Diabetes Insípidus e SSIADH Caso clínico 1 Paciente X, sexo masc., 10 anos, estudante, natural e procedente de São Paulo. Queixa principal: Aumento do volume urinário e sede excessiva há 15 dias. História clínica: Mãe refere que a criança apresenta nestes últimos dias aumento do volume urinário associada a sede excessiva. Refere que pela medida caseira a criança urinou mais de 8 litros em 1 dia, notou também que a criança acordou várias vezes à noite para urinar e consumiu mais de 6 litros de água no dia anterior. Associado a este quadro, a mãe refere que a criança está abaixo da altura em relação aos colegas, queixa-se sempre de cefaléia e turvação visual. Nega convulsões. Exame físico: Bom estado geral, hidratada, corada, afebril. Pressão arterial 100 x 60 mmHg Frequência cardíaca: 70 bpm Estatura: 120cm (estatura de criança de 7 anos) Peso: 23Kg Genitais: pré-puberais Exame neurológico: normal Exames complementares Exames Laboratoriais – ver Tabela 1 Avaliação neuro-oftalmológica:discreto edema de papila e comprometimento do campo visual. Raio X de crânio: presença de calcificações RNM: presença de lesão neoplásica com características sugestivas de craniofaringeoma Exames de imagens Rx de crânio: calcificações RM de encéfalo: lesão sólida com áreas hipointensas que podem representar calcificações. Localiza-se na cisterna supraselar e cisterna interpeduncular Diagnóstico e conduta Diabetes insípidus central Tumor do Sistema Nervoso Central sugestivo de craniofaringeoma com manifestação neurooftalmológica Conduta: compensar o diabetes insípidus e tratamento cirúrgico (remoção do tumor) Seguimento Procedimento cirúrgico sem intercorrências. Anátomo patológico: craniofaringeoma No pós-operatório paciente foi monitorado na Unidade de Terapia Intensiva evoluiu com diurese aumentada (6 litros/dia) e balanço hídrico ( ingesta líquida – perda líquida) negativo, havendo necessidade de equilibrar a oferta hídrica para alcançar um bom controle hídro-eletrolítico e administração de desmopressina (análogo do hormônio anti-diurético –ADH- sintético, administrado na dose de 0,5µg de 12/12 horas, via subcutânea). Recebeu alta hospitalar em uso de Desmopressina 0,1 mL 12/12hs via intranasal. No primeiro retorno paciente apresentando ao exame físico desidratado, mucosas secas, PA: 90/50 mmHg. Exames complementares: Na: 162 mEq/L (normal: 135 – 145 mEq/L) Osmolalidade plasmática : 305 mOsm/Kg (normal 280 - 295 mOsm/Kg) Volume urinário 600 mL/ densidade urinária 1020 Mãe informa que a criança não ingere água e não sente sede. Questões 1 – Quais os estímulos para secreção de ADH? 2- Como atua o ADH no rim? 3- Quais os mecanismos fisiopatológicos da poliúria (aumento do volume urinário) e polidipsia (aumento de sede) iniciais deste paciente. 4- Porque um tumor do sistema nervoso central pode causar diabetes insípidus? 5- Quais as outras causas de poliúria e polidipsia que devem ser afastadas? 6- Porque ocorre densidade urinária diminuída e hipoosmolalidade urinária? 8- A osmolalidade plasmática está sempre aumentada no diabetes insípidus? Por quê? 9- Como explicar a hipernatremia, aumento da osmolalidade plasmática e redução do volume urinário no pós-operatório deste paciente? Caso clínico 2: Paciente do sexo feminino, 45 anos, com quadro depressivo vem utilizando carbonato de lítio há 2 anos. Iniciou quadro de aumento de diurese, sede excessiva (>6 litros de agua por dia) e aumento do volume urinário (8 litros no dia anterior). Procurou pronto-atendimento com suspeita de diagnóstico de diabetes mellitus. Ao Exame Físico: bom estado geral, hidratada, corada, eupneica. PA=120/80 mmHg, FC 80 bpm Exames complementares: ver Tabela 1 Questões: 1- Qual a hipótese diagnóstica da paciente? 2- Pela história clínica podemos suspeitar a etiologia desta patologia? 3- Explique o mecanismo fisiopatológico do lítio sobre o rim. 4 – Como diferenciar diabetes insípidus nefrogênico do central ou neurogênico? 5- Quais as causas de diabetes insípidus nefrogênico? Caso clínico 3 Um mulher de 53 anos está internada há 15 dias com diagnóstico de meningite bacteriana tendo sido medicada e com quadro clínico regular. Há 2 dias começou a apresentar náuseas, com piora progressiva há 1 dia, associado a vômitos, fraqueza, indisposição geral e confusão mental. Antecedentes pessoais: Hipertensão arterial leve coontrolada. Nega antecedentes cardiovasculares, neurológicos ou endócrinos. Exame físico: estado geral regular, corada, hidratada, sonolenta, dispneica. Edema ausente PA (deitada) = 110/80 mmHg FC= 80 spm Exames complementares: ver Tabela 1 Ressonância magnética de encéfalo: sem alterações significativas. Tabela 1 - Exames complementares Exame Caso 1 Caso 2 Caso 3 Valores de referência Hemoglobina(g/dL) 13 12,5 13,4 11 - 14 Leucócitos 12 000 8600 10.400 4000 – 11 000 Glicemia (mg/dL) 84 97 99 70 - 99 Na sérico (mEq/L) 142 140 120 135 – 145 K sérico (mEq/L) 3,8 3,5 3,4 3,5 – 5,0 Ca (mg/dL) 8,8 9,0 8,5 8,4 – 10,2 Ureia 32 38 25 10 – 50 Volume urinário de 24 hs (mL) 9300 8400 1200 600 - 2500 Densidade urinária 1003 1004 1018 1015-1025 Na urinário (mEq/dia) 45 38 150 40 – 220 K urinário (mEq/dia) 30 38 55 25-125 Osmolalidade plasmática (mOsm/L) 294 298 254 280-295 Osmolalidade urinária (mOsm/Kg) 250 200 450 300 – 900 Creatinina 0,9 1,1 1,0 0,7 – 1,3 TSH (mU/L) 1,2 1,5 0,9 0,5-4,5 Cortisol (µg/dL) 21 17 23 5 – 25 Questões • Como explicar a hiponatremia desta paciente? • Definir secreção inapropriada de hormônio anti-diurético (SIADH) • Citar as causas de SIADH • Definir os critérios laboratoriais para diagnóstico de SIADH • Como estaria o valor de hormônio anti-diurético no plasma? • Quais as manifestações clínicas da hiponatremia? • Citar os diagnósticos diferenciais da hiponatremia (hipervolêmica, euvolêmica e hipovolêmica). Situar a secreção inapropriada de ADH neste contexto.