Caracterização da Ingestão Nutricional e da Taxa de Atividade Física em Adolescentes Portugueses: estudo comparativo entre adolescentes com e sem sobrepeso Dissertação com vista à obtenção de grau de Mestre (Decreto-Lei nº 216/92 de Outubro) em Ciências na área de especialização de Atividade Física e Saúde. Orientador: Prof. Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos Carlos Eduardo Gonçalves da Costa Vasconcelos - Porto, Setembro de 2013- Vasconcelos, C. (2013). Caracterização da Ingestão Nutricional e da Taxa de Atividade Física em Adolescentes Portugueses: estudo comparativo entre adolescentes com e sem sobrepeso. Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto, com especialização em Atividade Física e Saúde. Faculdade de Desporto – Universidade do Porto. PALAVRAS-CHAVE: NUTRIÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA, ADOLESCENTES, PESO NORMAL, SOBREPESO Agradecimentos Ao Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos. Foi, sem sombra de dúvidas, o elemento fulcral para o término da minha Dissertação. É um gosto trabalhar consigo Professor. Já o tinha dito no término da minha Tese de Monografia e reforço a minha opinião. O Professor é de facto um EXEMPLO. À Tânia Amorim, pela ajuda nas recolhas dos dados, pela presença assídua ao longo de todo o processo e pela força dada nos momentos menos positivos. Aos Diretores e Professores de Educação Física das Escolas Secundária Viriato e do Agrupamento de Escolas de Mangualde. Sem a sua colaboração, não teria conseguido recolher os dados para o presente estudo A todos os alunos que se disponibilizaram para participar do presente estudo. Sem a sua colaboração, a presente Dissertação nem teria tido o seu início. Ao Gabriel Martins. Posso dizer que ganhei um amigo. A sua ajuda foi fundamental para que eu pudesse concluir a minha Dissertação, não só pela amizade demonstrada ao longo de todo o processo mas também pelas inúmeras discussões construtivas tidas em torno da temática da Nutrição. Ao Hélder Fernandes e António Azevedo pela ajuda disponibilizada no tratamento dos dados. À Lia João pela prontidão demostrada para me ajudar. A sua ajuda foi preciosa para a conclusão da Dissertação. À Dra. Katia, por ter a capacidade de me conseguir “levantar” e motivar nos momentos mais difíceis. As suas palavras ficarão para sempre gravadas na minha memória. Aos meus amigos, Ricardo Oliveira, João Mota, Bruno Gomes, Flávio Daniel e Micaela Almeida. O facto de estarem sempre do meu lado e de mo terem transmitido constantemente foi muito importante para mim. Não o vou esquecer. V À minha namorada, fundamentalmente pela paciência e compreensão demonstrada. A sua ajuda foi incondicional para que eu pudesse terminar a Dissertação À minha mãe. Esteve sempre do meu lado ao longo de todo o percurso. Ao meu compadre. Sempre disponível a ajudar e sempre AMIGO ao longo de todo este longo percurso. À Maria do Céu. Atravessou uma fase difícil durante a elaboração da Dissertação e mesmo assim conseguiu sempre transmitir-me a tranquilidade de que eu necessitava A todos aqueles que pensavam que eu não ia conseguir concluir a Dissertação. Ainda me deram mais força para continuar. Muito obrigado! VI Índice Capítulo I – Introdução ....................................................................................... 1 Capítulo II - Revisão da Literatura ...................................................................... 5 1. Adolescência .................................................................................................. 5 2. Classificação do sobrepeso (pré obesidade e obesidade) na adolescência .. 6 3. Consumo Energético .................................................................................... 10 3.1. Determinantes Comportamentos Alimentares dos Adolescentes .......... 10 3.1.1. Influências Individuais ...................................................................... 11 3.1.2. Influências Interpessoais ................................................................. 13 3.1.3. Ambiente Físico ............................................................................... 14 3.1.4. Macrosistema .................................................................................. 14 3.2. Recomendações Alimentação na Adolescência .................................... 15 3.3. Hidratos de Carbono .............................................................................. 16 3.4. Fibras ..................................................................................................... 17 3.5. Gorduras ................................................................................................ 19 3.5.1. Ácidos Gordos Saturados ................................................................ 20 3.5.2. Ácidos Gordos Polinsaturados ......................................................... 21 3.5.3. Ácidos Gordos Monoinsaturados ..................................................... 23 3.5.4. Ácidos gordos trans ......................................................................... 24 3.6. Colesterol ............................................................................................... 26 3.7. Proteínas ................................................................................................ 27 3.8. Vitaminas Antioxidantes ......................................................................... 28 3.8.1. Vitamina A ....................................................................................... 29 3.8.2. Vitamina C ....................................................................................... 31 3.8.3. Vitamina E ....................................................................................... 32 3.9. Minerais ................................................................................................. 33 3.9.1. Cálcio ............................................................................................... 33 3.9.2. Ferro ................................................................................................ 34 3.9.3. Selénio ............................................................................................. 37 3.10 Pequeno - Almoço................................................................................. 38 3.11. Número de refeições diárias ................................................................ 39 4. Dispêndio Energético ................................................................................... 40 VII 4.1. Taxa Metabólica Basal ........................................................................... 40 4.2. Efeito Térmico dos Alimentos................................................................. 41 4.3. Atividade Física ...................................................................................... 42 5. Conceitos: Atividade Física, Exercício Físico e Desporto ............................ 42 6. Fatores influenciadores da Atividade Física ................................................. 43 6.1. Variáveis intrapessoais .......................................................................... 43 6.1.1. Sexo e idade .................................................................................... 43 6.1.2. Estatuto socioeconómico ................................................................. 44 6.1.3. Obesidade ....................................................................................... 44 6.2. Fatores psicológicos, cognitivos e emocionais....................................... 44 6.2.1. Auto eficácia .................................................................................... 44 6.2.2. Perceção de barreiras...................................................................... 45 6.2.3. Atitudes/ Benefícios ......................................................................... 45 6.2.4. Fatores comportamentais ................................................................ 46 6.3. Variáveis interpessoais .......................................................................... 46 6.3.1. Influência da Família ........................................................................ 46 6.3.2. Influência dos Pares ........................................................................ 47 6.3.3. Escola/Professor/Treinador ............................................................. 47 6.4. Variáveis ambientais .............................................................................. 48 6.4.1. Acessibilidade a Equipamentos e Espaços ..................................... 48 6.4.2. Condições climatéricas .................................................................... 48 7. Malefícios do Sedentarismo / Benefícios Atividade Física ........................... 48 8. Prevalência atividade física / inatividade física............................................. 50 9. Recomendações Atividade Física ................................................................ 50 10. Prática de Atividade física consoante o tempo e o espaço ........................ 51 10.1. Tempo Livre ......................................................................................... 51 10.2. Aulas de Educação Física .................................................................... 52 10.3. Recreio Escolar .................................................................................... 52 Capitulo IIII – Objetivos .................................................................................... 55 1. Objetivo Geral .............................................................................................. 55 2. Objetivos específicos ................................................................................... 55 Capitulo IV – Material e Métodos ..................................................................... 57 VIII 1. Amostra ........................................................................................................ 57 1.1. Caracterização da Amostra .................................................................... 57 1.2. Critérios de Seleção ............................................................................... 58 1.3. Procedimentos de Recolha de Dados .................................................... 59 1.4. Avaliação da Ingestão Nutricional .......................................................... 59 1.5. Avaliação do Índice de Atividade Física ................................................. 60 1.6. Avaliação da Composição Corporal ....................................................... 61 1.6.1. Medidas Antropométricas ................................................................ 61 1.7. Instrumentarium ..................................................................................... 62 1.8. Procedimentos Estatísticos .................................................................... 62 Capitulo V – Apresentação dos Resultados ..................................................... 63 1. Ingestão Nutricional ...................................................................................... 63 1.1. Ingestão Calórica ................................................................................... 64 1.2. Hidratos de Carbono .............................................................................. 65 1.2.1. Açúcares .......................................................................................... 66 1.3. Fibras ..................................................................................................... 67 1.4. Gorduras ................................................................................................ 68 1.4.1. Ácidos gordos saturados ................................................................. 69 1.4.2. Ácidos gordos polinsaturados .......................................................... 70 1.4.3.Ácidos Gordos Ómega 3................................................................... 71 1.4.4. Ácidos Gordos ómega 6 .................................................................. 72 1.4.5. Rácio Ómega 6:Ómega 3 ................................................................ 73 1.4.6. Ácidos gordos monoinsaturados ...................................................... 74 1.4.7. Ácidos gordos trans ......................................................................... 75 1.5. Colesterol ............................................................................................... 76 1.6. Proteínas ................................................................................................ 77 1.7. Vitamina A .............................................................................................. 78 1.8. Vitamina C.............................................................................................. 79 1.9. Vitamina E .............................................................................................. 80 1.10. Cálcio ................................................................................................... 81 1.11. Ferro .................................................................................................... 82 1.12. Selénio ................................................................................................. 83 IX 1.13. Pequeno-almoço .................................................................................. 84 1.14. Número de refeições diárias ................................................................ 85 2. Atividade Física ............................................................................................ 87 2.1. Atividades de Recreio ............................................................................ 90 2.2. Aulas de Educação Física ...................................................................... 92 2.3. Atividade física ao fim da tarde .............................................................. 93 2.4. Atividade física ao fim de semana.......................................................... 95 3. Correlações .................................................................................................. 97 Capitulo V – Discussão dos Resultados ........................................................... 99 1. Ingestão Nutricional ...................................................................................... 99 1.1. Consumo Calórico Total ......................................................................... 99 1.2. Hidratos de Carbono ............................................................................ 104 1.3. Fibras ................................................................................................... 108 1.4. Gorduras .............................................................................................. 109 1.5. Ácidos Gordos Saturados .................................................................... 110 1.6. Ácidos Gordos Polinsaturados ............................................................. 112 1.7. Ácidos Gordos Monoinsaturados ......................................................... 115 1.8. Ácidos gordos trans ............................................................................. 117 1.9. Colesterol ............................................................................................. 118 1.10. Proteínas ............................................................................................ 120 1.11. Vitamina A .......................................................................................... 123 1.12. Vitamina C.......................................................................................... 124 1.13. Vitamina E .......................................................................................... 125 1.14. Cálcio ................................................................................................. 127 1.15. Ferro .................................................................................................. 128 1.16. Selénio ............................................................................................... 130 1.17. Pequeno-Almoço................................................................................ 131 1.18. Número de Refeições Diárias ............................................................ 133 2. Atividade Física .......................................................................................... 134 2.1. Recreio Escolar .................................................................................... 138 2.2. Educação Física................................................................................... 139 2.3. Tempo Livre ......................................................................................... 141 X Capitulo VI – Conclusões ............................................................................... 145 Capitulo VII – Bibliografia ............................................................................... 153 Anexos .......................................................................................................... XXII XI Índice de Figuras Figura nº1 - Distribuíção percentual do Consumo de pequeno-almoço dos adolescentes com peso normal. ....................................................................... 84 Figura nº2 - Distribuíção percentual do Consumo de pequeno-almoço dos adolescentes com sobrepeso. .......................................................................... 84 Figura nº3 - Distribuíção percentual do número de refeições diárias dos adolescentes com peso normal. ....................................................................... 85 Figura nº4 - Distribuíção percentual do número de refeições diárias dos adolescentes com sobrepeso. .......................................................................... 86 Figura nº5 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes do PE. ........................................................................................ 88 Figura nº6 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes com peso normal. ....................................................................... 88 Figura nº7 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes com sobrepeso. .......................................................................... 89 Figura nº8 - Distribuíção percentual das atividades de recreio dos adolescentes com peso normal. ............................................................................................. 90 Figura nº9 - Distribuíção percentual das atividades de recreio dos adolescentes com sobrepeso. ................................................................................................ 91 Figura nº10 - Distribuíção percentual da realização de aulas de Educação Física exaustivas dos adolescentes com peso normal. .................................... 92 Figura nº11 - Distribuíção percentual da realização de aulas de Educação Física exaustivas dos adolescentes com sobrepeso........................................ 92 Figura nº12 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim da tarde dos adolescentes com peso normal. ....................................... 93 Figura nº13 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim da tarde dos adolescentes com sobrepeso. .......................................... 94 Figura nº14 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim de semana dos adolescentes com peso normal. ................................... 95 Figura nº15 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim de semana dos adolescentes com sobrepeso....................................... 96 XII Índice de Quadros Quadro nº1 - Métodos de estimação da composição corporal e distribuição da gordura ............................................................................................................... 7 Quadro nº2 - Referências Internacionais para a classificação do IMC. .............. 9 Quadro nº3 - Recomendações do consumo diário de fibras ............................ 19 Quadro nº4 - Recomendações de ingestão diária de vitamina A. .................... 31 Quadro nº5 - Recomendações de ingestão diária de vitamina C. .................... 32 Quadro nº6 - Recomendações de ingestão diária de vitamina E ..................... 33 Quadro nº7 - Recomendações de ingestão diária de cálcio ............................. 34 Quadro nº8 - Dietas com diferente biodisponibilidade em ferro. ...................... 36 Quadro nº9 - Recomendações de ingestão diária de ferro............................... 37 Quadro nº10 - Recomendações de ingestão diária de selénio......................... 38 Quadro nº11 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes do PE ......................................................................................... 57 Quadro nº12 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes com peso normal. ....................................................................... 58 Quadro nº13 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes com sobrepeso. .......................................................................... 58 Quadro nº14 - Protocolo de recolha das medidas antropométricas Peso Corporal e Estatura. ......................................................................................... 61 Quadro nº15 - Instrumentarium utilizado no estudo ........................................ 62 Quadro nº16 - Estatística descritiva referente aos diferentes items de ingestão nutricional dos adolescentes do PE. ................................................................ 63 Quadro nº17 - Comparação da ingestão calórica entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género ..................................... 64 Quadro nº18 - Comparação do consumo percentual de HC entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. .................... 65 Quadro nº 19 - Comparação do consumo percentual de Açúcares entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ......................................................................................................................... 66 XIII Quadro nº20 - Comparação do consumo diário de Fibras entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género ..................... 67 Quadro nº21 - Comparação do consumo percentual de Gorduras entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ......................................................................................................................... 68 Quadro nº22 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Saturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género ................................................................................................. 69 Quadro nº23 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Polinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ...................................................................................... 70 Quadro nº24 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ............................................................................................................. 71 Quadro nº25 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Ómega 6 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ............................................................................................................. 72 Quadro nº26 - Comparação do rácio Ómega 6: Ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. .................... 73 Quadro nº27 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Monoinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ...................................................................................... 74 Quadro nº28 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Trans entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ............................................................................................................. 75 Quadro nº29 - Comparação do consumo diário de colesterol entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género ..................... 76 Quadro nº30 - Comparação do consumo percentual de Proteínas entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ......................................................................................................................... 77 XIV Quadro nº31 - Comparação do consumo diário de vitamina A entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ......................................................................................................................... 78 Quadro nº32 - Comparação do consumo diário de vitamina C entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género79 Quadro nº33 - Comparação do consumo diário de vitamina E entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género80 Quadro nº34 - Comparação do consumo diário de cálcio entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género ..................... 81 Quadro nº35 - Comparação do consumo diário de ferro entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ........................... 82 Quadro nº36 - Comparação do consumo diário de selénio entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. .................... 83 Quadro nº37 - Comparação da ingestão de pequeno-almoço entre adolescentes com peso normal e adolescentes com sobrepeso. .................... 85 Quadro nº 38 - Comparação do número de refeições diárias entre adolescentes com peso normal e adolescentes com sobrepeso. .......................................... 86 Quadro nº39 - Estatística descritiva referente ao índice de AF global dos adolescentes do PE ......................................................................................... 87 Quadro nº40 - Comparação do Índice de AF entre adolescentes com peso normal e sobrepeso .......................................................................................... 87 Quadro nº41 - Comparação do índice de AF global categorizado por grupos entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. ......................................... 89 Quadro nº42 - Comparação do índice de AF no Recreio Escolar entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. .................................................. 91 Quadro nº43 - Comparação do índice de AF nas aulas de EF entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. .................................................. 93 Quadro nº44 - Comparação do índice de AF ao fim da tarde entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. ........................................................................ 95 Quadro nº45 - Comparação do índice de AF ao fim de semana entre adolescentes com peso normal e sobrepeso ................................................... 96 Quadro nº46 - Correlação entre o consumo calórico total e o IMC. ................. 97 XV Quadro nº47 - Correlação entre a taxa de AF e o IMC..................................... 97 Quadro nº48 - Comparação do índice de atividade física global dos adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. ....................................................................................................................... 100 Quadro nº49 - Recomendações de ingestão calórica diária........................... 100 XVI Índice de Anexos Anexo 1 - Questionário Alimentar.................................................................. XXII Anexo 2 - Questionário de Atividade Física (Até ao 8ªAno) ........................ XXVII Anexo 3 - Questionário de Atividade Física (Do 9º-12ºAno) ...................... XXXIV XVII XVIII Resumo Objetivo: A inatividade física e hábitos nutricionais desadequados são dois comportamentos que estão associados a um estilo de vida menos saudável afetando a saúde da população. Por isso, decidimos caracterizar a ingestão nutricional e o índice de atividade física de adolescentes portugueses. Material e Métodos: A amostra foi constituída por 262 adolescentes portugueses com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, pertencentes a duas escolas do distrito de Viseu e duas do distrito do Porto. Os dados nutricionais foram conseguidos através do registo alimentar durante três dias consecutivos. A conversão de alimentos em nutrientes foi efetuada através do programa informático Food Processor Plus, versão SQL. O índice de atividade física foi conseguido através do preenchimento do Questionário de Atividade Física para Adolescentes dos 10-13 anos e do Questionário de Atividade Física para Adolescentes dos 14-18 anos. A determinação do perfil antropométrico foi conseguida através da medição do peso e altura. O sobrepeso e a obesidade foram definidos de acordo com as curvas de percentis de IMC específicas para género e idade. Estatísticas: Utilizámos a estatística descritiva: média e desvio padrão para caracterizar a nossa amostra; O teste T de Student, Mann-Whitney e Chisquare foram usados para determinar as diferenças entre variáveis de acordo com o IMC. As associações entre variáveis foram testadas usando a correlação de Pearson. A análise dos dados foi efetuada através do programa informático SPSS 21.0. O nível de significância foi estabelecido em p≤0.05. Resultados: O consumo energético diário foi de 1853±493 kcal, correspondendo aos seguintes nutrientes: hidratos de carbono: 51,1±6%; fibras: 11,7±4,6g; gorduras: 28,8±4,8%; ácidos gordos (AG) saturados: 8,5±2,2%; AG polinsaturados: 4,3±1%; AG ω3: 0,3±0,2%; AG ω6: 3,3±1%; rácio ω6: ω3: 16,1±8,9; AG monoinsaturados: 10±2,4%; AG trans: 0,5±0,3%; colesterol: 232,5±71,1g; proteínas: 17,8±3%. Quanto à ingestão de micronutrientes: βcaroteno (411,7±441,7µg); vitamina C (47,2±36,5mg); vitamina E (2±1,2mg); cálcio (602,1±248mg); ferro (13,8±6,9mg); selénio (78,6±25µg).O índice de atividade física caracterizou os sujeitos do presente estudo (PE) como sendo pouco ativos. Conclusões: Os adolescentes do PE apresentam hábitos nutricionais e índices de atividade física que não são consistentes com um estilo de vida saudável. Quer adolescentes com peso normal quer adolescentes com sobrepeso têm uma ingestão calórica desadequada, um défice no consumo de fibras e micronutrientes, um elevado rácio ω6:ω3 e um baixo índice de atividade física. Os adolescentes do PE devem ser alvo de uma intervenção específica nos campos da nutrição e atividade física de forma a corrigir hábitos menos saudáveis e permitir uma transição mais saudável para o estado adulto. Palavras-chave: NUTRIÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA, ADOLESCENTES, PESO NORMAL, SOBREPESO. XIX XX Abstract Objective: Physical inactivity and inadequate nutritional habits are two behaviors that are associated with an unhealthy lifestyle, contributing to the degradation of an individual health. Therefore, we decide to characterize the nutritional habits and physical activity index of Portuguese adolescents. Material and Methods: The sample was constituted by 262 Portuguese adolescents whose ages varied between 10 and 18 years. These adolescents belong to four schools (two from the district of Viseu and two from the district of Oporto). Nutritional data had been gotten through the register of food consumption of three consecutive days. The conversion of foods in nutrients was carried through by the informatics program Food Processor Plus, version SQL. Physical activity index had been gotten through the fill of Physical Activity Questionnaire for Older Children (10-13 years) and Physical Activity for Adolescents (14-18 years).The determination of the anthropometric profile had been gotten measuring the weight and height. Overweight and obesity were defined according to age- and sex-specific BMI cut-points. Statistics: We used the descriptive measures: average and standard deviation to characterize our sample; independent Student’s t-test, Mann-Whitney, and Chi-square were used to determine the differences in different variables between BMI groups. Bivariate associations between variables were tested using Pearson’s correlation. The analysis was carried out using the SPSS 21.0 program. The level of significance was set at p≤0.05. Results: Daily energy consumption was 1853±493 kcal, corresponding to the following nutrients: carbohydrates: 51,1±6%; fiber: 11,7±4,6g; fats: 28,8±4,8%; saturated fatty acids (FA): 8,5±2,2%; polyunsaturated FA: 4,3±1%; ω3 FA: 0,3±0,2%; ω6 FA: 3,3±1%; ratio ω6: ω3: 16,1±8,9; monounsaturated FA: 10±2,4%; trans FA: 0,5±0,3%; cholesterol: 232,5±71,1g; proteins: 17,8±3%. Micronutrients’ intake: βcarotene (411,7±441,7µg); vitamin C (47,2±36,5mg); vitamin E (2±1,2mg); calcium (602,1±248mg); iron (13,8±6,9mg); selenium (78,6±25µg).The physical activity index characterized the sample as low active subjects. Conclusion: The adolescents of the present study present nutritional habits and a physical activity index that is not consistent with a healthy lifestyle. Either normal weight or overweight adolescents have inadequate caloric intake, fiber deficit, micronutrients deficits, a high ratio ω6:ω3 and a low physical activity index. The adolescents from the present study must undertake a specific intervention in nutritional and physical activity fields to correct unhealthy habits and allow a healthy transition to adulthood. Words Key: NUTRITION, PHYSICAL ACTIVITY, ADOLESCENTS, NORMAL WEIGHT, OVERWEIGHT XXI Lista de Abreviaturas AF: Atividade Física AG: Ácidos gordos DGS: Direção Geral de Saúde EF: Educação Física FA: Fatty Acids FAO: Food and agriculture Organization FNB: Food and Nutrition Board HC: Hidratos de carbono HDL: Lipoproteínas de elevada densidade IDP: Instituto de Desporto de Portugal IMC: Índice de Massa Corporal INE: Instituto Nacional de Estatística LDL: Lipoproteínas de baixa densidade PE: Presente estudo USDHHS: United States Department of Health and Human Services VET: Valor Energético Total WHO: World Health Organization ω: Ómega XXII Capítulo I – Introdução A inatividade física e hábitos nutricionais desadequados são dois comportamentos que estão associados a um estilo de vida menos saudável, contribuindo para a degradação do estado de saúde de um indivíduo (Waxman, 2004). A inatividade física é um dos maiores problemas de saúde pública do século 21 (Blair, 2009). De acordo com inúmeros autores (Bouchard et al., 1994; American College of Sports Medicine, 1998; Blair et al., 1999; Taylor et al., 2004) a inatividade física é um fator de risco modificável de doença cardiovascular e uma variedade de outras doenças crónicas, como a diabetes, cancro (colon e mama), hipertensão, osteoporose, osteoartrite, depressão e obesidade. A WHO (2004) estima que 2 milhões de mortes por todo o mundo possam ser atribuídas à inatividade física, estando este comportamento entre as 10 maiores causas de mortalidade nos países desenvolvidos. Em sentido inverso uma prática regular de atividade física traz inúmeros benefícios ao indivíduo. De acordo com a USDHHS (2008) a atividade física regular melhora a composição corporal, a condição física e cardiorrespiratória, saúde óssea e biomarcadores relacionados com o metabolismo saudável dos adolescentes Além destes benefícios, de acordo com Twisk et al. (2002) a atividade física na adolescência exerce um efeito positivo (direto e indireto) na saúde do adulto já que o atraso na prática de uma atividade física regular durante a juventude pode ser obstáculo ao pleno desenvolvimento de alguns fatores (e.g. densidade mineral óssea) que mais tarde já não são plenamente recuperáveis. Devido aos benefícios que a atividade física apresenta e para a implementação de estratégias para o aumento da atividade física dos adolescentes é importante proceder à avaliação dos níveis de atividade física dos adolescentes (Baptista et al., 2012). 1 Apesar dos benefícios associados à prática regular de atividade física, Sallis (2000), refere que os índices de atividade física diminuem ao longo do curso da vida, particularmente durante a adolescência. Relativamente aos hábitos nutricionais, a WHO (1998) reconhece o papel fundamental de uma alimentação saudável no estado de saúde do indivíduo. Apesar deste reconhecimento e dos constantes avanços no conhecimento científico na área de Nutrição, os padrões alimentares estão, regra geral, longe dos parâmetros associados a uma alimentação saudável. De acordo com dados do INE (2010), a dieta portuguesa afasta-se das boas práticas nutricionais que já caracterizaram a dieta lusitana. Dwyer (1997) refere que existem consideráveis diferenças entre o consumo observado pelos adolescentes e os padrões alimentares recomendados. Uma alimentação e aprovisionamento nutricional adequados revelam-se de especial importância na prevenção de doenças crónicas como a obesidade e doenças cardiovasculares (Haslam & James, 2005). A educação alimentar pode ter resultados positivos ao ponto de modelar as escolhas alimentares dos indivíduos. A adolescência é um período ótimo para a ocorrência destas alterações, uma vez que nestas idades existe uma enorme aptidão para aprender e uma maior capacidade de adaptação a novos hábitos (Breda, 2003). Além de contribuírem para um estilo de vida menos saudável, a inatividade física e os hábitos alimentares desadequados podem conduzir a situações de pré-obesidade e obesidade, uma vez que estas condições são o resultado de um balanço energético positivo, no qual a ingestão calórica é maior do que o gasto energético (Velde et al., 2007). Os resultados da Organização Mundial de Saúde e do International Obesity Task Force, publicados em 2008, indicam que existem mais de 155 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo com excesso de peso, e aproximadamente 40 milhões com obesidade. (I.O.T.F., 2008) Num estudo efetuado pela WHO (2007), dos 32 países que fazem parte do estudo, Portugal encontra-se como o quinto país com maior prevalência de 2 obesidade aos 13 anos em ambos os géneros e em 8º lugar e 19º lugar, aos 15 anos, para rapazes e raparigas, respetivamente. Em Portugal, vários estudos já foram efetuados no sentido de averiguar a prevalência de sobrepeso e mais especificamente de obesidade em adolescentes. Também está estudada a relação entre sobrepeso e nível de atividade física bem como a relação do regime alimentar e nutricional e a condição ponderal. Assim, este estudo pretendeu averiguar a ingestão nutricional, o nível de atividade física e o índice de massa corporal numa amostra da população adolescente portuguesa. A amostra global integrará sujeitos normoponderais e sujeitos com sobrepeso. De igual forma pretendeu-se estabelecer níveis de correlação entre o consumo calórico, o índice de massa corporal e o nível de atividade física dos sujeitos estudados. Este trabalho será estruturado da seguinte forma: Capítulo I) Introdução - Apresentamos o enquadramento teórico e prático do trabalho, as razões da escolha do tema, realçando a pertinência do mesmo. Capítulo II) Revisão de Literatura – Neste capítulo, começámos por caracterizar o período da Adolescência e definir a classificação dos conceitos de sobrepeso e obesidade. De seguida apresentámos informação relativa ao consumo energético e dispêndio energético. Capítulo III) Objetivos – Apresentamo-los subdivididos em objetivos gerais e específicos. Capítulo IV) Material e Métodos - Caracterizamos a amostra estudada, descrevendo as metodologias de recolha dos dados e referindo os procedimentos estatísticos utilizados para o seu tratamento. Capítulo V) Apresentação dos Resultados – Neste capítulo, iremos apresentar os principais resultados obtidos. Capítulo VI) Discussão dos Resultados – Neste capítulo, discutimos os principais resultados obtidos, comparando-os com o quadro teórico de referência. 3 Capítulo VII) Conclusões – Apresentamos as principais conclusões do trabalho com base na discussão desenvolvida no capítulo anterior. Capítulo VIII) Bibliografia – Apresentamos a lista das referências bibliográficas consultadas para a fundamentação desta pesquisa. Anexos – Apresentamos os documentos essenciais para o processo de recolha de dados. 4 Capítulo II - Revisão da Literatura 1. Adolescência O termo adolescência é originário do latim “adolescere”. Desta palavra surgem duas definições etimológicas: ad (a; para) e olescer (crescer) (Outeiral, 2003). Segundo o mesmo autor, da interação destas duas palavras surge a definição de adolescência como um processo de contínuo desenvolvimento. De acordo com a WHO (2000), a adolescência tem o seu início aos 10 anos e o seu término aos 19 anos. A adolescência é um dos períodos mais desafiantes do desenvolvimento humano. O crescimento uniforme durante a infância é rapidamente alterado para um aumento rápido na taxa de crescimento. Os adolescentes ganham cerca de 20% da sua altura em adulto e cerca de 50% do seu peso em adulto na adolescência (Mahan & Escott-Stump, 2004). Durante a adolescência, juntamente com o desenvolvimento corporal, há rápidos desenvolvimentos a nível emocional e intelectual. Este desenvolvimento emocional e intelectual pode ser dividido em três fases: início da adolescência, período intermédio da adolescência e fim da adolescência. No início da adolescência, os adolescentes têm as seguintes características (Mahan & Escott-Stump, 2004): Preocupação com o seu corpo e com a imagem corporal Confiança e respeito pelos adultos Ansiedade no que diz respeito às relações com os pares Ambivalência acerca da autonomia. Durante a adolescência, os adolescentes têm as seguintes características: Muito influenciáveis pelos seus pares Desconfiança dos adultos Atribuição de muita importância à independência. 5 No fim da adolescência, os adolescentes têm as seguintes características: 2. Estabilização da sua imagem corporal Estão orientados para o futuro, começando a fazer planos São cada vez mais independentes Desenvolvimento de intimidade e relações permanentes. Classificação do sobrepeso (pré obesidade e obesidade) na adolescência Segundo a WHO (2000), a obesidade é definida como sendo uma patologia em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus de capazes de afetar negativamente a saúde. No entanto, a classificação de obesidade em crianças e adolescentes continua a ser hoje em dia tema de debate (Power et al., 1997; WHO, 2000). A classificação de obesidade em crianças e adolescentes não é fácil, pelo facto das variáveis relacionadas com a composição corporal estarem em constante alteração e tais alterações poderem ocorrer em diferentes taxas e momentos entre populações diferentes (WHO, 2000) De acordo com Power et al. (1997), uma medida ideal de gordura corporal deverá cumprir determinados pressupostos: 1- Deverá ser preciso na avaliação da quantidade de gordura corporal 2- Deverá ser preciso com uma pequena margem de erro 3- A medida consegue predizer riscos de consequências para a saúde, ou seja, tem uma forte associação com problemas de saúde 4- Possibilidade de desenvolver algumas curvas para agrupar indivíduos em diferentes grupos de acordo com o excesso de gordura relacionado com os riscos para a saúde. Além destes 4 pressupostos, para uma medida ser útil em ambiente clínico ou estudos epidemiológicos, também necessita de ser acessível (em termos de simplicidade, custo e facilidade de uso) e aceite pelos sujeitos de estudo (Power et al., 1997). Numerosas técnicas estão disponíveis para a estimação da composição corporal e a distribuição de gordura. O método utilizado irá depender do objetivo do estudo, recursos económicos, 6 disponibilidade, tempo e tamanho amostral (Van der Kooy et al.,1993). De seguida apresentamos um quadro com um resumo de vantagens e desvantagens de alguns dos métodos existentes. Quadro nº1 - Métodos de estimação da composição corporal e distribuição da gordura Método 1. Tomografia Computorizada Capacidade de Capacidade de Aplicabilidade determinar a determinar a em (estudos com massa gorda distribuição de populações corporal total gordura corporal alargadas) Moderada Muito alta Baixa Alta Muito alta Baixa Muito alta Alta Moderada Muito alta Muito baixa Baixa Alta Muito baixa Moderada Moderada Muito baixa Alta Moderada Muito baixa Muito alta Baixa Alta Muito alta Moderada Moderada Alta 2. Magnetic Ressonance Imaging 3. DXA (Dual energy x-ray absorptiometry) 4. Densitometria 5. Técnicas de diluição 6. Bio-impedância 7. Antropometria: 7.1. Índice de Massa Corporal (IMC) 7.2. Rácio Cintura-Anca 7.3. Pregas de adiposidade Adaptado de Snidjer et al. (2006) Os modelos multi-compartimentais, tais como peso subaquático, técnicas de diluição e de absorciometria de raio-X de dupla energia (DXA) são 7 métodos fiáveis para a obtenção de medidas fidedignas da percentagem de massa gorda corporal (Snijder et al, 2006). Contudo, devido aos seus custos e demora em termos temporais, estes métodos não são nada práticos em estudos epidemiológicos com grandes amostras. (Snidjer et al., 2006). A bio-impedância é um método não invasivo que consegue de forma rápida, simples e com baixos custos estimar a percentagem de massa gorda de um indivíduo (Houtkooper et al., 1996) Quanto ao I.M.C. é um método frequentemente utilizado e assumido para representar o grau de massa adiposa corporal em estudos epidemiológicos com grandes amostras (Snijder et al., 2006). Sendo uma medida indireta, este método tem as suas limitações. (Prentice & Jebb, 2001). Wang (2004) particulariza essas limitações, referindo que existem grandes variações inter e intra-individuais no peso e altura das crianças e adolescentes, assim como nos ganhos de massa magra e massa gorda. Além disso, o estado maturacional e os padrões de crescimento podem afetar a sua composição corporal, e por conseguinte o Índice de Massa Corporal. O I.M.C., dado que apenas estabelece uma relação entre a altura e o peso, não conta com a variação da distribuição da gordura no corpo pelo que pode não corresponder ao mesmo grau de gordura ou riscos de saúde associados em diferentes indivíduos e populações (WHO, 2000; Snijder et al, 2006) Assim, e devido às características únicas das crianças e adolescentes, o significado do IMC nestas idades pode variar, sendo a sua avaliação bem mais complexa do que o é em adultos. Isto porque o seu valor altera-se substancialmente com a idade, aumentando durante a primeira infância, caindo no período pré-escolar e escolar e subindo novamente com a adolescência e os primeiros anos de vida adulta (WHO, 2000) De acordo com Wang (2004), apesar das suas limitações, o IMC é a melhor escolha disponível de entre as medidas existentes, existindo várias referências internacionais para a sua classificação. 8 Quadro nº2 ‐ Referências Internacionais para a classificação do IMC. Descrição Referência Os percentis 85 e 95 do IMC foram desenvolvidos baseados nos dados recolhidos do US NHANES entre 1971 e 1974 pelo Centro MDD Nacional para Estatísticas de Saúde e têm sido usados para classificar o sobrepeso e obesidade respetivamente (Must et al., 2001). Um Comité especializado da Organização Mundial de Saúde WHO propôs o uso do percentil 85 do IMC da população norteamericana para uso internacional na definição de adolescentes dos 10 aos 19 anos em risco de sobrepeso (WHO, 1995). Índice de Os percentis de IMC específicos por idade e sexo foram Massa calculados tendo por base os dados referentes à população Corporal francesa. Os percentis 90 e 97 do IMC foram recomendados para Europa- a classificação de sobrepeso e obesidade infantil, respetivamente França (Rolland Cachera et al., 1991). As curvas de crescimento CDC foram retiradas de quatro estudos Curvas de epidemiológicos efetuados nos Estados Unidos. O percentil 85 do Crescimento IMC é utilizado para a definição de crianças/adolescentes em CDC risco de sobrepeso, enquanto o percentil 95 é utilizado para a definição de sobrepeso (Kuczmarski & Ogden, 2000) Curvas de percentis do IMC especificadas por sexo e idade IOTF derivadas de curvas de percentis de IMC utilizadas em adultos, que passam pelo IMC de 25 e 30 aos 18 anos de idade (Cole et al.,2000) Devido à variedade de definições providenciadas, Cole et al. (2000), propôs uma definição que possibilitasse comparações a nível internacional. Esta forma de classificação de pré-obesidade e obesidade em crianças e adolescentes, relaciona os pontos de corte do I.M.C. do adulto (aos 18 anos) com os percentis de I.M.C. para crianças e adolescentes. Neste estudo é descrito o desenvolvimento de pontos de corte de I.M.C. específicos de idade e sexo para pré-obesidade e obesidade em crianças e adolescentes, 9 estabelecendo quais as curvas de percentis de I.M.C. para a primeira infância, infância e adolescência que vêm a dar os pontos de corte 25 kg/m2 e 30 kg/m2 aos 18 anos (Cole et al., 2000). Esta definição de pré-obesidade e obesidade torna-se menos arbitrária e mais internacional do que outras definições e pode facilitar comparações diretas de obesidade infantil e juvenil a nível mundial e nacional (Cole et al., 2000). 3. Consumo Energético 3.1. Determinantes Comportamentos Alimentares dos Adolescentes Com o aumento da idade e da autonomia, as escolhas pessoais dos adolescentes, incluindo as alimentares, ganham prioridade aos hábitos aprendidos com a família. Os adolescentes adquirem um maior controlo sobre aquilo que comem, onde comem e quando comem (Spear, 1996). Por esta razão constituem uma população privilegiada para a educação alimentar (WHO, 2006). Algumas características da adolescência podem ter reflexos nos padrões da alimentação: procura da independência e aceitação; preocupações com a aparência; vulnerabilidade a pressões comerciais e dos pares; preocupação reduzida com a saúde (Spear, 1996) Glanz et al. (1998) verificaram, num estudo realizado com a população americana, que as escolhas alimentares, mais do que serem determinadas pelo conhecimento dos benefícios, são determinadas por variáveis tão distintas quanto a história pessoal e familiar, o envolvimento cultural, o paladar, o preço, o aspeto, a facilidade em preparar os alimentos e a publicidade. As preferências alimentares infantis são determinadas fundamentalmente pelo critério “gostar ou não gostar”. Já as atitudes dos jovens face aos alimentos implicam fatores bastante mais complexos que interagem entre si de forma integrada. As razões que os levam a consumir este ou aquele produto relacionam-se com as qualidades intrínsecas do mesmo (como ser ou não saudável, ser ou não natural, ser gostoso, ter aspeto 10 atraente, etc.), com as consequências do seu consumo no evoluir do peso corporal, e ainda com as influências sociais decorrentes da observação dos modelos juvenis, com hábitos de vida que facilitam ou estimulam o consumo de este ou aquele produto, e com antecedentes relativos às preferências quando criança e com as influências familiares (Murcott, 1996); Stafleu et al., 1996) Algumas variáveis sociais e demográficas também influenciam as escolhas alimentares dos jovens. O sexo, a educação (anos de escolaridade) e o rendimento económico são fatores determinantes. Os fatores familiares, sócio-culturais, de marketing e políticos, interagindo a vários níveis, contribuem para modelar as relações entre a imagem do corpo, o peso, exercício físico e a alimentação dos jovens (Neumark-Sztainer, 2005). Dada a diversidade de fatores influenciadores dos comportamentos alimentares dos adolescentes, Story et al (2002) agruparam-nos em quatro grandes grupos: influências individuais/intrapessoais (fatores psicológicos, biológicos), influências interpessoais/sociais (família, colegas), ambientais (escola, lojas de conveniência, fast food) e da sociedade (macro-sistema) (mass media, marketing, normas culturais) 3.1.1. Influências Individuais Story & Resnick (1986) verificaram que os adolescentes sabiam como melhorar a sua alimentação do ponto de vista da saúde. No entanto estes explicavam os erros alimentares que cometiam e a dificuldade em mudar, utilizando argumentos como a falta de tempo e o não considerarem imperioso ou conveniente usar alternativas mais saudáveis. Um outro fator intrínseco determinante dos hábitos alimentares parece ser o nível de satisfação com o corpo. Diversos estudos sobre atitudes relacionadas com a alimentação em crianças de ambos os sexos, de idades entre os 9 e 12 anos, confirmam que uma grande percentagem delas vive insatisfeita com o seu corpo e deseja ser magra. Muitas delas tinham já tentado perder peso através de dietas restritivas e algumas, mais as raparigas do que 11 os rapazes, apresentavam sintomas que se classificam como expressivos de anorexia nervosa (Sasson et al.,1995) Numa investigação, sobre as relações entre imagem do corpo e comportamento alimentar em raparigas dos 12 aos 23 anos, conclui-se que 67% estavam desagradadas com o seu peso e 54% estavam insatisfeitas com as formas do corpo. Destas adolescentes 30% eram bulímicas e 38 % faziam dieta restritiva. Uma percentagem elevada das raparigas usava diversos métodos para controlar o peso ou a ingestão que iam desde provocar o vómito até ao uso de inibidores do apetite e laxantes. Quanto mais excessivo era o peso maior era o desagrado com o corpo e maior a probabilidade de serem usadas medidas radicais de controlo do peso (Moore, 1988). Noutros estudos idênticos mas em rapazes, os autores constataram que as preocupações com o corpo se centravam na aquisição de maior massa muscular no peito e redução da massa gorda no abdómen (Drewnowski, 1994). Neumark-Sztainer et al. (2006) verificaram que níveis mais baixos de satisfação corporal nas raparigas estavam associados a dieta restritiva, estratégias nãosaudáveis de controlo do peso e menor atividade desportiva. Os resultados eram idênticos no grupo masculino e incluíam ainda episódios de ingestão alimentar compulsiva. Esta associação era tão importante que prevalecia ao longo de alguns anos. Apesar de se reconhecer a importância dos mecanismo de regulação fisiológica no comportamento alimentar, a investigação tem vindo a comprovar a também inegável importância de aspetos psicológicos, sociais e culturais nesse comportamento (Silva et al., 2008). De acordo com Christensen & Brooks (2006), a relação da dieta com o nosso humor, mais do que unidirecional, deverá ser percebida como bidirecional, uma vez que não só os alimentos determinam o nosso humor, como também o nosso humor determina aquilo que comemos. A literatura demonstra que determinados alimentos específicos tendem a ser consumidos pelos indivíduos com a intenção de melhorar estados de humor negativos ou como forma de lidar com o stresse, sendo a ingestão desses alimentos utilizada como uma estratégia de autorregulação do humor (Dallman 12 et al., 2005). O consumo de determinados alimentos (frequentemente de alimentos doces) parece assumir o papel de uma “automedicação”, isto é, algumas pessoas consomem alimentos doces com o objetivo de aliviar os sintomas (Christensen,2001). A relação entre o stresse e o comportamento alimentar é complexa e os resultados da investigação neste domínio são usualmente contraditórios. Alguns estudos têm sugerido que o stresse está associado a uma diminuição dos alimentos ingeridos (Stone & Brownell, 1994). Já Ogden (2003), refere que períodos de maior stresse associado a uma maior sobrecarga de trabalho estão associados a um maior consumo de energia, gorduras saturadas e de açúcar (Ogden, 2003). 3.1.2. Influências Interpessoais Os pares exercem uma pressão enorme para o consumo de determinados alimentos, particularmente alimentos ricos em gordura, e para experimentar novos alimentos (McIntosh, 1996) Em estudos relacionados com redução do risco cardiovascular e no tratamento da obesidade e desordens alimentares, o envolvimento familiar é importante para alterar e manter a dieta do adolescente (McCann et al., 1990; Barnard et al., 1995). No sentido oposto, falta de suporte social pode sabotar a alteração no padrão alimentar (Peterson et al., 1994). Efetivamente e de acordo com a WHO (2003), um ambiente familiar que suporte escolhas alimentares saudáveis é um fator provável para a diminuição do risco de ganho de peso e obesidade. Segundo Chapman & MacLean (1993), os adolescentes tendem a associar a comida a um conjunto de situações com diferentes significados emocionais. Assim os vegetais cozidos, saladas e alimentos por eles classificados como saudáveis, são associados às refeições com os pais, a “ficar em casa” e a maior autocontrolo. A junk food, comida de baixo valor nutricional definida por este grupo como não-saudável, é associada a refeições com os amigos, às “refeições fora”, à falta de controlo e ao “estar à vontade”. 13 Ainda segundo estes autores, o consumo de junk food seria a expressão das necessidades de independência dos jovens face à família e da adesão ao grupo de iguais. 3.1.3. Ambiente Físico De acordo com a WHO (2003), um ambiente escolar que suporte escolhas alimentares saudáveis é um fator provável para a diminuição do risco de ganho de peso e obesidade. O estudo de Gotmaker et al. (1999) é um bom exemplo de sucesso de intervenção escolar na prevenção da obesidade. Kruger et al. (2013) referem, em alusão aos fast food, que as pessoas estão mais sujeitas a consequências adversas relacionadas com a má nutrição devido aos padrões de disponibilidade alimentar local. Fraser et al. (2010) referem que a disponibilidade de alimentos ricos em gordura, sal e açúcares através da fast food está implicado com a epidemia da obesidade. 3.1.4. Macrosistema Os mass media são a principal fonte de informação acerca da alimentação para a maior parte das pessoas (American Dietetic Association, 1997). A televisão e as revistas têm uma maior influência nos hábitos alimentares dos adolescentes comparativamente com outros tipos de mass media (Mahan & Escott-Stump, 2004). É estimado que as crianças quando atingem a adolescência já tenham visualizado cerca de 100.000 comerciais de produtos alimentares, a maior parte deles ricos em gordura e açucares simples (Brown & Witherspoon, 2002). As companhias que gastam mais dinheiro nas publicidades são aquelas que produzem doces, produtos com teor elevado de gorduras e produtos altamente processados (Sun, 1993) 14 Existe uma evidência considerável que a publicidade é efetiva no aumento da compra de produtos alimentares (Institute of Medicine, 1991). De acordo com a WHO (2003), o marketing de alimentos de elevada densidade energética é um fator provável de ganho de peso e obesidade. 3.2. Recomendações Alimentação na Adolescência De acordo com Saldanha (1999), a correta nutrição do ser humano não depende dos alimentos em geral, mas do equilíbrio entre todos, o que somente pode ser atingido através da ingestão de vários produtos alimentares naturais. Assim e de acordo com o mesmo autor, é necessário ingerir alimentos variados e equilibrados entre si para que o organismo obtenha os nutrientes de que precisa. De acordo com o INE (2010), a dieta portuguesa tem-se afastado nos últimos anos das boas práticas nutricionais, através de um excesso de calorias e gorduras saturadas, disponibilidades deficitárias em frutos, hortícolas e leguminosas secas e recurso excessivo aos grupos alimentares de “carne, pescado, ovos” e de “óleos e gorduras”. Os adolescentes, devido ao crescimento acelerado ao qual estão sujeitos estão particularmente expostos à existência de défices nutricionais (Silva et al., 2001). Uma vez que a adolescência é uma etapa da vida em que existe um aumento de independência, qualquer tentativa para ajudar os adolescentes a melhorar o seu status nutricional requer um planeamento cuidado. Para que um plano seja bem-sucedido, o adolescente terá de estar recetivo à mudança. Mahan & Escott-Stump (2004), apresentam um exemplo de um plano dietético saudável para adolescentes: 3-4 copos de leite com baixo teor em gordura ou iogurte para providenciar cálcio, vitamina D, riboflavina. 5 ou mais porções de fruta e/ou vegetais frescos ou cozinhados, maioritariamente de cor amarela, laranja, verde escuro ou vermelha. 2 porções alimentos proteicos magros, tais como a galinha, peru, peixe. 15 6-11 porções de grãos, pão e cereais (de preferência integrais), massa, arroz, batatas e outros amidos para providenciar os requisitos energéticos. Pequenas quantidades (uma porção por dia) de alimentos ricos em gordura e açúcares, tais como sobremesas, bebidas açucaradas, doces e bolos que têm um baixo valor nutricional. 3.3. Hidratos de Carbono Os hidratos de carbono podem ser classificados de acordo com a sua composição química em: hidratos de carbono simples (monossacarídeos e dissacarídeos) e hidratos de carbono complexos (polissacarídeos) (Rodrigues dos Santos, 1995). A significância nutricional da taxa de digestão e absorção dos hidratos de carbono tem a ver com o impacto que que estas têm na homeostasia dos valores de glucose no sangue (glicemia) e as respostas hormonais e metabólicas associadas. (Englyst et al., 2007). Veríssimo (1999) refere que os hidratos de carbono complexos são os melhores na alimentação, pois sendo absorvidos lentamente pelo intestino vão, também lentamente, preencher as reservas hepáticas e musculares de glicogénio. De acordo com Jenkins et al. (2002) um elevado consumo de hidratos de carbono de absorção lenta está associado com benefícios para a saúde. Desta forma, as técnicas que retêm ou introduzem características que reduzem a digestão dos hidratos de carbono têm sido cada vez mais encorajadas (Englyst & Englyst, 2005). Já os hidratos de carbono simples têm menos valor na alimentação, sendo absorvidos rapidamente e fazendo com que os músculos e o fígado não tenham capacidade de absorver toda a glicose posta rapidamente em circulação, sendo parte desta armazenada como gordura corporal (Veríssimo, 1999) Jenkins et al. (2002), Willett et al. (2002) e Brand-Miller et al. (2003) recomendam um aumento do consumo de hidratos de carbono de absorção 16 lenta (cujo índice glicémico é baixo) comparativamente com os hidratos de carbono de absorção rápida, cujo índice glicémico é elevado. No entanto, caso os hidratos de carbono simples sejam ingeridos conjuntamente com os hidratos de carbono complexos, são absorvidos lentamente. Assim, os hidratos de carbono simples devem ser sempre ingeridos com a refeição e nunca isoladamente (Horta, 1996; Veríssimo, 1999). Excluem-se as situações de suporte energético ao exercício prolongado. Estudos em adolescentes reportaram que uma elevada percentagem de energia da dieta ser proveniente dos açúcares está associada com baixos consumos de micronutrientes (Kranz et al., 2005).Além disso, um elevado consumo de açúcares está associado a um baixo consumo de fibras (Kranz et al., 2005), frutas e vegetais (Charlton et al., 2005). Alimentos ricos em açúcares, quando comparados com alimentos ricos em amido têm sido associados a um ganho ponderal devido à insuficiência em fibra, a uma elevada densidade energética, (Poppitt & Prentice, 1996) elevada palatibilidade, uma vez que são doces (Raben et al., 1997), aos efeitos da frutose (Elliot et al., 2002) e porque são frequentemente consumidos na forma líquida altamente calórica em vez dos alimentos sólidos (Mattes, 1996). No que diz respeito às bebidas açucaradas, segundo a WHO (2003), o seu consumo excessivo é um fator provável de ganho de peso e obesidade. Há evidências que as bebidas açucaradas não induzem tanta saciedade como os hidratos de carbono em forma sólida, e que o aumento do consumo de bebidas açucaradas está associado ao ganho de peso (van Dam & Seidell, 2007) As recomendações limitam a ingestão de açúcares adicionados em 10% da energia total consumida (WHO, 2003). 3.4. Fibras As fibras dietéticas são nutrientes indigeríveis, e que por esse facto não são absorvidos (DGS, 2005). De acordo com Englyst & Englyst (2005), as fibras podem ser classificadas como polissacarídeos intrínsecos às paredes da célula vegetal. 17 As fibras integram 3 tipos de substâncias (Peres, 1994): - fibras propriamente ditas – celuloses, hemiceluloses e lenhinas - substâncias gelificáveis – pectinas, gomas, mucilagens - outras substâncias indigeríveis – ácido fítico, sílica, cera, tanino Estes componentes das fibras têm uma estrutura química e propriedades físicas (volume, viscosidade, capacidade de absorção de água, fermentabilidade) que determinam o seu comportamento fisiológico (Schneeman & Tietyen, 1994). De acordo com Silva (2003), as fibras têm as seguintes funções: favorecer o trânsito intestinal (DGS, 2005), atenuar o pico glicémico, baixar a taxa de colesterol sanguíneo, reduzir o fornecimento calórico da dieta, saciar a fome e facilitar a perda e o controlo de peso corporal (Breda, 2003). Um consumo elevado de fibras reduz o risco de doenças cardiovasculares (Pietinen et al., 1996; Rimm et al., 1996; Institute of Medicine, 2002) e diminui os níveis de colesterol sanguíneo, mais especificamente de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) (Bazzano, 2008). De acordo com a WHO (2003), a maior ingestão de fibras dietéticas é um fator convincente de diminuição do risco de ganho de peso e obesidade. Clark & Slavin (2013) corroboram da mesma opinião, referindo que esta associação se deve fundamentalmente ao efeito que a saciedade tem na redução do aporte calórico. Num estudo realizado em crianças com sobrepeso dos 7 aos 11 anos um aumento de 3 g de fibra por cada 100kcal ingerida foi associado a uma redução de 4% da gordura visceral (Davis et al., 2009). Uma meta análise realizada por Post et al. (2012) sugere que um aumento da ingestão de fibras está associado a uma diminuição da glicemia, devido ao efeito das fibras no retardar da absorção de glicose no organismo. De acordo com os mesmos autores este facto contribui para a prevenção e controlo da diabetes tipo 2. Moreno et al. (2003) corroboram da mesma opinião, referindo que em adolescentes obesos, um aumento no consumo de fibras melhorou a homeostasia da glucose, diminuindo os valores pós-prandiais de glucose entre 12% a 20%. 18 Os valores de referência para a ingestão diária de fibras foram estabelecidos, tendo em conta os benefícios para a saúde que estes polissacarídeos providenciam (Englyst et al., 2007). Desta forma, para adolescentes dos 10 aos 18 anos, os valores de ingestão diária de fibras são os seguintes (FNB, 2005): Quadro nº3 - Recomendações do consumo diário de fibras 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 26g/dia 26g/dia RAPAZES 31g/dia 38g/dia Apesar de se conhecerem as vantagens da ingestão de fibras, as dietas nas sociedades ocidentais são pobres em fibras pois há uma baixa ingestão de alimentos ricos em cereais integrais, frutas e legumes (Horta, 1996) e fontes concentradas em plantas, tais como a aveia e os farelos (Burton-Freeman, 2000). 3.5. Gorduras Uma vez que as gorduras são o macronutriente mais denso energeticamente (contribuindo com 9kcal/g), um aumento da sua ingestão pode facilmente promover um aumento do consumo energético (Schrauwen & Westerterp, 2000). Esta relação faz com que a WHO (2003) aconselhe a redução de alimentos de elevada densidade energética, uma vez que estão associados a ganho de peso e obesidade. Segundo Miller (1990) a grande justificação para o facto de as gorduras serem ingeridas em abundância tem a ver com a sua palatibilidade. Uma maior ingestão de gorduras não provoca, em repouso, uma estimulação da sua oxidação, sendo as gorduras armazenadas no organismo (Schrauwen & Westerterp, 2000). Lissner & Heitmann (1995) fizeram uma revisão de 13 estudos que estudaram a relação entre a ingestão de gorduras e a obesidade. Em 11 desses estudos, foi encontrada uma relação significativa entre o consumo de 19 gorduras e uma ou mais medidas de obesidade (Schrauwen & Westerterp, 2000). Contudo, de acordo com Westertrup et al. (1996), a quantidade de gordura da dieta apenas influencia a gordura corporal quando a ingestão calórica também está aumentada. 3.5.1. Ácidos Gordos Saturados Segundo Van Baak (2013), a moderação na ingestão de gorduras saturadas é uma ótima estratégia para facilitar o controlo do peso corporal, uma vez que um elevado consumo de gorduras saturadas está fortemente associado com um aumento de adiposidade em adolescentes com sobrepeso Relativamente à relação dos hábitos alimentares com as questões genéticas, os genes responsáveis pela obesidade poligénica tendem a relacionar-se preferencialmente com as gorduras saturadas ao invés das gorduras mono ou polinsaturadas (Razquin et al. 2010; Corella et al. 2011). A redução do consumo de ácidos gordos saturados é de extrema importância para a redução das doenças cardiovasculares, fundamentalmente pelos efeitos que estes ácidos gordos têm no colesterol sanguíneo (Smith et al., 2011). A redução da ingestão dos ácidos gordos saturados continua a ser o centro das recomendações nutricionais para reduzir o índice de doenças cardiovasculares, devido ao seu efeito no colesterol sanguíneo (Smith et al., 2011). No entanto, esta visão tem vindo a ser posta em causa por estudos recentes: (i) estudos epidemiológicos recentes falharam na conclusão de que os ácidos gordos saturados estão associados com um aumento do risco de doenças cardiovasculares (Siri-Tarino et al., 2010); (ii) a validade das meta análises dos ensaios clínicos que mostram que as doenças cardiovasculares podem ser prevenidas através da substituição de ácidos gordos saturados por ácidos gordos polinsaturados tem sido questionada (Ramsden et al., 2010; Ramsden et al., 2011); (iii) o efeito da dieta num só biomarcador (e.g. colesterol sanguíneo) é insuficiente para determinar risco de doença cardiovascular 20 (Astrup et al., 2011); (iv) o hipotético efeito protetor dos ácidos gordos ómega 6 tem sido considerados exagerado (Katan, 2009). A ingestão de ácidos gordos saturados está inversamente associada com o índice de mortalidade através de acidente vascular cerebral (Yamagishi et al., 2010). Assumindo que a relação entre a ingestão de ácidos gordos saturados e o índice de mortalidade proveniente de acidente vascular cerebral é casual, é inapropriado recomendar um aumento do consumo de ácidos gordos saturados, uma vez que pode levar a um aumento dos níveis de colesterol total e do risco de doença isquémica cardíaca (Yamagishi et al., 2010). 3.5.2. Ácidos Gordos Polinsaturados O consumo de ácidos gordos polinsaturados reduz o rácio do colesterol total:HDL, talvez o melhor preditor de risco cardiovascular (Mensaink et al., 2003) O consumo de ácidos gordos polinsaturados melhora a resistência à insulina (Summers et al., 2002) e reduz a inflamação sistémica (Ferrucci et al., 2006). Em 1963, Arild Hansen e seus colaboradores demostraram pela primeira que os seres humanos necessitam na sua dieta de determinados ácidos gordos polinsaturados que o organismo é incapaz de sintetizar. Estes ácidos gordos foram denominados de ácidos gordos essenciais, entre os quais podemos encontrar os ácidos gordos ómega 3 e ómega 6. (Candela et al., 2011) Os ácidos gordos ómega-3 derivam do ácido linolénico, que se obtém através do peixe e de algumas plantas (Tiemeier et al., 2003) e os ácidos gordos ómega-6 derivam do ácido linoleico, que se obtém através da maioria dos óleos vegetais (Tiemeier et al., 2003). Os ácidos gordos ómega 3 e ómega 6 são essenciais para o desenvolvimento e crescimento, desempenhando também uma importante função na prevenção e controlo de doenças cardiovasculares, hipertensão, 21 diabetes, cancro e outras condições inflamatórias.(Gebauer et al.,2006; Simopoulos et al, 2009). Os ácidos gordos ómega 3 de cadeia longa, mais especificamente o EPA e DHA, têm efeitos positivos na redução da obesidade, uma vez que reduzem o apetite, melhoram a circulação sanguínea, o que facilita a chegada dos nutrientes ao músculo e alteram a expressão genética no sentido de uma maior acrescento de massa isenta de gordura, maior oxidação de gorduras e dispêndio energético e redução da deposição de gordura (Buckley et al., 2010). A ingestão de ácidos gordos ómega 3 tem efeitos benéficos em diversas patologias: desordens cardiovasculares, diversos tipos de cancro, asma, artrite reumatoide, osteoporose, entre outros (Candela et al., 2011). Os ácidos gordos ómega 3 influenciam positivamente a obesidade e osteoporose, uma vez que reduzem os processos inflamatórios globais (Kelly et al., 2013). De acordo com Hamazaki & Okuyama (2013), consumos exagerados de ómega 6 aumentam o risco de doença cardiovascular, sendo assim recomendado um consumo moderado destes ácidos gordos. Recentemente, a American Heart Assoaciation, publicou recomendações de consumo de ácidos gordos ómega 6 entre 5-10% do total de energia consumida. De acordo com a mesma instituição, o consumo de ácidos gordos ómega 6 através de óleos vegetais, nozes e sementes tem efeitos benéficos, desde que faça parte de um plano dietético na qual o excesso de gorduras saturadas e de ácidos gordos trans sejam substituídos por ácidos gordos polinsaturados (Harris et al, 2009) Contudo, e de acordo com Kelly et al. (2013), o consumo excessivo de ácidos gordos ómega 6, resultando num rácio ómega6-ómega3 bastante elevado, pode contribuir para o aumento da obesidade e osteoporose, devido à promoção de inflamação crónica. As modificações nos padrões alimentares nos últimos 100-150 anos conduziram a uma alteração no consumo de ácidos gordos, com um aumento do consumo de ácidos gordos ómega 6 e uma redução do consumo de ácidos gordos ómega 3. Isto conduziu a um desequilíbrio entre o rácio ómega 6- 22 ómega 3, que é agora bem distinto do rácio de 1-2:1 de antigamente (Simopoulos, 2009). Simopoulos (2009) considera fundamental um equilíbrio no balanço entre ácidos gordos ómega 6 e ómega 3 na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. Para a prevenção secundária de doença cardiovascular, um rácio de 4:1 foi associado a 70% de redução na taxa de mortalidade. O rácio ideal entre os ácidos gordos ómega 6 e ómega 3 deve rondar os 4:1 – 5:1, não devendo exceder os 10:1 (Russo, 2009). As recomendações da OMS (2003) para o rácio ómega 6:ómega 3 são de valores entre 5:1 e 10:1. De acordo com a WHO (1993), indivíduos com rácios em excesso de 10:1 devem ser encorajados a consumir mais alimentos ricos em ómega 3, tais como vegetais de folha verde, leguminosas e peixes. O ideal será conseguir-se um aumento de ácidos gordos ómega 3 através da dieta, mas os suplementos alimentares são uma opção clara para inverter esta tendência de aportes deficitários em ómega 3. (Candela et al., 2011). Os valores de referência da WHO (2003) são para o consumo de ácidos gordos ómega 3 entre 1-2% e do consumo de ómega 6 entre 5-8% do valor calórico total. 3.5.3. Ácidos Gordos Monoinsaturados Os ácidos gordos monoinsaturados mais consumidos são quase totalmente absorvidos pelo intestino, sendo oxidados para produção de energia, convertidos noutros ácidos gordos ou são incorporados nos tecidos lipídicos (Schwingshackl & Hoffmann, 2012). Segundo Rodrigues dos Santos (2002), as gorduras monoinsaturadas são as gorduras mais desejáveis da dieta. Os ácidos gordos monoinsaturados promovem perfis lipídicos saudáveis, uma vez que ajudam a diminuir as LDL e a aumentar as HDL, controlam a pressão sanguínea, melhoram a sensibilidade à insulina e regulam os níveis de glicose (Gillingham et al., 2011). Desta forma, 23 dietas ricas em gorduras monoinsaturadas, como por exemplo a dieta mediterrânica (Gillingham et al., 2011) contribuem para a redução de fatores de risco de doença cardiovascular (Schwingshackl & Hoffmann, 2011). Dietas com mais do que 12% de gorduras monoinsaturadas mostram diferenças significativas comparativamente com dietas com menos de 12% de gorduras monoinsaturadas em fatores de risco de doença cardiovascular. Desta forma dietas com mais de 12% de gorduras monoinsaturadas apresentam vantagens na redução de massa gorda, pressão arterial sistólica e diastólica (Schwingshackl & Hoffmann, 2011). Relativamente à proporção dos diferentes tipos de ácidos gordos, a WHO (2003) recomenda para um consumo inferior a 10% para os ácidos gordos saturados, inferior a 1% de ácidos gordos trans, entre 6-10% para os ácidos gordos polinsaturados, perfazendo os ácidos gordos monoinsaturados o valor remanescente. O Instituto Nacional de Medicina, o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, a Associação Americana de Diabetes não estabelecem recomendações para os ácidos gordos monoinsaturados. Em contraste, a Academia de Nutrição e Dietética e a Associação Canadiana de Dietética estabelecem um valor de menos de 25% do valor calórico total, enquanto a Associação Americana do Coração estabelece um limite de 20% de consumo de ácidos gordos monoinsaturados (Schwingshackl & Hoffmann, 2012). De acordo com Abete et al. (2010), os alimentos ricos em ácidos gordos monoinsaturados são o azeite, amêndoa, abacate e a noz. 3.5.4. Ácidos gordos trans Os ácidos gordos trans presentes na nossa dieta podem ser naturais ou produzidos industrialmente, sendo a hidrogenação de óleos vegetais o processo mais comum para a formação de ácidos gordos trans industriais (Bhardwaj et al., 2011). Uma ingestão em excesso de ácidos gordos trans aumenta os níveis de LDL e diminui os valores de HDL, aumentando desta forma o rácio LDL/HDL 24 (Hunter, 2006). Desta forma, um consumo excessivo de ácidos gordos trans está associado a doença coronária, morte súbita proveniente de causas cardíacas e diabetes. (Mozaffarian et al., 2006). Remig et al. (2010) acrescenta que um aumento de 2% da energia total consumida através dos ácidos gordos trans está associado a um aumento de 23% do risco cardiovascular. De acordo com Remig et al. (2010) a eliminação total dos ácidos gordos trans não é possível numa dieta equilibrada, devido à sua presença nas carnes vermelhas e nos produtos lácteos. Desta forma, a Associação Americana do Coração recomenda a ingestão de ácidos gordos trans até 1% do VET. A Associação Dietética Americana e o Instituto de Medicina especificam que os ácidos gordos trans provenientes de fontes industriais devem ser limitados ao máximo (Remig et al., 2010). Como resposta a estas recomendações, a indústria da alimentação tem trabalhado no sentido de encontrar meios para eliminar ou reduzir de forma significativa os ácidos gordos trans dos produtos alimentares, tais como: (i) modificação do processo de hidrogenação, (ii) uso de inter-esterificação, (iii) 3) utilização de frações de alto teor em sólidos a partir dos óleos naturais, (iv) utilização de óleos tratados (Hunter, 2006). Os óleos ricos em ácidos gordos polinsaturados e monoinsaturados são boas soluções para substituir os ácidos gordos trans na fritura ou para uso como ingrediente, mas não conseguem facultar determinadas funcionalidades para aplicações específicas. Alguns alimentos necessitam de texturas específicas para a aceitação do consumidor e isso só é possível através de gorduras sólidas e não através dos ácidos gordos que não são saturados (Hunter et al., 2010). Devido às recomendações para a diminuição dos ácidos gordos trans, existe necessidade de encontrar gorduras sólidas que o substituam mas que não aumentem o risco de doença cardiovascular (Hunter et al., 2010). Embora ainda não haja certezas, o óleo de soja, devido à sua estabilidade oxidativa poderá ser um bom substituto dos ácidos gordos trans para aplicações em gorduras sólidas (por exemplo: a margarina) (Hunter et al., 2010). 25 3.6. Colesterol O colesterol desempenha um papel importante enquanto hormona esteroide e biossíntese de bílis, sendo ainda um componente integrante das membranas celulares (FNB, 2005). As lipoproteínas de elevada densidade (HDL) e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são fatores independentes de predição de risco cardiovascular (Barter et al., 2007). Quanto aos rácios colesterol total/HDL e LDL/HDL são preditores de risco de doença isquémica cardíaca (Lemieux et al., 2001). Segundo Erasmus (2006), 999 em cada 1000 pessoas podem controlar os seus níveis de colesterol sanguíneo através unicamente de meios nutricionais. A dieta é um determinante importante do colesterol sanguíneo, mas o colesterol dietético tem apenas uma contribuição modesta no aumento das concentrações plasmáticas de colesterol LDL (Kanter et al., 2012). Isto pode ser verificável em estudos recentes onde se demonstrou que o consumo de ovos, um alimento com um teor considerável em colesterol, mostrou estar associado a um menor risco de doença cardiovascular. (Scrafford et al.,2010; Rong et al., 2013). O mesmo foi já verificado quando considerados outros alimentos de origem animal (Sauvaget et al., 2003). Assim, o colesterol dietético pode não ter uma importância tão grande como vulgarmente se afirma (Lichtenstein & Lundy, 2009). As recomendações atuais para o consumo diário de colesterol são: <200mg/d para sujeitos com um elevado risco de doença cardiovascular (Eaton et al., 1997) <300mg/d para sujeitos saudáveis (Kanter et al., 2012) De acordo com o Institute of Medicine (2002), o consumo de colesterol dietético deve ser o mais baixo possível, devido a questões relacionadas com a saúde do sujeito. No entanto, estudos recentes mostram que as relações entre o colesterol dietético, os níveis de lípidos sanguíneos e o risco de 26 desenvolvimento de doenças coronárias não são tão estreitas como reportado previamente. (Kanter et al., 2012). 3.7. Proteínas As proteínas desempenham um papel importante no balanço energético através do aumento da saciedade, do efeito na termogénese alimentar, do efeito na composição corporal e da diminuição da eficiência energética (Westertrup, 2008). A ingestão de proteínas resulta em elevados índices de saciedade comparativamente a quantidades calóricas idênticas de hidratos de carbono ou gorduras. O seu efeito na saciedade é sobretudo derivado da oxidação de aminoácidos ingeridos em excesso, sendo este efeito mais elevado através do consumo de proteínas vegetais comparativamente com as animais (Keller, 2011). A termogénese alimentar (gasto de energia com o processamento dos alimentos) é mais elevada para as proteínas do que para os outros macronutrientes. O aumento deste gasto energético tem a ver com a síntese de proteína e ureia e pela gluconeogénese. (Westertrup, 2008). Keller (2011) especifica que, após a ingestão de proteínas a termogénese alimentar aumenta 20-30%, enquanto para os hidratos de carbono o aumento é entre os 5-10% e para as gorduras 0-5%. A ingestão de proteína animal resulta em 2% mais energia despendida do que a ingestão de proteína vegetal (Mikkelsen et al., 2000). O consumo de elevadas quantidades de proteína durante o tratamento da obesidade resulta em maiores perdas de peso. Durante a perda de peso, uma maior quantidade de proteína ajuda a manter o tecido magro e a aumentar o balanço em cálcio, resultando numa preservação do conteúdo mineral ósseo. (Keller, 2011). Paddon-Jones et al (2008) referem que uma dieta rica em proteínas pode providenciar um estímulo no anabolismo muscular, favorecendo a retenção de tecido magro e melhorando o perfil metabólico. Muitos estudos têm sugerido que dietas ricas em proteínas aumentam o total de peso perdido 27 e a percentagem de perda de massa gorda. (Krebs et al, 2010; Arciero et al., 2013) As recomendações do Instituto de Medicina são para a inclusão de maiores quantidades de proteína do que aquelas que são previamente recomendadas numa dieta saudável para a potenciação da perda de peso (Institute of Medicine, 2002). De acordo com Astrup (2005), não há uma evidência clara de que o consumo em excesso de proteína aumente o rico de pedras nos rins, osteoporose, cancro ou doença cardiovascular. Arciero et al. (2013) acrescenta que um consumo mais elevado de proteína (30%) distribuído por 6 refeições diárias, conduz a uma diminuição da gordura corporal e mais especificamente da gordura abdominal e um aumento da massa isenta de gordura e a termogénese alimentar. 3.8. Vitaminas Antioxidantes As células contêm inúmeros substratos que são potencialmente oxidáveis, como os ácidos gordos polinsaturados, proteínas e DNA (FAO, 2001). De acordo com Diplock (1994), os radicais livres de oxigénio estão envolvidos em inúmeras patologias, incluindo a doença coronária e alguns cancros. Por conseguinte, um complexo mecanismo de defesa antioxidante protege as células contra os efeitos nefastos dos radicais livres produzidos endogenamente e contra algumas espécies de radicais livres provenientes do tabaco e de poluentes. Caso a nossa exposição aos radicais livres exceda a capacidade protetora do sistema de defesa antioxidante ocorre o chamado stress oxidativo (Sies, 1993). A interação entre vitaminas antioxidantes parece ser um fator importante na efetividade das mesmas. Um exemplo desta interação ocorre entre o ácido ascórbico e o alfa-tocoferol, sendo que o ácido ascórbico parece contribuir para a regeneração do α-tocoferol (Niki et al., 1995). 28 Contudo, é de salientar o efeito nocivo que estas vitaminas podem assumir quando atingidos os valores acima das recomendações, passando assim a ter um papel pró-oxidante (FNB, 2000) Urso & Clarkson (2003) recomendam que as pessoas adotem uma dieta rica em antioxidantes, recorrendo somente em último caso à suplementação. 3.8.1. Vitamina A A vitamina A tem funções importantes no nosso organismo, tais como: i) atuação como antioxidante, ii) normal funcionamento da nossa visão, iii) manutenção do funcionamento celular para o normal crescimento, iv) regulação imunitária e v) reprodução (WHO, 2006). Segundo Yu (1994), a função antioxidante da pró-vitamina A provém da sua estrutura, que lhe permite a captação de inúmeras espécies reativas de oxigénio, incluindo os radicais superóxido e os radicais da peroxidação lipídica. As recomendações para o aporte de vitamina A são normalmente providenciadas tendo em conta a relação do consumo de vitamina A (retinol) que está presente em alimentos de origem animal e próvitamina A (β caroteno), que são derivados de alimentos de origem vegetal (WHO, 2006), e que tem de ser convertido em retinol pela mucosa intestinal e fígado para poderem ser utilizados pelas células. Os sintomas de deficiência em vitamina A, à parte de sinais clínicos oculares, como a cegueira noturna, não estão claramente especificados (WHO, 2006). No entanto, há cada vez mais evidências que sugerem que a deficiência de vitamina A é uma determinante importante na maternidade e sobrevivência do recém nascido (WHO, 2006). As melhores fontes alimentares de vitamina A são alimentos de origem animal, como o fígado, ovos e produtos lácteos, que contêm vitamina A na forma de retinol, que podem ser rapidamente utilizadas pelo corpo humano (Rodriguez, 1997). 29 A pró vitamina A (β caroteno) é encontrada nos vegetais de folha verde (por exemplo o espinafre), vegetais amarelos (por exemplo: abóbora, cenoura) e frutos não cítricos (por exemplo: manga, papaia) (FAO, 2001) As frutas e os vegetais contêm vitamina A na forma de carotenoides, sendo o β caroteno o carotenoide mais importante. Numa dieta variada, a taxa de conversão de β caroteno em retinol é de aproximadamente 12:1. A conversão de outros carotenoides em retinol é menos eficiente correspondendo a uma taxa de conversão de 24:1 (FNB, 2001). Segundo Castenmiller & West (1998), várias técnicas de preparação dos alimentos, como a cocção e trituração (moagem) e a adição de óleos podem melhorar a absorção dos carotenoides. Segundo Miller et al. (2002), não é surpreendente que o risco de deficiência em vitamina A esteja inversamente relacionado com a ingestão de vitamina A através de alimentos de origem animal. Mele (1991) acrescenta que a carência em vitamina A é mais comum em sujeitos que têm uma ingestão de vitamina A essencialmente às custas de pró vitamina A. A vulnerabilidade em vitamina A pode aumentar a possibilidade de deficiência de ferro (WHO, 2006). Uma vez que a vitamina A é lipossolúvel, podendo ser armazenada, principalmente no fígado, o consumo de elevadas quantidades de vitamina A durante um longo período de tempo pode resultar em sintomas de toxicidade, incluindo danos no fígado, anormalidades ósseas, dores de cabeça, vómitos, entre outros (WHO, 2006) Caso o β caroteno seja ingerido em elevadas quantidades poderá apresentar um efeito pró oxidante (Powers et al., 2004). De acordo com a FNB (2001), as recomendações diárias de vitamina A para adolescentes são as seguintes: 30 Quadro nº4 ‐ Recomendações de ingestão diária de vitamina A. 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 600µg/dia 700µg/dia RAPAZES 600µg/dia 900µg/dia 3.8.2. Vitamina C Segundo Rodrigues dos Santos (1995) a vitamina C tem como funções i) a biossíntese do colagénio, catecolaminas, serotonina e carnitina, ii) ajudar na absorção, transporte e armazenamento do ferro não-eme, iii) papel antioxidante. Bhaskaram (2002) acrescenta que, além destas funções, a vitamina C está também implicada na regulação imunitária. Kanter (1998) refere que o papel da vitamina C como antioxidante tem duas facetas: i) captar os radicais superóxido, hidroxilo e os radicais da peroxidação lipídica; ii) função importante na reciclagem da vitamina E. De acordo com Carr & Frei (1999) e Duarte & Lunec (2005), devido à sua ação antioxidante, a vitamina C pode diminuir a incidência de doenças cardiovasculares e cancro, uma vez que baixos níveis plasmáticos desta vitamina estão associados a uma maior mortalidade devido a estes dois fatores de risco. Estudos epidemiológicos indicam que dietas elevadas em vitamina C têm sido associadas a um menor risco de cancro, especialmente cancros associados à cavidade oral (Yong et al.1997; Schorah, 1998). A vitamina C pode ser obtida na dieta através de frutas e vegetais (Jialal & Singh, 2006), sendo de esperar que, uma vez que a vitamina C é hidrossolúvel, uma carência nestes dois grupos de alimentos resulte em défice de vitamina C (WHO, 2006). Mcardle et al. (1994) acrescenta que devido à solubilidade na água da vitamina C, raramente se acumulam em concentrações tóxicas, o que é um fator de extrema relevância, uma vez que uma ingestão de vitamina C em doses elevadas resultar numa ação pró oxidante (Powers et al., 2004). 31 Os grãos germinados e leguminosas também contêm um elevado conteúdo em vitamina C, devido à germinação. No entanto, como a vitamina C é instável à exposição a ambientes alcalinos, oxigénio, luz e calor, as perdas podem ser substanciais no armazenamento e cocção, fazendo com que estes alimentos não sejam tão considerados quando queremos ter aportes consideráveis de vitamina C (WHO, 2006). De acordo com a FNB (2000), as recomendações diárias de vitamina C para adolescentes são as seguintes: Quadro nº5 - Recomendações de ingestão diária de vitamina C. 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 45 mg/dia 65 mg/dia RAPAZES 45 mg/dia 75 mg/dia 3.8.3. Vitamina E A vitamina E constitui o principal antioxidante lipossolúvel nas membranas celulares (Clarkson & Thompson, 2000), sendo obtida exclusivamente através da dieta (FAO, 2001). A vitamina E é essencial para a saúde humana, uma vez que desempenha um papel fundamental na prevenção de algumas doenças degenerativas (Borel et al., 2013). Segundo Kwiterovich (1997), a vitamina E tem uma forte associação com a diminuição da doença da artéria coronária. Uma deficiência dos níveis de vitamina E pode aumentar a produção de radicais livres de oxigénio para níveis semelhantes àqueles encontrados após exercício (Sachek & Blumberg, 2001), assim como prejudicar a função imunitária (Gleeson & Bishop, 2000). No entanto, e de acordo com Kagan (1998), uma vez que a vitamina E é uma vitamina lipossolúvel, tem grande capacidade de armazenamento. Além disso, segundo o mesmo autor, a vitamina E pode ser regenerada por outros antioxidantes, como por exemplo a vitamina C. 32 A biodisponibilidade de vitamina E é variável e afetada por inúmeros fatores, entre os quais a disponibilidade das proteínas envolvidas na sua absorção, a matriz alimentar, quantidade de gorduras e de vitaminas lipossolúveis (Borel et al., 2013). Bellizi et al. (1994) referem que cerca de metade do consumo de vitamina E é proveniente dos óleos vegetais. De acordo com a FNB (2000), as recomendações diárias de vitamina E para adolescentes são as seguintes: Quadro nº6 - Recomendações de ingestão diária de vitamina E 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 11 mg/dia 15 mg/dia RAPAZES 11 mg/dia 15 mg/dia 3.9. Minerais 3.9.1. Cálcio O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, estando a sua quase totalidade (99%) armazenado no esqueleto humano (WHO, 2006). Segundo a WHO (2006), as principais funções do cálcio são: (i) manutenção da rigidez do esqueleto humano, (ii) coagulação sanguínea, (iii) adesão celular, (iv) contração muscular, (v) libertação de hormonas e neurotransmissores, (vi) metabolismo do glicogénio e (vii) proliferação e diferenciação celular. A mais significante consequência de um baixo aporte de cálcio é a osteoporose (WHO, 2006). Embora uma ingestão adequada de cálcio seja importante no decorrer da nossa vida, a infância e a adolescência são dois períodos cruciais devido ao rápido crescimento do nosso esqueleto (FAO, 2001). Baixas ingestões de cálcio durante este período pode reduzir o pico de densidade mineral óssea, aumentando assim o risco de osteoporose na fase adulta (WHO, 2006). Os produtos lácteos são os principais responsáveis pelo aporte de cálcio, contabilizando 50-80% do aporte diário de cálcio em muitos países 33 industrializados, enquanto os alimentos de origem vegetal contabilizam cerca de 25% (WHO, 2006). Os maiores inibidores da absorção de cálcio são os oxalatos e os fitatos (FNB, 1999). Os oxalatos encontram-se presente em alimentos como o espinafre, batata doce e feijão. Os fitatos fazem parte de alimentos como as leguminosas e cereais integrais. De acordo com a FNB (1997), as recomendações diárias de cálcio para adolescentes são as seguintes: Quadro nº7 - Recomendações de ingestão diária de cálcio 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 1300mg/dia 1300mg/dia RAPAZES 1300mg/dia 1300mg/dia 3.9.2. Ferro Grande parte do ferro presente no corpo humano encontra-se nos eritrócitos, mais especificamente na hemoglobina, em que a sua principal função é o transporte de oxigénio dos pulmões para os diferentes tecidos do corpo humano (WHO, 2006). O ferro é também um importante componente de vários sistemas enzimáticos, como por exemplo os citocromos, que estão envolvidos no metabolismo oxidativo. (WHO, 2006) O ferro é armazenado no fígado como ferritina e hemossiderina (WHO, 2006). A deficiência em ferro é a desordem nutricional mais comum e difundida pelo mundo (WHO, 2006), sendo a anemia o resultado dum balanço negativo prolongado de aporte (WHO, 2006). A presença de deficiência noutros micronutrientes, especialmente as vitaminas A, vitamina B12, folato e riboflavina também aumenta o risco de anemia (Allen et al., 2000) Cerca de 40% da população mundial sofre de anemia, sendo a taxa de incidência estimada em adolescentes entre os 30-55% (WHO, 2006). 34 Os principais fatores de risco de deficiência em ferro incluem: i) baixa ingestão de ferro hémico (presente na carne e no peixe); ii) inadequada ingestão de vitamina C; iii) baixa absorção de ferro através de dietas ricas em fitatos (incluindo leguminosas e cereais) ou compostos fenólicos (presentes no café, chá); iv) períodos da vida em que as necessidades de ferro são especialmente elevadas (por exemplo: o crescimento); v) elevadas perdas de sangue como resultado da menstruação (WHO, 2006). As necessidades de ferro nos adolescentes são elevadas, particularmente durante o período de rápido crescimento (Rossander-Hulthén. & Hallberg, 1996). No que diz respeito ao mecanismo de absorção do ferro, podemos ter dois tipos de ferro dietético: ferro hémico e ferro não hémico (Hallberg, 1981) Na dieta, as principais fontes de ferro hémico são a hemoglobina e mioglobina através do consumo de carne ou peixe, enquanto o ferro não hémico é obtido através de cereais, leguminosas, frutos e vegetais (FAO, 2001). A absorção média de ferro hémico através de refeições que contenham carne é de 25% (21), podendo variar entre 10% quando o armazenamento de ferro é suficiente até 40% quando existe deficiência em ferro (Hallberg et al., 1997). O cálcio é o único nutriente que afeta negativamente a absorção do ferro hémico, influenciando também negativamente a absorção de ferro não hémico (Hallberg, 1993). Desta forma, de acordo com a FAO (2001), os fatores que influenciam a absorção de ferro hémico são: i) o status de ferro do sujeito, ii) a quantidade de ferro hémico dietético ingerido, especialmente através da carne; iii) conteúdo em cálcio da refeição; iv) preparação da refeição (temperatura, tempo) De acordo com a FAO (2001), o ferro não hémico é a principal forma de ferro dietético. Os fatores que influenciam a absorção de ferro não hémico são: i) o status de ferro do sujeito; ii) quantidade de ferro não hémico disponível; iii) balanço entre fatores potenciadores e inibidores (FAO, 2001). O ácido ascórbico é o mais forte potenciador da absorção de ferro não hémico (Siegenberg, 1991). O ferro hémico pode ser degradado e convertido 35 em ferro não hémico caso os alimentos sejam cozinhados a elevadas temperaturas durante um largo período de tempo (FAO, 2001). Os fitatos inibem a absorção do ferro. Os fitatos são encontrados nos vegetais, grãos nozes e frutas (FAO, 2001). O cálcio não só interfere significativamente na absorção do ferro hémico como também na absorção do ferro não hémico (Gleerup et al., 1993). A solução prática para esta competição será aumentar a ingestão de ferro, aumentar a sua biodisponibilidade ou evitar a ingestão de alimentos ricos em cálcio e ferro na mesma refeição (Gleerup, 1995). Cada refeição deve conter pelo menos 25mg de ácido ascórbico e este valor pode aumentar caso a refeição contenha muitos inibidores de absorção do ferro (FAO, 2001). A carne e o peixe promovem a absorção de ferro não hémico (BjörnRasmussen & Hallberg, 1979), promovendo um equilíbrio na quantidade de ferro no nosso organismo de duas maneiras: estimulando a absorção quer de ferro hémico quer de ferro não hémico e providenciando o ferro hémico. A FAO (2001) refere que podem existir várias conjugações de alimentos, resultando em diferentes índices de biodisponibilidade do ferro. Quadro nº8 - Dietas com diferente biodisponibilidade em ferro. Biodisponibilidade de ferro Tipo de dieta (µg/kg/dia) Consumo muito elevado de carne e de ácido ascórbico Consumo muito elevado de carne nas 2 refeições principais e consumo elevado de ácido ascórbico Consumo moderado de carne/peixe nas duas refeições principais e baixo aporte de fitatos e cálcio Consumo muito reduzido aporte de carne/peixe e de ácido ascórbico e elevado consumo de fitatos 36 150 75 42 15 De acordo com a FNB (2001), as recomendações diárias de ferro para adolescentes são as seguintes: Quadro nº9 - Recomendações de ingestão diária de ferro. 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 8 mg/dia 15 mg/dia RAPAZES 8 mg/dia 11 mg/dia 3.9.3. Selénio As principais funções do selénio incluem: i) proteção dos tecidos contra o stress oxidativo; ii) manutenção dos sistemas de defesa do corpo humano contra as infeções; iii) modulação do crescimento e desenvolvimento (WHO, 2006). As dietas usuais na maior parte dos países industrializados providencia as necessidades em selénio. Somente em locais onde o solo, e consequentemente os alimentos produzidos no mesmo, é pobre em selénio (WHO, 2006). De acordo com a WHO (2006), os produtos de origem vegetal contêm entre 0,1μg/g a 0,8μg/g de conteúdo em selénio, enquanto os produtos de origem animal providenciam um conteúdo em selénio entre 0.1 to 1.5μg/g. De acordo com a mesma fonte, em países industrializados, a carne providencia cerca de metade do selénio. Assim, um baixo aporte de alimentos de origem anumal irá aumentar o risco de deficiência neste mineral. De acordo com a FAO (2001), esta relevância dada ao solo pode ser refletida nos dados de consumo diário de selénio na Nova Zelândia (3mg/dia) e nos Estados Unidos (14mg/dia). Aproximadamente 30% do selénio encontra-se presente no fígado, 15% nos rins, 30% no músculo e 10% no plasma sanguíneo (FAO, 2001). O selénio apresenta uma função importante no metabolismo da tiroide (Arthur et al., 1993). As condições ambientais e as práticas agrícolas têm uma enorme influência na quantidade de selénio presente em inúmeros alimentos (FAO, 2001). 37 De acordo com a FNB (2000), as recomendações diárias de selénio para adolescentes são as seguintes: Quadro nº10 - Recomendações de ingestão diária de selénio 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 40µg/dia 55µg/dia RAPAZES 40µg/dia 55µg/dia 3.10 Pequeno - Almoço O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia, fundamentalmente pelos benefícios nutricionais que traz ao indivíduo (Gibson, 2003). A American Dietetic Association (2004) refere que as pessoas que omitem o pequeno-almoço sentem-se frequentemente cansadas e irritadas no período da manhã. O pequeno-almoço é fundamental para a reposição dos níveis energéticos dos adolescentes, uma vez que sucede a um longo período de jejum noturno (Rodrigues dos Santos, 2002). Os baixos níveis de glicémia no sangue faz com que os adolescentes tenham de se socorrer do catabolismo das proteínas (através da gluconeogénese) para aumentar esses mesmos níveis e fornecer a glucose para os órgãos gluco-dependentes (Rodrigues dos Santos, 2002). O não consumo do pequeno-almoço pode trazer consequências na saúde pública dos adolescentes (Utter et al., 2007). Comparativamente com consumidores de pequeno-almoço, os adolescentes que não consomem esta refeição têm ingestões reduzidas de inúmeros nutrientes, tais como: vitamina A, E, C, B6, B12, folato, ferro, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e fibra dietética (Nicklas et al., 2000). Estes nutrientes são raramente compensados pelas restantes refeições diárias (Nicklas et al.,2000). Os adolescentes que não tomam o pequeno-almoço são também mais propensos a não atingirem as recomendações diárias de alguns grupos alimentares, como as frutas e hortícolas (Utter et al., 2007). 38 O não consumo de pequeno-almoço tem sido associado a maiores índices de adiposidade em adolescentes. (Song et al., 2006) e consequentemente a sobrepeso (Rampersaud et al. 2005; Barba et al. 2006). Além disso, segundo Lake et al. (2006) o hábito de não consumir o pequenoalmoço pode persistir no estado adulto. O consumo de pequeno-almoço, particularmente caso esta refeição contenha cereais, está associada a um consumo mais baixo de gorduras e consumos mais elevados de hidratos de carbono, fibra e alguns micronutrientes (Ruxton & Kirk, 1997). Um maior consumo de cereais ao pequeno-almoço tem sido associado a ingestões calóricas mais equilibradas (Frary et al., 2004), a um baixo índice de massa corporal e a perda de peso (Mattes, 2002). Os cereais são convenientes, têm boa palatibilidade, são nutricionalmente densos e não requerem grande preparação. Além disso são boas fontes de hidratos de carbono complexos, com pouca quantidade de gordura e fortificados com vitaminas e minerais (Whittaker et al., 2001). 3.11. Número de refeições diárias São vários os autores (Peres, 1980; Eisenman et al., 1990) que nos referem que os indivíduos não devem estar mais de três horas sem comer, não só para evitarem baixas de glucose no sangue mas, também, para evitarem sobrecarregar o organismo com refeições muito pesadas e hiperenergéticas, normalmente indutoras de grande descarga insulínica. De acordo com Rodrigues dos Santos (2005), uma hiperinsulinemia pós-prandial pode ser um fator tendencialmente armazenador de glucose no adipócito sob a forma de triglicerídeos, o que pode redundar em aumento de peso supérfluo com resultados nefastos no perfil de saúde do adolescente. Além disso, e como refere Peres (1980), rações excessivas podem não fornecer equilibradamente todos os princípios nutritivos necessários para uma vida com saúde. 39 Em sentido inverso, um maior número de refeições diárias permite fracionar o aporte de alimentos com elevado índice glicémico durante o dia, evitando-se uma maior concentração de alimentos em poucas refeições e disponibilizando glucose de forma equilibrada quer para o exercício físico, quer para suporte do metabolismo dos orgãos gluco-dependentes – cérebro, sistema nervoso, rim, eritrócito (Rodrigues dos Santos, 2002). Apesar de ainda persistir alguma controvérsia (Crawley & Summerbell, 1997), o aumento do número de refeições diárias confere efeitos favoráveis no peso corporal (Kant et al., 1995), adiposidade (Ruidavets et al., 2002; Toschke et al., 2005) e ingestão calórica (Drummond et al., 1998). De acordo com Speechy et al (1999), o efeito positivo do aumento do número de refeições diárias provém de uma libertação mais sustentada de hormonas gastrointestinais. 4. Dispêndio Energético 4.1. Taxa Metabólica Basal De acordo com Speakman (2004) a taxa metabólica basal diz respeito às necessidades energéticas para manter os processos celulares gerais. Ainda segundo o mesmo autor esta taxa é medida em condições controladas em que o sujeito está completamente inativo, não está a digerir alimentos (o que pressupõe a medição pelo menos 4 horas após refeição) e está a uma temperatura ambiente neutral. A taxa metabólica basal é a componente que mais contribui para o gasto energético diário (Johnstone et al.,2005), pelo menos em sujeitos sedentários ou pouco ativos. O entendimento da natureza fisiológica da variabilidade da taxa metabólica basal é determinante, uma vez que está associada à epidemia da obesidade de duas formas distintas: uma baixa taxa metabólica basal pode ser um fator de risco de obesidade (Weyer at al., 2000) e sujeitos que outrora foram obesos têm uma taxa metabólica basal 3 a 5% mais baixa do que o expectável (Astrup et al., 1999). A taxa metabólica basal apresenta uma resposta adaptativa à restrição alimentar, o que pode predispor os indivíduos a um posterior novo ganho de peso (Johnstone et al., 2005). O controlo ponderal 40 está dependente de diversos fatores entre os quais o controlo hormonal. A mensuração de várias hormonas (e.g. leptina, triiodotironina e tiroxina) podem ajudar a verificar o perfil evolutivo do sujeito em relação à sua massa gorda, embora as relações entre a massa gorda e o perfil hormonal possam induzir alguns equívocos (Johnstone et al., 2005). Importa evidenciar que em sujeitos obesos a taxa metabólica basal está fortemente condicionada pela percentagem de massa gorda (Vermorel et al., 2005), embora a análise dos gastos energéticos em repouso deva levar em consideração quer a massa gorda quer a massa magra que contribuem com diferentes valências para o gasto energético diário. Johnstone et al. (2005) confirmam que tanto a massa magra corporal como a massa gorda influenciam a taxa metabólica basal, havendo no entanto, contributos diferenciados (63% de contribuição da massa magra e 6% da massa gorda). Os restantes 27% da variância são atribuídos a fatores que ainda não estão totalmente explicados, sendo aplicáveis a diferenças inter-individuais. Sabendo-se que a percentagem de massa magra é um fator importante para a determinação do gasto energético em repouso (Johnstone et al., 2005), podendo contribuir com 50-70% para o total de energia despendida diariamente (em situação de reduzida atividade física) (Vermorel et al., 2005), esta deve ser privilegiada em programas de redução de peso corporal. Quando o efeito da massa gorda na taxa metabólica basal é removido, não existe qualquer associação com concentrações de leptina, o que sugere que a ligação entre as concentrações sanguíneas de leptina e a taxa metabólica basal ocorrem somente devido a um inadequado controlo dos efeitos da massa gorda (Johnstone et al., 2005). 4.2. Efeito Térmico dos Alimentos A termogénese alimentar está relacionada com a estimulação dos processos energéticos requeridos no período pós-prandial: (i) absorção intestinal dos nutrientes; (ii) fases iniciais do seu metabolismo; (iii) armazenamento dos nutrientes absorvidos (Tappy, 1996) 41 A seleção dos alimentos determina gastos energéticos diferenciados para o processo de digestão e assimilação dos macronutrientes. Assim, enquanto as gorduras somente gastam entre 0-3% da energia ingerida para o seu processamento digestivo e nutricional, os hidratos de carbono gastam entre 5-10% e as proteínas 20-30% (Tappy, 1996). 4.3. Atividade Física O dispêndio energético associado à atividade física (AF) é a componente mais variável do total de energia despendida pela pessoa (Dauncey, 1990). Olhando para um exemplo simples, de acordo com Hall et al (2004), a corrida tem um gasto energético bem mais elevado do que o caminhar. Apesar desta variância associada ao gasto energético através da AF, esta desempenha um papel chave para que se consiga atingir o balanço energético (Weinsier et al., 2002). A AF produz benefícios energéticos na taxa metabólica basal, gerando assim um maior efeito no balanço energético do que o custo energético do exercício considerado isoladamente (Speakman & Selman, 2003). 5. Conceitos: Atividade Física, Exercício Físico e Desporto De acordo com Caspersen et al. (1985), a atividade física é qualquer movimento corporal gerado pelo sistema músculo-esquelético que resulta em dispêndio energético Quanto ao exercício físico é uma subsérie da atividade física. É uma atividade física planeada, estruturada e repetida com o objetivo de manter o melhorar a condição física (Caspersen et al., 1985). Claeys (1984) entende que são quatro os elementos essenciais que definem o conceito de desporto: o movimento (actividade física e intelectual humana), a competição (rivalidade 42 no sentido da relação desporto/performance), a institucionalização (existência de regras e normas institucionalizadas) e o lazer (carácter recreativo e lúdico). 6. Fatores influenciadores da Atividade Física De acordo com Mota & Sallis (2002), os fatores influenciadores da AF podem ser agrupados em diferentes variáveis: (i) intrapessoais; (ii) psicológicos, cognitivos e emocionais; (iii) interpessoais; (iv) ambientais. 6.1. Variáveis intrapessoais 6.1.1. Sexo e idade Sallis et al. (2000) a partir de uma meta-análise que realizaram sobre diversos estudos relacionados com os fatores de influência da AF em crianças e adolescentes, chegaram à conclusão que a maioria desses estudos demonstra que os rapazes são mais ativos do que as raparigas e que a AF diminui drasticamente com a idade, sendo esse decréscimo mais notório nas raparigas. Mota & Sallis (2002) referindo-se a diversos estudos, afirmam que as diferenças de género podem ser explicadas por diferentes influências sociais em ambos os sexos: os rapazes são mais encorajados a praticar AF, têm mais e diferentes oportunidades fora da escola e revelam experiências de AF mais positivas do que as raparigas. Relativamente à idade, o declínio parece ser mais acentuado, quanto mais intensa e exigente em termos de motivação for a atividade (Sallis et al., 2000). 43 6.1.2. Estatuto socioeconómico De acordo com Sallis et al. (1996), o estatuto socioeconómico mediado pelo trabalho (associado às habilitações literárias e aos rendimentos) condiciona as atividades de lazer do indivíduo, nomeadamente a AF. De acordo com os mesmos autores, o baixo nível socioeconómico restringe, em termos financeiros, não só o meio de transporte para os locais de prática, como a associação e participação em grupos formais de atividade (Sallis et al., 1996). Contudo, segundo Sallis et al. (2000), os estudos disponíveis não têm identificado de forma clara os processos pelos quais o estatuto sócioeconómico influencia a AF dos jovens, apresentando conclusões que não são consensuais 6.1.3. Obesidade A relação entre a obesidade ou excesso de peso e a prática de atividade física na adolescência pode ser vista de duas formas distintas: se, por um lado, a falta de AF pode levar a aumentos de gordura corporal, por outro lado, há que ter em conta que os jovens obesos são menos ativos (Delgado & Tercedor, 2002). Neste sentido, a diminuição da AF poderá ser tanto a causa como o efeito do aumento de peso ao longo da vida e, portanto, diferentes avaliações teriam de ser feitas para se chegar a uma relação causal estável (Voorrips et. al., 1992). 6.2. Fatores psicológicos, cognitivos e emocionais 6.2.1. Auto eficácia A auto-eficácia para o exercício é o grau de confiança que o indivíduo tem na sua capacidade para ser fisicamente ativo perante diversas circunstâncias, ou seja, a eficácia para ultrapassar barreiras (DuCharme & Brawley, 1995) 44 Entre as variáveis cognitivas correlacionadas com o exercício, a autoeficácia é a mais forte e parece ser o preditor mais consistente do comportamento de exercício em qualquer idade (Sherwood & Jeffery, 2000). Jovens com elevada perceção de competência num desporto poderão sentir baixa perceção de competência noutro. De facto, algumas crianças podem percecionar uma baixa competência desportiva, mas sentirem-se competentes noutras atividades físicas (Mota & Sallis, 2002). 6.2.2. Perceção de barreiras Crawford & Goodbey (1987) identificaram três tipos de barreiras: externas, internas e sociais. A perceção de barreiras ou obstáculos apresenta-se inversamente correlacionada com a AF dos adolescentes em ambos os sexos (Zakarian et al., 1994). Um estudo português de Matos et al. (2003) concluiu, relativamente à perceção de barreiras dos jovens de 15 anos (do 10º ano), que a maioria refere quase nunca fazer AF com os pais (79.8%); quase metade dos sujeitos refere não existirem muitos locais para a prática de AF (45.5%) e consideram-na uma atividade cara (44.8%); cerca de um quarto dos sujeitos afirma que quase nunca é seguro fazer AF no local onde mora (23.3%). 6.2.3. Atitudes/ Benefícios Segundo Mota e Sallis (2002) podemos encontrar uma perceção de benefícios positivos na saúde, semelhante em participantes e não participantes de AF. Embora a maioria dos indivíduos que integram programas de promoção de exercício físico percecionem efeitos positivos na saúde, este facto não contribui suficientemente para a manutenção do exercício. 45 6.2.4. Fatores comportamentais A prática de AF é considerada um comportamento de saúde, similar a outros comportamentos de saúde como os cuidados de saúde primários, a alimentação, a prevenção de consumos e a prevenção de comportamentos sexuais de risco e de violência (Matos et al., 1999). Os hábitos de AF influenciam e são determinados por outros hábitos tais como a alimentação, o consumo de álcool e drogas e o tabagismo, entre outros (Matos et al., 2001). Segundo Wold (1993), nos adolescentes, o exercício está relacionado com uma maior facilidade em fazer novas amizades, obter apoio social e satisfação escolar, verificando-se, para além de benefícios na saúde, importantes vantagens no processo de socialização dos adolescentes. 6.3. Variáveis interpessoais 6.3.1. Influência da Família A influência parental tem sido referida como sendo um dos principais mecanismos de influência de prática de AF por parte dos adolescentes (Pate & Ross, 1987) Os pais podem influenciar a AF dos filhos de diversas formas (Taylor et al., 1994). Uma das influências mais evidente é, contudo, a que Sallis & Mota (2002) designaram por apoio instrumental, ou seja, o apoio no transporte para os locais de prática, o apoio material ou a disponibilidade de tempo. O encorajamento direto (Klesges et al., 1984), proporcionando comportamentos mais ativos (Moore et al., 1991) ou o estabelecimento de regras contrárias, promovendo o constrangimento da atividade são mais dois exemplos da forma como os pais podem influenciar o comportamento dos adolescentes relativamente à prática de AF. (Mota & Sallis, 2002). 46 6.3.2. Influência dos Pares De acordo com Mota & Sallis (2002), a importância dos pares relativamente à adesão à AF parece ser mais determinante na adolescência do que na infância. Com o desenvolvimento da autonomia e a construção da personalidade, durante a adolescência, o papel de modelo desempenhado pelos pais sofre uma transferência para os pares e amigos, refletindo-se esta mudança igualmente no processo de socialização através do desporto (Yang et al., 2000). Segundo Freire (2000), o grupo de pares começa a ganhar primazia na adolescência, uma vez que existe uma partilha de muitas coisas em comum, tais como os gostos, os desportos, passatempos, poder de compra e tipos de interesse. 6.3.3. Escola/Professor/Treinador Assumindo a escola um papel cada vez mais preponderante na formação e desenvolvimento das crianças e jovens, não só através do currículo formal, como por meio das aprendizagens resultantes das interações com os pares e os diversos agentes educativos (Sampaio, 1997). A influência da escola na AF dos jovens, analisada na perspetiva de promoção da saúde, poderá, por conseguinte, ser observada segundo dois prismas distintos: em primeiro lugar, analisar o nível de AF que a escola promove; em segundo lugar, observar e avaliar os hábitos de AF que a escola transmite e que possam ser mantidos na idade adulta (Mota & Sallis, 2002). No que concerne ao nível de AF praticada nas escolas, Pate et al. (1994) concluem que, as aulas de educação física não proporcionam a quantidade de AF suficiente. No que diz respeito ao professor de educação física, Neumark-Sztainer et al. (2003) destacam a sua importância no desenvolvimento de hábitos de AF ao longo da vida. 47 6.4. Variáveis ambientais 6.4.1. Acessibilidade a Equipamentos e Espaços De acordo com Mota & Sallis (2002), ambientes que possuam recursos favorecedores da prática de AF, como passeios, parques, ginásios, podem tornar mais simples a participação das pessoas. De acordo com Sallis et al (1993), as crianças com acessibilidades à prática de AF mais próximas do local de residência eram mais ativas do que aquelas com dificuldades de acessibilidade. Pelo contrário, ambientes que coloquem barreiras à prática como a inexistência de estruturas e locais com falta de segurança reduzem as possibilidades das pessoas serem ativas (Sallis et al., 1997). 6.4.2. Condições climatéricas De acordo com Mota e Sallis (2002), os diferentes níveis de participação na AF, especialmente no tempo de lazer, parecem estar dependentes das características ambientais bem como da sazonalidade das atividades. A este respeito, Pate et al. (1994) referem que existe um crescimento acentuado de prática de AF durante o Verão. Relativamente às condicionantes geográficas, um estudo em Portugal concluiu que os jovens do Litoral praticam AF maior frequência e durante mais tempo do que os residentes no Interior do país (Matos et al., 1999). 7. Malefícios do Sedentarismo / Benefícios Atividade Física O sedentarismo/inatividade física tem sido identificado como um dos maiores problemas de saúde pública do século 21 (Blair, 2009). A WHO estima que 2 milhões de mortes por todo o mundo são atribuídas à inatividade física (WHO, 2004). 48 De acordo com Allender et al. (2007), dados do Serviço Nacional de Saúde de Inglaterra referem que os custos relacionados com a inatividade física em Inglaterra rondam um bilião de libras por ano, estando a inatividade física relacionada com mais de 35.000 mortes por ano neste país. A American Academy of Pediatrics (2001), Australian Government Department of Health and Ageing (2011) e Canadian Society for Exercise Physiology (2011) recomendam a redução do tempo passado com atividades sedentárias, especialmente a visualização de televisão. De acordo com Steele et al. (2009), o sedentarismo está associado com a adiposidade, enquanto Sardinha et al. (2008) referem uma associação positiva com um perfil de risco cardiometabólico, mais especificamente com a resistência à insulina. Um estilo de vida ativo traz inúmeros benefícios para os adolescentes (Seabra et al., 2011). De acordo com Strong et al. (2005), atividade física moderada e vigorosa praticada regularmente está associada a benefícios comportamentais, de corporais e de saúde durante a adolescência (Strong et al., 2005). A atividade física praticada regularmente melhora a composição corporal, capacidade cardiorrespiratória e muscular e a saúde óssea (USDHHS, 2008). A atividade física regular previne o começo precoce de inúmeras doenças crónicas que são manifestadas na fase adulta (Rowland, 2006) e os hábitos de atividade física desenvolvido durante a infância e a adolescência têm repercussões no estilo de vida da fase adulta (Malina, 2001). A prática regular de atividade física está associada a um risco reduzido de doença coronária, obesidade, diabetes tipo 2 e outras doenças crónicas (Department of Health, 2004). O tempo passado em atividade física moderada a vigorosa está associado a um perfil cardiometabólico saudável em jovens (Rizzo et al., 2007). De acordo com Allender et al. (2007), dados do Serviço Nacional de Saúde de Inglaterra referem que os custos relacionados com a inatividade física em Inglaterra rondam um bilião de libras por ano, estando a inatividade física relacionada com mais de 35.000 mortes por ano neste país. 49 A atividade física praticada regularmente melhora a composição corporal, condição muscular e cardiorrespiratória, a saúde óssea e os biomarcadores metabólicos de saúde dos adolescentes (USDHHS, 2008). 8. Prevalência atividade física / inatividade física Embora os benefícios da atividade física estejam documentados, a prevalência de inatividade física tem aumentado por todo o mundo (Bouchard et al., 2006). De acordo com a WHO (2004), dois terços dos adolescentes (entre os 11 e os 15 anos) não atinge as recomendações de atividade física. Num estudo realizado em adolescentes portugueses, de acordo com a recomendação de 60 minutos de atividade física diária, 36% dos adolescentes dos 10 aos 11 anos e 4% dos adolescentes dos 16 aos 17 anos foram considerados suficientemente ativos (Batista et al., 2012). De acordo com Maffeis et al. (1997), Dionne et al. (2000) e McMurray et al. (2000) adolescentes com sobrepeso são menos ativos do que adolescentes com peso normal. 9. Recomendações Atividade Física De acordo com a WHO (2011), os adolescentes devem acumular pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa diariamente. Toda a atividade física que vier por acréscimo trará ainda mais benefícios para a saúde dos adolescentes. Pelo contrário, caso os adolescentes sejam inativos, devem começar com pequenas quantidades de atividade física, aumentando gradualmente até atingirem os 60 minutos diários (WHO, 2011). Estes 60 minutos diários podem ser atingidos de uma só vez ou divididos por várias vezes ao dia. Cavill et al. (2001) referem que para além dos 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa, os jovens devem, participar em atividades que reforcem a força muscular e da flexibilidade e promovam o 50 desenvolvimento da densidade mineral óssea, pelo menos duas vezes por semana. De acordo com a ACSM (2003), os profissionais do exercício devem ter em consideração que os indivíduos com sobrepeso são na generalidade sedentários, sendo que grande parte dos mesmos já tiveram experiências desagradáveis com o exercício. Deste modo, antes de iniciar qualquer atividade devem conhecer o indivíduo, de forma a perceber qual a sua relação com o exercício, as suas dificuldades, bem como os locais de prática preferidos (e.g. clube desportivo, casa, rua, ginásio da escola ou pista). Esta atitude poderá aumentar a adesão e a concordância com o programa de exercícios 10. Prática de Atividade física consoante o tempo e o espaço 10.1. Tempo Livre O tempo livre tem sido assumido como potencialmente importante do ponto de vista da promoção da saúde e da qualidade de vida dos jovens, devido ao seu carácter voluntário e autónomo (Matos, 2003). Num estudo de Santos et al. (2005), entre as práticas de lazer mais referidas nos tempos livres pelos jovens estão: “ouvir música”, “ver televisão”, “conversar com os amigos”, “jogar às cartas, jogos de vídeo e computador” e “ajudar nos trabalhos domésticos”. Os mesmos autores referem que as atividades mais escolhidas por parte dos adolescentes são maioritariamente sedentárias. A atividade física necessária para a obtenção de benefícios para a saúde pode ser livremente escolhida e realizada no tempo de lazer, ou integrada na rotina diária dos adolescentes (Biddle & Mutrie, 2001). Efetuando uma comparação dos dias da semana, Konharn et al (2012) referem que a prática de atividade física moderada a vigorosa por parte dos adolescentes é maior durante os dias de semana do que ao fim de semana. Estes resultados vão ao encontro do estudo de Comte et al. (2013), no qual a taxa de atividade física durante o fim de semana foi 30% mais baixa do que a taxa de atividade física nos dias de semana. 51 Aibar et al. (2013) num estudo realizado em adolescentes franceses e espanhóis referem que aos fins de semana, as manhãs são as que mais contribuem para o incremento da taxa de atividade física. 10.2. Aulas de Educação Física De acordo com Kremer et al (2012), além do facto das aulas de Educação Física terem uma curta duração, os estudantes praticam atividade física moderada a vigorosa durante somente um terço da aula, havendo uma fraca contribuição para o nível de atividade física diária. Estes dados vão ao encontro dos encontrados por Wang et al. (2005) em adolescentes portugueses. Estes autores referem que os adolescentes são pouco ativos durante as aulas de Educação Física e aconselham um aumento na quantidade e qualidade das aulas de Educação Física, de forma a encorajar os adolescentes a atingirem a quantidade de atividade física necessária para obterem benefícios a nível da saúde. O facto de existirem ainda tantas escolas no nosso país que não possuem instalações desportivas cobertas, onde as próprias aulas de Educação Física são condicionadas pela chuva, pode estar associado às fracas oportunidades de prática de atividade física entre os jovens (Santos et al., 2005). 10.3. Recreio Escolar Segundo Lopes (2006) a palavra recreio pode ter dois significados: o espaço (onde a criança/adolescente desenvolve atividades livremente) e o tempo (referente ao intervalo). Para Pereira et. al. (2003), os espaços de recreio são os locais preferidos das crianças/adolescentes, uma vez que estas são livres de escolher com quem estar e quais as atividades que vão realizar. O recreio escolar tem sido referido por entidades no domínio da saúde pública, como um contexto importante no âmbito da promoção da atividade 52 física em crianças e jovens (Marques et al., 2001), apresentando-se como uma oportunidade de acumular atividade física ao longo do dia (Mota et al.,2005, Escalante et al., 2013). Neste sentido, o recreio representa um tempo e um espaço de promoção da saúde (Ridgers et al., 2005) e uma oportunidade ideal ao encorajar nas crianças comportamentos fisicamente ativos e contribuir para o cumprimento das recomendações de atividade física (Stratton & Ridgers, 2003). Os recreios são ambientes potencialmente ideais para o desenvolvimento e enriquecimento de aprendizagens infantis (Bowers & Gabbard, 2000). Os espaços e tempos de recreio das nossas escolas encontram-se, na maior parte dos casos, desvalorizados, umas vezes por negligência, outras por razões puramente economicistas (Pereira & Neto, 1997). Estes espaços são normalmente pouco atrativos, oferecendo escassa possibilidade de ação, conforto, estética, aventura, sociabilização e vegetação (Pereira et al., 2002). Lopes et al. (2006) referem que crianças/adolescentes portugueses passam a maior parte do tempo no recreio em atividade física moderada. Já Willenberg et al. (2010), num estudo que se centrou nas atividades desenvolvidas no recreio, constataram que 44% das crianças apresentaram brincadeiras sedentárias, 30% atividade física moderada e 27% atividade física vigorosa. Sleap e Warsbuston (1992), num estudo realizado com crianças de ambos os sexos de 4 regiões de Inglaterra, verificaram que estas eram mais ativas durante os intervalos letivos do que durante o tempo livre passado fora da escola. Num estudo de Lopes et al. (2006), uma intervenção num recreio escolar através da introdução de diferentes materiais conduziu a um aumento no índice de atividade física de crianças e adolescentes portugueses. 53 54 Capitulo IIII – Objetivos 1. Objetivo Geral - Caracterizar a ingestão nutricional e a taxa de atividade física de adolescentes portugueses. 2. Objetivos específicos - Comparar a ingestão nutricional e a taxa de atividade física entre adolescentes com peso normal e com sobrepeso. - Avaliar o consumo de macronutrientes e micronutrientes em valores absolutos (g) e em percentagem de valor energético total (%VET). - Analisar a frequência de pequeno-almoço e de refeições diárias da amostra. - Avaliar as correlações entre a taxa de atividade física e o consumo calórico com o IMC dos adolescentes. 55 56 Capitulo IV – Material e Métodos 1. Amostra A amostra do presente estudo foi constituída por 262 adolescentes dos Distritos do Porto e Viseu, que frequentavam a Escola de Oliveira do Douro e Avintes (Distrito do Porto) e a Escola Viriato e o Agrupamento de Escolas de Mangualde (Distrito de Viseu) e cujas características se encontram expressas no quadro nº11. 1.1. Caracterização da Amostra O quadro nº11 apresenta os dados da estatística descritiva referentes à idade, peso, altura e índice de massa corporal (IMC) dos participantes no estudo. Quadro nº11 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes do PE Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Idade (anos) 15,2 2,2 10,5 18 Peso (Kg) 62 13,5 33,8 118,3 Altura (m) 1,63 0,1 1,3 1,85 IMC (Kg/m2) 23,3 3,9 16,7 40,8 De seguida iremos apresentar os valores de estatística descritiva referentes à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes com peso normal (n=151) e adolescentes com sobrepeso (n=101). 57 Quadro nº12 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes com peso normal. Média Desvio Padrão Mínimo Máximo 15,6 2,1 11 18 56,1 9 33,8 78,3 Altura (m) 1,63 0,1 1,39 1,85 IMC (Kg/m2) 20,9 1,7 16,7 24,4 Idade (anos) Peso (Kg) Quadro nº13 - Estatística descritiva referente à idade, peso, altura e IMC dos adolescentes com sobrepeso. Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Idade (anos) 14,7 2,2 10,5 18 Peso (Kg) 70,1 14,4 35 118,3 Altura (m) 1,62 0,1 1,31 1,83 IMC (Kg/m2) 26,6 3,6 20,4 40,8 1.2. Critérios de Seleção Na seleção dos indivíduos para integrar a amostra deste estudo, teve-se em consideração os seguintes critérios: Idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos Existência de alunos com peso normal e sobrepeso Alunos com disponibilidade para participar no estudo. 58 1.3. Procedimentos de Recolha de Dados A recolha de dados decorreu entre os meses de Fevereiro e Junho de 2013 em locais distintos, mais propriamente na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Agrupamento de Escolas de Mangualde e Escola Secundária Viriato. Foram realizadas as mensurações antropométricas de peso e altura para posterior determinação do IMC. Os participantes fizeram um registo alimentar durante três dias com obrigatoriedade de um dos dias corresponder ao fim de semana. Foi também realizado um questionário indagando acerca da atividade física dos participantes. Este estudo foi conduzido de acordo com as determinações da Declaração de Helsínquia, adotada pela Associação Médica Mundial, respeitando os princípios éticos para investigação médica envolvendo sujeitos humanos e foi aprovado pelo Comité de Ética da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Os participantes e responsáveis educativos foram informados dos eventuais riscos associados à sua participação antes de darem consentimento por escrito. Os participantes foram informados da importância do rigor e exatidão das informações fornecidas. Foi-lhes garantido o anonimato e confidencialidade de todos os dados obtidos. 1.4. Avaliação da Ingestão Nutricional A avaliação da ingestão nutricional foi realizada através de um registo dos alimentos consumidos durante três dias consecutivos, sendo um dos dias de fim de semana. Salientou-se a importância de referir, o mais aproximadamente possível, as quantidades de alimentos ingeridas. O tratamento da informação contida nos registos alimentares foi realizado através do programa Food Processor Plus versão SQL (ESHA Research, Salem, Oregon). 59 O programa informático Food Processor Plus versão SQL (ESHA Research, Salem, Oregon), usa como núcleo central dados provenientes de tabelas de composição de alimentos analisadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América. Os conteúdos, em nutrientes, de alimentos ou pratos culinários tipicamente portugueses foram acrescentados à base original, utilizando dados da Tabela de Composição de Alimentos Portugueses (Ferreira e Graça, 1985) para alimentos crus e recorrendo a trabalhos nacionais (Mano et al., 1989; Amaral et al., 1993) e internacionais que analisaram alimentos portugueses (Aro et al., 1998; Van Erp-baart , 1998). 1.5. Avaliação do Índice de Atividade Física A avaliação do índice de Atividade Física foi efetuado a partir do Physical Activity Questionnaire for Older Children (indivíduos do 5ºao 8ºano de escolaridade) e do Physical Activity for Adolescents (indivíduos do 9º ao 12ºano de escolaridade). Estes questionários foram validados respetivamente por Kowalski et al. (1997a) e Kowalski et al. (1997b). De acordo com Kowalski et al. (2004), após análise de cada um dos items do questionário, um score final de 1 indica um índice baixo de atividade física enquanto um score final de 5 indica um índice elevado de atividade física. Uma vez que estes autores não indicam uma categorização para valores intermédios, optámos por fazer uma adaptação do questionário de Mota & Esculcas (2002) no qual as respostas são dadas em grau de concordância em escala de Lickert. Assim, aplicámos a seguinte categorização: sujeitos sedentários (0 – 1,25), sujeitos pouco ativos (1,26 – 2,5), sujeitos moderadamente ativos (2,51 – 3,75) e sujeitos vigorosamente ativos (muito ativos) (3,76 – 5). Uma vez que as linhas de orientação relacionadas com a atividade física para a saúde em jovens estabelecem o engajamento em atividades físicas de moderadas a vigorosas, para melhor percebermos a proporção de adolescentes de acordo com o índice de atividade física, iremos complementar a nossa análise estatística através do agrupamento dos sujeitos do presente 60 estudo em três categorias: grupo pouco ativo, incluindo sujeitos sedentários e com pouca atividade física; grupo moderadamente ativo e grupo vigorosamente ativo. Foi aplicado o α de Cronback para avaliar a consistência interna do questionário de atividade física, tendo sido obtido um valor de 0,79. Ficou assim demonstrada uma confiabilidade aceitável do questionário de atividade física aplicado. 1.6. Avaliação da Composição Corporal 1.6.1. Medidas Antropométricas Todas as mensurações foram realizadas antes das aulas de Educação Física (nas escolas) e na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (período de manhã e tarde). Em todos os sujeitos que constituem a amostra, foram recolhidos dados dos seguintes parâmetros antropométricos, segundo procedimentos descritos por Silva (1997). Quadro nº14 - Protocolo de recolha das medidas antropométricas Peso Corporal e Estatura. Peso Corporal - Medido com o indivíduo despido (só em calções) e imóvel, com o peso corporal distribuído uniformemente por ambos os pés. - Cada mensuração foi registada com aproximação às gramas. - No total foram efetuadas duas medições, tendo sido considerada o valor médio das mesmas Estatura - Medida entre o vértex e o plano de referência ao solo. - O indivíduo encontra-se descalço, imóvel e em pé sobre um plano duro, com os calcanhares e cabeça encostados à parede. - Efetuaram-se duas medições com aproximação aos centímetros, tendo-se considerado o valor médio das mesmas. 61 os 1.7. Instrumentarium Quadro nº15 - Instrumentarium utilizado no estudo Composição Corporal - Balança - Fita Métrica - Esferográfica de tinta lavável - Ficha de registo Atividade Física - Questionário de Actividade Física Ingestão Nutricional - Ficha de registo (para três dias) Meios Informáticos - Impressora Deskjet F4280 - Food Processor Plus versão SQL (ESHA Research, Salem, Oregon) - Microsoft Word - Microsoft Excel - SPSS 21.0 1.8. Procedimentos Estatísticos Na análise dos dados, utilizámos o software “Statistical Package for Social Sciences – SPSS” versão 21.0 para o Windows. Foi utilizada a estatística descritiva, mais propriamente medidas de tendência central (média e desvio padrão). Para a determinação da existência, ou não, de diferenças significativas entre as distintas variáveis do PE, foram utilizados os seguintes testes: Q quadrado, T-Student e Mann-Whitney. Para cada um destes testes foi utilizado um nível de significância de p<0,05. Quanto às associações entre as variáveis, foi utilizado o coeficiente de Pearson. 62 Capitulo V – Apresentação dos Resultados Iremos apresentar os resultados divididos em duas partes: valores referentes à ingestão nutricional e valores referentes aos níveis de atividade física. Na apresentação dos resultados, iremos apresentar os dados referentes à análise global da nossa amostra e seguidamente especificar os valores para adolescentes com peso normal e sobrepeso. 1. Ingestão Nutricional Quadro nº16 - Estatística descritiva referente aos diferentes items de ingestão nutricional dos adolescentes do PE. Adolescentes do PE Energia total (kcal/dia) 1853 ± 493 Hidratos de carbono (%VET) 51,1 ± 6 Açúcares (%VET) 14,5 ± 5,6 Fibras (g/dia) 11,7 ± 4,6 Gorduras (%VET) 28,8 ± 4,8 Ácidos gordos saturados (%VET) 8,5 ± 2,2 Ácidos gordos polinsaturados (%VET) 4,3 ± 1 Ácidos gordos ómega 3 (%VET) 0,3 ± 0,2 Ácidos gordos ómega 6 (% VET) 3,3 ± 1 Rácio Ómega 6: Ómega 3 (g) 16,1 ± 8,9 Ácidos gordos monoinsaturados 10 ± 2,4 (%VET) Ácidos gordos trans (% VET) 0,5 ± 0,3 Colesterol 232,5 ± 71,1 Proteínas (%VET) 17,8 ± 3 Vitamina A (µg/dia) 411,7 ± 441,7 Vitamina C (mg/dia) 47,2 ± 36,5 Vitamina E (mg/dia) 2 ± 1,2 Cálcio (mg/dia) 602,1 ± 248 Ferro (mg/dia) 13,8 ± 6,9 Selénio (µg/dia) 78,6 ± 25 63 No quadro nº16 apresentamos as medidas de tendência central dos diversos items analisados no PE referentes à ingestão nutricional. 1.1. Ingestão Calórica Quadro nº17 - Comparação da ingestão calórica entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Peso Normal Energia total (kcal/dia) Raparigas 10-13 anos 1509,7±160,5 Sobrepeso 2048,1± 397,6 P value 0,000 Rapazes 10-13 anos 1541,8±256,8 1931,6±404,5 0,008 Raparigas 14-18 anos 1601,4±336,3 2287,4±632,4 0,000 Rapazes 14-18 anos 1751,7±287,4 2231,4±349,2 0,000 Da análise do quadro nº17, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam uma ingestão calórica significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Os rapazes com sobrepeso apresentam uma ingestão calórica significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com os rapazes com peso normal. No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam uma ingestão calórica significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Os rapazes com sobrepeso apresentam uma ingestão calórica significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com os rapazes com peso normal. 64 1.2. Hidratos de Carbono Quadro nº18 - Comparação do consumo percentual de HC entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Hidratos de carbono (%VET) Raparigas 10-13 anos Rapazes 10-13 anos Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Peso Normal 51,3±5,1 Sobrepeso 50,1±5,2 p 0,472 51,9±8,5 50,9±6,4 0,803 50,8±6,2 51,8±5,9 0,509 51,2±6,8 51,5±5,4 0,816 Da análise da quadro nº 18, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de hidratos de carbono entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de hidratos de carbono entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de hidratos de carbono entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de hidratos de carbono entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). 65 1.2.1. Açúcares Quadro nº 19 - Comparação do consumo percentual de Açúcares entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 anos Peso Normal 14,6±7 16,7±3,9 0,089 Rapazes 10-13 anos 14,7±8,6 16,6±3,7 0,182 13,6±6,3 15,3±4,8 0,056 12,7±4,7 15±4,2 0,072 Açúcares Raparigas 14-18 anos (%VET) Rapazes 14-18 anos Sobrepeso p Da análise do quadro nº 19, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de açúcares entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de açúcares entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de açúcares entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de açúcares entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 66 1.3. Fibras Quadro nº20 - Comparação do consumo diário de Fibras entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Fibras (g/dia) Raparigas 10-13 anos Peso Normal 8,8±2,2 Sobrepeso 12±4 p 0,008 Rapazes 10-13 anos 9,5±4,2 12,2±3,8 0,024 Raparigas 14-18 anos 10,5±3,7 14,3±5,3 0,000 Rapazes 14-18 anos 11,6±5,1 14±4,6 0,113 Da análise do quadro nº20, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de fibras significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal - Os rapazes com sobrepeso apresentam um consumo diário de fibras significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com os rapazes com peso normal No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de fibras significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal - Não há diferenças significativas do consumo diário de fibras entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 67 1.4. Gorduras Quadro nº21 - Comparação do consumo percentual de Gorduras entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Gorduras (%VET) Peso Normal Sobrepeso p Raparigas 10-13 anos 27,4±3,7 29,1±4 0,111 Rapazes 10-13 anos 27,7±4,7 28,4±5,6 0,578 28,5±5 29,6±5,2 0,311 28,7±4,9 29,7±4,3 0,637 Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº21, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de gorduras entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de gorduras entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de gorduras entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de gorduras entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 68 1.4.1. Ácidos gordos saturados Quadro nº22 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Saturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Ácidos Raparigas 10-13 anos gordos Rapazes 10-13 anos Peso Normal Sobrepeso p 7±1,5 8,6±1,4 0,003 8,4±1,9 8,7±2,8 0,604 8,4±2,2 9±2,3 0,268 8,4±2,3 8,6±2,2 0,879 saturados Raparigas 14-18 anos (%VET) Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº22, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo percentual de ácidos gordos saturados significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos saturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos saturados entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos saturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 69 1.4.2. Ácidos gordos polinsaturados Quadro nº23 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Polinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Ácidos gordos Peso Normal Sobrepeso p Raparigas 10-13 anos 4,7±0,9 4,4±0,9 0,472 Rapazes 10-13 anos 3,8±1 3,9±0,7 0,893 Raparigas 14-18 anos 4,2±1,2 4,3±1 0,382 Rapazes 14-18 anos 4,6±1 4,4±0,9 0,701 polinsaturadas (%VET) Da análise do quadro nº23, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos polinsaturados entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos polinsaturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos polinsaturados entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos polinsaturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). 70 1.4.3.Ácidos Gordos Ómega 3 Quadro nº24 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Peso Normal Raparigas Sobrepeso P 10-13 0,3±0,2 0,22±0,1 0,359 10-13 0,23±0,2 0,17±0,1 0,326 14-18 0,27±0,2 0,26±0,2 0,505 14-18 0,3±0,2 0,26±0,1 0,391 anos Rapazes Ómega 3 (%VET) anos Raparigas anos Rapazes anos Da análise do quadro nº24, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 71 1.4.4. Ácidos Gordos ómega 6 Quadro nº25 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Ómega 6 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 3,7±1 3,3±0,9 0,320 2,8±0,9 2,9±0,6 0,924 3,2±1,2 3,3±1 0,551 3,4±1 3,5±0,8 0,538 anos Rapazes 10-13 Ómega 6 anos (%VET) Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº25, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 72 1.4.5. Rácio Ómega 6:Ómega 3 Quadro nº26 - Comparação do rácio Ómega 6: Ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Peso Normal Sobrepeso p Raparigas 10-13 anos 19,3±15,5 17,8±8,2 0,734 Rácio Rapazes 10-13 anos 16±8 19,2±6,7 0,195 Ómega6: Raparigas 14-18 anos 15,6±10,2 15,6±7,1 0,582 Ómega 3 Rapazes 14-18 anos 14,6±6,9 14±3,6 0,936 Da análise do quadro nº26, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do rácio ómega 6:ómega 3 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do rácio ómega 6:ómega 3 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do rácio ómega 6:ómega 3 entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do rácio ómega 6:ómega 3 entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 73 1.4.6. Ácidos gordos monoinsaturados Quadro nº27 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Monoinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 10±1,8 10,5±2 0,410 Ácidos anos gordos Rapazes 10-13 anos 9,8±2,8 9,8±2,5 0,744 monoinsatu Raparigas 14-18 9,6±2,4 10±2,7 0,488 rados anos (%VET) Rapazes 14-18 anos 10,3±2,6 10,5±2,4 0,943 Da análise do quadro nº27, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 74 1.4.7. Ácidos gordos trans Quadro nº28 - Comparação do consumo percentual de Ácidos Gordos Trans entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 0,43±0,23 0,55±0,15 0,157 0,45±0,33 0,64±0,25 0,096 0,46±0,32 0,51±0,16 0,270 0,47±0,27 0,51±0,76 0,453 anos Ácidos Rapazes 10-13 gordos anos trans (%VET) Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº28, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos trans entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos trans entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos trans entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos trans entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). 75 1.5. Colesterol Quadro nº29 - Comparação do consumo diário de colesterol entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Peso Normal Sobrepeso p 224,5±77,8 262,5±54,8 0,136 Raparigas 10-13 Colesterol anos (mg/dia) Rapazes 10-13 anos 224,2±88,4 240,9±67,4 0,774 Raparigas 14-18 200,8±59,5 256,0±71,8 0,000 237,0±70,1 265,0±73,7 0,132 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº29, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de colesterol entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de colesterol entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo de colesterol significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo de colesterol entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 76 1.6. Proteínas Quadro nº30 - Comparação do consumo percentual de Proteínas entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Proteínas (%VET) Peso Normal Sobrepeso Raparigas 10-13 anos 18,8±3,2 18±1,9 0,326 Rapazes 10-13 anos 17,9±4,4 18±2 0,893 Raparigas 14-18 anos 18,3±3,3 16,8±2,7 0,007 17,9±3 16,7±2,1 0,104 Rapazes 14-18 anos p Da análise do quadro nº30, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo percentual de proteínas entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo percentual de proteínas entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com peso normal apresentam um consumo percentual de proteínas significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de proteínas entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 77 1.7. Vitamina A Quadro nº31 - Comparação do consumo diário de vitamina A entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Peso Normal Sobrepeso p Raparigas 10-13 anos 301,6±96 343,4±183,6 0,320 Vitamina Rapazes 10-13 anos 248,3±157,3 317,9±151,6 0,307 A Raparigas 14-18 anos 389,3±448,7 403,6±200,3 0,833 (µg/dia) Rapazes 14-18 anos 550,1±703,6 624,3±724,6 0,522 Da análise do quadro nº31, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina A entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina A entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina A entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina A entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 78 1.8. Vitamina C Quadro nº32 - Comparação do consumo diário de vitamina C entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Peso Normal Sobrepeso p Raparigas 10-13 anos 38,2±22,9 43,7±34,8 0,896 Vitamina Rapazes 10-13 anos 30,9±19,9 41,7±22,5 0,076 C Raparigas 14-18 anos 44,4±34,1 61,8±49,3 0,052 (mg/dia) Rapazes 14-18 anos 46,9±35,7 50,5±35,7 0,433 Da análise do quadro nº32, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina C entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina C entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina C entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina C entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 79 1.9. Vitamina E Quadro nº33 - Comparação do consumo diário de vitamina E entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 1,6±0,8 1,8±0,8 0,565 1,2±0,7 1,6±0,7 0,125 1,8±1 2,7±1,5 0,000 2,2±1,2 2,5±1,3 0,159 anos Vitamina E Rapazes 10-13 (mg/dia) anos Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº33, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina E entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina E entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo de vitamina E significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo de vitamina E entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 80 1.10. Cálcio Quadro nº34 - Comparação do consumo diário de cálcio entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género Peso Normal Sobrepeso P 496,8±151,8 638,5±207,7 0,016 Rapazes 10-13 anos 523,3±193,9 697,7±381,5 0,170 Cálcio Raparigas 14-18 528,5±201,9 747±303,8 0,000 (mg/dia) anos 550,2±145,8 658,3±220,7 0,063 Raparigas 10-13 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº34, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de cálcio significativamente superior (p≤0,05) às raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo de diário de cálcio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de cálcio significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo diário de cálcio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) 81 1.11. Ferro Quadro nº35 - Comparação do consumo diário de ferro entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 11±3,4 13,6±4,5 0,047 11,5±7 14,7±5,5 0,036 11,9±3,4 18±11,5 0,000 13,5±6,5 14,8±4,5 0,156 anos Rapazes 10-13 Ferro anos (mg/dia) Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise do quadro nº35, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de ferro significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Os rapazes com sobrepeso apresentam um consumo diário de ferro significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com os rapazes com peso normal. No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de ferro significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo diário de ferro entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). 82 1.12. Selénio Quadro nº36 - Comparação do consumo diário de selénio entre adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 Peso Normal Sobrepeso p 75,6±24,4 86,3±28,2 0,250 71,7±31,5 83,8±21,9 0,326 70,1±20,6 86,2±27 0,000 77,6±24,3 89,8±23,3 0,053 anos Rapazes 10-13 Selénio anos (µg/dia) Raparigas 14-18 anos Rapazes 14-18 anos Da análise da quadro nº36, podemos constatar que: No escalão etário dos 10 aos 13 anos: - Não há diferenças significativas do consumo diário de selénio entre as raparigas com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) - Não há diferenças significativas do consumo diário de selénio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05) No escalão etário dos 14 aos 18 anos: - As raparigas com sobrepeso apresentam um consumo diário de selénio significativamente superior (p≤0,05) comparativamente com as raparigas com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo diário de selénio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso (p≥0,05). 83 1.13. Pequeno-almoço Figura nº1 - Distribuíção percentual do Consumo de pequeno-almoço dos adolescentes com peso normal. Da análise da figura nº1, podemos concluir que 87,4% dos adolescentes com peso normal consomem pequeno-almoço enquanto 12,6% dos adolescentes com peso normal não o fazem. Figura nº2 - Distribuíção percentual do Consumo de pequeno-almoço dos adolescentes com sobrepeso. 84 Da análise da figura nº2, podemos concluir que 66,7% dos adolescentes com sobrepeso consomem pequeno-almoço enquanto 33,3% dos adolescentes com sobrepeso não o fazem. Quadro nº37 - Comparação da ingestão de pequeno-almoço entre adolescentes com peso normal e adolescentes com sobrepeso. Pequeno-almoço Adolescentes Adolescentes Peso Normal Sobrepeso Sim Não Sim Não 87,4% 12,6% 66,7% 33,3% p 0,000 Através do quadro acima apresentado podemos verificar que os adolescentes com peso normal têm um consumo de pequeno-almoço significativamente superior (p<0,001) aos adolescentes com sobrepeso. 1.14. Número de refeições diárias Figura nº3 - Distribuíção percentual do número de refeições diárias dos adolescentes com peso normal. 85 Da análise da figura nº3, gostaríamos de realçar que 74,2% dos adolescentes com peso normal consome 5 ou mais refeições por dia, enquanto somente 3,3% consome até 3 refeições por dia. Figura nº4 - Distribuíção percentual do número de refeições diárias dos adolescentes com sobrepeso. Da análise da figura nº4, podemos verificar que 46% dos adolescentes com sobrepeso consome 4 refeições por dia, havendo uma proporção de 16% que consome até 3 refeições diárias. Quadro nº 38 - Comparação do número de refeições diárias entre adolescentes com peso normal e adolescentes com sobrepeso. Número de refeições diárias Até 3 4 5 ou mais refeições refeições refeições 3,3% 22,5% 74,2% 16,2% 46% 37,8% Adolescentes Peso Normal Adolescentes Sobrepeso p 0,000 86 Da análise do quadro nº38º, podemos concluir a proporção de adolescentes com sobrepeso que consome até 3 refeições é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com peso normal. 2. Atividade Física Quadro nº39 - Estatística descritiva referente ao índice de AF global dos adolescentes do PE Adolescentes PE Índice de 2,31±0,6 Atividade Física (1 – 4,31) Da análise do quadro nº39, verifica-se que os adolescentes do PE podem ser categorizados, em termos médios, como sendo pouco ativos. Quadro nº40 - Comparação do Índice de AF entre adolescentes com peso normal e sobrepeso Adolescentes Peso Adolescentes com Normal sobrepeso 2,47±0,6 2,10±0,5 p Índice de Atividade Física 0,001* Da análise do quadro nº40, podemos verificar que os adolescentes com peso normal têm um índice de atividade física significativamente superior (p<0,001) aos adolescentes com sobrepeso. 87 Figura nº5 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes do PE. Da análise do índice de AF global da nossa amostra, percebemos que 64,9% dos adolescentes são pouco ativos, 33,2% são moderadamente ativos e 1,9% são muito ativos. De seguida iremos apresentar os dados referentes à taxa de atividade física, diferenciando-os de acordo com o IMC. Figura nº6 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes com peso normal. 88 Da análise da figura nº6, percebemos que 55% dos adolescentes com peso normal são pouco ativos, enquanto 41,7% são moderadamente ativos e 3,3% são muito ativos. Figura nº7 - Distribuíção percentual do índice de atividade física dos adolescentes com sobrepeso. Da análise da figura nº40, percebemos que 78,4% dos adolescentes com sobrepeso são pouco ativos, enquanto 21,6% são moderadamente ativos. De realçar o facto de não encontrarmos qualquer adolescente com sobrepeso que seja vigorosamente ativo (muito ativo). Quadro nº41 - Comparação do índice de AF global categorizado por grupos entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Índice de Pouco Moderadamente Muito atividade física ativos ativos 55% 41,7% 3,3% 78,4% 21,6% 0% ativos Adolescentes Peso Normal Adolescentes Sobrepeso p 0,000 89 Da análise do quadro nº41, podemos concluir que a proporção de adolescentes com peso normal com uma AF de moderada a vigorosa é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com sobrepeso (p≤0,05). 2.1. Atividades de Recreio Figura nº8 - Distribuíção percentual das atividades de recreio dos adolescentes com peso normal. Da análise da figura nº8, constatamos que 52,6% dos adolescentes com peso normal passeia pelo recreio, enquanto 31,6% corre ou brinca a maior parte do tempo. 90 Figura nº9 - Distribuíção percentual das atividades de recreio dos adolescentes com sobrepeso. Da análise da figura nº9 podemos constatar que 56,4% dos adolescentes com sobrepeso passeia pelo recreio, enquanto 18,2% corre ou brinca algum tempo. De realçar ainda que 5,5% dos adolescentes com sobrepeso passam o tempo de recreio sentados. Quadro nº42 - Comparação do índice de AF no Recreio Escolar entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Atividades de Adolescentes Adolescentes Peso Normal com Sobrepeso 3,26 ± 1,4 2,65 ± 1,1 p 0,028 Recreio Da análise do quadro nº42, verificamos que os adolescentes com peso normal são significativamente mais ativos no recreio do que os adolescentes com sobrepeso 91 2.2. Aulas de Educação Física Figura nº10 - Distribuíção percentual da realização de aulas de Educação Física exaustivas dos adolescentes com peso normal. Da análise da figura nº10, percebemos que 43,7% dos adolescentes com peso normal refere ter efetuado, às vezes, aulas de Educação Física (E.F.) exaustivas, enquanto 24,5% refere que quase nunca o fez. Figura nº11 - Distribuíção percentual da realização de aulas de Educação Física exaustivas dos adolescentes com sobrepeso. 92 De destacar da análise da figura nº11 que 51,4% dos adolescentes com sobrepeso refere que às vezes fazem aulas de EF exaustivas. Outro dado a realçar é que 16,2% dos adolescentes com sobrepeso refere não ter feito aulas de E.F. Quadro nº43 - Comparação do índice de AF nas aulas de EF entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Adolescentes Adolescentes Peso Normal com Sobrepeso 3,05 ±1 2,75 ± 1 p Aulas de EF exaustivas 0,021 Da análise do quadro nº43, inferimos que os adolescentes com peso normal têm um índice de realização de aulas de EF exaustivas significativamente superior aos adolescentes com sobrepeso. 2.3. Atividade física ao fim da tarde Figura nº12 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim da tarde dos adolescentes com peso normal. 93 Da análise da figura nº12, percebemos que 32,5% dos adolescentes com peso normal referem praticar atividade física vigorosa ao fim da tarde dois a três dias por semana, enquanto 22,5% referem que em nenhum dia da semana o fazem. Figura nº13 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim da tarde dos adolescentes com sobrepeso. Da análise da figura nº13, percebemos que a maior proporção de adolescentes com sobrepeso (35,1%) refere nunca ter feito AF vigorosa ao fim da tarde. Outro dado importante a realçar é que 33,3% dos adolescentes com sobrepeso referem ter efetuado AF vigorosa ao fim da tarde dois ou três dias por semana. 94 Quadro nº44 - Comparação do índice de AF ao fim da tarde entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Adolescentes Adolescentes Peso Normal com Sobrepeso 2,74 ± 1,2 2,22 ± 1,1 p Atividade física vigorosa ao fim da 0,001 tarde Da análise do quadro nº44, percebemos que os adolescentes com peso normal praticam significativamente mais AF vigorosa ao fim da tarde comparativamente com os adolescentes com sobrepeso. 2.4. Atividade física ao fim de semana Figura nº14 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim de semana dos adolescentes com peso normal. 95 Da análise da figura nº14, retira-se que 35,1% dos adolescentes com peso normal refere efetuar AF vigorosa ao fim de semana duas ou três vezes enquanto 32,5% o faz somente uma vez Figura nº15 - Distribuíção percentual da realização de atividade física vigorosa ao fim de semana dos adolescentes com sobrepeso. Da análise da figura nº15, percebemos que a maior proporção de adolescentes com sobrepeso (35,1%) refere ter feito AF vigorosa uma vez no fim de semana, enquanto 33,3% o refere ter efetuado duas ou três vezes. Quadro nº45 - Comparação do índice de AF ao fim de semana entre adolescentes com peso normal e sobrepeso Adolescentes Adolescentes Peso Normal com Sobrepeso 2,46 ± 1 2,07 ± 0,8 p Atividade física vigorosa ao fim de semana 96 0,001 Da análise do quadro nº45, concluímos que os adolescentes com peso normal praticam significativamente mais AF vigorosa ao fim de semana do que os adolescentes com sobrepeso. 3. Correlações De seguida iremos apresentar as correlações entre o consumo calórico total, índice de AF e IMC Quadro nº46 - Correlação entre o consumo calórico total e o IMC. IMC Consumo calórico total Correlação p 0,464 0,000 Da análise do quadro acima apresentado, podemos verificar que existe uma correlação positiva e significativa entre consumo calórico total e o IMC. Quadro nº47 - Correlação entre a taxa de AF e o IMC. IMC Índice de AF Correlação p -0,276 0,000 Da apresentação do quadro nº47, podemos verificar que existe uma correlação negativa e significativa entre o índice de AF e o IMC. 97 98 Capitulo V – Discussão dos Resultados Iremos elaborar a discussão dos resultados em duas partes: uma referente aos dados da ingestão nutricional dos adolescentes do PE e outra para os items relacionados com o índice de atividade física dos adolescentes do PE. Para cada um dos itens apresentados neste capítulo iremos relacionar os nossos dados com as recomendações e comparar com estudos internacionais realizados em adolescentes. 1. Ingestão Nutricional 1.1. Consumo Calórico Total As necessidades energéticas de um indivíduo variam de acordo com um vasto conjunto de fatores, incluindo a idade, género, composição corporal, condição clínica, índice de atividade física, objetivos a atingir com a dieta, etc. Na atualidade, existem diversos métodos que predizem qual o consumo calórico adequado de um indivíduo. No entanto, não existe nenhum que contemple todas as variáveis relacionadas com esse consumo calórico (Weekes, 2007). No nosso estudo iremos apresentar a proposta de Gidding et al. (2006) que apresenta recomendações para a ingestão calórica diária por sexo e idade, em relação a sujeitos sedentários. De acordo com o mesmo autor, caso os sujeitos tenham uma atividade física moderada deverá acrescentar-se até 200 kcal ao consumo energético para suprir este aumento no índice de atividade física. 99 Quadro nº48 - Comparação do índice de atividade física global dos adolescentes com peso normal e sobrepeso de acordo com a idade e género. Raparigas 10-13 anos Rapazes 10-13 Taxa de anos Atividade Raparigas 14-18 Física anos Rapazes 14-18 anos Peso Normal Sobrepeso P 2,9±0,7 2,1±0,5 0,001 2,8±0,4 2,3±0,6 0,006 2,3±0,6 2±0,5 0,014 2,6±0,5 2,2±0,4 0,008 Quadro nº49 - Recomendações de ingestão calórica diária. 10-13 anos 14-18 anos RAPARIGAS 1600kcal 1800kcal RAPAZES 1800kcal 2200 kcal Após análise do quadro nº17, percebemos que os adolescentes com peso normal, independentemente da idade e do género têm um aporte calórico inferior às recomendações propostas por Gidding et al (2006). Já no que se refere aos adolescentes com sobrepeso, o aporte calórico das raparigas de todos os escalões etários é superior às recomendações. Os rapazes com sobrepeso dos 10 aos 13 anos também apresentam um aporte calórico superior às recomendações. Os rapazes com sobrepeso dos 14 aos 18 anos têm um aporte calórico muito próximo das recomendações. Relativamente aos adolescentes com peso normal, poderão ser várias as razões que os levam a ter um baixo consumo calórico diário. De acordo com a FAO (2001), o tamanho das famílias, o nível de educação e o orçamento mensal poderão ser fatores que conduzem à existência de défice energético 100 nos adolescentes. Olhando aos fatores individuais, são vários os estudos sobre satisfação com a imagem corporal de adolescentes que referem que uma grande percentagem deles (principalmente raparigas) vive insatisfeita com o seu corpo e deseja ser magra (Hill & Robinson, 1991; Killen et al., 1994; Sasson et al., 1995). Moore (1988) acrescenta que essa insatisfação com o corpo se perpetua com o avançar da adolescência, reforçando os valores por nós encontrado no escalão etário dos 14 aos 18 anos. Diversos estudos sobre atitudes relacionadas com a alimentação em adolescentes de ambos os sexos, de idades entre os 10 e 13 anos, confirmam que uma grande percentagem deles vive insatisfeito com o seu corpo e deseja ser magro. Muitos deles tinham já tentado perder peso através de dietas restritivas e alguns, mais as raparigas do que os rapazes, apresentando sintomas que se classificam como expressivos de anorexia nervosa (Hill & Robinson, 1991; Killen et al., 1994; Sasson et al. 1995). No caso dos adolescentes da nossa amostra que apresentaram défice ao nível do consumo calórico, esperemos que esta insuficiência alimentar seja episódica e que não se prolongue no tempo. Caso isso aconteça, além de perda de peso, ocorrerão inúmeros malefícios para a saúde do adolescente. Fairburn (2008) refere que os adolescentes terão maiores dificuldades de concentração, alterações nos seus comportamentos, menor sociabilidade, problemas de circulação, na função hormonal, maior fraqueza óssea e muscular, etc. Já de acordo com a American Dietetic Association et al (2001), ingestões energéticas baixas podem resultar numa perda de massa muscular, redução no aumento da densidade mineral óssea, risco crescente de fadiga e risco aumentado de contração de doenças. Desta forma, estes adolescentes poderão beneficiar dum aumento de ingestão calórica de forma a conseguirem equilibrar o seu balanço energético e evitar todas as consequências advindas de um balanço energético negativo. Quanto aos adolescentes com sobrepeso (com exceção dos rapazes dos 14 aos 18 anos), as razões que os levam a ter um balanço calórico positivo poderão também ser diversas. De acordo com Chapman & MacLean (1993), os adolescentes aumentam o consumo calórico, sobretudo às custas das 101 chamadas “junk foods”, como forma de expressão das necessidades de independência face à família e como forma de integração num grupo. Já Story & Resnick (1986) refere que apesar dos adolescentes saberem como melhorar a sua alimentação do ponto de vista da saúde, utilizam argumentos como a falta de tempo e o não considerarem imperioso ou conveniente usar alternativas mais saudáveis para a explicação dos seus erros alimentares. Sargent et al. (1994) e Ading et al. (1996) acrescentem que os adolescentes tendem a viver intensamente o dia-a-dia, não se importando com hábitos alimentares e ingestão de alimentos que podem vir a influenciar a sua saúde e estado nutricional Assim, estes adolescentes poderão beneficiar da redução da sua ingestão calórica, sob risco do sobrepeso se manter a longo prazo e das consequências que daí advêm. O excesso ponderal se subsistir pode acarretar diversas consequências para a saúde, tais como: ortopédicas, neurológicas, pulmonar, endócrinas, fatores de risco para doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose, hipercolesterolemia) e persistência da obesidade na vida adulta (Stein & Colditz, 2004; Dehghan et al., 2005). Quanto aos rapazes com sobrepeso dos 14 aos 18 anos, estes têm um consumo energético equilibrado próximo das recomendações o que poderá indiciar a entrada num perfil dietético mais ajustado às suas necessidades quer energéticas o que se pode refletir positivamente em termos de saúde. Podemos especular que os rapazes nesta idade começarão a preocupar-se mais com o corpo que os jovens do escalão etário anterior mas também se pode dar o caso que a normalização do aporte calórico se deva ao aumento do peso corporal e massa muscular resultantes do normal processo auxológico. Dado o seu índice de massa corporal, parece-nos aconselhável haver uma redução de peso por parte dos adolescentes em questão. Uma forma eficaz destes adolescentes perderem peso e conseguirem mantê-lo a longo prazo será terem um balanço calórico negativo associado a uma maior proporção de ingestão de proteínas, dado o seu elevado poder saciante (Abete et al., 2010) e elevada termogénese induzida (Tappy, 1996). Como é 102 importante que as necessidades energéticas dos adolescentes sejam respeitadas, uma vez que poderá causar prejuízos ao crescimento e desenvolvimento (Jacobson, 1998), a luta contra o excesso de peso não é tarefa fácil. A luta contra o excesso de peso através da atividade física só é eficaz se o aporte calórico estiver equilibrado com os gastos. Para adolescentes com reduzida taxa de atividade física, a melhor forma de reduzir o peso excedentário é, no nosso entender, através dos cuidados nutricionais. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a ingestão calórica média (1853 kcal/dia) encontra-se abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikou et al. (1997) e Moschandreas & Kafatos (2002) em adolescentes gregos (2123 kcal/dia e 2150 kcal/dia, respetivamente), por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (2278 kcal/dia) e Bellù et al. (1996) em jovens italianos (2055 kcal/dia). Outro estudo com adolescentes portugueses (Amorim Cruz, 2000) evidenciou consumos calóricos superiores aos da nossa amostra (2247 kcal/dia). Verificou-se uma correlação positiva e significativa (p=0.000) entre o consumo calórico e o IMC (Quadro nº46). Em termos de análise específica da nossa amostra, os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, têm um consumo calórico significativamente superior aos adolescentes com peso normal. Noutros estudos internacionais que compararam a ingestão calórica entre adolescentes com peso normal e sobrepeso, os resultados são distintos. Assim, há estudos que não encontraram diferenças significativas: Aeberli et al. (2007), enquanto outros estudos referem um consumo calórico significativamente superior por parte dos adolescentes com peso normal: Garaulet et al. (2000), Vance et al. (2008), D’Adessa et al. (2010). Não encontrámos qualquer estudo que comparasse o consumo calórico em adolescentes com peso normal e sobrepeso que tivesse encontrado um resultado semelhante ao do PE. 103 1.2. Hidratos de Carbono Existem várias recomendações para a percentagem de hidratos de carbono tendo em conta o valor energético total (VET). Mcardle et al. (2001) e Seeley et al. (2003) aconselham 60% do VET, enquanto a WHO (2003) aponta para um intervalo entre os 55%-65%. Os valores médios da percentagem de HC tendo em conta o VET dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género (quadro nº18), encontram-se abaixo de qualquer das recomendações supracitadas. Os valores médios de consumo em hidratos de carbono, abaixo das recomendações, encontrados nos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso vão ao encontro dos resultados do INE (2010) que refere desequilíbrios na dieta portuguesa através do consumo deficitário de frutas e hortícolas. Os hidratos de carbono são um nutriente indispensável na nutrição humana, uma vez que determinados órgãos (por exemplo o cérebro) são glucodependentes (Wolfram, 1990). Uma vez que os adolescentes com peso normal, independentemente do género e da idade apresentaram um consumo calórico inferior às recomendações, será importante efetuarem um aumento do aporte de hidratos de carbono, fundamentalmente às custas de alimentos com elevada densidade nutricional como as frutas, hortaliças e grãos integrais. De acordo com Englyst et al. (2007), as frutas, os vegetais e os grãos integrais são as fontes de hidratos de carbono mais recomendadas, pelo seu elevado teor em fibra e elevada densidade nutricional. No caso dos grãos integrais, além destas valências, apresentam ainda uma grande riqueza em hidratos de carbono complexos e um baixo índice glicémico. Com estas recomendações, estaremos a minimizar o ganho de peso nos jovens normoponderais, evitando assim problemas de saúde a longo prazo, como a diabetes, hipertensão arterial, hipertrigliceridemia (WHO, 2003). Para os adolescentes com sobrepeso, recomendamos uma ligeira diminuição do consumo de hidratos de carbono (até aos 45% do VET). De acordo com Abete et al. (2010), uma dieta com uma composição de hidratos de 104 carbono entre 40 a 50% é a ideal para uma redução e posterior manutenção do peso corporal, sem efeitos nefastos na saúde do indivíduo. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a percentagem de hidratos de carbono tendo em conta o VET (51,1%) encontrase acima dos valores encontrados por Roma-Giannikou et al. (1997) e Moschandreas & Kafatos (2002) em adolescentes gregos (45% e 47,2% respetivamente), por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (47,6%) e por Amorim Cruz (2000) em adolescentes portugueses (49,1%). Especificando o consumo de açúcares, os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, têm um aporte diário de açúcares inferior (quadro nº19) às recomendações de 25% do VET sugeridas pelo Institute of Medicine (2002). Relativamente aos açúcares adicionados, a WHO (2003) refere que a sua ingestão não deve ultrapassar os 10% do VET. No nosso estudo, não temos dados que nos providenciem a diferenciação dos açúcares naturais e adicionados, pelo que iremos basear a nossa discussão nos valores de açúcares totais recomendados pelo Institute of Medicine (2002). No que diz respeito aos açúcares, os adolescentes deverão privilegiar os açúcares naturais em detrimento dos adicionados. Parece contraditório estar a promover o consumo de açúcares naturais em detrimento dos açúcares adicionados, uma vez que a estrutura química de ambos é idêntica. No entanto, os alimentos constituídos por açúcares simples, devido às propriedades que têm, providenciam benefícios para a saúde de um indivíduo (Englyst et al., 2007). Quanto aos açúcares adicionados, não têm qualquer valor nutricional, a não ser o facto de providenciarem calorias ao corpo humano (Howard et al., 2002) e aumentarem o risco de desenvolvimento de obesidade (Malik et al., 2006). De acordo com a WHO (2003), a prevalência de alimentos ricos em hidratos de carbono altamente processados e com elevada densidade energética contribui para o aumento da obesidade e doenças associadas à mesma. Patterson et al. (2010) analisaram a dieta de 551 crianças e adolescentes suecos e verificaram que os sujeitos com dietas de menor 105 densidade energética apresentavam melhor qualidade da dieta como um todo, incluindo maior consumo de frutas, hortaliças e cereais e menor consumo de refrigerantes, doces e chocolates. Em análise quantitativa, este padrão de menor densidade energética resultou num consumo significativamente maior de micronutrientes. Quanto ao consumo excessivo de bebidas açucaradas a WHO (2003) refere que é um fator provável de aumento de peso e obesidade. As calorias das bebidas açucaradas têm um baixo efeito na saciedade e desta forma são facilmente consumidas de forma repetida (DiMeglio & Mattes, 2000). Os alimentos líquidos têm um efeito distinto na saciedade e ingestão de alimentos comparativamente com alimentos sólidos. Segundo Chen et al. (2009) as causas para isso advêm (i) da ausência de mastigação na ingestão de bebidas, diminuindo as respostas endócrinas e exócrinas do pâncreas, e (ii) do facto das bebidas açucaradas serem esvaziadas do estômago a uma taxa mais elevada do que alimentos sólidos. Aconselhamos os adolescentes com sobrepeso a privilegiarem os hidratos de carbono complexos e de baixo índice glicémico, como as hortaliças e os grãos integrais, em detrimento dos hidratos de carbono simples (açúcares). De acordo com Willis et al. (2011), elevados consumos de hidratos de carbono de absorção lenta estão associados com uma menor resposta glicémica e menor resistência à insulina, enquanto hidratos de carbono rapidamente digestíveis conduzem a episódios de hiperglicemia, estando associado a um aumento da resistência à insulina e à diabetes tipo 2 (Ells et al., 2005). Existe um papel fulcral dos hidratos de carbono com baixo índice glicémico na regulação do apetite, uma vez que os ácidos gordos de cadeia curta, produtos resultantes da fermentação dos hidratos de carbono parecem ativar a secreção das hormonas gastrointestinais, levando à supressão do apetite (Ford & Frost, 2010). Importa referir que alguns alimentos ricos em fibras, tais como os cereais integrais do pequeno-almoço e os pães integrais, apresentam um elevado índice glicémico (Louie et al., 2012). 106 No entanto, as vantagens destes alimentos são óbvias devido à sua riqueza nutricional. Os adolescentes com sobrepeso deverão limitar o consumo de bebidas açucaradas comerciais e de alimentos de elevada densidade como os bolos e bolachas e efetuar um consumo moderado de frutas. De acordo com Cohen et al. (2010), a menos que o consumo excessivo de snacks salgados, bolos, rebuçados e bebidas açucaradas seja reduzido, qualquer intervenção ao nível da atividade física e alimentação terão um impacto limitado no controlo da obesidade. Os alimentos ricos em açúcares têm sido associados a ganhos ponderais patológicos devido (i) à elevada densidade energética (Poppitt & Prentice, 1996), (ii) elevada palatabilidade, uma vez que são doces (Raben et al.,1997), (iii) porque são frequentemente consumidos na forma líquida (Mattes, 1996) e (iv) devido aos efeitos deletérios da frutose (Elliot et al., 2002). Estudos recentes indicam que a frutose prejudica a sensibilidade à insulina e o metabolismo lipídico (Aeberli et al., 2013), aumentando a deposição de gordura visceral (Stanhope, 2012). Não somos tão radicais como Aller et al. (2011) que recomenda uma maior ingestão de grãos integrais e hortaliças, não fazendo alusão à fruta, devido ao seu elevado teor em frutose. Reconhecemos o valor nutricional que as frutas apresentam, mas acreditamos que o seu consumo deva ser moderado, devido aos efeitos nefastos que a frutose pode causar. No que diz respeito aos adolescentes normoponderais, aconselhamos a moderarem o consumo de açúcares, dando preferência aos açúcares naturais, provenientes de alimentos com elevada densidade nutricional em detrimento dos açúcares adicionados. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a percentagem de consumo de açúcares (14,5%) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikou et al. (1997) em adolescentes gregos (17,8%) e acima dos valores encontrados por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (13,7%). 107 1.3. Fibras Relativamente ao consumo de fibras, os adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género apresentam valores inferiores (quadro nº20) às recomendações da FNB (2005) (quadro nº3). De acordo com Silva (2003), as fibras têm as seguintes funções: favorecer o trânsito intestinal (DGS, 2005), atenuar o pico glicémico, baixar a taxa de colesterol sanguíneo, reduzir o fornecimento calórico da dieta, saciar a fome e facilitar a perda e o controlo de peso corporal (Breda, 2003). É necessário reter, como vimos atrás, que alguns alimentos ricos em fibras apresentam um elevado índice glicémico. De acordo com a WHO (2003), a maior ingestão de fibras dietéticas é um fator convincente de diminuição do risco de ganho de peso e obesidade, sobretudo pelas suas propriedades físicas e químicas que aumentam a sensação de saciedade (Burton-Freeman, 2000). Num estudo realizado em adolescentes ao longo de 16 semanas, o aumento da ingestão de fibras, através da adição diária de meia chávena de feijão por dia, resultou numa perda de 10% de tecido adiposo visceral (Ventura et al., 2009). Para os adolescentes com peso normal, aconselhamos um aumento do consumo de fibras, através do consumo de frutas, hortaliças e grãos integrais. Para os adolescentes com sobrepeso, aconselhamos também a aumentarem o seu consumo de fibras, mas preferencialmente através do aumento das hortaliças e grãos integrais. Van Baak (2013) recomenda uma substituição de grãos refinados com um elevado índice glicémico por grãos integrais com um baixo índice glicémico para facilitar na redução do peso corporal. Relativamente à fruta, os adolescentes com sobrepeso deverão ter um consumo moderado, uma vez que o efeito nefasto da frutose consumida em grandes quantidades pode prejudicar o objetivo de perda de peso destes adolescentes. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de fibras (11,7g) se encontra abaixo dos valores encontrados 108 por Roma-Giannikou et al. (1997) e Hassapidou & Fotiadou (2001) em adolescentes gregos (41g e 43,5g respetivamente), por Gonzalez et al. (1994) em adolescentes espanhóis (43,1g) e por Amorim Cruz (2000) em adolescentes portugueses (33,3g). 1.4. Gorduras Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de gorduras (quadro nº21) que se encontra dentro das recomendações (25-35%) providenciadas pela FNB (2008). Uma elevada ingestão de alimentos com elevada densidade energética e pobre em micronutrientes é um fator de risco convincente no desenvolvimento de obesidade (WHO, 2003). Uma vez que as gorduras estão altamente associadas a alimentos com elevada densidade energética (WHO, 2003), os adolescentes com sobrepeso poderão beneficiar de uma redução de gordura, proveniente de alimentos com elevada densidade energética e baixa densidade nutricional. De acordo com Astrup et al. (2000), uma diminuição de 10% do total de gorduras consumido corresponde a uma redução de cerca de 240 kcal do consumo calórico e 3 kg no peso corporal. Os resultados encontrados por estes autores foram verificados a curto prazo, havendo menos clareza se dietas baixas em gordura têm a mesma eficácia a longo prazo (Pirozzo et al., 2002), devido fundamentalmente à elevada associação entre gorduras e palatabilidade. No caso dos adolescentes com sobrepeso, pensamos que a redução de ingestão de gordura não precisa de chegar aos 10% sugeridos por Astrup et al. (2000), uma vez que para além da dificuldade de manutenção desta restrição a longo prazo, as gorduras têm funções importantes para o organismo, como o fornecimento de energia, a proteção dos órgãos vitais, regulação da temperatura corporal, ajudam na absorção das vitaminas lipossolúveis e são responsáveis pela formação de alguns constituintes das membranas celulares 109 (Spear, 2002). Aconselhamos os adolescentes com sobrepeso a efetuarem uma redução do consumo de gorduras até ao valor mínimo proposto pelo FNB (2008) (25% do VET), principalmente através da redução de alimentos com elevada densidade energética e baixos em micronutrientes. Além dos benefícios para a sua saúde (WHO, 2003), os adolescentes com sobrepeso beneficiarão também de uma redução do total de energia consumida. De acordo com Poppitt & Prentice (1996), Rolls & Bell (1999) e Cuco et al. (2001), alimentos com elevada densidade energética estão associados a consumos energéticos mais elevados. Quanto aos adolescentes normoponderais, aconselhamos a manutenção do seu consumo de gorduras, tendo somente em atenção à ingestão de alimentos com elevada densidade energética e pobre em micronutrientes, substituindo-os por alimentos mais ricos nutricionalmente. Para adolescentes com sobrepeso e adolescentes normoponderais, aconselhamos também a terem atenção ao tempo diário de visualização de televisão, uma vez que a exposição prolongada a anúncios televisivos de produtos com elevada densidade energética é um fator provável de promoção de ganho de peso e obesidade (WHO, 2003). Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo percentual de gorduras (28,8%) se encontra abaixo dos valores encontrados por Vasquez et al. (1996) em adolescentes espanhóis (40,7 – 43,1%) e por Amorim Cruz (2000) em adolescentes portugueses (33,2 – 33,3%). 1.5. Ácidos Gordos Saturados Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de gorduras saturadas (quadro nº22) que se encontra abaixo dos 10% preconizados pela WHO (2003). Dietas ricas em gorduras saturadas aumentam os níveis de LDL e o risco de doenças cardiovasculares (Lichtenstein et al., 1998). Segundo Van 110 Baak (2013), a moderação na ingestão de gorduras saturadas é uma ótima estratégia para facilitar o controlo do peso corporal, uma vez que um elevado consumo de gorduras saturadas está fortemente associado com um aumento de adiposidade em adolescentes com sobrepeso (Aeberli et al., 2008). Relativamente à relação dos hábitos alimentares com as questões genéticas, os genes responsáveis pela obesidade poligénica tendem a relacionar-se preferencialmente com as gorduras saturadas ao invés das gorduras mono ou polinsaturadas (Razquin et al. 2010; Corella et al. 2011). Apesar do consumo de gorduras saturadas dos adolescentes com sobrepeso não exceder os 10% recomendados pela WHO (2003), aconselhamos a manutenção deste perfil de consumo de gorduras saturadas por parte destes adolescentes, atenuando o consumo de carnes mais gordas como a carne de porco e vaca, lacticínios gordos como queijos curados, manteiga e produtos de pastelaria como bolos e bolachas. Os adolescentes com sobrepeso devem preferir carnes magras como o frango e o peru, lacticínios magros como queijo fresco e manteiga magra, e substituir as bolachas ricas em gordura saturada por bolachas integrais ou com teor reduzido de gordura como as bolachas do tipo “Maria” (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 2010). Em sujeitos com elevado consumo de gorduras saturadas a substituição dos ácidos gordos saturados por ácidos gordos polinsaturados diminui as LDL e o rácio colesterol total/HDL. Um efeito similar mas em menores proporções é evidenciado quando se substitui os ácidos gordos saturados pelos monoinsaturados (FAO, 2008). Desta forma, aconselhamos os adolescentes com valores de consumo de ácidos gordos saturados acima das recomendações, principalmente os jovens com sobrepeso, a substituírem parte das gorduras saturadas por gorduras polinsaturadas, mais especificamente por ácidos gordos ómega 3 que estão relacionados com inúmeros benefícios para a saúde e ajudam na redução da massa gorda. Os adolescentes normoponderais deverão manter o seu consumo de gorduras saturadas, uma vez que os seus valores de ingestão não excedem as recomendações. 111 Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a percentagem de gorduras saturadas (8,5%) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikov et al. (1997) e Hassapidou & Fotiadu (2001) em adolescentes gregos (14,4 – 15,8% e 13 - 15% respetivamente) e por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (15 - 17,4%). 1.6. Ácidos Gordos Polinsaturados Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de gorduras polinsaturadas (quadro nº23) que se encontra abaixo do valor mínimo de 6% recomendado pela WHO (2003). O consumo de ácidos gordos polinsaturados reduz o rácio do colesterol total:HDL, talvez o melhor preditor de risco cardiovascular (Mensink et al., 2003). Acrescido a este facto, os ácidos gordos polinsaturados têm efeitos benéficos no colesterol sérico (diminuição do colesterol total) e na redução das LDL, sendo mais dois fatores de diminuição do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (FAO, 2008). Estas melhorias ao nível do perfil lipídico do sujeito irão fazer com que o consumo de ácidos gordos polinsaturados esteja relacionado com a melhoria da resistência à insulina (Summers et al., 2002) e com a redução da inflamação sistémica (Ferrucci et al., 2006). Na nossa discussão, iremos dar especial atenção aos ácidos gordos polinsaturados ómega 3 e ómega 6, que são considerados ácidos gordos essenciais, uma vez que não podem ser sintetizados pelo corpo humano (FAO, 2008). Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 (quadro nº24) inferior às recomendações de 1-2% do VET preconizadas pela WHO (2003). Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de 112 ácidos gordos ómega 6 (quadro nº25) inferior às recomendações de 5-8% do VET preconizadas pela WHO (2003). Os ácidos gordos ómega 3, devido à sua função anti-inflamatória desempenham um papel significativo na prevenção de doenças cardiovasculares (Pauwels & Kostkiewicz, 2008), mais especificamente na prevenção secundária de morte súbita devido a arritmias cardíacas (Russo, 2009). De acordo com Jones (2002), outra das vantagens das propriedades anti-inflamatórias que os ácidos gordos ómega 3 apresentam é a prevenção da artrite. Apesar de ainda haver alguma controvérsia, pelo facto dos estudos serem de curta duração e não longitudinais, os ácidos gordos polinsaturados ómega 3 de cadeia longa, mais especificamente o EPA (Ácido Eicosapentaenoico) e DHA (Ácido Docosahexaenoico), têm efeitos positivos na redução da obesidade, uma vez que reduzem o apetite, melhoram a circulação sanguínea, o que facilita a chegada dos nutrientes ao músculo e alteram a expressão genética no sentido de um maior acréscimo de massa isenta de gordura, maior oxidação de gorduras e dispêndio energético e redução da deposição de gordura (Buckley et al., 2010). Os valores elevados de ingestão de ácidos gordos ómega 6 nos países ocidentais (Meyer et al., 2003; Blasbalg et al., 2011) têm efeitos pró inflamatórios, conduzindo a uma elevada incidência de doenças cardiovasculares e de certos cancros, como por exemplo o cancro da mama. Uma vez que os ácidos gordos ómega 3 e ómega 6 competem pelas mesmas enzimas para a sua desaturação, o rácio ómega 6:ómega 3 assume uma importância fulcral. Na nossa amostra, os adolescentes normoponderais e com sobrepeso, independentemente do género e da idade, superam largamente (quadro nº26) os valores entre 5:1 e 10:1 recomendados pela OMS (2003). Pensamos que o valor mais elevado preconizado pela OMS não será adequado de todo para uma dieta saudável o que é corroborado pela investigação (Simopoulos, 2009). Um rácio elevado de ácidos gordos ómega 6/ómega 3 pode promover a patogénese de múltiplas doenças como doença cardiovascular, cancro, 113 osteoporose, doenças inflamatórias e autoimunes. Uma ingestão aumentada de ómega 6 pode levar à oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), agregação plaquetária e interferir com a incorporação de ácidos gordos essenciais nas membranas fosfolipídicas. (Simopoulos, 2006). Apesar da recomendação mínima da WHO (2003) para o rácio ómega 6:ómega 3 ser de 5:1, quando temos consumo de ácidos gordos ómega 3 tão baixos como aqueles presentes nos adolescentes da nossa amostra, um rácio mais baixo (entre 2:1 e 4:1) assume um papel relevante para possibilitar uma maior conversão do ácido alfa-linolénico em EPA e DHA (Martin et al., 2006). Além disso, quantidades mais baixas (1 a 2%) de ácido linoleico são suficientes para a prevenção de deficiência em ómega 6 (Gibson & Makrides, 2011). Para a prevenção secundária de doença cardiovascular, um rácio de 4:1 foi associado a 70% de redução na taxa de mortalidade (Simopoulos, 2009). Os adolescentes da nossa amostra deverão incrementar o consumo de ácidos gordos polinsaturados, principalmente da fração ómega 3. Além de todos os benefícios associados a este aumento, há também uma contribuição efetiva para equilibrar o rácio ómega 6:ómega 3. Exemplos de alimentos ricos em ómega 3 que nós aconselhamos são os peixes gordos como a cavala, a sardinha, o salmão e o atum, e frutos gordos e oleaginosos como a noz e vegetais de folha verde (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 2010). Consideramos que as fontes alimentares são a melhor solução para este aumento, mas uma vez que em muitos países ocidentais se consome pouco peixe e um aumento do seu consumo envolve mudanças alimentares que muitas pessoas não estão para fazer, a suplementação específica e os alimentos enriquecidos com ómega 3 podem ser uma solução adequada (Abete et al., 2010). Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a percentagem de gorduras polinsaturadas (4,3%) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikov et al. (1997) em adolescentes gregos (6,5 -6,6%) e por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (5 – 5,5%). 114 1.7. Ácidos Gordos Monoinsaturados O Instituto Nacional de Medicina, o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, a Associação Americana de Diabetes não estabelecem recomendações para os ácidos gordos monoinsaturados. Em contraste, a Academia de Nutrição e Dietética e a Associação Canadiana de Dietética estabelecem um valor de menos de 25% do valor calórico total, enquanto a Associação Americana do Coração estabelece um limite máximo de 20% de consumo de ácidos gordos monoinsaturados (Schwingshackl & Hoffmann, 2012). Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um consumo percentual de gorduras monoinsaturadas (quadro nº27) que se encontra abaixo dos limites máximos recomendados quer pela Associação Canadiana de Dietética quer pela Associação Americana do Coração. Segundo Rodrigues dos Santos (2002), as gorduras monoinsaturadas são as gorduras mais desejáveis da dieta. Os ácidos gordos monoinsaturados promovem perfis lipídicos saudáveis, uma vez que ajudam a diminuir as LDL e a aumentar as HDL, controlam a pressão sanguínea, melhoram a sensibilidade à insulina e regulam os níveis de glicose (Gillingham et al., 2011). Desta forma, dietas ricas em gorduras monoinsaturadas, como por exemplo a dieta mediterrânica (Gillingham et al., 2011) contribuem para a redução de fatores de risco de doença cardiovascular (Schwingshackl & Hoffmann, 2011). Devido aos atributos para a saúde que os ácidos gordos monoinsaturados apresentam, as recomendações internacionais aconselham um aumento destes ácidos gordos, fundamentalmente em detrimento dos ácidos gordos saturados (Gillingham et al., 2011). Dietas com mais do que 12% de gorduras monoinsaturadas mostram diferenças significativas comparativamente com dietas com menos de 12% de gorduras monoinsaturadas em fatores de risco de doença cardiovascular. Desta forma dietas com mais de 12% de gorduras monoinsaturadas apresentam vantagens na redução de massa gorda, pressão arterial sistólica e diastólica (Schwingshackl & Hoffmann, 2011). 115 Consideramos que deveriam existir recomendações para valores de consumo mínimo de ácidos gordos monoinsaturados, uma vez que indivíduos com dietas pobres em ácidos gordos monoinsaturados vêm comprometidos todos os benefícios associados a estes ácidos gordos. Dado o perfil dietético que os adolescentes da nossa amostra apresentaram nas outras formas de gorduras, pensamos que o consumo de ácidos gordos monoinsaturados se encontra dentro de valores aceitáveis. No entanto, e como nas recomendações dietéticas atuais, as gorduras monoinsaturadas e os ácidos gordos ómega 3 são enfatizados, em detrimento dos ácidos gordos saturados e trans (Abete et al., 2010), consideramos que um aumento de ácidos gordos monoinsaturados por parte dos adolescentes da nossa amostra só lhes trará benefícios. Na nossa dieta habitual é fácil de atingir este desiderato através do aporte de ácido oleico. Recomendamos os adolescentes do presente estudo a aumentarem o seu consumo em alimentos ricos em ácidos gordos monoinsaturados, como o azeite, amêndoa, abacate e a noz (Abete et al., 2010). No caso dos adolescentes com sobrepeso, deverão ter atenção ao consumo de frutos secos (amêndoa, noz, pinhão, pistácio, avelã) devido ao facto de serem alimentos altamente calóricos. Quer as nozes em geral quer o ácido oleico são alimentos fundamentais para uma dieta saudável. No entanto, é necessário ter sempre em atenção o elevado conteúdo calórico destes alimentos. Como o excesso de peso, tirando raras situações provocados por propensão genética, deriva de balanços calóricos positivos é forçoso evitar que a utilização das gorduras saudáveis desequilibrem o aporte calórico total da dieta. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que a percentagem de gorduras monoinsaturadas (10%) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikov et al. (1997) e Hassapidou & Fotiadu (2001) em adolescentes gregos (17,6 – 18,6% e 15,2 – 15,7% respetivamente) e por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (15,4 – 18,2%). 116 1.8. Ácidos gordos trans Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, têm um consumo diário de ácidos gordos trans (quadro nº28) inferior às recomendações da WHO (2003) (<1%VET). Se este perfil momentâneo se mantiver permite reduzir a taxa de incidência de algumas morbilidades circulatórias, e não só, nos sujeitos estudados. Os ácidos gordos trans presentes na nossa dieta podem ser naturais ou produzidos industrialmente (Bhardwaj et al., 2011) e ambos parecem ser nefastos para a saúde (Kochan et al., 2010) Há fortes evidências que os ácidos gordos trans aumentam os fatores de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, mais propriamente um aumento dos níveis sanguíneos de LDL e triglicerídeos e redução dos valores de HDL (Hunter, 2006). Estes efeitos nefastos no perfil lipídico do sujeito fazem com que o consumo excessivo de ácidos gordos trans seja um fator provável de aumento de morte súbita, síndrome metabólica e diabetes (FAO, 2008). Os alimentos muito processados industrialmente são habitualmente ricos em gordura hidrogenada, por exemplo: pão de forma de produção industrial, bolachas, biscoitos, fast-food, batatas fritas de pacote, aperitivos, snacks de chocolate, alguns cereais de pequeno-almoço, produtos de pastelaria e confeitaria, bolos embalados, refeições prontas a consumir, refeições congeladas e embaladas prontas a consumir, alguns gelados, etc. (DGS, 2005). A ingestão de ácidos gordos trans a partir de fontes industriais deve ser reduzida ao máximo devido aos seus efeitos adversos no perfil lipídico do sujeito (Remig et al., 2010). Um aumento de 2% de ingestão calórica através dos ácidos gordos trans industriais está associado a um aumento de 23% de risco cardiovascular (Remig et al., 2010). Desta forma, aconselhamos os adolescentes da nossa amostra, a limitarem ao máximo o consumo de alimentos que contenham ácidos gordos trans industrializados. Além das vantagens associadas à diminuição deste 117 nutriente, irá também contribuir para equilibrar o rácio ómega 6:ómega 3, uma vez que os alimentos ricos em gordura hidrogenada são ricos em ómega 6. De acordo com Mensink et al. (2003), a substituição de ácidos gordos trans por ácidos gordos insaturados é uma medida efetiva para melhorar o perfil lipídico e consequentemente o estado de saúde do indivíduo. 1.9. Colesterol Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, têm um consumo diário de colesterol (quadro nº29) inferior às recomendações de Kanter et al. (2012) (<300mg/d). No entanto, mais que o conteúdo em colesterol da dieta, interessa verificar como um indivíduo “negoceia” o colesterol que ingere em termos de absorção. Por isso, o indicador mais fiável para determinar os eventuais efeitos do colesterol da dieta é a taxa sanguínea deste nutriente. Segundo Falcão (2000), um colesterol total elevado no sangue, com uma quantidade baixa de HDL provoca um maior risco de desenvolver doenças coronárias. De acordo com o Institute of Medicine (2002), o valor recomendado para o colesterol dietético deve ser o mais baixo possível devido a questões relacionadas com a saúde do sujeito. De acordo com a mesma fonte, não se deve, no entanto, eliminar o colesterol da dieta, uma vez que esse facto iria requerer mudanças significativas no perfil nutricional, o que poderia induzir efeitos indesejáveis e riscos desconhecidos para a saúde. O colesterol apresenta muitas funções no nosso organismo, tais como: (i) estruturação da membrana celular, (ii) síntese das hormonas esteroides, (iii), síntese da vitamina D, etc. (Kanter et al.,2012) Segundo Rodrigues dos Santos (2001), os problemas derivados do excesso de colesterol não são assim tão relevantes, desde que a sua entrada na corrente sanguínea esteja controlada por um intestino íntegro e em bom funcionamento, que funcione como elemento equilibrador do colesterol formado no fígado. 118 É importante frisar que 2/3 do colesterol sanguíneo provém da síntese hepática que é maioritariamente ativada pela ingestão de ácidos gordos saturados (Ramprasath et al., 2012). O impacto do colesterol dietético nos lípidos sanguíneos é reduzido quando o consumo de ácidos gordos saturados é baixo (Harman et al., 2011). Devido ao seu elevado teor em colesterol, o ovo tem sido apontado como um alimento a evitar. Não se pode estabelecer uma relação direta entre o alimento e a taxa de colesterol no sangue. Se, a ingestão moderada de ovos (3 a 6 por semana) não induzir um acréscimo do colesterol sanguíneo basal não há razão alguma para reduzir drasticamente o consumo deste alimento de elevada densidade nutricional. Inclusive, Rong et al. (2013) demonstraram que o consumo de ovos mostrou estar associado a um menor risco de doença cardiovascular. Harman et al. (2011) acrescentam que um consumo aumentado de colesterol dietético (através de dois ovos por dia) não aumenta os níveis de colesterol total nem de LDL, desde que seja acompanhado por uma redução de peso. Esta constatação sugere que alimentos ricos em colesterol não devem ser excluídos da dieta para sujeitos que estejam a perder peso. Os ovos são fontes ricas em colesterol, mas não têm quantidades consideráveis de ácidos gordos saturados (Kanter et al., 2012). Desta forma, somos da opinião que as concentrações plasmáticas de colesterol (sobretudo o colesterol total e a fração das LDL) estão muito mais dependentes da ingestão de gorduras saturadas do que propriamente de colesterol dietético. Kanter et al. (2012) referem que a dieta é um determinante importante do colesterol sanguíneo mas o colesterol dietético tem apenas uma contribuição modesta no aumento das concentrações plasmáticas de LDL Os níveis de HDL são determinados fortemente por questões genéticas, com um índice de heritabilidade entre os 40-60%. (Iatan et al., 2012), embora Hartung et al. (1980) tenha afirmado que a taxa sanguínea de HDL estar mais dependente da atividade física que da dieta. A antiguidade deste estudo deve levar-nos a equacionar a sua fiabilidade atual. 119 Num estudo recente (Lombardo et al., 2013) verificou-se que uma dieta equilibrada caloricamente e exercício físico embora promovessem a redução do colesterol total não tinham efeito verificável ao nível das HDL e outras frações lipoproteicas. A conjugação de dieta equilibrada e exercício com um suplemento (ómega-3, policosanol, resveratrol, L-carnitina, monascus purpureus, coenzima Q 10, vitamina 6 e vitamina 12) reduzia não só o colesterol total como aumentava as HDL e reduzia as LDL (Lombardo et al., 2013). Na nossa opinião, e uma vez que o colesterol dietético pode não nos dar informação suficiente, o mais importante é os adolescentes do nosso estudo fazerem uma monitorização do colesterol sanguíneo, o verdadeiro aferidor de risco cardiovascular. Para que haja um equilíbrio na taxa de colesterol sanguíneo, aconselhamos os adolescentes do PE a moderarem o seu consumo de gorduras saturadas e a praticarem atividade física com maior regularidade e também aumentarem o consumo de fitoquímicos através de uma dieta rica em frutos e vegetais (Lee et al., 2013). Embora, uma dieta rica em amêndoas e proteínas de soja possa reduzir as LDL (Jenkins et al., 2003) é necessário ter cuidado com os produtos de soja que, quando mal manufaturados, podem provocar sérios problemas para a saúde principalmente ao nível do aparelho reprodutor (Wang et al., 2013). Uma dieta rica em soja não faz parte do plano nutricional dos países mediterrâneos. Acreditamos que a alimentação tem algo de ecológico, isto é, uma dada dieta está relacionada na forma como o indivíduo se relaciona com o meio. Por isso, aquilo que pode ser saudável para um dado país pode não o ser para um país colocado nos antípodas. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo de colesterol diário (232,5 g/dia) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikov et al. (1997) em adolescentes gregos (349 – 358 g/dia) e por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (331 – 470 g/dia). 1.10. Proteínas 120 Os adolescentes normoponderais e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género apresentam uma percentagem de consumo proteico (quadro nº30) superior às recomendações de 10-15% recomendadas na literatura (Thompson, 1997) Os valores médios de consumo proteico, acima das recomendações, encontrados nos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso vão ao encontro dos resultados do Instituto Nacional de Estatística (2010) que refere desequilíbrios na dieta alimentar portuguesa através de um recurso excessivo ao grupo das “Carnes, pescado e ovos”. Embora os valores encontrados no presente estudo (PE) sejam superiores às recomendações devemos questionar se podem ser deletérios ou não para a saúde dos jovens estudados. Embora, elevados consumos proteicos possam levar à ultrapassagem da capacidade hepática de desaminação das proteínas e induzir depleção de cálcio e desidratação e situações de hiperaminoacidemia, hiperamonemia e hiperinsulinemia (Bilsborough & Mann, 2006), pensamos que os valores médios encontrados não colocam problemas de saúde ou de desequilíbrio metabólico. Valores de consumo proteico perto dos 20% são usuais na população portuguesa, desportista e não desportista (Rodrigues dos Santos et al., 2010). Através do tratamento estatístico dos registos alimentares, percebemos que este consumo proteico elevado por parte dos adolescentes da nossa amostra foi feito maioritariamente pelo consumo de carnes vermelhas e não tanto através do consumo de carnes magras, pescado, ovos ou leguminosas. Embora os valores de consumo proteico totais, por si só, possam não colocar problemas metabólicos e de saúde, o excessivo consumo de carnes vermelhas pode não ser o mais adequado. Assim, Montonem et al. (2013), comparando a ingestão de carne vermelha e grãos integrais, comprovaram que enquanto estes baixavam vários indicadores de stresse oxidativo, o consumo de carne vermelha estava associado ao aumento dos níveis circulatórios de GGT (gamaglutamil- transferase) e hs-CRP (proteína C-reativa de elevada sensibilidade), índices de stresse oxidativo e inflamação. 121 Embora, no nosso entender, não se coloquem problemas de saúde com a ingestão proteica verificada, para os adolescentes com peso normal, independentemente da idade e do género, aconselhamos uma redução do consumo proteico em benefício de um aumento de hidratos de carbono, através fundamentalmente das frutas, legumes e grãos integrais. Uma vez que os adolescentes com peso normal, independentemente do género e da idade apresentaram consumos calóricos inferiores às recomendações, não será vantajoso exceder os limites de ingestão diária em proteínas, dado que o seu elevado poder saciante limita a normalização dos valores de consumo calórico. No que diz respeito aos adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, consideramos que devem manter ou mesmo incrementar o seu consumo proteico. De acordo com o FNB (2002), a inclusão de maiores quantidades de proteína poderá ser benéfica para uma perda de peso, não havendo evidência clara que uma elevada ingestão de proteínas aumenta o risco de pedras nos rins, osteoporose, cancro ou doença cardiovascular. De acordo com o FNB (2002), os adolescentes poderão beneficiar de uma ingestão que vai até aos 30% de proteína relativamente ao consumo energético total. Desta forma, os adolescentes com sobrepeso, além de poderem vir a beneficiar do efeito saciante das proteínas (Astrup, 2005), podem também beneficiar de um maior gasto energético associado à termogénese alimentar deste macronutriente e da manutenção da massa isenta de gordura. De acordo com Keller (2011), após a ingestão de proteínas, a termogénese alimentar aumenta 20-30%, enquanto para os hidratos de carbono esse aumento se cifra entre 5-10% e para as gorduras 0-5%. O mesmo autor refere ainda que uma maior quantidade de proteína ajuda a manter a massa isenta de gordura, o que trará ainda mais benefícios para os adolescentes com sobrepeso, permitindo que os gastos no seu metabolismo basal sejam mais elevados. Arciero et al. (2013) acrescenta que se este consumo mais elevado de proteína (30%) for distribuído por 6 refeições diárias, há uma diminuição da gordura corporal e mais especificamente da gordura abdominal e um aumento da massa isenta de gordura e a termogénese alimentar. 122 Aconselhamos também os adolescentes com sobrepeso a ingerirem um pequeno-almoço rico em proteína de forma a diminuir as concentrações póspandriais de grelina (Blom et al., 2006) hormona relacionada com o apetite. O timing digestivo das proteínas e gorduras é superior ao dos hidratos de carbono o que reduz os níveis de apetite e pode facilitar o controlo ponderal. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo percentual de proteínas (17,8%) se encontra acima dos valores encontrados por Roma-Giannikov et al. (1997) em adolescentes gregos (14,7%) e por Aranceta & Perez em adolescentes espanhóis (14,3%). Outro estudo com adolescentes portugueses (Amorim Cruz, 2000) evidenciou um consumo percentual de proteínas igual ao do PE (17,8%) 1.11. Vitamina A Analisando o consumo diário de vitamina A, os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº31) têm um aporte deficitário quando comparado com as recomendações delineadas pela FNB (2001) (Quadro nº4). A vitamina A tem funções importantes no nosso organismo, tais como: i) atuação como antioxidante, ii) normal funcionamento da nossa visão, iii) manutenção do funcionamento celular para o normal crescimento, iv) regulação imunitária e v) reprodução (WHO, 2006). Segundo o Instituto de Saúde Ricardo Jorge (2001), os alimentos ricos em vitamina A são as vísceras como o fígado e rim, leite e derivados como a manteiga, ovos, óleos de peixe e produtos hortofrutícolas. No entanto, temos que ter atenção à diferenciação de alimentos ricos em vitamina A e alimentos ricos em β-caroteno (produtos hortofrutícolas) que é um carotenoide percursor de vitamina A. Este facto revela-se de extrema importância, uma vez que numa dieta variada, a taxa de conversão do β-caroteno em vitamina A é de aproximadamente 12:1 (FNB, 2001). Desta forma, não é surpreendente que o risco de deficiência em vitamina A esteja inversamente relacionado com o consumo de alimentos de origem animal (Miller et al., 2002). A carência em 123 vitamina A é mais comum em sujeitos que apresentam uma ingestão de vitamina A essencialmente às custas de alimentos ricos em β-caroteno (Mele, 1991). No entanto, a ingestão de alimentos ricos em β-caroteno é por si só importante, já que além da ser precursor da vitamina A tem uma diversidade de efeitos na luta contra várias morbilidades. Aconselhamos os adolescentes da nossa amostra a aumentarem o consumo de vitamina A através, fundamentalmente, de alimentos de origem animal, tais como o fígado, leite, manteiga e ovos. A manutenção de uma dieta rica em frutas e vegetais é fundamental para ter acesso às quantidades equilibradas de carotenoides. Consideramos, no entanto, que, uma vez que a vitamina A é lipossolúvel e com uma certa capacidade de armazenamento, poderemos não estar perante uma situação muito perigosa, se este défice for circunstancial. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de vitamina A (411,7 µg/dia) se encontra abaixo dos valores encontrados por Gonzalez et al. (1994) em adolescentes espanhóis (691-962 µg/dia) e por Brazdova et al. (2000) em adolescentes checos (518 µg/dia). 1.12. Vitamina C Analisando o consumo diário de vitamina C, os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº32) têm um aporte deficitário quando comparado com as recomendações delineadas pela FNB (2000) (Quadro nº5). A vitamina C está incluída na classe dos antioxidantes, desempenhando uma função importante na proteção das membranas celulares (Powers et al., 2004). Além disso, a vitamina C está implicada na regulação imunitária (Bhaskaram, 2002) e na formação do colagénio (WHO, 2006). Desta forma, é essencial que a alimentação dos adolescentes do PE, que ainda se encontram em crescimento e desenvolvimento, consigam suprir as necessidades de vitamina C através da alimentação. Os valores deficitários de consumo de vitamina C que os adolescentes normoponderais e os 124 adolescentes com sobrepeso apresentaram são preocupantes, uma vez que, tratando-se de uma vitamina hidrossolúvel, o seu armazenamento é limitado, pelo que devem ser ingeridas regularmente (Mcardle et al., 1994). De acordo com a WHO (2006), as deficiências em vitamina C são usualmente verificadas quando existe um aporte deficitário de frutas e hortícolas. Recomendamos os adolescentes da nossa amostra a aumentarem o consumo de hortícolas como a couve, pimento e espinafres, e frutas como a laranja e o kiwi, de forma a poderem atingir as recomendações diárias de vitamina C (Instituto de Saúde Ricardo Jorge, 2001). No caso, de a dieta dos jovens manter uma deficiência recorrente em vitamina C, deve ser equacionada a hipótese de suplementação. 1.13. Vitamina E Analisando o consumo diário de vitamina E, os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº33) têm um aporte deficitário quando comparado com as recomendações delineadas pela FNB (2000) (Quadro nº6). A vitamina E constitui o principal antioxidante lipossolúvel nas membranas celulares (Clarkson & Thompson, 2000). Além desta função, a vitamina E desempenha um papel importante na manutenção do sistema imunitário (Gleeson & Bishop, 2000), ajudando desta forma na prevenção de algumas doenças degenerativas (Borel et al., 2013). A biodisponibilidade de vitamina E é variável e afetada por inúmeros fatores, entre os quais a disponibilidade das proteínas envolvidas na sua absorção, a matriz alimentar, quantidade de gorduras e de vitaminas lipossolúveis (Borel et al., 2013). Aconselhamos os adolescentes da nossa amostra a aumentarem o consumo de frutos oleaginosos como a amêndoa, avelã e noz, ovos, manteiga e gorduras e óleos vegetais onde se deve dar especial importância ao azeite já que os outros óleos vegetais (e.g. girassol, milho e soja) apresentam um 125 elevado teor em ácidos gordos ómega-6 que, como já vimos desequilibram o rácio com os ómega-3 criando um ambiente pró-inflamatório pouco saudável (Instituto de Saúde Ricardo Jorge,2001) Tal como a vitamina A, a vitamina E é lipossolúvel e com uma certa capacidade de armazenamento. Desta forma, os adolescentes da nossa amostra não estarão perante uma situação muito perigosa, se este défice for circunstancial. Relativamente aos adolescentes normoponderais, os valores baixos de vitaminas antioxidantes que encontrámos no nosso estudo podem ser explicados por um baixo consumo energético associado a um baixo consumo de hidratos de carbono, fundamentalmente frutos e legumes. Os adolescentes com sobrepeso, apesar de terem um consumo calórico superior às recomendações, não conseguiram atingir as recomendações providenciadas para as vitaminas antioxidantes, o que nos leva a deduzir que a dieta dos adolescentes com sobrepeso poderá apresentar uma elevada densidade energética e uma baixa densidade nutricional. Aconselhamos os jovens da nossa amostra a alterarem o perfil de ingestão dos alimentos ricos em vitaminas e fitoquímicos, e somente em último caso recorrerem a suplementação. De uma forma geral, uma alimentação deficitária em energia e desequilibrada em macronutrientes acarreta défices de alguns micronutrientes. A diversidade alimentar é uma forma de reequilibrar as dietas deficitárias em vitaminas e minerais no caso em que não se verifiquem défices marcantes de energia. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de vitamina E (2 mg/dia) se encontra abaixo dos valores encontrados por Kafatos et al. (2000) em adolescentes gregos (11,1 - 12 g/dia) e por Brazdova et al. (2000) em adolescentes checos (7,2 mg/dia). 126 1.14. Cálcio Analisando o consumo diário de cálcio, os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº34) têm um aporte deficitário quando comparado com as recomendações delineadas pela FNB (1997) (Quadro nº7). Segundo a WHO (2006), as principais funções do cálcio são: (i) manutenção da rigidez do esqueleto humano, (ii) coagulação sanguínea, adesão celular, contração muscular, libertação de hormonas e neurotransmissores, metabolismo do glicogénio e proliferação e diferenciação celular. Embora uma ingestão adequada de cálcio seja importante no decorrer da nossa vida, a infância e a adolescência são dois períodos cruciais devido ao rápido crescimento do nosso esqueleto (FAO, 2001). Baixas ingestões de cálcio durante este período podem reduzir o pico de densidade mineral óssea, aumentando assim o risco de osteoporose na fase adulta (WHO, 2006). Os principais responsáveis pelo aporte de cálcio são os produtos lácteos, contabilizando 50-80% do aporte diário de cálcio em muitos países industrializados, enquanto alimentos de origem vegetal contribuem com cerca de 25% (WHO, 2006). Recomendamos os adolescentes do PE a aumentarem a sua ingestão em cálcio através do consumo de leite e derivados, como os iogurtes e o queijo e vegetais de folha verde como as couves e o espinafre (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 2010). Os produtos lácteos, para além de serem bons fornecedores de cálcio, são ainda ricos em vitamina D, o que irá permitir a absorção e fixação de cálcio no osso (FNB, 2011). Quanto aos produtos de origem vegetal, é necessário ter em atenção que contêm fitatos e oxalatos que limitam a absorção do cálcio. (FNB, 1999). No entanto o consumo de vegetais de folha verde será importante para os adolescentes do PE, devido à carência evidente de cálcio que estes apresentam e devido à riqueza nutricional dos alimentos de origem vegetal. Os maiores inibidores da absorção de cálcio são os oxalatos e os fitatos (FNB, 1999). Os oxalatos encontram-se presente em alimentos como o 127 espinafre, batata-doce e feijão. Os fitatos fazem parte de alimentos como as leguminosas e cereais integrais. A melhor forma de evitar os efeitos nefastos dos fitatos e oxalatos é evitar ingerir os produtos lácteos simultaneamente aos vegetais de folha verde e leguminosas. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de cálcio (602,1 mg/dia) se encontra abaixo dos valores encontrados por Roma-Giannikou et al. (1997) em adolescentes gregos (748 mg/dia), por Volatier (2000) em adolescentes franceses (835 mg/dia) e por Amorim Cruz (2000) em adolescentes portugueses (853 mg/dia). 1.15. Ferro Analisando o consumo diário de ferro, os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº35) têm um aporte diário que se encontra dentro das recomendações delineadas pela FNB (2001) (Quadro nº9). Nos adolescentes com peso normal, as raparigas dos 10 aos 13 anos e os rapazes, independentemente da idade (Quadro nº35) têm um aporte diário de ferro que se encontra dentro das recomendações delineadas pela FNB (2001) (Quadro nº9). As adolescentes com peso normal dos 14 aos 18 anos apresentam um consumo diário de ferro deficitário quando comparado com as recomendações providenciadas pela FNB (2001) (Quadro nº9). Grande parte do ferro presente no corpo humano encontra-se nos eritrócitos, mais especificamente na hemoglobina, em que a sua principal função é o transporte de oxigénio dos pulmões para os diferentes tecidos do corpo humano (WHO, 2006). O ferro é também um importante componente de vários sistemas enzimáticos, como por exemplo os citocromos, que estão envolvidos no metabolismo oxidativo (WHO, 2006). 128 A deficiência em ferro é a desordem nutricional mais comum e difundida pelo mundo, sendo a anemia o resultado dum balanço negativo prolongado (WHO, 2006). Os principais fatores de risco de deficiência em ferro incluem: i) baixa ingestão de ferro hémico (presente na carne e no peixe); ii) inadequada ingestão de vitamina C; iii) baixa absorção de ferro através de dietas ricas em fitatos (incluindo leguminosas e cereais) ou compostos fenólicos (presentes no café, chá); iv) períodos da vida em que as necessidades de ferro são especialmente elevadas (por exemplo: o crescimento); v) elevadas perdas de sangue como resultado da menstruação (WHO, 2006). A carência de ferro verificada nas raparigas com peso normal dos 14 aos 18 anos é especialmente importante, uma vez que o ferro é um mineral muito suscetível de ser perdido na menstruação. Esperemos, assim que este défice seja circunstancial e que as raparigas com peso normal dos 14 aos 18 anos consumam alimentos ricos em ferro, de forma a evitar uma situação de carência que pode levar a um quadro de anemia ferropriva. Apesar do ferro hémico ter melhor capacidade de absorção do que o ferro não hémico, aconselhamos as raparigas com peso normal dos 14 aos 18 anos ingerirem alimentos ricos em ferro hémico e não hémico, uma vez que o aumento do consumo de ferro é uma prioridade. Como forma de ajudar na absorção do ferro não hémico, será importante que as raparigas com peso normal dos 14 aos 18 anos ingiram alimentos ricos em ácido ascórbico (vitamina C), uma vez que esta vitamina é a maior potenciadora de absorção de ferro não hémico (Siegenberg, 1991). Será também importante que as raparigas com peso normal dos 14 aos 18 anos evitem a ingestão de alimentos ricos em cálcio e compostos fenólicos e ferro na mesma refeição (Gleerup, 1995), uma vez que estes substratos afetam negativamente a absorção do ferro hémico e não hémico (Hallberg, 1993). De notar que os compostos fenólicos bloqueiam fundamentalmente a absorção do ferro não-heme. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de ferro (13,8 mg/dia) se encontra abaixo dos valores 129 encontrados por Aranceta & Perez (1996) em adolescentes espanhóis (16,5 mg/dia) e acima dos valores encontrados por Roma-Giannikou et al. (1997) em adolescentes gregos (11,9 mg/dia). 1.16. Selénio Analisando o consumo de selénio, os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género (Quadro nº36) têm um aporte diário que se encontra dentro das recomendações da FNB (2000) (Quadro nº10). As principais funções do selénio incluem: i) proteção dos tecidos contra o stress oxidativo; ii) manutenção dos sistemas de defesa do corpo humano contra as infeções; iii) modulação do crescimento e desenvolvimento (WHO, 2006). O selénio apresenta uma função importante no metabolismo da tiroide (Arthur et al., 1993). Apesar do hipotiroidismo ser uma patologia cuja etiologia é iminentemente hereditária, uma privação prolongada deste mineral poderá levar a hipotiroidismo, que é uma causa endócrina de obesidade (Jebb, 1997). As dietas usuais na maior parte dos países industrializados providenciam as necessidades diárias de selénio (WHO, 2006). De acordo com Rodrigues dos Santos (1995), os alimentos mais ricos em selénio são os cereais, carnes magras e laticínios. Devido à carência em cálcio que os adolescentes do PE apresentaram, consideramos que o aporte de selénio que os adolescentes apresentaram se deve fundamentalmente ao consumo de cereais e carnes magras ao invés do consumo de laticínios. Aconselhamos os adolescentes do nosso estudo a manterem o seu consumo diário de selénio através dos cereais e carnes magras, mas a aumentarem o seu consumo de cálcio, que além de contribuir para um aporte sustentado de selénio, ajudará no aumento do consumo do cálcio. Em termos de análise global da nossa amostra verifica-se que o consumo diário de selénio (78,6 µg/dia) se encontra acima dos valores 130 encontrados por Lyhne (1998) em adolescentes dinamarqueses (32 – 41 µg/dia). 1.17. Pequeno-Almoço O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia, fundamentalmente pelos benefícios nutricionais que traz ao indivíduo (Albertson et al., 2003; Gibson, 2003) já que tem lugar após um longo período de jejum. O não consumo de pequeno-almoço tem sido associado a maiores índices de adiposidade (Siega et al., 1998; Song et al., 2006) e a um maior índice de massa corporal em adolescentes (Barton et al., 2005). Além disso, este hábito pode persistir durante a vida adulta (Lake et al., 2006). Comparativamente com consumidores de pequeno-almoço, os adolescentes que não consomem esta refeição têm ingestões reduzidas de inúmeros nutrientes, tais como as vitaminas A, E, C, B6, B12, folato, ferro, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e fibra dietética (Nicklas et al.,2000). Estes nutrientes são raramente compensados pelas restantes refeições diárias (Nicklas et al., 2000). O consumo de pequeno-almoço, particularmente se a refeição incluir cereais está associado com uma menor ingestão de gordura e maior ingestão de hidratos de carbono, fibra dietética e alguns micronutrientes (Ruxton & Kirk, 1997). Aconselhamos os adolescentes do PE, que declararam saltar o pequeno-almoço, a ingerirem esta refeição diariamente pois os benefícios serão evidenciados não só a nível físico como também a nível mental, melhorando a disponibilidade para o estudo e reflexão. Uma coisa é a importância do pequeno-almoço e a sua introdução quotidiana numa dieta normal, outra coisa é a possibilidade de o atrasar em algumas situações. Assim, adolescentes com sobrepeso poderão exercitar-se em jejum, desde que a intensidade do exercício seja reduzida e a quantidade de exercício 131 progressivamente aumentada. Terminado o exercício acentua-se a importância do pequeno-almoço. Uma vez que a luta contra o excesso de peso e obesidade é uma tarefa árdua, todos os mecanismos que possam ajudar são bem-vindos. Numa situação pós-prandial, os carbohidratos da refeição induzem uma descarga pancreática de insulina. De acordo com Rodrigues dos Santos (2006), a concentração de insulina é suprimida durante o exercício, mas, após uma refeição rica em carbohidratos, essa supressão não é conseguida e o efeito anti-lipolítico desta hormona prolonga-se no tempo. Desta forma, os adolescentes com sobrepeso poderão beneficiar de uma prática de atividade física em jejum desde que devidamente controlada. Em termos de análise global da nossa amostra, verifica-se que a percentagem de adolescentes do PE que consumiu o pequeno (79%) encontrase abaixo dos valores encontrados por Aranceta et al. (2004) em crianças e adolescentes espanhóis (88%). O nosso valor médio é muito semelhante ao encontrado por Vanelli et al. (2005) num estudo com crianças e adolescentes italianos (78%). Particularizando a ingestão de pequeno-almoço nos adolescentes com peso normal e com sobrepeso do PE, verificamos que ambos os valores (87% peso normal; 67% - sobrepeso) se encontram abaixo dos encontrados por Mota et al. (2008) noutro estudo com adolescentes portugueses (90 – 94% - peso normal; 87% - sobrepeso). De posse dos dados deste estudo, os professores e encarregados de educação deverão verificar se a ausência de pequeno-almoço num número significativo de adolescentes foi uma situação circunstancial ou corresponde a hábitos instalados. Neste último caso uma intervenção terapêutica é necessária para corrigir os défices nutricionais que normalmente caracterizam estes sujeitos e que podem acarretar problemas de saúde. 132 1.18. Número de Refeições Diárias A literatura (Peres, 1980; Eisenman et al., 1990) referem-nos que os indivíduos não devem estar mais de três horas sem comer, não só para evitarem baixas de glucose no sangue mas, também, para evitarem sobrecarregar o organismo com refeições muito pesadas e hiper-energéticas, normalmente indutoras de grande descarga insulínica. No PE, verificou-se que a proporção de adolescentes com sobrepeso que consumiram até 3 refeições diárias é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com peso normal. Esta constatação é extremamente negativa para os adolescentes com sobrepeso, pois uma ingestão compactada de nutrientes, fundamentalmente os derivados dos hidratos de carbono, podem induzir elevações bruscas de açúcar no sangue com a consequente libertação de insulina através do pâncreas. Ora, uma hiperinsulinemia pós-prandial pode ser um fator tendencialmente armazenador de glucose no adipócito sob a forma de triglicerídeos, o que pode redundar em aumento de peso supérfluo com resultados nefastos no perfil de saúde do adolescente (Rodrigues dos Santos, 2005). Além disso, e como refere Peres (1980), rações excessivas podem não fornecer equilibradamente todos os princípios nutritivos necessários para uma vida com saúde. Em sentido inverso, um maior número de refeições diárias permite fracionar o aporte de alimentos com elevado índice glicémico durante o dia, evitando-se uma maior concentração de alimentos em poucas refeições e disponibilizando glucose de forma equilibrada quer para o exercício físico, quer para suporte do metabolismo dos órgãos gluco-dependentes – cérebro, sistema nervoso, rim, eritrócito (Rodrigues dos Santos, 2002). Será pois, aconselhável, que os adolescentes com sobrepeso adotem uma prática dietética que distribua o aporte calórico diário por mais de três refeições. No entanto, temos de salientar que não é fácil ter um regime nutricional mais equilibrado quando se vive num regime de aulas e deslocações, por vezes impeditivas de um bom regime dietético. Os resultados do PE não são novidade no panorama nacional, uma vez que Mota et al. (2008) também chegaram à conclusão que a proporção de 133 adolescentes com sobrepeso que consumiram até 3 refeições diárias é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com peso normal. 2. Atividade Física No nosso estudo, os índices de atividade física dos adolescentes com peso normal e dos adolescentes com sobrepeso são baixos (Quadro nº40), levando a crer que os adolescentes integrantes deste estudo têm, em valores médios, um estilo de vida pouco ativo. Após análise da correlação entre a taxa de atividade física e o IMC percebemos que existe uma associação negativa e significativa (p=0,000) entre estas duas variáveis (Quadro nº47). Efetivamente, em termos comparativos, os adolescentes com sobrepeso apresentaram índices de atividade física “globais” significativamente inferiores aos adolescentes com peso normal. Os nossos resultados vão ao encontro dos encontrados por Maffeis et al. (1997), Dionne et al. (2000), McMurray et al. (2000), Deforche et al. (2006) e Olds et al. (2011). O sedentarismo/inatividade física tem sido identificado como um dos maiores problemas de saúde pública do século 21 (Blair, 2009). Segundo a WHO (2004), 2 milhões de mortes por todo o mundo são atribuídas à inatividade física. A American Academy of Pediatrics (2001), Australian Government Department of Health and Ageing (2013) e Canadian Society for Exercise Physiology (2013) recomendam a redução do tempo passado com atividades sedentárias, especialmente a visualização de televisão. Um estilo de vida sedentário é um fator determinante no aumento do risco de ganho de peso e obesidade (WHO, 2003). Em sentido inverso, um estilo de vida ativo traz inúmeros benefícios para os adolescentes (Seabra et al., 2011). 134 De acordo com Strong et al. (2005), atividade física moderada e vigorosa praticada regularmente está associada a benefícios comportamentais, corporais e de saúde durante a adolescência. A atividade física regular previne o começo precoce de inúmeras doenças crónicas que são manifestadas na fase adulta (Rowland, 2006) e os hábitos de atividade física desenvolvido durante a infância e a adolescência têm repercussões no estilo de vida da fase adulta (Malina, 2001). A atividade física regular é um fator preponderante na redução do risco de ganho de peso e obesidade (WHO, 2003). De acordo com Armstrong & Welsman (1997), é importante aumentar a participação de crianças e adolescentes em programas regulares de atividade física que possibilitem vivências positivas durante a juventude de forma a estabelecer a prática de atividade física como um hábito de vida. São vários os fatores de influência que podem ter levado os adolescentes do PE a terem um índice baixo de atividade física. De acordo com Mota & Sallis (2002), os fatores de influência de atividade física são as variáveis intrapessoais (fatores demográficos e biológicos, fatores psicológicos, cognitivos e emocionais), variáveis interpessoais (família, pares, treinador/professor, escola) e variáveis ambientais (condições climatéricas, sazonais e geográficas, acessibilidade a parques e equipamentos). Particularmente, em relação aos adolescentes com sobrepeso, Zabinski et al. (2013) referem que estes adolescentes são particularmente vulneráveis às barreiras impostas pelo seu próprio corpo em relação à atividade física; reduzindo estas barreiras, por exemplo, através de um programa severo de emagrecimento, podem-se criar condições para uma eficaz aderência dos jovens à atividade física sistemática e regular. Indo ao encontro do referido em inúmeros estudos (Eliakim et al., 2002; Nemet et al., 2005; Dunn et al., 2006), parece-nos que o meio mais eficaz para a perda de gordura corporal é a conjugação de um menor aporte de energia através da redução das calorias ingeridas com um maior gasto calórico através da prática regular de atividade física. Especificando a questão da atividade 135 física, tem havido alguma controvérsia acerca de qual o melhor método para promover um emagrecimento eficaz e que possa ser mantido a longo prazo. De acordo com Rodrigues dos Santos (2006), o exercício físico muito prolongado e de baixa intensidade é a melhor forma de queimar as calorias armazenadas sob a forma de gordura. Exercícios mais intensos mobilizam em maior quantidade as reservas musculares e hepáticas de glicogénio. Embora esteja estabelecido que a intensidade ótima para a máxima mobilização e oxidação das gorduras se situa por volta dos 65% VO2max (Romijn et al., 1993), Rodrigues dos Santos (2006) defende que programas aeróbios muito intensos só serão adequados para indivíduos sem excessos ponderais. Contrapondo esta posição, Irving et al. (2008) efetuaram a comparação de dois métodos de emagrecimento num período de 16 semanas em mulheres adultas. Um dos grupos efetuou 5 treinos semanais a baixa intensidade (abaixo do limiar anaeróbio metabólico) enquanto o outro grupo efetuou 5 treinos semanais em que dois deles eram de baixa intensidade (abaixo do limiar anaeróbio metabólico) e três treinos a uma intensidade elevada (acima do limiar anaeróbio metabólico). O tempo de exercício dos treinos em cada um dos grupos foi ajustado para manter o gasto calórico por treino nas 400 kcal por treino. Os resultados deste estudo evidenciam que o grupo sujeito a treinos de elevada intensidade teve uma redução significativa nos parâmetros massa gorda total (p<0,001), massa gorda subcutânea abdominal (p=0,034) e massa gorda abdominal visceral (p=0,010), quando comparado com o grupo que efetuou treinos de baixa intensidade. O treino de elevada intensidade induz maiores perdas de gordura corporal, em particular a gordura abdominal visceral comparativamente com o treino de baixa intensidade devido a várias razões: (i) o treino de elevada intensidade induz a secreção de hormonas lipolíticas, incluindo a hormona do crescimento e a adrenalina (Pritzlaff, 2000), o que irá facilitar um aumento do gasto energético através da oxidação lipídica no período pós-exercício; (ii) com os mesmos gastos energéticos, o treino de elevada intensidade conduz a um 136 maior balanço calórico negativo do que o treino de baixa intensidade (Imbeault et al., 1997). A grande questão que se coloca é se os adolescentes com sobrepeso conseguem “aguentar” física e mentalmente programas de exercício intenso a médio/longo prazo. Aconselhamos os adolescentes com sobrepeso a efetuarem atividade física diariamente. Para além dos 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa, os adolescentes devem efetuar um programa de atividade física que promova um emagrecimento sustentado. Este programa de emagrecimento deverá ir ao encontro das possibilidades do sujeito e proporcionar-lhe vivências agradáveis. Estas vivências agradáveis podem ser conseguidas através de programas de emagrecimento baseados em jogos. A este respeito, são numerosos os estudos que já aplicaram esta estratégia (Eliakim et al., 2002; Sung et al., 2002; Nemet et al., 2005; Reinehr et al., 2006; Ildiko et al., 2007; Lazzar et al., 2007; Savoye et al., 2007). Antes dos adolescentes com sobrepeso iniciarem o programa de emagrecimento, será importante efetuarem um reforço muscular potenciador dos mecanismos de proteção das articulações, uma vez que exercício prolongado pode ser muito agressivo para os músculos e articulações do sujeito O índice baixo de atividade física encontrado no PE pode ter tido origem em comportamentos distintos relativamente à atividade física ao longo do dia. De acordo com French et al. (2001), a atividade física está a diminuir em determinados contextos específicos, como o transporte ativo, desportos organizados, tempo de lazer e aulas de educação física. Stanley et al (2012) referem que o estudo das correlações da atividade física de acordo com a altura do dia, local e contexto é imperativo para perceber o comportamento dos adolescentes relativamente à atividade física. Desta forma, iremos proceder à análise do comportamento face à atividade física dos adolescentes do PE em período escolar (recreio e aulas de Educação Física) e período não escolar (tempo livre no período pós escolar e ao fim de semana). 137 2.1. Recreio Escolar Analisando os comportamentos relacionados à atividade física no recreio por parte dos adolescentes com peso normal e sobrepeso, percebemos que: - Dos adolescentes com peso normal, 52,6% passeiam pelo recreio escolar. No entanto, há uma percentagem considerável (31,6%) de adolescentes com peso normal que corre/brinca a maior parte do tempo. - Quanto aos adolescentes com sobrepeso, 56,4% passeiam pelo recreio escolar. Uma percentagem considerável (18,2%) de adolescentes com sobrepeso corre/brinca durante pouco tempo no recreio escolar. Este índice baixo de atividade física por parte dos adolescentes com sobrepeso no recreio escolar pode ser justificado pelo facto destes serem muitas vezes excluídos socialmente por parte dos colegas de escola (Smith, 2000). Além disso, e de acordo com Corder et al. (2013), os adolescentes com sobrepeso são menos propensos a escolher práticas de atividade física com amigos. O recreio escolar tem sido referido por entidades no domínio da saúde pública, como um contexto importante no âmbito da promoção da atividade física em crianças e jovens (Marques et al., 2001), apresentando-se como uma oportunidade de acumular atividade física ao longo do dia (Mota et al.,2005; Escalante et al., 2013). Têm sido feitos esforços para maximizar a prática de atividade física no recreio devido aos seus benefícios académicos e na saúde (Ickes et al., 2012). Ickles et al. (2012) aplicaram as seguintes estratégias para o incremento da atividade física no recreio: adicionar equipamentos/materiais, marcar zonas para atividades específicas, envolvimento dos professores nas atividades de recreio (terá especial impacto o envolvimento de professores de outras áreas que não da Educação Física e Desporto), jogos vídeo ativos, atividade da semana (e.g. jogar ao pião numa semana, lançamento de arcos na semana seguinte, jogos tradicionais, etc.), cartas de atividade (que permitem o aluno ir preenchendo tentando atingir um dado nível de atividade). Segundo os autores atrás citados houve uma obtenção de 95% de sucesso nas intervenções utilizadas. 138 Whitt-Glover et al. (2011) referem que a introdução de uma pausa de 10 minutos nas aulas, aproveitando-os para a prática de atividade física é vantajosa para aumentar os índices de atividade física e melhorar os comportamentos dos adolescentes. Pensamos, que dentro de uma visão integrada da formação dos jovens na escola deveremos não só estimular os momentos de atividade física como conseguir preparar os alunos para os momentos de concentração que as aulas teóricas subsequentes pressupõem. Assim, técnicas de respiração controlada e técnicas de relaxação podem ser benéficas para atenuar as descargas adrenérgicas impostas por algumas atividades de recreio. Ridgers et al (2006) referem que as crianças/adolescentes podem obter até um terço das recomendações de prática de atividade física moderada a vigorosa durante o período de recreio. Desta forma, é necessário termos consciência do valor formativo dos recreios escolares e intervir de forma a torná-los mais dinâmicos e fazer deste local um verdadeiro local de ludicidade, que permita aumentar os índices de atividade física dos adolescentes. De acordo com Neto (1999), melhorando os recreios, alteramos os comportamentos das crianças/adolescentes e providenciamos brincadeiras que respondam às suas necessidades de desenvolvimento. No PE, verificou-se que os adolescentes com peso normal são significativamente mais ativos no recreio do que os adolescentes com sobrepeso (p=0,028). Estes dados vão ao encontro do estudo de Stratton et al. (2007). Verifica-se que o nível de atividade dos sujeitos com sobrepeso é menor em todas as vertentes das atividades não programadas. 2.2. Educação Física Analisando os comportamentos relacionados à atividade física nas aulas de Educação Física por parte dos adolescentes com peso normal e sobrepeso, percebemos que: - Dos adolescentes com peso normal, 43,7% referem que, às vezes, fizeram aulas de Educação Física em que se cansaram muito. No entanto, há uma 139 percentagem considerável (24,5%) de adolescentes com peso normal que quase nunca fez aulas de Educação Física que o cansasse muito. - Quanto aos adolescentes com sobrepeso, 51,4% referiram que somente por vezes realizaram aulas de Educação Física em que se cansassem muito. De realçar que “a segunda maior fatia” (16,2%) é a de adolescentes com sobrepeso que não participaram das aulas de Educação Física. Esta constatação não nos deixa surpresos, uma vez que o facto dos adolescentes com sobrepeso serem muitas vezes vítimas de bullying verbal pelos seus pares durante as aulas de Educação Física e a falta de privacidade nos vestiários faz com que haja uma menor aderência às aulas de Educação Física por parte destes adolescentes (Stankov et al., 2012). De acordo com Stankov et al (2012), os programas anti-bullying que promovam os valores de respeito e companheirismo terão mais sucesso na generalização da educação Física entre os jovens que estratégias de vitimização e estigmatização dos adolescentes com problemas isolando-os dos seus pares mais ativos. O facto de existirem ainda tantas escolas no nosso país que não possuem instalações desportivas cobertas, onde as próprias aulas de Educação Física são condicionadas pela chuva, pode estar associado às fracas oportunidades de prática de atividade física entre os jovens (Santos et al., 2005). Outro facto prende-se com a curta duração e intensidade das aulas de Educação Física. De acordo com Kremer et al (2012), além do facto das aulas de Educação Física terem uma curta duração, os estudantes praticam atividade física moderada a vigorosa durante somente um terço da aula, havendo uma fraca contribuição para o nível de atividade física diária. Muitas vezes o que acontece, é que devido a condições meteorológicas adversas, as aulas de Educação Física têm de ser dadas em espaço coberto por todos os professores, o que restringe o espaço de aula. Este facto associado a turmas numerosas faz com que seja difícil de atingir intensidades moderadas a vigorosas em grande parte das aulas. 140 2.3. Tempo Livre O tempo livre tem sido assumido como potencialmente importante do ponto de vista da promoção da saúde e da qualidade de vida dos jovens, devido ao seu carácter voluntário e autónomo (Matos, 2003). As escolhas relativas à ocupação do tempo livre entre os jovens nem sempre representam uma elevada participação em atividade física de lazer (Mota, 1997). Cloes et al. (1997) e Telama et al. (2002) referem uma participação dos jovens em atividades predominantemente sedentárias durante o seu tempo livre. Num estudo de Santos et al. (2005), entre as práticas de lazer mais referidas pelos jovens estão atividades que podem ser consideradas como práticas sedentárias: “ouvir música”, “ver televisão”, “conversar com os amigos”, “jogar às cartas, jogos de vídeo e computador” e “ajudar nos trabalhos domésticos”. As deficientes oportunidades para o envolvimento dos jovens em atividades de lazer, nomeadamente de lazer ativo, podem estar relacionadas com a ausência de recursos formais, tais como infraestruturas para a prática desportiva ou mesmo dificuldades na utilização de recursos informais, como os parques e mesmo a rua, pois os problemas de insegurança, de contacto com as drogas e violência são fatores que podem limitar fortemente as escolhas por atividades de lazer ativo (Santos et al., 2005). A ocupação do tempo livre no período pós escolar e ao fim de semana constituem-se como variáveis significativas no tempo total de prática dos adolescentes (Sallis et al., 2000). No entanto e segundo Corder et al (2010), durante a adolescência, há uma diminuição da prática de atividade física, maioritariamente durante os fins de semana e no período pós escolar. Esta constatação vai ao encontro dos resultados do PE, particularmente para os adolescentes com sobrepeso no período de fim de tarde e para os adolescentes com peso normal e sobrepeso no período de fim de semana. Comparando estes dois períodos, Lopes et al. (2001), num estudo realizado em pré-adolescentes concluiu que a maior intensidade de atividade física ocorreu, em ambos os sexos, durante os dias escolares, ocorrendo nos 141 dias de fim de semana, particularmente ao domingo, um decréscimo acentuado de atividade física. Isto não será surpreendente já que, normalmente, os exigentes ritmos de trabalho/estudo diários impõem um stresse quotidiano durante a semana que é compensado no fim de semana. O fim de semana, para muitos jovens com regras familiares claras (e.g. tempo prescrito de estudo e hora de deitar), corresponde a mais tempo frente à televisão ou computador, a mais contacto com os amigos, a mais reuniões familiares. Isso paga-se com a alteração dos padrões de sono que se tornam um obstáculo ao aumento da taxa de atividade física no fim-de-semana. Já Comte et al. (2013) referem que, comparativamente com os dias de semana, os jovens apresentam taxas de atividade física moderada a vigorosa 30% menores no fim-de-semana (55.8±23.0 min vs. 38.7±26.7 min; p<0.001) enquanto as atividades físicas ligeiras aumentam cerca de 15%. Especificando o período pós escolar, Locke et al (2006) e Olds et al (2009) referem que, neste período, os adolescentes podem obter cerca de metade da atividade física diária recomendada. Neste período a prática de desporto é uma solução viável para aumentar os índices de atividade física. A prática regular de desporto (pelo menos três vezes por semana) está associada a uma melhoria da aptidão física, menor massa gorda corporal e, mais especificamente, menor massa gorda abdominal (Ara et al., 2004). Silva et al. (2013) referem que os desportos organizados são uma componente relevante para o dispêndio energético diário, referindo que a participação em desportos de competição é mais efetivo do que desportos não organizados para que se consiga alcançar os níveis recomendados de atividade física para os adolescentes. É preciso atentar, no entanto, que muitas vezes o facto destes deportos serem pagos limitam a participação dos adolescentes nos mesmos. Segundo Corder et al (2013), a criação de oportunidades não pagas para a prática de atividade física é de vital importância. Levanta-se aqui a importância sociológica e desportiva do desporto escolar. Paradoxalmente, em Portugal, quando o índice de adesão dos jovens ao desporto escolar aumentava de ano para ano, o governo decidiu, talvez por razões económicas, reduzir as horas a ele adstritas. 142 Num estudo de Olds et al. (2011) acerca da diferenciação do gasto energético em adolescentes com peso normal e com sobrepeso, verificou-se que mais do que dois terços das diferenças encontradas eram provenientes de uma baixa participação em desportos por parte dos adolescentes com sobrepeso. A falta de suporte familiar e a falta de competência física parecem-nos ser dois fatores que podem estar associados a esta menor aderência por parte dos adolescentes com sobrepeso à prática do desporto. No PE os adolescentes com sobrepeso apresentaram índices de atividade física “globais” significativamente inferiores aos adolescentes com peso normal. De realçar, no entanto, que consideramos que quer adolescentes com peso normal quer adolescentes com sobrepeso apresentam índices de atividade física baixos. Urge encontrar soluções para aumentar os índices de atividade física dos adolescentes do PE. Na nossa opinião, os adolescentes têm uma palavra muito importante a dizer no que concerne a esta questão, uma vez que são eles o alvo de mudança comportamental. A autonomia para inúmeros comportamentos aumenta durante a adolescência (Wilson et al., 2008). Desta forma, o envolvimento dos adolescentes no desenvolvimento de intervenções para incrementar os índices de atividade física parece-nos ser de extrema relevância. A este respeito, Corder et al.(2013) afirmam que os adolescentes desejam outros tipos de atividades desportivas e de lazer que aquelas que normalmente são abordadas na escola e no desporto escolar. Os valores baixos de atividade física encontrados no PE foram resultado de uma conjugação de comportamentos negativos face à atividade física em diferentes períodos e contextos do dia-a-dia do adolescente, principalmente no fim de semana (para adolescentes com peso normal e sobrepeso) e no período pós escolar para os adolescentes com sobrepeso. 143 144 Capitulo VI – Conclusões Após a elaboração do PE, podemos destacar as seguintes conclusões: Consumo calórico total - Os adolescentes com peso normal, independentemente da idade e do género têm um aporte calórico inferior às recomendações. - Os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género, têm um aporte calórico superior às recomendações. - Independentemente da idade e do género, os adolescentes com sobrepeso têm um consumo calórico significativamente superior aos adolescentes com peso normal. - Existe uma correlação positiva e significativa entre consumo calórico total e o IMC Hidratos de Carbono - O consumo percentual de hidratos de carbono dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de hidratos de carbono entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Açúcares - O consumo percentual de açúcares dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações o que define um panorama correto neste particular. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de açúcares entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. 145 Fibras - O consumo diário de fibras dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - As raparigas com sobrepeso, independentemente da idade têm um consumo diário de fibras significativamente superior às raparigas com peso normal - Dos 10 aos 13 anos, os rapazes com sobrepeso apresentam um consumo diário de fibras significativamente superior comparativamente com os rapazes com peso normal - Nos rapazes dos 14 aos 18 anos, não existem diferenças significativas entre o consumo diário de fibras de adolescentes com peso normal e sobrepeso. Gorduras - O consumo percentual de gorduras dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se dentro das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de gorduras entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Ácidos gordos saturados - O consumo percentual de ácidos gordos saturados dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. Esta situação não é problemática já que os outros ácidos gordos podem providenciar a quantidade de gorduras que um corpo saudável necessita. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos saturados entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Dos 10 aos 13 anos, as raparigas com sobrepeso têm um consumo percentual de ácidos gordos saturados significativamente comparativamente com as raparigas com peso normal. 146 superior - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos saturados entre as raparigas dos 14 aos 18 anos com peso normal e sobrepeso. Ácidos gordos polinsaturados - O consumo percentual de ácidos gordos polinsaturados dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos polinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Ácidos gordos ómega 3 - O consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Ácidos gordos ómega 6 - O consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos ómega 6 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Rácio Ómega 6:Ómega 3 - O rácio ómega 6:ómega 3 dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se acima das recomendações. Pensamos que este é um dos aspetos mais importantes a corrigir. - Não há diferenças significativas do rácio ómega 6: ómega 3 entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. 147 Ácidos gordos monoinsaturados - O consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos monoinsaturados entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Ácidos gordos trans - O consumo percentual de ácidos gordos trans dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de ácidos gordos trans entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Colesterol - O consumo diário de colesterol dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo diário de colesterol entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo diário de colesterol entre as raparigas dos 10 aos 13 anos com peso normal e sobrepeso. - Dos 14 aos 18 anos, as raparigas com sobrepeso têm um consumo diário de colesterol significativamente superior comparativamente com as raparigas com peso normal. Proteínas - O consumo percentual de proteínas dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se acima das recomendações. 148 - Não há diferenças significativas do consumo percentual de proteínas entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Dos 14 aos 18 anos, as raparigas com peso normal têm um consumo percentual de proteínas significativamente superior comparativamente com as raparigas com sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo percentual de proteínas entre as raparigas dos 10 aos 13 anos com peso normal e sobrepeso. Vitamina A - O consumo diário de vitamina A dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo diário de vitamina A entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Vitamina C - O consumo diário de vitamina C dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações - Não há diferenças significativas do consumo diário de vitamina C entre adolescentes com peso normal e sobrepeso. Vitamina E - O consumo diário de vitamina E dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações - Não há diferenças significativas do consumo diário de vitamina E entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo diário de colesterol entre as raparigas dos 14 aos 18 anos com peso normal e sobrepeso. 149 - Dos 10 aos 13 anos, as raparigas com sobrepeso têm um consumo diário de vitamina E significativamente superior comparativamente com as raparigas com peso normal. Cálcio - O consumo diário de cálcio dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se abaixo das recomendações - Não há diferenças significativas do consumo diário de cálcio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo diário de cálcio entre as raparigas dos 14 aos 18 anos com peso normal e sobrepeso. - Dos 10 aos 13 anos, as raparigas com sobrepeso têm um consumo diário de cálcio significativamente superior comparativamente com as raparigas com peso normal. Ferro - Os adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e do género têm um aporte diário de ferro que se encontra dentro das recomendações. - Dos adolescentes com peso normal, as raparigas dos 10 aos 13 anos e os rapazes, independentemente da idade, têm um aporte diário de ferro que se encontra dentro das recomendações. - As adolescentes com peso normal dos 14 aos 18 anos apresentam um consumo diário de ferro deficitário quando comparado com as recomendações - As raparigas com sobrepeso, independentemente da idade, têm um consumo diário de ferro significativamente superior às raparigas com peso normal. - Dos 10 aos 13 anos, os rapazes com sobrepeso apresentam um consumo diário de ferro significativamente superior comparativamente com os rapazes com peso normal. - Não há diferenças significativas do consumo diário de ferro entre os rapazes dos 14 aos 18 anos com peso normal e sobrepeso. 150 Selénio - O consumo diário de selénio dos adolescentes normoponderais e adolescentes com sobrepeso, independentemente da idade e género, encontram-se dentro das recomendações. - Não há diferenças significativas do consumo diário de selénio entre os rapazes com peso normal e sobrepeso. - Não há diferenças significativas do consumo diário de selénio entre as raparigas dos 10 aos 13 anos com peso normal e sobrepeso. - Dos 14 aos 18 anos, as raparigas com sobrepeso têm um consumo diário de selénio significativamente superior comparativamente às raparigas com peso normal. Pequeno-almoço - A proporção de adolescentes com peso normal que consumiram pequenoalmoço é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com sobrepeso. Número de refeições diárias - A proporção de adolescentes com sobrepeso que consumiram até 3 refeições diárias é significativamente superior comparativamente com os adolescentes com peso normal. Atividade Física - Os adolescentes com peso normal e os adolescentes com sobrepeso têm um índice baixo de atividade física. - Os adolescentes com peso normal têm um índice de atividade física significativamente superior aos adolescentes com sobrepeso. - Existe uma correlação negativa e significativa entre o índice de atividade física e o IMC. Como corolário, podemos referir que os adolescentes do PE apresentam hábitos alimentares e uma taxa de atividade física que não são condizentes com um estilo de vida saudável. 151 Quer adolescentes com peso normal quer adolescentes com sobrepeso apresentam consumos calóricos desajustados, défices de fibras, de alguns tipos de gordura (polinsaturada, monoinsaturada) e de micronutrientes, um rácio ómega 6:ómega 3 extremamente elevado e um baixo índice de atividade física. Os adolescentes do PE devem ser alvo de uma intervenção específica no campo da Nutrição e da AF no sentido de corrigir os hábitos menos corretos verificados e possibilitar uma transição mais saudável para o estado adulto. 152 Capitulo VII – Bibliografia Abete, I., Astrup, A., Alfredo Martínez, J., Thorsdottir,I., & Zulet, M. (2010). Obesity and the metabolic syndrome: role of different dietary macronutrient distribution patterns and specific nutritional components on weight loss and maintenance. 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Para tal use medidas caseiras, por exemplo: 1 colher de chá de manteiga, 9 colheres de sopa cheias de arroz, 3 conchas de massa, 1 tigela de sopa, ½ chávena almoçadeira de leite magro (ou ½ chávena de chá, se for mais pequena), 1 copo de água. Seguem-se alguns exemplos: - Bebidas: use copos ou chávenas e refira o tipo e a marca (por exemplo: chávena de chá, ou de café, com ou sem açúcar). Se misturar café com leite indique as quantidades de cada um (por exemplo: ¼ de chávena almoçadeira com leite magro e o resto com café). - Sopas: use tigelas semelhantes às da cantina, número de conchas ou pratos (cheio, meio prato). XXII - Molhos: para cada molho (maionese, guisados) use colheres de sopa ou chá. - Carnes, Pescado, Aves e Pizza: indique as quantidades consumidas especificando os alimentos e classificando as porções em pequenas, médias e grandes fatias, unidades, cubos de carne, latas (de atum), ou medidas caseiras (colheres de sopa, chávenas, etc.). Nas pizzas indique o tamanho e quais os ingredientes principais (cogumelos, etc.). - Hortaliças e Legumes: use rodelas (tomate, cebola, pepino), parte do prato (meio ou ¼ do prato), ou chávenas almoçadeiras (½ chávena almoçadeira de alface). - Arroz, Massa, Feijão, Ervilhas ou Grão: indique o número de colheres de sopa. - Batatas: se cozidas indique o número de batatas e o tamanho; se for puré, indique o número de colheres de sopa; se forem fritas, indique a parte do prato a que corresponde (½ prato, 1 prato ), se fritas de pacote, indique o tamanho (pequeno, médio, grande). - Óleos, Manteiga e Margarina: use colheres de sopa ou chá. - Açúcar, Cacau, ou Mel: use pacotes de açúcar ou colheres de chá. - Pão, Doces: use o número de pães ou doces, ou fatias. - Fruta: refira o nome da fruta e o número de porções (1 maçã, se forem uvas a porção será o cacho - pequeno, médio, grande). Por favor faça um registo de quinta a sábado, e, no final de cada dia, preencha o questionário que se segue à folha de registo. XXIII Nome: Dia da Semana: Quinta-feira Horas Descrição/Quantidade do Alimento Pequenoalmoço Refeição do meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia XXIV Nome: Dia da Semana: Sexta-feira Horas Descrição/Quantidade do Alimento Pequenoalmoço Refeição do meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia XXV Nome: Dia da Semana: Sábado Horas Descrição/Quantidade do Alimento Pequenoalmoço Refeição do meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia XXVI Anexo 2 - Questionário de Atividade Física (Até ao 8ªAno) Nome: _______________________________________________________________ _ Idade: ___________ Sexo: M_______ F_______ Ano escolaridade: __________ Estamos a tentar descobrir mais sobre o teu nível de Atividade Física dos últimos 7 dias (na última semana). Isso inclui desportos ou atividades que te fazem suar ou fazem com que te sintas cansado das pernas, ou jogos que te fazem respirar fundo, como as brincadeiras que fazes no recreio ou na rua. Lembra-te: Não há respostas certas e erradas - isto não é um teste. Por favor, responde a todas as perguntas da forma mais honesta e precisa quanto possível – Este questionário é muito importante. 1. Atividade física no teu tempo livre: Fizeste alguma das seguintes atividades nos últimos 7 dias (na semana passada)? Se sim, quantas vezes? (Coloca apenas uma cruz por cada hipótese) Não 1 a vezes Brincadeiras no recreio Andar de patins XXVII 2 3 a vezes 4 5 a vezes 6 7 vezes ou mais Andar de bicicleta Andar de skate Ténis Mesa Ténis Badminton Futebol Basquetebol Andebol Voleibol Corfebol Orientação Natação Dança Ginástica Atletismo Luta Judo Outro (s): XXVIII 2. Nos últimos 7 dias, durante as tuas aulas de Educação Física, com que frequência fizeste atividades em que te cansaste muito? (Coloca apenas uma cruz). Não fiz aulas de Educação Física Quase nunca Às vezes Muitas vezes Sempre 3. Nos últimos 7 dias, o que fizeste a maior parte do tempo no Recreio? (Coloca apenas uma cruz). Atividades sentado Passear pelo recreio Correr ou brincar pouco tempo Correr ou brincar algum tempo Correr ou brincar a maior parte do tempo XXIX 4. Nos últimos 7 dias, o que fizeste normalmente à Hora de Almoço (além de comeres)? (Coloca apenas uma cruz). Atividades sentado Passear pelo recreio Correr ou brincar pouco tempo Correr ou brincar algum tempo Correr ou brincar a maior parte do tempo 5. Nos últimos 7 dias, em quantos dias Depois da Escola (até à hora do jantar) fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Activo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhum 1 dia 2 ou 3 dias 4 ou 5 dias 6 ou 7 dias XXX 6. Nos últimos 7 dias, em quantas Noites (período após o jantar) fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Activo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhuma 1 noite 2 ou 3 noites 4 ou 5 noites 6 ou 7 noites 7. No último Fim-de-Semana, quantas vezes fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Activo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhuma 1 vez 2 ou 3 vezes 4 ou 5 vezes 6 ou mais vezes XXXI 8. Qual das seguintes afirmações descreve melhor os teus últimos 7 dias? Lê todas as cinco afirmações antes de decidires sobre uma resposta (Coloca apenas uma cruz). A maior parte ou mesmo todo o meu tempo livre foi passado a fazer actividades que envolvessem pouco esforço físico Na semana passada, fiz actividade física poucas vezes (1 2 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física algumas vezes (3 - 4 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física muitas vezes (5-6 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física quase sempre (7 ou mais vezes) no meu tempo livre 9. Com que Frequência praticaste Atividade Física em cada um dos Dias da Semana Passada? (Coloca apenas uma cruz por cada hipótese) Nenhum Poucas Algumas Muitas Quase a vez vezes vezes Vezes sempre Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira XXXII Sexta-feira Sábado Domingo 10. Estiveste Doente na semana passada ou alguma coisa te impediu de fazeres atividade física? (Coloca apenas uma cruz). Sim Não Se sim, o que te impediu? __________________________________ Obrigado pela colaboração. XXXIII Anexo 3 - Questionário de Atividade Física (Do 9º-12ºAno) Nome:__________________________________________________________ Idade: ___________ Sexo: M_______ F_______ Ano escolaridade: __________ Estamos a tentar descobrir mais sobre o teu nível de Atividade Física dos últimos 7 dias (na última semana). Lembra-te: Não há respostas certas e erradas - isto não é um teste. Por favor, responde a todas as perguntas da forma mais honesta e precisa quanto possível – Este questionário é muito importante. 2. Atividade física no teu tempo livre: Fizeste alguma das seguintes atividades nos últimos 7 dias (na semana passada)? Se sim, quantas vezes? (Coloca apenas uma cruz por cada hipótese) Não 1 a vezes Jogos/Desporto nos intervalos das aulas Andar de patins Andar de bicicleta Andar de skate XXXIV 2 3 a vezes 4 5 a vezes 6 7 vezes ou mais Ténis Mesa Ténis Badminton Futebol Basquetebol Andebol Voleibol Corfebol Orientação Natação Dança Ginástica Atletismo Luta Judo Outro: XXXV 2. Nos últimos 7 dias, durante as tuas aulas de Educação Física, com que frequência fizeste atividades em que te cansaste muito? (Coloca apenas uma cruz). Não fiz aulas de Educação Física Quase nunca Às vezes Muitas vezes Sempre 3. Nos últimos 7 dias, o que fizeste normalmente à Hora de Almoço (além de comeres)? (Coloca apenas uma cruz). Atividades sentado Dar uma volta Realização de algum Jogo/Desporto durante pouco tempo Realização de algum Jogo/Desporto durante algum tempo Realização de algum Jogo/Desporto na maior parte do tempo XXXVI 4. Nos últimos 7 dias, em quantos dias Depois da Escola (até à hora do jantar) fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Ativo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhum 1 dia 2 ou 3 dias 4 ou 5 dias 6 ou 7 dias 5. Nos últimos 7 dias, em quantas Noites (período após o jantar) fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Activo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhuma 1 noite 2 ou 3 noites 4 ou 5 noites 6 ou 7 noites XXXVII 6. No último Fim-de-Semana, quantas vezes fizeste desporto ou jogos em que estivesses Muito Activo? (Coloca apenas uma cruz). Nenhuma 1 vez 2 ou 3 vezes 4 ou 5 vezes 6 ou mais vezes 7. Qual das seguintes afirmações descreve melhor os teus últimos 7 dias? Lê todas as cinco afirmações antes de decidires sobre uma resposta (Coloca apenas uma cruz). A maior parte ou mesmo todo o meu tempo livre foi passado a fazer actividades que envolvessem pouco esforço físico Na semana passada, fiz actividade física poucas vezes (1 2 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física algumas vezes (3 - 4 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física muitas vezes (5-6 vezes) no meu tempo livre Na semana passada, fiz actividade física quase sempre (7 ou mais vezes) no meu tempo livre XXXVIII 8. Com que Frequência praticaste Atividade Física em cada um dos Dias da Semana Passada? (Coloca apenas uma cruz por cada hipótese) Nenhuma Poucas Algumas Muitas Quase vez vezes sempre vezes Vezes Segundafeira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo 9. Estiveste Doente na semana passada ou alguma coisa te impediu de fazeres atividade física? (Coloca apenas uma cruz). Sim Não Se sim, o que te impediu? __________________________________ Obrigado pela colaboração. XXXIX