EPILEPSIA Dra Maria Stela Lessa Paganelli CCS - UEL - Neuropediatria EPILEPSIA INTRODUÇÃO: Conceitos Célula nervosa: geração permanente de corrente elétrica: 30 bilhões de neurônios descarregando continuamente . Epilepsia : Conceitos EPILEPSIA: é a recorrência ou cronicidade das crises comiciais não ocasionais (não provocadas ) Não é epiléptico: Crise única Em doenças em atividade ( meningites e encefalites) Distúrbios metabólicos e hipóxicos Traumas de crânio, convulsões febris. HISTÓRIA DA EPILEPSIA Trepanações : libertar os maus espíritos ou demônios presos na caixa craniana de alguns doentes, entre os quais pessoas com epilepsia • Epilepsia como a doença dos Deuses em referência a Hércules que teria essa doença. • A doença da lua. A influência lunar nos transtornos afetivos e na epilepsia. • Epilepsia como doença infecciosa: venenos ou toxinas que invadiam o corpo. HISTÓRIA DA EPILEPSIA • A visão de Hipócrates sobre epilepsia como um distúrbio cerebral nos séculos 18 e 19 • Os quase 2000 anos que os separam foram dominados pelo conceito advindo da Antigüidade da influência de forças sobrenaturais. • 1857 foi introduzido o brometo, a primeira droga antiepiléptica eficaz • As bases dos conceitos atuais sobre a desestruturação funcional na epilepsia foram propostas por John Hughlings Jackson (1873): as crises constituem o resultado de breves descargas eletroclínicas cerebrais e as características clínicas das crises dependerão da localização e função EPILÉPTICOS FAMOSOS • CRISE EPILÉPTICA Paroxismos transitórios e intermitentes, decorrentes de descargas elétricas neuronais anormais, difusas ou localizadas, em alguma área do cérebro. Produzindo fenômenos: motores, sensitivos, psíquicos ( a depender da área em que estejam ocorrendo essas descargas). CLASSIFICAÇÕES Classificação Internacional de 1981: A) Primária ou Essencial (P): causa desconhecida. Secundária ou Sintomática (S): seqüelar a lesões cerebrais. B) Focal Generalizada • PARCIAIS ou FOCAIS : quando as crises têm origem em áreas corticais localizadas : os focos epilépticos. Manifestações vão depender da área afetada: lobos frontais, temporais, ocipitais, parietais. Geralmente não perde a consciência . • GENERALIZADAS : crises com descargas sincrônicas provenientes de ambos os hemisférios. • Generalizadas -Tônico-clônico ou Grande mal - Ausência ou pequeno mal - mioclônicas - Sind.West (80% S) - Sind. Lennoux Gastaut(80%S) -clônicas -tônicas - atônicas • Parciais - simples (S): com sintomas motores, auditivos, olfatórios, visuais, autossômicos, psíquicos. - complexas (S): automatismos, perda parcial da consciência. (geralmente lobo temporal, psicomotoras) TIPOS DE DISTÚRBIOS • Distúrbios motores: movimentos tônicos, clônicos, mioclônicos, atônicos. • Distúrbios da consciência: perda total ou parcial. • Alterações do comportamento: agressividade, agitação, automatismos: mastigatorios, fazer caretas, despir-se, pegar e soltar repetitivamente objetos. • Alterações da sensibilidade ou vegetativas : parestesias, palidez, alterações cardíacas. ANAMNESE • Circunstâncias do aparecimento • horário • duração • fenômenos ocorridos • • • • são crises ao acordar? durante o sono? com febre? fatores desencadeantes? Crise Tônico-clônica generalizada • Grito, perda súbita da consciência , queda ao solo, contração e hiperextensao de membros: fase tônica. • Relaxamento mm, abalos mm, rítmicos:fase clônica • Liberação de fezes e urina. • EEG intercrítico pode ser normal ou com pontas ou polipontas generalizadas. • Prognóstico é bom • Pode ser sequência da crise parcial. Crise tipo Ausência Típica • Perda completa e súbita da consciência, sem fenômenos motores. • Fica parada, com olhar vago, duração de breves segundos. • Movimento palpebral rápido • Sensíveis à alcalose, com crises à hiperpneia. • Crise tipo Pequeno Mal • EEG é patognomônico: surtos de ponta-onda 3 ciclos por segundo (hiperpneia) • Idade escolar, crianças e adolescentes Crises mioclônicas • Abalos involuntários de flexão abrupta, breves, que podem ocorrer em todo o corpo, ou em parte dele, às vezes com queda ao solo, arremessa objetos. • Mioclônica juvenil, Mioclônica infantil grave • EEG: surtos bilaterais e difusos de polipontas e ponta-ondas Síndrome de West • Espasmos bruscos ou mioclônicos: flexão da cabeça, adução de MMSS,flexão dos MMII , tipo “sustos” • Parada ou regressão do DNPM • EEG: hipsiarritimia: lento , desorganizado. Síndrome de West • 80% é secundária a causas pré, peri, pós natais: anóxia, malformações, erros inatos metabolismos, Sd Aicardi, Esclerose Tuberosa. • Início: 2 aos 15 meses. Prognóstico ruim. Sindrome de Lennoux - Gastaut • • • • Forma mais grave de Epilepsia em crianças 80% secundárias, prognóstico ruim Início: 2 a 10 anos, atraso DNPM Crises variadas e de difícil controle: astáticoacinético (Dropp-atack), ausência atípica, tônicas axiais, mioclônicas, atônicas. • EEG: surtos ponta-onda lenta 2 a 21/2 ciclos por segundo. Crises Parciais • Afastar sempre causas secundárias: neoplasias, disgenesias, neurocisticercose • descargas elétricas anormais focais, no córtex cerebral. • Simples • Complexas Crises parciais simples • Fenômenos motores e/ou sensitivos, sem alteração da consciência; • Lobos: frontais: motoras parietais:sensibilidade ocipitais: visuais • Epilepsia rolândica • Epilepsia benigna/paroxismos ocipitais Crises parciais complexas • Fenômenos afetivos, cognitivos, sensoriais, com alterações da memória e consciência. • temporais ou psicomotoras; • 5 a 10 anos; • Temporal: perda consciência total ou parcial + fenômenos motores • agressividade, alteração da afetividade, alucinações Convulsão febril • Idade: 6m a 5 anos. Benignidade. Aumento brusco da temperatura = crise • Tratar ou não tratar a primeira crise? Menores de 13 meses, crises prolongadas e focais, história familiar positiva • drogas profiláticas: Fenobarbital, Valproato de sódio. Benzodiazepínicos na crise. Crises neonatais • Crises mistas, multifocais, com movimentos faciais, crises de cianose, apneias, movimentos das mãos e pés (remar e pedalar). • Causas secundárias: metabólicas (diminuição da glicose, cálcio, magnésio, potássio, aminoácidos) Encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragia cerebral, infecções. • Convulsão familiar benigna, Crise do quinto dia. Crises : Quando tratar? • Sempre: menores de 4 anos, maiores:crise prolongada, paralisia de Todd • EEG alterado sem crises: não tratar . • droga de escolha: monoterapia, a correta para cada tipo de crise • duração mínima:2 a 3 anos, suspensão gradual do anticonvulsivante. Nova classificação ILAE 2001 A) Subgrupos de crises epilépticas: - crises auto-limitadas : focais, generalizadas - crises contínuas: status epilepticus generalizado, status epilepticus focal - fatores precipitantes de crises reflexas • Lista das crises epilépticas: Crises autolimitadas: 1- Crises neonatais 2- Crises focais sensitivo-sensoriais: - com sintomas elementares - com sintomas experienciais 3- Crises motoras focais: - com sinais motores elementares clônicos - com sinais motores tônicos assimétricos - crises com automatismos típicos do lobo temporal - crises com automatismos hipercinéticos 3- Crises motoras focais: - com sinais motores elementares clônicos - com sinais motores tônicos assimétricos - crises com automatismos típicos do lobo temporal - crises com automatismos hipercinéticos - crises com mioclonias negativas focais - crises motoras inibitórias. 4- Crises gelásticas 5- Crises hemiclônicas 6- Crises secundariamente generalizadas 7- Crises reflexas em síndromes de epilepsias focais. Crises Generalizadas: 1- Tônico clônica 2- Crises clônicas 3- Crises tônicas 4- Crises de ausência típica 5- Crises de ausência atípica 6- crises de ausências mioclônicas 7- Espasmos 8- Crises mioclônicas 9- Mioclonias palpebrais 10- Crises mioclono-atônicas 11- Mioclônicas negativas 12- Crises atônicas 14- Crises reflexas nas síndromes epilépticas generalizadas. • Crises contínuas status epilepticum generalizado 1) Status epilepticus tônico-clônico 2) Status epilepticus clônico 3) Status epilepticus de ausência Status epilepticus 4) Status epilepticus tônico 5) Status epilepticus mioclônico • Status epilepticum focal 1- Epilepsia continua de Kozhevnikov 2- Aura contínua 3- Status epilepticum límbico 4- Status hemiconvulsivo com hemiparesia DROGAS ANTICONVULSIVANTES • TCG: 1a. Fenobarbital, Carbamazepina, Ácido Valpróico 2a. Fenitoína • Ausência: 1a. AcV. 2a. benzodiaz • Parciais 1a.:CBZ 2a.Fenitoína, primidona, Acido valpróico • West: ACTH, Ac Valproico, Benzodiazepínicos, Sabril • Lennoux:AcValproico ,Bzd, Topiramato, Lamotrigina • Febril:Fb, AcV. • Neonatal: Fb, Fenitoina benzodiazepínico. • FENOBARBITAL: aumenta inibição do GABA, a abertura de canais de cloretos e diminui potenciais de ação dependentes de cálcios. • FENITOINA: interfere no transporte de Sódio • CARBAMAZEPINA: altera canais Na, age na liberação do aspartato , bloqueio de descargas repetitivas. • VALPROATO: Aumento GABA, limites de surtos de PA, bloqueia influxo de Na, altera canais de cálcio talâmicos. Novas drogas anticonvulsivantes (DAE) • OXCARBAMAZEPINA: atua canais iônicos de Na, K, Ca, parecida com CBZ , minimizado efeitos colaterais. • LAMOTRIGINA: inibe glutamato e aspartato (excitatórios), canais de Na . Crises parciais e generalizadas, difícil controle, Lennoux gastaut, Mioclônicas, Ausências.. • VIGABATRINA: análoga ao Gaba (NT inibidor), acomete campo visual irreversivelmente • TOPIRAMATO: inibidora da anidrase carbônica, bloqueia canais de Na, potencializa efeitos do Gaba. Crises refratárias. West, Lennoux • GABAPENTINA: compete com aminoácidos orgânicos, crises parciais. Outros tratamentos: • Dieta cetogênica • Cirurgias de epilepsias