EDIÇÃO
INFORMATIVA
DA CNT
CNT
ANO XIX
NÚMERO 218
NOVEMBRO 2013
T R A N S P O R T E
AT UA L
Retrato desolador
Pesquisa CNT de Rodovias 2013 mostra que, do total da extensão avaliada,
63,8% apresentam alguma deficiência, contra 62,7% em 2012
ENTREVISTA COM O PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ANIP ALBERTO MAYER
4
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
REPORTAGEM DE CAPA
Pesquisa CNT de Rodovias 2013 mostra que no último ano a
situação piorou. Do total da extensão avaliada, 63,8%
apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização
ou na geometria da via. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%.
Página 20
CNT
TRANSPORTE ATUAL
ANO XIX | NÚMERO 218 | NOVEMBRO 2013
ENTREVISTA
Alberto Mayer fala
sobre destinação
correta de pneus
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8
TAXISTAS • Dilma Rousseff sanciona MP que
garante a transferência da licença aos herdeiros
em caso de falecimento do titular
CAPA PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2013
PÁGINA
18
FENATRAN 2013
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CONSELHO EDITORIAL
Bernardino Rios Pim
Bruno Batista
Etevaldo Dias
Tereza Pantoja
Virgílio Coelho
Wesley Passaglia
FALE COM A REDAÇÃO
(61) 3315-7000 • [email protected]
SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20
Edifício CNT • 10º andar
CEP 70070-010 • Brasília (DF)
Montadoras veem
mercado no Brasil
em expansão
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ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:
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EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral
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EDITOR-EXECUTIVO
Americo Ventura
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ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
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Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do
1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.
Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
SONDAGEM
PASSAGEIROS
Transportadores Seminário discute
se mostram mais soluções para a
pessimistas
mobilidade urbana
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36
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42
www.
cnt.org.br
ACESSE A PÁGINA DA PESQUISA
CNT DE RODOVIAS 2013
A 17ª edição da Pesquisa
CNT de Rodovias conta com
uma nova página, repleta de
novidades, no site da CNT.
Os transportadores e interessados podem acessar,
pela primeira vez, o mapa
interativo e o álbum completo das fotos classificadas
por Estados e rodovias.
Além disso, o internauta
tem à disposição o ranking
das 10 melhores e piores rodovias brasileiras. Confira!
NEWSLETTER DE CARA NOVA
TECNOLOGIA • Estudantes brasileiros vencem
concurso internacional da Airbus com solução para
agilizar a carga e a descarga das bagagens
PÁGINA
48
AQUAVIÁRIO
FERROVIAS
Falta embarcação
nacional nos
oceanos
Brasil é destaque
na 4ª edição
do BcnRail
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52
PÁGINA
56
LOGÍSTICA
Seções
Alexandre Garcia
Duke
Mais Transporte
Assembleia da CIT
Sest Senat
Boletins
Tema do mês
Opinião
Cartas
6
7
12
39
64
70
78
81
82
Estudo da Abralog
revela a evolução
dos profissionais
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60
EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
Unidades alertaram
do risco da mistura
álcool e direção
PÁGINA
66
Este mês, a CNT lança a nova newsletter.
Com layout moderno, o boletim semanal
é uma produção da Agência CNT de Notícias, com edição da Coordenação de Internet e da Superintendência de Comunicação da confederação. Os assinantes recebem, por e-mail, uma newsletter cada
vez mais atraente, com acesso a conteúdos textuais e audiovisuais atualizados e
um espaço dedicado a infográficos. As cores assumem papel ainda mais relevante, fortalecendo a identidade visual da confederação. Participe e envie sugestões. Cadastre-se no site da CNT e
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Sexual de Crianças e Adolescentes
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“O setor público brasileiro sempre teve uma ideologia:
a burocracia – que também contamina grandes empresas privadas”
ALEXANDRE GARCIA
Ideologia e eficiência
B
rasília (Alô) - Depois do nazismo, fascismo e
comunismo terem chegado ao fim na balança
do poder mundial, filósofos e cientistas políticos têm sugerido que o jogo do poder, hoje,
tem, numa ponta, a eficiência de governos e
países e, na outra ponta, a incapacidade de
governos e países lidarem com os seus problemas. A
China é um exemplo típico. No fundo, o chinês sempre foi mais Confúcio e menos Marx. Na administração Deng, o comunismo ficou reduzido a um rótulo, e
a eficiência passou a ser o motor na nova China. Há
20 anos, quando o Rio de Janeiro já tinha uma linha
de metrô, Xangai não tinha um só metro de subterrâneo. Hoje, Xangai tem uma malha de metrô que supera Tóquio, Londres e Paris, e o Rio continua avançando seu metrô a passos de tartaruga.
Neste país tropical, parece que conseguimos
combinar duas forças negativas, sem que isso resulte em algo positivo. Estamos juntando ineficiência com ideologia. Queremos, por exemplo,
nas concessões, que a atividade econômica privada não gere lucro. No Rio Grande do Sul, o governo do Estado acabou com as concessões nas rodovias estaduais. Sumiram os pedágios – e sumiram
as ambulâncias de plantão, os auxílios de emergência, e reapareceram os buracos. O cenário é de
abandono das RS. Se a ideologia considera a empresa privada como vilã egoísta, exploradora e
usurpadora, fica difícil o país crescer e gerar emprego, já que a ineficiência do Estado não tem como substituir a iniciava de empresa e indivíduos.
O setor público brasileiro sempre teve uma
ideologia: a burocracia – que também contamina
grandes empresas privadas. Quando a burocracia
é comandada por autos de fé partidários ou ideológicos, aí mesmo é que o Estado tropeça em si
próprio, ensimesmado e existindo para a sua própria sobrevida, agindo pela manutenção do poder.
Aí os serviços públicos despencam e os tributos
sobem. Os da minha geração se lembram de tempos em que o Brasil era um país mais adiantado
que a China e a Coreia. Foi logo ali, 50, 60 anos
atrás. Sim, fizemos rodovias, mas a maioria é um
arremedo disso. E abandonamos o transporte ferroviário. Desprezamos nossas águas como meio
de transporte. E não conseguimos administrar
com eficiência os aeroportos. Não deslindamos
um trem-bala. A China comprou cem de uma vez.
Os arautos da eficiência recebem, de tempos
em tempos, uma acolhida às vezes sincera, às vezes fingida. Mas, nesse país ciclotímico, logo aparece um barulho mais forte do que essas vozes, e
elas são emudecidas. Não bastam exemplos no
mundo inteiro de que é a eficiência, não a ideologia, que contém a fórmula óbvia da paz social, do
bem-estar e da prosperidade – não é mesmo, Frau
Merkel? Parece tão óbvio que a riqueza da terra do
Centro-Oeste deva sair pelo porto mais próximo.
Mas o agronegócio, para a ideologia, é pecaminoso. Apenas fica salvando a balança comercial de
um vexame, e, no entanto, é submetido a um escoamento que é um vexame.
CNT TRANSPORTE ATUAL
Duke
NOVEMBRO 2013
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“Do total de pneus destinados, 67% acabam em fornos de cimen
e usados como combustível; outros têm destinações até mesmo
ENTREVISTA
ALBERTO MAYER - PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ANIP
Destinação ad
POR
cada ano, aumenta a
frota de veículos em
muitas cidades e,
com isso, cresce também a necessidade de oferecer a destinação ambientalmente adequada para diversos
materiais de carros, ônibus,
caminhões e motocicletas. Coletar e destinar pneus corretamente são medidas fundamentais para evitar danos ao meio
ambiente. No ano passado, foram mais de 338 mil toneladas
de pneus inservíveis coletados
e destinados pela Reciclanip –
entidade ligada à Anip (Associação Nacional da Indústria
de Pneumáticos). De acordo
com o presidente-executivo da
associação, Alberto Mayer, a
A
CYNTHIA CASTRO
maior parte dos pneus que
não têm mais condições de
circular (67%) é destinada para as cimenteiras, servindo como combustível para os fornos. Mas os pneus inservíveis
têm também outras aplicações, inclusive para a indústria de calçados. Um dos desafios é conscientizar as distribuidoras e os consumidores
para fazerem o descarte de
forma correta. E, em relação à
segurança, também é importante que os motoristas brasileiros fiquem mais atentos
com os riscos dos pneus que
não têm mais condições de
circular. Leia a seguir a entrevista com o presidente-executivo da Anip.
A frota de veículos das cidades tem aumentado constantemente. A cada ano, qual
o volume de pneus que precisa ser descartado no Brasil?
Usando dados do relatório
do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), publicado recentemente – o relatório
de pneumáticos, que é de 2013,
mas tem dados de 2012, são cerca de 50 milhões de unidades
de pneus no Brasil descartadas
anualmente. Isso é muito. Em
volume, é mais do que em 2011,
quando foram descartados 46,4
milhões de pneus. Mas, em relação a peso, é menor. Em 2012,
foram 62,7 mil toneladas e, em
2011, 66,9 mil. Isso significa que
o volume cresceu em relação a
pneus leves. São mais pneus de
automóveis e de motocicletas.
E como a indústria tem
trabalhado para destinar os
pneus inservíveis?
Há uma obrigatoriedade, do
fabricante e do importador, de
dar a destinação ambientalmente adequada e prevista na
lei. A Anip (Associação Nacional
da Indústria de Pneumáticos) é
uma associação que existe há
53 anos e se preocupa com a
destinação dos pneus. Com a
resolução nº 416 do Conama
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), de 2009, as indústrias
se valeram de um instrumento
implantado pela Anip. Foi criado
FOTOS ANIP/DIVULGAÇÃO
teiras e são queimados
como solados de sapatos”
equada
um programa nacional de coleta e destinação de pneus inservíveis, e constituímos a Reciclanip – entidade que tem a missão
de assegurar a sustentabilidade
do processo de coleta e a destinação dos pneus inservíveis.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxe mudanças para esse setor?
A lei que trata dos resíduos
sólidos adotou o que já estava
previsto em relação à coleta e
destinação de pneus. Essa política está alinhada com a resolução do Conama de 2009.
Como é feita a coleta desse material?
Hoje, temos 819 municí-
pios conveniados com pontos de coleta espalhados por
diferentes regiões do Brasil.
A Reciclanip recolhe os
pneus e encaminha para
uma destinação final ambientalmente adequada. São
empresas que já estão autorizadas e licenciadas pelos
órgãos ambientais reconhecidos pelo Ibama.
Quais são atualmente as
principais aplicações dos
pneus inservíveis?
Do total destinado, 67%
acabam em fornos de cimenteiras. Lá, os pneus são queimados e usados como combustível nos fornos para produção do clínquer, que é a fa-
se inicial do cimento. É um
combustível alternativo, utilizado no lugar de carvão e dos
óleos combustíveis. O pneu
tem um poder calorífico altíssimo e é muito eficiente nesses fornos. Mas há também
destinação para uso em asfalto, borracha, gramados sintéticos e solados de sapatos.
Com o total de 50 milhões descartados anualmente, a destinação que
ocorre é suficiente?
Como fabricante, a meta é
destinar e reciclar cerca de
70% do que se produz. Cumprimos essa meta em abundância.
Sempre superamos a meta obrigatória. Já os importadores não
conseguem ou não querem.
Combatemos muito a importação que não cumpre as exigências. Isso gera um passivo ambiental grave.
Qual o investimento previsto neste ano para a execução da logística reversa
na indústria de pneus? Há
previsão de aumento de
pontos de coleta?
Para recolher esses pneus e
levar para a cimenteira é como
se 65 caminhões trabalhassem
24 horas durante 365 dias por
ano. A Reciclanip faz gestão da
coleta para o encaminhamento
e destinação. São dez empresas
associadas, com 16 fábricas no
Brasil. Por ano, são cerca 67 milhões de unidades produzidas e,
em 2013, a previsão é de 66 milhões de pneus. Devemos gastar, em 2013, R$ 83 milhões, valor que inclui toda a logística
para o recolhimento.
Como são feitos os “pneus
verdes” e quais os benefícios?
Pneu verde é um apelido,
porque, na realidade, ele continua preto. É um apelido para
o pneu fabricado a partir de
novos processos. São utilizadas misturas diferentes de
matérias-primas, com baixo
impacto ambiental e menor
resistência ao rolamento. Eles
são mais eficientes, geram
economia de combustível e reduzem as emissões. São os
biopneus. Ele é uma evolução
do pneu convencional.
O Brasil tem produzido esses “pneus verdes”?
Eles já estão sendo introduzidos no Brasil. Mas ainda
está em um processo inicial. E
vem com outras medidas, como a etiquetagem de veículos
e outras ações, com o objetivo de se buscar a maior eficiência energética. Fabrican-
tes de automóveis que querem melhorar sua eficiência
estão investindo em pneus
verdes. E essa será uma tendência. Primeiro, pela parte
ambiental, que está cada vez
mais sendo difundida entre
os consumidores e as autoridades públicas. Então, isso
pode se adequar a uma política de governo. É uma exigência dos consumidores e do
mercado o investimento em
alternativas mais eficientes
energeticamente.
É possível comparar os ganhos dos “pneus verdes” em
relação ao pneu convencional? Há também diferença no
preço?
Como eles oferecem menor
resistência ao rolamento, possuem maior vida útil e maior
aderência à pista molhada. Se
essa redução de resistência
chegar a 30%, há uma economia de combustível de cerca
de 3,5%, a uma velocidade
constante. E essa redução de
combustível leva à menor
emissão de ruídos, a menos
emissões, entre outras vantagens. Mas ainda não dá para
saber exatamente qual será a
diferença de preço. O pneu
verde ainda é uma novidade
no mundo. No Japão, foi introduzido há menos de cinco
anos. Nós, no Brasil, estamos
alinhados com essa introdução no mercado mundial. Mas
ainda é tudo muito novo.
RECICLAGEM Em 2012, foram mais de 338 mil toneladas de pneus
“Hoje, temos
819 municípios
conveniados
com pontos
de coleta
espalhados
por diferentes
regiões do
Brasil”
É possível comparar a destinação de pneus, de forma
geral, no Brasil com o que
ocorre em outros países?
Na Alemanha, foram destinados, em 2012, 483 mil toneladas de pneus para a reciclagem. No Brasil, somente a
Reciclanip reciclou 338 mil
toneladas. A França reciclou
323 mil toneladas. O Reino
Unido, 279 mil.
E os distribuidores destinam corretamente?
Os distribuidores deveriam sempre levar o pneu inservível para um ponto de coleta. Mas o que acontece é
que, muitas vezes, o pneu
que é deixado pelo consumi-
“O pneu
careca vai
derrapar, não
vai frear
corretamente
e vai
aquaplanar”
inservíveis coletados pela Reciclanip
dor em uma distribuidora
nem sempre tem a destinação correta. Há um valor residual no pneu inservível e
muitos acabam vendendo para borracharias ou para outras finalidades. Esse é um
problema de país pobre e
acontece muito no Brasil. De
qualquer forma, o melhor caminho para o consumidor
descartar o pneu é deixá-lo
em alguma distribuidora e
essa distribuidora deve fazer
o encaminhamento para o
ponto de coleta.
processo acontece de forma
mais natural. Quem paga pela reciclagem é o usuário, o
consumidor. Quando compra
um pneu, ele paga um pequeno valor, na Europa e no
Japão, destinado à futura
reciclagem. Na Alemanha,
por exemplo, assim que o
pneu precisa ser trocado, o
consumidor já está levando
para a destinação correta.
Como o brasileiro (motorista) se comporta em relação à destinação dos pneus
que não têm mais condições
Nesse caso, como ocorre a de circular?
diferença em relação aos paíNo Brasil, por ser um país
ses mais ricos?
continental, o comportamenNos países ricos, esse to não é uniforme. No Sul e
no Sudeste, há uma maior
consciência ambiental. Os
próprios motoristas deixam
os pneus inservíveis na distribuidora. Não há tantos
pneus desperdiçados. No restante do Brasil, há situações
menos cuidadosas.
Em relação ao uso seguro
do pneu, também falta conscientização no Brasil?
Falta sim. Mas nos outros
países há uma fiscalização
maior do que no Brasil. Se o
pneu atinge o limite de desgaste, ele precisa ser trocado porque a fiscalização vai
cobrar isso. As pessoas sabem que são passíveis de
multa e já fazem a troca por
conta própria. No Brasil, é
comum os pneus circularem
carecas para depois serem
recauchutados. Não deveria
existir recauchutagem para
pneus de veículos leves no
Brasil devido à questão da
segurança.
Qual dica você daria para
os motoristas em relação à
importância do pneu para a
segurança?
Para grande parte dos
consumidores, a última preocupação no carro é com o
pneu. Muitos se esquecem
que os pneus são um dos
itens mais importantes não
só para o desempenho do
veículo, como também para a
segurança. É necessário
criar hábitos, criar uma
consciência sobre a necessidade de cuidar melhor. Evitar
sobrecarga, fazer manutenção. Isso é importante, inclusive, para a questão econômica. Calibragem correta é
fundamental. Também é necessário fazer rodízio a cada
10 mil quilômetros. Ficar
atento ao alinhamento, usar
os pneus certos. Se você tem
um pneu desbalanceado ou
se houver vibrações no carro, tem que rever e realinhar.
O pneu careca vai derrapar,
não vai frear corretamente e
vai aquaplanar.
Qual é um desafio importante atualmente da indústria de pneus no Brasil?
É fazer com que o Estado
brasileiro ofereça condições
para se melhorar a competitividade. O Brasil poderia melhorar bastante a sua produção de pneus, gerar mais empregos nessa indústria, se a
importação fosse feita apenas com uma concorrência
leal. Muitas vezes, enfrentamos uma concorrência desleal. Muitas importadoras não
fazem a reciclagem, conforme deveriam fazer. Em 2007,
por exemplo, o Brasil exportava 47% da produção e, em
2012, passou para 25%. A importação passou de 27%, em
2007, para 38% em 2012. Isso
é o resultado da falta de competitividade.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
MRS/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE
Bike elétrica na concessionária
A bicicleta elétrica Villagio, de
origem italiana, está sendo
comercializada nas
concessionárias da rede Ford
do Brasil. O produto é montado
em São Paulo pela General
Wings, com componentes
nacionais e chineses. A bike
pesa 24 kg, dos quais 2,8 kg
correspondem à bateria bivolt de
lítio-íon de 36 volts. A autonomia
aproximada é de 40 km. O valor
pode chegar a R$ 4.500,
dependendo dos componentes.
EQUIPAMENTO Simulador de condução da MRS
FORD/DIVULGAÇÃO
Simulador completa 15 anos
REDE FORD Bicicleta elétrica pode custar até R$ 4.500
O simulador de condução
de trens adquirido pela
MRS, em 1998, completou
15 anos. Nesse período, a
ferramenta capacitou
10 mil colaboradores. O
simulador desenvolve
conceitos da condução de
trens, incluindo vários tipos
de trens e perfis de linha,
com inúmeras formações
de locomotivas e vagões
vazios ou carregados.
Ele é usado tanto na
formação de novos
maquinistas quanto no
desenvolvimento de
maquinistas experientes.
Antes da chegada do
simulador, todo treinamento
da MRS era feito no posto
de trabalho, o que não
permitia a repetição
imediata dos conceitos.
Sem o equipamento, a
formação ou o desenvolvimento
operacional dos colaboradores
necessitava de um tempo
maior, além de demandar
custos mais elevados.
FERROESTE/DIVULGAÇÃO
Novo ramal na Ferroeste
Mais um terminal privado no
anexo da unidade ferroviária da
Ferroeste, em Guarapuava (PR),
começa a ser construído. O
projeto da Lustoza Agrologística
terá um custo total de R$ 9,3
milhões. De acordo com a
Ferroeste, parte da obra, no valor
de R$ 1,3 milhão, incluindo o
ramal ferroviário, já está pronta.
“A capacidade de estocagem de
grãos será de 25,2 mil toneladas
quando o empreendimento
estiver concluído, em 2016”,
disse o presidente da
concessionária, João Vicente
Bresolin Araújo. A obra,
construída com capital privado,
faz parte da reestruturação das
operações no pátio ferroviário
de Guarapuava. A construção
do novo ramal permite um
ganho no giro das locomotivas
no retorno a Cascavel (PR).
Até então, para fazê-lo, os
trens tinham que se deslocar
por 10 km fora do pátio
de manobras.
INVESTIMENTO Projeto tem custo total estimado em R$ 9,3 milhões
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
VEÍCULOS HÍBRIDOS
Ônibus menos poluentes transportam turistas nas Cataratas
transporte de turistas
no interior do Parque
Nacional do Iguaçu, no
Paraná, começou a ser feito
por ônibus panorâmicos híbridos, veículos com tração elétrica, a diesel, e menos poluentes
que os convencionais. Da frota
de 15 veículos que prestam o
serviço, cinco já foram substituídos e começaram a rodar
em outubro.
A tecnologia, que reduz a
emissão de gases poluentes,
foi desenvolvida pela Volvo e é
chamada “híbrida em paralelo”, porque o motor elétrico e o
motor a diesel podem funcionar juntos ou independentes.
Conforme o coordenador da
Engenharia de Vendas da Volvo
Latin America, Fábio Lorençon,
se comparado com os padrões
mais recentes de fabricação
dos ônibus no Brasil, de 2012,
os híbridos emitem até 50%
menos gases poluentes e nocivos à saúde, além de material
particulado, a fumaça. Na comparação com a maior parte da
frota em circulação no país, fabricada até 2011, a redução
chega a 90%. A redução também é observada no consumo
de combustível, que chega a
ser 35% menor.
O sistema funciona da seguinte maneira: ao ser ligado, acelerado e até atingir os 20 km/h, a tração do ônibus funciona por meio
de uma bateria. A partir disso, é
VOLVO/DIVULGAÇÃO
O
SUSTENTABILIDADE Da frota de 15 veículos que transportam turistas, cinco já foram substituídos
acionado o motor a diesel. A bateria também alimenta equipamentos do veículo e é recarregada por
meio da energia gerada na desaceleração, durante a frenagem.
Apesar da exigência de maior potência, o equipamento pesa 200
kg e mantém a capacidade para
transportar até 90 passageiros.
O presidente da Volvo na América Latina, Luis Carlos Pimenta,
explica que, além disso, a redução
de ruído será outro benefício notado pelos passageiros: “Nos intervalos em que sai do ponto ou reduz a velocidade para uma parada,
o sistema elétrico é que está em
funcionamento. Nesses momentos,
não há qualquer emissão de gases
ou barulho.” No transporte de pas-
sageiros nas cidades, por exemplo,
o modelo é considerado adequado
para linhas que fazem muitas paradas ou enfrentam o trânsito carregado. Segundo Pimenta, enquanto
os convencionais consomem combustível e emitem poluentes mesmo parados, o híbrido, a velocidades baixas, funciona apenas com o
sistema elétrico.
O investimento da empresa
que opera o serviço de transporte
de passageiros no parque, a Cataratas do Iguaçu, foi de R$ 4,5 milhões. Os ônibus são os primeiros
do modelo double deck híbridos a
circularem no país. A carroceria,
produzida pela Marcopolo, teve
de ser adaptada à tecnologia. O
custo chega a ser 50% maior que
de um ônibus convencional. Mas,
para a empresa, o maior tempo de
vida útil (dois anos a mais que os
veículos a diesel), a economia do
combustível e a redução do impacto ambiental garantem o retorno do investimento.
O chefe da unidade de conservação, Jorge Pegoraro, afirma que toda a frota deve ser renovada, mas isso ainda depende
de uma autorização do ICMBio
(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio). No ano passado, o parque
recebeu 1,5 milhão de visitantes.
(Natália Pianegonda)
A repórter viajou a convite
da Volvo
13
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
MAIS TRANSPORTE
SMART/DIVULGAÇÃO
Políticas de transporte no
Brasil: a construção da
mobilidade excludente
Autor analisa e resume a
história das políticas
de transporte no Brasil,
buscando tanto suas
virtudes quanto
suas limitações.
De: Eduardo Alcântara de
Vasconcellos, Ed. Manole,
306 págs., R$ 86,25
Edição exclusiva
A Smart, marca da alemã Daimler, lançou a edição limitada “Nightstyle” exclusivamente para o mercado
brasileiro. Assim como os outros modelos Smart Turbo, essa edição também traz de série itens como
computador de bordo e piloto automático, entre outros. Preços sugeridos de R$ 68,9 mil a R$ 73,2 mil.
Frotas e Fretes Verdes
A 2ª edição do Seminário
Frotas e Fretes Verdes
acontece nos dias 11 e 12 de
dezembro no Rio de Janeiro
(RJ). Realizado pelo Instituto
Besc de Humanidades e
Economia e pelo Instituto
Nacional de Eficiência
Energética, o tema principal
do evento será a discussão
das técnicas de aumento
de eficiência no uso de
combustível para reduzir
a poluição e os custos no
transporte de passageiros e
de cargas. O seminário também
vai propor a análise de ações
focadas na redução do consumo no transporte rodoviário,
como: melhoria na
aerodinâmica dos veículos;
uso de pneus com menor
resistência de rolamento;
monitoramento do desempenho
dos veículos; treinamento
de motoristas; entre outras
iniciativas. As inscrições
podem ser feitas no site do
evento. Para estudantes, o
custo é de R$ 150, e para
os profissionais, R$ 300.
Mais informações:
http://frotasefretesverdes.com.br/2013/
Despoluindo sobre Trilhos
Na visão do autor, o Brasil
possui uma má logística de
transporte de cargas,
calcada no transporte
sobre pneus, em
detrimento dos mais
econômicos e ecológicos
transportes sobre trilhos
e o aquaviário.
De: José Manoel Ferreira
Gonçalves, Ed. Sendas, 250
págs., R$ 50
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
COMEMORAÇÃO
ABTI completa 40 anos de trabalho
ABTI (Associação Brasileira de Transportadores Internacionais)
completou, no início de outubro, 40 anos de atuação no
setor. A entidade trabalha diretamente na defesa dos interesses e dos direitos dos
transportadores rodoviários
internacionais de cargas
dentro do alicerce infraestrutura, agilização nas fronteiras e imagem do setor.
A cerimônia de comemoração foi realizada em Uruguaiana (RS) e contou com a
presença de representantes
da categoria, autoridades e
entidades internacionais que
atuam na área do transporte.
No evento também foi lançado o novo vídeo institucional
da associação.
Nessas quatro décadas, o
trabalho da ABTI esteve pautado por ações relacionadas
à precificação dos combustíveis, à fiscalização, à regulamentação social, à política
laboral, à modernização empresarial e à regulação da
concorrência e do acesso ao
mercado.
De acordo com José Carlos Becker, presidente da entidade, uma das grandes
conquistas da ABTI foi a redução do tempo gasto pelos
caminhões nas fronteiras.
“Se antes os veículos fica-
A
vam até cinco dias parados
aguardando os trâmites burocráticos, hoje, esse tempo
foi reduzido para 36 horas na
importação e seis na exportação. Ainda não é o ideal.
Queremos reduzir mais esse
tempo, mas já evoluímos
muito”, afirma.
Segundo ele, um dos trabalhos que vai continuar pautando a atuação da ABTI nos
próximos anos é a integração
das fronteiras nos países que
fazem parte do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). A entidade
defende a unificação das
fronteiras, em um modelo semelhante ao que já acontece
na União Europeia.
“Nosso objetivo é possibilitar que um caminhão
realize a viagem entre São
Paulo (SP) e Buenos Aires,
na Argentina, sem parar em
nenhuma fronteira. Precisamos fazer valer o conceito
de mercado comum”, destaca o presidente.
A ABTI foi fundada em 1973,
no Rio de Janeiro (RJ), por um
grupo de oito empresários
que buscavam uma representação para o setor. A entidade
já teve suas sedes localizadas
em São Paulo (SP) e em Brasília (DF). Em 1998, foi transferida para Uruguaiana, onde
permanece instalada.
“A presença em Uruguaiana se justifica pelo
grande fluxo de transporte
realizado nas fronteiras. A
ABTI precisava de uma representação mais próxima,
que atuasse diretamente
com os transportadores internacionais. Ao estar próxi-
ma das fronteiras, a associação consegue mapear os
avanços e os problemas de
forma mais pontual”, afirma
Becker. Atualmente, 700 empresas brasileiras, com uma
frota de 80 mil caminhões,
atuam no transporte internacional.
ABTI/DIVULGAÇÃO
CERIMÔNIA José Carlos Becker, presidente da ABTI, durante o evento
15
16
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
MAIS TRANSPORTE
EMERSON ELEUTÉRIO
Caminhões para resíduos
A Iveco venceu licitação da
Secretaria de Meio Ambiente
do Estado de São Paulo e vai
fornecer 232 caminhões Vertis
HD para mais de 200 prefeituras
paulistas. São 200 unidades da
versão de 13 toneladas e 32
modelos da de 9 toneladas. Os
Vertis HD foram equipados com
implementos de carga seca e
compactadores de lixo e estão
sendo adquiridos para os
serviços de gestão de resíduos
sólidos. Os recursos são
provenientes das administrações
municipais. De acordo com a
Iveco, durante a adaptação
para a tecnologia Euro 5, os
motores ganharam redução de
até 5,5% no consumo de
combustível, em relação à
versão anterior, o Euro 3.
PARCERIA Assinatura de acordo para combater crimes
IVECO/DIVULGAÇÃO
Combate ao roubo de cargas
VENDA Iveco fornecerá caminhões para São Paulo
O presidente da Fetcemg
(Federação das Empresas de
Transportes de Carga do Estado
de Minas Gerais), Vander Costa,
oficializou, em outubro, a
assinatura de um convênio com
o governo de Minas, por meio
da Polícia Civil, para o
estabelecimento de base de
cooperação mútua e administrativa
entre a entidade, a Polícia Civil e
a Delegacia Especializada de
Repressão ao Furto, Roubo e
Desvio de Cargas. A Fetcemg
será responsável pelo imóvel
destinado ao funcionamento da
delegacia, em um esforço para
que a polícia possa desenvolver e
aprimorar o sistema de segurança,
no combate aos crimes de furto,
roubo e desvio de cargas em
Minas Gerais.
Serviço personalizado
Prêmio Guia Marítimo
A DHL lançou um serviço para
facilitar o desenvolvimento, a
produção e o lançamento de
novos veículos, com foco em três
estágios. Na fase de pesquisa e
desenvolvimento, oferece suporte
à pré-produção para desenvolver
modelos, como acondicionamento
especializado de protótipos,
desembaraço alfandegário e
A Aliança Navegação e Logística e
a Hamburg Süd foram as campeãs
do “Prêmio Guia Marítimo 21 anos”
realizado em São Paulo. Juntas,
as duas levaram oito troféus.
A Aliança foi eleita a melhor
transportadora de contêineres na
cabotagem. A Hamburg Süd se
destacou em outras sete
categorias: melhor agência de
transporte. Na fase de manufatura,
a DHL organiza toda a logística do
material, reduzindo os riscos da
cadeia de suprimentos e
protegendo o processo de
produção. Na fase de lançamento,
ela disponibiliza a cobertura na
comunicação, como distribuição
de mala-direta e circulação de
carros em eventos de testes.
navegação, melhor transportadora de
contêineres para a América do Sul,
para o Golfo do México, para a
América do Norte, para o Norte da
Europa, para a Europa/Mediterrâneo
e como a melhor transportadora
de contêineres na categoria Geral.
O prêmio homenageia as
melhores companhias com
atuação em comércio exterior.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
LOGÍSTICA
Aerovale ganha forma
projeto Aerovale está
na fase final de terraplenagem. O empreendimento da Construtora Penido oferece um total de 117 lotes aeronáuticos de até 13,5
mil metros quadrados. Eles
vão ter acesso direto à pista
de pouso com extensão de
1.550 metros. O condomínio
com a área aeronáutica, industrial e comercial já tem
30% dos lotes vendidos. Os
espaços serão entregues no
fim de 2014, mas, segundo os
empreendedores, a pista de
pouso vai entrar em operação
em maio do próximo ano.
O objetivo é que ela seja
uma alternativa para a aviação executiva durante os jogos da Copa do Mundo. Empresas de manutenção de aeronaves, táxi aéreo, hangares,
entre outros, devem se insta-
O
Nova empresa aérea
O Grupo Piex, que atua no setor
rodoviário, incrementou seus
negócios e apresentou ao
mercado sua nova empresa
com foco no transporte aéreo
de cargas. A ALP Aero Táxi
demandou investimentos de
aproximadamente R$ 5 milhões.
Com base administrativa e
operacional em Porto Alegre e
em São Paulo, respectivamente, a
nova companhia nasce com
estrutura aérea própria e está
homologada pela Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) desde
outubro deste ano. Duas
aeronaves Cessna vão atender
todo o país. Para 2014, estão
previstas novas aquisições de
aeronaves, operações no
Mercosul e incremento dos
serviços de transporte aéreo.
GRUPO PIEX/DIVULGAÇÃO
lar no condomínio. Os lotes industriais e comerciais devem
abrigar empresas de prestação de serviços, entre elas:
restaurantes, bancos, hotéis e
conveniências. O Aerovale está a 107 km de São Paulo (SP)
e será conectado com o Campo de Marte na capital paulista, por meio de um serviço de
táxi aéreo já anunciado pela
Helivale, empresa de táxi aéreo do mesmo grupo empresarial do empreendimento.
O Aerovale está sendo construído em Caçapava, no Vale do
Paraíba (SP), a 23 km de São
José dos Campos. O acesso rodoviário é feito pela Via Dutra/SP-60 (km 127) e pela Rodovia Carvalho Pinto (Estrada Caçapava Velha), que tem previsão de ser concluída em dezembro deste ano. A obra é de
responsabilidade da Ecopistas.
EGOM/DIVULGAÇÃO
CARGAS A ALP Táxi Aéreo foi homologada em outubro
Lufthansa Cargo troca Boeing
O novo Boeing 777F da Lufthansa
Cargo começa a voar a partir de
novembro deste ano. A aeronave,
que voará para Atlanta, Chicago e
Nova York, precisa apenas de dois
motores para conectar a Europa
aos Estados Unidos ou à Ásia. O
777F cargueiro é capaz de ficar no
ar por dez horas e meia com uma
carga de 103 toneladas. Em todo
esse tempo, pode voar 9.000 km
sem escalas. A aeronave atende
aos padrões da aviação civil
internacional de proteção contra
ruídos. A Lufthansa adquiriu cinco
777F, cujo preço de lista é de
US$ 270 milhões cada. Dois deles
serão inicialmente usados para
substituir os cargueiros MD11F
mais antigos da frota.
TERRENO Área onde está sendo erguido o empreendimento
17
18
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
PASSAGEIROS
Vitória dos
taxistas
Dilma Rousseff sanciona MP que garante a
transferência da licença para terceiros e para os
herdeiros em caso de falecimento do titular
DA REDAÇÃO
presidente
Dilma
Rousseff sancionou,
em outubro, artigo da
medida provisória nº
615 que garante a transferência
da licença de taxista aos seus
herdeiros em caso de falecimento do titular. A lei permite
também a transferência para
terceiros desde que satisfaça as
exigências da legislação vigente. A cerimônia aconteceu no
Sinpetaxi (Sindicato dos Permissionários de Táxi e Motoristas
A
Auxiliares do Distrito Federal),
em Brasília, e contou com a presença do presidente da CNT, senador Clésio Andrade. Os taxistas de todo o país foram representados por diversos sindicatos estaduais.
A legislação é uma reivindicação antiga do setor. “Uma
grande vitória dos taxistas, do
nosso pessoal do transporte,
um grande trabalho do Senado,
do Congresso, que levou a presidente Dilma Rousseff a sancio-
nar a medida provisória nº 615”,
afirmou o senador e presidente
da CNT, Clésio Andrade.
Segundo Clésio Andrade, a
medida resgata um sonho, um
direito do taxista, do transportador autônomo de táxi. “Essa
medida provisória é de grande
importância. Todos nós, que somos transportadores, estamos
muito gratos por essa grande
decisão da presidente”, afirmou
o presidente da CNT.
A presidente disse na soleni-
dade que o texto sancionado
por ela dá segurança jurídica
aos taxistas. “Este é um direito
de sucessão, não uma transferência de permissão, portanto,
não há que ser questionada. A
lei significa que a família do trabalhador pode sucedê-lo na atividade, garantindo o sustento
para sua família”, destacou, em
seu pronunciamento. Segundo
Dilma Rousseff, a nova legislação atende a uma reivindicação
histórica: “Os taxistas, agora,
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
19
ROBERTO STUCKERT FILHO/PR/DIVULGAÇÃO
BRASÍLIA Presidente Dilma Rousseff cumprimenta o senador Clésio Andrade durante cerimônia de sanção da MP nº 615
podem ter certeza de que aquele medo de deixar uma dívida
para a família, agora passa a ser
a segurança de que será deixado trabalho e renda”.
A mudança foi aprovada
pelo Senado, no começo de
setembro, como parte da medida provisória nº 615/2013,
que tratava de mais de 20 temas. Depois, foi transformada
em Projeto de Lei de Conversão e, com isso, alterou o artigo 12 da lei nº 12.587/2012, que
trata da Política Nacional de
Mobilidade Urbana.
O mesmo tema já havia sido
aprovado duas vezes pelo Congresso Nacional, mas vetado pela presidente Dilma. Em 2011, por
exemplo, o item estava previsto
na lei 12.468, que regulamentou
a profissão de taxistas, mas não
teve o aval do Palácio do Planalto, que esperava adequações
para garantir mais segurança
jurídica por meio do texto.
A nova redação prevê que a
outorga será repassada aos sucessores legítimos do permissionário, com autorização do
poder público municipal e desde que sejam seguidos requisitos de segurança, conforto, higiene e qualidade do serviço.
A legislação que regulamenta
o serviço de taxista estabelece
que, para exercer a atividade, os
profissionais têm que fazer cursos de primeiros socorros, relações humanas, direção defensiva,
mecânica e elétrica básica de veí-
culos. Eles também necessitam de
inscrição na Previdência Social.
A presidente do Sinpetaxi,
Maria do Bonfim, conhecida por
Mariazinha, destacou a importância da medida para a categoria: “Os trabalhadores que, por
vezes, até perdem a vida durante
a atividade em razão da violência, agora, poderão deixar um legado para suas famílias”, disse.
Estimativas oficiais apontam
que 600 mil pessoas atuem como
taxistas no Brasil.
l
REPORTAGEM DE CAPA
GO-174 (GOIÁS)
Gestão ineficiente e
rodovias co
FOTOS PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2013
Pesquisa da CNT aponta deficiências
em 63,8% da extensão avaliada;
foram registrados 250 pontos críticos
m problemas
22
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
BR-150 (PARÁ)
POR
CYNTHIA CASTRO
crescimento econômico do Brasil depende do modal rodoviário, que hoje é
responsável por pelo menos
66% do transporte de cargas
no país e por 95% da movimentação de passageiros.
Entretanto, as condições das
rodovias comprometem o desenvolvimento, trazendo risco de um apagão logístico,
além de contribuírem para
reduzir a segurança de quem
viaja. A Pesquisa CNT de Rodovias 2013, divulgada no fim
de outubro, mostra que no último ano a situação piorou.
Do total da extensão avaliada, 63,8% apresentam alguma deficiência no pavimento,
na sinalização ou na geometria da via. Em 2012, o índice
havia sido de 62,7%.
A Pesquisa avaliou 96.714
km em 30 dias de coleta em
campo e também identificou
um aumento nos pontos críticos, que passaram de 221 para 250. São consideradas como pontos críticos situações
que trazem graves riscos à
segurança dos usuários, co-
O
PREJUÍZOS Problemas no pavimento das rodovias aumentam o custo operacional do
RESULTADOS
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
23
CARACTERÍSTICAS
Veja algumas variáveis analisadas na pesquisa
PAVIMENTO
SINALIZAÇÃO
transporte no país, em média, em 25%
mo erosões na pista, buracos
grandes, quedas de barreira
ou pontes caídas. Em relação
à sinalização, foram detectados problemas em 67,3% da
extensão pesquisada. Em
2012, o percentual foi de
66,2%. E também houve piora no pavimento, com 46,9%
da extensão avaliada apresentando algum tipo de deficiência. No ano passado, era
45,9%.
O estudo avalia toda a
malha federal pavimentada
e as principais rodovias estaduais do país. A maior
parte da extensão pesquisa-
GEOMETRIA DA VIA
da (88%) é formada por pistas simples e de mão dupla
e 40,5% não possuem acostamento. Outro dado preocupante é que em 56,7% da
extensão percorrida, onde
há ocorrência de curvas perigosas, não há placas de
advertência nem defensas
completas, comprometendo
ainda mais a segurança dos
usuários. E na maior parte
das rodovias pavimentadas,
a pintura da faixa central
está desgastada ou inexistente (55,8%) e não há faixas laterais ou a pintura está desgastada em 63,2% da
extensão.
De acordo com o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, os números mostram a
necessidade urgente de aumentar os investimentos nas
rodovias brasileiras, principalmente em duplicação. Ele considera que o governo não tem
investido adequadamente. “Há
um problema gerencial gravíssimo. Muitos projetos não
saem do papel. Há um excesso
de burocracia. Os investimentos precisam ser ampliados de
fato para que o Brasil possa
melhorar sua competitividade”, diz o senador.
BR-498 (BAHIA)
RECURSOS
RECURSOS Até outubro deste ano, do total autorizado para as rodovias
Clésio Andrade cita que,
em 2013, o total autorizado
pelo governo federal para investimentos em rodovias é
de R$ 12,7 bilhões, mas apenas 33,2%, ou R$ 4,2 bilhões,
foram pagos até o início de
outubro. “Esse valor é muito
baixo, perto dos R$ 355,2 bilhões que a CNT estima que
as rodovias do país precisam”, considera. Em 2012, do
total autorizado (R$ 18,7 bilhões), foram pagos R$ 9,4 bilhões (50,3%).
De acordo com informações da Pesquisa CNT de Rodovias, de 2002 até setembro de 2013, o total pago
acumulado pelo governo fe-
deral em infraestrutura rodoviária (R$ 64,2 bilhões) representou apenas 60,7% de
todo o valor autorizado para
o período (R$ 105,9 bilhões).
“Ou seja, o governo deixou
de investir R$ 41,7 bilhões
que já estavam autorizados
nos orçamentos de cada
ano”, diz a Pesquisa, ao citar
ainda que o fato evidencia
que, apesar de dispor de recursos para melhorar e expandir a malha rodoviária, o
governo federal tem dificuldade em executar e gerenciar os investimentos.
A Pesquisa da CNT indica
o que poderia ter sido feito
com esse recurso não inves-
tido ao longo dos últimos
anos, com base na tabela de
custos médios gerenciais do
Dnit (Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes). Conforme informações da Pesquisa, poderiam
ter sido reconstruídos mais
de 29 mil km de rodovias no
país ou então seria possível
duplicar mais de 8.000 km de
rodovias, incluindo a construção de pista nova, com
duas faixas, restauração da
pista existente e do canteiro
central. Outra possibilidade
seria a implantação e a pavimentação de 15,4 mil km de
pista simples.
O governo não consegue
investir todo o recurso autorizado para a infraestrutura
rodoviária e, de forma geral,
o total de recursos previstos
ainda é muito baixo para a
necessidade do Brasil. Desde
1975, o investimento público
federal em infraestrutura de
transporte caiu de 1,84% do
PIB (Produto Interno Bruto)
para 0,29% em 2012 (veja o
gráfico na página).
Custo operacional
A qualidade das rodovias
é um fator determinante para o custo do transporte. Vias
conservadas, sinalizadas e
bem planejadas têm impacto
positivo no custo operacio-
ALTERNATIVA
Concessões precisam ser atrativas
A Pesquisa CNT de Rodovias 2013 também faz uma
comparação entre as condições das rodovias públicas
e das concedidas à iniciativa privada e mostra que as
maiores dificuldades estão
nas rodovias mantidas pelos governos federal e estaduais. Em relação ao estado
geral, apenas 2,7% da extensão sob gestão pública
foi considerada ótima e
24%, boa. Já em relação ao
estado geral das concedidas, os percentuais de classificação de extensão ótima
e boa são de 48,5% e de
35,9%, respectivamente.
A CNT tem indicado que
a participação da iniciativa
privada no setor de transporte é uma boa alternativa
para suprir os deficits de
investimento. Entretanto,
de acordo com o presidente
da confederação, senador
Clésio Andrade, é necessário criar alternativas para
tornar o investimento atrativo para o setor privado.
“As parcerias público-privadas precisam ser atrativas.
O governo precisa avançar
nessas concessões. O transportador brasileiro prefere
pagar o pedágio e ter boas
rodovias. O sistema, da forma como está, gera muitos
prejuízos”, afirma Clésio
Andrade.
Conforme informações
da Pesquisa, para atrair o
investidor privado, é preciso garantir um ambiente
econômico seguro, de forma que os riscos envolvidos sejam reduzidos. “Os
contratos devem garantir
estabilidade ao longo do
prazo da concessão ou PPP
e apresentar definições e
objetivos adequados, além
de metas de cobertura e
alocação de risco”, diz a
Pesquisa.
Ranking
A Pesquisa CNT de Rodovias
faz o ranking de 109 ligações rodoviárias. São trechos formados por uma ou mais rodovias
federais ou estaduais pavimentadas, com grande importância
socioeconômica e volume significativo de veículos de cargas
e/ou de passageiros, interligando territórios de uma ou mais
Unidades da Federação.
As dez melhores ligações
são formadas por rodovias concedidas e todas passam pelo Estado São Paulo. A que ocupa o
primeiro lugar é a São Paulo (SP)
- Limeira (SP), formada pelas rodovias: SP-310/BR-364, SP-348.
Já a pior classificada é a Belém
(PA) – Guaraí (TO), formada pelas
seguintes rodovias: BR-222, PA150, PA-151, PA-252, PA-287, PA447, PA-475, PA-483, TO-336.
em 2013, somente 33,2% foram pagos
MALHA PAVIMENTADA
nal dos veículos utilizados
para o transporte de cargas
e de passageiros e reduzem
a possibilidade de ocorrência
de acidentes relacionados
com as condições de infraestrutura.
Entretanto, de acordo com
a Pesquisa CNT de Rodovias,
no caso brasileiro, os benefícios de uma infraestrutura rodoviária adequada são restritos. As deficiências constatadas no pavimento, na sinalização e na geometria da via contribuem para aumentar o consumo de combustível e de lubrificantes, para desgastar
mais os freios, para elevar os
gastos com reposição de pe-
26
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
SP-300 (SÃO PAULO)
EXTENSÃO
Malha rodoviária brasileira
SEGURANÇA
ças e de manutenção. Também
elevam o tempo de viagem. No
transporte de cargas, por
exemplo, tudo isso leva ao aumento do preço do frete.
Considerando somente as
condições do pavimento, a Pesquisa CNT de Rodovias aponta o
acréscimo médio no país do custo operacional em 25%. A região
que apresenta o maior incremento nesse custo devido ao pavimento é a Norte (39,5%), seguida pela Centro-Oeste (26,8%),
Nordeste (25,5%) e Sudeste
(21,5%). O menor acréscimo de
custo ocorre no Sul (19%).
“Esse aumento de custo é
muito elevado e dificulta o desenvolvimento. Percebemos
que a situação das rodovias
tem piorado a cada ano, cor-
COMPARAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
CONCEDIDAS E PÚBLICAS
Veja a comparação entre a situação das rodovias sob gestão
concedida (lado esquerdo) e sob gestão pública (lado direito)
Estado geral
Pavimento
Pesquisa mostra que rodovias concessionadas oferecem maior qualidade
rendo o risco de haver um apagão logístico no país”, afirma
Clésio Andrade. O presidente
da CNT cita, por exemplo, o aumento no número de veículos
circulando no Brasil, o crescimento do agronegócio, especialmente com a safra recorde
de grãos, e a necessidade de
circulação de outros produtos
pelas rodovias.
“O sistema rodoviário não está conseguindo manter nem o
que existe. Em algum momento,
não vamos ter somente as filas
nos portos, vamos ter quilômetros de caminhões parados em
todo o sistema rodoviário brasileiro sem conseguir escoar a produção”, diz o presidente da CNT.
Clésio Andrade lembrou também
do risco gerado pelos pontos crí-
ticos, que tiveram aumento neste
ano, de 221 para 250.
Meio ambiente
Além dos prejuízos econômicos e da maior probabilidade de acidentes, rodovias
em estado de conservação
ruim são mais prejudiciais
ao meio ambiente. A Pesquisa da CNT aponta que 46,9%
das rodovias possuem pavimento considerado regular,
ruim ou péssimo. Esse fato
representa um aumento do
consumo de combustível dos
veículos que por elas trafegam, gerando reflexos diretos não somente nos custos
das viagens, mas também
nas emissões de poluentes.
Rodovias com estado de con-
Sinalização
Geometria da via
27
28
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
ESTADO GERAL
Situação por região e por Unidade Federativa (%)
SINALI
servação adequado proporcionam uma economia no consumo
de combustível de até 5% na
comparação com rodovias que
apresentam alguma deficiência.
Se for considerado o consumo de
óleo diesel no Brasil, em 2013, por
exemplo, com a melhoria das condições do pavimento, seria possível uma economia de 661 milhões
de litros do combustível. Isso representa cerca de R$ 1,39 bilhão e
uma redução da emissão de 1,77
megatonelada de gás carbônico, o
principal gás de efeito estufa.
Malha
A necessidade de aumen-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
29
BR-174 (RORAIMA)
PONTOS CRÍTICOS
Ocorrências encontradas na extensão total pesquisada
ABRANGÊNCIA
ZAÇÃO Foi detectada alguma deficiência em 67,3% da extensão pesquisada
tar a malha pavimentada no
Brasil é outra questão importante levantada pela Pesquisa. De 2004 a 2013, houve
um crescimento de apenas
12,1% na extensão das rodovias federais. Segundo dados do Sistema Nacional de
Viação, há no país 1.713.885
km de rodovias, dos quais
apenas 202.589 km são pavimentados. Ou seja, apenas
11,8% da malha.
E entre as rodovias pavimentadas, 64.921 km são federais. Desse total, apenas
8% são de pista dupla (5.203
km) e 2,1% (1.376 km) são vias
em fase de duplicação. A Pesquisa destaca que embora a
presença de pista dupla não
seja um pressuposto essencial ao adequado nível de
serviço de uma via, rodovias
duplicadas proporcionam aumento na capacidade de tráfego e um grau mais elevado
de segurança.
O estudo da CNT também
identifica a infraestrutura de
apoio disponível aos usuários, existente às margens
das rodovias, como postos
de abastecimento, borracharias, concessionárias e oficinas mecânicas de caminhões
ou ônibus, restaurantes e
lanchonetes.
Banco de dados
A íntegra da Pesquisa pode
ser encontrada no site
www.cnt.org.br. O estudo, que
chega à sua 17ª edição neste ano,
é uma ferramenta para se conhecer melhor o perfil da malha
rodoviária, para saber quais são
os principais problemas e, assim,
incentivar a implementação de
políticas públicas e o aumento
dos investimentos. A Pesquisa
CNT de Rodovias também contribui para que o transportador
planeje melhor suas viagens. Ro-
dovias com melhor qualidade
auxiliam no desempenho operacional e reduzem os custos.
De acordo com Clésio Andrade, ao longo de todos esses
anos, a CNT solidificou a qualidade da Pesquisa. “Há um rigor
em relação à metodologia aplicada, ao trabalho realizado em
campo e à consolidação e análise dos dados pela equipe técnica. Tudo para que esse relatório sobre as condições das
rodovias brasileiras seja uma
referência para os transportadores, para o poder público, para a comunidade acadêmica e
para a sociedade em geral.” l
30
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
FENATRAN 2013
Foco no
Brasil
País desponta como um dos principais mercados
para a venda de caminhões e chama a atenção dos
fabricantes, que investem cada vez mais em tecnologia
POR
afra recorde de
grãos projetada para 2013/2014 – 190
milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), aumento de 12% em
relação ao mesmo período
do ano passado – economia
em crescimento e obras de
S
ROSALVO STREIT
infraestrutura nas principais
rodovias do país, que devem
melhorar as condições de
tráfego nas estradas. Esses
são alguns motivos que colocam o Brasil na rota dos
principais mercados para
venda de caminhões no mundo para os próximos anos.
Dados da Anfavea (Asso-
ciação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) confirmam que o mercado de veículos pesados está aquecido – as vendas devem aumentar, em média, até
10%, em relação a 2012. Os
segmentos de mercado que
mais adquirem implementos
rodoviários são agronegócio,
construção civil, infraestrutura e transporte de combustíveis e de produtos perecíveis. Em 2012, o setor faturou
R$ 8 bilhões e gerou mais de
70 mil empregos diretos e indiretos.
Esse clima de otimismo
estava presente na 19ª Fenatran (Salão Internacional do
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
31
FOTOS VITAMINA/DIVULGAÇÃO
Transporte). Realizado no fim
de outubro e início de novembro, o evento reuniu
quase 380 expositores, de 15
países, em São Paulo. Mais
de 60 mil pessoas visitaram
a feira – número recorde de
público - e conheceram o que
há de mais moderno à disposição na área de veículos e
serviços destinados aos
transportadores de cargas e
operadores logísticos.
As fabricantes de caminhões apostam alto no mercado brasileiro. A DAF, tradicional montadora europeia,
anunciou que, a partir de outubro, entrou oficialmente
no mercado brasileiro. Foram
investidos R$ 320 milhões na
construção da fábrica em
Ponta Grossa (PR), a primeira
fora do continente europeu.
A meta dos empresários é
ambiciosa: produzir 10 mil
caminhões por ano e dominar 10% do mercado em cinco anos.
A cidade paranaense foi
estrategicamente escolhida.
Segundo o presidente da DAF
Brasil, Marco Antonio Dávila,
a região é de fácil acesso às
principais rodovias do país e
está próxima ao porto de Paranaguá. “Nossas concessionárias terão o mesmo padrão europeu, e queremos
oferecer um serviço de pon-
32
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
FUTURO
Frota de caminhões precisa ser renovada para transporte crescer
Para o transporte rodoviário
de cargas crescer com sustentabilidade e eficiência, a importância da elaboração de projetos para renovar a frota de caminhões
no país foi o centro das discussões da cerimônia de abertura
da Fenatran. Todas as autoridades presentes destacaram a necessidade de aprofundar os debates sobre o tema, com a elaboração de projetos por parte do
governo federal e dos Estados.
O presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), senador Clésio Andrade,
destacou que essa é uma das
principais preocupações da entidade, que lançou, em 2009, o
RenovAR (Plano Nacional de Renovação de Frota). Segundo ele,
o projeto foi desenvolvido por
fatores, como a idade avançada
da frota de caminhões, o que
ta aos brasileiros, um produto robusto, de excelente qualidade, com tecnologia e confiabilidade”, explicou o dirigente da empresa, em referência ao caminhão XF-105, o
principal modelo que será
oferecido aos motoristas
brasileiros.
A Mercedes-Benz já comemora o aumento das vendas
em 2013. Segundo o presidente mundial da companhia, Stefan Buchner, a procura por produtos da companhia aumentou 12% de janeiro a agosto deste ano, em
comparação ao mesmo pe-
diminui o rendimento e aumenta os custos de manutenção.
Além dos prejuízos ambientais e econômicos causados pelos caminhões antigos em circulação, o presidente da CNT destacou a importância de promover
esforços para superar as dificuldades de financiamento dos caminhoneiros autônomos que, na
maioria dos casos, têm pouco
acesso ao crédito. “Contamos
com a boa vontade do governo
federal e dos Estados para desenvolvermos programas eficientes de renovação de frota”,
afirmou Clésio Andrade.
O RenovAr prevê que, a partir de uma faixa de idade
preestabelecida, o transportador entregue seu caminhão
antigo aos centros de reciclagem e, em troca, receba um
bônus para ser usado na com-
“Temos plena
confiança no
mercado
brasileiro e
queremos estar
entre as
três maiores
fabricantes
do país”
CHRISTIAN GONZALEZ, IVECO
pra de um caminhão novo ou
de idade inferior ao antigo.
“A implantação de um programa de renovação de frota
de caminhões no Brasil traz
inúmeros benefícios, não só
ambientais, como econômicos
e sociais, uma vez que retira de
circulação veículos que já não
têm mais condições de operação”, disse Clésio Andrade.
O presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do
Transporte de Carga & Logística), Flávio Benatti, concordou
que a criação de um programa
de renovação de frota, em nível
nacional, é urgente. “A idade
média da frota brasileira de caminhões é de 18 anos. Precisamos mudar esse quadro, o que
vai trazer ganhos em segurança no trânsito e economia de
combustível”, destacou.
ríodo do ano passado – 88
mil unidades para 99 mil. O
bom resultado é um contraste com a queda de 7% das
vendas nos Estados Unidos.
No Brasil, a meta é fechar
2013 com crescimento de
10%, enquanto na Europa,
por exemplo, a queda deve
chegar a 5%.
Para continuar com a expansão dos negócios no país,
a Mercedes-Benz anunciou
que irá investir aproximadamente R$ 1 bilhão no biênio
2014-2015 em suas fábricas de
caminhões e ônibus no Brasil.
Os recursos serão destinados
Benatti elogiou as iniciativas de Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que estão discutindo e implantando programas voltados
à renovação da frota. No entanto, acrescentou que é preciso
existir sintonia entre os projetos. “Precisamos discutir uma
solução integrada e buscar as
correções adequadas em cada
programa. Não queremos que
cada Estado trabalhe individualmente e, no futuro, isso se
torne uma guerra fiscal.”
O presidente da Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, colocou a
entidade à disposição da CNT e
da NTC&Logística para discutir
programas e alternativas para
a renovação da frota de veículos pesados no Brasil.
à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos e
tecnologias, nacionalização
da linha de caminhões extrapesados, otimização de processos e modernização de
áreas de produção. Também
compõem o plano de investimentos projetos de cunho social e ambiental.
Tecnologia
A Volvo também afirma
que trouxe ao Brasil o que
há de mais moderno em tecnologia. De acordo com o
presidente da companhia na
América Latina, Roger Alm, a
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
33
DEMANDA Anfavea estima crescimento de 10% no segmento de veículos pesados este ano em relação a 2012
empresa vai investir pesado
para desenvolver caminhões
seguros e com baixo consumo de combustível, além de
facilitar a compra dos produtos por meio de financiamento e consórcios. “Somos
líderes absolutos em segurança veicular e soluções
sustentáveis.”
O maior lançamento da
Volvo na Fenatran foi o extrapesado modelo FH16. Segundo Alm, “um caminhão
que levará o transporte de
cargas brasileiro a novos patamares”. Indicado para o
transporte de cargas indivi-
síveis, a fabricante diz que
ele tem o motor mais potente do mundo. “Com a expansão econômica brasileira e o
início da construção de grandes obras nos últimos anos,
o mercado necessita de veículos com mais força, torque, durabilidade e produtividade”, disse Bernardo Fedalto, diretor de caminhões
da montadora.
Outra inovação que valoriza o comércio brasileiro
de veículos pesados no Brasil vem da Iveco. Fabricante
do Hi-Way, a montadora
trouxe a tecnologia de pro-
“Nossas
concessionárias
terão o mesmo
padrão europeu,
e queremos
oferecer um
serviço de
ponta aos
brasileiros”
MARCO ANTONIO DÁVILA, DAF BRASIL
dução do veículo para a fábrica instalada em Sete Lagoas (MG). Foram mais de
150 mil horas de trabalho e
R$ 100 milhões investidos
na produção. “Fizemos um
esforço para nacionalizar o
produto e adaptá-lo à realidade brasileira. Foram realizados testes em mais de 2
milhões de quilômetros nas
estradas do país”, explicou
o diretor de marketing,
Christian Gonzalez.
De acordo com Gonzalez, a
meta é trazer o que há de mais
moderno para os transportadores brasileiros. “Nossas vendas
34
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
PERSPECTIVA Clima de otimismo dominou a Fenatran este ano
estão acima das expectativas.
Toda a produção de 2013 do HiWay foi vendida em apenas dois
meses. Temos plena confiança
no mercado brasileiro e queremos estar entre as três maiores
fabricantes do país”, afirmou.
Além da linha de caminhões, a
Iveco desenvolve veículos para
transporte de passageiros e
veículos de defesa em parceria
com o Exército Brasileiro.
Para o presidente da MAN na
América Latina, Anders Nielsen,
três pilares sustentam o trabalho da montadora no Brasil: sus-
tentabilidade, eficiência e lucratividade. Ele elogiou a postura
dos consumidores brasileiros,
cada vez mais exigentes. A empresa lançou 14 novos produtos
na Fenatran 2013. “Os clientes
querem veículos adaptados à
realidade do país, principalmente ao clima. Isso nos ajuda a melhorar a qualidade de nossos
serviços no mundo todo.”
Sustentabilidade
Além das melhorias em
tecnologia, a tendência para
os próximos anos é a produ-
ção de caminhões cada vez
mais sustentáveis – menos
poluentes e com menor consumo de combustível. A Renault saiu na frente e fechou
uma parceria com a FedEx Express, filial da maior empresa
de transporte expresso do
mundo. A partir de janeiro de
2014, seis veículos elétricos,
modelo Kangoo Maxi Ze, com
zero emissão de gás carbônico, irão circular nas cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro.
Maior feira de transporte
da América Latina e uma das
cinco maiores do mundo, o sucesso da Fenatran comprova
que o mercado brasileiro de
caminhões entrou definitivamente na rota das grandes
montadoras. Outro dado importante, que justifica o potencial desse setor, é o fato
de a matriz de transporte do
Brasil ser predominantemente rodoviária – 66% da movimentação de cargas é feita
por esse modal.
l
O repórter viajou a convite
da Anfavea
36
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
ECONOMIA
cenário econômico
nacional, com taxas
de crescimento abaixo do esperado e
evolução dos juros e do câmbio, tem afetado as perspectivas de crescimento no setor
de transporte. Apesar de
acreditarem no aumento do
volume de cargas e de passageiros em 2013, os transportadores estão mais cautelosos
em relação a seus investimentos e preocupados com o custo dos insumos.
De acordo com a Sondagem Expectativas Econômicas
do Transportador 2013 – Fase
2, divulgada pela CNT no início de outubro, a maior parte
dos transportadores (40,6%)
espera pela manutenção do
nível de crescimento da economia nacional. Outros 30,3%
apostam em crescimento e,
25,8%, em redução. No início
do ano, os percentuais eram
de 41,9%, 42,9% e 10,9%, respectivamente.
O
Redução do
otimismo
Em novo estudo realizado pela CNT, transportadores
se mostram mais pessimistas quanto ao crescimento
econômico e à evolução dos custos do setor
POR
O levantamento, realizado
com 488 transportadores (436
do modal rodoviário - cargas e
passageiros - e 52 do modal
aquaviário - navegação marítima e interior), tem como objetivo identificar as perspectivas
de quem atua no setor para temas como macroeconomia, investimentos em infraestrutura
e atividade empresarial.
O estudo teve início em
2012. A cada ano são realizados
LIVIA CEREZOLI
dois levantamentos. No primeiro semestre, são apresentadas
as expectativas dos transportadores para os próximos meses. No segundo semestre, as
mesmas são reavaliadas.
Segundo as avaliações da
CNT, essa redução no otimismo
pode ser atribuída ao desempenho da economia brasileira
nos primeiros meses do ano.
Entre os entrevistados, 71,3%
atribuem a perda de dinamis-
mo à política econômica que
vem sendo adotada. Além disso, a Sondagem revelou uma
crise de credibilidade em relação à capacidade do governo
de gerir a economia. A maior
parte dos transportadores
(95%) afirmou que seu grau de
confiança na gestão do governo é baixo ou moderado.
Em relação à inflação, houve aumento significativo entre
os transportadores que acre-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
37
EXPECTATIVAS DOS TRANSPORTADORES
Veja dados da sondagem
IMPACTO DA INFLAÇÃO NA ATIVIDADE (%)
CRESCIMENTO DA ECONOMIA (%)
45
35
40
30
25
20
15
10
5
0
42,9
41,9 40,6
56,0
30,3
25,8
10,9
4,3 3,3
Aumento
Manutenção
Março/13
Redução
4,1
1,2
Não sabe
Outubro/13
Elevado
ÍNDICE DE INFLAÇÃO (%)
Moderado
Baixo
Não sabe
CAUSA DA PERDA DO DINAMISMO ECONÔMICO (%)
72,2
80
70
38,7
62,6
71,3
26,0
60
50
40
30,1
30
20,1
20
10
0
Aumento
Manutenção
Março/13
5,0 6,1
2,3 1,6
Redução
Não sabe
2,7
Política econômica adotada pelo governo brasileiro
Outubro/13
Reflexos das crises econômicas internacionais
CUSTO DOS INSUMOS (%)
80
Não sabe
79,3 79,0
CONDIÇÕES DA INFRAESTRUTURA (%)
70
48,6
60
50
40
30
18,2 18,2
20
10
0
2,3 1,8
Aumento
Manutenção
Combustível
Redução
0,2 1,0
Não sabe
20,5
30,5
Óleo lubrificante
0,4
INVESTIMENTOS PARA SOLUCIONAR OS
PROBLEMAS DE INFRAESTRUTURA (%)
Não são capazes de solucionar
São capazes de solucionar
Não sabe
75,9
18,2
5,9
Vai melhorar
Vai manter
Vai piorar
Não sabe
Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2013
ditam na alta do índice. No início de 2013, 62,6% esperavam
por uma inflação superior a de
2012. Agora, são 72,2%.
A CNT avalia esse cenário,
de certa forma, como preocupante, já que 56% dos entrevistados afirmam que a inflação tem impacto elevado em
suas operações. “Com a concretização de uma inflação
mais alta, os custos totais podem ser aumentados. Isso reduz o dinamismo do setor e
gera impacto em todos os produtos transportados”, afirma
o presidente da confederação,
senador Clésio Andrade.
Após os reajustes no preço
dos combustíveis no começo
do ano e a especulação de um
novo aumento ainda em 2013,
79,3% dos transportadores
afirmaram temer nova elevação do principal insumo do
setor. Para 18,2%, os preços
atuais do diesel e do bunker
(combustível utilizado nas
embarcações) devem ser
mantidos. Quanto ao óleo lubrificante, 79% esperam por
aumento e apenas 1,8%, por
redução.
Para 80,8% dos transportadores do setor rodoviário
38
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
JÚLIO FERNANDES/CNT
de cargas e de passageiros,
os pneus também ficarão
mais caros. Quanto às taxas
portuárias, 44,2% dos transportadores aquaviários acreditam em manutenção do valor. Já o custo da praticagem
deve sofrer elevação para
30,8% dos entrevistados.
A sondagem também aponta que o impacto do câmbio é
elevado na atividade de transporte para 37,5% dos transportadores entrevistados. Apenas
18,4% acreditam que o impacto
é baixo. O dólar já ultrapassou
a marca de R$ 2,40 em 2013 e,
diante dessa elevação, 76,5%
dos entrevistados acreditam
que um novo aumento poderá
afetar a economia brasileira
ainda este ano, enquanto 18%
acreditam que não.
O levantamento ainda faz
referência aos investimentos
públicos aplicados na infraestrutura de transporte. Para
75,9% dos entrevistados, os
R$ 16,4 bilhões disponíveis
para investimento não serão
capazes de solucionar os
problemas logísticos do país.
O índice dos que acreditavam
em uma melhora das condições da infraestrutura caiu
de 38,8%, no início de 2013,
UNIVERSO Levantamento ouviu 488 transportadores do modal rodoviário e do modal aquaviário
para 20,5% neste segundo
semestre.
“Essa descrença na aplicação dos recursos e na melhora
da infraestrutura está relacionada à dificuldade que o governo federal tem de gerenciar o orçamento disponível e
em realizar as concessões
anunciadas no ano passado”,
ressalta o presidente da CNT,
senador Clésio Andrade.
A Sondagem também questionou os transportadores do setor
rodoviário de cargas e do aquaviário sobre as novas legislações
que regem as atividades. Em relação à Lei do Caminhoneiro, os
números da Sondagem revelam
que as novas regras, em vigor
desde o ano passado, exigiram
novos investimentos em mão de
obra e equipamentos. Entre os
transportadores rodoviários,
57% afirmaram ter contratado
novos profissionais e 38,6% adquiriram novos veículos para
cumprir os prazos depois da lei.
No setor aquaviário, a Lei
dos Portos é aprovada por
84,4% dos empresários entrevistados, gerando expectativa
de melhoria no nível de serviço para 78,1% deles. Entre os
maiores avanços da nova legislação, 43,7% citaram o aumento da participação da iniciativa privada na infraestrutura portuária.
A íntegra do relatório está
disponível no site da CNT
(www.cnt.org.br).
l
CIT/DIVULGAÇÃO
ASSEMBLEIA DA CIT
POR
LETICIA SIMÕES
20ª Assembleia Geral da
CIT (Câmara Interamericana de Transportes),
realizada nos dias 10 e 11
de setembro, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em
Nova York (EUA), contou com a
presença de 16 países, entre entidades membros da Câmara, representantes governamentais e de
organismos internacionais.
O evento foi aberto pelo secretário-geral da CIT, Paulo Vicente
Caleffi, e pelo chefe da Seção de
Facilitação de Comércio da Unctad
(Conferência das Nações Unidas
para Comércio e Desenvolvimento), Jan Hoffmann.
Durante o encontro, foram discutidos, entre outros temas, o impacto
das políticas dos governos sobre o
setor e a situação nas fronteiras dos
países do continente, considerado
um dos principais desafios ao transporte internacional nas Américas.
Sobre o assunto, foi aprovada
uma resolução que pretende convencer os governos da região a
manter os serviços de liberação de
cargas nas fronteiras por 24 horas
A
Conquista
relevante
Entidade ganha status como entidade
observadora junto à Unctad/ONU
diárias, durante os sete dias na semana, de maneira ininterrupta.
Além disso, a proposta sugere
a revisão dos feriados, uma vez
que eles interrompem os fluxos
internacionais de bens e de pessoas. Hoffmann, da Unctad, enfatizou a importância dos transportes e da facilitação dos fluxos
“transfronteiriços” para o desenvolvimento das nações.
Na seção dedicada ao Brasil, Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da
ANTF (Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários), fez
uma apresentação sobre o transporte ferroviário brasileiro.
A 20ª edição da assembleia foi
marcada pela aprovação do status
da CIT como entidade observadora
junto à Unctad/ONU. De acordo
com a Câmara, esse é um acontecimento importante para a entidade, que já mantém relações com a
OEA (Organização dos Estados
Americanos), Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) e
outros organismos internacionais.
As assembleias da CIT são abertas ao público e ocorrem duas vezes ao ano, sempre em um dos países nos quais a Câmara tem representação ou onde estão sediadas
organizações parceiras.
A 21ª edição do evento tem
realização prevista para abril
de 2014, em Genebra, na Suíça,
sede da IRU (União Internacional de Transportadores Rodoviários), com a qual a CIT mantém um acordo de cooperação
desde 2012.
l
TRANSPORTE COLETIVO
POR LIVIA
CEREZOLI
cada vez maior o número de pessoas que
vivem em centros urbanos. Com o inchaço
das cidades, os problemas estruturais ficam mais evidentes.
Uma população maior significa
aumento de demanda nas áreas
de transporte, de moradia, de
saneamento e de educação.
Estimativas apontam que,
até 2050, 70% da população
global viverá nas cidades. No
Brasil, os índices de urbanização são ainda maiores. A previsão é que esse percentual
chegue a 95%. Números do
Censo 2010, divulgados pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), mostram que a população urbana
do país já atingiu 84,3%.
Diante dessa realidade, especialistas em transporte
afirmam que repensar as cidades a partir da questão da
mobilidade é essencial para
oferecer mais qualidade de vida a quem vive nos centros
urbanos.
É
Repensan
Com o rápido processo de urbanização da população
Para o arquiteto e urbanista Carlos Leite, professor da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie, no século 20, as
cidades se expandiram e se
esgotaram. Agora, no século
21, é preciso reinventá-las.
“No Brasil, nunca fizemos cidades para as pessoas, e che-
gamos a um ponto que elas
estão doentes e precisam ser
tratadas.”
Leite engrossa o coro dos
que defendem a não priorização do uso do automóvel e
acredita que as cidades precisam ter centralidades compactas, onde as pessoas pos-
sam morar, trabalhar e se divertir em um pequeno espaço
sem a necessidade de utilizar
veículos motorizados para se
locomover o tempo todo.
O urbanista questiona como o carro pode ser uma
grande invenção para os deslocamentos se na maior parte
ANPTRILHOS/DIVULGAÇÃO
do as cidades
mundial, é fundamental pensar em soluções de mobilidade urbana
do dia ele fica parado. “As
pessoas usam os automóveis
para ir até algum lugar e deixam ele lá, ocupando espaços
públicos. Que invenção é essa
feita para transportar cinco e,
às vezes, até sete pessoas,
mas na maior parte do tempo
circula com apenas uma ou no
máximo duas? O carro é a invenção do século 20 e a burrice do século 21”, afirma ele.
O problema da mobilidade
foi o tema central do 19º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado pela
ANTP (Associação Nacional de
Transportes Públicos), no iní-
cio de outubro, no Centro de
Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
“Entendemos que por meio
do transporte público podemos qualificar a vida urbana.
A urbanização brasileira não
aconteceu da maneira como
deveria. Insistimos, há muitos
anos, que o automóvel particular não é a melhor forma de
locomoção dos indivíduos.
Ocupamos as cidades de maneira errada, fizemos tudo
que não deveríamos, e, hoje,
nossas cidades pagam um
preço alto por isso”, destacou
o presidente da associação,
44
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
GRANDES EVENTOS
A experiência de Londres
Depois da Jornada Mundial
da Juventude, realizada em
julho deste ano, a cidade do
Rio de Janeiro se prepara
agora para os Jogos Olímpicos de 2016. E mesmo que a
avaliação tenha sido positiva
– apesar dos problemas existentes – algumas ações podem ser aprimoradas a partir
da experiência de Londres,
sede da Olimpíada de 2012.
Mais do que oferecer serviços de qualidade para evitar
problemas de mobilidade durante o maior evento esportivo do mundo, a capital inglesa
se propôs a deixar um legado
para a população depois da
realização das competições.
De acordo com Antonino
Letteriello, gerente de mobilidade dos Jogos Olímpicos de
Londres 2012 da empresa TfL
(Transport for London), foram
investidos R$ 7 bilhões na ampliação e na modernização
dos sistemas de trens e de
metrô na cidade. Também foram criados 82 km de ciclovias. “Nossa ideia era assegurar que 100% das pessoas pudessem se movimentar por
transporte público, a pé ou de
bicicleta durante os dias dos
jogos, mas mais do que isso,
queríamos deixar um legado
para a cidade. Essa era a proposta principal”, diz ele.
Todas as obras de infraestrutura foram entregues um
ano antes do início das competições, permitindo assim
que a população e os gestores se familiarizassem com os
novos equipamentos. Segundo Letteriello, esse período
foi fundamental para realizar
as adaptações necessárias
antes do início do evento. “Se
existe uma lição de toda a experiência que vivemos, é que
quanto mais cedo melhor”,
afirma o gerente.
Além de melhorias na infraestrutura dos sistemas, a
cidade também adotou medidas para reduzir o impacto
que um grande número de
visitantes poderia causar no
dia a dia da população. “Precisávamos garantir que a cidade continuasse funcionando em sua totalidade”,
explica Letteriello.
Londres elaborou um
plano de deslocamento em
que propôs a alteração do
horário de trabalho das
pessoas, incentivando o trabalho em casa e a realização de entrega de mercado-
rias em horário alternativo,
já que esse serviço é realizado pelas linhas do metrô
que estariam sendo utilizadas por atletas, turistas e
jornalistas de todo o mundo. De acordo com o gerente, essa experiência permitiu que a cidade solucionasse, inclusive, alguns problemas de congestionamentos.
“As empresas aceitaram
nossas propostas, e o trânsito, hoje, funciona melhor.”
Durante a Jornada Mundial
da Juventude, o Rio de Janeiro recebeu 300 mil pessoas
de 165 países. De acordo com
o diretor regional da ANTP e
responsável pela mobilidade
na jornada, William Aquino, o
número de pessoas que visitaram o Rio na semana do
evento foi cinco vezes maior
do que a população que a cidade recebe no Réveillon.
Segundo Aquino, para os
próximos eventos, a cidade
deve levar em conta a possibilidade do deslocamento
de pessoas a pé e, para isso,
deve trabalhar melhor a
questão das calçadas e a
largura das vias de circulação de pedestres.
(Com Ana Rita Gondim)
Ailton Brasiliense, durante a
abertura do evento.
De acordo com ele, a sociedade civil tem papel fundamental nessa nova organização das cidades que se propõe
porque ela é a grande beneficiada. Brasiliense destaca a
necessidade de planejar as cidades daqui para frente lembrando que, em breve, a população brasileira deve alcançar
230 milhões de pessoas.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
45
ANTP/DIVULGAÇÃO
DEBATE ANTP reuniu especialistas para discutir o futuro das cidades
De acordo com Joaquim
Aragão, professor do Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental da UnB (Universidade de Brasília), ter bons
serviços de transporte tem
seu custo, mas é muito mais
caro pagar pela ausência dele. “Fala-se muito no custo logístico para escoar a produção agrícola, mas e nas cidades? Não ter mobilidade, com
certeza, é mais caro do que
ter mobilidade de qualidade.”
Para garantir níveis razoáveis no serviço de transporte
coletivo, o Brasil precisaria
investir R$ 92 bilhões. Isso
significa ampliar, nos próximos oito anos, em quase seis
vezes, o volume de recursos
que é destinado ao setor. Entre 2011 e 2014, a previsão de
investimentos é de apenas
0,05% do PIB (Produto Interno Bruto), mas o ideal seria
“No Brasil,
nunca
fizemos
cidades para
as pessoas”
CARLOS LEITE, URBANISTA
um percentual de 0,27%, segundo cálculos do técnico de
Planejamento e Pesquisa do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), Carlos
Henrique Ribeiro Carvalho.
De acordo com ele, o Brasil
tem 2 milhões de habitantes
para cada 10 km de metrô, totalizando 308 km. Enquanto
isso, no México, onde a extensão chega a 541 km, a proporção é de 1 milhão de habitantes para cada 10 km de linhas.
“Para atingirmos o mesmo nível do México, seria necessário investir R$ 58 bilhões na
ampliação da nossa rede metroferroviária. A esse valor,
soma-se a necessidade de investir mais R$ 34 bilhões no
sistema de ônibus das principais cidades brasileiras, chegando ao valor de R$ 92 bilhões”, explica o técnico.
Para alavancar recursos
para o setor, Carvalho defende a criação de um processo
de financiamento do transporte público no qual a população mais rica, usuária do
transporte individual, contribuiria com o pagamento de
pedágios urbanos ou de estacionamentos privados. “Não
podemos apenas ampliar a
oferta do coletivo, é preciso
restringir o uso do individual
46
CNT TRANSPORTE ATUAL
também. Dessa maneira, os
mais ricos também se beneficiariam porque teriam um
trânsito mais livre para circular com seus carros.”
Operadores do sistema
também defendem a criação
de alternativas para financiar
o transporte. De acordo com
Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), é preciso inverter os volumes dos
subsídios oferecidos ao transporte individual e ao coletivo.
“É inadmissível que o transporte particular tenha 90% de
incentivos fiscais, com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o
cancelamento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para regular o preço da gasolina, e o coletivo tenha apenas 10%, como acontece hoje. Em outros
países, temos cidades com
subsídios que ultrapassam os
60%, como é o caso de Amsterdã, com 62%, e Berlim, com
69%”, destaca ele.
Depois das manifestações
populares de junho, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de um Pacto
da Mobilidade e a destinação
de R$ 50 bilhões ao setor. Ou-
NOVEMBRO 2013
“O carro
não é a
melhor
maneira de
locomoção
individual”
DECISÃO
AILTON BRASILIENSE, ANTP
tros R$ 40 bilhões fazem parte de investimentos anunciados anteriormente no PAC
Grandes Cidades e no PAC
Médias Cidades.
Porém, só a liberação dos
valores não soluciona o problema. As dificuldades do setor também esbarram na falta de projetos que contemplem os sistemas de transportes coletivos. Segundo o
secretário Nacional de Trans-
porte e Mobilidade do Ministério das Cidades, Júlio
Eduardo dos Santos, poucas
cidades têm projetos prontos
para executar de imediato.
“As obras não saem do papel
pela falta de projetos. Das
obras previstas no programa
que contempla municípios
entre 250 mil e 700 mil habitantes, apenas uma, o VLT de
Santos (SP), está em execução. Todas as demais estão
em fase de elaboração de
projetos ainda.” O PAC Médias
Cidades foi lançado no segundo semestre de 2012.
O presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbano),
Otávio Vieira da Cunha Filho,
afirma que a realidade vivenciada hoje nas cidades é uma
crise anunciada. “Sabíamos
que, com a forma como os
centros urbanos estavam
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
47
ARQUIVO/NTU
“Não ter
mobilidade
é mais caro
do que ter
mobilidade
de
qualidade”
Priorizar o uso do transporte coletivo é a solução para congestionamentos
sendo planejados, estaríamos
diante de um grave problema
de transporte.”
De acordo com ele, o transporte público nunca foi prioridade para as diversas instâncias do governo, e o assunto
ganhou fôlego somente após
as manifestações registradas
pelo país no mês de junho.
“Precisamos de um plano
emergencial para responder
às demandas das ruas, mas
também pensar no futuro. É
preciso estabelecer diretrizes
e dar prioridade ao transporte público, fazer planos de
mobilidade, construir redes
integradas e estabelecer uma
política tarifária justa.”
Segurança
Além de solucionar os problemas da mobilidade urbana,
investir em sistemas de transporte coletivos também pode
JOAQUIM ARAGÃO, PROFESSOR DA UNB
contribuir para a redução de
mortes no trânsito. Dados do
ITF (Fórum Internacional de
Transporte, da sigla em inglês) revelam que 80% das
mortes ocorrem em países de
renda média, onde a população tem riquezas suficientes
para comprar carros, mas as
cidades não têm infraestrutura para organizar seus sistemas de transportes públicos.
O ITF é formado por repre-
sentantes dos ministérios dos
Transportes de 54 países
membros, a maioria localizada no hemisfério norte. Na
América Latina, somente o
Chile integra o grupo.
De acordo com José Viegas, secretário-geral do fórum, o Brasil ainda não conseguiu elencar as prioridades
no trânsito e, por isso, mantém índices bastante elevados de acidentes fatais. “Não
adianta fazer planos para
cumprir inúmeras metas sem
ações efetivas. O país precisa
entender que esse problema
do trânsito é um problema
nacional.”
Viegas ressalta a importância da valorização dos direitos dos pedestres e a necessidade de se repensar a
engenharia das vias urbanas,
além de campanhas para
conscientizar sobre os riscos
do excesso de velocidade. Estudos mostram que veículos a
30 km/h podem provocar acidentes graves ou com mortes
se os envolvidos forem pedestres ou ciclistas, a 50
km/h, o risco de morte acontece nas colisões laterais entre veículos, e a 70 km/h, nas
colisões frontais.
l
(Com Rosalvo Streit e
Natália Pianegonda)
48
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
AVIAÇÃO
Asas ao
futuro
Alunos brasileiros vencem concurso
internacional da Airbus com solução para
agilizar a carga e a descarga das bagagens
POR LETICIA
terceira edição do
concurso internacional universitário FYI
(Fly Your Ideas), realizado pela fabricante de aeronaves comerciais Airbus, consagrou cinco alunos da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade
de São Paulo). A equipe Levar
foi o primeiro grupo de estu-
A
SIMÕES
dantes brasileiros a ser selecionado para a fase final da
competição. O projeto vencedor propõe um sistema rápido
de carga e descarga de bagagens nos porões dos aviões,
reduzindo o tempo da operação em até 30%.
Formada pelos alunos do
quarto ano do curso de design
da FAU, Marcos Philipson, Leo-
nardo Akamatsu, Adriano Furtado, Caio Reis e Henrique Corazza, a equipe apostou no tema Crescimento do Tráfego,
um dos seis propostos pela
Airbus para desenvolver o sistema de carga e descarga.
Os outros tópicos para a
disputa deste ano da FYI eram
Energia, Eficiência, Crescimento Sustentável, Experiência
dos Passageiros e Políticas para a Comunidade. Para a Airbus, esses são os principais
desafios do século 21 para uma
indústria de aviação mais sustentável.
As duas últimas temporadas do desafio (2009 e 2011)
atraíram mais de 200 participantes da América Latina. Na
primeira etapa dessa edição,
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
49
AIRBUS DIVULGAÇÃO
os brasileiros concorreram
com outras 618 equipes de
universidades de todos os
continentes. Para a segunda
fase, foram selecionados 102
grupos.
A Levar trouxe para o Brasil
um prêmio no valor de 30 mil
euros. Além da premiação em
dinheiro, a Airbus oferece à
equipe campeã uma semana
de workshops, com especialistas da companhia, no campus
da universidade. A atividade
conhecida como Semana de
Inovação deve ser realizada na
USP, em novembro, segundo
expectativas da fabricante.
O segundo lugar ficou com
a equipe CLiMA, do Royal Melbourne Institute of Technology, da Austrália, que recebeu
15 mil euros. A proposta foi desenvolver uma aeronave movida por uma mistura de biometano liquefeito, produzido de
forma sustentável, e gás natural liquefeito (Bio-GNL).
Chamado de Sistema Rápido de Carga e Descarga para
Compartimentos de Carga do
Avião, o projeto dos alunos da
USP utiliza uma plataforma
com colchões de ar inflados
automaticamente, criando um
declive no compartimento de
bagagens do avião. Esse declive, somado à base curva
que reduz o atrito, permite
que as malas sejam carregadas e descarregadas com a
ajuda da gravidade.
“A proposta reduz o tempo
de operação e também a carga
50
CNT TRANSPORTE ATUAL
de trabalho dos funcionários
que lidam com as bagagens
nos aeroportos. A solução se
baseia em um estofamento de
ar inspirado pelas mesas de
hóquei. A redução no tempo da
operação pode chegar a, aproximadamente, seis minutos”,
afirma Marcos Philipson, líder
da equipe campeã.
De acordo com ele, a ideia
de desenvolver o sistema surgiu no fim de 2011, durante aulas da disciplina projeto de produto. “O grupo realizou pesquisas em aeroportos, entrevistou
aeroviários e tripulação para
encontrar um problema que
fosse importante ser solucionado. Um funcionário nos contou sua rotina, e percebemos
que a questão da carga e descarga nos porões podia ser melhorada. Então, decidimos realizar um projeto voltado para
essa demanda”, diz Philipson.
O estudante afirma ainda que
o grupo observou a insatisfação
dos passageiros com relação à
demora para receber as malas
quando embarcam ou desembarcam nos aeroportos. A partir
daí, o foco foi dar celeridade ao
manuseio das bagagens.
O projeto, segundo o grupo,
beneficia as três partes do processo: o passageiro, que recebe
NOVEMBRO 2013
“A proposta
reduz o tempo
de operação e
a carga de
trabalho dos
funcionários
que lidam com
as bagagens
nos
aeroportos”
VENCEDORES
MARCOS PHILIPSON, ESTUDANTE
sua bagagem com maior agilidade e com menos danos; a companhia aérea, que passa a ter reconhecimento por sua postura socialmente responsável e, consequentemente, menores registros
de reclamações com relação às
bagagens; e o colaborador, que
tem sua tarefa facilitada.
Robinson Salata, professor
da FAU-USP e orientador da
equipe, destaca que a proposta
do grupo se encaixa com a realidade observada atualmente
nos aeroportos, principalmen-
te no que tange ao extravio e
danificações de bagagem. O
tempo mínimo e máximo para
que as companhias aéreas embarquem e desembarquem a
bagagem também está, conforme o professor, adequado ao
atual momento da aviação.
A apresentação dos brasileiros foi o ponto alto da grande final, segundo o júri da Airbus. Mais de 60 avaliadores da
fabricante examinaram as propostas quanto à qualidade, os
benefícios ambientais e o nível
de inovação demonstrado pelas equipes.
A banca avaliadora da última etapa contou com a presença de Charles Champion,
vice-presidente executivo de
Engenharia da Airbus. Cinco
equipes foram selecionadas
para a última fase dessa edição da FYI.
“A proposta da Levar é inovadora. A equipe adotou uma
visão ampla de como melhorar a indústria da aviação,
sem limitar suas ideias à
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
51
AIRBUS/DIVULGAÇÃO
Brasileiros recebem premiação em concurso universitário promovido pela Airbus
aeronave, mas considerando
também as operações em terra”, diz Champion.
A apresentação final foi
realizada em junho, na linha
de montagem do modelo
A380, em Toulouse, na França.
O anúncio do vencedor aconteceu durante a Feira Le Bourget, uma das maiores e mais
importantes exposições internacionais do modal aeroviário, realizada nos arredores
de Paris. Já o prêmio foi entregue na capital francesa, na
sede da Unesco, entidade que
apoia o concurso.
Philipson diz que o grupo
recebeu treinamentos em inglês para melhorar a entonação e convencer na apresentação. “Antes da disputa, a sensação era que o Brasil não tinha equipes capazes de fazer
frente às universidades de outros países. A Levar mostrou o
contrário”, afirma o líder.
O grupo brasileiro estuda
patentear o projeto. “A USP deve encaminhar esse processo.
O grupo está conversando com
a universidade, mas ainda não
há nada definido.”
De acordo com ele, a Airbus ainda não se manifestou
quanto à viabilidade comercial do sistema rápido de carga e descarga. “Não sei se já
há interesse de empresas nacionais e internacionais. Desejo que a ideia se torne realidade, pois os benefícios
atingem colaboradores e passageiros, uma vez que atenua
o tempo de operação das bagagens e diminui o risco de
lesão dos funcionários que
atuam com as malas.”
A Airbus afirma que o Fly
Your Ideas foi lançado para estimular ideias e a troca entre a
fabricante e a comunidade
acadêmica de todos os continentes para inspirar futuros
engenheiros e profissionais
que podem vir a atuar no setor.
Ainda conforme a companhia,
o propósito do FYI é oferecer aos
alunos participantes a oportunidade de desenvolver o trabalho
em equipe, além de melhorar a
criatividade e propor a inovação
de habilidades, como a gestão
de projetos e a desenvoltura na
apresentação das propostas.
A fabricante afirma ainda
que um dos objetivos é fazer
com que estudantes e universidades de todo o mundo compartilhem informações sobre
seus projetos e, desse modo,
estimulem a discussão sobre
as inovações e também sobre
os principais desafios do setor
para moldar o futuro da indústria da aviação, tanto durante
a competição quanto depois.
A próxima edição do FYI será em 2015. A Airbus afirma
que a divulgação da disputa é
feita por meio de comunicados
de imprensa, campanhas de divulgação em mídias sociais e
notificações em seu site.
Apesar de não confirmar se
estuda a possibilidade de investir comercialmente no projeto do grupo brasileiro, a Airbus ressalta que cerca de
3.000 pessoas trabalham
atualmente, direta ou indiretamente, em mais de cem projetos de pesquisa e tecnologia
da companhia.
Ainda conforme a Airbus, a
empresa arquiva mais de 500
patentes a cada ano e mais de
90% do investimento anual
em pesquisa e desenvolvimento (aproximadamente 2
bilhões de euros) estão ligados a benefícios ambientais
para as aeronaves atuais e futuras da marca.
l
52
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
AQUAVIÁRIO
Fora
de rota
Desde a década de 1990, o Brasil praticamente
não tem embarcações de bandeira nacional
operando na navegação de longo curso
POR
á pelo menos 20 anos,
embarcações de bandeira brasileira deixaram de cruzar os oceanos. Desde então, qualquer produto que chegue ou saia do país
é transportado apenas por navios estrangeiros.
Ao todo, o Brasil tem uma
frota registrada de 155 embarcações, mas praticamente nenhuma delas percorre distâncias maiores do que os trajetos
até a Argentina ou o Chile.
Segundo informações do Syn-
H
LIVIA CEREZOLI
darma (Sindicato Nacional das
Empresas de Navegação Marítima), na década de 1970, o frete gerado no comércio exterior brasileiro pela Marinha Mercante nacional chegou a 52% do total (com
embarcações próprias e afretadas), contra 48% das embarcações estrangeiras.
No fim desse período, no entanto, a participação da bandeira
brasileira no volume de fretes
começou a diminuir e a da bandeira estrangeira, aumentar. No
fim dos anos 1980, esse percen-
tual já havia baixado para 17%.
Atualmente, os navios de bandeira estrangeira têm participação
superior a 90% na receita gerada pelos fretes no transporte
marítimo internacional no Brasil.
A navegação marítima de longo curso é responsável por 95%
do comércio exterior brasileiro.
Dados da Antaq (Agência Nacional
de Transportes Aquaviários) mostram que, no primeiro trimestre
deste ano, foram movimentados
231,1 milhões de toneladas nos
portos marítimos nacionais. O vo-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
53
CNT/DIVULGAÇÃO
RETOMADA Brasil precisa ter
novamente embarcações nacionais
na navegação de longo curso
54
CNT TRANSPORTE ATUAL
lume é 1,6% superior ao registrado no mesmo período de 2012.
Sem impor críticas à presença
de empresas estrangeiras no Brasil, representantes do transporte
aquaviário nacional ressaltam a
necessidade de o país voltar a ter
uma frota própria para poder
competir com outros mercados.
De acordo com o empresário
Washington Barbeito, presidente
da Transroll Navegação, empresa que chegou a operar com cinco navios porta-contêineres em
anos anteriores, é essencial que
o país volte ao transporte marítimo internacional para gerar
mais empregos, reduzir o déficit
de fretes e, inclusive, reduzir o
tão falado custo-Brasil. “Ninguém é contra estrangeiros, mas
é mais do que salutar se dispor
de frota própria para ao menos
competir”, afirma ele.
De acordo com Barbeito, a
inexistência de embarcações
brasileiras na navegação de longo curso faz com que o país perca competitividade, principalmente entre os outros emergentes, como a China, que tem grandes estaleiros, armadores com
frotas significativas e crescimento anual nas exportações.
“O Brasil não pode ser a única
potência emergente a não contar com navios porta-contêineres nos portos do mundo.”
Até o início da década de 1990,
as rotas marítimas de longo curso
NOVEMBRO 2013
CONSTRUÇÃO Maior parte da produção dos estaleiros
eram realizadas por meio da Conferência de Fretes, um acordo que
regulava as operações no setor.
Pela conferência, os valores dos
fretes eram distribuídos entre os
operadores envolvidos, sendo
40% para a empresa brasileira,
40% para o país de destino da
mercadoria e 20% para outras
bandeiras que realizassem a rota.
Para o vice-presidente da CNT
do transporte aquaviário, ferroviário e aéreo, Meton Soares,
sem operar com navios próprios,
o Brasil deixa de ganhar entre R$
8 bilhões e R$ 10 bilhões em valores de frete que compõem a
balança comercial. “A arrecadação com esses fretes gira em torno de R$ 20 bilhões. Como não
existe mais a garantia da participação dos 40% da bandeira brasileira, deixamos de arrecadar
um montante significativo.”
A volta da operação de navios
brasileiros no longo curso ainda
traria vantagens para a navegação costeira, afirmam os repre-
sentantes do setor. Atualmente,
por lei, somente embarcações de
bandeira brasileira podem operar
na cabotagem. Os afretamentos
de bandeiras estrangeiras são
permitidos apenas quando não
existem embarcações nacionais
em número suficiente para realizar as operações.
“Armadores brasileiros poderiam, na ida e no retorno, transportar cargas de cabotagem, ganhando economia de escala e redução de custos. Por lei, os na-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
55
AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO
“O Brasil
não pode
ser a única
potência
emergente
a não ter
grandes
navios no
mundo”
está voltada para o setor de petróleo
vios estrangeiros que hoje chegam a Recife (PE), por exemplo,
não podem pegar cargas destinadas a Santos (SP), o que nacionais poderiam fazer, racionalizando o transporte, com redução
de custos”, destaca Barbeito.
Na visão de Nelson Carlini,
engenheiro naval e presidente
do Conselho de Administração
da Logz Logística Brasil, existe
uma série de condicionantes
que impedem a operação com
navios de bandeira brasileira.
WASHINGTON BARBEITO, EMPRESÁRIO
“Para operar com embarcações
nacionais, a tripulação também
precisa ser nacional e, comparando com o restante do mundo, nossos encargos trabalhistas são muito altos.”
Segundo ele, para permitir a
volta da bandeira brasileira nas
operações de longo curso, é preciso criar atrativos, como alguns
países da Europa já fizeram. Entre
as medidas que deveriam ser aplicadas, ele defende a isenção de
uma série de tributos que incidem
sobre as companhias, além de
uma flexibilização das leis trabalhistas que regem o sistema.
“O que não pode acontecer é a
volta da reserva de mercado. A valorização da atividade não pode
passar pela proibição da atuação
de empresas estrangeiras. Isso
não é saudável e não traz competitividade”, destaca Carlini.
Além dessas questões, a retomada da participação de embarcações brasileiras na navegação
de longo curso também esbarra
na dificuldade da construção de
navios. Atualmente, a indústria naval brasileira está voltada para o
mercado offshore, com foco na
atividade petroleira.
O Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria de Construção
e Reparação Naval e Offshore)
afirma que, mesmo estando
preparados para atender à demanda de navios mercantes, os
estaleiros não têm recebido encomendas de navios porta-contêineres, por exemplo.
Um dos motivos para essa falta
de pedidos é o preço das embarcações. De acordo com Carlini, as
embarcações nacionais têm custo
de aquisição 70% superior às estrangeiras. “Enquanto lá fora os
navios são vendidos a US$ 35 milhões, aqui, o valor chega a US$
100 milhões. O país necessita de
uma política que valorize a indústria naval e, ao mesmo tempo,
possibilite a redução de custos. O
mercado não se sustenta dessa
maneira”, afirma ele.
O Sinaval reconhece que as
grandes operadoras da navegação de longo curso preferem concentrar suas encomendas em estaleiros da Ásia. Segundo o sindicato, em países como China, Coreia do Sul e Singapura, os governos são proprietários, total ou
parcialmente, dos estaleiros e, por
esse motivo, grandes incentivos
são concedidos ao setor.
“Esses países reconhecem que
a construção naval tem grande
importância na geração de emprego e na qualificação de recursos humanos, gerando dinamismo
econômico. O debate sobre a
questão do custo da construção
local necessita, portanto, ser realizado dentro desse contexto, caso
contrário não será um debate sério”, afirma o presidente da entidade, Ariovaldo Rocha.
O Sinaval tem aproximadamente 50 associados, entre estaleiros
e empresas acionistas. No segundo trimestre deste ano, 373 pedidos faziam parte da carteira de
encomendas de embarcações nacionais. No mundo todo, segundo
estatística da Clarksons Shipping
Inteligence, analista internacional
do setor de transporte marítimo,
existem, aproximadamente, 4.500
navios de médio e grande porte
(incluindo plataformas de petróleo) em construção. O Brasil detém 8% desse total.
l
56
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
FERROVIAS
Oportunidade de
novos negócios
Brasil é um dos países em destaque na
quarta edição do Salão da Indústria
Ferroviária, em novembro, na Espanha
POR
Brasil se prepara para marcar presença
em um dos mais importantes eventos do
setor ferroviário – o BcnRail
(Salão da Indústria Ferroviária), que acontece entre os dias
19 e 21 de novembro, em Barcelona, na Espanha. O país será
representado pela ANPTrilhos
(Associação Nacional dos
Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) e pela Abifer
O
LETICIA SIMÕES
(Associação Brasileira da Indústria Ferroviária). O objetivo
é apresentar o cenário do modal ferroviário brasileiro e
atrair novos negócios para os
projetos em andamento e os
que ainda serão executados.
Abifer e ANTF (Associação
Nacional dos Transportadores
Ferroviários) estiveram presentes na última edição do
BcnRail, há dois anos. De acordo com Vicente Abate, presi-
dente da Abifer, a participação,
neste ano, será uma continuidade do trabalho iniciado no
Salão de 2011. “A parceria entre
empresas espanholas e brasileiras vem de muito tempo. O
Brasil recebeu, por diversas vezes, delegações espanholas em
eventos realizados aqui.”
Segundo Abate, o modal ferroviário nacional tem procurado se expor para o mundo.
“Dessa maneira, é possível via-
bilizar e promover o desenvolvimento tecnológico, atraindo
mais negócios para o país.”
Esta será a quarta edição do
BcnRail. O Salão reúne as maiores companhias internacionais
e realiza, paralelamente, congressos e exposições de projetos das principais empresas do
setor. Serão mais de 50 expositores presentes.
“Durante todo o evento, os
convidados participam dos
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
57
FOTOS ABIFER DIVULGAÇÃO
”O Brasil é
o principal
convidado
desta
edição”
FRANCISCO ORJALES,
DIRETOR DO BCNRAIL NO BRASIL
seminários e das rodadas de
negócios entre operadores e
instituições convocadas para
o Salão”, destaca Francisco
Orjales, diretor do BcnRail no
Brasil.
Além do Brasil, Uruguai, Argélia e Turquia também foram
convidados pela organização
para apresentar seus projetos. Essas delegações vão
contar com um pavilhão exclusivo. “Todos foram convo-
cados devido ao volume de
negócios ferroviários que estão desenvolvendo. O Brasil é
o principal convidado desta
edição”, afirma Orjales. Além
delas, missões comerciais da
Rússia e do Reino Unido também vão estar presentes.
Segundo o diretor, a organização seleciona as delegações
e instituições com foco no incremento do volume de negócios que podem surgir com as
empresas europeias durante o
evento. “Os projetos de modernização de seus respectivos
sistemas ferroviários também
são levados em conta.”
Orjales afirma que a realização do 2º Seminário BrasilEuropa dentro da programação do salão também funciona como uma plataforma de
investimentos para fortalecer
e incrementar os negócios
entre o Brasil e os investidores europeus.
“Além da presença da delegação no pavilhão, o seminário favorece as rodadas de negócios e os acordos comerciais.” O 2º Seminário BrasilEuropa será coordenado pelas entidades brasileiras presentes no salão.
O Brasil conta com 15 operadores ferroviários do transporte de passageiros. A ANPTrilhos, que congrega 13 filiados,
espera levar a Barcelona, ao
menos, um representante de
cada operador.
De acordo com Roberta Marchesi, gerente-executiva da
ANPTrilhos, além do panorama
do mercado, os diretores brasileiros vão destacar alguns dos
58
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
4º BcnRail – Salão da Indústria Ferroviária
Quando: de 19 a 21 de novembro
Onde: em Barcelona, Espanha
O quê
• Mais de 50 expositores entre as maiores empresas do modal ferroviário global
• Simpósios e seminários são realizados paralelamente às rodadas de negócio
• Destaque para o 2º Seminário Brasil-Europa, coordenado pela ANPTrilhos e
pela Abifer
Brasil no evento: a delegação brasileira espera levar, pelo menos, um
representante de cada uma das 13 companhias do transporte ferroviário
de passageiros filiadas à ANPTrilhos, além de representantes da indústria
ferroviária nacional
PERSPECTIVA Salão
“Existe a
possibilidade
real de atrair
a instalação
de novas
indústrias
no Brasil”
VICENTE ABATE, PRESIDENTE DA ABIFER
projetos em andamento ou que
ainda serão executados, como
a Linha 3 do metrô do Rio de
Janeiro, e os projetos dos metrôs de Porto Alegre (RS) e de
Curitiba (PR), que vão contar
com novas extensões.
No bojo das propostas ferroviárias brasileiras, destacam-se ainda os projetos de
VLT (veículo leve sobre trilhos).
Brasília, Rio de Janeiro, Goiânia
(GO) e Cuiabá (MT) têm proje-
tos para a implantação do modo. “O Brasil tem um mercado
aquecido para a área metroferroviária”, diz Roberta.
Uma série de materiais específicos para o evento está
sendo confeccionada. “Esses
informativos vão apresentar as
empresas brasileiras presentes
nos pavilhões e os respectivos
negócios de cada uma delas”,
afirma a gerente da ANPTrilhos.
De acordo com ela, não é
possível mensurar um volume
de investimento a ser fechado
pelos brasileiros durante o
BcnRail. “Mas a expectativa é
bastante positiva.”
Rodrigo Vilaça, diretorexecutivo da ANTF, vai apresentar os projetos ferroviários brasileiros dentro da programação geral do evento. Já
a Abifer vai mostrar aos participantes o atual cenário da indústria nacional.
CNT TRANSPORTE ATUAL
da Indústria Ferroviária é uma oportunidade de atrair investidores para o setor
De acordo com Roberta, da
ANPTrilhos, expor o Brasil no
mercado mundial, destacando
o potencial do país para o setor ferroviário, é fundamental
para o êxito dos projetos nacionais.
“O BcnRail é uma oportunidade muito especial para fechar negócios e iniciar parcerias para a concretização das
propostas. O Brasil tem uma indústria ferroviária concreta
Serão
mais de
50
expositores
em Barcelona
que pode atender de forma
adequada aos projetos. Esse
êxito não impede que parcerias sejam feitas e que novas
tecnologias sejam absorvidas
para os negócios brasileiros.”
Para Abate, da Abifer, a
presença do país no Salão de
Barcelona pode representar
novas fronteiras para o mercado ferroviário. “Existe a
possibilidade real de atrair a
instalação de novas indústrias no Brasil. Esses eventos
permitem o intercâmbio tecnológico. E é possível que, ao
invés de uma companhia cogitar exportar seu produto, acabe se interessando em produzi-lo no Brasil.”
De acordo com o dirigente,
tal probabilidade aumenta o nível de competição na indústria
nacional, além de gerar emprego e renda. “Essa aproximação
com os negócios internacionais traz ganhos para a indústria brasileira, principalmente
em termos tecnológicos. O país
tem capacidade para atender à
demanda e avançar, mas o co-
NOVEMBRO 2013
59
nhecimento e a troca de experiências abrem o leque para
novos negócios.”
O BcnRail deste ano tem um
extenso programa de workshops técnicos. Entre os seminários, destacam-se ainda o 2º
Fórum Internacional, conferência organizada pelo Colégio
de Engenheiros de Caminhos,
Canais e Portos de Catalunha,
e a 11ª Conferência de Manutenção no Setor de Transporte
da AEM (Associação Espanhola
de Manutenção).
Outra atração é o espaço
chamado Canto Novo do Trilho. Nele, por 25 minutos, todos os expositores vão apresentar suas inovações, incluindo os projetos ferroviários espanhóis.
A realização do salão coincide com outros dois eventos de
destaque que vão acontecer
em Barcelona no mesmo período: a terceira edição do Smart
City Expo (Exposição das Cidades Inteligentes, na tradução
livre) e o Simpósio Mundial sobre Carros Elétricos.
l
60
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
PESQUISA
Atuação
estratégica
Levantamento realizado pela Abralog revela
a evolução da atuação dos profissionais
de logística dentro das empresas
POR
atuação operacional
deu lugar à estratégica e, hoje, o profissional que atua na área
de logística de pequenas, médias e grandes empresas tem
cada vez mais voz e vez nas
decisões das organizações.
Essa é uma das principais
A
LIVIA CEREZOLI
conclusões da pesquisa Perfil
do Profissional de Logística, divulgada em setembro pela
Abralog (Associação Brasileira
de Logística). O levantamento,
que está em sua quarta edição,
tem como objetivo identificar a
evolução da atividade logística
dentro das empresas.
Na edição 2013, foram ouvidos 946 profissionais que
atuam na área. A pesquisa é
uma parceria da associação
com a Fundação Vanzolini, a
Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), o
Senai e a Universidade Cruzeiro do Sul.
De acordo com Fabiano
Stringher, coordenador do estudo e professor da Fundação
Vanzolini e do Cislog (Centro
de Inovação e Sistemas Logísticos) da USP (Universidade
de São Paulo), a ideia da implantação desse levantamento surgiu no Departamento
Acadêmico da Abralog. “A entidade precisava conhecer os
profissionais que atuam na
área, quais são suas expectativas, para poder desenvolver
eventos, cursos e outras atividades para esse público.”
De acordo com os dados da
pesquisa, a maioria das empresas (36%) tem profissionais de
logística ocupando cargos de
diretores - 24% são presidentes e 21%, gerentes. Em 2012,
os percentuais eram de 34%,
17% e 26%, respectivamente.
Entre os profissionais que responderam ao questionário, a
maioria (24%) afirmou ocupar
cargos na gerência das empresas, seguido pelo cargo de analista, com 16%.
“A cada ano do estudo, é
possível perceber uma evolução do profissional de logísti-
FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
ca. Ele está ocupando cada
vez mais cargos estratégicos
dentro das empresas, ligados
às áreas de planejamento, de
análise e de inteligência. Isso
comprova como vem aumentando o grau de importância
que a logística tem nos negócios como item primordial de
competitividade”, afirma o
coordenador.
Os salários pagos também
registraram evolução ao longo dos anos. O percentual de
profissionais que recebem
entre R$ 6.000 e R$ 12 mil
passou de 17%, em 2012, para
20% neste ano. A maioria
(24%) mantém a média salarial entre R$ 3.000 e R$ 6.000.
Entre os entrevistados, 14%
declararam receber salários
entre R$ 12 mil e R$ 24 mil, e
4%, acima de R$ 24 mil.
Essa ascensão profissional
tem relação direta com a qualificação de quem atua na
área. Além de uma formação
específica em logística - 56%
dos entrevistados declararam
ser formados na área - a
maioria dos profissionais
(44%) tem pós-graduação e
7% têm mestrado. Os profissionais que atuam no setor de
logística também têm forma-
LOGÍSTICA NO BRASIL
Conheça o perfil de quem atua no setor
24
16
7
9
9
12
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En
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CARGO ATUAL (%)
25
20
15
10
4 6
5
2 2
0
TEMPO NO CARGO (%)
20
27
23
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Entre 5 e 7 anos
Mais que 7 anos
Entre 3 e 4 anos
TEMPO DE ATUAÇÃO EM LOGÍSTICA (%)
8
43
19
14
16
Menos de 1 ano
De 1 a 3 anos
De 7 a 9 anos
10 anos ou mais
De 4 a 6 anos
FORMAÇÃO ACADÊMICA (%)
39
44
7
6
1
60
50
40
30
20
10
0
53
26
16
5
Serviços
Indústria
Comércio
Educação
CARGO DO EXECUTIVO DE LOGÍSTICA (%)
Presidência
4 2 3
Vice-presidência
6
Diretoria
24
Gerência
21
Coordenação
36
Supervisão
Analista
Operacional
ATRIBUIÇÕES DA ÁREA
Transporte
Armazenagem
Gestão de materiais/estoque
Serviço ao cliente
Planejamento de demanda
Compras/suprimentos
Comércio exterior
5
(%)
78
71
62
55
41
37
25
INTERFERÊNCIA EM DECISÃO DE CONTRATAÇÃO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS(%)
5
8
41
8
E
ménsino
dio
E
téc nsin
nic o
o
E
sup nsin
eri o
or
gra Pó
du saçã
o
Me
str
ad
o
Do
uto
rad
o
4
(%)
1
12
20
24
22
14
4
3
SETOR DE ATUAÇÃO DA EMPRESA (%)
19
11
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
REMUNERAÇÃO MENSAL
Até R$ 750
De R$ 750 até R$ 1.500
De R$ 1.500 até R$ 3.000
De R$ 3.000 até R$ 6.000
De R$ 6.000 até R$ 12 mil
De R$ 12 mil até R$ 24 mil
Acima de R$ 24 mil
Outra
ÁREA DE FORMAÇÃO (%)
3
Logística
11
Administração
22
Engenharia
Humanas
Outras
38
8
Decisora
Influenciadora direta
Influenciadora
indireta
Não influencia, mas
coleta informações
56
Nenhuma
Fonte: Abralog
ção em administração (22%),
em engenharia (11%) e na
área de humanas (3%).
Segundo o coordenador do levantamento, o profissional de logística sabe da importância da capacitação e investe de forma crescente nesse aspecto. “Ele tem interesse em ampliar seus conhecimentos, estar mais bem preparado. É por isso que esse profissional
ganha mais e é mais disputado pelo mercado”, avalia Stringher.
CNT TRANSPORTE ATUAL
PARTICIPAÇÃO O setor de transporte tem 78% das atribuições logísticas, segundo a pesquisa
Mesmo que 80% deles
atuem em empresas nacionais e apenas 20% tenham
experiência internacional, a
maior parte dos profissionais
tem domínio de um segundo
idioma. Quarenta e seis por
cento sabem se comunicar em
inglês e 32%, em espanhol.
Com relação à idade, a maioria dos profissionais (48%)
tem entre 27 e 40 anos. Os dados ainda revelam que 43%
deles atuam na atividade há
dez ou mais anos.
A pesquisa também identificou o setor de atuação das
empresas e as principais atribuições da área. O setor de
serviços é o ramo da economia em que a atuação das empresas de logística é maior
(53%). Na indústria, a atuação
é de 26%, seguida pelo comércio, com 16%, e a educação, com 5%.
“Cresce o
grau de
importância
que a logística
tem nos
negócios”
FABIANO STRINGHER, FUNDAÇÃO VANZOLINI
NOVEMBRO 2013
63
Dentro do setor de serviços,
as áreas mais tradicionais com
atribuições logísticas são o
transporte (78%) e a armazenagem (71%), no entanto, a área de
maior crescimento nos últimos
anos foi a de serviços ao cliente,
passando de 49% da participação, em 2012, para 55%, neste
ano. “Essa é uma área que tem
ganhado força dentro das empresas. Ela é diferente do SAC
(Serviço de Atendimento ao
Cliente) e está mais direcionada
à integração empresa-cliente. É
uma área que oferece serviços
de monitoramento, planejamento e rastreamento de produtos”,
explica Stringher.
A Abralog estima que existam, aproximadamente, 15 milhões de profissionais de logística distribuídos em todo o
país, atuando em atividades
de transporte, de armazenagem, de suprimentos e de planejamento. A logística corresponde a 20% do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro.
Depois da divulgação dos resultados de 2013, a Abralog já iniciou o cadastramento dos profissionais que querem participar da
quinta edição da pesquisa, com
previsão para ser apresentada
no próximo ano. Os interessados
podem acessar o site da instituição (www.abralog.org.br) e informarem seus dados.
l
64
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
SEST SENAT
Blumenau
ganha nova
unidade
Trabalhadores do transporte, seus dependentes
e a comunidade contam agora com uma nova
estrutura de atendimento em Santa Catarina
POR
esde o dia 17 de outubro,
os trabalhadores do
transporte, seus dependentes e a comunidade
de Blumenau e região contam com
uma nova unidade do Sest Senat.
A unidade oferece cursos de
qualificação profissional na área
de transporte, serviços de saúde
e odontológicos e completa área
para a prática de esportes, atividades artísticas, sociais, educativas e de lazer.
D
INAUGURAÇÃO Pre
KATIANE RIBEIRO
“É sempre com grande alegria
que o transportador brasileiro
coloca à disposição do trabalhador em transporte, do caminhoneiro e do taxista e de seus familiares dependências como essa,
destinada ao aprimoramento
profissional, ao acesso permanente a cuidados odontológicos,
aos esportes, à cultura e ao lazer”, afirmou o presidente da CNT
e do Conselho Nacional do Sest
Senat, senador Clésio Andrade.
Com essa unidade, já são 146
inauguradas em todo o território
nacional, das quais 10 em Santa
Catarina. “Assim, contribuímos
com o desenvolvimento do Estado”, disse Clésio Andrade.
De acordo com o presidente da
Fetrancesc (Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina) e do Conselho Regional do Sest
Senat Santa Catarina, Pedro Lopes,
a nova unidade é um empreendi-
mento que tem importância fundamental não só para o trabalhador em transporte, mas para a comunidade porque está localizada
em uma área carente na oferta de
oportunidades na qualificação
profissional. Nos 20 anos de existência, o Sest Senat realizou mais
de 100 milhões de atendimentos,
nas diversas especialidades de
serviços odontológico, fisioterapêutico, psicológico, oferecidos
nas unidades, e nos diferentes
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
65
GIOVANNI SILVA
sidente da CNT, senador Clésio Andrade, participa de solenidade em Blumenau
cursos de formação, qualificação
e aperfeiçoamento profissional
disponibilizados, que abrangem
inúmeras áreas do transporte.
Para o diretor da unidade de
Blumenau, Maurício Dalpiaz, “a cidade está em festa, pois a unidade
do Sest Senat veio não apenas
aperfeiçoar a qualificação profissional dos trabalhadores em
transporte, mas contribuir para
uma melhor qualidade de vida,
que, com certeza, irá refletir na
realização de um bom trabalho, no
dia a dia desses profissionais”.
A padronização de suas estruturas físicas e administrativas,
aliada ao modelo de gerenciamento, inovador no Brasil, no qual
ocorre a centralização orçamentária e a descentralização dos serviços operacionais, faz com que
toda a rede Sest Senat ganhe em
eficiência, aumentando a qualidade dos serviços prestados.
“A chegada dessa unidade é
muito importante, pois a cidade
está localizada em uma região
estratégica. Graças ao Sest Senat
e os seus serviços oferecidos, a
população da região vai ter uma
oportunidade ímpar de se qualificar e, consequentemente, de melhorar de vida”, afirmou o prefeito do município de Blumenau, Napoleão Bernardes.
Com uma infraestrutura completa para a realização de cursos,
a unidade possui sete salas de aulas, um laboratório de informática
e uma biblioteca. Conta também
com um auditório com capacidade
para acomodar 149 pessoas. O
Sest Senat é responsável pelo
treinamento para motoristas do
transporte de passageiros, do
transporte coletivo, da movimentação de produtos perigosos, de
emergência, de carga indivisível e
transporte escolar, obrigatório pelo Conselho Nacional de Trânsito.
A nova unidade do Sest Senat
de Blumenau conta também com
uma equipe de profissionais formada por psicólogo, fisioterapeuta,
nutricionista e odontólogos.
Para as atividades de lazer e
esportivas, a unidade mantém
um ginásio poliesportivo coberto, um parque infantil, quatro
churrasqueiras, duas quadras
poliesportivas e dois campos
de futebol soçaite.
O secretário de Estado de Comunicação, Nelson Santiago, que
esteve no evento representando
o governador de Santa Catarina,
Raimundo Colombo, ressaltou
que a unidade do Sest Senat “é
uma grande conquista e veio em
boa hora para atender aos trabalhadores em transporte e a comunidade de Blumenau”.
O novo empreendimento recebeu o nome do líder empresarial, que foi presidente do Setcesc (Sindicato das Empresas
de Transportes de Carga e Logísitca no Estado de Santa Catarina) e um dos fundadores e primeiro presidente da Fetrancesc,
Edgar Thomsen. A viúva do homenageado, Adelaide Thomsen,
esteve no evento. Para ela, foi
uma satisfação muito grande
receber a homenagem. “Com
certeza, meu marido ficaria
muito feliz de ver esse grande
empreendimento, que trará tantos benefícios para toda a nossa
população”, afirmou Adelaide.
Também estiveram presentes
na inauguração o presidente da
Câmara de Vereadores de Blumenau, Wanderlei Oliveira, o presidente da Fetcemg (Federação das
Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais),
Vander Costa, e o presidente do
Setcesc, Osmar Ricardo Labes.
O Sest Senat Blumenau está localizado na rua Ricardo Georg, 777
– bairro Itoupava Central. Para
mais informações, o telefone da
unidade é (47) 3378-5005. Acesse
também www.sestsenat.org.br l
66
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
SEST SENAT
Trânsito é
coisa séria
Unidades desenvolveram ações voltadas
para a educação no trânsito e alertaram sobre o
risco da combinação álcool, drogas e direção
POR
trânsito brasileiro mata mais de 40 mil pessoas por ano e, desse
total, grande parte é
resultado do consumo de álcool
e drogas antes de dirigir. Regras
cada vez mais rígidas tentam alterar essa realidade, mas a
conscientização ainda é fundamental para reduzir o número
O
LIVIA CEREZOLI
de pessoas que perdem a vida
nos acidentes.
Com o tema “Lei Seca. É hora
de levar a sério”, as unidades do
Sest Senat de todo o país desenvolveram ações no período da
Semana Nacional de Educação
do Trânsito. Entre os dias 18 e 25
de setembro, foram realizadas
palestras de conscientização
nas empresas e nas unidades,
distribuição de panfletos e blitze educativas para alertar motoristas e passageiros sobre os
riscos da combinação álcool,
drogas e trânsito. A campanha
nacional é coordenada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), órgão do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
67
FOTOS SEST SENAT
UBERLÂNDIA (MG) Mais de 900 pessoas foram atendidas nas ações realizadas em parceria com outras entidades
De acordo com o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, a intenção de campanhas desse tipo
é alertar os trabalhadores do
transporte e toda a comunidade sobre os perigos do uso
de álcool e de outras drogas
ao volante. “É importante ressaltar que o principal objetivo
da Lei Seca não é combater o
uso de álcool e drogas, e sim
salvar vidas. Estudos apontam que cerca de 29 mil vidas
seriam poupadas, por ano, se
as pessoas não conduzissem
veículos enquanto estão sob
efeito dessas substâncias”,
destaca Clésio Andrade.
Em Campo dos Goytacazes
(RJ), o Sest Senat levou o trabalho de conscientização para
dentro da 1ª Festa do Caminhoneiro, realizada pela Coobra
Norte (Cooperativa Brasileira
de Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do
Norte Fluminense) e pela Ascam (Associação dos Motoristas Autônomos do Estado do
Rio de Janeiro).
Profissionais de diversas
áreas apresentaram palestras
e distribuíram materiais edu-
68
CNT TRANSPORTE ATUAL
cativos que destacam a importância do comprometimento da população na redução
dos acidentes no trânsito provocados pelo consumo de álcool e drogas. Aproximadamente, 3.000 pessoas participaram das atividades e de palestras com temas voltados
para segurança, direção defensiva e mobilidade urbana.
De acordo com o psicólogo
do Sest Senat de Campo dos
Goytacazes, Marcos Antonio
Vieira Peres, as orientações são
importantes para esclarecer que
o uso de álcool e drogas reduz a
sensibilidade de percepção de
tempo e de espaço, afetando a
capacidade de julgamento. “Um
motorista alcoolizado é menos
atento ao que acontece a sua
volta, tem o poder de decisão
reduzido e pode, inclusive, ter
um comportamento mais agressivo no trânsito”.
Pesquisa do Ministério da
Saúde revela que o álcool está
presente no sangue de quase
metade das vítimas fatais dos
acidentes de trânsito. As principais vítimas são homens com
idade entre 20 e 39 anos.
No início deste ano, as regras da Lei Seca ficaram mais
rígidas. Desde então, não é tolerada nenhuma quantidade
de álcool no sangue. Motoristas que demonstrarem qualquer dificuldade psicomotora
NOVEMBRO 2013
CAMPO GRANDE (MS) Palestras orientaram profissionais de empresas da cidade
podem ser punidos, mesmo se
negarem a realizar o teste do
bafômetro. As autoridades de
trânsito podem ainda comprovar a infração por meio de
exame clínico, de perícia, de
vídeo ou do depoimento de
testemunhas.
Em caso de confirmação de
embriaguez ao volante, o condutor perde sete pontos da carteira e deve pagar multa de R$
1.915,40. Em caso de reincidência
no prazo de um ano, o valor é
dobrado. O veículo é retido até a
apresentação de outro condutor
habilitado para dirigir.
Em João Pessoa, na Paraíba,
a unidade do Sest Senat realizou
muitas atividades, durante a Semana de Educação no Trânsito,
para o público infantil. “Trabalhar com as crianças é essencial
para a conscientização. Tudo
aquilo que elas aprendem de
forma lúdica contribui para a
formação enquanto cidadãos.
Além disso, as crianças são multiplicadoras porque repassam o
que aprenderam para os pais e
outros familiares”, explica a técnica de formação profissional de
João Pessoa, Juliana Luna.
Um ônibus articulado, cedido
pelo Grupo A. Cândido, serviu de
cenário para diversas atividades
na unidade. Foram realizadas
palestras sobre primeiros socorros e teatro de fantoches com
orientações sobre o trânsito. A
tradicional brincadeira da pescaria trazia frases de alerta sobre as regras que devem ser respeitadas por motoristas e pedestres.
CNT TRANSPORTE ATUAL
JOÃO PESSOA (PB) Programação ofereceu atividades educativas para crianças
A unidade também participou
de ação desenvolvida pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana em que voluntários se passaram por pessoas
acidentadas para chamar a
atenção da população. “Essa atividade foi realizada durante todo o dia em uma praça de bastante movimento. As pessoas
que passavam pelo local percebiam como um acidente pode
ser violento. O impacto foi grande, e o resultado, muito positivo”, afirma Juliana.
As ações do Sest Senat Campo Grande (MS) foram realizadas no auditório da unidade e
nas sedes de diversas empresas da cidade. Mais de 450 pessoas assistiram às palestras
que tiveram como foco principal o tema da campanha.
Profissionais do Sest Senat
passaram orientações para motoristas profissionais e funcionários de outras áreas das empresas, que também são motoristas no dia a dia. As ações incluíram ainda os motociclistas
que diariamente enfrentam o
trânsito nas grandes cidades.
Em Uberlândia (MG), mais de
900 pessoas estiveram envolvidas nas ações desenvolvidas pelo Sest Senat. Em parceria com a
Secretaria Municipal de Trânsito
e Transporte, as polícias Militar e
Rodoviária Federal e o Corpo de
Bombeiros, foram realizadas palestras voltadas para o público
infantil e para motoristas de empresas de transporte da cidade.
Blitze educativas alertaram sobre os cuidados que idosos e
NOVEMBRO 2013
69
pessoas com deficiência devem
ter no trânsito, e uma simulação
de resgate mostrou os riscos
causados pelos acidentes envolvendo veículos. O evento foi encerrado com uma caminhada
pelo centro da cidade que pediu
a paz no trânsito.
No Pará, as palestras organizadas pela unidade de Marabá
associaram as orientações sobre a Lei Seca à responsabilidade da atividade profissional de
cada motorista dentro das empresas do setor. Instrutores do
Sest Senat falaram da importância da mudança de comportamento no trânsito e da necessidade de espalhar essa mensagem para os demais motoristas.
Durante a semana, a unidade
também recebeu alunos de diversas escolas públicas que participaram de debates e palestras sobre o tema.
“Encerramos a Semana de
Educação no Trânsito certos
de que, mais uma vez, o Sest
Senat contribuiu para o aprendizado e para a mudança de
comportamento de muitos
motoristas, profissionais ou
não. Sabemos que a campanha
não se encerra aqui e todas as
demais ações devem também
estar focadas na segurança do
trânsito”, destaca Ioná da Silva, coordenadora de desenvolvimento profissional do Sest
Senat Marabá.
l
Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional
Total Concedida
Concessionárias
Malhas concedidas
30.129
28.692
11
12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO
PAVIMENTADA
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
Federal
65.320
Estadual Coincidente
18.032
Estadual
110.842
Municipal
26.827
Total
221.020
12.662
4.778
111.334
1.234.918
1.363.692
77.981
22.810
222.176
1.261.745
1.584.712
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM
Adminstrada por concessionárias privadas
Administrada por operadoras estaduais
FROTA DE VEÍCULOS
Caminhão
Cavalo mecânico
Reboque
Semi-reboque
Ônibus interestaduais
Ônibus intermunicipais
Ônibus fretamento
Ônibus urbanos
Nº de Terminais Rodoviários
14.768
1.195
2.442.861
520.707
1.022.171
759.350
17.309
57.000
23.489
105.000
122
37
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso
MATERIAL RODANTE - UNIDADES
Vagões
Locomotivas
Carros (passageiros urbanos)
104.931
3.212
1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES
Total
Críticas
12.289
2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL
Brasil
EUA
25 km/h
80 km/h
AEROVIÁRIO
AERÓDROMOS - UNIDADES
Aeroportos Internacionais
Aeroportos Domésticos
Outros aeródromos - públicos e privados
29
34
2.527
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES
Transporte regular, doméstico ou internacional
Transporte não regular: táxi aéreo
Privado
Outros
Total
155
41.635
20.956
1.864
669
1.579
8.825
8.328
19.401
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Vias Navegáveis
Vias economicamente navegadas
Embarcações próprias
11.816
8.066
1.674
7.136
28.692
173
AQUAVIÁRIO
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto
Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM
ALL do Brasil S.A.
FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A.
MRS Logística S.A.
Outras
Total
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
72
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
BOLETIM ECONÔMICO
R$ bilhões
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
25
20
15
10
5
0
Investimentos em transporte da União por Modal
(total pago acumulado - até setembro/2013 (R$5,50 bilhões)
Investimentos em Transporte da União
(Orçamento Fiscal)
(dados atualizados setembro/2013)
1,12
(20,4%)
16,40
4,23
(76,8%)
5,50
4,54
0,06
(1,1%)
0,96
0,09
(1,7%)
Autorizado*
Valores Pagos do Exercício
Total Pago
Restos a Pagar Pagos
Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores
RECURSOS DISPONÍVEIS E
INVESTIMENTO FEDERAL (ATÉ SETEMBRO DE 2013)
Orçamento Fiscal e Estatais (Infraero e Cia Docas)
(R$ milhões correntes)
Recursos Disponíveis
16.407,27
Autorizado União
Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas)
3.331,26
Total de Recursos Disponíveis
19.738,52
Investimento Realizado
4.231,97
Rodoviário
1.124,29
Ferroviário
309,69
Aquaviário (União + Cia Docas)
977,05
Aéreo (União + Infraero)
6.642,99
Investimento Total (Total Pago)
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal);
Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG).
Nota (A) Dados atualizados até 28.09.2013 (SIGA BRASIL). (B) Em 18 de junho de 2013 foram excluídos R$ 6 bilhões
do valor autorizado para investimento em transporte no Orçamento Fiscal. Esses recursos eram referentes a créditos
extraordinários autorizados pela MP nº 598 de 27/12/2012. Findo o prazo para a apresentação do Projeto de Decreto
Legislativo para a MP, esta perdeu a validade e os créditos previstos foram devidamente retirados do orçamento.
Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento da arrecadação e
do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, criada pela
Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser realizado, já que a alíquota da CIDE foi reduzida a zero
pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012. Os recursos da CIDE eram destinados aos seguintes fins: (a) ao pagamento de
subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (b) ao
financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (c) ao financiamento de
programas de infraestrutura de transportes.
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - SETEMBRO/2013
PIB (% cresc a.a.)1
Selic (% a.a.)2
IPCA (%)3
Balança Comercial
Reservas
Internacionais4
Câmbio (R$/US$)5
2012
acumulado
em 2013
últimos
12 meses
expectativa
para 2013
0,9
7,25
5,84
19,43
2,6
1,9
2,40
9,75
5,82
2,00
9,50
3,43
-1,61
6,09
2,08
373,14
376,04
2,04
2,25
2,30
Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado
27/09/13), Banco Central do Brasil.
Observações:
(1) Expectativa de crescimento do PIB para 2013.
(2) Taxa Selic conforme Copom 08/10/2013.
(3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até agosto/2013.
(4) Posição dezembro/2012 e setembro/2013 em US$ bilhões.
(5) Câmbio de fim de período divulgado em 02/10/2013, média entre compra e venda.
Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0
2008
Investimento Total
ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO
DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(valores em R$ bilhões correntes)
2008 2009 2010 2011
5,1
7,8
10,3
11,2
Rodoviário
0,9
1,0
2,5
1,6
Ferroviário
1,3
1,3
1,0
Aquaviário (União + Cia Docas) 0,8
0,5
0,5
0,7
1,2
Aéreo (União + Infraero)
7,3
10,6
14,8
15,0
Investimento Total
2009
Rodoviário
2010
Ferroviário
2011
Aquaviário
2012
Aéreo
2012
9,4
1,1
0,8
1,4
12,7
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das
Empresas Estatais (DEST-MPOG).
8
R$ bilhões correntes
Orçamento Fiscal da União e
Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES
(VALORES EM R$ MILHÕES CORRENTES)1
REGIÕES3
Estados
ORÇAMENTO FISCAL (TOTAL PAGO2 POR MODAL DE TRANSPORTE)
Acre
Alagoas
Amazonas
Amapá
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Pará
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rondônia
Roraima
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sergipe
São Paulo
Tocantins
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Nacional
Total
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
Total
35,88
269,61
21,47
27,29
136,03
222,75
4,78
50,65
309,57
182,67
411,96
68,54
187,17
187,92
111,47
120,82
83,79
192,78
278,65
63,57
178,65
18,64
663,12
218,55
93,75
9,57
34,61
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
47,69
4.231,97
0,00
0,00
0,00
0,00
456,28
0,00
0,00
0,00
478,19
0,00
70,57
5,33
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
4,60
17,28
0,00
0,00
0,00
0,14
0,13
0,00
68,44
0,36
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,98
1.124,29
0,00
0,00
3,49
0,00
0,14
2,95
0,00
10,03
0,00
16,21
0,00
0,00
0,00
0,36
0,00
0,00
0,00
0,00
0,20
0,00
0,00
0,00
3,93
0,88
0,00
11,27
0,00
0,00
0,00
3,35
0,00
0,47
6,30
59,58
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
92,56
92,56
35,88
269,61
24,95
27,29
592,46
225,69
4,78
60,69
787,76
198,88
482,53
73,87
187,17
188,28
111,47
120,82
83,79
197,38
296,13
63,57
178,65
18,64
667,20
219,56
93,75
89,27
34,98
0,00
0,00
3,35
0,00
0,47
169,53
5.508,39
Elaboração: Confederação Nacional do Transporte
* Dados atualizados até 28/09/2013 (siga Brasil)
Notas:
(1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a
subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União).
(2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos.
(3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a
mais de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.
Nota técnica CNT
Mudança de fonte de dados de investimentos públicos federais
A partir de janeiro de 2013, a CNT passa a utilizar o SIGA BRASIL como fonte de dados da execução do Orçamento Fiscal da União. Até então, eram utilizados os bancos de dados elaborados pela
COFF (Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira) disponibilizados pela Câmara dos Deputados. O SIGA BRASIL é um sistema de informações sobre orçamento público, que permite acesso
amplo e facilitado ao SIAFI e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos, por meio de uma única ferramenta de consulta . Por ser atualizado periodicamente, o SIGA BRASIL
permite uma análise mais dinâmica da execução orçamentária federal. Além disso, o SIGA BRASIL disponibiliza na mesma base de dados os valores pagos no exercício e os restos a pagar pagos.
Esta característica confere ao sistema maior precisão e segurança no acompanhamento dos investimentos em infraestrutura de transporte. Os dados de execução orçamentária para investimento
em infraestrutura de transporte são divulgados mensalmente pela Confederação Nacional do Transporte por meio de seu Boletim Econômico disponível na revista CNT Transporte Atual e no
site da instituição (www.cnt.org.br).
Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
BOLETIM DO DESPOLUIR
DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat
lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR,
com o objetivo de promover o engajamento de empresários,
caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em
transporte e da sociedade na construção de um
desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos
• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador
• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais
de transporte
• Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES
2013
2007 A 2012
ATÉ JULHO
820.587
132.440
Aprovação no período
88,18%
90,30%
AGOSTO
17.947
TOTAL
970.974
90,03%
88,61%
Federações participantes
20
Unidades de atendimento
68
Empresas atendidas
9.921
Caminhoneiros autônomos atendidos
11.159
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos,
entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.
FEDERAÇÃO
FETRANSPORTES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
SP
11.2632-1010
FETRANCESC
SC
48.3248-1104
FETRANSPAR
PR
41.3333-2900
FETRANSUL
RS
51.3374-8080
FETRACAN
AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA
81.3441-3614
FETCEMG
MG
31.3490-0330
FENATAC
DF, TO, MS, MT e GO
61.3361-5295
RJ
21.3869-8073
AC, AM, RR, RO, AP e PA
92.2125-1009
ES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
RJ
21.3221-6300
RN, PB, PE e AL
84.3234-2493
FETRAM
MG
31.3274-2727
FEPASC
SC e PR
41.3244-6844
CEPIMAR
CE, MA e PI
85.3261-7066
FETRAMAR
MS, MT e RO
65.3027-2978
AM, AC, PA, RR e AP
92.3584-6504
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
62.3598-2677
FETERGS
RS
51.3228-0622
FETRANSCARGA
FETRAMAZ
FETRANSPORTES
FETRABASE
FETRANSPOR
FETRONOR
Passageiros
TELEFONE
ES
FETCESP
FETRABASE
Carga
UFs ATENDIDAS
FETRANORTE
A pesquisa “Caminhoneiros no
Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a
realidade e as necessidades de um
dos principais agentes do setor de
transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à
frota, como distribuição e idade
média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da
frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de
transporte rodoviário.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão
disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
O governo brasileiro adotou o biodiesel
na matriz energética nacional, através
da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação
da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo
diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais,
estratégicos e qualitativos. O objetivo
desta publicação é auxiliar na rotina
operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a
qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo,
ao meio ambiente.
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
NOVEMBRO 2013
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
2009
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL
(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
CO2 t/ANO
1.202,13
140,05
136,15
48,45
47,76
1.574,54
SETOR
Mudança no uso da terra
Industrial*
Transporte
Geração de energia
Outros setores
Total
(%)
76,35
8,90
8,65
3,07
3,03
100,00
PARTICIPAÇÃO
Rodoviário
Aéreo
Outros meios
Total
38,49
Ferroviário
0,83
2%
1,08
3%
1,18
3%
Hidroviário
0,49
1%
0,14
0%
0,14
0%
35,68 100%
37,7
100%
36,38
%
97%
(agosto)
Diesel
(%)
90,46
5,65
3,88
100,00
44,76
44,29
49,23
52,26
55,90
38,44
Gasolina 25,17
25,40
29,84
35,49
39,69
26,87
Etanol
16,47
15,07
10,89
9,85
6,72
PARTICIPAÇÃO
13,29
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc).
** Dados atualizados em 01 de outubro de 2013.
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009**
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CO2
NOx
NMHc
CO
CH4
39,81 100%
VOLUME
34,46
%
97%
VOLUME
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*
TIPO 2008
2009
2010
2011
2012 2013**
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
CO2 t/ANO
123,17
7,68
5,29
136,15
Rodoviário
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
2011
2010
%
97%
MODAL
60%
50%
40%
CO2
NOx
CO
NMHc
MP
30%
20%
10%
0%
Automóveis
GNV
Comerciais Leves (Otto)
Motocicletas
* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV
** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.
Ônibus
Urbanos
Caminhões
Pesados
10
15
10 a 50
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do
Amarante, Pindoretama e Cascavel.
PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.
PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista,
Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata.
Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.
RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri,
São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.
10**
Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova
Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom
Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa
Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo
André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José
dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da
Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.
Demais estados e cidades
500 ou 1800***
* Em partes por milhão de S - ppm de S
** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
*** A partir de 2013, 59% do chamado diesel interiorano passam a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR:
www.cntdespoluir.org.br
2,4%
14,2%
4,1%
10,2%
45,1%
24,0%
Teor de Biodiesel 14,2%
Outros 2,4%
Pt. Fulgor 24,0%
Enxofre 10,2%
Corante 4,1%
Aspecto 45,1%
% NC
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - AGOSTO 2013
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Caminhões
Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA
NO ÓLEO DIESEL - AGOSTO 2013
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL
TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s)*
Japão
EUA
Europa
Ônibus
Caminhões Comerciais Leves
Rodoviários
(Diesel)
médios
Trimestre Anterior
Trimestre Atual
11,0
6,9
6,4
3,0
0,0
AC
0,0
0,0
AL
3,0
2,3
AM
11,0
11,2
2,1
1,9
AP
2,1
4,0
BA
1,9
3,8
0,0
0,9
CE
6,4
4,9
DF
0,9
2,6
ES
2,1
3,5
3,7
3,8
2,1
GO
0,0
0,0
0.3
MA
0,3
2,0
5,3
2,8
4,8
0,0
MG
3,8
3,9
MS
0,0
0,0
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas.
Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT
6,9
6,9
PA
3,7
4,7
PB
5,3
3,3
PE
2,8
3,1
PI
4,8
3,8
2,1
2,9
PR
2,1
1,6
RJ
2,9
3,0
4,5
2,3
0,0
RN
2,3
3,9
RO
0,0
0,0
RR
4,5
3,3
1,4
0,5
2,0
2,9
RS
1,4
1,2
SC
0,5
0,9
SE
2,0
1,0
SP
2,9
2,9
3,1
0,0
TO
0,0
0,0
Brasil
3,1
3,2
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE
POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS
SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de
carbono
(CO)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em
transportar oxigênio. Aspirado em grandes
quantidades pode causar a morte.
Dióxido de
Carbono
(CO2)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo
dos reflexos, inconsciência, parada
das funções cerebrais.
Metano
(CH4)
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e fixas3, atividades agrícolas
e pecuárias, aterros sanitários
e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor.
Quando adicionado a água
torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca,
inconsciência e até mesmo danos
no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global,
por serem gases de efeito estufa.
Compostos
orgânicos
voláteis
(COVs)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e processos industriais4.
Composto por uma grande
variedade de moléculas a base
de carbono, como aldeídos,
cetonas e outros
hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa,
conjuntivite, danos na pele e nos canais
respiratórios. Em contato com a pele pode
deixar a pele sensível e enrugada e quando
ingeridos ou inalados em quantidades
elevadas causam lesões no esôfago,
traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,
perda de consciência e desmaios.
Óxidos de
nitrogênio
(NOx)
Formado pela reação do óxido de
nitrogênio e do oxigênio reativo
presentes na atmosfera e
queima de biomassa e
combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel.
O NO2 é um gás de cor
acastanhada ou castanho
avermelhada, de cheiro forte e
irritante, muito tóxico. O N2O é
um gás incolor, conhecido
popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e
Causam o aquecimento global,
diminui a resistência às infecções
por serem gases de efeito estufa.
respiratórias. A exposição continuada ou
frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5.
tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das
moléculas dos hidrocarbonetos
liberados por alguns poluentes,
como combustão de gasolina e
diesel. Sua formação é
favorecida pela incidência de
luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura
ambiente, instável, altamente
reativo e oxidante.
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na
produção de muco, desconforto na
Gás denso, incolor, não inflamável
respiração e agravamento de
e altamente tóxico.
problemas respiratórios e
cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por
ser um gás de efeito estufa.
Causador da chuva ácida5, que
deteriora diversos materiais,
acidifica corpos d'água e provoca
destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído
de poeira, fumaça e todo tipo de
material sólido e líquido que se
mantém suspenso. Possuem
diversos tamanhos em
suspensão na atmosfera. O
tamanho das partículas está
diretamente associado ao seu
potencial para causar problemas
à saúde, quanto menores,
maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de
pigmentação e a fotossíntese
das plantas, devido a poeira
depositada nas folhas.
Ozônio
(O3)
Dióxido de enxofre
(SO2)
Material
particulado
(MP)
Resultado da queima
incompleta de combustíveis
e de seus aditivos, de
processos industriais e do
desgaste de pneus e freios.
Provoca problemas respiratórios,
irritação aos olhos, nariz e garganta.
Incômodo e irritação no nariz e
garganta são causados pelas
partículas mais grossas. Poeiras
mais finas causam danos ao
aparelho respiratório e carregam
outros poluentes para os alvéolos
pulmonares, provocando efeitos
crônicos como doenças
respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o
desenvolvimento de plantas
e animais, devido a sua natureza
corrosiva. Além de causar o
aquecimento global, por ser
um gás de efeito estufa.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como
substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro.
2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.
3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.
4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.
5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico
resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“O Estado não pode prescindir de sua atribuição de atuar na infraestrutura
pública como instrumento de gestão social e econômica”
TEMA DO MÊS
O caminho para melhorar a infraestrutura de transportes no
A premissa básica deve
ser o interesse público
MARTHA MARTORELLI
omprovadamente, o
processo de industrialização do período pós-guerra trouxe
consigo significativo aumento
do investimento na infraestrutura nacional até o fim dos
anos 70. Da década de 80 até
o fim do século, crises diversas abrem espaço para o aumento nas privatizações, incrementando a participação
da iniciativa privada nas principais áreas de infraestrutura.
No início do século 21, a redução no investimento público
do setor já havia sido reduzido pela metade.
Não há mais quem questione que infraestrutura é fator
de desenvolvimento econômico e social. Inúmeros autores
já comprovaram cientificamente que o capital público investido em infraestrutura produz
mais retorno produtivo para a
sociedade quando comparado
com o mesmo investimento do
capital privado. Isso é facilmente justificado pelo fato de
não haver remuneração pelo
capital, no caso público, ou seja, o retorno seria todo aplicado internamente à estrutura
pública, ao contrário do inves-
C
MARTHA MARTORELLI
Presidente da Aneinfra (Associação
Nacional dos Analistas e
Especialistas em Infraestrutura)
timento privado, que requer a
remuneração do investimento
sob a forma de lucro, o que é
justo, considerando o custo de
oportunidade do capital.
Por outro lado, muito se fala
na ineficiência do Estado, trazendo a atuação da iniciativa
privada como forma de suprir
tal disfunção. Há de se considerar dois aspectos. Infraestrutura pública é, sem dúvida, atividade exclusiva de Estado, pois
deve contemplar políticas públicas de desenvolvimento, entre outros fatores fundamentais de soberania de uma nação. Porém, a centralização estatal da operação dos serviços
tem demonstrado produtividade aquém do desejado.
A participação do capital
privado na infraestrutura, em
geral, e, particularmente no setor de transportes, tem atendido mais satisfatoriamente a
execução dos serviços. Em
contrapartida, experiências
têm demonstrado que a falta
de acompanhamento e de instrumentos que impeçam que
interesses particulares se sobreponham ao público é o
maior questionamento que a
sociedade deve impor.
Por exemplo, é consenso
que o crescimento do modo
rodoviário, em detrimento do
ferroviário, só ocorreu devido a interesses de atores privados, montadoras de veículos, produtores de petróleo,
entre outros, e, como consequência, o Brasil tem hoje
grande ônus financeiro, ambiental, econômico e social
decorrente do abandono das
ferrovias para o transporte
de pessoas e cargas.
Assim, evidentemente não
é apenas o investimento do
setor privado que proverá de
melhorias a infraestrutura de
transporte. O Estado não pode prescindir de sua atribuição de atuar na infraestrutura pública como instrumento
de gestão social e econômica. A melhoria virá à medida
que o acompanhamento estatal e o gerenciamento do governo sobre o investimento
privado, na operação dos
serviços de transporte, proporcione a remuneração justa que mantenha a atratividade para o setor privado,
mas faça prevalecer como
premissa básica da observância do interesse público.
“É na infraestrutura que está um dos maiores desafios para
alcançar o crescimento sustentado e elevar a competitividade”
Brasil é apenas o investimento do setor privado?
A chave do sucesso é investir
e focar em médio e longo prazo
ABÍLIO DOS SANTOS BRAGA
crescimento populacional do país no último século e o consequente aumento
da demanda por deslocamento de cidadãos e produtos
não foram acompanhados
historicamente por uma política de investimentos unificada em nível nacional que permitisse a sua adequada estruturação. Diante desse cenário,
o deficit do ultrapassado sistema de transporte brasileiro
acarreta uma série de prejuízos para o desenvolvimento
socioeconômico nacional.
Em sua configuração macro, o transporte é um gargalo para a competitividade
brasileira, no momento em
que transcende a ideia dos
meios propriamente utilizados, mas envolve um conjunto de questões referentes à
mobilidade urbana e à infraestrutura. O transporte público não pode ser planejado de
forma isolada da lógica urbana, como se configura o ineficiente modelo atual, sobretudo nas grandes metrópoles,
que concentram a maior parte da população do país.
Essa ineficiência operacio-
O
nal, que pode ser percebida
em diferentes níveis nas regiões brasileiras, gera prejuízos diretos tanto para a sociedade como para a indústria nacional. É na infraestrutura que está um dos maiores
desafios para alcançar o
crescimento sustentado do
país. O Brasil fica atrás de
países emergentes e mesmo
dos vizinhos em quesitos básicos: dentro do território
brasileiro, por exemplo, o
custo de logística chega a
custar 15% do valor do produto. Sem investir em estrutura de transporte e inovação, o país não elevará sua
competitividade.
Apesar dos investimentos
em função do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), do pré-sal e de eventos
esportivos, como a Copa do
Mundo e as Olimpíadas, o ritmo desse processo ainda é
lento. No momento em que
for entregue, essa infraestrutura irá atender à demanda atual e imediatamente
aparecerão novas necessidades modais. Esse é o tipo de
equívoco que não pode mais
se repetir no país que ala-
vanca a sétima maior economia do mundo.
Para sanar o gargalo, é
preciso pensar o transporte
brasileiro como um robusto
sistema integrado, e o Estado
tem papel central nisso. No
contexto atual, atrair um volume maior de investimentos
não é o suficiente. A chave do
sucesso é realizar investimentos com foco em médio e
longo prazo, baseados em
modelos de gestão e transparência para potencializar os
resultados alcançados para
os setores público e privado.
Como parte desse choque
de gestão proposto pelo MBC
(Movimento Brasil Competitivo), deve-se considerar um
conjunto de ferramentas e
técnicas de monitoramento
de gastos e de gerenciamento
de processos, visando gerar
maior eficiência para o país e
reduzir desperdícios. O caminho para gerar o verdadeiro
salto de desenvolvimento no
setor de transportes e prestar
serviços de qualidade aos cidadãos, portanto, é investir na
governança e naqueles fato- ABÍLIO DOS SANTOS BRAGA
res que geram um ambiente Diretor-presidente do MBC
mais inovador e competitivo. (Movimento Brasil Competitivo)
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2013
81
“Era urgente que fosse feita justiça e que os descendentes dessa
categoria de profissionais pudessem se sentir mais seguros”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Valorização do taxista
E
ntre os mais importantes segmentos de transporte
de pessoas estão os serviços de táxi que, com o
transporte rodoviário coletivo urbano, realizam o
deslocamento de milhares de pessoas com as mais
variadas finalidades. Assim, além de desempenhar
um papel indispensável ao dinamismo das cidades e
na mobilidade das pessoas, os serviços de táxi também
apoiam a atividade turística, transportando para o turismo de negócios, de lazer, religioso ou ecológico.
O taxista é uma espécie de cartão de visitas vivo, já que ele é o primeiro contato de quem chega a
uma determinada localidade, que transmite informações essenciais e úteis ao visitante, oferece as
melhores dicas da cidade para quem está fora de
casa, seja a lazer ou a trabalho, e, algumas vezes,
até mesmo para os residentes. Circular pela cidade
faz com que o taxista seja aquele que conhece melhor do que qualquer outro cidadão o melhor local
para se hospedar, visitar, comer ou fazer compras.
No último mês de outubro, esses valorosos profissionais foram beneficiados pela medida provisória nº
615/2013, que admite que a concessão da licença de taxista seja tratada como patrimônio, permitindo a sua
transferência para terceiros ou para os herdeiros, em
caso de falecimento do titular. Essa medida contou
com meu total empenho para sua aprovação e foi com
muita satisfação que participei - com a presidente Dilma Rousseff e com representantes dos taxistas - da
solenidade que sancionou aquele instrumento legal.
Essa foi realmente uma grande vitória para os
nossos taxistas e para o setor de transporte. Trata-se
de um importante trabalho do Senado e do Congresso Nacional em prol dessa categoria profissional que,
sendo de autônomos, na grande maioria dos casos,
luta incessantemente para garantir uma vida digna
para seus familiares, sempre na incerteza do que será deles em caso de seu falecimento. Muitas lideranças de taxistas têm expressado para mim a sua ale-
gria porque essa medida resgata um sonho antigo
desses profissionais, que seria garantir, de alguma
forma, o futuro sustento de sua família.
O dia a dia de trabalho dos taxistas é árduo. Eles enfrentam os congestionamentos, a falta de segurança,
especialmente nos grandes centros urbanos, e o estresse do trânsito caótico de muitas cidades, proveniente
das dificuldades modernas de mobilidade urbana. Com
tudo isso, era urgente que fosse feita justiça e que os
descendentes dessa categoria de profissionais pudessem se sentir mais seguros.
Muitas vezes, são os taxistas os únicos responsáveis
pelo sustento de suas famílias. E na ausência do titular,
não fazia sentido que, além da dor da perda, os familiares ficassem também sem a única fonte de renda. Ao
fim, o mais importante é o direito legítimo à sucessão
que esposas, filhos e herdeiros passam a ter, garantindo a manutenção da renda, na ausência permanente do
titular. Rompe-se, com a lei, o trauma financeiro que representava para a família a morte do provedor taxista.
A CNT recebe com entusiasmo a nova lei da hereditariedade de concessão para os taxistas, com a compreensão de que se faz justiça a um profissional imprescindível ao bom funcionamento das cidades e merecedor de mais atenção em suas reivindicações pelo
poder público. Porém, acima de tudo, os transportadores acreditam que os novos direitos aos motoristas de
táxis representam aperfeiçoamento e melhores condições de prestação do serviço, especialmente às vésperas dos grandes eventos mundiais esportivos que serão
realizados no Brasil no ano que vem e em 2016. Portanto, torna-se ainda mais imprescindível que esses profissionais sejam devidamente valorizados. Na Copa do
Mundo e nas Olimpíadas, o trabalho dessa categoria será fundamental para o bom acolhimento dos milhares
de turistas de todo o mundo que estarão no Brasil.
Parabéns a todos os taxistas por essa vitória agora
conquistada.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE
Clésio Andrade
VICE-PRESIDENTES DA CNT
TRANSPORTE DE CARGAS
NOVEMBRO 2013
José Severiano Chaves
Eudo Laranjeiras Costa
Antônio Carlos Melgaço Knitell
Eurico Galhardi
Francisco Saldanha Bezerra
Jerson Antonio Picoli
João Rezende Filho
Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL
As cartas devem conter nome completo,
endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti
PRESIDENTES DE SEÇÃO
E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin
Otávio Vieira da Cunha Filho
TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti
Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes
Edgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Pedro José de Oliveira Lopes
Paulo Sérgio Ribeiro da Silva
Eduardo Ferreira Rebuzzi
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emílio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Viana
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay
Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa
José Alexandrino Ferreira Neto
José Percides Rodrigues
Luiz Maldonado Marthos
Sandoval Geraldino dos Santos
Éder Dal’ Lago
André Luiz Costa
Diumar Deléo Cunha Bueno
Claudinei Natal Pelegrini
Getúlio Vargas de Moura Bratz
Nilton Noel da Rocha
Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Júlio Fontana Neto
TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou
José Afonso Assumpção
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
David Lopes de Oliveira
Éder Dal’lago
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
Waldemar Araújo
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
Eduardo Ferreira Rebuzzi
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna
Paulo Duarte Alecrim
André Luiz Zanin de Oliveira
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Roberto Sffair
Luiz Ivan Janaú Barbosa
José Roque
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
Alcy Hagge Cavalcante
SUCATA
É louvável a parceria da Ferroeste
com o Dnit para a recuperação e
posterior utilização dos
equipamentos que pertenceram
à extinta Rede Ferroviária Federal,
como bem mostrou a reportagem
publicada na edição nº 216 da
revista CNT Transporte Atual.
Estão de parabéns os protagonistas
dessa iniciativa. Não há motivos
para que essas peças se percam
se elas podem ser reaproveitadas.
Joaquim Simão
Conselheiro Lafaiete/MG
Transporte” da revista. Elas
trazem um panorama das
novidades e tendências no
transporte de cargas e de
passageiros, além de notícias
sobre os setores aquaviário,
ferroviário e o de aviação.
Sempre de forma clara e
objetiva. As fotos são sempre
bem interessantes, o que
valoriza ainda mais a seção.
Continuem nos informando
desta forma.
Joana Karla
Anápolis/GO
REPORTAGEM DE CAPA
CONTEÚDO DA REVISTA
Conheci a revista CNT Transporte
Atual por meio de um amigo
taxista e gostei muito do conteúdo
das reportagens. Elas abordam
assuntos diversos e de interesse
para pessoas que, como eu,
estão atrás de oportunidades
nos setores de transporte e de
logística. Tenho acompanhado o
crescimento brasileiro nessas
áreas, e acredito que a tendência
é que a cada dia elas ofereçam
mais chances de trabalho. Quero
parabenizar toda a equipe
dessa publicação.
São vários os motivos que
determinam o sucesso ou o
fracasso dos leilões de obras de
infraestrutura no Brasil. Mas, sem
dúvida, a falta de planejamento,
de regras claras e a morosidade
imposta pela burocracia aos
processos estão entre os
principais. A reportagem de capa
da revista nº 216 vai direto ao
ponto. É preciso eliminar as
incertezas que cercam as concessões
ou veremos os interessados
investindo em outros países.
João Calixto
Teresina/PI
César Arruda
Feira de Santa/BA
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
MAIS TRANSPORTE
Gosto muito de ler as notas que
são publicadas na seção “Mais
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar
70070-010 - Brasília (DF)
E-mail: [email protected]
Por motivo de espaço, as mensagens serão
selecionadas e poderão sofrer cortes
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aqui - CNT