Leite – Produção catarinense é a que mais cresceu entre os grandes produtores - 19/12/2008 O IBGE divulgou, no final de novembro, a produção leiteira brasileira e de todos os estados da federação. Segundo os dados da Produção Pecuária Municipal, o Brasil produziu 26,13 bilhões de litros de leite em 2007, apresentando um acréscimo de 6,1% sobre a produção do ano anterior. Neste ano, Santa C atarina despontou como o quinto produtor nacional, produzindo 1,87 bilhões de litros, 9,1% a mais que a produção de 2006 e foi responsável por 7,1% da produção brasileira (Tabela 1). Tabela 1. Leite - Produção brasileira, segundo os estados – 2000-2007 (milhões de litros) Estado Brasil 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 19.767,2 20.510,0 21.642,8 22.253,9 23.474,7 24.571,5 24.620,9 26.133,9 Minas Gerais 5.865,5 5.981,2 6.177,4 6.319,9 6.628,9 6.908,7 7.094,1 7.275,2 Rio Grande do Sul 2.102,0 2.222,1 2.329,6 2.305,8 2.364,9 2.467,6 2.625,1 2.943,7 Paraná 1.799,2 1.889,6 1.985,3 2.141,5 2.394,5 2.518,9 2.703,6 2.701,0 Goiás 2.193,8 2.321,7 2.483,4 2.523,0 2.538,4 2.648,6 2.613,6 2.638,6 Santa C atarina 1.003,1 1.076,1 1.192,7 1.332,3 1.486,7 1.555,6 1.709,8 1.865,6 São Paulo 1.861,4 1.783,0 1.745,9 1.785,2 1.739,4 1.744,2 1.744,0 1.627,4 Bahia 724,9 739,1 752,0 795,0 842,5 890,2 905,8 965,8 Rondônia 422,3 475,6 644,1 558,7 646,4 692,4 637,4 708,3 Outros estados 3.795,0 4.021,5 4.332,4 4.492,6 4.832,9 5.145,3 4.587,5 5.408,3 Fonte: IBGE - Produção Pecuária Municipal. Os novos dados de produção, segundo a Produção Pecuária Municipal, levantados pelo IBGE em 2007, são maiores do que as estimativas projetadas com base nos dados preliminares de C enso Agropecuário de 2006. No caso de Santa C atarina, a produção mensurada por este levantamento foi, aproximadamente, 18% maior que a estimativa projetada a partir dos dados censitários de 2006. Apesar de o dado censitário auferir maior grau de credibilidade, em função do método de pesquisa adotado, os dados estimados pela Produção Pecuária Municipal se tornam referência para o acompanhamento do setor leiteiro, devido ao menor intervalo de tempo ocorrido entre as estatísticas de periodicidade anual, quando comparado com a periodicidade do levantamento censitário que é decenal. A produção catarinense foi a que mais cresceu nos últimos anos. De 2000 a 2007 o volume de leite produzido de aumentou 86%, enquanto a produção nacional aumentou apenas 32% no período (Tabela 2). Tabela 2. Leite - Evolução da produção brasileira e dos principais estados produtores – 2000-2007 (Ano 2000=100) Estado 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Brasil 100 104 109 113 119 124 125 132 Minas Gerais 100 102 105 108 113 118 121 124 Rio Grande do Sul 100 106 111 110 113 117 125 140 Paraná 100 105 110 119 133 140 150 150 Goiás 100 106 113 115 116 121 119 120 Santa C atarina 100 107 119 133 148 155 170 186 São Paulo 100 96 94 96 93 94 94 87 Bahia 100 102 104 110 116 123 125 133 Rondônia 100 113 153 132 153 164 151 168 Outros estados 100 106 114 118 127 136 121 143 Fonte: IBGE - Produção Pecuária Municipal. O volume de leite recebido pelas indústrias catarinenses, sob inspeção federal, estadual e municipal, cresceu em média 12,4% aa no período de 2000 a 2007. Índice bastante superior ao desempenho nacional e dos estados do Rio grande do Sul e Paraná que, além de ocuparem, respectivamente, a segunda e terceira posição no ranking dos maiores produtores, também apresentaram forte expansão da atividade leiteira nos últimos anos (Gráfico 1). Fonte: IBGE - Pesquisa trimestral do leite. Em 2007, o volume de leite recebido pela indústria catarinense, foi de 1,086 bilhão de litros, 11,3% superior a quantidade recebida em 2006. No primeiro semestre de 2008 o aumento foi ainda mais expressivo, apresentando incremento de 17,8% em relação ao mesmo período do ano de 2007. A produção total de Santa C atarina projetada para 2008, com base os números da Produção Pecuária Municipal – PPM, referente a ano de 2007 e na evolução do volume de leite recebido pelas indústrias catarinenses no primeiro semestre de 2008, deve se situar ao redor de 2,18 bilhões de litros. C abe ressaltar que está previsão deverá ser ajustada, na medida em que se tenham mais informações para avaliar o impacto das intempéries climáticas (excesso de chuvas e alagamentos em algumas regiões e deficiência hídrica em outras) sobre as pastagens. Outro fator que pode alterar o prognóstico é o grau de redução na suplementação alimentar dos animais, feitos pelos produtores, com o objetivo de ajustar o custo de produção do leite, para torná-lo compatível com as reduções dos preços recebidos pelos produtores, no segundo semestre de 2008. Este incremento se deve a investimentos em melhoramento genético, sanidade, higiene e, especialmente, na formação e manejo das pastagens, aspectos fundamentais para a expansão da produção leiteira catarinense ao longo dos últimos anos. Este aumento da produção gerou um excedente que o mercado teve dificuldade de absorver, provocando queda acentuada dos preços recebidos pelos produtores. Os preços que no primeiro semestre de 2008 eram bem superiores aos do primeiro semestre de 2007, decresceram significativamente. (Tabela 3). Tabela 3. Leite - Preços médios em Santa Catarina – 20003-2008 Mês 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Jan 0,41 0,40 0,48 0,37 0,41 0,50 Fev 0,42 0,39 0,48 0,39 0,42 0,50 Mar 0,43 0,39 0,49 0,39 0,43 0,52 Abr 0,44 0,40 0,51 0,41 0,45 0,57 Mai 0,43 0,42 0,52 0,42 0,47 0,62 Jun 0,44 0,45 0,52 0,43 0,51 0,64 Jul 0,43 0,47 0,49 0,43 0,55 0,62 Ago 0,43 0,49 0,46 0,42 0,61 0,57 Set 0,43 0,49 0,43 0,41 0,63 0,53 Out 0,43 0,47 0,41 0,41 0,56 0,48 Nov 0,43 0,47 0,39 0,41 0,50 0,47 Dez 0,42 0,48 0,37 0,41 0,49 Fonte: Epagri-C epa. Nota: Preço líquido descontado frete e INSS. C onsiderando a grande oferta de matéria-prima, a expectativa de preços segue a lógica de mercado (oferta/procura), que no momento se mostra desfavorável aos interesses dos produtores para o próximo ano. Por outro lado, um aspecto positivo é o aumento do preço de referência para o leite em Santa C atarina, projetado pelo C onseleite/SC , para o mês de novembro/2008, que apresentou acréscimo de 5,56% sobre o preço de outubro/2008 e 4,58% em relação a novembro de 2007 (Tabela 4). Tabela 4. Leite padrão - Preços de referência¹ - 2007-2008 R$/litro Mês 2007(2) Var. % (2008/2007) 2008 Jan =100 Janeiro 0,4300 0,4944 14,98 100 Fevereiro 0,4326 0,5119 18,33 104 Março 0,4606 0,5583 21,21 113 Abril 0,4948 0,5749 16,19 116 Maio 0,5437 0,5866 7,89 119 Junho 0,6103 0,5918 -3,03 120 Julho 0,6825 0,5626 -17,57 114 Agosto 0,6898 0,4988 -27,69 101 Setembro 0,5716 0,4772 -16,52 97 Outubro 0,4936 0,4992 1,13 101 Novembro 0,5039 0,5270 4,58 107 Dezembro 0,4925 ... ... ... Fonte: C onseleite/SC . Nota: O valor para novembro/2008 é projetado. (1) Na plataforma do laticínio com Funrural incluso (preço bruto). (2) As reuniões formais iniciaram em agosto, mas os preços de referência foram calculados durante todo o ano. Independentemente do preço que será ofertado ao produtor, as ações voltadas à ampliação do mercado externo devem se intensificar em 2009. Apesar dos preços internacionais dos produtos lácteos, apresentarem baixas significativas em relação aos preços praticados no início do ano, a exportação ainda é a melhor alternativa para enxugar o excedente da produção. Outro fator que deve ganhar importância em 2009 e que está diretamente relacionado a preço é a maior valorização da qualidade da matéria-prima. C onsiderando os preços de referência do C onseleite/SC , a diferença entre os preços do leite padrão e do leite acima do padrão é 15% e a diferença entre os preços do leite padrão e do leite abaixo de padrão é de 9%. Nestes percentuais está considerado um prêmio de 5% para os produtores que entregarem maior quantidade de leite. Porém, mesmo para os que entregam menor quantidade, o diferencial de preço imputado à qualidade é muito significativo. Em outubro/2008 os preços de referência para o leite abaixo de padrão foi R$0,48, o leite padrão R$0,53 e o acima do padrão R$0,61. A implementação do sistema de pagamento segundo a qualidade do leite é apenas uma questão de tempo e para o produtor o prêmio por qualidade pode significar um bom incremento na sua renda. Francisco C. Heiden