20 Brasil Econômico Quinta-feira, 11 de junho, 2015 ▲ FINANÇAS Editora: Eliane Velloso [email protected] FLUXO CAMBIAL Saldo fica positivo em US$ 382 milhões O fluxo cambial do país na primeira semana de junho ficou positivo em US$ 382 milhões , depois do déficit de US$ 2,077 bilhões maio. O fluxo comercial no período foi positivo de US$ 752 milhões mas o financeiro ficou negativo em US$ 371 milhões. No ano, até 5 de junho, o saldo está positivo, em US$ 16,176 bilhões, sendo US$ 7,629 bilhões no comercial e US$ 8,547 bilhões bilhões no financeiro. ABr OPAs podem afastar investidor do Novo Mercado da Bovespa Muitas empresas aproveitam que suas ações estão baratas para ampliar seu controle ou para fechar o capital Piervi Fonseca Divulgação Alessandra Taraborelli [email protected] São Paulo O cenário macroeconômico fraco e a desvalorização do real têm contribuído para tornar as empresas brasileiras mais baratas, o que abriu uma janela de oportunidade para as companhias que querem recomprar suas ações, a chamada oferta de aquisições de ações (OPA, na sigla em inglês), ou para aumentar o seu controle ou para fechamento de capital. Isso, no entanto, tem gerado insatisfações aos acionistas. Um dos casos mais recente é o dos acionistas da Diagnósticos da América (Dasa), que fizeram uma OPA para saída do Novo Mercado da BM&FBovespa. A Fundação Petrobras Seguridade Social (Petros) é contra a oferta da controladora da Dasa, a Cromossomo Participações, e aguarda o posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com base na Lei das S.A., na expectativa de que o resultado da assembleia possa ser revertido. Em nota, o presidente da Petros, Henrique Jägger, afirmou que “defende o aprimoramento da regulamentação do Novo Mercado, por entender que os acionistas minoritários são prejudicados quando os controladores optam por retirar as empresas do segmento, fazendo OPA em decisões unilaterais. A Fundação acredita que deve haver um debate em torno de mecanismos de proteção aos minoritários, como fixar um pedágio ou estabelecer um tempo mínimo de permanência das empresas neste segmento”, diz. O integrante do Conselho de Administração da Petrobras Walter Mendes avalia que, embora a operação possa afastar o investidor do mercado de capitais, não é interessante criar medidas que obriguem as empresas a permanecerem no Novo Mercado por um determinado tempo mínimo, por exemplo. “Medidas para obrigar a ficar no mercado impede a liberdade das empresas. A abertura é voluntária e a saída é um direito que a empresa tem desde que cumpra todas as regras que garantam o melhor para todos os acionistas. Proibir a empresa de fechar quando ela quiser você começa a interferir excessivamente”, pondera. Segundo o sócio da Veirano Advogados Carlos Lobo, desde o ano “ A OPA de fechamento é uma atitude legítima e pode ser uma oportunidade para reconhecer o valor que o mercado não está reconhecendo. O problema é ganhar um caráter coercitivo” Mauro Cunha Presidente da Amec “ Os minoritários ganharam mecanismos para questionar a operação, e isso está dando bastante discussão. Têm várias ofertas onde eles se organizam e pedem revisão” Carlos Lobo Sócio da Veirano Advogados passado as ações das empresas veem perdendo valor em razão do momento econômico, o que torna as companhias atrativas para os investidores estrangeiros.“A Bolsa está negociando num patamar bem baixo, o que resulta em preço, em termos de valor de mercado, bem barato. Há janela de oportunidades para uma série de negócios, desde o controlador que percebe que a empresa está barata e é um bom negócio ficar com 100% dos dividendos. É o caso da Souza Cruz. E também temaquelasempresas sem controlador,queatraiosinvestidoresinteressadosemadquirirocontrole”,explica.No caso da Souza Cruz, a controladora British American Tobacco fez uma proposta de compra para adquirir os 24,7% de ações, que não possui da sua filial brasileira. Lobo ressalta que está havendo um número grande de OPAs este ano e lembra que o país já passou por um momento semelhante na crise de 2008/2009. “Na época, a legislação era bem diferente e as OPAs transcorreram de forma mais rápida. É o caso, por exemplo, das OPAs da Souza Cruz e da Dasa, onde os acionistas pediram revisão da oferta. Para o advogado, embora as operações estejam dentro da lei do Novo Mercado, é uma “pena” ver o número de empresas diminuindo. “Pode ter investidor que se sinta prejudicado e compelido a vender suas ações a ficar sem liquidez, esse investidor pode ficar ressabiado de investir na Bolsa novamente, porque o investidor pensa no longo prazo e se vê obrigado a vender suas ações”, pondera. Para o presidente da Associação dos Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, essa operação não deveria afastar o investidor do mercado de capitais. “A OPA de fechamento é uma atitude legítima e pode ser uma oportunidade para reconhecer o valor que a negociação em Bolsa não está reconhecendo. O problema é quando essa OPA ganha caráter coercitivo”, diz, lembrando do caso de quando a Lojas Renner foi vendida, entre 1998 e 1999. “O regulador vem tentando disciplinar o mercado para não acontecer de as ações em circulação serem atacadas por uma oferta oportunista e o minoritário não ter tempo de se proteger”, diz. Para o analista técnico da Guide Investimentos Lauro Vilares a situação como um todo não está atraente para o investidor de Bolsa. “Está difícil ganhar dinheiro na Bolsa e a renda fixa tem conquistado clientes do mercado de ações”, diz.