Boletim Econômico – Edição nº 74 – novembro de 2015
Organização: Maurício José Nunes Oliveira – Assessor econômico
Inflação, desemprego e queda na
renda: uma triste crise no Brasil
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Piora a crise econômica
O rendimento médio mensal do brasileiro completou, em outubro, o
décimo mês consecutivo de queda real, ou seja, já descontada a
inflação, na comparação anual. A informação consta da Pesquisa Mensal
de Emprego (PME) do IBGE que apontou também taxa de desemprego
de 7,9% em outubro de 2015.
Desemprego cresce (em %)
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
7,9
5,3
4,7
4,8
5,9
6,2
6,4
6,7
6,9
7,5
7,6
7,6
4,3
O rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.182, queda de 7% em
relação ao verificado em igual período do ano passado. Em outubro do
ano passado, o rendimento médio real do trabalhador era de R$ 2.345.
Foi a maior queda real na renda para o mês de outubro desde 2003,
quando o país havia registrado recuo de 13%. Na passagem de
setembro para outubro deste ano, a renda teve queda real de 0,6%.
Renda cai (em R$)
2.400,00
2.363,03
2.350,00
2.300,00
2.250,00
2.200,00
2.150,00
2.345,81
2.327,65
2.294,74
2.319,50
2.219,21 2.193,17 2.211,57
2.229,81
2.200,43 2.194,71
2.176,41
2.182,10
2.100,00
2.050,00
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Inflação e mercado de trabalho
A queda real na renda tem duas origens: inflação alta e a piora do
mercado de trabalho. A inflação, um dos principais fatores que corroem a
renda do trabalhador, atingiu 10,28% no acumulado em 12 meses
encerrados em novembro, tendo impacto direto no indicador.
Segundo O IBGE, como há o aumento das demissões e uma maior
procura por emprego, o trabalhador perde o poder de barganha sobre
seu salário. Em períodos de mercado aquecido, a mobilidade resultante
do aumento das ofertas de emprego pressiona os salários para cima. As
empresas estão dispensando e não há novas contratações. Os
trabalhadores não estão num bom momento para receber aumentos ou
promoções.
Inflação dispara (em %)
12,00
10,00
6,69 7,36
6,42
6,00
8,80
7,90
8,00
9,57 9,57
8,22
8,24
8,25
10,28
9,77
6,46
4,00
2,00
0,00
Renda e desemprego
O efeito da perda de renda tem tido impacto na taxa de desemprego.
Com a piora do nível salarial, mais pessoas passam a procurar
empregos. Indivíduos que estavam fora do mercado de trabalho se veem
compelidas a buscar uma oportunidade ao verificar que a renda dos
demais integrantes da família está mais apertada.
Esse fator pressiona a fila por emprego. A chamada população
desocupada - desempregados em busca de inserção - atingiu 1,91
milhão em outubro. No intervalo de um ano - outubro de 2015 e outubro
de 2014 - o contingente cresceu 67,5%, recorde histórico da pesquisa,
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iniciada em 2002. No período, 771 mil pessoas ingressaram na fila por
emprego.
A queda na renda acumula nove meses de retração na comparação
anual. Em fevereiro, o indicador teve sua primeira queda real no ano, de
0,5%. Em maio, o recuo foi de 5%. Outubro, com queda de 7%, foi o
recorde para mês nos últimos doze anos.
Carteira de trabalho
A piora no mercado de trabalho se traduziu em perda de postos formais e
informais. O número de trabalhadores com carteira assinada recuou 4%
na comparação anual, com perda de 470 mil postos formais no período.
Já os postos informais tiveram uma perda 173 mil vagas - o contingente
sem carteira recuou 8,7% no período. Na comparação de outubro com
setembro, houve queda de 0,8% nos postos formais e de 4,5% nos
informais.
Na outra ponta aumentou a quantidade de trabalhadores por conta
própria, mas não suficiente para manter o saldo positivo. A categoria
encerrou outubro com 4,4 milhões. No ano, o número cresceu 0,6%, ou
28 mil novos postos, e no mês, 1%, com 43 mil novas vagas.
O índice de miséria subiu
Com a inflação em alta de 10,28% e a taxa de desemprego em 7,9% (até
outubro/15), o chamado índice de miséria do Brasil disparou. Passou de
mais de 10% no início do ano para 18,18% até o momento. Esse índice é
o pior desde 2008, ano da crise financeira internacional, quando
alcançou perto de 14%. O indicador no Brasil também está entre os
piores do mundo.
Não existe perspectiva de melhora nesse índice no curto prazo já que
todos os setores econômicos estão desempregando, principalmente a
indústria.
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