangue e no plasma Em medicina veterinária esta prática é de fácil acesso, preparo e administração, não é dispendiosa, visto que pode ser sob baixo custo38, 39. Um Valores do hemograma de uma pessoa saudável foram para fornecer o hematócrito, que é essencial para o cálculo da atividade anticolinesterásica eritrocitária. Empregou-se como controle na propriedade, ou para aquisição humano. utilizados encontrada grupo de pesquisadores39 observou que a maioria dos médicos veterinários tem conhecimento dos fitoterápicos, mas poucos os utilizam. Dentre 24 plantas citadas, a C. ambrosioides foi a mais utilizada em distúrbios de 473 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. cicatrização, endoparasitoses, lesões traumatismo, Leishmania30 ou de seu extrato infecções, ulcerativas da inflamações e pneumonia. As aquoso formas mais utilizadas de uso helmíntico39,4 de plantas neste levantamento ambrosioides protagonista de são o sumo e a maceração. inúmeras pesquisas científicas. Um estudo40 que teve como objetivo principais citar os medicamentos fitoterápicos e medicinais plantas utilizadas no tratamento de animais em uma população de João Pessoa (PB) observou que as Existem dos animais anti- tornam relatos de avaliando sua carrapaticida em a C. testes ação diferentes concentrações42, eficácia da bioatividade contra insetos tanto na forma de extrato aquoso como pela apresentação em pó29,43,44. indicações de tratamento de doenças como Além dos testes voltados para a análise do potencial anti- coincidem com o uso pelo helmíntico20, homem, pesquisas também direcionam tendo resultados positivos nos tratamento. Práticas populares terapêutico da C. ambrosioides foram verificadas e validadas através de cientificamente pesquisas que buscaram analisar os efeitos in vitro e in vivo de extratos provenientes de de estudos voltados para a análise utilizadas há séculos, sobre o efeito linhas diversas partes deste vegetal, tais como as folhas, as sementes ou a planta inteira. O uso sobre dos efeitos analgésicos e cicatrizante12, antibacterianos45, antifúngicos23, dentre outros usos. o Atividade antimicrobiana ou antibacteriana Um grupo de autores45 avaliou a ação da erva de Santa Maria em culturas de Staphylococcus aureus e Escherichia coli (Figura 2). O 474 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. extrato foi confeccionado com enteridis, 25g do pó de folhas diluídas em Sthaphylococcus epidermidis, 500 mL de água destilada, Sacharomices sendo submetido a testes para Micrococcus verificar de amostras foram incubadas por microrganismos. Neste estudo 24 horas e demostraram efeito o crescimento de S. aureus e E. antimicrobiano coli não foi inibido pelo extrato Micrococcus luteus. de a erva ausência de Santa Maria empregado. Pesquisadores20 as seguintes bactérias : Staphylococcus Escherichia vulgaris, utilizaram aureus, coli, Proteus Streptococcus haemolyticus e β Shigella flexineri. A análise foi feita em triplicada nas concentrações de 0,3; 0,6; 1,25; 2,5; 5 e 10% e acompanhado de tetraciclina como controle positivo. Apenas linhagens de S. Aureus e S. Flexineri tiveram resultados positivos. o Candida albicans, cereviseae, luteus. apenas As ao Atividade antifúngica A literatura23 descreve ainda a atividade antifúngica do óleo essencial e a composição da C. ambrosioides. Diferentes concentrações foram testadas: 0,1; 0,2 e 0,3% do extrato hexânico bruto, e 0,03; 0,05; 0,075 e 0,1% de fração ativa do extrato hexânico. Após seis dias de incubação observou-se a inibição no crescimento micelial dos fungos Aspergillus flavus, Aspergillus glaucus, Aspergillus niger, Aspergillus onchraceus, Colletotrichum gloesporioides, Colletotrichum Pesquisadores descreveram musae, Fusarium oxysporum e ensaios in vitro que avaliaram a Fusarium semitectum. Notou- atividade se que a 0,3% não inibiu antimicrobiana da planta13 frente a S. aureus, apenas Pseudomonas gloesporioides e C. Musae. A Escherichia coli, aeruginosa, Salmonela 0,2% as inibiu espécies totalmente C. os 475 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. fungos A. glaucus, A. niger, F. 50mg/kg, no entanto o EHCA semitectum e os outros tiveram gerou alterações renais46. O a inibição superior a 65%. Já a tratamento com a planta gerou 0,1% a inibição total ocorreu uma apenas para A. Niger e para os imunomodulação a estímulos outros fungos a inibição foi nociceptivos e inflamatórios ao superior a 60%. ácido o resposta acético de (veículo empregado para estimulo da Atividade analgésica e dor). Os animais tratados com cicatricial a erva tiveram uma proteção à Pesquisadores resposta nociceptiva e avaliaram46 a ação do extrato inflamatória exagerada. Diante hidroalcólico disto os autores sugerem uma da C. ambrosioides (EHCA) contra a ação dor de imunologicamente associada, camundongos na concentração que precisa ser melhor estuda de 50mg/kg. Três grupos foram para sua compreensão. em fêmeas utilizados: o grupo controle positivo usou indometacina, o controle negativo recebeu água destilada e o grupo teste fez uso de (EHCA) via oral. analgésica A literatura cita12 um trabalho sobre a avaliação da ação cicatrizante e do processo doloroso. A atividade cicatricial foi avaliada em ratos através da No modelo de dor aguda pomada de polietilenoglicol por contorção abdominal, a (PEG) associada ao extrato dose diminui bruto da C. ambrosioides significativamente o número de nas concentrações de 1, 3 e contorções 5%. Este ensaio demonstrou utilizada abdominais. O grupo tratado com (EHCA) que aumentou o de rapidez no processo cicatricial neutrófilos, não apresentou ocorreram no grupo tratado número a toxicidade subcrônica e óbito com na extrato dose terapêutica de melhor (PEG) evolução associado bruto da e ao C. 476 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. ambrosioides. A nocicepção foi se maior contração das feridas induzida formalina, e deposição de colágeno no bradicinina (BK) e capsaicina grupo II. Entre os períodos de (CAP). No primeiro teste foi quatro a sete dias todos os feita a indução com a formalina grupos nas doses de 150, 300 e 500 infiltrado mg/kg do EEB e a dor foi que evidencia a ausência da reduzida ação por intensamente. O tiveram intenso anti-inflamatório, anti-inflamatória o do modelo de nocicepção induzida mastruz. Por outro lado os por BK apresentou apenas autores alegam que a não efeito inibitório na maior dose diferença verificada poderia ser testada (500 mg/Kg), enquanto pela troca de curativo no grupo no teste com CAP a resposta III, o que gerou agressão álgica foi reduzida nas doses tecidual de 300 e 500 mg/kg. concluindo que, na fase inicial Pesquisadores realizaram47 a avaliação cicatricial da ferida no 3º, 7º e 14º dias em três grupos: grupo I - animais as grupo II - animais feridas, desta forma tratadas com mastruz sem cobertura de gaze estéril tiveram uma resposta mais eficaz47. O efeito cicatricial da C. tratados com solução salina 0,9%; e, ambrosioides em feridas tratados com erva de Santa cutâneas foi reafirmado em Maria; e grupo III – animais outros estudos48 que avaliaram tratados com erva de Santa a eficácia em feridas induzidas Maria na no dorso de ratos. As feridas concentração de 13mg para foram mensuradas nos tempos cada 1ml do extrato aquoso. No 0, 1, 3, 7 e 12 dias após o início quarto dia todos os grupos do estudados diariamente, crostas e curativo apresentaram espessas praticamente toda área tratamento sem realizado curativos, em com 0,2 ml do sumo da planta. da Até o terceiro dia não houve lesão. Neste período verificou- diferença significativa nos 477 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. grupos, no entanto, no décimo tratado, segundo dia ocorreu uma maior desenvolvimento da lesão. A contração das feridas no grupo administração tratado. Evidenciou-se, então, intralesional uma negativo, enorme diferença na bloqueando o por teve via resultado entretanto na eficácia, em comparação com o administração intraperitoneal o grupo tratamento controle. migração de macrófagos afetada Houve neutrófilos para para a impediu o e desenvolvimento do parasito e região da lesão, na dose de 30 mg/kg. fagocitar as Em suma o tratamento oral, em bactérias, o que não ocorreu no conjunto com o intraperitoneal, grupo na dose de 30 mg/kg obteve tratado ambrosioides, demonstra a inflamatória, por C. tal fato melhor ação anti- comparação com a anfotericina antimicrobiana B, que é o fármaco de eleição vista em estudos anteriores. o Atividade leishmanicida Na L. Amazonensis o resultado em para o tratamento. No entanto, o óleo essencial apresentou toxicidade por via intraperitoneal nesta dose34. óleo essencial da erva de Santa Maria demonstrou ser ativo na forma promastigota e o Atividade esquistossomicida amastigota nas doses de 3,7 μg/ml e 4,6 μg/ml, respectivamente. O teste foi realizado in vivo com murganhos BALB infectados por L. Amazonensis, tratados por via oral, intraperitonial e intralesional. O tratamento oral retardou a infecção comparando-se ao grupo não Ensaios em camundongos infectados experimentalmente por Schistosoma mansoni foram realizados33. realizado efeito O ensaio investigando-se de três foi o plantas diferentes: C. ambrosioides, Conyza dioscorides e Sebania 478 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. sesban. Estas foram utilizadas alcançaram níveis melhores após em sete semanas de infecção. No primeiro teste o tratamento ocorreu durante dois dias consecutivos e a dose comparação com os animais não tratados33. o Atividade anti- helmíntica utilizada da C. ambrosioides foi de 1250 mg/kg/dia. Em relação Pesquisadores testaram49 a às outras duas plantas utilizou- eficácia da C. ambrosioides se a dose de 1000 mg/kg/dia. nas infestações naturais por No segundo teste a dose de trichostrongilídeos cada planta foi usada em ruminantes, relatando a não tratamentos ou existência de manifestações seja, o extrato da planta I (C. comportamentais ou desordens ambrosioides), seguido pelo fisiológicas dos ruminantes que extrato da planta II (Conyza receberam a erva de Santa dioscorides) e o extrato da Maria. Em relação ao efeito planta III (Sebania sesban), antiparasitário esperado por com uma hora de intervalo estes entre os diferentes extratos. Foi redução da contagem de ovos encontrada como DL100 de por grama de fezes (OPG), não 3000 mg/kg. Dentre as plantas foi possível afirmar a eficácia estudadas a C. ambrosioides da C. ambrosioides devido aos foi a que melhor reduziu a aumentos nas contagens de carga protozoários, ovos seguidos de reduções não 54,3% significativas sucessivos, de apresentando de em pesquisadores no teste na em redução. No tratamento com as bovinos, quando se utilizou a três plantas sucessivamente, a dose de 200 ml preparada a carga parasitária foi reduzida partir de 90g das partes aéreas em animais da planta adicionada a 1500 ml tratamento de água. Nos ovinos houve parâmetros uma redução a partir do quinto bioquímicos e parasitológicos, dia de uso, com a mesma 66,3%. submetidos sucessivo Nos ao os 479 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. proporção de planta em relação redução de helmintos adultos à água. Portanto, os autores do não confirmam se há ou não Ostertagia, efetividade desta erva sobre as Trichostrongylus endoparasitas de ruminantes. Strongyloides. A literatura cita também gênero Haemonchus, Cooperia, Dados e de necropsia a avaliação da ação de três demonstraram a eficácia de plantas: 27,69% e 36,11% nos gêneros Allium sativum L., C.ambrosioides e Polygonum Haemonchus punctatum de respectivamente, no abomaso ovinos de ovinos. Já no intestino jovens50. Os animais foram delgado observou-se eficácia distribuídos em seis grupos que de 93,94%, 73,82% e 57,40% continham oito animais em sobre cada Strongyloides, no endoparasitas e a controle em avaliação anti- e Ostertagia, os gêneros Cooperia helmíntica ocorreu através de Trichostrongylus, OPG, respectivamente50. coproculturas e necropsia. No grupo de animais que receberam C. ambrosioides foi misturada a erva à ração em dose única. Na OPG observou-se que após o tratamento ocorreu redução de 47,5 a 52,97% dos ovos de helmintos da superfamilia Trichostrongyloidea gênero e do Strongyloides. Na coprocultura foi sugerida uma redução gênero de helmintos Cooperia, comprovada pelo que do foi teste controlado. Houve também a O aquoso efeito do (EA) e extrato da C. ambrosioides foi avaliado em trinta caprinos infectados com naturalmente nematóides gastrointestinais, através da OPG, coproculturas e necropsia. Os animais foram divididos de acordo com o OPG em três grupos: um grupo sob uso diário de EA na dose de 700 mg/kg/dia, durante oito dias; o segundo grupo sob dose única de fármaco 480 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. tradicional; e o terceiro grupo, controle controle não suínos52. Os animais foram tratado51. Este autor observou distribuídos em dois grupos: que no grupo tratado com grupo I, tratado com a tintura da fármaco ocorreu erva de Santa Maria, com 1 redução do OPG. Em oposição, ml/kg, por via oral, durante três os C. dias contínuos; o grupo II não ambrosioides não apresentou teve tratamento (controle). Os redução. Na coprocultura o animais número reduziu durante sete dias para verificar (83,89%), indícios da toxicidade. Exames dentre estas houve redução de fezes antes do tratamento superior a 90% para o gênero identificaram ovos de Ascaris Oesphagostomum e cerca de suum em ambos os grupos. 80% gênero Dados da necropsia verificaram com ressalva a eficácia de 100% da C. do gênero ambrosioides no controle de Trichostrongylus que não foi helmintos, porém os autores observada advertiram negativo, tradicional tratados de com L3 consideravelmente para o Haemonchus, para as achados L3 redução. clínicos Os não de helmintos foram necessários em analisados que são estudos mais para a apresentaram alterações dos específicos parâmetros de normalidade. padronização da dosagem e Foram encontradas no grupo testes de toxicidade para a tratado com a planta alterações espécie estudada. hematológicas e bioquímicas, como monocitose, aumento de neutrófilos segmentados e elevação sérica de GGT, estes parâmetros não caracterizam toxicidade sistêmica51. Em analisada helmíntica um a trabalho atividade da foi anti- Artemisia absinthium, Carapa guianensis, C. ambrosioides piperita pelo e Mentha método Um grupo de autores controlado, em um total de cem avaliou a C. ambrosioides no frangos das linhagens Rubro 481 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. Negra e Hubbard53. O grupo Trichostrongylus tenius tratado com C. ambrosioides, coccídeos. resultados composto por dez animais que demonstraram receberam 100 g da planta redução triturada e misturada com 900 g nematóides, de ração, durante cinco dias, foi resultado confrontado grupo anteriormente por outro autor. controle composto por dez Os experimentos demostraram frangos que receberam apenas eficiência ração. gallinarum, com Nos o achados de Os e eficiência na ovos de diferente do de encontrado sobre Heterakis Trichostrongylus necropsia constatou-se uma tenius, atividade anti-helmíntica sobre comprovou Ascaris galli de 90,45%, no coccídeos do gênero Eimeria11. entanto, frente a outros endoparasitos como Heterakis gallinarum e Raillietina sp., a C. ambrosioides não mostrou efeito algum53. porém não se a eficácia para O potencial anti- helmíntico do óleo essencial de C. ambrosioides foi estudado em infecções mistas, comparando o OPG de ovinos Seguindo a mesma linha e caprinos tratados e não de trabalho, a sensibilidade dos tratados. Os animais foram parasitas gastrointestinais a C. divididos: ambrosioides em frangos foi utilizados como grupo controle, avaliada11. Foram distribuídos não tratados, e sete foram três tratados com 0,2 mL/kg do óleo grupos: os animais seis tratados com 0,1 ml/ave; o essencial. controle com apresentou medicamento comercial e o significativa controle negativo com água, grupos testados. No segundo durante trinta dias. Antes do teste início ambrosioides positivo do experimento a O animais OPG não diferença entre ação em os da dois C. infecção identificou-se ovos de Ascaris experimental de H. Contortus, sp., em dose única de 0,1; 0,2 e 0,4 Heterakis gallinarum, 482 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. mL/kg obtiveram uma redução portanto, que a erva de Santa no número de vermes adultos e Maria tem efeito ineficaz na da nas forma de suco ou infusão, concentrações de 0,2 e 0,4 sugerindo-se a necessidade de mL/kg mais OPG, mas foram observadas estudos voltados às reações adversas. No terceiro bases terapêuticas da planta, ensaio objetivando os animais foram sua tratados durante cinco dias como com material vegetal fresco, o endoparasitas41. qual mostrou-se ineficaz pela o administração em um curto aplicação vermicidas para Atividade repelente Devido à problemática prazo. A planta na forma fresca ou o óleo essencial, porém, dos pode ser administrada como procura suplemento na alimentação de propriedades animais para ajudar no controle repelentes aumentou de larvas infectantes no pasto e significativamente. Pesquisas atuar na redução nos níveis de acerca do uso dos compostos infecção54. químicos no controle de insetos Pesquisadores buscaram avaliar a eficácia do suco e do infuso de C. ambrosioide nas concentrações de 5, 10% e 20%. As duas apresentações da planta (infuso e suco) não foram eficazes para a e produtos por acarídeos sintéticos, plantas a com inseticidas e evidenciaram danos ao ambiente com a contaminação e deposição de resíduos, gerando efeitos prejudiciais ao ambiente e à qualidade dos alimentos devido ao seu uso indiscriminado44,55. formas A atividade repelente de endoparasitárias de oxiurídeos produtos de origem vegetal foi Syphacia obvelata e testada Aspiculuris tetraptera em Amblyomma cajennense. Dois naturalmente testes de repelência foram Constatou-se, utilizados: o bioensaio de ponta eliminação camundongos infectados. das sobre ninfas de 483 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. de dedo e o bioensaio do papel Maria filtro. (Boophilus) microplus57. experimento ocorreu No caso ambrosioides, etanólico foi da o C. extrato utilizado nas no Rhipicephalus O em triplicata. As teleóginas foram concentrações 0,275, 0,550, testadas 1,100 e concentrações (0, 5, 10, 25, 50 apenas a menor concentração e 100%), com exposição por não apresentou repelência. As cinco minutos. Os resultados maiores doses usadas tiveram demonstraram efeitos semelhantes à N, N- controle Diethyl-M-Toluamide Seguindo a mesma linha de e 2,200 mg/cm², (DEET). em diferentes ineficácia de no carrapatos. No bioensaio do papel filtro, a pesquisa, C. eficácia do extrato aquoso da ambrosioides apresentou repelência. também eficácia Em na estudos erva analisou-se C. controle a ambrosioides no de de larvas continuados acerca da ação Rhipicephalus repelente dos derivados de microplus42. As formas larvais plantas contra ninfas de A. do carrapato foram submetidas cajennense a diferentes doses do extrato utilizando-se o bioensaio de ponta de dedo mencionado C. anteriormente55, ambrosioides repelência total obteve nas duas da (Boophilus) planta, observando-se eficácia antiparasitária diretamente proporcional quantidade de à substrato maiores concentrações (1,1 e vegetal, onde a mortalidade 2,2 mg/m2) após 10 minutos de demonstrou exposição, mas a percentagem dose-resposta foi positiva para de repelência decresce com o esta espécie de ixodídeo. passar do tempo, devido à evaporação do extrato56. Já testes in vitro avaliaram ação do extrato alcoólico de sementes da erva de Santa que a relação Em um trabalho com intuito influência extrato de do avaliar pó e do de C. sobre o aquoso ambrosioides a 484 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. coleóptero Sitophilus controle do gorgulho-do-milho, zeamais Mot. 4 3 , observou - S. se uma grande atração de repelente eficaz para insetos insetos para o recipiente adultos que continha trigo e o pó entretanto, no que se refere ao da Nos efeito inseticida, a eficácia do contendo pó foi de aproximadamente planta inteira. recipientes zeamais44. foi atividade demonstrada, apenas o material vegetal 80% em pó não houve atividade Estes mesmos pesquisadores repelente. observaram efeito altamente A dose de para A adultos. 300mg do pó da planta tóxico inteira gerou mortalidade quando utilizaram o pó de de insetos frutos que atuaram na redução adultos. O pó dos frutos do surgimento de espécies junto com o trigo gerou adultas. efeito tóxico aos insetos avaliaram a eficácia do extrato adultos com percentual de aquoso de C. ambrosioides no mortalidade igual a 98,31. controle do pulgão dos citros, No entanto o pó de C. Toxoptera citricida58. Utilizou- ambrosioides se o extrato aquoso da planta 95% um dos efeito apresenta residual ao insetos gorgulho-do-milho Outros autores de nas concentrações de 0%, apenas cinco dias, com um 40%, 60%, 50%, 70%, 80% e baixo inseticida. 90%. Os autores observaram Também o uso do extrato eficácia inseticida do extrato de aquoso da planta inteira e erva de Santa Maria a partir da de estruturas utilização de concentrações de separadamente não gerou 40 g/ml, não sendo notado efeito efeito poder inseticida. inseticida nesta Pesquisadores analisaram o concentração efeito repelente do pó obtido mortalidade das que ocorrendo após transcorridas compõem a C. ambrosioides no 24 horas do início de exposição diferentes partes com de T. a citricida 485 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. ao extrato, observando-se dermatite crônica inespecífica, significância na mortalidade de sugerindo intoxicação, porém forma estes resultados também foram crescente à concentração utilizada58. vistos no grupo controle, não sendo confirmado o efeito tóxico da tintura a 5% e 10%48. Toxicidade Em Diversos fatores podem tratamento sub crônico constatou-se59 que, em gerar a ação tóxica da planta, ensaio tais de hidroalcoólico da folha da C. de ambrosioides, por via oral, em diferentes partes das plantas, camundongos, durante quinze quantidades dias, nas doses de 5, 50 e 500 como preparo, as formas utilização ingeridas, excessivas além do uso mg/kg com não extrato houve óbito, contínuo e cumulativo. Todos nenhuma alteração no peso estes fatores corporal e nem no consumo de podem gerar alterações fisiológicas1. Em um alimentos e de água pelos ensaio toxicológico crônico, em que se utilizou a tintura da erva de Santa Maria em diferentes concentrações por um período de vinte e oito dias, todos os camundongos apresentaram prurido onde foi aplicada a tintura, no entanto, estas alterações observadas foram justificadas pelo uso de álcool etílico na solução. Exames histopatológicos confirmaram degeneração renal, hepática e animais. Houve alteração no peso de alguns órgãos, fato que não foi observado em todas as doses testadas. Também ocorreu aumento nos níveis de uréia e no peso dos rins em grupos testados com doses elevadas, sugerindo assim ação nefrotóxica. Neste mesmo trabalho células peritoneais no grupo tratado diminuíram, em comparação com o grupo controle. Nos grupos tratados a quantidade de células da medula óssea foi 486 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. maior, indicando que a planta é quando um potente estimulador das controle células apresentando hematopoiéticas. Ocorreu o aumento de células no aspartato aminotransferase, o que indica ausência de hepatotoxicidade. O equilíbrio lipídico não foi alterado, visto que o VLDL e os triglicerídeos permaneceram altas doses. evidenciou baixos, Este que em estudo na dose terapêutica de 5mg/kg, descrita por outro grupo de autores60, é hidroetanólico nas diversas terapias indicadas59. Considerando os testes já realizados, o teste in vitro de viabilidade celular foi utilizado para a avaliação da viabilidade celular de células não tumorais L929 frente concentrações a diferentes do extrato etanólico bruto (EEB) da planta em estudo12. Os resultados negativo, CI50 (>100 O mesmo autor avaliou também os efeitos tóxicos do EBB de C. ambrosioides que pudessem inviabilizar o uso terapêutico da planta, e este não gerou alterações hipotermia motoras e nos camundongos e ratos testados nas concentrações 150, 300 e 500 mg/kg por via oral do EBB desta erva12. Uma avaliação in vitro seguro sua utilização como extrato ao mg/ml). na linfa em apenas dois grupos testados. Não houve alteração comparadas do efeito genotóxico mostrou que a C. ambrosioides gera danos genéticos15. pesquisadores Estes observaram aberrações cromossômicas do tipo cromatídeo, troca de cromátides irmãs e diminuição do índice mitótico. Para este estudo a planta foi utilizada através da decocção e infusão em diferentes concentrações. obtidos demostraram que o Continuando os estudos, EEB não reduziu a viabilidade pesquisadores28 verificaram a celular ação genotóxica e citotóxica da em concentrações nenhuma das avaliadas, C. ambrosioides e 487 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. Chenopodium Neste ambrosioides o ascaridol, o trabalho, C. album não gerou carvacol e o óxido cariofileno62, toxicidade às células, o que é que bloquearam o crescimento justificado pela não produção de macrófagos, provenientes do óleo essencial, diferente da da C.ambrosioides, atribuindo-se camundongos. desta forma o efeito tóxico da estudada, planta ao óleo essencial. autores, a ação citotóxica do Um enfermidades album. estudo causadas de por plantas tóxicas de interesse pecuário no país e que causam intoxicações acidentais foi utilizado o teste de hemólise in vitro para fazer uma análise preliminar da toxicidade de várias plantas, incluindo a C. ambrosioides61. Apesar de esta ser uma técnica de validação de os peritoneal de Também foi pelos mesmos óleo essencial, no qual o óxido de cariofileno foi o principal componente, inibindo a cadeia de transportes de elétrons, ou seja, a função respiratória celular. Apesar de o ascaridol possuir ação antiparasitária, o óleo essencial toxicidade muito apresenta baixa na cadeia respiratória. produtos químicos e não de plantas tóxicas, cavidade resultados Considerações Finais não de Atualmente a fitoterapia eritrócitos em nenhuma das está amplamente difundida e amostras de plantas testadas, aceita na medicina humana e incluindo a erva de Santa veterinária. Neste sentido, a C. Maria. Desta forma, os autores ambrosioides sugeriram a realização de teste plantas que apresenta ampla in vivo. aplicabilidade terapêutica para demonstraram lise Um grupo de autores descreveu como componentes ativos do óleo essencial de C. é uma das o manejo de diversas situações e enfermidades, potencial endoparasitoses com frente alto a e 488 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. ectoparasitoses, sobretudo na o medicina veterinária. desejado, além de visar reduzir A empregabilidade desta diversas parasitológico seus efeitos tóxicos potenciais. planta na etnoveterinária vem impulsionando efeito Por fim, ainda há a necessidade de estudos pesquisas in vitro e in vivo voltados ao estabelecimento como fitoterápico. No entanto preciso de doses para as mais estudos necessitam ser diferentes espécies animais, o realizados para verificar melhor que representa, ainda, uma a relação dos constituintes lacuna a ser preenchida com químicos ação novas pesquisas com a erva de Santa Maria, seja na utilização com a farmacológica gerada e determinar formas de as utilização da planta para atingir de seus extratos ou na utilização in natura. Figura 1: Chenopodium ambrosioides. Adaptado de Grassi, 2011. 489 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2014 7 (13): 464 – 499. Figura 2: Cultura e antibiograma de Staphylococus aureus. Em (G) Gentamicina, (O) Oxacilina e (M) Chenopodium ambrosioides. Adaptado de Brito et al., 2007. Figura 3: Fotomicrografia de ferida cutânea em rato. Em A: lesão tratada com extrato de Chenopodium ambrosioides. Em B: lesão controle, tratada com solução salina 0,9%. Aumento 40x, HE. Adaptado de Sérvio, 2011. Referências Bibliográficas 1. Martins ER, Castro DM, Dias JED (1994). 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