ACIOENTES NO PERClJRSO DO TEXTO: UMA LEITURA DIFiclL
Jeane Mari Sant' Ana SPERA (UNESP)
A concep~ao de linguagem como uma atividade orientada para a produ~ao de determinados efeitos, ou seja.
como forma de intera~ao entre os indivfduos. obriga a considera~ao das condi~6es de produ~ao do discurso. A
partir desse conceito de linguagem. serao feitas. neste trabalho. ;;onsidera~6es sobre 0 papel do interlocutor no
processo discursivo. 0 texto em exame - uma reportagem jornaJfstica sobre 0 fracasso de uma mensagem
publicitana - mostra que. de fato, a interlocutor e elemento constitutivo do texto, ja que 0 sentido e construfdo
na interlocuc;:ao, na qual os interlocutores se constituem e sac constitufdos. Decorrente dessa concep~ao. a
atividade do interlocutor. no que diz respeito a compreens20 e interpreta~ao, deve ser considerada no
processamento do texto. Para assegurar a produ~ao do efeito visaeo. cabe, portanto, ao locutor criar as condic;:6e,
necessanas para que seu interlocutor construa 0 sentido do texto. Ora, a reportagem em analise destaca.
justamente. 0 fato de que falhas na "constituic;:ao" do interlocutor como colaborador do texto abortam a atividade
comunicativa, provocando a cria~ao de sentidos declaradamemc nao previstos pelos locutores. No texto em
questao, a produc;:ao de inferencias baseadas no conhecimento de mundo dos leitores provoca multiplicidade de
leituras que nao coincidem com aquelas para as quais 0 texto es:.ava orientado. Pode-se afirmar, portanto, que as
condic;:6es de produc;:ao do discurso foram ignoradas e que as regras estabelecidas para 0 jogo da interlocuc;:ao
foram desrespeitadas. a que resultou num texto de diffcil interpre:.ac;ao para seus leitores.
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